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DEPARTAMENTO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO-SENSU
NEUROPSICOPEDAGOGIA
POR PROFª SHEYLA CARVALHO
TAGUATINGA – DF
2007
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NEUROPSICOPEDAGOGIA TRICEREBRAL
As revolucionárias ciências da mente não surgiram necessariamente
para resolver a complexa problemática da aprendizagem humana. Mas, à
medida que deslindam os intricados mecanismos cerebrais, fornecem-nos
elementos para operarmos no campo educacional/pedagógico.
A Neuropedagogia nasce no bojo das concepções holísticas, de
maneira que se constitui numa visão integradora, transdisciplinar, globalista,
oferecendo-nos inicialmente uma nova visão de mundo, de homem e
conseqüentemente de aprendizagem, pois esta sempre decorre da maneira
como concebemos o aprendiz.
Pensarmos a Neuropedagogia nesta ótica, implica trabalhar também
com instrumentos que favoreçam uma ação integrada, buscando uma prática
pedagógica que desenvolva e aperfeiçoe os processos mentais triádicos do
aluno, permitindo-lhe organizar conceitos, tomar decisões e implementar
ações em busca de resultados significativos.
ENFOQUE TRIÁDICO DA APRENDIZAGEM
A Neuropedagogia, movimento nascido das bases teóricas da
Cibernética Social e Proporcionalismo, ensina que a mente não percebe
apenas fragmentos, mas é capaz de captar a globalidade. Se alimentarmos
de forma adequada cérebro/mente do aprendiz, não há nada que não se
possa aprender. Sugere-se que há de se criar novos métodos educacionais
para o desenvolvimento do cérebro humano para seu melhor equilíbrio de
vida, pois o cérebro não existe só para pensar, como se acreditou durante
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muito tempo, mas sua função precípua é garantir, direcionar e regular o organismo
todo, para as metas de sobrevivência e reprodução. Conseqüentemente, é, também, a
meta da aprendizagem. Susan Greenfield, em seu livro “O Cérebro Humano”, (2000)
assegura: “o cérebro, seja quais forem sua forma, tamanho e complexidade, de
alguma” forma está associado, de modo fundamental, à asseguração da
sobrevivência”.
Dentre as várias propostas da tridimensionalidade do cérebro (Freud com o Id,
Ego e Super-ego; Piaget com o estágio sensório-motor, pré-operatório e operatório;
Mauro Torres e o córti-co-límbico-hipotalâmico, Saiba que I ) selecionamos a
proposta do “cérebro triúno” de Paul Maclean, para esclarecer os fundamentos da
proposta da Neuropedagogia. .
Para Maclean, o cérebro consta de 3 computadores biológicos
integrados, cada um com sua própria inteligência, sua própria subjetividade,
seu próprio senso de espaço e tempo, suas próprias funções motoras, de
memória, de comunicação e outras. Tudo se repete no todo e o todo está em
tudo. É um princípio do holograma.
• Reptílico = Parte interna do cérebro nos mamíferos, que se pode simplificar
dizendo que corresponde ao cerebelo que é o “único” cérebro dos répteis. É
responsável pelo comportamento agressivo de luta de reprodução e
sobrevivência, pelo estabelecimento de hierarquias sociais, (poder) e os rituais
correspondentes. Nele ocorrem também os padrões automáticos, os hábitos e as
rotinas.
• Sistema Límbico = 2ª camada do cérebro, onde se encontram, dentre outras,
as estruturas do tálamo e hipotálamo; comum a todos os mamíferos, é
responsável pela emoção, comportamento e controle do sistema nervoso
autônomo. Ë também conhecido como o cérebro do sentimento.
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• Neo-córtex = Camada mais externa e evoluída do cérebro, típica dos
mamíferos superiores e do homem: racionalidade, linguagem conceitual, verbal e
simbólico. É chamado de “cérebro inteligente”, mesmo porque, os seus neurônios
altamente especializados, lhe possibilita múltiplas tarefas simultâneas.
A inteligência, para Maclean, é um produto de esforços combinados
dos 3 cérebros do homem, destacando-se a estrutura do Sistema Límbico,
pois parece ser ele o determinante das atitudes da pessoa perante a vida. Ver
figura I
Fig. I Cérebro (visto de lado)
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Herdeiros da Cibernética Social e Proporcionalismo, trabalhamos com
sua proposta de cérebro triádico, que retoma e amplia as teorias anteriores,
acrescentando-lhes o que é próprio da sua visão, mas reforçando sempre a
linha educacional. Ver figura II .
Fig. II Cérebro( visto de trás )
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A R. Luria afirma, em seu trabalho “El cérebro en Acción” que os
processos mentais do homem, em geral, e sua atividade consciente, em
particular, sempre ocorrem com a participação das 3 unidades funcionais,
cada qual com seu papel, que sugere a integração e realização dos outros. A
seu respeito escreve Dr. Sanvito, da Faculdade de São Paulo: “ O
neuropsicólogo soviético A.R. Luria encara o cérebro como um sistema
dinâmico desdobrado em três blocos funcionais. A postura luriana é contra
um enfoque localizacionista estreito e postula a abordagem do estudo do
cérebro dentro de um princípio de integração, baseada na idéia de que
processos psicológicos em larga escala operam em sistemas funcionais. Isto
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significa que qualquer lesão que determine uma deficiência numa capacidade
cerebral especifica atuaria determinando repercussões também no sistema”.
Os três blocos do cérebro luriano estão intimanente integrados e
cada um desempenha um papel especial na atividade psíquica. O primeiro
bloco esta relacionado a manutenção do tônus do córtex.
SAIBA QUE II
FUNÇÕES OPERACIONAIS
Para reforçar o desenvolvimento do lado comum operacional para os
professores, encontramos no livro Mentes em Desenvolvimento , Hebert Kohl,
1984, a seguinte citação : “O professor torna-se-á um especialista em
construção ; alguém que saiba como ajudar a reunir as habilidades e os
recursos para criar um todo funcional harmonioso ( integrado, é claro, com as
demais funções )” .
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leitura
escrita
comunicação
conhecimento
aritmética
cálculo
gramática
literatura
cuidados com a saúde
contacto com o meio
físico/animal
recortes
ativ./motoras
expressão corporal
planejamento
Utilização do dinheiro
brinquedo
dramatização
simbolização
oração
criatividade
música
ativ./artística
relacionamento
O segundo é responsável pelo recebimento, elaboração e conservação
da informação e finalmente o terceiro elabora os programas de
comportamento, responde pela sua realização e participa do controle de sua
execução.
Na verdade, a Educação pela e para a proporcionalidade dos três
segmentos do cérebro, é a base da educação do futuro. Façamos do futuro
nosso presente.
O próximo passo é um estudo comparativo entre cérebro triádico com
Piaget e a proposta da Antroposofia, do Rudolf Steiner , na próxima edição.
Conhecendo os três cérebros:
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Para você se conhecer e aquilatar o poder de seus três cérebros,
vamos oferecer um exercício que se chama o Revelador do Quociente Tricerebral
que foi estruturado por Waldemar De Gregori (in Construção Familiar-Escolar dos
Três Cérebros). O exercício consta de 27 itens em que você deve se auto-avaliar .
As notas obedecerão a escala de 1 (menor) a 5 (maior).
QT - Revelador do Quociente Tricerebral
01
Você confere os dados de uma passagem, de uma nota, de uma conta? Ao fim do dia, da
semana, de uma atividade, você faz revisão, avaliação?
02
Em seu quarto, em sua casa tem ordem? Costuma prever o onde, o quando, o como, o curso,
o resultado do que pretende fazer?
03
Você crê nalguma força maior, como o amor, a vida, alguma entidade superior? Você crê que
faz parte de um todo maior, invisível, espiritual?
04 Você anda alegre, gosta de brincadeira, piada, festa? Você é otimista apesar de tudo?
05
Numa discussão, você tem boas explicações, tem bons argumentos, sabe rebater? Sabe levar
adiante uma discussão com paciência?
06
Você tem pressentimentos, previsões ou sonhos que se cumprem? Você tem estalos, insights,
idéias luminosas, para resolver seus problemas?
07 No relacionamento afetivo você entra pra valer, com romantismo, com paixão?
08
Você fala bem em grupo, tem bom vocabulário, tem fluência e correção gramatical? Você sabe
convencer os outros?
09
Ao falar, você gesticula, você olha todas as pessoas, você movimenta bem e com elegância
todas as partes do corpo?
10
Você é capaz de pôr-se no lugar de outrem, de imaginar-se na situação de uma outra pessoa e
sentir como ela se sente?
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11
Diante de uma situação, você combina os prós e os contras, você faz diagnósticos realistas, faz
julgamentos bons, acertados?
12
Ao narrar algum fato você dá muitos detalhes, você gosta de descer às minúcias, aos
pormenores?
13
Quando compra ou vende, você se sai bem? Se tivesse um negócio, você teria êxito financeiro,
saberia ganhar e multiplicar dinheiro?
14
Você gosta de modificar a rotina do dia-a-dia, do ambiente? Você acha soluções criativas,
originais? Gosta de andar inventando?
15
Você controla seus ímpetos? Pára e pensa antes de agir? Pensa nas conseqüências antes de
agir?
16
Antes de tomar uma informação como certa, você se dedica a coletar mais dados, a ouvir o
outro lado, a averiguar as fontes, a buscar comprovação?
17
Como vão suas mãos em artesanato, consertos, uso de agulhas, facas, serrote, martelo,
ferramentas, jardinagem, habilidades manuais?
18
Frente a dificuldade, você tem capacidade de concentração, dedicação continuada, você tem
boa resistência, agüenta muito?
19
Na posição de chefe, você sabe dividir tarefas, calcular o tempo para cada coisa? Sabe dar
comandos curtos, exatos, e cobrar a execução?
20
Você gosta de decoração, arrumação de ambientes? Você se arruma bem? Você presta
atenção a um pôr-do-sol, a um pássaro, a uma paisagem?
21
Você tem atração por aventuras, por desbravar caminhos, por tarefas desconhecidas,
pioneiras, que ninguém fez antes?
22
Você se autoriza a questionar pessoas e informações de TV, jornal, de política, religião,
ciência, e denunciar seus interesses disfarçados?
23
Você consegue transformar seus sonhos e Idéias em fatos, em coisas concretas? Seus
empreendimentos, suas iniciativas, progridem e duram?
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24
Você fica imaginando o que poderá acontecer no ano que vem, daqui a 10 anos, e nos
possíveis rumos dos acontecimentos
25
Você se dá bem com a tecnologia, gravador, máquina de lavar, calculadora, máquina
fotográfica, cronômetros e os botões da eletrônica.?
26
Você é rápido(a) no que faz? Resolve logo? Termina bem o que faz e no prazo certo? Seu
tempo rende mais que o de seus colegas?
27
Quando se comunica, você usa números, medidas, estatísticas, matemática, além do
palavrório popular?
Vamos, agora, à apuração e interpretação do exercício.
1. Some as notas de todos os retângulos e escreva o escore no retângulo que
está no hemisfério esquerdo do cérebro; some também as notas de todos os
triângulos e ponha o resultado no triângulo do cérebro; some as notas dos círculos
e ponha a soma no círculo dentro do cérebro.
2. Observe os seguintes critérios :
2.1 A média está entre 28 e 35 pontos.
2.2 Abaixo de 28 é fraco, sendo 9 o mínimo.
2.3. Acima de 35 é forte, sendo o máximo 45 pontos.
2.4 Os três processos não podem ter pontos iguais, pois se anulam, sofrem de
impasse; nem mais de 07 pontos de diferença entre si pois ficam
desproporcionais.
2.5. Se o escore de um processo mental está muito abaixo de 27 pontos, ou seja,
baixando em direção ao 9, trata-se de atrofia, excepcionalidade negativa; se o
escore for acima de 35, aproximando-se de 45, trata-se de superdotado,
excepcionalidade positiva. É impossível ser superdotado nos três processos.
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2.6. Não dê muito valor aos resultados. Na primeira vez, as pessoas fazem
infravalorização ou supervalorização. É aconselhável passar a observar seus
processos mentais e ouvir o parecer de pessoas de sua convivência.
3. Comece pelo escore mais alto. Este é o processo mental onde você tem mais
êxito.
3.4. Se for o triângulo, a parte central do encéfalo, então você é pessoa prática,
organizada, com êxito no trabalho, nos negócios, é líder de ação
Localize o segundo escore mais alto. Tanto pode ser o lógico,
científico, como pode ser o intuitivo. Se o triângulo tiver o escore mais baixo,
então a luta pela sobrevivência, a vida prática não é seu campo preferido.
3.5. Se o escore mais alto for o do círculo, ou do hemisfério direito (límbico), você
é pessoa de sensibilidade, afetuosa, criativa, sonhadora. Se a segunda nota mais
alta for o triângulo, você tem os pés no chão; mas se for o lado lógico, você voa
longe da realidade: deve ser poeta ou místico.
3.6. Se o escore mais alto for o do retângulo, lógico, você age conscientemente, é
pensador, intelectual. Se sua 2ª nota for a do triângulo você raciocina em função
de sobrevivência; mas se sua segunda nota mais alta for a do círculo (processo
intuitivo) você é um teórico, um distraído.
3.7. Existem casos extremos, de um só processo afastar-se muito dos outros dois.
Nesse caso, existe a genialidade (típica de cada processo: cientista, artista,
realizador), aliada à esquisitice. São conhecidas as esquisitices dos sábios
(processo lógico); dos videntes, artistas e santos (processo intuitivo); e dos
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capitães de indústria, estadistas e generais (processo operacional). Neste caso,
existe a desproporcionalidade entre os três processos.
4. Feita a interpretação, cada pessoa identifica seu processo predominante e seu
campo de ação favorito (ciência, profissão, etc.) sem excluir os outros dois.
Mesmo dentro de seu processo predominante existem os outros dois processos,
pois aceitamos que cada porção do encéfalo seja polivalente, podendo assumir
funções das outras, até um certo ponto, o que significa que não há uma
localização rígida de funções cerebrais ou mentais.
4.1. O importante, entretanto, é a possibilidade de autocondução, de modificação
dos processos mentais. Depois da interpretação, cada um pode investir na
reeducação ou cultivo de determinados itens de um dos processos mentais, seja
para ficar proporcional aos outros, seja para distanciar os que têm pontos iguais,
seja para cultivar um item esquecido.
Tomada a decisão sobre o que se quer desenvolver, procuram-se os
meios, as técnicas correspondentes.Para tal, volte ao exercício de RQT,
verifique os itens que tiveram menor número de pontos (1 ou 2) e estabeleça
metas para seu desenvolvimento, explicitando, se possível, um tempo para
atingi-la, assim como estratégias para alcançá-la .
ANEXOS – RELATOS DE EXPERIÊNCIAS
1 - Treinamento para Creche - (2006)
A convite da Se um primeiro curso para uma Creche Municipal que
está sendo instalada, e cujas atividades se iniciaram no dia 03 de abril do
corrente ano. A proposta pedagógica, a ser construída pela equipe, conta
com a coordenação de Colandi Carvalho de Oliveira que trabalhará na linha
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de neuropedagogia: pedagogia baseada nos processos mentais da criança.
Visualizem algumas momentos do curso que contou com toda a equipe da
creche, num total de 22 cuidadores e que, na sua abertura, contou também
com a presença de várias autoridades municipais. cretária de Educação do
município de Pirenópolis, Goiás, foi ministrado
O trabalho de acompanhamento pedagógico da creche foi
desenvolvido durante o ano de 2006 com bastante êxito. Além de reuniões
mensais com professores e pais ocorreram outros eventos como: Palestra
sobre Alimentação para as crianças do berçário, proferida pela Doutora
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Márcia Agapito de Brasília e um curso de Jogos Infantis ministrado pelo
Academico de Educação Física Diogo de Carvalho. Avaliações foram feitas
durante o ano o que nos permitirá a continuidade em 2007. Na próxima
edição apresentaremos alguns dados relativos ao trabalho.
2 - Curso de Ensinagem-Tricerebral
A convite da ETESB, Escola Técnica de Saúde de Brasília, Colandi
Carvalho de Oliveira, e o prof. Waldemar de Gregori, estão ministrando um
curso para os novos docentes da instituição, objetivando capacitar os
professores, específicos da área de saúde, para um fazer educacional mais
competente e globalizado.
( anos anteriores) CURRÍCULO GLOBAL PARA PRÉ-ESCOLA:
PLANETINHA JARDIM DE INFÂNCIA
COLANDI CARVALHO DE OLIVEIRA. MsC em PSICOPEDAGOGIA
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INTRODUÇÃO
“A vida é um convite a participar”... Como esta sempre foi a diretriz da minha
vida, empreendi uma caminhada, há anos, com um grupo de educadores
(pais e professores) com vistas a operacionalizar uma proposta de educação
pré-escolar, que chamávamos de “uni-global” e um currículo denominado
“currículo da vida”.
Para tanto, trabalhávamos em três dimensões ou três entradas: a teórica ,
relativizando o instrumental da Cibernética Social para educação infantil; a de
sensibilização, buscando um envolvimento mais efetivo dos educadores com
o projeto; e a prática que se propunha inovadora e que decorreria do
compromisso de todos para um novo fazer educacional e mudança social.
OBJETIVOS:
Discutir e avaliar, com educadores interessados, uma proposta de educação
global em nível de pré-escola, para divulgação da mesma assim como
possíveis redirecionamentos
DESENVOLVIMENTO:
Um grupo de educadores e alguns pais que buscavam uma nova
escola para seus filhos elaborou uma proposta-piloto, com base nos 14
subsistemas sociais, (referencial teórico, proposto pelo antropólogo brasileiro
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Rubbo Müller). Juntos, em seminários ou mutirões levantávamos
temas relacionados aos Subsistemas e que tinham a ver com a vivência da
criança no seu contexto familiar e comunitário. Propunham-se depois os
objetivos .
Neste início, a preocupação era como upayar ( conduzir para a libertação)
uma proposta tão desinstaladora, principalmente no seu aspecto institucional.
A solução encontrada foi o seu funcionamento no primeiro ano, fora do
sistema oficial. Passou a ser um centro para atividades recreativas.
Ao final dos 6 meses, convidamos nossa amiga e companheira Profa Nilze
Helena Cunha, de São Paulo, para um seminário com toda a equipe. O
produto desta semana de trabalho foi o delineamento da proposta com os
temas, objetivos e, principalmente, sugestões de atividades para seu
desenvolvimento.
Mais tarde, tais atividades foram retrabalhadas para os 3 blocos de funções
mentais: atividades lógico-racionais, atividades intuitivo-emocionais e
atividades práticas e operativas, incluindo aí as atividades gráficas e com
material. Esta proposta currricular interdisciplinar continuou sendo aplicada,
avaliada e redirecionada a cada novo ano, já que uma das características da
interdisciplinariedade é sua abertura permanente.
Outro diferencial da proposta era a possibilidade de autodireção que se
conseguia graças à introdução de uma dinâmica de grupo participativa que
possibilitava, também, à criança sugerir tanto temas como atividades para
seu dia escolar.
Nas reuniões dos educadores, mantinha-se um diagnóstico permanente de
cada criança, a começar pelo seu sociograma familiar, instrumento para
coletar dados de sua vida afetivo-familiar.
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CONCLUSÃO:
Um dos resultados obtidos com esta proposta foi transformar o saber
fragmentado, característico do pré-escolar, num saber globalizado, evolutivo
e compartilhado que se construía no dia-a-dia do “Planetinha” e que se
traduzia numa nova concepção interdisciplinar de autodireção.
O que é o Exame Neuropsicológico?
O exame neuropsicológico consiste na avaliação das diferentes
funções mentais: a concentração, as memórias visual e verbal, a capacidade
de cálculo, o planejamento, a capacidade de abstração, as habilidades viso-
perceptivas, a linguagem (compreensão e expressão orais, leitura, escrita), a
inteligência, e várias outras. Esta avaliação é feita com testes que permitem
quantificar o desempenho, fornecendo dados objetivos que comparam o
indivíduo com outros da mesma faixa etária e escolaridade.
Os resultados do exame neuropsicológico permitem:
1) Diagnosticar um determinado problema.
É possível ter o desempenho prejudicado na escola, por exemplo,
devido a vários fatores: problemas de concentração, problemas de memória,
problemas de leitura ("dislexia") dificuldades com a matemática ("discalculia"),
dentre outros. Nos casos de dificuldades de aprendizado, o exame permitirá
avaliar quais funções estão preservadas e quais estão comprometidas,
fornecendo um perfil do indivíduo.
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O exame neuropsicológico permite determinar quais problemas estão causando
as dificuldades e sugerir um tratamento. Da mesma forma, um adulto pode ter
problemas de memória a ser preciso investigar as causas possíveis: pode se
tratar da primeira manifestação de um envelhecimento cerebral precoce
("aterosclerose", demência), de uma manifestação de depressão, de um
problema neurológico específico, etc.
2) Esclarecer com mais detalhes os sintomas de um problema já
conhecido ou mesmo diagnosticado anteriormente.
