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Psicopatologia do Envelhecimento
A psicopatologia é a disciplina que analisa as motivações e particularidades das doenças
mentais. Este estudo pode ser realizado com várias abordagens ou modelos, entre os quais
podem ser citados o biomédico, o psicodinâmico, o sócio-biológico e o comportamental.
A palavra psicopatologia pode se referir a: Aquela área da saúde que descreve e sistematiza as
mudanças que ocorrem no comportamento do ser humano e que não podem ser explicadas
pelo amadurecimento ou desenvolvimento do indivíduo e que são conhecidas como distúrbios
psicológicos . Para a área de estudo da psicologia que se concentra no estudo daqueles estados
mentais doentios dos indivíduos, como já mencionamos. Disto se segue que qualquer
comportamento que cause desconforto, um impedimento ou deficiência como consequência da
deterioração das funções cognitivas do cérebro é plausível para ser denominado psicopatologia.
A psicopatologia é uma disciplina que estuda o anormal, o desviante, o desajustado, o
perturbado, o desorganizado, etc ; cujo interesse está centrado na natureza e nas causas do
comportamento anormal ou psicopatológico e tem como objetivo principal descobrir as leis que
regulam o comportamento anormal ou patológico através do método científico .
Neste contexto , a Organização Mundial de Saúde (OMS) define a saúde mental como “o estado
de bem-estar no qual o indivíduo realiza as suas capacidades, pode fazer face ao stress normal
da vida, trabalhar de forma produtiva e frutífera e contribuir para a comunidade em que se
insere“.
Nesta definição, a “saúde mental” é entendida como um aspeto vinculado ao bem-estar, à
qualidade de vida, à capacidade de amar, trabalhar e de se relacionar com os outros. Com
esta perspetiva positiva, a OMS convida a pensar na saúde mental muito para além das doenças
e das deficiências mentais.
Problemas de saúde mental mais frequentes
 Ansiedade
 Mal-estar psicológico ou stress continuado
 Depressão
 Dependência de álcool e outras drogas
 Perturbações psicóticas, como a esquizofrenia
 Atraso mental
 Demências
A depressão, nos seus vários tipos, caracteriza-se, de forma geral, como uma patologia em que
se encontram presentes sentimentos de tristeza profunda e persistente no tempo, vazio,
sensação de cansaço e falta de interesse nas atividades.
O impacto dos sintomas varia de acordo com a sua gravidade (ligeira, moderada ou grave) e a
sua duração, mas sabe-se, atualmente, que a depressão é a doença que mais contribui para as
mortes por suicídio e a que mais provoca incapacidade na atividade produtiva. As consequências
nos contextos familiares, sociais e profissionais são, por vezes, devastadoras.
A depressão é, muitas vezes, uma doença silenciosa, onde o apoio profissional, familiar e social
são fundamentais para uma boa recuperação.
Embora qualquer pessoa esteja sujeita a desenvolver depressão, existem alguns fatores de
risco que potenciam o seu aparecimento, como a situação económica desfavorável,
desemprego, acontecimentos de vida (morte de um ente querido, rutura de um relacionamento,
pós-parto...) ou até a ocorrência de doenças físicas. No caso de alguns tipos de depressão, como
a perturbação depressiva major, pode existir uma predisposição genética / hereditariedade,
sendo que os familiares de primeiro grau de pessoas com este tipo de patologia possuem um
risco 2 a 4 vezes maior quando comparados com a população geral.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), as perturbações depressivas correspondem a
um dos principais problemas de saúde mental a nível mundial, estimando-se que existam cerca
de 300 milhões de pessoas a sofrer desta patologia.
Tipos e Sintomas da depressão
De acordo com o Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (DSM-V), na
categoria das perturbações depressivas podemos incluir:
 Perturbação de desregulação do humor disruptivo;
 Perturbação depressiva major;
 Perturbação depressiva persistente (distimia);
 Perturbação disfórica pré-menstrual;
 Perturbação depressiva induzida por substância/medicamento;
 Perturbação depressiva devida a outra condição médica;
 Perturbação depressiva com outra especificação;
 Perturbação depressiva não especificada.
A depressão pode ser causada por estímulos endógenos (relacionados com o próprio indivíduo)
ou por estímulos exógenos (relacionados com as diversas circunstâncias adversas que rodeiam
o indivíduo), podendo ser considerada como uma patologia biopsicossocial. Existem,
efetivamente, alguns fatores que são considerados como de risco e podem influenciar o
prognóstico da evolução e tratamento da doença, nomeadamente fatores de risco
temperamentais, ambientais, genéticos e fisiológicos e modificadores de curso.
Os fatores de risco temperamentais dizem respeito às caraterísticas psicológicas da pessoa.
Pessoas que apresentam níveis elevados de neuroticismo (afetividade negativa) encontram-se
mais suscetíveis a desenvolver episódios depressivos como resposta às situações adversas da
vida.
Os fatores de risco ambientais relacionam-se com as experiências adversas ou potencialmente
traumáticas, sejam na infância ou na idade adulta. Estas experiências negativas parecem
potenciar o aparecimento de depressão.
Os fatores genéticos e fisiológicos remetem-nos para o fator da hereditariedade e para a
questão neurobiológica. Sabe-se que os familiares de primeiro grau de indivíduos com
depressão possuem 2 a 4 vezes mais probabilidade de desenvolver, igualmente, a doença.
