9. Era uma vez um rapaz que vivia numa casa branca com sete janelas e uma varanda verde virada para o mar.

14. Um dia, quando andava a brincar nas rochas, o rapaz encontrou um caranguejo, um polvo e uma menina, todos contentes a conversar e a rir às gargalhadas. A menina tinha um palmo de altura, cabelos verdes, olhos roxos e usava um vestido feito de algas vermelhas.

19. Na manhã seguinte o rapaz voltou à praia. Não aguentou de curiosidade e agarrou a menina. Os seus amigos bem tentaram protegê-la, mas eram muito pequenos e tiveram de fugir. Depois do susto a Menina do Mar começou a conversar com o rapaz e contar-lhe coisas do mar e da sua vida. “ Posso respirar dentro de água como os peixes e fora de água como os Homens.” “ O caranguejo é cozinheiro.” “ O polvo põe a mesa, faz a cama e faz os meus vestidos.” “ O peixe é o meu melhor amigo.”

24. A Menina do Mar também queria saber coisas sobre a Terra. Por isso, no dia seguinte o rapaz foi ter com ela e levou-lhe coisas da Terra. Uma rosa, uma caixa de fósforos e uma garrafa de vinho, também lhe ensinou o que é a saudade. Mas a Menina do Mar queria conhecer mais coisas, então combinaram levá-la a conhecer a Terra dentro de um balde com água do Mar.

29. Mas algo aconteceu, os búzios que são os ouvidos do mar, foram contar à Raia, a poderosa e má dona dos mares o que a menina ia fazer. A Raia proibiu-a a menina de estar com o rapaz e mandou os polvos atacá-lo.

34. Chegou o Inverno e o rapaz continuava a pensar na Menina do Mar. Um dia apareceu uma gaivota que lhe trouxe um frasco com suco de anémonas e plantas mágicas. A gaivota disse-lhe para beber se quisesse ir ao fundo do mar visitar a Menina do Mar.

39. O rapaz bebeu o suco, agarrou-se à cauda do golfinho e viajou até ao fundo do mar onde encontrou a Menina do Mar. A menina disse-lhe que sem ele estava muito triste e já não dançava com o mesmo encanto, aprendeu o que era a saudade. Por isso o Rei do Mar mandou chamar o rapaz. A Menina do Mar ficou tão feliz, fizeram uma festa no palácio e ela dançou melhor do que nunca.