Mesmo naqueles casos onde já se tem um diagnóstico pode
ser necessário documentar e quantificar as dificuldades de modo objetivo. Por
exemplo, idosos que estão apresentando um quadro de demência podem ser
submetidos ao exame neuropsicológico para se determinar o quanto sua
memória está diferente do esperado para sua idade. Isto permitiria avaliar a
gravidade do quadro e também poderia ser utilizado ao longo do tempo para
avaliar o efeito do tratamento medicamentoso. Também é o caso de crianças
ou adultos que sofreram um traumatismo craniano e ficaram "diferentes"
(acidentes automobilísticos, quedas, traumatismos de parto), pessoas que
sofreram acidentes vasculares cerebrais ("derrames") ou que sofreram
neurocirurgias, casos de intoxicações graves ou alcoolismo, afogamentos e
muitos outros exemplos.
2) Laudos para fins legais
O Exame Neuropsicológico também é freqüentemente utilizado em
algumas situações legais. A primeira delas é a necessidade de se documentar de
modo objetivo o estado mental alterado de um indivíduo com vistas à sua
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interdição (por senilidade, por retardo mental, por seqüelas de traumatismos de
crânio, etc.). A segunda é a necessidade de se documentar o estado mental
preservado, para que se possa assegurar a validade de um testamento ou
qualquer outro documento legal, por exemplo. Por último, o exame serve para
documentar problemas adquiridos no trabalho, com vistas a sustentar processos
trabalhistas (em geral intoxicações em indústrias e traumatismos de crânio
durante o trabalho).
Resenha: Os inconformistas e a escola
MARCELO COELHO
colunista da Folha de S.Paulo
Por que as férias duram mais de dois meses? Por que uma aula tem 45
minutos? Por que uma classe deve ter 40 alunos? Quem pergunta é o empresário Ricardo
Semler, que conversa longamente com o jornalista Gilberto Dimenstein e com o pedagogo
Antonio Carlos Gomes da Costa em "Escola Sem Sala de Aula" (Papirus, 144 págs., R$
24,90), que será lançado no início de abril.
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O livro é uma "entrevista a três", por assim dizer, em que as idéias da
escola tradicional são postas em xeque. Ricardo Semler publicou, há cerca
de 20 anos, "Virando a Própria Mesa", livro sobre métodos gerenciais
inovadores e antiautoritários adotados em sua empresa. Está agora envolvido
na criação de uma escola libertária em São Paulo, a Lumiar. Inspirado sem
dúvida na Summerhill, de A.S. Neill —experiência cujo insucesso é discutido
com certa ligeireza neste livro—, o projeto permite que os alunos só estudem
quando se interessam e que os procedimentos disciplinares da escola sejam
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Deliberados democraticamente.
Radicalismo bem-vindo num momento em que as escolas —mesmo as liberais—
se tornam cada vez mais conservadoras e em que a estupidez do vestibular acaba
com a vida de todo adolescente.
O ideal de uma "escola sem sala de aula" é discutido por Semler, Dimenstein e
Gomes da Costa de forma estimulante. Dimenstein fala de sua experiência no
Projeto Aprendiz, em que o trabalho educativo com adolescentes de rua
paulistanos implicou uma integração com o próprio bairro. No fim das contas,
argumenta ele, a cidade inteira deveria ser uma "cidade-escola", com "um
processo de aprendizado o tempo todo".
Gomes da Costa procura dar perspectiva teórica à discussão. Incorre em
concessões que podem ter êxito em conferência, mas que funcionam mal num
texto escrito: explica frases óbvias da Lei de Diretrizes e Bases usando versos de
Gilberto Gil, por exemplo. Tampouco acrescenta muito colocar uma foto de Gil no
canto da página —recurso visual que acontece cada vez que um nome célebre é
lembrado: Rousseau, Piaget, João Figueiredo.
Felizmente, Ricardo Semler é inquieto o bastante para não se conformar com o
"pedadoguês". Para os inconformistas em geral —e para quem não tolera a
chatice do mundo escolar— eis um ótimo livro.
Andróide, Robo sapiens, Cyber sapiens, Ser Humano Versão 2.0 ... quando
crescer vou SER ____ ?"
Bom, sou da mesma posição e visão de que nos próximos 20 anos, com os avanços
neurotecnológicos, neurobiotecnológicos, spintrônica, neuronanotecnológicos, ... estaremos
vendo transformações da sociedade/do homem que será muito diferente, onde há
probabilidades de que o Homo sapiens se torne cada vez mais um "Robo sapiens"/Cyber
sapiens ...
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Aos jovens, quem ainda não viu o filme "Blade Runner: O Caçador de Andróides"
de 1982 de Ridley Scott (olha só, 25 anos passaram ...), vale a pena assistir, pois
é o MELHOR FILME DE FICÇÃO CIENTÍFICA dizem os melhores cientistas do
mundo.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/cultura/story/2004/08/040826_bladerunnerba.sht
ml
E veja também:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Blade_Runner [versão pt]
http://en.wikipedia.org/wiki/Blade_Runner [versão en]
Então, o que posso fazer para que o meu filho Theo de cinco anos, aos seus 25
anos não seja um "Robo sapiens"??? Será um psicólogo dos "Robo
sapiens"/Cyber sapienspara melhorar o Peak Performance ou vice-versa?
Qual escola/educação que ele, o Theo, vai freqüentar a partir de 2008 para
não SER "Robo sapiens"/Cyber sapiens???
Se já é difícil responder quem somos nós, o que podemos oferecer/fazer/educar
para as crianças de hoje?
Prof. Takase
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Domingo, 9 de setembro de 2007, 15h08 Atualizada às 15h12
Máquinas podem ficar mais inteligentes que humanos
No centro de um buraco negro existe um ponto chamado
'singularidade' onde as leis da física não fazem sentido. De forma parecida,
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de acordo com futuistas, a tecnologia da informação está chegando ao ponto
onde máquinas serão mais inteligentes que humanos.
Se tal fato acontecer, haverá uma alteração do que é inconcebível em termos
humanos, disseram os especialistas, que fizeram um encontro no último sábado.
O encontro, chamado 'The Singularity Summit: AI and the Future of
Humanity', levou centenas de cientistas ao Vale do Silício, nos Estados
Unidos. Lá foram imaginados computadores autoprogramáveis e implantes
cerebrais que permitiriam a humanos pensar tão rápido quanto os
microprocessadores atuais.
Pesquisadores de inteligência artificial alertaram que agora é a hora de
desenvolver guias éticos para garantir que tais avanços ajudem ao contrario de
fazer mal. "O nosso mundo não será mais o mesmo", disse Rodney Brooks,
professor de robótica no MIT. Quanto aos computadores, "quem somos nós e
quem são eles será uma questão completamente diferente", completa.
Eliezer Yudkowsky, co-fundador do Instituto de Singularidade de Inteligência
Artificial, em Palo Alto, e organizador do evento, pesquisa o desenvolvimento da
chamada 'inteligência artificial amigável'. Seu grande medo é que inventores
brilhantes criem uma inteligência artificial que se desenvolva sozinha mas que não
tenha moral e se torne má.
Ray Kurzweil (http://www.kurzweilai.net/) [e que escreveu na Folha de SP "Ser
Humano Versão 2.0" www.neuropedagogia.com/versaohumana2.html], empresário
do ramo, escreveu em seu livro 'A Singularidade Está Próxima' que a máquina se
tornará mais inteligente que o homem em 2029.
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Com avanços na biotecnologia e tecnologia da informação, dizem os especialistas
que não existe razão científica para que o cérebro humano não consiga aumentar
sua velocidade um milhão de vezes.
Alguns críticos fazem graça dos singularista por causa de sua obsessão com
'tecnosalvação' e o 'tecno-holocausto', chamando tudo de 'nerdocalipse'. Outros
dizem ser irresponsável ignorar a possibilidade de acontecer.
1 - NOVAS MANEIRAS DE ENSINAR, NOVAS FORMAS DE APRENDER.
2 - DISCIPLINA E INDISCIPLINA EM SALA DE AULA
3 - AS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS E SEUS ESTÍMULOS.
4 - EDUCAÇÃO INFANTIL – PRIORIDADE IMPRESCINDÍVEL.
5 - O QUE SÃO E COMO TRABALHAR PROJETOS
6 - COMO O CÉREBRO HUMANO APRENDE E COMO GUARDA SABERES
7 - AS CINCO QUESTÕES SIGNIFICATIVAS PARA UM ENSINO EFICIENTE
8 - AS TRÊS MANEIRAS DE SE ENSINAR COMPETÊNCIAS
9 -
COMO ENSINAR VALORES, ESTIMULAR INTELIGÊNCIAS E DISCUTIR-SE
EMOÇÕES.
10
-
O QUE É EDUCAR E COM QUANTOS PRINCÍPIOS SE CONSTRÓI UM
PROFESSOR EFICIENTE.
11
-
PARA PAIS E OUTROS MEDIADORES DE EDUCAÇÃO
12
-
A SALA DE AULA E AS SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM
13
-
COMO DESENVOLVER EM UMA ESCOLA PÚBLICA, UM ENSINO DE
QUALIDADE.
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1- NOVAS MANEIRAS DE ENSINAR, NOVAS FORMAS DE APRENDER
Uma análise sobre as transformações vividas atualmente pela escola e pela
família e os recursos trazidos pelos novos estudos sobre a mente humana para
enfrentar essas transformações e ministrar uma aula cheia de vida, emoção e
dinamismo. Através de anedotas e estudos de caso, a palestra estimula uma
aguda reflexão sobre a aula, o professor, o currículo, as linguagens, os
recursos da escola e a avaliação significativa da aprendizagem escolar.
2- DISCIPLINA E INDISCIPLINA EM SALA DE AULA
A busca da identidade em um novo conceito de disciplina e de indisciplina, a
amplidão desses conceitos em âmbitos diferentes e as estratégias e ações que
podem e devem ser desenvolvidas pelos educadores para equacionar
problemas disciplinares e administrar a ansiedade da criança e do adolescente.
3- AS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS E SEUS ESTÍMULOS.
Um estudo sobre o avanço da neurologia e a emersão de novas teorias
pedagógicas, com destaque a teoria das Inteligências Múltiplas. A palestra
discute o conceito de inteligência, demonstra a relação entre inteligência e
aprendizagem, explica os meios para a identificação das nove
inteligências humanas e mostra maneiras eficientes de as estimular em sala de
aula.
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4-EDUCAÇÃO INFANTIL – PRIORIDADE IMPRESCINDÍVEL.
Quais os fundamentos de uma boa escola de educação infantil, como
desenvolvê-la em qualquer ambiente e espaços e quais os atributos devem
caracterizar um educador infantil. Como entender jogos e jogos pedagógicos.
O uso dos jogos em sala de aula para a criação de diferentes situações de
aprendizagem.
5- O QUE SÃO E COMO TRABALHAR PROJETOS
O que é um “Projeto Escolar?” Por que trabalhar com Projetos? A interessante
experiência de Reggio Emília e o trabalho com Projetos. Diferentes tipos de
projetos escolares. O papel de um professor em um projeto. A ação dos alunos
em projetos. A Avaliação de um projeto e os dez passos para sua consecução
em sala de aula. A palestra busca responder essas questões e aprofundar
esses temas de maneira a habilitar a equipe docente a trabalhar com projetos
de diferentes naturezas.
6- COMO O CÉREBRO HUMANO APRENDE E COMO GUARDA SABERES
O conhecimento mais amplo e diversificado sobre o cérebro humano,
desenvolvido desde os anos noventa do século passado, trouxe novas luzes e
derrubaram antigas crenças em educação. A palestra analisa esses avanços e
essas conquistas e de maneira lúdica e extremamente prática procura mostrar
como é possível em sala de aula um professor desenvolver procedimentos que
assegurem uma significativa aprendizagem e uma melhor retenção dos
saberes para seus alunos.
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7- AS CINCO QUESTÕES SIGNIFICATIVAS PARA UM ENSINO EFICIENTE
Após uma reflexão sobre o significado amplo da interrogação como desafio
humano para sua aprendizagem, a palestra propõe cinco questões cruciais e
busca, com amplos detalhes e exemplos respondê-las. Como ajudar nossos
alunos a aprender? Que estratégias usar para facilitar sua aprendizagem
significativa? Quais recursos são necessários mobilizar para esse trabalho?
Como saber se os alunos efetivamente aprenderam? Como ajudar os alunos
que apresentam dificuldades de aprendizagem?
8- AS TRÊS MANEIRAS DE SE ENSINAR COMPETÊNCIAS
Após uma análise reflexiva sobre o significado de “Competência” e a passagem de
uma escola centrada no Ensino, para uma nova escola comprometida com a
Aprendizagem, à palestra compara formas de atuação de dois professores que
necessitam transmitir conteúdos e como é possível essa missão, simultaneamente
desenvolvendo diferentes competências no alunado. Analisa ainda as oito
competências que fazem de um regente de aulas um verdadeiro educador.
9- COMO ENSINAR VALORES, ESTIMULAR INTELIGÊNCIAS E DISCUTIR-SE
EMOÇÕES
Não mais se tem dúvida de que é possível ensinar-se valores e ajudar o aluno a
conviver com virtudes, mas nem sempre são plenamente conhecidas as
estratégias para esse trabalho. A palestra visa explorar essa nova pedagogia e
mostra através de resultados concretos e realistas como desenvolver virtudes e
trabalhar valores na Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio.
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10 - O QUE É EDUCAR E COM QUANTOS PRINCÍPIOS SE CONSTRÓI UM
PROFESSOR EFICIENTE
A competência de um professor não representa atributo inato. Assim como um
bom médico necessita mais que excelentes teorias para realizar sua missão,
também alguns requisitos são essenciais ao professor. A palestra analisa quais
são esses requisitos, de que maneira é possível ajudar uma equipe docente a
construí-los e como avaliar o desempenho de uma equipe a partir dessas
referências.
11- PARA PAIS E OUTROS MEDIADORES DE EDUCAÇÃO
1. A CRIANÇA. COMO APRENDE E COMO AJUDÁ-LA A CONSTRUIR A
AUTO-ESTIMA. 2. A LINGUAGEM DO AFETO. 3. COMO TRANSFORMAR
O LAR EM UMA OFICINA DE CARINHO E APRENDIZAGEM.
12 - A SALA DE AULA E AS SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM
A palestra procura desmontar a falácia de que a aula expositiva é a única forma de
ministrar conteúdos. Apresentando os requisitos para se ministrar uma excelente
aula expositiva, a palestra mostra uma série de outras estratégias que constituem
“tipos de aulas diferentes e criativas” e que se organizam na conceituação de
“Situações de Aprendizagem”. Embora essa palestra possa ser ministrada em
apenas um período, é interessante apresentá-la em dois, desenvolvendo a teoria
no primeiro e os experimentos práticos com toda equipe docente no segundo.
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13- COMO DESENVOLVER EM UMA ESCOLA PÚBLICA, UM ENSINO DE
QUALIDADE
A abordagem do tema busca desmistificar a crença de que alunos carentes e sem
amparo familiar eficiente aprendem com mais dificuldade que alunos em outras
situações. Mostrando o significado de “Resiliência” e as linhas através das quais
essa teoria pedagógica permite ensino eficiente, busca-se mostrar quais ações
são viáveis para que o professor possa privilegiar alunos resilientes com aulas
dinâmicas, currículos objetivos e avaliações significativas. Palestra recomendada
para escolas públicas da rede municipal, estadual ou federal de diferentes níveis.
TEXTOS
Por que as crianças se estressam?
É lamentável, mas não é difícil compreender as razões que amplificam o estresse infantil.
Para os pais, a competência dos filhos expressa a redução da culpa e da
ansiedade deles mesmos. Se as coisas não vão bem nos negócios e no emprego
e não se tem domínio sobre os mecanismos dessa mudança, e se as relações
pessoais se desgastaram pela repetitividade da rotina, nada melhor que se
forçar a competência da ou das crianças para expiação da culpa e da ansiedade.
Para o marketing e o mundo dos negócios, a ansiedade pela competência infantil
representa dinheiro, e muito dinheiro. São brinquedos novos que se criam,
softwares novos que inventam, livros de auto-ajuda que vendem. Para o sistema
educacional, por sua vez, a competência infantil representa mais alunos, mais e
diferentes profissionais empregados, novas oportunidades de um filão jamais
sonhado. A suntuosidade de certas escolas de educação infantil, com berçários
que representam o último capítulo da evolução da engenharia e arquitetura, se
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rivalizam com shoppings modernos ou com novos templos que inventam novas
seitas . E, isolado e perdido no centro de todas essas mudanças encontra-se a
criança que, se pudesse, por certo faria pergunta crucial: “Tudo isso é
necessário?”
A criança moderna que pertence a classe média ou a classe rica sofre pressão por
uma precoce aquisição intelectual e os pais são diariamente bombardeados por
máximas que defendem a alfabetização quanto antes, o aprendizado mais cedo
possível de uma língua estrangeira, o valor do envolvimento infantil em atividades
esportivas diversificadas, o risco em não treinar os filhos no domínio precoce da
matemática, na manipulação ansiosa do computador e tudo mais quanto se possa
imaginar. Como se essas ações por si só não se mostrassem extremamente
perversas para o desenvolvimento de uma verdadeira infância saudável, a
pressão invade ainda o campo do vestuário, sugerido que mesmo antes da escola
a criança vista-se com blusas de marca, tênis com grife, padrões estéticos
“fashions”. Já não é mais novidade as linhas de equipamentos eletrônicos
sofisticados para o mundo infantil, salões de beleza com sessões infantis, butiques
finas especializadas na última moda, linha de cosméticos e perfumes que possam
permitir diferenciar a criança que quer a mídia da criança que se quer criança.
Seria imperdoável ingenuidade acreditar que essa tendência atual dos centros
urbanos seja um modismo inconseqüente ou apenas uma forma esperta de
capitalismo. Constitui crime imperdoável, desrespeitar-se o ciclo da vida e uma
criança que é colocada como um adulto, não conquista pela embalagem que
adorna seu corpo, o pensamento do adulto. O crescer pressupõe etapas lentas e
lindas, e a ansiedade em antecipá-lo pode construir um fator de deformação que
dificilmente se corrige. Quando uma criança veste-se como um adulto, busca
inconsciente imitar comportamentos, ações e linguagens adultas e quando esta
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imitação desperta aplauso, ocorre uma quebra no ciclo biológico que começa pelo
estresse e se não contido, só Deus sabe onde pode terminar.
O dente de leite não cai porquê a mãe quer que o mesmo caia e nem cai no tempo
que a mídia julga oportuno cair; cai quando o ciclo biológico determina sua queda,
mas diferentemente de dentes de leite, os problemas emocionais não aparecem
como produto de um ciclo, mas como ação consciente ou inconsciente de pais que
aplaudem e anseiam pela precocidade de seus filhos.
O AVESSO DA LIBERTAÇÃO PELAS TRILHAS DA IRONIA ou QUALQUER
SEMELHANÇA É MERAMENTE PROPOSITAL.
- Pois é Helena, liguei para contar as últimas novidades. Você sabia que a
Malu criou em sua butique uma sessão infantil? Pois é, criou e está abafando.
Existem fraldas descartáveis Armani que são uma graça, meiasinhas
Weedbocks e até chupetas com a assinatura de Louis Vuitton. Dizem que o
próximo passo será uma nova linha de cosméticos importados para bebês de
até seis meses e que no próximo verão já se está pensando lançar uma
notável linha de celulares, palms e computadores infantis que receberão a grife
“My first Bony”. Não vejo a hora de lançarem piteiras infantis e só acho horrível
essa incapacidade humana de somente engravidar na adolescência...
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incluíndo fotocópia ou gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de
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A disciplina em sala de aula
Outro dia esperava pacientemente na fila minha vez de ser atendido, quando um
outro cidadão, sem mais nem menos, se interpôs à frente e pretextando ser amigo
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de um dos “pacientes” que a minha frente aguardavam, insurgiu-se w li se instalou,
deixando lá trás um mundo de resmungos. Minutos depois, esperávamos todos o
elevador chegar e mal a porta se abriu uma matilha alvoroçada ingressou no
mesmo, atropelando os que de lá saiam. Não demorou muito, aguardava a hora de
embarque e tão logo foi feita a chamada para o vôo, uma porção de passageiros
desesperados amontoaram-se à frente, deixando crianças, idosos e deficientes,
com suposta preferência, entrarem por último. Sorte que os lugares eram marcados
e assim não coube aos primeiros o privilégio da escolha. Entrei no vôo por último,
suspirando aliviado e pensando minha sorte em não estar buscando lugar no metrô,
que disputa com maior sofreguidão bem mais passageiros.
Confesso que não me habituo a essa rotina agressiva e acho muito estranho tudo
isso, recordando-me de tempos atrás quando havia uma coisa civilizada chamada
“fila” que, agora, parece ter desaparecido.
Nada de surpreendente no que acima se relata. Não há morador de cidade
grande ou média que não percebe essa evidência, que não sabe de pai que vai a
escola reclamar da falta de disciplina e atira cascas de frutas pela janela ou
estaciona em mão dupla. Ser empurrado, levar cotovelada, tapa na orelha e
xingamento tornou-se comum e quem desejar ficar livre desses assédios que não
tente sair de casa. Ou se aprende a empurrar ou se é empurrado cada vez mais.