Adicionalmente, quando no nosso cérebro existe um desequilíbrio na produção de
neurotransmissores como noradrenalina, serotonina e dopamina (responsáveis pela sensação
de bem estar e motivação) a probabilidade do desenvolvimento de depressão aumenta.
Outras condições médicas podem ainda modificar o curso de uma perturbação depressiva,
fazendo com que ela seja tardiamente diagnosticada, por exemplo, ou potenciando o seu
desenvolvimento. Indivíduos que possuem outras patologias associadas, principalmente
doenças crónicas e/ou incapacitantes, apresentam um risco mais acentuado ao nível da
severidade da depressão, quando comparados com pessoas medicamente saudáveis.
Cada pessoa é única e é fundamental explorar a anamnese (história de vida) do indivíduo para
ser possível intervir adequadamente.
A ansiedade é normal e até positiva. Quando em excesso pode, no entanto, conduzir a um ciclo
de medo e insegurança permanentes. Saiba como proteger-se.
A ansiedade é uma emoção que todas as pessoas já experimentaram em vários momentos da
vida. É uma reação normal, adaptativa e positiva, que tem como propósito proteger-nos de
ameaças externas.
É importante salientar que a ansiedade, no seu estado normal, é uma emoção saudável para o
indivíduo porque o impulsiona a realizar projetos e a planear o futuro.
No entanto, em excesso, pode tornar-se uma patologia como o transtorno de ansiedade
generalizada, fazendo com que sintamos preocupação e medo extremo em situações simples
do dia a dia.
A ansiedade é uma antecipação apreensiva de um perigo ou desgraça, acompanhada por uma
sensação de preocupação, sofrimento e/ou sintomas somáticos de tensão.
Por exemplo, perante o pensamento de ter que fazer um exame, ir ao hospital ou a uma
entrevista de emprego, é comum sentirmo-nos tensos, preocupados e nervosos. Estas
preocupações podem afetar o nosso sono, o apetite e a capacidade de concentração.
Mas, se tudo correr bem, a ansiedade desaparece naturalmente e, com ela, os seus sintomas
somáticos.
Embora toda a gente sinta ansiedade ocasionalmente, as pessoas apresentam diferenças
individuais na forma como a sua ansiedade é desencadeada, na intensidade e na duração da
mesma.
Existem três fatores principais para podermos distinguir entre ansiedade normal e ansiedade
anormal.
1. O nível de ansiedade: por exemplo, é normal ficar um pouco ansioso antes de viajar de
avião, mas será anormal se a ansiedade for tão intensa que a pessoa entra em pânico
ou se recusa a embarcar.
2. A justificação: o indivíduo não encontra uma explicação realista para interpretar uma
situação como ameaçadora (por exemplo, ficar ansioso ao ver uma aranha, na maioria
dos casos, não faz sentido).
3. As consequências negativas: quando a ansiedade é elevada durante muito tempo,
prejudicando o desempenho da pessoa no seu dia a dia e tornando mais difícil lidar com
a vida quotidiana.
Neste tipo de situações, a pessoa pode mesmo sentir que está a ficar sem controlo, que vai
morrer ou enlouquecer. Deve, por isso, consultar um psicólogo e/ou um médico psiquiatra.
As perturbações de ansiedade incluem um conjunto de distúrbios que partilham caraterísticas
de medo e ansiedade excessivos, provocando alterações do comportamento.
O medo é uma resposta emocional a uma ameaça iminente real ou percebida como tal,
enquanto a ansiedade é a antecipação de uma ameaça futura.
Existem quatro tipos principais de perturbação de ansiedade:
 Fóbica – caraterizada pelo extremo desconforto e pavor com situações sociais como
ambientes novos, desconhecidos e cheios de pessoas estranhas; encontros sociais; falar
em público; e outras situações semelhantes. Esse comportamento é caraterístico de um
distúrbio conhecido popularmente como fobia social, ou transtorno da ansiedade social.
Existem as fobias específicas, caraterizadas por medo persistente e irracional de um
determinado objeto, animal, atividade ou situação que represente pouco ou nenhum
perigo real, mas que, mesmo assim, provoca ansiedade extrema.
 Pânico – é um tipo de transtorno de ansiedade no qual ocorrem crises inesperadas de
desespero e medo intenso de que algo mau aconteça, mesmo que não haja nenhum
motivo para isso ou sinais de perigo iminente. (exemplo: ataque de pânico)
 Ansiedade Generalizada – a pessoa experiencia uma ansiedade consistente a longo
prazo sem saber porquê, preocupada ou com medo de algo sem conseguir explicar a
razão.
 Obsessivo-Compulsiva – a pessoa é atormentada por pensamentos não desejados
(obsessões), ou sente que deve levar a cabo algumas ações contra a sua própria vontade
(compulsões), frequentemente para aliviar o desconforto que sente com as suas
próprias obsessões.
Nas perturbações de ansiedade, podem ocorrer os seguintes tipos de sintomas:
 Sintomas de Humor: tensão, pânico, apreensão, depressão, irritabilidade.
 Sintomas Cognitivos: o indivíduo dispensa grande quantidade de tempo preocupado
com ameaças inexistentes, não prestando atenção a problemas reais próximos.
 Sintomas Somáticos: suor, boca seca, respiração acelerada, pulso rápido, sensações de
tensão muscular, dores de cabeça, sofrimento intestinal, entre outros.
 Sintomas Motores: impaciência, inquietação, movimentos rápidos com os pés e susto
exagerado perante ruídos súbitos, entre outros.