Nada disso parece causar estranheza, mas por paradoxal que possa parecer,
existem os que ficam surpreendidos com o avolumar da indisciplina em sala de aula.
A sala de aula é e sempre foi um espaço que expressa continuidade da vida,
reflexo do entorno. Se assim não for, não será sala de aula verdadeira, não
permitirá que o aluno contextualize em sua existência os saberes que ali aprende.
Ora se a sala de aula é reflexo da sociedade e se a sociedade urbana perdeu
noção de compostura e disciplina, como esperar que a escola transforme-se em
um aquário social, tornando-se diferente da rua? Se aqui se fechasse esta crônica,
ficaria por certo uma questão essencial. Quer dizer então que não adianta
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combater a indisciplina em sala de aula, uma vez que este espaço reproduz a
ausência de disciplina que campeia pelas ruas?
A resposta é claramente negativa.
É essencial que se restaure a disciplina em sala de aula, que se faça desse valor
um objetivo a se perseguir, não para que a sala se isole da sociedade e também
não para que a aula do professor fique mais confortável, mas antes para que ali ao
menos se aprenda como tentar modificar o caos urbano que o desrespeito social
precipitou. Mas, como fazer isso?
Em primeiro lugar transformando-se a disciplina em um “valor”. Isto é, fazendo
com que seja a mesma
vista como uma qualidade humana, imprescindível à convivência e fundamental
para as boas relações interpessoais. A disciplina não pode, jamais, chegar ao
aluno como uma ordem, um castigo, um imperativo que partindo do mais forte,
dirige-se ao oprimido em nome de seu conforto pessoal, mas como “produto” de
debate, reflexão, estudo de caso e análise onde se descobre a hierarquia de
povos disciplinados sobre clãs sem mando ou sobre sociedades oprimidas. A
Literatura, a História e a Geografia podem se transformar em espelhos que
refletem que a disciplina que se busca não é apenas a que se vê na relação
professor x aluno, mas toda aquela que leva um povo à vitória, um ideal à
concretização. Depois de uma ampla sensibilização sobre a disciplina enquanto
valor humano cabe uma franqueza cristalina na discussão de regras, princípios,
normas e fundamentos que são essenciais a todos, ainda que funções diferentes
impliquem em regras não necessariamente iguais. Qual a disciplina ideal na
opinião dos alunos? Qual na opinião dos professores? Quais regras são boas para
todos e quais sanções cabem a quem não as cumpre? Esse diálogo não deve
valer somente para se sensibilizar a classe sobre o valor da disciplina, mas para
formalizar verdadeiro “contrato” que unindo interesses, exigirá reciprocidade.
Em terceiro lugar um sincero convite para que todos os membros da comunidade
– alunos, pais, professores, inspetores, serventes, etc. – ajudem a escola a
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construir os valores que objetiva. Que se mostre o que a sala de aula está fazendo
e o que espera que faça o cidadão, que se busque algumas simples regras para a
comunidade que uniformizando a solidariedade, sinaliza, para a construção de um
ideal. É a oportunidade para mostrar que o belo e o bom não são questão de
preço, mas ação comportamental de uma comunidade. É possível imaginar o
efeito de um boicote de clientes contra a instituição pública ou privada que
menospreze a disciplina? A construção de regras implica tacitamente na
proposição de sanções quando de sua infringência, tal como no esporte o
descumprir da regra implica na falta, e estas sanções necessitam menos castigar
que orientar, menos punir e bem mais relevar o sentido e a significação de se viver
em grupos.
Isto mudará o mundo fora da escola, além do entorno e de sua comunidade?
Ocorrerá a restauração da fila e o voltar do respeito? Impossível ter certeza, mas
ainda sem ela fica a convicção de que se a comunidade não fizer da sala de aula
o seu espelho, ao menos os alunos e mestres desta sala a transformarão em
abrigo sereno que sonha transformar-se em pequenino modelo para uma
comunidade melhor.
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Saber fazer é bom, saber porque fazer é mais...
Marilena me envia uma mensagem dizendo que aprendeu direitinho como
desenvolver um Jogo de Palavras e que, agora, com segurança vai aplicar essa
estratégia de ensino em suas aulas. A mensagem e o agradecimento me deixaram
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feliz, mas bastante preocupado. Feliz porquê descobri a intenção do elogio e a
simpatia do aplauso. Agradeço, mas fico entristecido. Claro que quando sugeri
como desenvolver o Jogo de Palavras pretendia que meus colegas pudessem
aprendê-lo e tivessem vontade de colocá-lo em prática, o que, entretanto deixou-
me angustiado foi o “direitinho” que Marilena escreveu.
Não escrevo livros para que sejam lidos e que assumam minhas idéias de forma
irrestrita, aceitem minhas propostas para fazê-las da maneira como fiz. Faça-os
para que meus amigos ao ler, possam refletir, discutir, corrigir, analisar e, se
superar suas incontáveis deficiências, fazê-las transformar-se em ação. O texto
não é para ser engolido, mas mastigado, não pretende reprodução, mas
transformação para que se ajuste a realidade que se tem, para que possa se
contextualizar na aula que se quer ministrar. Quando relato uma experiência vivida
ou assistida, esse relato possui um tempo e uma circunstância, e somente pode
ser reproduzido “direitinho” para ter efeito positivo que um dia teve, se a aula que
se dá fosse aplicada no impossível tempo em que ocorreu para impossíveis
alunos, exatamente igual aos que a experimentaram. É por isso que a mensagem
de Marilena me preocupou.
Manuel Bandeira em um de seus poemas ensina que “faz versos como quem
morre”, querendo com o mesmo falar, que os faz para inspirar sentimentos e
despertar emoções e que estes sentimentos e emoções enviados ao leitor,
possam agir sobre o mesmo e dessa forma fazer emergir sentimentos e emoções
próprias que inspirará ações pessoais e intransferíveis. É exatamente nesse
contexto que todo aquele que ensina alguém, transformando-o, efetivamente o
ensina. Se recebermos uma mensagem e achamos que a mesma nos serviu, essa
servidão será verdadeiramente autêntica se despertar reflexão e poder se fazer
ação na realidade e no tempo que se busca agir. O aprender alguma coisa nunca
se dá quando o objeto do saber permite integral reprodução. Se tal ocorre, não
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houve aprendizagem, ocorreu cópia, não se deu à assimilação, mas simples
exercício de reprodução.
Muito obrigado Marilena.
Fico feliz com sua mensagem e percebo a linda sinceridade nesse agradecimento.
Sinto que a franqueza de suas palavras atingiu minhas emoções e que, por isso,
preciso ser professor melhor, ensinar meus alunos a nunca imitar o que faço, mas
descobrir no meu fazer, uma sugestão para inspirar um fazer melhor, ajustado a
uma realidade diferente. Não anseio cumprimentos, mas a crítica, não busco a
descrição, mas a análise. Saber fazer é bom, mas saber porquê fazer é mais.
Muito mais.
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Deficiência
- Bom tarde, senhor diretor. Matriculei meu filho em sua escola e, portanto, deixo-o
a seus cuidados...
- Bom tarde, senhor diretor. Matriculei meu filho em sua escola e, portanto, deixo-o
a seus cuidados...
- Agora vejo realmente que o senhor se engana. Meu filho não é deficiente visual,
não há porque lhe ensinar a leitura em Braile...
- Por favor, não se exalte. É que em nossa escola todos os alunos lêem em Braile
e nenhum deles é deficiente auditivo. Como o sentido do tato estimula áreas de
percepção cerebral, praticamos o Braile e o fazemos porque dessa forma estamos
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trabalhando a atenção e a criatividade. E, por falar nisso, na escola de onde vem
seu filho, o senhor sabe se alguma vez sua atenção recebeu cuidados
específicos?
- Atenção? Não estou entendendo. O senhor está afirmando que nesta escola se
ensina a atenção?
- Ensinar, em verdade não ensinamos; mas desenvolvemos um projeto de
estimulação sensorial e através do mesmo cuidamos da atenção e da
concentração de nossos alunos. O senhor não imagina como é sensível o
progresso e como os alunos em relativamente pouco tempo desenvolvem práticas
expressivas de atenção e de concentração que interfere de forma extremamente
positiva em seu rendimento escolar. Além disso, estamos empenhados em
desenvolver um projeto de estimulação das memórias e fazer com que as mesmas
sejam usadas significativamente por nossos alunos para de maneira mais sábia,
melhor reter o que aprenderam...
- Mas, espera lá. Com esses projetos todos, a sua escola não está roubando
tempo precioso de permanência do aluno na escola e assim ensinando menos
matemática e língua portuguesa, ciências e língua estrangeira?
- Claro que não. Não negligenciamos a informação, mas nossa meta é sempre
transformá-la em conhecimento e para isso estímulos sensoriais, projetos de
ativação da motivação, memória e atenção são sempre muito úteis. Por essa
razão, nossos professores ensinam os alunos a enxergar, pois existe imensa
distância entre o ver e o olhar e não esquecemos de ensiná-lo a falar e não
apenas a dizer, ajudá-lo progressivamente a escutar e não apenas ouvir...
- Bem, senhor Diretor, agradeço sua gentileza e disponho-me em outro momento,
com mais tempo mais aprender sobre sua escola. Agradeço sua atenção e imploro
para que, efetivamente, a atuação de sua equipe ajude o Felipe a atenuar suas
deficiências. Até logo.
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Cérebro Adolescente
Recentes estudos sobre o cérebro humano, realizados através das análises de
imagens obtidas com a Ressonância Magnética Funcional, alteram a visão que se
possuía sobre esse órgão promotor das ações humanas e entre todas essas
mudanças, as que parecem intervir de forma mais direta sobre o que se pensa em
educação diz respeito ao cérebro do adolescente.
Não muito tempo atrás se afirmava que o cérebro humano apresentava-se
extremamente plástico e mutável na infância, mas que se consolidava por volta
dos doze anos e, dessa forma, o cérebro adolescente era praticamente igual ao
cérebro adulto e as diferenças comportamentais entre ambos devia-se
essencialmente a questão hormonal. Hoje sabemos que os hormônios contam – e
muito – na intempestividade adolescente, mas pode a mesma ser ampliada pelo
amadurecimento do córtex pré-frontal. Não parece importar para a natureza
destas considerações a essência biológica dessas mudanças, e sim de que
natureza são, e de que forma pais e professores podem intervir de forma positiva
visando uma ajuda.
É sempre importante realçar que mudanças cerebrais ocasionam alterações
comportamentais involuntárias e, dessa maneira, nenhum adolescente se
transforma da forma como se transforma porque
assim quer agir ou porque adora imitar colegas que assim agem, mas pela ação
de processos orgânicos que não sabe explicar e não pode controlar. É por essa
razão que bem mais útil que criticar e punir é compreender e ajudar.
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Assim considerando, relacionamos algumas mudanças que a neurologia já detecta
e sugerimos algumas práticas que podem constituir cooperação expressiva.
. 1- O cérebro das meninas desenvolve-se cerca de dois anos mais cedo que o
cérebro de meninos e somente por volta dos vinte a vinte e dois anos é que
esse desenvolvimento se equipara. Essa diferença claramente notada mostra
que a maturidade chega bem mais cedo do lado das meninas e, muito antes
que os meninos podem abrir mão de atento acompanhamento. De qualquer
forma é sempre importante considerar o julgamento que o adolescente faz de
si mesmo, respeitá-lo plenamente, ainda que sabendo que esse
autojulgamento é sempre mais instável e, portanto, sujeito a bruscas
alterações por parte dos meninos. Se a menina, entretanto, é coerente e mais
cedo que o menino é também melhor arquiteta na capacidade em simular uma
segurança que não sente e, por esse motivo, a presença do adulto sempre
perguntando, interrogando, desafiando, propondo representa estratégia sutil de
envolvimento e caminho sereno de abertura para “soltar” a vontade de falar e
pedir orientação. É essencial que professores e pais ajudem os adolescentes a
organizarem sua agenda, administrarem seu tempo e disponibilizarem-se em
estar sempre prontos para ouvir, intervindo quando solicitado, mas é
impossível esperar que a seriedade da condução dessa administração
aconteça com igual intensidade em sexos diferentes;
2. De forma geral, no inicio da adolescência e até por volta dos 15 anos ainda
crescem áreas cerebrais ligadas à linguagem, razão pela qual é a fase em que
se percebe grandes progressos na capacidade de escrita e nos interesses pela
leitura. Esse interesse, entretanto, estiola-se sem a ajuda de estímulos
proporcionados por pais e professores que animem o adolescente à leitura,
interrogue-os sobre o que estão lendo, despertem seus entusiasmos para a
escrita, anime-os a organizar seus diários, que representam oportunidade
excelente para acréscimo na qualidade da expressão e capacidade de reflexão
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através da conversa interior que tal prática impõe. Quando possível, é esse o
grande momento para a aprendizagem de línguas estrangeiras.
3. O desenvolvimento lingüístico aumenta os “diálogos interiores” do
adolescente e, dessa maneira, conversando muito e sempre consigo mesmo,
preferem evitar conversas com pais e professores, fugindo de relatos sobre
suas ações, pensamentos e julgamentos. É nessa hora que cresce a
importância de se estimular o que mais se evita, abrindo espaços para que
apareçam “bons papos”, longas conversas com adultos e estes, nessa
oportunidade, devem menos aconselhar e mais ouvir. Quem sabe ouvir, sabe
sugerir que o adolescente reflita sobre o que fala e “empurrado serenamente a
essa ação” pode completá-la de maneira progressiva e consciente. Mais
importante que a certeza de se mostrar “bons caminhos” é a serena ajuda no
sentido de se ouvir o adolescente, propondo que ele próprio busque esses
caminhos.
4. Cérebros em mudança são sempre sensíveis a palavras, mas são ainda
mais sensíveis a exemplos. Se impossível fornecer exemplo permanente de
ação digna e de pensamentos altruístas, que ao menos possa se exaltar essa
qualidade, convidando o adolescente a refletir sobre a ação admirável de
personagens que assiste no cinema ou na TV, sobre ídolos que edifica das
boas leituras que faz. Fazê-los falar sobre entes que admiram, constitui uma
forma coerente de legitimar um exemplo ainda que fictício.
5. As rápidas mudanças no córtex pré-frontal ocasionam intensa agitação que
se manifesta pela extrema ousadia e imprudência geralmente associadas a
comportamentos irresponsáveis, muito mais nas intenções que nas ações.
Horrorizar-se diante de respostas dessa natureza de nada adianta, como
adianta muito pouco buscar uma repressão direta. Em circunstâncias como
essas é extremamente válido solicitar a ajuda na construção de regras
consensuais e mostrar-se árbitro rigoroso em seu cumprimento. Uma coisa é o
adolescente aceitar regra imposta pelo adulto, outra coisa é assumir os efeitos
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e sanções das regras que ele próprio foi chamado a construir. Ainda que se
rebele com palavras, todo adolescente admira o adulto coerente, firme ao
exigir o que sabe de sua parte cumprir.
Pais e professores que facilmente se aborrecem com a imprevisibilidade
adolescente, aborrece-se também com a imaturidade de certos patrões ou com a
instabilidade de certos amigos, mas por serem patrões ou por acreditarem que
importa preservar a amizade, sabem ceder e com tolerância compreender o outro.
Quem sabe aceitar os desatinos de um patrão em nome do emprego que não
pode perder e sabe aceitar
as esquisitices de um amigo que adora preservar, sabe adaptar-se a um
adolescente que muito mais que patrões e amigos vivem momentos involuntários
de oscilações, que clamam por compreensão e amor.
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e dos textos contidos nele poderá ser reproduzida ou transmitida sem a devida
citação da fonte por qualquer forma e/ou qualquer meios (eletrônico ou mecânico,
incluíndo fotocópia ou gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de
dados sem permissão escrita do autor.
Cérebro Adolescente
Recentes estudos sobre o cérebro humano, realizados através das análises de
imagens obtidas com a Ressonância Magnética Funcional, alteram a visão que se
possuía sobre esse órgão promotor das ações humanas e entre todas essas
mudanças, as que parecem intervir de forma mais direta sobre o que se pensa em
educação diz respeito ao cérebro do adolescente.
Não muito tempo atrás se afirmava que o cérebro humano apresentava-se
extremamente plástico e mutável na infância, mas que se consolidava por volta
dos doze anos e, dessa forma, o cérebro adolescente era praticamente igual ao
cérebro adulto e as diferenças comportamentais entre ambos devia-se
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essencialmente a questão hormonal. Hoje sabemos que os hormônios contam – e
muito – na intempestividade adolescente, mas pode a mesma ser ampliada pelo
amadurecimento do córtex pré-frontal. Não parece importar para a natureza
destas considerações a essência biológica dessas mudanças, e sim de que
natureza são, e de que forma pais e professores podem intervir de forma positiva
visando uma ajuda.
É sempre importante realçar que mudanças cerebrais ocasionam
alterações comportamentais involuntárias e, dessa maneira, nenhum adolescente
se transforma da forma como se transforma
porque assim quer agir ou porque adora imitar colegas que assim agem, mas pela
ação de processos orgânicos que não sabe explicar e não pode controlar. É por
essa razão que bem mais útil que criticar e punir é compreender e ajudar.
Assim considerando, relacionamos algumas mudanças que a neurologia já detecta
e sugerimos algumas práticas que podem constituir cooperação expressiva.
1. O cérebro das meninas desenvolve-se cerca de dois anos mais cedo que o
cérebro de meninos e somente por volta dos vinte a vinte e dois anos é que
esse desenvolvimento se equipara. Essa diferença claramente notada mostra
que a maturidade chega bem mais cedo do lado das meninas e, muito antes
que os meninos podem abrir mão de atento acompanhamento. De qualquer
forma é sempre importante considerar o julgamento que o adolescente faz de
si mesmo, respeitá-lo plenamente, ainda que sabendo que esse
autojulgamento é sempre mais instável e, portanto, sujeito a bruscas
alterações por parte dos meninos. Se a menina, entretanto, é coerente e mais
cedo que o menino é também melhor arquiteta na capacidade em simular uma
segurança que não sente e, por esse motivo, a presença do adulto sempre
perguntando, interrogando, desafiando, propondo representa estratégia sutil de
envolvimento e caminho sereno de abertura para “soltar” a vontade de falar e
pedir orientação. É essencial que professores e pais ajudem os adolescentes a
organizarem sua agenda, administrarem seu tempo e disponibilizarem-se em
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estar sempre prontos para ouvir, intervindo quando solicitado, mas é
impossível esperar que a seriedade da condução dessa administração
aconteça com igual intensidade em sexos diferentes;
2. De forma geral, no inicio da adolescência e até por volta dos 15 anos ainda
crescem áreas cerebrais ligadas à linguagem, razão pela qual é a fase em que
se percebe grandes progressos na capacidade de escrita e nos interesses pela
leitura. Esse interesse, entretanto, estiola-se sem a ajuda de estímulos
proporcionados por pais e professores que animem o adolescente à leitura,
interrogue-os sobre o que estão lendo, despertem seus entusiasmos para a
escrita, anime-os a organizar seus diários, que representam oportunidade
excelente para acréscimo na qualidade da expressão e capacidade de reflexão
através da conversa interior que tal prática impõe. Quando possível, é esse o
grande momento para a aprendizagem de línguas estrangeiras.
. O desenvolvimento lingüístico aumenta os “diálogos interiores” do
adolescente e, dessa maneira, conversando muito e sempre consigo mesmo,
preferem evitar conversas com pais e professores, fugindo de relatos sobre
suas ações, pensamentos e julgamentos. É nessa hora que cresce a
importância de se estimular o que mais se evita, abrindo espaços para que
apareçam “bons papos”, longas conversas com adultos e estes, nessa
oportunidade, devem menos aconselhar e mais ouvir. Quem sabe ouvir, sabe
sugerir que o adolescente reflita sobre o que fala e “empurrado serenamente a
essa ação” pode completá-la de maneira progressiva e consciente. Mais
importante que a certeza de se mostrar “bons caminhos” é a serena ajuda no
sentido de se ouvir o adolescente, propondo que ele próprio busque esses
caminhos.
4. Cérebros em mudança são sempre sensíveis a palavras, mas são ainda
mais sensíveis a exemplos. Se impossível fornecer exemplo permanente de
ação digna e de pensamentos altruístas, que ao menos possa se exaltar essa
qualidade, convidando o adolescente a refletir sobre a ação admirável de
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personagens que assiste no cinema ou na TV, sobre ídolos que edifica das
boas leituras que faz. Fazê-los falar sobre entes que admiram, constitui uma
forma coerente de legitimar um exemplo ainda que fictício.
5. As rápidas mudanças no córtex pré-frontal ocasionam intensa agitação que
se manifesta pela extrema ousadia e imprudência geralmente associadas a
comportamentos irresponsáveis, muito mais nas intenções que nas ações.
Horrorizar-se diante de respostas dessa natureza de nada adianta, como
adianta muito pouco buscar uma repressão direta. Em circunstâncias como
essas é extremamente válido solicitar a ajuda na construção de regras
consensuais e mostrar-se árbitro rigoroso em seu cumprimento. Uma coisa é o
adolescente aceitar regra imposta pelo adulto, outra coisa é assumir os efeitos
e sanções das regras que ele próprio foi chamado a construir. Ainda que se
rebele com palavras, todo adolescente admira o adulto coerente, firme ao
exigir o que sabe de sua parte cumprir.
Pais e professores que facilmente se aborrecem com a imprevisibilidade
adolescente, aborrece-se também com a imaturidade de certos patrões ou com a
instabilidade de certos amigos, mas por serem patrões ou por acreditarem que
importa preservar a amizade, sabem ceder e com tolerância
compreender o outro. Quem sabe aceitar os desatinos de um patrão em nome do
emprego que não pode perder e sabe aceitar as esquisitices de um amigo que
adora preservar, sabe adaptar-se a um adolescente que muito mais que patrões e
amigos vivem momentos involuntários de oscilações, que clamam por
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A AJUDA DOS PAIS PARA CRIANÇAS QUE COMEÇAM A APRENDER A LER
(para pais e educadores)
A tarefa de alfabetizar uma criança é atividade para profissionais. Somente a
escola e somente bons professores sabem escolher método mais atualizado,
conhecem os saberes infantis no contexto escolar e, dessa forma, podem
alfabetizar com segurança. Uma ajuda realizada por pessoas estranhas ao
método pode representar mal não menor, que a de alguém que sem preparo
específico em uma sala cirúrgica pensa que pode atuar. É por essa razão que
quando pais e mães, tios e avós sentem que podem ajudar uma criança a
aprender a ler, o que de melhor devem fazer é procurar a escola e com os
profissionais da alfabetização, descobrir caminhos em que a intervenção
efetivamente colabore. Quando, entretanto, essa possibilidade não se mostra
tangível, é importante conhecer alguns procedimentos que ajudando a criança a
se envolver com o universo do letramento, em nada atrapalha seu processo de
alfabetização e pode ainda positivamente contribuir para que, aprendendo na
escola, torne-se leitora melhor.
Entre esses procedimentos, julgamos interessante sugerir:
• Na entrada da casa, mostre que o mundo da leitura se faz presente no
catálogo telefônico que ali, por acaso se acha; em um calendário
eventualmente pendurado na parede, quem sabe mesmo neste ou naquele
quadro que ainda que não tenha palavras, suscita a vontade de saber se é
ou não assinado, quem é seu autor. Inserir a criança no mundo do
letramento é ajudá-la descobrir que existem palavras em toda parte e que
estas expressam indicações, idéias, orientações. Não é essencial que “se
traduza” para a criança a palavra que ali está, mas que possa tornar-se
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aventureira no desafio de perceber como a sociedade cerca-se de palavras
escritas e como é importante na escola aprendê-las.
• Outro espaço de valor inestimável para essa imersão infantil no mundo da
palavra é a cozinha sempre rica em receitas, produtos com rótulos,
eletrodomésticos com embalagens ou com dizeres que representam
continuidade nesse percurso de descoberta. Não é necessário que esse
passeio seja realizado em um só dia; ao contrário é ainda mais útil que a
curiosidade da criança, acesa em um aposento a leve perguntar coisas
sobre palavras, impressas em rótulos, recados, decorações, etc.
• Da mesma forma que a cozinha, também o banheiro sempre cheio de
remédios, desodorantes, pastas e escovas de pentes, produtos capilares e
outros, muito outros, se afiguram úteis.Não apenas o banheiro, mas
também um escritório, uma sala de jantar ou mesmo um terraço exibe
sempre imenso universo de coisas escritas que podem se prestar a
desafios interessantes. É essencial que o acordar dessa curiosidade seja
espontâneo e que os desafios não abriguem vontade de acerto. – O que
será que está escrito aqui? Você acha que é isso mesmo? Será que não
poderia ser outra coisa? Nesta oportunidade, a curiosidade da criança a
motiva e uma forma infeliz de truncá-la é assumir o papel de sábio letrado
que para cada pergunta, tem sempre uma resposta a oferecer.
Uma ajuda sistemática; um pouquinho hoje, um retorno amanhã; um
perpétuo ponto de interrogação sempre pronto para acender a vontade da busca
toma em verdade pouco tempo e muito ajuda. Emília Ferreiro sempre destacou
que dois mitos na alfabetização merecem cair: o primeiro é de que a alfabetização
se encerra na escola e o segundo é de que basta a um adulto saber ler, para que
possa a uma criança ensinar a ler. Verdadeiros profissionais não se substituem,
mas aceitam com carinho a proposta interessante de uma ajuda bem pensada.
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O cérebro e a sala de aula
Até os anos noventa do século passado pouco se conhecia sobre o cérebro
humano e sua admirável capacidade de colher informações, transformando-as em
conhecimento e de sua sagacidade em transferir experiências vividas ou
apreendidas para solucionar novos desafios. O avanço das Ciências da Cognição
e o desenvolvimento de novas técnicas de captação de imagens que nos permite
ver a atividade cerebral enquanto ocorre e detectar com precisão quais a
estruturas envolvidas, mudaram não apenas alguns conceitos médicos, mas
interferiram sobre o que se conhece sobre aprendizagem e memórias e, dessa
forma, como trabalhar saberes em sala de aula. A lista que aparece a seguir
sugere algumas das interessantes conclusões sobre a mente humana e que
devem ser levadas em consideração quando se ministra uma aula, seja qual for o
nível de idade do aluno, ou os conceitos que se busca construir.
1. A educação infantil é tudo, o resto quase nada.
O cérebro humano é capaz de aprender em qualquer idade, mas reveste-se de
notável importância a educação que se recebe desde o nascer, até os primeiros
anos de vida e o reconhecimento das agudas modificações cerebrais que se
processam após a puberdade.
2. A imperativa certeza de que cérebro que não se usa é órgão que se
perde.
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Uma pessoa normal nasce dotada de tecido cerebral complexo e com capacidade
para diversificadas e múltiplas conexões, mas se esse tecido não é desafiado
através de estímulos significativos que atingem a percepção sensorial e depois
não se utiliza intensamente essa modificação, ocorre uma atrofia ou perda dessas
funções. Em síntese, a escolaridade convencional pode ter limite, a aprendizagem
jamais.
3. A plasticidade limitada e a flexibilidade das mudanças pela intervenção
do mediador.
Bebês ou crianças pequenas podem sobreviver ou se desenvolver mesmo com
comprometimento de uma parte do cérebro, mas à medida que passam os anos,
esta flexibilidade diminui e fica bem mais difícil compensar capacidades e funções
perdidas. É importante que se preserve boas amizades por toda vida, mas a
amizade imprescindível é a que, até os trinta anos, desafia, instiga, ousa.
4. A importância de estímulos procedimentais e de experiências concretas.
A plasticidade cerebral que nos faz aprender admite que tudo quanto se assimila
chega através de experiências concretas do sujeito sobre o objeto do
conhecimento, mas chega também pela observação e constatação dos exemplos
que se conquista dos modelos que se observa e com os quais a vida nos propõe
conviver. Estímulos procedimentais não substituem estímulos experimentais, mas
estes também não substituem aqueles. Ambos são imprescindíveis.
5. O reconhecimento pleno da individualidade e do talento humano.
A complexidade das zonas e das redes neurais, cada uma orientada para
capacidades bastante específicas, destaca que alguns indivíduos sejam dotados
de potenciais e talentos muito acima da média dos demais e como as aptidões são
relativamente independentes, ninguém é absolutamente bom em tudo que é
necessário para bem viver, mas possui excelência em uma ou outra capacidade.
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A avaliação do ser humano não pode jamais se centrar em uma ou apenas
algumas capacidades.
6. As sensíveis diferenças entre o homem e a mulher.
Além de evidentes disparidades biológicas e de papeis sociais que em muitos
pontos se opõe, o cérebro masculino e o cérebro feminino apresentam diferenças
hemisféricas sensíveis que interferem na forma como percebem e como acolhem
a compreensão e a relação da pessoa com o mundo. Em outras palavras, homens
e mulheres podem fazer uma mesma leitura de seu tempo e de seus
personagens, mas compreendem essa leitura de forma singularmente
diferenciada.
7. O incrível papel das emoções na fixação de conhecimentos.
Impossível deixar de reconhecer o imperativo papel da emoção no processo
de aprendizagem e as pessoas com capacidade limitada em codificar
emocionalmente suas experiências, apresentam problemas
em reter e se transformar pela aprendizagem. Emoção não somente se ensina,
mas sem a mesma pouco se aprende.
Essa lista, muito longe de se acreditar completa, não pode ser vista com
indiferença e nem mesmo como receita por este ou por aquele professor. Ao
contrário, identificada como resposta da ciência pelo que hoje se sabe, deve
transformar-se em instrumento de reflexão e imperativo de discussões entre toda
equipe docente.
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As três pistas
- Bom dia, Rogério. Estou procurando uma escola para a Marcella, minha filha, e
como me contaram que você adora a escola em que estuda o seu filho gostaria de
saber as razões de tanto elogio. O que essa escola tem de especial?
- É verdade, Alfredo. A escola em que estuda meu filho Gabriel é, realmente,
extraordinária e com imenso prazer a indico. Não é uma escola com
extraordinários recursos e nem mesmo se destaca pelas promessas de projetos
mirabolantes, mas todos os dias percebo em meu filho os três indícios seguros de
que acertei na escolha e que o matriculei em uma escola de primeira linha...
- E você poderia me contar quais são esses indícios? Quais as “pistas” devo
observar na hora de ter a certeza de que matriculei a Marcella na escola certa?
- Claro. A primeira pista, caro amigo, é a paixão de minha filha por sua
escola. Ama seus professores,
elogia suas aulas e sinto que cada vez mais amadurece e ama o ato intelectual de
aprender pelo trabalho, desafiar-se em cada dia saber mais. Converso com a Marcella todos
os dias e não me iludo, sei que ela gosta das amizades, ama os colegas e adora as
brincadeiras, mas quanto o assunto se esparrama pelas atividades é ainda com mais
entusiasmo que relata seu dia, comenta os projetos que desenvolve, sente a matéria que
aprende nas notícias que lê, na novela que assiste, no Shopping que, de vez em quanto, vai
com a mãe. A Marcella desenvolveu a capacidade de descobrir que o ato do aprender é tão
natural quanto o de saborear uma gostosa fatia de pizza e que as disciplinas na escola a
fazem cada vez mais intervir no mundo...
- Tudo bem. Mas, qual a segunda pista?
- A segunda pista, observo ao deixar minha filha na escola, quando encontro aqui
e ali um ou outro de seus professores ou quando participo de reuniões. Esses
profissionais, Alfredo, amam o que fazem, “vestem a camisa da escola” com
paixão, sentem-se valorizados em sua profissão e com orgulho falam de seus
progressos. Em um primeiro olhar parece ser fácil confundir quem ama o que faz e
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quem é treinado para demonstrar esse sentimento, mas quando se está atento
aos detalhes, a clareza dessa percepção é indiscutível. A Direção da escola é
presente, atenta, permanentemente “ligada” e sabe fazer de seus professores uma
verdadeira equipe, animando seus progressos, estimulando-os a se desafiarem,
ajudando-os a vontade de crescer sempre.
- E a terceira razão, Alfredo, você pode até estranhar um pouco, mas se bem
compreendida não é menos importante que as duas primeiras...
- E qual é essa terceira razão?
- Eu noto que na escola, Marcella que ainda não completou dez anos apaixonou-
se pela política. Mas, curiosamente, essa paixão nada tem a ver com partidos ou
opções ideológicas, mas é impressionante como a coesão dos professores
despertou em minha filha o exercício do direito à palavra e o sentimento de
intolerância às injustiças. Custei para descobrir que esse jeito de Marcella fora
adquirido através das aulas que assistia, conquistado nos debates que participava.
Algumas vezes encantado, outro até mesmo incomodado com seu espírito crítico,
percebo lá em casa como crescia sua indignação e como não se calava quando
sentia que alguma injustiça se propunha e que sabia pelas revistas que lia, jornais
que buscava, programas que assistia. Enfim, Alfredo, sinto em minha filha crescer
a olhos vistos a admiração pela escola em que está matriculada. Com prazer,
tenho a certeza que notará o mesmo em seu pequeno Gabriel.
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As Disciplinas escolares e a radiografia da notícia
À medida que se avança nos níveis de
escolarização, diminui significativamente a
participação da população negra e parda
nos bancos escolares. Dados do I.B.G.E.
indicam que negros e pardos representam
53,2% de total de alunos matriculados no
ensino médio brasileiro, enquanto os
brancos são 46,4% do total. A proporção
muda bastante na pós-graduação, em que
o índice de participação dos
afrodescendentes é de 17%, enquanto os
brancos somam 81,5% do total.
O texto acima é, jornalisticamente falando, uma notícia, uma informação. É um
resumo publicado em uma revista ou em um jornal. Apanhemos essa informação,
ou outra qualquer extraída da mesma fonte, e a levemos para uma sala de aula.
O desejo de transformar essa informação em conhecimento é preocupação em
situar essa notícia dentro de uma estrutura sistemática, de uma teoria científica.
Essa preocupação torna assim necessário transformar alunos em estudantes e
como em princípio nada sabem sobre as disciplinas escolares é natural que se
sintam confusos e precisam da ajuda de seus professores. Se essas disciplinas
são apresentadas apenas como um conjunto de fatos, conceitos ou teorias a serem
confiadas à memória, irão permanecer na ignorância da razão essencial de cada
disciplina. É assim essencial que a notícia acima posa ajudar os alunos a
descobrirem que especialistas diferentes possuem olhares diferentes.
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Como é a notícia acima para o matemático? E para o historiador? Como a percebe
o geógrafo? Como pode trabalhá-la o especialista em Língua Portuguesa? Essa
notícia pode ser explorada em uma aula de Educação Física? Como torná-la
percebida em uma Língua Estrangeira? Todas essas e ainda muitas outras
questões deveriam ser trabalhadas em cada disciplina, pois os fatos de uma notícia
somente adquirem cores disciplinares quando são reunidos de uma certa maneira
e colocados a serviço de uma teoria, estrutura ou seqüência. As disciplinas
escolares são modos de pensar que permite a um praticante atribuir um sentido e
uma lógica ao mundo através de processos específicos. Em síntese são maneiras
com que os especialistas analisam e explicam os fenômenos do mundo.
Apresentadas essas discussões, voltemos a informação acima.
O professor de História, por certo se concentrará nas razões das diferenças sociais
e étnicas explicadas pela notícia e buscará nas raízes escritas em nosso passado
uma explicação e se aventurará em prováveis conseqüências; o professor de
Geografia anotará na realidade dos dados os contrastes do país e suas
implicações no desequilíbrio que toda igualdade social aqui e outras partes pode
ocasionar. O professor de Artes sentirá que essa informação necessita ser
mostrada através de linguagem não verbal e assim buscará reproduzi-la na em um
outro veículo e com isso buscará através da música, colagem, dança ou desenho
formas de captar o fenômeno. Fará uma sensível análise do tema, sobretudo se
ajudado por um professor de Educação Física, especialista em descobrir
linguagens nos movimentos corporais. Uma informação sobre afrodescendentes e
seu nível de escolarização poderá parecer distante a um professor de Matemática,
mas se perceber bem verificará que é a frieza dos dados numéricos que confere
veracidade à notícia e que os mesmos podem se tornar mais facilmente percebidos
se olhados através de proporções ou de estruturas gráficas, com sua insinuante
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geometria. Aos especialistas em Ciências Físicas e Biológicas, a notícia saberá
mostrar que na base biológica da espécie não existe razão que a exclusão dos
dados revela e que o que parece ser natural em humanos nem sempre o é diante
de classificações que a teoria evolucionista, explicada por Darwin, insiste em
garantir. Um professor de Língua Portuguesa necessita de ferramentas para que
seus alunos interpretem informações, captem entrelinhas, decodifiquem notícias,
desconfiem de explicações minimalistas e dessa forma, possam analisar,
comparar, descrever e sintetizar o texto.
Em síntese: a notícia em si não parece ser de excepcional relevância e, nesse
sentido, pode até ser esquecida pelos alunos. Mas se a informação, atropelada por
outras tantas que a cada momento surgem pode ir sendo apagada da memória, a
prática de exercícios como esse vez por outra desenvolvidos em sala de aula,
mostra aos alunos a grandeza do currículo, a essência da educação e o papel de
cada disciplina escolar.
Não seria essa uma proposta para mostrar como se transforma informação em
conhecimento e como se faz de um aluno um verdadeiro estudante?
O sagrado e o profano na missão do professor
- Aceita um bom café quentinho, menina?
- Claro que aceito. Café em dia frio é coisa sagrada para mim?
- Engraçada essa palavra “sagrada”. Pelo que sei, vem do latim “sacrare” e
significa algo como prestar um serviço à Deus, realizar ato de fé ou cumprir
preceitos de uma religião. Com o tempo, a palavra assumiu sentido mais amplo e
cai bem até mesmo para saudar o cafezinho quente que estou oferecendo.
- Pois é, Mestre, por incrível que possa parecer a palavra “sagrada” assumiu
ares “profanos”, e desta maneira serve até para coisas que nada tem a ver
com a religião. Interessante essa caminhada das palavras pelo tempo e as
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roupagens que pouco a pouco vão assumindo. Mas, parabéns seu café está
realmente excelente...
- Não sei Lúcia se posso concordar com você. Tenho sérias dúvidas se
realmente é assim tão fácil separar o sagrado do profano, realmente sempre
me pergunto se não existe algo de religioso no café que se serve, na laranja
que brota no pé, no aroma que se desprende de suas flores. Mesmo no seu
trabalho como professora, existem momentos de ação profana, nem por isso
dispensáveis, e momentos de ação sagrada, e por essa razão imprescindíveis.
- Não sei Lúcia se posso concordar com você. Tenho sérias dúvidas se
realmente é assim tão fácil separar o sagrado do profano, realmente sempre
me pergunto se não existe algo de religioso no café que se serve, na laranja
que brota no pé, no aroma que se desprende de suas flores. Mesmo no seu
trabalho como professora, existem momentos de ação profana, nem por isso
dispensáveis, e momentos de ação sagrada, e por essa razão imprescindíveis.
- E qual é esse lado, Mestre?
- A certeza de que possui uma profissão imprescindível, de que de sua ação
no cotidiano se constrói o mundo em que se viverá. A imensa fé e crença de
que sem professores uma sociedade não inventa médicos ou engenheiros, não
faz surgir arquitetos ou mecânicos. Impossível saber como será o futuro, mas é
certo admitir que será da forma como os professores e sua fé imperdível em
seu trabalho o construirá. Existe algo ao mesmo tempo mágico e divino na
tarefa de ensinar e professor algum pode renunciar a essa imensa vontade e a
fortaleza dessa crença, manifesta na renúncia do eu pelo outro em todo dia, no
cuidadoso preparo de qualquer aula, na atenção a qualquer criança. O
verdadeiro professor não pode ser guiado pela frieza de uma visão somente
profana, mas também não pelo idealismo ingênuo de ser manipulado por sua
crença autêntica...
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- O sagrado e o profano em uma só ação, em só ato e em uma só pessoa?
- É isso aí, Lúcia!
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Monólogo
Ontem foi um dia maravilhoso. Descobri um novo amigo e nesse mundo onde
cada dia menos valor se dá as boas amizades, essa descoberta sintetiza tesouro
que se deve preservar com afeto. Um novo amigo não é produto que se compra,
não representa artigo interessante que como novidade nas lojas, nos é empurrado
pela propaganda, consumido pelo modismo.
Esse novo amigo descoberto chama-se Alex é segundo me contou nasceu no
Canadá, onde estudou e se profissionalizou em ramo de engenharia que por aqui,
ainda, pouco se fala. Extremamente curioso interrogou-me sobre coisas do Brasil
e sobre nossa maneira de pensar, surpreendendo-se com nossa alegria - que não
se surpreende? - achando graça da forma como mostramos relativa indiferença a
políticos corruptos ou a governantes prepotentes. Encantou-se com sua
descoberta sobre a paixão do futebol e desejou saber como poderá no curto
espaço de tempo que por aqui ficar, aprender o samba, fazer caipirinha e assobiar
o ritmo do pagode. Respondi o que sabia, mas não deixei barato e tratei de
devolver com igual intensidade o monólogo a que me submeteu. Perguntei tudo a
que tinha direito e até o que não tinha e depois de horas de papo e degustação de
cachaças, despedimo-nos felizes descobrindo que novos encontros são
imprescindíveis para que nos conheçamos melhor. Afinal, brasileiros e
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canadenses são gentes diferentes e possuem maneiras originais de viver e de
pensar.
É bom fazer amigos, melhor ainda descobri-los diferentes. A amizade por
certo perderia graça se todas as pessoas fossem iguais e se ao perceber o outro,
encontrássemos espelho. Essa é uma verdade que parece tão cristalina que é de
se estranhar que até hoje nenhum poeta dos que aprendi, falaram que a diferença
constitui o alicerce da amizade, os fundamentos do afeto, a certeza da alegria de
viver. Adorei poesias sobre a amizade, enternece minha alma, versos sobre o
amor, mas creio que amizade e carinho nos tornam humanos porque adoramos
encontrar nos outros o que em nós mesmos inutilmente buscamos. Hoje conheci
Alexandre.