À medida que envelhecemos, assistimos a um declínio natural do funcionamento cognitivo –
denominado de envelhecimento cognitivo fisiológico ou normal. Podemos ter mais dificuldade
em evocar o nome de um objeto ou de uma pessoa, mas lembrarmo-nos dele mais tarde.
Podemos perder as chaves ou a carteira de vez em quando ou sentir maior necessidade de
escrever recados e listas para não nos esquecermos de informação importante. Estas falhas
cognitivas são geralmente muito discretas e não perturbam o nível de
funcionalidade/autonomia da pessoa.
O termo Défice Cognitivo Ligeiro é utilizado quando estas alterações cognitivas são mais
frequentes ou graves do que é expectável para a idade e para o nível de escolaridade do
indivíduo.
Sintomas podem incluir:
 Dificuldade em realizar mais do que uma tarefa de cada vez;
 Dificuldade em resolver problemas mais complexos ou na tomada de decisões;
 Esquecimento de informação recente (eventos ou conversas recentes), por vezes
levando a que a pessoa repita algumas vezes a mesma informação.
Apesar da existência destas alterações, as pessoas continuam a manter um nível de
funcionalidade normal ou quase inalterado.
Assim, o Défice Cognitivo Ligeiro ( DCL) situa-se entre o envelhecimento normal e
o envelhecimento patológico. Não se considera um funcionamento cognitivo completamente
normal, no entanto, também não são preenchidos os critérios para um diagnóstico de demência.
A literatura demonstra que existe um risco considerável de um DCL evoluir para uma síndrome
demencial (ex: Doença de Alzheimer). Estudos demonstram que um DCL do tipo amnésico
(principal função afetada é a memória) mais provavelmente evoluirá para uma Doença de
Alzheimer, enquanto que um DCL não amnésico tenderá a evoluir para outras demências tais
como a variante comportamental da Degenerescência Lobar Fronto-Temporal ou a Demência
com Corpos de Lewy.
No entanto, importa referir que nem todos os casos de DCL transitam para um quadro
patológico – o estado cognitivo de uma pessoa com DCL pode manter-se estável durante vários
anos. Infelizmente a ciência ainda não consegue prever se uma pessoa com DCL irá permanecer
estável ou progredir para um quadro demencial.
A mensagem que os profissionais de saúde costumam deixar a uma pessoa recentemente
diagnosticada com DCL é a seguinte: esperar pelo melhor mas ao mesmo tempo aceitar que o
quadro poderá progredir.
É importante procurar informação e fazer planos para o caso de ter menos capacidade para o
fazer no futuro. Como fatores protetores do funcionamento cognitivo é importante:
 Manter ou intensificar a atividade física;
 Promover uma alimentação saudável;
 Manter a atividade mental (as interações sociais são uma ótima forma de estimular o
cérebro!);
 Manter uma atitude positiva (tentar evitar situações de stress, rodear-se de pessoas que
o apoiem);
 Manter um acompanhamento médico frequente e adequado de modo a controlar
fatores de risco (ex: Hipertensão Arterial, diabetes, colesterol elevado, etc…)
 Estabelecer uma rotina.
Demência é o termo utilizado para descrever os sintomas de um grupo alargado de doenças
que causam um declínio progressivo no funcionamento da pessoa. É um termo abrangente
que descreve a perda de memória, capacidade intelectual, raciocínio, competências sociais e
alterações das reações emocionais normais.
Apesar da maioria das pessoas com Demência ser idosa, é importante salientar que nem todas
as pessoas idosas desenvolvem Demência e que esta não faz parte do processo de
envelhecimento natural. A demência pode surgir em qualquer pessoa, mas é mais frequente a
partir dos 65 anos. Em algumas situações pode ocorrer em pessoas com idades compreendidas
entre os 40 e os 60 anos.
A Organização Mundial de Saúde estima que em todo o mundo existam 47.5 milhões de
pessoas com demência, número que pode atingir os 75.6 milhões em 2030 e quase triplicar em
2050 para os 135.5 milhões.
A doença de Alzheimer assume, neste âmbito, um lugar de destaque, representando cerca de
60 a 70% de todos os casos de demência (World Health Organization [WHO], 2015).
Em Portugal, não existindo até à data um estudo epidemiológico que retrate a real situação do
problema, podemos ter como referência os dados da Alzheimer Europe que apontam para
mais de 193 mil e 500 pessoas com demência (Alzheimer Europe, 2019).
Formas mais comuns de Demência:
A Doença de Alzheimer
A Doença de Alzheimer é a forma mais comum de Demência, constituindo cerca de 50% a 70%
de todos os casos. É uma doença progressiva, degenerativa e que afeta o cérebro. À medida
que as células cerebrais vão sofrendo uma redução, de tamanho e número, formam-se tranças
neurofibrilhares no seu interior e placas senis no espaço exterior existente entre elas. Esta
situação impossibilita a comunicação dentro do cérebro e danifica as conexões existentes
entre as células cerebrais. Estas acabam por morrer, e isto traduz-se numa incapacidade de
recordar ou assimilar a informação. Deste modo, conforme a Doença de Alzheimer vai
afetando as várias áreas cerebrais, vão-se perdendo certas funções ou capacidades.