Alexandre Santos de Guimarães tem 12 anos incompletos e sabe de cor o
nome de todos os mais de duzentos animais de seu álbum de figurinhas. Sabe
além dos nomes os seus hábitos e suas excentricidades. Assim como possui
memória privilegiada para o que gosta, conhece números primos até mais de seis
mil, mas nada entende de relações humanas. Não aprende a lidar com pessoas,
não percebe a ironia, não entende a mais simples anedota e não imagina que é
possível alguém sorrir de alguma coisa mesmo sem achar qualquer graça. Sente-
se verdadeiramente feliz quando fica sozinho, repetindo as tabelas que com
incrível facilidade é capaz de decorar. Alexandre Santos Guimarães é portador da
síndrome de Asperger, uma forma diferenciada de autismo. Alexandre
provavelmente não consegue entender porque sendo diferente de outros garotes
de 12 anos é considerado portador de dificuldades especiais e precisa de recursos
específicos para que possa ser incluído.
Alex é diferente, é meu amigo e é bem vindo em meu mundo, Alexandre é
igualmente diferente, gostaria de ser seu amigo, mas jamais poderá ser aceito
além de seu próprio mundo.
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Analfabetismo funcional
Caio acabou de completar dez anos. “Já está completamente alfabetizado!”
Garante orgulhoso, seu pai. Um dia, resolvo aferir. Chamo-o a minha sala onde
sobre a mesa quatro revistas de atualidades se esparramam. Passo então a
tarefa: - Caio, por favor, leia em voz alta para mim o nome das revistas!
- Ah, isso é fácil.
Olha atentamente para cada capa e depois de algum tempo, soletra: VE-JÁ, É-
PO-CA, CA-R-TA, ISTO E. Esquece o acento na última, mas olha orgulhoso para
mim.
- Parabéns, Cássio. Vejo que você já sabe ler o nome dessas revistas. Diga,
agora, o que significam esses nomes?
Não entendeu a pergunta. Insisti:
- Por quê são nomes de revistas? Não poderiam, por exemplo, serem nomes de
uma borracharia, uma lanchonete, um salão de barbeiros? Achou que sim, sua
alfabetização não permitia atribuir significação ao nome. Sempre brincando,
provoquei:
- Caio, faça de contas que esses nomes ficam proibidos de serem usados, mas os
redatores querem um nome semelhante! Que nomes dariam? Não entendeu a
pergunta, não sabia o que era “redator”, não imaginava que “semelhante” seria o
mesmo que “igual”.
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NEUROPSICOPEDAGOGIA E A PESSOA COM NECESSIDADE ESPECIAIS.pdf

  • 1. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 DEPARTAMENTO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO-SENSU NEUROPSICOPEDAGOGIA POR PROFª SHEYLA CARVALHO TAGUATINGA – DF 2007
  • 2. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 NEUROPSICOPEDAGOGIA TRICEREBRAL As revolucionárias ciências da mente não surgiram necessariamente para resolver a complexa problemática da aprendizagem humana. Mas, à medida que deslindam os intricados mecanismos cerebrais, fornecem-nos elementos para operarmos no campo educacional/pedagógico. A Neuropedagogia nasce no bojo das concepções holísticas, de maneira que se constitui numa visão integradora, transdisciplinar, globalista, oferecendo-nos inicialmente uma nova visão de mundo, de homem e conseqüentemente de aprendizagem, pois esta sempre decorre da maneira como concebemos o aprendiz. Pensarmos a Neuropedagogia nesta ótica, implica trabalhar também com instrumentos que favoreçam uma ação integrada, buscando uma prática pedagógica que desenvolva e aperfeiçoe os processos mentais triádicos do aluno, permitindo-lhe organizar conceitos, tomar decisões e implementar ações em busca de resultados significativos. ENFOQUE TRIÁDICO DA APRENDIZAGEM A Neuropedagogia, movimento nascido das bases teóricas da Cibernética Social e Proporcionalismo, ensina que a mente não percebe apenas fragmentos, mas é capaz de captar a globalidade. Se alimentarmos de forma adequada cérebro/mente do aprendiz, não há nada que não se possa aprender. Sugere-se que há de se criar novos métodos educacionais para o desenvolvimento do cérebro humano para seu melhor equilíbrio de vida, pois o cérebro não existe só para pensar, como se acreditou durante
  • 3. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 muito tempo, mas sua função precípua é garantir, direcionar e regular o organismo todo, para as metas de sobrevivência e reprodução. Conseqüentemente, é, também, a meta da aprendizagem. Susan Greenfield, em seu livro “O Cérebro Humano”, (2000) assegura: “o cérebro, seja quais forem sua forma, tamanho e complexidade, de alguma” forma está associado, de modo fundamental, à asseguração da sobrevivência”. Dentre as várias propostas da tridimensionalidade do cérebro (Freud com o Id, Ego e Super-ego; Piaget com o estágio sensório-motor, pré-operatório e operatório; Mauro Torres e o córti-co-límbico-hipotalâmico, Saiba que I ) selecionamos a proposta do “cérebro triúno” de Paul Maclean, para esclarecer os fundamentos da proposta da Neuropedagogia. . Para Maclean, o cérebro consta de 3 computadores biológicos integrados, cada um com sua própria inteligência, sua própria subjetividade, seu próprio senso de espaço e tempo, suas próprias funções motoras, de memória, de comunicação e outras. Tudo se repete no todo e o todo está em tudo. É um princípio do holograma. • Reptílico = Parte interna do cérebro nos mamíferos, que se pode simplificar dizendo que corresponde ao cerebelo que é o “único” cérebro dos répteis. É responsável pelo comportamento agressivo de luta de reprodução e sobrevivência, pelo estabelecimento de hierarquias sociais, (poder) e os rituais correspondentes. Nele ocorrem também os padrões automáticos, os hábitos e as rotinas. • Sistema Límbico = 2ª camada do cérebro, onde se encontram, dentre outras, as estruturas do tálamo e hipotálamo; comum a todos os mamíferos, é responsável pela emoção, comportamento e controle do sistema nervoso autônomo. Ë também conhecido como o cérebro do sentimento.
  • 4. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 • Neo-córtex = Camada mais externa e evoluída do cérebro, típica dos mamíferos superiores e do homem: racionalidade, linguagem conceitual, verbal e simbólico. É chamado de “cérebro inteligente”, mesmo porque, os seus neurônios altamente especializados, lhe possibilita múltiplas tarefas simultâneas. A inteligência, para Maclean, é um produto de esforços combinados dos 3 cérebros do homem, destacando-se a estrutura do Sistema Límbico, pois parece ser ele o determinante das atitudes da pessoa perante a vida. Ver figura I Fig. I Cérebro (visto de lado)
  • 5. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 Herdeiros da Cibernética Social e Proporcionalismo, trabalhamos com sua proposta de cérebro triádico, que retoma e amplia as teorias anteriores, acrescentando-lhes o que é próprio da sua visão, mas reforçando sempre a linha educacional. Ver figura II . Fig. II Cérebro( visto de trás )
  • 6. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 A R. Luria afirma, em seu trabalho “El cérebro en Acción” que os processos mentais do homem, em geral, e sua atividade consciente, em particular, sempre ocorrem com a participação das 3 unidades funcionais, cada qual com seu papel, que sugere a integração e realização dos outros. A seu respeito escreve Dr. Sanvito, da Faculdade de São Paulo: “ O neuropsicólogo soviético A.R. Luria encara o cérebro como um sistema dinâmico desdobrado em três blocos funcionais. A postura luriana é contra um enfoque localizacionista estreito e postula a abordagem do estudo do cérebro dentro de um princípio de integração, baseada na idéia de que processos psicológicos em larga escala operam em sistemas funcionais. Isto
  • 7. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 significa que qualquer lesão que determine uma deficiência numa capacidade cerebral especifica atuaria determinando repercussões também no sistema”. Os três blocos do cérebro luriano estão intimanente integrados e cada um desempenha um papel especial na atividade psíquica. O primeiro bloco esta relacionado a manutenção do tônus do córtex. SAIBA QUE II FUNÇÕES OPERACIONAIS Para reforçar o desenvolvimento do lado comum operacional para os professores, encontramos no livro Mentes em Desenvolvimento , Hebert Kohl, 1984, a seguinte citação : “O professor torna-se-á um especialista em construção ; alguém que saiba como ajudar a reunir as habilidades e os recursos para criar um todo funcional harmonioso ( integrado, é claro, com as demais funções )” .
  • 8. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 leitura escrita comunicação conhecimento aritmética cálculo gramática literatura cuidados com a saúde contacto com o meio físico/animal recortes ativ./motoras expressão corporal planejamento Utilização do dinheiro brinquedo dramatização simbolização oração criatividade música ativ./artística relacionamento O segundo é responsável pelo recebimento, elaboração e conservação da informação e finalmente o terceiro elabora os programas de comportamento, responde pela sua realização e participa do controle de sua execução. Na verdade, a Educação pela e para a proporcionalidade dos três segmentos do cérebro, é a base da educação do futuro. Façamos do futuro nosso presente. O próximo passo é um estudo comparativo entre cérebro triádico com Piaget e a proposta da Antroposofia, do Rudolf Steiner , na próxima edição. Conhecendo os três cérebros:
  • 9. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 Para você se conhecer e aquilatar o poder de seus três cérebros, vamos oferecer um exercício que se chama o Revelador do Quociente Tricerebral que foi estruturado por Waldemar De Gregori (in Construção Familiar-Escolar dos Três Cérebros). O exercício consta de 27 itens em que você deve se auto-avaliar . As notas obedecerão a escala de 1 (menor) a 5 (maior). QT - Revelador do Quociente Tricerebral 01 Você confere os dados de uma passagem, de uma nota, de uma conta? Ao fim do dia, da semana, de uma atividade, você faz revisão, avaliação? 02 Em seu quarto, em sua casa tem ordem? Costuma prever o onde, o quando, o como, o curso, o resultado do que pretende fazer? 03 Você crê nalguma força maior, como o amor, a vida, alguma entidade superior? Você crê que faz parte de um todo maior, invisível, espiritual? 04 Você anda alegre, gosta de brincadeira, piada, festa? Você é otimista apesar de tudo? 05 Numa discussão, você tem boas explicações, tem bons argumentos, sabe rebater? Sabe levar adiante uma discussão com paciência? 06 Você tem pressentimentos, previsões ou sonhos que se cumprem? Você tem estalos, insights, idéias luminosas, para resolver seus problemas? 07 No relacionamento afetivo você entra pra valer, com romantismo, com paixão? 08 Você fala bem em grupo, tem bom vocabulário, tem fluência e correção gramatical? Você sabe convencer os outros? 09 Ao falar, você gesticula, você olha todas as pessoas, você movimenta bem e com elegância todas as partes do corpo? 10 Você é capaz de pôr-se no lugar de outrem, de imaginar-se na situação de uma outra pessoa e sentir como ela se sente?
  • 10. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 11 Diante de uma situação, você combina os prós e os contras, você faz diagnósticos realistas, faz julgamentos bons, acertados? 12 Ao narrar algum fato você dá muitos detalhes, você gosta de descer às minúcias, aos pormenores? 13 Quando compra ou vende, você se sai bem? Se tivesse um negócio, você teria êxito financeiro, saberia ganhar e multiplicar dinheiro? 14 Você gosta de modificar a rotina do dia-a-dia, do ambiente? Você acha soluções criativas, originais? Gosta de andar inventando? 15 Você controla seus ímpetos? Pára e pensa antes de agir? Pensa nas conseqüências antes de agir? 16 Antes de tomar uma informação como certa, você se dedica a coletar mais dados, a ouvir o outro lado, a averiguar as fontes, a buscar comprovação? 17 Como vão suas mãos em artesanato, consertos, uso de agulhas, facas, serrote, martelo, ferramentas, jardinagem, habilidades manuais? 18 Frente a dificuldade, você tem capacidade de concentração, dedicação continuada, você tem boa resistência, agüenta muito? 19 Na posição de chefe, você sabe dividir tarefas, calcular o tempo para cada coisa? Sabe dar comandos curtos, exatos, e cobrar a execução? 20 Você gosta de decoração, arrumação de ambientes? Você se arruma bem? Você presta atenção a um pôr-do-sol, a um pássaro, a uma paisagem? 21 Você tem atração por aventuras, por desbravar caminhos, por tarefas desconhecidas, pioneiras, que ninguém fez antes? 22 Você se autoriza a questionar pessoas e informações de TV, jornal, de política, religião, ciência, e denunciar seus interesses disfarçados? 23 Você consegue transformar seus sonhos e Idéias em fatos, em coisas concretas? Seus empreendimentos, suas iniciativas, progridem e duram?
  • 11. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 24 Você fica imaginando o que poderá acontecer no ano que vem, daqui a 10 anos, e nos possíveis rumos dos acontecimentos 25 Você se dá bem com a tecnologia, gravador, máquina de lavar, calculadora, máquina fotográfica, cronômetros e os botões da eletrônica.? 26 Você é rápido(a) no que faz? Resolve logo? Termina bem o que faz e no prazo certo? Seu tempo rende mais que o de seus colegas? 27 Quando se comunica, você usa números, medidas, estatísticas, matemática, além do palavrório popular? Vamos, agora, à apuração e interpretação do exercício. 1. Some as notas de todos os retângulos e escreva o escore no retângulo que está no hemisfério esquerdo do cérebro; some também as notas de todos os triângulos e ponha o resultado no triângulo do cérebro; some as notas dos círculos e ponha a soma no círculo dentro do cérebro. 2. Observe os seguintes critérios : 2.1 A média está entre 28 e 35 pontos. 2.2 Abaixo de 28 é fraco, sendo 9 o mínimo. 2.3. Acima de 35 é forte, sendo o máximo 45 pontos. 2.4 Os três processos não podem ter pontos iguais, pois se anulam, sofrem de impasse; nem mais de 07 pontos de diferença entre si pois ficam desproporcionais. 2.5. Se o escore de um processo mental está muito abaixo de 27 pontos, ou seja, baixando em direção ao 9, trata-se de atrofia, excepcionalidade negativa; se o escore for acima de 35, aproximando-se de 45, trata-se de superdotado, excepcionalidade positiva. É impossível ser superdotado nos três processos.
  • 12. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 2.6. Não dê muito valor aos resultados. Na primeira vez, as pessoas fazem infravalorização ou supervalorização. É aconselhável passar a observar seus processos mentais e ouvir o parecer de pessoas de sua convivência. 3. Comece pelo escore mais alto. Este é o processo mental onde você tem mais êxito. 3.4. Se for o triângulo, a parte central do encéfalo, então você é pessoa prática, organizada, com êxito no trabalho, nos negócios, é líder de ação Localize o segundo escore mais alto. Tanto pode ser o lógico, científico, como pode ser o intuitivo. Se o triângulo tiver o escore mais baixo, então a luta pela sobrevivência, a vida prática não é seu campo preferido. 3.5. Se o escore mais alto for o do círculo, ou do hemisfério direito (límbico), você é pessoa de sensibilidade, afetuosa, criativa, sonhadora. Se a segunda nota mais alta for o triângulo, você tem os pés no chão; mas se for o lado lógico, você voa longe da realidade: deve ser poeta ou místico. 3.6. Se o escore mais alto for o do retângulo, lógico, você age conscientemente, é pensador, intelectual. Se sua 2ª nota for a do triângulo você raciocina em função de sobrevivência; mas se sua segunda nota mais alta for a do círculo (processo intuitivo) você é um teórico, um distraído. 3.7. Existem casos extremos, de um só processo afastar-se muito dos outros dois. Nesse caso, existe a genialidade (típica de cada processo: cientista, artista, realizador), aliada à esquisitice. São conhecidas as esquisitices dos sábios (processo lógico); dos videntes, artistas e santos (processo intuitivo); e dos
  • 13. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 capitães de indústria, estadistas e generais (processo operacional). Neste caso, existe a desproporcionalidade entre os três processos. 4. Feita a interpretação, cada pessoa identifica seu processo predominante e seu campo de ação favorito (ciência, profissão, etc.) sem excluir os outros dois. Mesmo dentro de seu processo predominante existem os outros dois processos, pois aceitamos que cada porção do encéfalo seja polivalente, podendo assumir funções das outras, até um certo ponto, o que significa que não há uma localização rígida de funções cerebrais ou mentais. 4.1. O importante, entretanto, é a possibilidade de autocondução, de modificação dos processos mentais. Depois da interpretação, cada um pode investir na reeducação ou cultivo de determinados itens de um dos processos mentais, seja para ficar proporcional aos outros, seja para distanciar os que têm pontos iguais, seja para cultivar um item esquecido. Tomada a decisão sobre o que se quer desenvolver, procuram-se os meios, as técnicas correspondentes.Para tal, volte ao exercício de RQT, verifique os itens que tiveram menor número de pontos (1 ou 2) e estabeleça metas para seu desenvolvimento, explicitando, se possível, um tempo para atingi-la, assim como estratégias para alcançá-la . ANEXOS – RELATOS DE EXPERIÊNCIAS 1 - Treinamento para Creche - (2006) A convite da Se um primeiro curso para uma Creche Municipal que está sendo instalada, e cujas atividades se iniciaram no dia 03 de abril do corrente ano. A proposta pedagógica, a ser construída pela equipe, conta com a coordenação de Colandi Carvalho de Oliveira que trabalhará na linha
  • 14. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 de neuropedagogia: pedagogia baseada nos processos mentais da criança. Visualizem algumas momentos do curso que contou com toda a equipe da creche, num total de 22 cuidadores e que, na sua abertura, contou também com a presença de várias autoridades municipais. cretária de Educação do município de Pirenópolis, Goiás, foi ministrado O trabalho de acompanhamento pedagógico da creche foi desenvolvido durante o ano de 2006 com bastante êxito. Além de reuniões mensais com professores e pais ocorreram outros eventos como: Palestra sobre Alimentação para as crianças do berçário, proferida pela Doutora
  • 15. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 Márcia Agapito de Brasília e um curso de Jogos Infantis ministrado pelo Academico de Educação Física Diogo de Carvalho. Avaliações foram feitas durante o ano o que nos permitirá a continuidade em 2007. Na próxima edição apresentaremos alguns dados relativos ao trabalho. 2 - Curso de Ensinagem-Tricerebral A convite da ETESB, Escola Técnica de Saúde de Brasília, Colandi Carvalho de Oliveira, e o prof. Waldemar de Gregori, estão ministrando um curso para os novos docentes da instituição, objetivando capacitar os professores, específicos da área de saúde, para um fazer educacional mais competente e globalizado. ( anos anteriores) CURRÍCULO GLOBAL PARA PRÉ-ESCOLA: PLANETINHA JARDIM DE INFÂNCIA COLANDI CARVALHO DE OLIVEIRA. MsC em PSICOPEDAGOGIA
  • 16. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 INTRODUÇÃO “A vida é um convite a participar”... Como esta sempre foi a diretriz da minha vida, empreendi uma caminhada, há anos, com um grupo de educadores (pais e professores) com vistas a operacionalizar uma proposta de educação pré-escolar, que chamávamos de “uni-global” e um currículo denominado “currículo da vida”. Para tanto, trabalhávamos em três dimensões ou três entradas: a teórica , relativizando o instrumental da Cibernética Social para educação infantil; a de sensibilização, buscando um envolvimento mais efetivo dos educadores com o projeto; e a prática que se propunha inovadora e que decorreria do compromisso de todos para um novo fazer educacional e mudança social. OBJETIVOS: Discutir e avaliar, com educadores interessados, uma proposta de educação global em nível de pré-escola, para divulgação da mesma assim como possíveis redirecionamentos DESENVOLVIMENTO: Um grupo de educadores e alguns pais que buscavam uma nova escola para seus filhos elaborou uma proposta-piloto, com base nos 14 subsistemas sociais, (referencial teórico, proposto pelo antropólogo brasileiro
  • 17. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 Rubbo Müller). Juntos, em seminários ou mutirões levantávamos temas relacionados aos Subsistemas e que tinham a ver com a vivência da criança no seu contexto familiar e comunitário. Propunham-se depois os objetivos . Neste início, a preocupação era como upayar ( conduzir para a libertação) uma proposta tão desinstaladora, principalmente no seu aspecto institucional. A solução encontrada foi o seu funcionamento no primeiro ano, fora do sistema oficial. Passou a ser um centro para atividades recreativas. Ao final dos 6 meses, convidamos nossa amiga e companheira Profa Nilze Helena Cunha, de São Paulo, para um seminário com toda a equipe. O produto desta semana de trabalho foi o delineamento da proposta com os temas, objetivos e, principalmente, sugestões de atividades para seu desenvolvimento. Mais tarde, tais atividades foram retrabalhadas para os 3 blocos de funções mentais: atividades lógico-racionais, atividades intuitivo-emocionais e atividades práticas e operativas, incluindo aí as atividades gráficas e com material. Esta proposta currricular interdisciplinar continuou sendo aplicada, avaliada e redirecionada a cada novo ano, já que uma das características da interdisciplinariedade é sua abertura permanente. Outro diferencial da proposta era a possibilidade de autodireção que se conseguia graças à introdução de uma dinâmica de grupo participativa que possibilitava, também, à criança sugerir tanto temas como atividades para seu dia escolar. Nas reuniões dos educadores, mantinha-se um diagnóstico permanente de cada criança, a começar pelo seu sociograma familiar, instrumento para coletar dados de sua vida afetivo-familiar.