Demência Vascular
Demência Vascular é um termo utilizado para descrever o tipo de Demência associado aos
problemas da circulação do sangue para o cérebro e constitui o segundo tipo mais comum de
Demência. Existem vários tipos de Demência Vascular, mas as duas formas mais comuns são a
Demência por multienfartes cerebrais e Doença de Binswanger. A primeira é causada por
vários pequenos enfartes cerebrais, também conhecidos por acidentes isquémicos transitórios
e é provavelmente a forma mais comum de Demência Vascular. A segunda, também
denominada por Demência vascular subcortical, está associada às alterações cerebrais
relacionadas com os enfartes e é causada por hipertensão arterial, estreitamento das artérias
e por uma circulação sanguínea deficitária.
A Demência vascular pode parecer semelhante à Doença de Alzheimer e em algumas pessoas
ocorre um quadro combinado destes dois tipos de Demência.
Doença de Parkinson
A Doença de Parkinson é uma perturbação progressiva do sistema nervoso central,
caracterizada por tremores, rigidez nos membros e articulações, problemas na fala e
dificuldade na iniciação dos movimentos. Numa fase mais avançada da doença, algumas
pessoas podem desenvolver Demência. A medicação pode melhorar a sintomatologia física,
mas também pode provocar efeitos secundários que incluem: alucinações, delírios, aumento
temporário da confusão e movimentos anormais.
Demência de Corpos de Lewy
A Demência de Corpos de Lewy é causada pela degeneração e morte das células cerebrais. O
nome deriva da presença de estruturas esféricas anormais, denominadas por corpos de Lewy,
que se desenvolvem dentro das células cerebrais e que se pensa poderem contribuir para a
morte destas. As pessoas com Demência de Corpos de Lewy podem ter alucinações visuais,
rigidez ou tremores (parkinsonismo) e a sua condição tende a oscilar rapidamente, de hora a
hora ou de dia para dia. Estes sintomas permitem a sua diferenciação da Doença de Alzheimer.
A Demência de Corpos de Lewy pode ocorrer, por vezes, simultaneamente com a Doença de
Alzheimer e/ou com a Demência Vascular. Pode ser difícil fazer a distinção entre a Demência
de Corpos de Lewy e a Doença de Parkinson, verificando-se que algumas pessoas com a última
desenvolvem uma forma de Demência semelhante à primeira.
Demência Frontotemporal
Demência frontotemporal (DFT) é o nome dado a um grupo Demências em que existe a
degeneração de um ou de ambos os lobos cerebrais frontal ou temporais. Neste grupo de
Demências estão incluídas a Demência fronto-temporal, Afasia Progressiva não-fluente,
Demência semântica e Doença de Pick. Cerca de 50% das pessoas com DFT tem história
familiar da doença. As pessoas que herdam este tipo de Demência apresentam
frequentemente uma mutação no gene da proteína tau, no cromossoma 17, o que leva à
produção de uma proteína tau anormal. Não são conhecidos outros fatores de risco.
Doença de Huntington
A Doença de Huntington é uma doença degenerativa e hereditária, que afeta o cérebro e o
corpo. Inicia-se, habitualmente, no período entre os 30 e 50 anos e é caracterizada pelo
declínio intelectual e movimentos irregulares involuntários dos membros ou músculos faciais.
As alterações de personalidade, memória, fala, capacidade de discernimento e problemas
psiquiátricos são outros sintomas característicos desta doença. Não existe tratamento
disponível para impedir a sua progressão, contudo a medicação pode controlar as
perturbações do movimento e os sintomas psiquiátricos. Na maioria dos casos, a pessoa
desenvolve Demência.
Demência provocada pelo álcool (Síndrome de Korsakoff)
O consumo excessivo de álcool, particularmente se estiver associado a uma dieta pobre em
vitamina B1 (tiamina) pode levar a danos cerebrais irreversíveis. Este tipo de demência pode
ser prevenido e se houver cessação do consumo podem existir algumas melhorias.
As partes cerebrais mais vulneráveis são as implicadas na memória, planeamento, organização
e discernimento, competências sociais e equilíbrio. Tomar vitamina B1 (tiamina) parece ajudar
a prevenir e a melhorar esta condição.
Doença de Creutzfeldt-Jacob
A Doença de Creutzfeldt-Jacob é uma perturbação cerebral fatal, extremamente rara, causada
por uma partícula de proteína denominada por prião. A sua incidência por ano é de um caso
por cada milhão de pessoas. Os primeiros sintomas incluem falhas de memória, alterações do
comportamento e falta de coordenação. À medida que a doença progride, usualmente com
rapidez, a deterioração mental torna-se evidente, surgem movimentos involuntários, podendo
a pessoa cegar, desenvolver fraqueza nos membros e, por fim, entrar em coma.
Existem várias situações que produzem sintomas semelhantes à Demência, como por exemplo
algumas carências vitamínicas e hormonais, depressão, sobredosagem ou incompatibilidades
medicamentosas, infeções e tumores cerebrais. Quando as situações são tratadas, os sintomas
desaparecem.
É essencial que o diagnóstico médico seja realizado numa fase inicial, quando os primeiros
sintomas aparecem, de modo a garantir que a pessoa que tem uma condição tratável seja
diagnosticada e tratada corretamente. Por outro lado, se os sintomas forem causados por uma
Demência, o diagnóstico precoce possibilita o acesso mais cedo a apoio, informação e
medicação, caso esta esteja disponível.
A Demência pode ser hereditária?
Isto irá depender da causa da Demência, daí a importância de existir um diagnóstico médico
correto. Se tiver preocupações sobre o risco de herdar Demência, consulte o seu médico.
Salienta-se que a maioria dos casos de Demência não é hereditária.