  • 18. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 CONCLUSÃO: Um dos resultados obtidos com esta proposta foi transformar o saber fragmentado, característico do pré-escolar, num saber globalizado, evolutivo e compartilhado que se construía no dia-a-dia do “Planetinha” e que se traduzia numa nova concepção interdisciplinar de autodireção. O que é o Exame Neuropsicológico? O exame neuropsicológico consiste na avaliação das diferentes funções mentais: a concentração, as memórias visual e verbal, a capacidade de cálculo, o planejamento, a capacidade de abstração, as habilidades viso- perceptivas, a linguagem (compreensão e expressão orais, leitura, escrita), a inteligência, e várias outras. Esta avaliação é feita com testes que permitem quantificar o desempenho, fornecendo dados objetivos que comparam o indivíduo com outros da mesma faixa etária e escolaridade. Os resultados do exame neuropsicológico permitem: 1) Diagnosticar um determinado problema. É possível ter o desempenho prejudicado na escola, por exemplo, devido a vários fatores: problemas de concentração, problemas de memória, problemas de leitura ("dislexia") dificuldades com a matemática ("discalculia"), dentre outros. Nos casos de dificuldades de aprendizado, o exame permitirá avaliar quais funções estão preservadas e quais estão comprometidas, fornecendo um perfil do indivíduo.
  • 19. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 O exame neuropsicológico permite determinar quais problemas estão causando as dificuldades e sugerir um tratamento. Da mesma forma, um adulto pode ter problemas de memória a ser preciso investigar as causas possíveis: pode se tratar da primeira manifestação de um envelhecimento cerebral precoce ("aterosclerose", demência), de uma manifestação de depressão, de um problema neurológico específico, etc. 2) Esclarecer com mais detalhes os sintomas de um problema já conhecido ou mesmo diagnosticado anteriormente. Mesmo naqueles casos onde já se tem um diagnóstico pode ser necessário documentar e quantificar as dificuldades de modo objetivo. Por exemplo, idosos que estão apresentando um quadro de demência podem ser submetidos ao exame neuropsicológico para se determinar o quanto sua memória está diferente do esperado para sua idade. Isto permitiria avaliar a gravidade do quadro e também poderia ser utilizado ao longo do tempo para avaliar o efeito do tratamento medicamentoso. Também é o caso de crianças ou adultos que sofreram um traumatismo craniano e ficaram "diferentes" (acidentes automobilísticos, quedas, traumatismos de parto), pessoas que sofreram acidentes vasculares cerebrais ("derrames") ou que sofreram neurocirurgias, casos de intoxicações graves ou alcoolismo, afogamentos e muitos outros exemplos. 2) Laudos para fins legais O Exame Neuropsicológico também é freqüentemente utilizado em algumas situações legais. A primeira delas é a necessidade de se documentar de modo objetivo o estado mental alterado de um indivíduo com vistas à sua
  • 20. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 interdição (por senilidade, por retardo mental, por seqüelas de traumatismos de crânio, etc.). A segunda é a necessidade de se documentar o estado mental preservado, para que se possa assegurar a validade de um testamento ou qualquer outro documento legal, por exemplo. Por último, o exame serve para documentar problemas adquiridos no trabalho, com vistas a sustentar processos trabalhistas (em geral intoxicações em indústrias e traumatismos de crânio durante o trabalho). Resenha: Os inconformistas e a escola MARCELO COELHO colunista da Folha de S.Paulo Por que as férias duram mais de dois meses? Por que uma aula tem 45 minutos? Por que uma classe deve ter 40 alunos? Quem pergunta é o empresário Ricardo Semler, que conversa longamente com o jornalista Gilberto Dimenstein e com o pedagogo Antonio Carlos Gomes da Costa em "Escola Sem Sala de Aula" (Papirus, 144 págs., R$ 24,90), que será lançado no início de abril.
  • 21. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 O livro é uma "entrevista a três", por assim dizer, em que as idéias da escola tradicional são postas em xeque. Ricardo Semler publicou, há cerca de 20 anos, "Virando a Própria Mesa", livro sobre métodos gerenciais inovadores e antiautoritários adotados em sua empresa. Está agora envolvido na criação de uma escola libertária em São Paulo, a Lumiar. Inspirado sem dúvida na Summerhill, de A.S. Neill —experiência cujo insucesso é discutido com certa ligeireza neste livro—, o projeto permite que os alunos só estudem quando se interessam e que os procedimentos disciplinares da escola sejam
  • 22. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 Deliberados democraticamente. Radicalismo bem-vindo num momento em que as escolas —mesmo as liberais— se tornam cada vez mais conservadoras e em que a estupidez do vestibular acaba com a vida de todo adolescente. O ideal de uma "escola sem sala de aula" é discutido por Semler, Dimenstein e Gomes da Costa de forma estimulante. Dimenstein fala de sua experiência no Projeto Aprendiz, em que o trabalho educativo com adolescentes de rua paulistanos implicou uma integração com o próprio bairro. No fim das contas, argumenta ele, a cidade inteira deveria ser uma "cidade-escola", com "um processo de aprendizado o tempo todo". Gomes da Costa procura dar perspectiva teórica à discussão. Incorre em concessões que podem ter êxito em conferência, mas que funcionam mal num texto escrito: explica frases óbvias da Lei de Diretrizes e Bases usando versos de Gilberto Gil, por exemplo. Tampouco acrescenta muito colocar uma foto de Gil no canto da página —recurso visual que acontece cada vez que um nome célebre é lembrado: Rousseau, Piaget, João Figueiredo. Felizmente, Ricardo Semler é inquieto o bastante para não se conformar com o "pedadoguês". Para os inconformistas em geral —e para quem não tolera a chatice do mundo escolar— eis um ótimo livro. Andróide, Robo sapiens, Cyber sapiens, Ser Humano Versão 2.0 ... quando crescer vou SER ____ ?" Bom, sou da mesma posição e visão de que nos próximos 20 anos, com os avanços neurotecnológicos, neurobiotecnológicos, spintrônica, neuronanotecnológicos, ... estaremos vendo transformações da sociedade/do homem que será muito diferente, onde há probabilidades de que o Homo sapiens se torne cada vez mais um "Robo sapiens"/Cyber sapiens ...
  • 23. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 Aos jovens, quem ainda não viu o filme "Blade Runner: O Caçador de Andróides" de 1982 de Ridley Scott (olha só, 25 anos passaram ...), vale a pena assistir, pois é o MELHOR FILME DE FICÇÃO CIENTÍFICA dizem os melhores cientistas do mundo. http://www.bbc.co.uk/portuguese/cultura/story/2004/08/040826_bladerunnerba.sht ml E veja também: http://pt.wikipedia.org/wiki/Blade_Runner [versão pt] http://en.wikipedia.org/wiki/Blade_Runner [versão en] Então, o que posso fazer para que o meu filho Theo de cinco anos, aos seus 25 anos não seja um "Robo sapiens"??? Será um psicólogo dos "Robo sapiens"/Cyber sapienspara melhorar o Peak Performance ou vice-versa? Qual escola/educação que ele, o Theo, vai freqüentar a partir de 2008 para não SER "Robo sapiens"/Cyber sapiens??? Se já é difícil responder quem somos nós, o que podemos oferecer/fazer/educar para as crianças de hoje? Prof. Takase ====================================================== Domingo, 9 de setembro de 2007, 15h08 Atualizada às 15h12 Máquinas podem ficar mais inteligentes que humanos No centro de um buraco negro existe um ponto chamado 'singularidade' onde as leis da física não fazem sentido. De forma parecida,
  • 24. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 de acordo com futuistas, a tecnologia da informação está chegando ao ponto onde máquinas serão mais inteligentes que humanos. Se tal fato acontecer, haverá uma alteração do que é inconcebível em termos humanos, disseram os especialistas, que fizeram um encontro no último sábado. O encontro, chamado 'The Singularity Summit: AI and the Future of Humanity', levou centenas de cientistas ao Vale do Silício, nos Estados Unidos. Lá foram imaginados computadores autoprogramáveis e implantes cerebrais que permitiriam a humanos pensar tão rápido quanto os microprocessadores atuais. Pesquisadores de inteligência artificial alertaram que agora é a hora de desenvolver guias éticos para garantir que tais avanços ajudem ao contrario de fazer mal. "O nosso mundo não será mais o mesmo", disse Rodney Brooks, professor de robótica no MIT. Quanto aos computadores, "quem somos nós e quem são eles será uma questão completamente diferente", completa. Eliezer Yudkowsky, co-fundador do Instituto de Singularidade de Inteligência Artificial, em Palo Alto, e organizador do evento, pesquisa o desenvolvimento da chamada 'inteligência artificial amigável'. Seu grande medo é que inventores brilhantes criem uma inteligência artificial que se desenvolva sozinha mas que não tenha moral e se torne má. Ray Kurzweil (http://www.kurzweilai.net/) [e que escreveu na Folha de SP "Ser Humano Versão 2.0" www.neuropedagogia.com/versaohumana2.html], empresário do ramo, escreveu em seu livro 'A Singularidade Está Próxima' que a máquina se tornará mais inteligente que o homem em 2029.
  • 25. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 Com avanços na biotecnologia e tecnologia da informação, dizem os especialistas que não existe razão científica para que o cérebro humano não consiga aumentar sua velocidade um milhão de vezes. Alguns críticos fazem graça dos singularista por causa de sua obsessão com 'tecnosalvação' e o 'tecno-holocausto', chamando tudo de 'nerdocalipse'. Outros dizem ser irresponsável ignorar a possibilidade de acontecer. 1 - NOVAS MANEIRAS DE ENSINAR, NOVAS FORMAS DE APRENDER. 2 - DISCIPLINA E INDISCIPLINA EM SALA DE AULA 3 - AS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS E SEUS ESTÍMULOS. 4 - EDUCAÇÃO INFANTIL – PRIORIDADE IMPRESCINDÍVEL. 5 - O QUE SÃO E COMO TRABALHAR PROJETOS 6 - COMO O CÉREBRO HUMANO APRENDE E COMO GUARDA SABERES 7 - AS CINCO QUESTÕES SIGNIFICATIVAS PARA UM ENSINO EFICIENTE 8 - AS TRÊS MANEIRAS DE SE ENSINAR COMPETÊNCIAS 9 - COMO ENSINAR VALORES, ESTIMULAR INTELIGÊNCIAS E DISCUTIR-SE EMOÇÕES. 10 - O QUE É EDUCAR E COM QUANTOS PRINCÍPIOS SE CONSTRÓI UM PROFESSOR EFICIENTE. 11 - PARA PAIS E OUTROS MEDIADORES DE EDUCAÇÃO 12 - A SALA DE AULA E AS SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM 13 - COMO DESENVOLVER EM UMA ESCOLA PÚBLICA, UM ENSINO DE QUALIDADE.
  • 26. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 1- NOVAS MANEIRAS DE ENSINAR, NOVAS FORMAS DE APRENDER Uma análise sobre as transformações vividas atualmente pela escola e pela família e os recursos trazidos pelos novos estudos sobre a mente humana para enfrentar essas transformações e ministrar uma aula cheia de vida, emoção e dinamismo. Através de anedotas e estudos de caso, a palestra estimula uma aguda reflexão sobre a aula, o professor, o currículo, as linguagens, os recursos da escola e a avaliação significativa da aprendizagem escolar. 2- DISCIPLINA E INDISCIPLINA EM SALA DE AULA A busca da identidade em um novo conceito de disciplina e de indisciplina, a amplidão desses conceitos em âmbitos diferentes e as estratégias e ações que podem e devem ser desenvolvidas pelos educadores para equacionar problemas disciplinares e administrar a ansiedade da criança e do adolescente. 3- AS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS E SEUS ESTÍMULOS. Um estudo sobre o avanço da neurologia e a emersão de novas teorias pedagógicas, com destaque a teoria das Inteligências Múltiplas. A palestra discute o conceito de inteligência, demonstra a relação entre inteligência e aprendizagem, explica os meios para a identificação das nove inteligências humanas e mostra maneiras eficientes de as estimular em sala de aula.
  • 27. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 4-EDUCAÇÃO INFANTIL – PRIORIDADE IMPRESCINDÍVEL. Quais os fundamentos de uma boa escola de educação infantil, como desenvolvê-la em qualquer ambiente e espaços e quais os atributos devem caracterizar um educador infantil. Como entender jogos e jogos pedagógicos. O uso dos jogos em sala de aula para a criação de diferentes situações de aprendizagem. 5- O QUE SÃO E COMO TRABALHAR PROJETOS O que é um “Projeto Escolar?” Por que trabalhar com Projetos? A interessante experiência de Reggio Emília e o trabalho com Projetos. Diferentes tipos de projetos escolares. O papel de um professor em um projeto. A ação dos alunos em projetos. A Avaliação de um projeto e os dez passos para sua consecução em sala de aula. A palestra busca responder essas questões e aprofundar esses temas de maneira a habilitar a equipe docente a trabalhar com projetos de diferentes naturezas. 6- COMO O CÉREBRO HUMANO APRENDE E COMO GUARDA SABERES O conhecimento mais amplo e diversificado sobre o cérebro humano, desenvolvido desde os anos noventa do século passado, trouxe novas luzes e derrubaram antigas crenças em educação. A palestra analisa esses avanços e essas conquistas e de maneira lúdica e extremamente prática procura mostrar como é possível em sala de aula um professor desenvolver procedimentos que assegurem uma significativa aprendizagem e uma melhor retenção dos saberes para seus alunos.
  • 28. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 7- AS CINCO QUESTÕES SIGNIFICATIVAS PARA UM ENSINO EFICIENTE Após uma reflexão sobre o significado amplo da interrogação como desafio humano para sua aprendizagem, a palestra propõe cinco questões cruciais e busca, com amplos detalhes e exemplos respondê-las. Como ajudar nossos alunos a aprender? Que estratégias usar para facilitar sua aprendizagem significativa? Quais recursos são necessários mobilizar para esse trabalho? Como saber se os alunos efetivamente aprenderam? Como ajudar os alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem? 8- AS TRÊS MANEIRAS DE SE ENSINAR COMPETÊNCIAS Após uma análise reflexiva sobre o significado de “Competência” e a passagem de uma escola centrada no Ensino, para uma nova escola comprometida com a Aprendizagem, à palestra compara formas de atuação de dois professores que necessitam transmitir conteúdos e como é possível essa missão, simultaneamente desenvolvendo diferentes competências no alunado. Analisa ainda as oito competências que fazem de um regente de aulas um verdadeiro educador. 9- COMO ENSINAR VALORES, ESTIMULAR INTELIGÊNCIAS E DISCUTIR-SE EMOÇÕES Não mais se tem dúvida de que é possível ensinar-se valores e ajudar o aluno a conviver com virtudes, mas nem sempre são plenamente conhecidas as estratégias para esse trabalho. A palestra visa explorar essa nova pedagogia e mostra através de resultados concretos e realistas como desenvolver virtudes e trabalhar valores na Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio.
  • 29. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 10 - O QUE É EDUCAR E COM QUANTOS PRINCÍPIOS SE CONSTRÓI UM PROFESSOR EFICIENTE A competência de um professor não representa atributo inato. Assim como um bom médico necessita mais que excelentes teorias para realizar sua missão, também alguns requisitos são essenciais ao professor. A palestra analisa quais são esses requisitos, de que maneira é possível ajudar uma equipe docente a construí-los e como avaliar o desempenho de uma equipe a partir dessas referências. 11- PARA PAIS E OUTROS MEDIADORES DE EDUCAÇÃO 1. A CRIANÇA. COMO APRENDE E COMO AJUDÁ-LA A CONSTRUIR A AUTO-ESTIMA. 2. A LINGUAGEM DO AFETO. 3. COMO TRANSFORMAR O LAR EM UMA OFICINA DE CARINHO E APRENDIZAGEM. 12 - A SALA DE AULA E AS SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM A palestra procura desmontar a falácia de que a aula expositiva é a única forma de ministrar conteúdos. Apresentando os requisitos para se ministrar uma excelente aula expositiva, a palestra mostra uma série de outras estratégias que constituem “tipos de aulas diferentes e criativas” e que se organizam na conceituação de “Situações de Aprendizagem”. Embora essa palestra possa ser ministrada em apenas um período, é interessante apresentá-la em dois, desenvolvendo a teoria no primeiro e os experimentos práticos com toda equipe docente no segundo.
  • 30. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 13- COMO DESENVOLVER EM UMA ESCOLA PÚBLICA, UM ENSINO DE QUALIDADE A abordagem do tema busca desmistificar a crença de que alunos carentes e sem amparo familiar eficiente aprendem com mais dificuldade que alunos em outras situações. Mostrando o significado de “Resiliência” e as linhas através das quais essa teoria pedagógica permite ensino eficiente, busca-se mostrar quais ações são viáveis para que o professor possa privilegiar alunos resilientes com aulas dinâmicas, currículos objetivos e avaliações significativas. Palestra recomendada para escolas públicas da rede municipal, estadual ou federal de diferentes níveis. TEXTOS Por que as crianças se estressam? É lamentável, mas não é difícil compreender as razões que amplificam o estresse infantil. Para os pais, a competência dos filhos expressa a redução da culpa e da ansiedade deles mesmos. Se as coisas não vão bem nos negócios e no emprego e não se tem domínio sobre os mecanismos dessa mudança, e se as relações pessoais se desgastaram pela repetitividade da rotina, nada melhor que se forçar a competência da ou das crianças para expiação da culpa e da ansiedade. Para o marketing e o mundo dos negócios, a ansiedade pela competência infantil representa dinheiro, e muito dinheiro. São brinquedos novos que se criam, softwares novos que inventam, livros de auto-ajuda que vendem. Para o sistema educacional, por sua vez, a competência infantil representa mais alunos, mais e diferentes profissionais empregados, novas oportunidades de um filão jamais sonhado. A suntuosidade de certas escolas de educação infantil, com berçários que representam o último capítulo da evolução da engenharia e arquitetura, se
  • 31. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 rivalizam com shoppings modernos ou com novos templos que inventam novas seitas . E, isolado e perdido no centro de todas essas mudanças encontra-se a criança que, se pudesse, por certo faria pergunta crucial: “Tudo isso é necessário?” A criança moderna que pertence a classe média ou a classe rica sofre pressão por uma precoce aquisição intelectual e os pais são diariamente bombardeados por máximas que defendem a alfabetização quanto antes, o aprendizado mais cedo possível de uma língua estrangeira, o valor do envolvimento infantil em atividades esportivas diversificadas, o risco em não treinar os filhos no domínio precoce da matemática, na manipulação ansiosa do computador e tudo mais quanto se possa imaginar. Como se essas ações por si só não se mostrassem extremamente perversas para o desenvolvimento de uma verdadeira infância saudável, a pressão invade ainda o campo do vestuário, sugerido que mesmo antes da escola a criança vista-se com blusas de marca, tênis com grife, padrões estéticos “fashions”. Já não é mais novidade as linhas de equipamentos eletrônicos sofisticados para o mundo infantil, salões de beleza com sessões infantis, butiques finas especializadas na última moda, linha de cosméticos e perfumes que possam permitir diferenciar a criança que quer a mídia da criança que se quer criança. Seria imperdoável ingenuidade acreditar que essa tendência atual dos centros urbanos seja um modismo inconseqüente ou apenas uma forma esperta de capitalismo. Constitui crime imperdoável, desrespeitar-se o ciclo da vida e uma criança que é colocada como um adulto, não conquista pela embalagem que adorna seu corpo, o pensamento do adulto. O crescer pressupõe etapas lentas e lindas, e a ansiedade em antecipá-lo pode construir um fator de deformação que dificilmente se corrige. Quando uma criança veste-se como um adulto, busca inconsciente imitar comportamentos, ações e linguagens adultas e quando esta
  • 32. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 imitação desperta aplauso, ocorre uma quebra no ciclo biológico que começa pelo estresse e se não contido, só Deus sabe onde pode terminar. O dente de leite não cai porquê a mãe quer que o mesmo caia e nem cai no tempo que a mídia julga oportuno cair; cai quando o ciclo biológico determina sua queda, mas diferentemente de dentes de leite, os problemas emocionais não aparecem como produto de um ciclo, mas como ação consciente ou inconsciente de pais que aplaudem e anseiam pela precocidade de seus filhos. O AVESSO DA LIBERTAÇÃO PELAS TRILHAS DA IRONIA ou QUALQUER SEMELHANÇA É MERAMENTE PROPOSITAL. - Pois é Helena, liguei para contar as últimas novidades. Você sabia que a Malu criou em sua butique uma sessão infantil? Pois é, criou e está abafando. Existem fraldas descartáveis Armani que são uma graça, meiasinhas Weedbocks e até chupetas com a assinatura de Louis Vuitton. Dizem que o próximo passo será uma nova linha de cosméticos importados para bebês de até seis meses e que no próximo verão já se está pensando lançar uma notável linha de celulares, palms e computadores infantis que receberão a grife “My first Bony”. Não vejo a hora de lançarem piteiras infantis e só acho horrível essa incapacidade humana de somente engravidar na adolescência... © CELSO ANTUNES Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste website e dos textos contidos nele poderá ser reproduzida ou transmitida sem a devida citação da fonte por qualquer forma e/ou qualquer meios (eletrônico ou mecânico, incluíndo fotocópia ou gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita do autor. A disciplina em sala de aula Outro dia esperava pacientemente na fila minha vez de ser atendido, quando um outro cidadão, sem mais nem menos, se interpôs à frente e pretextando ser amigo
  • 33. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 de um dos “pacientes” que a minha frente aguardavam, insurgiu-se w li se instalou, deixando lá trás um mundo de resmungos. Minutos depois, esperávamos todos o elevador chegar e mal a porta se abriu uma matilha alvoroçada ingressou no mesmo, atropelando os que de lá saiam. Não demorou muito, aguardava a hora de embarque e tão logo foi feita a chamada para o vôo, uma porção de passageiros desesperados amontoaram-se à frente, deixando crianças, idosos e deficientes, com suposta preferência, entrarem por último. Sorte que os lugares eram marcados e assim não coube aos primeiros o privilégio da escolha. Entrei no vôo por último, suspirando aliviado e pensando minha sorte em não estar buscando lugar no metrô, que disputa com maior sofreguidão bem mais passageiros. Confesso que não me habituo a essa rotina agressiva e acho muito estranho tudo isso, recordando-me de tempos atrás quando havia uma coisa civilizada chamada “fila” que, agora, parece ter desaparecido. Nada de surpreendente no que acima se relata. Não há morador de cidade grande ou média que não percebe essa evidência, que não sabe de pai que vai a escola reclamar da falta de disciplina e atira cascas de frutas pela janela ou estaciona em mão dupla. Ser empurrado, levar cotovelada, tapa na orelha e xingamento tornou-se comum e quem desejar ficar livre desses assédios que não tente sair de casa. Ou se aprende a empurrar ou se é empurrado cada vez mais. Nada disso parece causar estranheza, mas por paradoxal que possa parecer, existem os que ficam surpreendidos com o avolumar da indisciplina em sala de aula. A sala de aula é e sempre foi um espaço que expressa continuidade da vida, reflexo do entorno. Se assim não for, não será sala de aula verdadeira, não permitirá que o aluno contextualize em sua existência os saberes que ali aprende. Ora se a sala de aula é reflexo da sociedade e se a sociedade urbana perdeu noção de compostura e disciplina, como esperar que a escola transforme-se em um aquário social, tornando-se diferente da rua? Se aqui se fechasse esta crônica, ficaria por certo uma questão essencial. Quer dizer então que não adianta
  • 34. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 combater a indisciplina em sala de aula, uma vez que este espaço reproduz a ausência de disciplina que campeia pelas ruas? A resposta é claramente negativa. É essencial que se restaure a disciplina em sala de aula, que se faça desse valor um objetivo a se perseguir, não para que a sala se isole da sociedade e também não para que a aula do professor fique mais confortável, mas antes para que ali ao menos se aprenda como tentar modificar o caos urbano que o desrespeito social precipitou. Mas, como fazer isso? Em primeiro lugar transformando-se a disciplina em um “valor”. Isto é, fazendo com que seja a mesma vista como uma qualidade humana, imprescindível à convivência e fundamental para as boas relações interpessoais. A disciplina não pode, jamais, chegar ao aluno como uma ordem, um castigo, um imperativo que partindo do mais forte, dirige-se ao oprimido em nome de seu conforto pessoal, mas como “produto” de debate, reflexão, estudo de caso e análise onde se descobre a hierarquia de povos disciplinados sobre clãs sem mando ou sobre sociedades oprimidas. A Literatura, a História e a Geografia podem se transformar em espelhos que refletem que a disciplina que se busca não é apenas a que se vê na relação professor x aluno, mas toda aquela que leva um povo à vitória, um ideal à concretização. Depois de uma ampla sensibilização sobre a disciplina enquanto valor humano cabe uma franqueza cristalina na discussão de regras, princípios, normas e fundamentos que são essenciais a todos, ainda que funções diferentes impliquem em regras não necessariamente iguais. Qual a disciplina ideal na opinião dos alunos? Qual na opinião dos professores? Quais regras são boas para todos e quais sanções cabem a quem não as cumpre? Esse diálogo não deve valer somente para se sensibilizar a classe sobre o valor da disciplina, mas para formalizar verdadeiro “contrato” que unindo interesses, exigirá reciprocidade. Em terceiro lugar um sincero convite para que todos os membros da comunidade – alunos, pais, professores, inspetores, serventes, etc. – ajudem a escola a
  • 35. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 construir os valores que objetiva. Que se mostre o que a sala de aula está fazendo e o que espera que faça o cidadão, que se busque algumas simples regras para a comunidade que uniformizando a solidariedade, sinaliza, para a construção de um ideal. É a oportunidade para mostrar que o belo e o bom não são questão de preço, mas ação comportamental de uma comunidade. É possível imaginar o efeito de um boicote de clientes contra a instituição pública ou privada que menospreze a disciplina? A construção de regras implica tacitamente na proposição de sanções quando de sua infringência, tal como no esporte o descumprir da regra implica na falta, e estas sanções necessitam menos castigar que orientar, menos punir e bem mais relevar o sentido e a significação de se viver em grupos. Isto mudará o mundo fora da escola, além do entorno e de sua comunidade? Ocorrerá a restauração da fila e o voltar do respeito? Impossível ter certeza, mas ainda sem ela fica a convicção de que se a comunidade não fizer da sala de aula o seu espelho, ao menos os alunos e mestres desta sala a transformarão em abrigo sereno que sonha transformar-se em pequenino modelo para uma comunidade melhor. © CELSO ANTUNES Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste website e dos textos contidos nele poderá ser reproduzida ou transmitida sem a devida citação da fonte por qualquer forma e/ou qualquer meios (eletrônico ou mecânico, incluíndo fotocópia ou gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita do autor. Saber fazer é bom, saber porque fazer é mais... Marilena me envia uma mensagem dizendo que aprendeu direitinho como desenvolver um Jogo de Palavras e que, agora, com segurança vai aplicar essa estratégia de ensino em suas aulas. A mensagem e o agradecimento me deixaram
  • 36. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 feliz, mas bastante preocupado. Feliz porquê descobri a intenção do elogio e a simpatia do aplauso. Agradeço, mas fico entristecido. Claro que quando sugeri como desenvolver o Jogo de Palavras pretendia que meus colegas pudessem aprendê-lo e tivessem vontade de colocá-lo em prática, o que, entretanto deixou- me angustiado foi o “direitinho” que Marilena escreveu. Não escrevo livros para que sejam lidos e que assumam minhas idéias de forma irrestrita, aceitem minhas propostas para fazê-las da maneira como fiz. Faça-os para que meus amigos ao ler, possam refletir, discutir, corrigir, analisar e, se superar suas incontáveis deficiências, fazê-las transformar-se em ação. O texto não é para ser engolido, mas mastigado, não pretende reprodução, mas transformação para que se ajuste a realidade que se tem, para que possa se contextualizar na aula que se quer ministrar. Quando relato uma experiência vivida ou assistida, esse relato possui um tempo e uma circunstância, e somente pode ser reproduzido “direitinho” para ter efeito positivo que um dia teve, se a aula que se dá fosse aplicada no impossível tempo em que ocorreu para impossíveis alunos, exatamente igual aos que a experimentaram. É por isso que a mensagem de Marilena me preocupou. Manuel Bandeira em um de seus poemas ensina que “faz versos como quem morre”, querendo com o mesmo falar, que os faz para inspirar sentimentos e despertar emoções e que estes sentimentos e emoções enviados ao leitor, possam agir sobre o mesmo e dessa forma fazer emergir sentimentos e emoções próprias que inspirará ações pessoais e intransferíveis. É exatamente nesse contexto que todo aquele que ensina alguém, transformando-o, efetivamente o ensina. Se recebermos uma mensagem e achamos que a mesma nos serviu, essa servidão será verdadeiramente autêntica se despertar reflexão e poder se fazer ação na realidade e no tempo que se busca agir. O aprender alguma coisa nunca se dá quando o objeto do saber permite integral reprodução. Se tal ocorre, não
  • 37. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 houve aprendizagem, ocorreu cópia, não se deu à assimilação, mas simples exercício de reprodução. Muito obrigado Marilena. Fico feliz com sua mensagem e percebo a linda sinceridade nesse agradecimento. Sinto que a franqueza de suas palavras atingiu minhas emoções e que, por isso, preciso ser professor melhor, ensinar meus alunos a nunca imitar o que faço, mas descobrir no meu fazer, uma sugestão para inspirar um fazer melhor, ajustado a uma realidade diferente. Não anseio cumprimentos, mas a crítica, não busco a descrição, mas a análise. Saber fazer é bom, mas saber porquê fazer é mais. Muito mais. © CELSO ANTUNES Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste website e dos textos contidos nele poderá ser reproduzida ou transmitida sem a devida citação da fonte por qualquer forma e/ou qualquer meios (eletrônico ou mecânico, incluíndo fotocópia ou gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita do autor. Deficiência - Bom tarde, senhor diretor. Matriculei meu filho em sua escola e, portanto, deixo-o a seus cuidados... - Bom tarde, senhor diretor. Matriculei meu filho em sua escola e, portanto, deixo-o a seus cuidados... - Agora vejo realmente que o senhor se engana. Meu filho não é deficiente visual, não há porque lhe ensinar a leitura em Braile... - Por favor, não se exalte. É que em nossa escola todos os alunos lêem em Braile e nenhum deles é deficiente auditivo. Como o sentido do tato estimula áreas de percepção cerebral, praticamos o Braile e o fazemos porque dessa forma estamos
  • 38. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 trabalhando a atenção e a criatividade. E, por falar nisso, na escola de onde vem seu filho, o senhor sabe se alguma vez sua atenção recebeu cuidados específicos? - Atenção? Não estou entendendo. O senhor está afirmando que nesta escola se ensina a atenção? - Ensinar, em verdade não ensinamos; mas desenvolvemos um projeto de estimulação sensorial e através do mesmo cuidamos da atenção e da concentração de nossos alunos. O senhor não imagina como é sensível o progresso e como os alunos em relativamente pouco tempo desenvolvem práticas expressivas de atenção e de concentração que interfere de forma extremamente positiva em seu rendimento escolar. Além disso, estamos empenhados em desenvolver um projeto de estimulação das memórias e fazer com que as mesmas sejam usadas significativamente por nossos alunos para de maneira mais sábia, melhor reter o que aprenderam... - Mas, espera lá. Com esses projetos todos, a sua escola não está roubando tempo precioso de permanência do aluno na escola e assim ensinando menos matemática e língua portuguesa, ciências e língua estrangeira? - Claro que não. Não negligenciamos a informação, mas nossa meta é sempre transformá-la em conhecimento e para isso estímulos sensoriais, projetos de ativação da motivação, memória e atenção são sempre muito úteis. Por essa razão, nossos professores ensinam os alunos a enxergar, pois existe imensa distância entre o ver e o olhar e não esquecemos de ensiná-lo a falar e não apenas a dizer, ajudá-lo progressivamente a escutar e não apenas ouvir... - Bem, senhor Diretor, agradeço sua gentileza e disponho-me em outro momento, com mais tempo mais aprender sobre sua escola. Agradeço sua atenção e imploro para que, efetivamente, a atuação de sua equipe ajude o Felipe a atenuar suas deficiências. Até logo.
  • 39. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 © CELSO ANTUNES Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste website e dos textos contidos nele poderá ser reproduzida ou transmitida sem a devida citação da fonte por qualquer forma e/ou qualquer meios (eletrônico ou mecânico, incluíndo fotocópia ou gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita do autor. Cérebro Adolescente Recentes estudos sobre o cérebro humano, realizados através das análises de imagens obtidas com a Ressonância Magnética Funcional, alteram a visão que se possuía sobre esse órgão promotor das ações humanas e entre todas essas mudanças, as que parecem intervir de forma mais direta sobre o que se pensa em educação diz respeito ao cérebro do adolescente. Não muito tempo atrás se afirmava que o cérebro humano apresentava-se extremamente plástico e mutável na infância, mas que se consolidava por volta dos doze anos e, dessa forma, o cérebro adolescente era praticamente igual ao cérebro adulto e as diferenças comportamentais entre ambos devia-se essencialmente a questão hormonal. Hoje sabemos que os hormônios contam – e muito – na intempestividade adolescente, mas pode a mesma ser ampliada pelo amadurecimento do córtex pré-frontal. Não parece importar para a natureza destas considerações a essência biológica dessas mudanças, e sim de que natureza são, e de que forma pais e professores podem intervir de forma positiva visando uma ajuda. É sempre importante realçar que mudanças cerebrais ocasionam alterações comportamentais involuntárias e, dessa maneira, nenhum adolescente se transforma da forma como se transforma porque assim quer agir ou porque adora imitar colegas que assim agem, mas pela ação de processos orgânicos que não sabe explicar e não pode controlar. É por essa razão que bem mais útil que criticar e punir é compreender e ajudar.
  • 40. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 Assim considerando, relacionamos algumas mudanças que a neurologia já detecta e sugerimos algumas práticas que podem constituir cooperação expressiva. . 1- O cérebro das meninas desenvolve-se cerca de dois anos mais cedo que o cérebro de meninos e somente por volta dos vinte a vinte e dois anos é que esse desenvolvimento se equipara. Essa diferença claramente notada mostra que a maturidade chega bem mais cedo do lado das meninas e, muito antes que os meninos podem abrir mão de atento acompanhamento. De qualquer forma é sempre importante considerar o julgamento que o adolescente faz de si mesmo, respeitá-lo plenamente, ainda que sabendo que esse autojulgamento é sempre mais instável e, portanto, sujeito a bruscas alterações por parte dos meninos. Se a menina, entretanto, é coerente e mais cedo que o menino é também melhor arquiteta na capacidade em simular uma segurança que não sente e, por esse motivo, a presença do adulto sempre perguntando, interrogando, desafiando, propondo representa estratégia sutil de envolvimento e caminho sereno de abertura para “soltar” a vontade de falar e pedir orientação. É essencial que professores e pais ajudem os adolescentes a organizarem sua agenda, administrarem seu tempo e disponibilizarem-se em estar sempre prontos para ouvir, intervindo quando solicitado, mas é impossível esperar que a seriedade da condução dessa administração aconteça com igual intensidade em sexos diferentes; 2. De forma geral, no inicio da adolescência e até por volta dos 15 anos ainda crescem áreas cerebrais ligadas à linguagem, razão pela qual é a fase em que se percebe grandes progressos na capacidade de escrita e nos interesses pela leitura. Esse interesse, entretanto, estiola-se sem a ajuda de estímulos proporcionados por pais e professores que animem o adolescente à leitura, interrogue-os sobre o que estão lendo, despertem seus entusiasmos para a escrita, anime-os a organizar seus diários, que representam oportunidade excelente para acréscimo na qualidade da expressão e capacidade de reflexão
  • 41. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 através da conversa interior que tal prática impõe. Quando possível, é esse o grande momento para a aprendizagem de línguas estrangeiras. 3. O desenvolvimento lingüístico aumenta os “diálogos interiores” do adolescente e, dessa maneira, conversando muito e sempre consigo mesmo, preferem evitar conversas com pais e professores, fugindo de relatos sobre suas ações, pensamentos e julgamentos. É nessa hora que cresce a importância de se estimular o que mais se evita, abrindo espaços para que apareçam “bons papos”, longas conversas com adultos e estes, nessa oportunidade, devem menos aconselhar e mais ouvir. Quem sabe ouvir, sabe sugerir que o adolescente reflita sobre o que fala e “empurrado serenamente a essa ação” pode completá-la de maneira progressiva e consciente. Mais importante que a certeza de se mostrar “bons caminhos” é a serena ajuda no sentido de se ouvir o adolescente, propondo que ele próprio busque esses caminhos. 4. Cérebros em mudança são sempre sensíveis a palavras, mas são ainda mais sensíveis a exemplos. Se impossível fornecer exemplo permanente de ação digna e de pensamentos altruístas, que ao menos possa se exaltar essa qualidade, convidando o adolescente a refletir sobre a ação admirável de personagens que assiste no cinema ou na TV, sobre ídolos que edifica das boas leituras que faz. Fazê-los falar sobre entes que admiram, constitui uma forma coerente de legitimar um exemplo ainda que fictício. 5. As rápidas mudanças no córtex pré-frontal ocasionam intensa agitação que se manifesta pela extrema ousadia e imprudência geralmente associadas a comportamentos irresponsáveis, muito mais nas intenções que nas ações. Horrorizar-se diante de respostas dessa natureza de nada adianta, como adianta muito pouco buscar uma repressão direta. Em circunstâncias como essas é extremamente válido solicitar a ajuda na construção de regras consensuais e mostrar-se árbitro rigoroso em seu cumprimento. Uma coisa é o adolescente aceitar regra imposta pelo adulto, outra coisa é assumir os efeitos
  • 42. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 e sanções das regras que ele próprio foi chamado a construir. Ainda que se rebele com palavras, todo adolescente admira o adulto coerente, firme ao exigir o que sabe de sua parte cumprir. Pais e professores que facilmente se aborrecem com a imprevisibilidade adolescente, aborrece-se também com a imaturidade de certos patrões ou com a instabilidade de certos amigos, mas por serem patrões ou por acreditarem que importa preservar a amizade, sabem ceder e com tolerância compreender o outro. Quem sabe aceitar os desatinos de um patrão em nome do emprego que não pode perder e sabe aceitar as esquisitices de um amigo que adora preservar, sabe adaptar-se a um adolescente que muito mais que patrões e amigos vivem momentos involuntários de oscilações, que clamam por compreensão e amor. © CELSO ANTUNES Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste website e dos textos contidos nele poderá ser reproduzida ou transmitida sem a devida citação da fonte por qualquer forma e/ou qualquer meios (eletrônico ou mecânico, incluíndo fotocópia ou gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita do autor. Cérebro Adolescente Recentes estudos sobre o cérebro humano, realizados através das análises de imagens obtidas com a Ressonância Magnética Funcional, alteram a visão que se possuía sobre esse órgão promotor das ações humanas e entre todas essas mudanças, as que parecem intervir de forma mais direta sobre o que se pensa em educação diz respeito ao cérebro do adolescente. Não muito tempo atrás se afirmava que o cérebro humano apresentava-se extremamente plástico e mutável na infância, mas que se consolidava por volta dos doze anos e, dessa forma, o cérebro adolescente era praticamente igual ao cérebro adulto e as diferenças comportamentais entre ambos devia-se
  • 43. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 essencialmente a questão hormonal. Hoje sabemos que os hormônios contam – e muito – na intempestividade adolescente, mas pode a mesma ser ampliada pelo amadurecimento do córtex pré-frontal. Não parece importar para a natureza destas considerações a essência biológica dessas mudanças, e sim de que natureza são, e de que forma pais e professores podem intervir de forma positiva visando uma ajuda. É sempre importante realçar que mudanças cerebrais ocasionam alterações comportamentais involuntárias e, dessa maneira, nenhum adolescente se transforma da forma como se transforma porque assim quer agir ou porque adora imitar colegas que assim agem, mas pela ação de processos orgânicos que não sabe explicar e não pode controlar. É por essa razão que bem mais útil que criticar e punir é compreender e ajudar. Assim considerando, relacionamos algumas mudanças que a neurologia já detecta e sugerimos algumas práticas que podem constituir cooperação expressiva. 1. O cérebro das meninas desenvolve-se cerca de dois anos mais cedo que o cérebro de meninos e somente por volta dos vinte a vinte e dois anos é que esse desenvolvimento se equipara. Essa diferença claramente notada mostra que a maturidade chega bem mais cedo do lado das meninas e, muito antes que os meninos podem abrir mão de atento acompanhamento. De qualquer forma é sempre importante considerar o julgamento que o adolescente faz de si mesmo, respeitá-lo plenamente, ainda que sabendo que esse autojulgamento é sempre mais instável e, portanto, sujeito a bruscas alterações por parte dos meninos. Se a menina, entretanto, é coerente e mais cedo que o menino é também melhor arquiteta na capacidade em simular uma segurança que não sente e, por esse motivo, a presença do adulto sempre perguntando, interrogando, desafiando, propondo representa estratégia sutil de envolvimento e caminho sereno de abertura para “soltar” a vontade de falar e pedir orientação. É essencial que professores e pais ajudem os adolescentes a organizarem sua agenda, administrarem seu tempo e disponibilizarem-se em
  • 44. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 estar sempre prontos para ouvir, intervindo quando solicitado, mas é impossível esperar que a seriedade da condução dessa administração aconteça com igual intensidade em sexos diferentes; 2. De forma geral, no inicio da adolescência e até por volta dos 15 anos ainda crescem áreas cerebrais ligadas à linguagem, razão pela qual é a fase em que se percebe grandes progressos na capacidade de escrita e nos interesses pela leitura. Esse interesse, entretanto, estiola-se sem a ajuda de estímulos proporcionados por pais e professores que animem o adolescente à leitura, interrogue-os sobre o que estão lendo, despertem seus entusiasmos para a escrita, anime-os a organizar seus diários, que representam oportunidade excelente para acréscimo na qualidade da expressão e capacidade de reflexão através da conversa interior que tal prática impõe. Quando possível, é esse o grande momento para a aprendizagem de línguas estrangeiras. . O desenvolvimento lingüístico aumenta os “diálogos interiores” do adolescente e, dessa maneira, conversando muito e sempre consigo mesmo, preferem evitar conversas com pais e professores, fugindo de relatos sobre suas ações, pensamentos e julgamentos. É nessa hora que cresce a importância de se estimular o que mais se evita, abrindo espaços para que apareçam “bons papos”, longas conversas com adultos e estes, nessa oportunidade, devem menos aconselhar e mais ouvir. Quem sabe ouvir, sabe sugerir que o adolescente reflita sobre o que fala e “empurrado serenamente a essa ação” pode completá-la de maneira progressiva e consciente. Mais importante que a certeza de se mostrar “bons caminhos” é a serena ajuda no sentido de se ouvir o adolescente, propondo que ele próprio busque esses caminhos. 4. Cérebros em mudança são sempre sensíveis a palavras, mas são ainda mais sensíveis a exemplos. Se impossível fornecer exemplo permanente de ação digna e de pensamentos altruístas, que ao menos possa se exaltar essa qualidade, convidando o adolescente a refletir sobre a ação admirável de
  • 45. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 personagens que assiste no cinema ou na TV, sobre ídolos que edifica das boas leituras que faz. Fazê-los falar sobre entes que admiram, constitui uma forma coerente de legitimar um exemplo ainda que fictício. 5. As rápidas mudanças no córtex pré-frontal ocasionam intensa agitação que se manifesta pela extrema ousadia e imprudência geralmente associadas a comportamentos irresponsáveis, muito mais nas intenções que nas ações. Horrorizar-se diante de respostas dessa natureza de nada adianta, como adianta muito pouco buscar uma repressão direta. Em circunstâncias como essas é extremamente válido solicitar a ajuda na construção de regras consensuais e mostrar-se árbitro rigoroso em seu cumprimento. Uma coisa é o adolescente aceitar regra imposta pelo adulto, outra coisa é assumir os efeitos e sanções das regras que ele próprio foi chamado a construir. Ainda que se rebele com palavras, todo adolescente admira o adulto coerente, firme ao exigir o que sabe de sua parte cumprir. Pais e professores que facilmente se aborrecem com a imprevisibilidade adolescente, aborrece-se também com a imaturidade de certos patrões ou com a instabilidade de certos amigos, mas por serem patrões ou por acreditarem que importa preservar a amizade, sabem ceder e com tolerância compreender o outro. Quem sabe aceitar os desatinos de um patrão em nome do emprego que não pode perder e sabe aceitar as esquisitices de um amigo que adora preservar, sabe adaptar-se a um adolescente que muito mais que patrões e amigos vivem momentos involuntários de oscilações, que clamam por compreensão e amor. © CELSO ANTUNES Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste website e dos textos contidos nele poderá ser reproduzida ou transmitida sem a devida citação da fonte por qualquer forma e/ou qualquer meios (eletrônico ou mecânico, incluíndo fotocópia ou gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita do autor.