Os sinais iniciais de Demência são muito subtis e vagos e podem não ser imediatamente
óbvios. Alguns sintomas comuns são:
 Perda de memória frequente e progressiva;
 Confusão;
 Alterações da personalidade;
 Apatia e isolamento;
 Perda de capacidades para a execução das tarefas diárias

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  • 1. Psicopatologia do Envelhecimento A psicopatologia é a disciplina que analisa as motivações e particularidades das doenças mentais. Este estudo pode ser realizado com várias abordagens ou modelos, entre os quais podem ser citados o biomédico, o psicodinâmico, o sócio-biológico e o comportamental. A palavra psicopatologia pode se referir a: Aquela área da saúde que descreve e sistematiza as mudanças que ocorrem no comportamento do ser humano e que não podem ser explicadas pelo amadurecimento ou desenvolvimento do indivíduo e que são conhecidas como distúrbios psicológicos . Para a área de estudo da psicologia que se concentra no estudo daqueles estados mentais doentios dos indivíduos, como já mencionamos. Disto se segue que qualquer comportamento que cause desconforto, um impedimento ou deficiência como consequência da deterioração das funções cognitivas do cérebro é plausível para ser denominado psicopatologia. A psicopatologia é uma disciplina que estuda o anormal, o desviante, o desajustado, o perturbado, o desorganizado, etc ; cujo interesse está centrado na natureza e nas causas do comportamento anormal ou psicopatológico e tem como objetivo principal descobrir as leis que regulam o comportamento anormal ou patológico através do método científico . Neste contexto , a Organização Mundial de Saúde (OMS) define a saúde mental como “o estado de bem-estar no qual o indivíduo realiza as suas capacidades, pode fazer face ao stress normal da vida, trabalhar de forma produtiva e frutífera e contribuir para a comunidade em que se insere“. Nesta definição, a “saúde mental” é entendida como um aspeto vinculado ao bem-estar, à qualidade de vida, à capacidade de amar, trabalhar e de se relacionar com os outros. Com esta perspetiva positiva, a OMS convida a pensar na saúde mental muito para além das doenças e das deficiências mentais. Problemas de saúde mental mais frequentes  Ansiedade  Mal-estar psicológico ou stress continuado  Depressão  Dependência de álcool e outras drogas  Perturbações psicóticas, como a esquizofrenia  Atraso mental  Demências A depressão, nos seus vários tipos, caracteriza-se, de forma geral, como uma patologia em que se encontram presentes sentimentos de tristeza profunda e persistente no tempo, vazio, sensação de cansaço e falta de interesse nas atividades. O impacto dos sintomas varia de acordo com a sua gravidade (ligeira, moderada ou grave) e a sua duração, mas sabe-se, atualmente, que a depressão é a doença que mais contribui para as mortes por suicídio e a que mais provoca incapacidade na atividade produtiva. As consequências nos contextos familiares, sociais e profissionais são, por vezes, devastadoras.
  • 2. A depressão é, muitas vezes, uma doença silenciosa, onde o apoio profissional, familiar e social são fundamentais para uma boa recuperação. Embora qualquer pessoa esteja sujeita a desenvolver depressão, existem alguns fatores de risco que potenciam o seu aparecimento, como a situação económica desfavorável, desemprego, acontecimentos de vida (morte de um ente querido, rutura de um relacionamento, pós-parto...) ou até a ocorrência de doenças físicas. No caso de alguns tipos de depressão, como a perturbação depressiva major, pode existir uma predisposição genética / hereditariedade, sendo que os familiares de primeiro grau de pessoas com este tipo de patologia possuem um risco 2 a 4 vezes maior quando comparados com a população geral. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), as perturbações depressivas correspondem a um dos principais problemas de saúde mental a nível mundial, estimando-se que existam cerca de 300 milhões de pessoas a sofrer desta patologia. Tipos e Sintomas da depressão De acordo com o Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (DSM-V), na categoria das perturbações depressivas podemos incluir:  Perturbação de desregulação do humor disruptivo;  Perturbação depressiva major;  Perturbação depressiva persistente (distimia);  Perturbação disfórica pré-menstrual;  Perturbação depressiva induzida por substância/medicamento;  Perturbação depressiva devida a outra condição médica;  Perturbação depressiva com outra especificação;  Perturbação depressiva não especificada. A depressão pode ser causada por estímulos endógenos (relacionados com o próprio indivíduo) ou por estímulos exógenos (relacionados com as diversas circunstâncias adversas que rodeiam o indivíduo), podendo ser considerada como uma patologia biopsicossocial. Existem, efetivamente, alguns fatores que são considerados como de risco e podem influenciar o prognóstico da evolução e tratamento da doença, nomeadamente fatores de risco temperamentais, ambientais, genéticos e fisiológicos e modificadores de curso. Os fatores de risco temperamentais dizem respeito às caraterísticas psicológicas da pessoa. Pessoas que apresentam níveis elevados de neuroticismo (afetividade negativa) encontram-se mais suscetíveis a desenvolver episódios depressivos como resposta às situações adversas da vida. Os fatores de risco ambientais relacionam-se com as experiências adversas ou potencialmente traumáticas, sejam na infância ou na idade adulta. Estas experiências negativas parecem potenciar o aparecimento de depressão. Os fatores genéticos e fisiológicos remetem-nos para o fator da hereditariedade e para a questão neurobiológica. Sabe-se que os familiares de primeiro grau de indivíduos com depressão possuem 2 a 4 vezes mais probabilidade de desenvolver, igualmente, a doença. Adicionalmente, quando no nosso cérebro existe um desequilíbrio na produção de
  • 3. neurotransmissores como noradrenalina, serotonina e dopamina (responsáveis pela sensação de bem estar e motivação) a probabilidade do desenvolvimento de depressão aumenta. Outras condições médicas podem ainda modificar o curso de uma perturbação depressiva, fazendo com que ela seja tardiamente diagnosticada, por exemplo, ou potenciando o seu desenvolvimento. Indivíduos que possuem outras patologias associadas, principalmente doenças crónicas e/ou incapacitantes, apresentam um risco mais acentuado ao nível da severidade da depressão, quando comparados com pessoas medicamente saudáveis. Cada pessoa é única e é fundamental explorar a anamnese (história de vida) do indivíduo para ser possível intervir adequadamente. A ansiedade é normal e até positiva. Quando em excesso pode, no entanto, conduzir a um ciclo de medo e insegurança permanentes. Saiba como proteger-se. A ansiedade é uma emoção que todas as pessoas já experimentaram em vários momentos da vida. É uma reação normal, adaptativa e positiva, que tem como propósito proteger-nos de ameaças externas. É importante salientar que a ansiedade, no seu estado normal, é uma emoção saudável para o indivíduo porque o impulsiona a realizar projetos e a planear o futuro. No entanto, em excesso, pode tornar-se uma patologia como o transtorno de ansiedade generalizada, fazendo com que sintamos preocupação e medo extremo em situações simples do dia a dia. A ansiedade é uma antecipação apreensiva de um perigo ou desgraça, acompanhada por uma sensação de preocupação, sofrimento e/ou sintomas somáticos de tensão. Por exemplo, perante o pensamento de ter que fazer um exame, ir ao hospital ou a uma entrevista de emprego, é comum sentirmo-nos tensos, preocupados e nervosos. Estas preocupações podem afetar o nosso sono, o apetite e a capacidade de concentração. Mas, se tudo correr bem, a ansiedade desaparece naturalmente e, com ela, os seus sintomas somáticos. Embora toda a gente sinta ansiedade ocasionalmente, as pessoas apresentam diferenças individuais na forma como a sua ansiedade é desencadeada, na intensidade e na duração da mesma. Existem três fatores principais para podermos distinguir entre ansiedade normal e ansiedade anormal. 1. O nível de ansiedade: por exemplo, é normal ficar um pouco ansioso antes de viajar de avião, mas será anormal se a ansiedade for tão intensa que a pessoa entra em pânico ou se recusa a embarcar. 2. A justificação: o indivíduo não encontra uma explicação realista para interpretar uma situação como ameaçadora (por exemplo, ficar ansioso ao ver uma aranha, na maioria dos casos, não faz sentido).
  • 4. 3. As consequências negativas: quando a ansiedade é elevada durante muito tempo, prejudicando o desempenho da pessoa no seu dia a dia e tornando mais difícil lidar com a vida quotidiana. Neste tipo de situações, a pessoa pode mesmo sentir que está a ficar sem controlo, que vai morrer ou enlouquecer. Deve, por isso, consultar um psicólogo e/ou um médico psiquiatra. As perturbações de ansiedade incluem um conjunto de distúrbios que partilham caraterísticas de medo e ansiedade excessivos, provocando alterações do comportamento. O medo é uma resposta emocional a uma ameaça iminente real ou percebida como tal, enquanto a ansiedade é a antecipação de uma ameaça futura. Existem quatro tipos principais de perturbação de ansiedade:  Fóbica – caraterizada pelo extremo desconforto e pavor com situações sociais como ambientes novos, desconhecidos e cheios de pessoas estranhas; encontros sociais; falar em público; e outras situações semelhantes. Esse comportamento é caraterístico de um distúrbio conhecido popularmente como fobia social, ou transtorno da ansiedade social. Existem as fobias específicas, caraterizadas por medo persistente e irracional de um determinado objeto, animal, atividade ou situação que represente pouco ou nenhum perigo real, mas que, mesmo assim, provoca ansiedade extrema.  Pânico – é um tipo de transtorno de ansiedade no qual ocorrem crises inesperadas de desespero e medo intenso de que algo mau aconteça, mesmo que não haja nenhum motivo para isso ou sinais de perigo iminente. (exemplo: ataque de pânico)  Ansiedade Generalizada – a pessoa experiencia uma ansiedade consistente a longo prazo sem saber porquê, preocupada ou com medo de algo sem conseguir explicar a razão.  Obsessivo-Compulsiva – a pessoa é atormentada por pensamentos não desejados (obsessões), ou sente que deve levar a cabo algumas ações contra a sua própria vontade (compulsões), frequentemente para aliviar o desconforto que sente com as suas próprias obsessões. Nas perturbações de ansiedade, podem ocorrer os seguintes tipos de sintomas:  Sintomas de Humor: tensão, pânico, apreensão, depressão, irritabilidade.  Sintomas Cognitivos: o indivíduo dispensa grande quantidade de tempo preocupado com ameaças inexistentes, não prestando atenção a problemas reais próximos.  Sintomas Somáticos: suor, boca seca, respiração acelerada, pulso rápido, sensações de tensão muscular, dores de cabeça, sofrimento intestinal, entre outros.  Sintomas Motores: impaciência, inquietação, movimentos rápidos com os pés e susto exagerado perante ruídos súbitos, entre outros. À medida que envelhecemos, assistimos a um declínio natural do funcionamento cognitivo – denominado de envelhecimento cognitivo fisiológico ou normal. Podemos ter mais dificuldade em evocar o nome de um objeto ou de uma pessoa, mas lembrarmo-nos dele mais tarde. Podemos perder as chaves ou a carteira de vez em quando ou sentir maior necessidade de escrever recados e listas para não nos esquecermos de informação importante. Estas falhas
  • 5. cognitivas são geralmente muito discretas e não perturbam o nível de funcionalidade/autonomia da pessoa. O termo Défice Cognitivo Ligeiro é utilizado quando estas alterações cognitivas são mais frequentes ou graves do que é expectável para a idade e para o nível de escolaridade do indivíduo. Sintomas podem incluir:  Dificuldade em realizar mais do que uma tarefa de cada vez;  Dificuldade em resolver problemas mais complexos ou na tomada de decisões;  Esquecimento de informação recente (eventos ou conversas recentes), por vezes levando a que a pessoa repita algumas vezes a mesma informação. Apesar da existência destas alterações, as pessoas continuam a manter um nível de funcionalidade normal ou quase inalterado. Assim, o Défice Cognitivo Ligeiro ( DCL) situa-se entre o envelhecimento normal e o envelhecimento patológico. Não se considera um funcionamento cognitivo completamente normal, no entanto, também não são preenchidos os critérios para um diagnóstico de demência. A literatura demonstra que existe um risco considerável de um DCL evoluir para uma síndrome demencial (ex: Doença de Alzheimer). Estudos demonstram que um DCL do tipo amnésico (principal função afetada é a memória) mais provavelmente evoluirá para uma Doença de Alzheimer, enquanto que um DCL não amnésico tenderá a evoluir para outras demências tais como a variante comportamental da Degenerescência Lobar Fronto-Temporal ou a Demência com Corpos de Lewy. No entanto, importa referir que nem todos os casos de DCL transitam para um quadro patológico – o estado cognitivo de uma pessoa com DCL pode manter-se estável durante vários anos. Infelizmente a ciência ainda não consegue prever se uma pessoa com DCL irá permanecer estável ou progredir para um quadro demencial. A mensagem que os profissionais de saúde costumam deixar a uma pessoa recentemente diagnosticada com DCL é a seguinte: esperar pelo melhor mas ao mesmo tempo aceitar que o quadro poderá progredir. É importante procurar informação e fazer planos para o caso de ter menos capacidade para o fazer no futuro. Como fatores protetores do funcionamento cognitivo é importante:  Manter ou intensificar a atividade física;  Promover uma alimentação saudável;  Manter a atividade mental (as interações sociais são uma ótima forma de estimular o cérebro!);  Manter uma atitude positiva (tentar evitar situações de stress, rodear-se de pessoas que o apoiem);
  • 6.  Manter um acompanhamento médico frequente e adequado de modo a controlar fatores de risco (ex: Hipertensão Arterial, diabetes, colesterol elevado, etc…)  Estabelecer uma rotina. Demência é o termo utilizado para descrever os sintomas de um grupo alargado de doenças que causam um declínio progressivo no funcionamento da pessoa. É um termo abrangente que descreve a perda de memória, capacidade intelectual, raciocínio, competências sociais e alterações das reações emocionais normais. Apesar da maioria das pessoas com Demência ser idosa, é importante salientar que nem todas as pessoas idosas desenvolvem Demência e que esta não faz parte do processo de envelhecimento natural. A demência pode surgir em qualquer pessoa, mas é mais frequente a partir dos 65 anos. Em algumas situações pode ocorrer em pessoas com idades compreendidas entre os 40 e os 60 anos. A Organização Mundial de Saúde estima que em todo o mundo existam 47.5 milhões de pessoas com demência, número que pode atingir os 75.6 milhões em 2030 e quase triplicar em 2050 para os 135.5 milhões. A doença de Alzheimer assume, neste âmbito, um lugar de destaque, representando cerca de 60 a 70% de todos os casos de demência (World Health Organization [WHO], 2015). Em Portugal, não existindo até à data um estudo epidemiológico que retrate a real situação do problema, podemos ter como referência os dados da Alzheimer Europe que apontam para mais de 193 mil e 500 pessoas com demência (Alzheimer Europe, 2019). Formas mais comuns de Demência: A Doença de Alzheimer A Doença de Alzheimer é a forma mais comum de Demência, constituindo cerca de 50% a 70% de todos os casos. É uma doença progressiva, degenerativa e que afeta o cérebro. À medida que as células cerebrais vão sofrendo uma redução, de tamanho e número, formam-se tranças neurofibrilhares no seu interior e placas senis no espaço exterior existente entre elas. Esta situação impossibilita a comunicação dentro do cérebro e danifica as conexões existentes entre as células cerebrais. Estas acabam por morrer, e isto traduz-se numa incapacidade de recordar ou assimilar a informação. Deste modo, conforme a Doença de Alzheimer vai afetando as várias áreas cerebrais, vão-se perdendo certas funções ou capacidades. Demência Vascular Demência Vascular é um termo utilizado para descrever o tipo de Demência associado aos problemas da circulação do sangue para o cérebro e constitui o segundo tipo mais comum de Demência. Existem vários tipos de Demência Vascular, mas as duas formas mais comuns são a Demência por multienfartes cerebrais e Doença de Binswanger. A primeira é causada por vários pequenos enfartes cerebrais, também conhecidos por acidentes isquémicos transitórios
  • 7. e é provavelmente a forma mais comum de Demência Vascular. A segunda, também denominada por Demência vascular subcortical, está associada às alterações cerebrais relacionadas com os enfartes e é causada por hipertensão arterial, estreitamento das artérias e por uma circulação sanguínea deficitária. A Demência vascular pode parecer semelhante à Doença de Alzheimer e em algumas pessoas ocorre um quadro combinado destes dois tipos de Demência. Doença de Parkinson A Doença de Parkinson é uma perturbação progressiva do sistema nervoso central, caracterizada por tremores, rigidez nos membros e articulações, problemas na fala e dificuldade na iniciação dos movimentos. Numa fase mais avançada da doença, algumas pessoas podem desenvolver Demência. A medicação pode melhorar a sintomatologia física, mas também pode provocar efeitos secundários que incluem: alucinações, delírios, aumento temporário da confusão e movimentos anormais. Demência de Corpos de Lewy A Demência de Corpos de Lewy é causada pela degeneração e morte das células cerebrais. O nome deriva da presença de estruturas esféricas anormais, denominadas por corpos de Lewy, que se desenvolvem dentro das células cerebrais e que se pensa poderem contribuir para a morte destas. As pessoas com Demência de Corpos de Lewy podem ter alucinações visuais, rigidez ou tremores (parkinsonismo) e a sua condição tende a oscilar rapidamente, de hora a hora ou de dia para dia. Estes sintomas permitem a sua diferenciação da Doença de Alzheimer. A Demência de Corpos de Lewy pode ocorrer, por vezes, simultaneamente com a Doença de Alzheimer e/ou com a Demência Vascular. Pode ser difícil fazer a distinção entre a Demência de Corpos de Lewy e a Doença de Parkinson, verificando-se que algumas pessoas com a última desenvolvem uma forma de Demência semelhante à primeira. Demência Frontotemporal Demência frontotemporal (DFT) é o nome dado a um grupo Demências em que existe a degeneração de um ou de ambos os lobos cerebrais frontal ou temporais. Neste grupo de Demências estão incluídas a Demência fronto-temporal, Afasia Progressiva não-fluente, Demência semântica e Doença de Pick. Cerca de 50% das pessoas com DFT tem história familiar da doença. As pessoas que herdam este tipo de Demência apresentam frequentemente uma mutação no gene da proteína tau, no cromossoma 17, o que leva à produção de uma proteína tau anormal. Não são conhecidos outros fatores de risco. Doença de Huntington A Doença de Huntington é uma doença degenerativa e hereditária, que afeta o cérebro e o corpo. Inicia-se, habitualmente, no período entre os 30 e 50 anos e é caracterizada pelo declínio intelectual e movimentos irregulares involuntários dos membros ou músculos faciais. As alterações de personalidade, memória, fala, capacidade de discernimento e problemas psiquiátricos são outros sintomas característicos desta doença. Não existe tratamento disponível para impedir a sua progressão, contudo a medicação pode controlar as perturbações do movimento e os sintomas psiquiátricos. Na maioria dos casos, a pessoa desenvolve Demência.
  • 8. Demência provocada pelo álcool (Síndrome de Korsakoff) O consumo excessivo de álcool, particularmente se estiver associado a uma dieta pobre em vitamina B1 (tiamina) pode levar a danos cerebrais irreversíveis. Este tipo de demência pode ser prevenido e se houver cessação do consumo podem existir algumas melhorias. As partes cerebrais mais vulneráveis são as implicadas na memória, planeamento, organização e discernimento, competências sociais e equilíbrio. Tomar vitamina B1 (tiamina) parece ajudar a prevenir e a melhorar esta condição. Doença de Creutzfeldt-Jacob A Doença de Creutzfeldt-Jacob é uma perturbação cerebral fatal, extremamente rara, causada por uma partícula de proteína denominada por prião. A sua incidência por ano é de um caso por cada milhão de pessoas. Os primeiros sintomas incluem falhas de memória, alterações do comportamento e falta de coordenação. À medida que a doença progride, usualmente com rapidez, a deterioração mental torna-se evidente, surgem movimentos involuntários, podendo a pessoa cegar, desenvolver fraqueza nos membros e, por fim, entrar em coma. Existem várias situações que produzem sintomas semelhantes à Demência, como por exemplo algumas carências vitamínicas e hormonais, depressão, sobredosagem ou incompatibilidades medicamentosas, infeções e tumores cerebrais. Quando as situações são tratadas, os sintomas desaparecem. É essencial que o diagnóstico médico seja realizado numa fase inicial, quando os primeiros sintomas aparecem, de modo a garantir que a pessoa que tem uma condição tratável seja diagnosticada e tratada corretamente. Por outro lado, se os sintomas forem causados por uma Demência, o diagnóstico precoce possibilita o acesso mais cedo a apoio, informação e medicação, caso esta esteja disponível. A Demência pode ser hereditária? Isto irá depender da causa da Demência, daí a importância de existir um diagnóstico médico correto. Se tiver preocupações sobre o risco de herdar Demência, consulte o seu médico. Salienta-se que a maioria dos casos de Demência não é hereditária. Os sinais iniciais de Demência são muito subtis e vagos e podem não ser imediatamente óbvios. Alguns sintomas comuns são:  Perda de memória frequente e progressiva;  Confusão;  Alterações da personalidade;  Apatia e isolamento;  Perda de capacidades para a execução das tarefas diárias