  • 46. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 A AJUDA DOS PAIS PARA CRIANÇAS QUE COMEÇAM A APRENDER A LER (para pais e educadores) A tarefa de alfabetizar uma criança é atividade para profissionais. Somente a escola e somente bons professores sabem escolher método mais atualizado, conhecem os saberes infantis no contexto escolar e, dessa forma, podem alfabetizar com segurança. Uma ajuda realizada por pessoas estranhas ao método pode representar mal não menor, que a de alguém que sem preparo específico em uma sala cirúrgica pensa que pode atuar. É por essa razão que quando pais e mães, tios e avós sentem que podem ajudar uma criança a aprender a ler, o que de melhor devem fazer é procurar a escola e com os profissionais da alfabetização, descobrir caminhos em que a intervenção efetivamente colabore. Quando, entretanto, essa possibilidade não se mostra tangível, é importante conhecer alguns procedimentos que ajudando a criança a se envolver com o universo do letramento, em nada atrapalha seu processo de alfabetização e pode ainda positivamente contribuir para que, aprendendo na escola, torne-se leitora melhor. Entre esses procedimentos, julgamos interessante sugerir: • Na entrada da casa, mostre que o mundo da leitura se faz presente no catálogo telefônico que ali, por acaso se acha; em um calendário eventualmente pendurado na parede, quem sabe mesmo neste ou naquele quadro que ainda que não tenha palavras, suscita a vontade de saber se é ou não assinado, quem é seu autor. Inserir a criança no mundo do letramento é ajudá-la descobrir que existem palavras em toda parte e que estas expressam indicações, idéias, orientações. Não é essencial que “se traduza” para a criança a palavra que ali está, mas que possa tornar-se
  • 47. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 aventureira no desafio de perceber como a sociedade cerca-se de palavras escritas e como é importante na escola aprendê-las. • Outro espaço de valor inestimável para essa imersão infantil no mundo da palavra é a cozinha sempre rica em receitas, produtos com rótulos, eletrodomésticos com embalagens ou com dizeres que representam continuidade nesse percurso de descoberta. Não é necessário que esse passeio seja realizado em um só dia; ao contrário é ainda mais útil que a curiosidade da criança, acesa em um aposento a leve perguntar coisas sobre palavras, impressas em rótulos, recados, decorações, etc. • Da mesma forma que a cozinha, também o banheiro sempre cheio de remédios, desodorantes, pastas e escovas de pentes, produtos capilares e outros, muito outros, se afiguram úteis.Não apenas o banheiro, mas também um escritório, uma sala de jantar ou mesmo um terraço exibe sempre imenso universo de coisas escritas que podem se prestar a desafios interessantes. É essencial que o acordar dessa curiosidade seja espontâneo e que os desafios não abriguem vontade de acerto. – O que será que está escrito aqui? Você acha que é isso mesmo? Será que não poderia ser outra coisa? Nesta oportunidade, a curiosidade da criança a motiva e uma forma infeliz de truncá-la é assumir o papel de sábio letrado que para cada pergunta, tem sempre uma resposta a oferecer. Uma ajuda sistemática; um pouquinho hoje, um retorno amanhã; um perpétuo ponto de interrogação sempre pronto para acender a vontade da busca toma em verdade pouco tempo e muito ajuda. Emília Ferreiro sempre destacou que dois mitos na alfabetização merecem cair: o primeiro é de que a alfabetização se encerra na escola e o segundo é de que basta a um adulto saber ler, para que possa a uma criança ensinar a ler. Verdadeiros profissionais não se substituem, mas aceitam com carinho a proposta interessante de uma ajuda bem pensada.
  • 48. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 © CELSO ANTUNES Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste website e dos textos contidos nele poderá ser reproduzida ou transmitida sem a devida citação da fonte por qualquer forma e/ou qualquer meios (eletrônico ou mecânico, incluíndo fotocópia ou gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita do autor. O cérebro e a sala de aula Até os anos noventa do século passado pouco se conhecia sobre o cérebro humano e sua admirável capacidade de colher informações, transformando-as em conhecimento e de sua sagacidade em transferir experiências vividas ou apreendidas para solucionar novos desafios. O avanço das Ciências da Cognição e o desenvolvimento de novas técnicas de captação de imagens que nos permite ver a atividade cerebral enquanto ocorre e detectar com precisão quais a estruturas envolvidas, mudaram não apenas alguns conceitos médicos, mas interferiram sobre o que se conhece sobre aprendizagem e memórias e, dessa forma, como trabalhar saberes em sala de aula. A lista que aparece a seguir sugere algumas das interessantes conclusões sobre a mente humana e que devem ser levadas em consideração quando se ministra uma aula, seja qual for o nível de idade do aluno, ou os conceitos que se busca construir. 1. A educação infantil é tudo, o resto quase nada. O cérebro humano é capaz de aprender em qualquer idade, mas reveste-se de notável importância a educação que se recebe desde o nascer, até os primeiros anos de vida e o reconhecimento das agudas modificações cerebrais que se processam após a puberdade. 2. A imperativa certeza de que cérebro que não se usa é órgão que se perde.
  • 49. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 Uma pessoa normal nasce dotada de tecido cerebral complexo e com capacidade para diversificadas e múltiplas conexões, mas se esse tecido não é desafiado através de estímulos significativos que atingem a percepção sensorial e depois não se utiliza intensamente essa modificação, ocorre uma atrofia ou perda dessas funções. Em síntese, a escolaridade convencional pode ter limite, a aprendizagem jamais. 3. A plasticidade limitada e a flexibilidade das mudanças pela intervenção do mediador. Bebês ou crianças pequenas podem sobreviver ou se desenvolver mesmo com comprometimento de uma parte do cérebro, mas à medida que passam os anos, esta flexibilidade diminui e fica bem mais difícil compensar capacidades e funções perdidas. É importante que se preserve boas amizades por toda vida, mas a amizade imprescindível é a que, até os trinta anos, desafia, instiga, ousa. 4. A importância de estímulos procedimentais e de experiências concretas. A plasticidade cerebral que nos faz aprender admite que tudo quanto se assimila chega através de experiências concretas do sujeito sobre o objeto do conhecimento, mas chega também pela observação e constatação dos exemplos que se conquista dos modelos que se observa e com os quais a vida nos propõe conviver. Estímulos procedimentais não substituem estímulos experimentais, mas estes também não substituem aqueles. Ambos são imprescindíveis. 5. O reconhecimento pleno da individualidade e do talento humano. A complexidade das zonas e das redes neurais, cada uma orientada para capacidades bastante específicas, destaca que alguns indivíduos sejam dotados de potenciais e talentos muito acima da média dos demais e como as aptidões são relativamente independentes, ninguém é absolutamente bom em tudo que é necessário para bem viver, mas possui excelência em uma ou outra capacidade.
  • 50. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 A avaliação do ser humano não pode jamais se centrar em uma ou apenas algumas capacidades. 6. As sensíveis diferenças entre o homem e a mulher. Além de evidentes disparidades biológicas e de papeis sociais que em muitos pontos se opõe, o cérebro masculino e o cérebro feminino apresentam diferenças hemisféricas sensíveis que interferem na forma como percebem e como acolhem a compreensão e a relação da pessoa com o mundo. Em outras palavras, homens e mulheres podem fazer uma mesma leitura de seu tempo e de seus personagens, mas compreendem essa leitura de forma singularmente diferenciada. 7. O incrível papel das emoções na fixação de conhecimentos. Impossível deixar de reconhecer o imperativo papel da emoção no processo de aprendizagem e as pessoas com capacidade limitada em codificar emocionalmente suas experiências, apresentam problemas em reter e se transformar pela aprendizagem. Emoção não somente se ensina, mas sem a mesma pouco se aprende. Essa lista, muito longe de se acreditar completa, não pode ser vista com indiferença e nem mesmo como receita por este ou por aquele professor. Ao contrário, identificada como resposta da ciência pelo que hoje se sabe, deve transformar-se em instrumento de reflexão e imperativo de discussões entre toda equipe docente. © CELSO ANTUNES Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste website e dos textos contidos nele poderá ser reproduzida ou transmitida sem a devida citação da fonte por qualquer forma e/ou qualquer meios (eletrônico ou mecânico, incluíndo fotocópia ou gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita do autor.
  • 51. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 As três pistas - Bom dia, Rogério. Estou procurando uma escola para a Marcella, minha filha, e como me contaram que você adora a escola em que estuda o seu filho gostaria de saber as razões de tanto elogio. O que essa escola tem de especial? - É verdade, Alfredo. A escola em que estuda meu filho Gabriel é, realmente, extraordinária e com imenso prazer a indico. Não é uma escola com extraordinários recursos e nem mesmo se destaca pelas promessas de projetos mirabolantes, mas todos os dias percebo em meu filho os três indícios seguros de que acertei na escolha e que o matriculei em uma escola de primeira linha... - E você poderia me contar quais são esses indícios? Quais as “pistas” devo observar na hora de ter a certeza de que matriculei a Marcella na escola certa? - Claro. A primeira pista, caro amigo, é a paixão de minha filha por sua escola. Ama seus professores, elogia suas aulas e sinto que cada vez mais amadurece e ama o ato intelectual de aprender pelo trabalho, desafiar-se em cada dia saber mais. Converso com a Marcella todos os dias e não me iludo, sei que ela gosta das amizades, ama os colegas e adora as brincadeiras, mas quanto o assunto se esparrama pelas atividades é ainda com mais entusiasmo que relata seu dia, comenta os projetos que desenvolve, sente a matéria que aprende nas notícias que lê, na novela que assiste, no Shopping que, de vez em quanto, vai com a mãe. A Marcella desenvolveu a capacidade de descobrir que o ato do aprender é tão natural quanto o de saborear uma gostosa fatia de pizza e que as disciplinas na escola a fazem cada vez mais intervir no mundo... - Tudo bem. Mas, qual a segunda pista? - A segunda pista, observo ao deixar minha filha na escola, quando encontro aqui e ali um ou outro de seus professores ou quando participo de reuniões. Esses profissionais, Alfredo, amam o que fazem, “vestem a camisa da escola” com paixão, sentem-se valorizados em sua profissão e com orgulho falam de seus progressos. Em um primeiro olhar parece ser fácil confundir quem ama o que faz e
  • 52. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 quem é treinado para demonstrar esse sentimento, mas quando se está atento aos detalhes, a clareza dessa percepção é indiscutível. A Direção da escola é presente, atenta, permanentemente “ligada” e sabe fazer de seus professores uma verdadeira equipe, animando seus progressos, estimulando-os a se desafiarem, ajudando-os a vontade de crescer sempre. - E a terceira razão, Alfredo, você pode até estranhar um pouco, mas se bem compreendida não é menos importante que as duas primeiras... - E qual é essa terceira razão? - Eu noto que na escola, Marcella que ainda não completou dez anos apaixonou- se pela política. Mas, curiosamente, essa paixão nada tem a ver com partidos ou opções ideológicas, mas é impressionante como a coesão dos professores despertou em minha filha o exercício do direito à palavra e o sentimento de intolerância às injustiças. Custei para descobrir que esse jeito de Marcella fora adquirido através das aulas que assistia, conquistado nos debates que participava. Algumas vezes encantado, outro até mesmo incomodado com seu espírito crítico, percebo lá em casa como crescia sua indignação e como não se calava quando sentia que alguma injustiça se propunha e que sabia pelas revistas que lia, jornais que buscava, programas que assistia. Enfim, Alfredo, sinto em minha filha crescer a olhos vistos a admiração pela escola em que está matriculada. Com prazer, tenho a certeza que notará o mesmo em seu pequeno Gabriel. © CELSO ANTUNES Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste website e dos textos contidos nele poderá ser reproduzida ou transmitida sem a devida citação da fonte por qualquer forma e/ou qualquer meios (eletrônico ou mecânico, incluíndo fotocópia ou gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita do autor.
  • 53. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 As Disciplinas escolares e a radiografia da notícia À medida que se avança nos níveis de escolarização, diminui significativamente a participação da população negra e parda nos bancos escolares. Dados do I.B.G.E. indicam que negros e pardos representam 53,2% de total de alunos matriculados no ensino médio brasileiro, enquanto os brancos são 46,4% do total. A proporção muda bastante na pós-graduação, em que o índice de participação dos afrodescendentes é de 17%, enquanto os brancos somam 81,5% do total. O texto acima é, jornalisticamente falando, uma notícia, uma informação. É um resumo publicado em uma revista ou em um jornal. Apanhemos essa informação, ou outra qualquer extraída da mesma fonte, e a levemos para uma sala de aula. O desejo de transformar essa informação em conhecimento é preocupação em situar essa notícia dentro de uma estrutura sistemática, de uma teoria científica. Essa preocupação torna assim necessário transformar alunos em estudantes e como em princípio nada sabem sobre as disciplinas escolares é natural que se sintam confusos e precisam da ajuda de seus professores. Se essas disciplinas são apresentadas apenas como um conjunto de fatos, conceitos ou teorias a serem confiadas à memória, irão permanecer na ignorância da razão essencial de cada disciplina. É assim essencial que a notícia acima posa ajudar os alunos a descobrirem que especialistas diferentes possuem olhares diferentes.
  • 54. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 Como é a notícia acima para o matemático? E para o historiador? Como a percebe o geógrafo? Como pode trabalhá-la o especialista em Língua Portuguesa? Essa notícia pode ser explorada em uma aula de Educação Física? Como torná-la percebida em uma Língua Estrangeira? Todas essas e ainda muitas outras questões deveriam ser trabalhadas em cada disciplina, pois os fatos de uma notícia somente adquirem cores disciplinares quando são reunidos de uma certa maneira e colocados a serviço de uma teoria, estrutura ou seqüência. As disciplinas escolares são modos de pensar que permite a um praticante atribuir um sentido e uma lógica ao mundo através de processos específicos. Em síntese são maneiras com que os especialistas analisam e explicam os fenômenos do mundo. Apresentadas essas discussões, voltemos a informação acima. O professor de História, por certo se concentrará nas razões das diferenças sociais e étnicas explicadas pela notícia e buscará nas raízes escritas em nosso passado uma explicação e se aventurará em prováveis conseqüências; o professor de Geografia anotará na realidade dos dados os contrastes do país e suas implicações no desequilíbrio que toda igualdade social aqui e outras partes pode ocasionar. O professor de Artes sentirá que essa informação necessita ser mostrada através de linguagem não verbal e assim buscará reproduzi-la na em um outro veículo e com isso buscará através da música, colagem, dança ou desenho formas de captar o fenômeno. Fará uma sensível análise do tema, sobretudo se ajudado por um professor de Educação Física, especialista em descobrir linguagens nos movimentos corporais. Uma informação sobre afrodescendentes e seu nível de escolarização poderá parecer distante a um professor de Matemática, mas se perceber bem verificará que é a frieza dos dados numéricos que confere veracidade à notícia e que os mesmos podem se tornar mais facilmente percebidos se olhados através de proporções ou de estruturas gráficas, com sua insinuante
  • 55. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 geometria. Aos especialistas em Ciências Físicas e Biológicas, a notícia saberá mostrar que na base biológica da espécie não existe razão que a exclusão dos dados revela e que o que parece ser natural em humanos nem sempre o é diante de classificações que a teoria evolucionista, explicada por Darwin, insiste em garantir. Um professor de Língua Portuguesa necessita de ferramentas para que seus alunos interpretem informações, captem entrelinhas, decodifiquem notícias, desconfiem de explicações minimalistas e dessa forma, possam analisar, comparar, descrever e sintetizar o texto. Em síntese: a notícia em si não parece ser de excepcional relevância e, nesse sentido, pode até ser esquecida pelos alunos. Mas se a informação, atropelada por outras tantas que a cada momento surgem pode ir sendo apagada da memória, a prática de exercícios como esse vez por outra desenvolvidos em sala de aula, mostra aos alunos a grandeza do currículo, a essência da educação e o papel de cada disciplina escolar. Não seria essa uma proposta para mostrar como se transforma informação em conhecimento e como se faz de um aluno um verdadeiro estudante? O sagrado e o profano na missão do professor - Aceita um bom café quentinho, menina? - Claro que aceito. Café em dia frio é coisa sagrada para mim? - Engraçada essa palavra “sagrada”. Pelo que sei, vem do latim “sacrare” e significa algo como prestar um serviço à Deus, realizar ato de fé ou cumprir preceitos de uma religião. Com o tempo, a palavra assumiu sentido mais amplo e cai bem até mesmo para saudar o cafezinho quente que estou oferecendo. - Pois é, Mestre, por incrível que possa parecer a palavra “sagrada” assumiu ares “profanos”, e desta maneira serve até para coisas que nada tem a ver com a religião. Interessante essa caminhada das palavras pelo tempo e as
  • 56. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 roupagens que pouco a pouco vão assumindo. Mas, parabéns seu café está realmente excelente... - Não sei Lúcia se posso concordar com você. Tenho sérias dúvidas se realmente é assim tão fácil separar o sagrado do profano, realmente sempre me pergunto se não existe algo de religioso no café que se serve, na laranja que brota no pé, no aroma que se desprende de suas flores. Mesmo no seu trabalho como professora, existem momentos de ação profana, nem por isso dispensáveis, e momentos de ação sagrada, e por essa razão imprescindíveis. - Não sei Lúcia se posso concordar com você. Tenho sérias dúvidas se realmente é assim tão fácil separar o sagrado do profano, realmente sempre me pergunto se não existe algo de religioso no café que se serve, na laranja que brota no pé, no aroma que se desprende de suas flores. Mesmo no seu trabalho como professora, existem momentos de ação profana, nem por isso dispensáveis, e momentos de ação sagrada, e por essa razão imprescindíveis. - E qual é esse lado, Mestre? - A certeza de que possui uma profissão imprescindível, de que de sua ação no cotidiano se constrói o mundo em que se viverá. A imensa fé e crença de que sem professores uma sociedade não inventa médicos ou engenheiros, não faz surgir arquitetos ou mecânicos. Impossível saber como será o futuro, mas é certo admitir que será da forma como os professores e sua fé imperdível em seu trabalho o construirá. Existe algo ao mesmo tempo mágico e divino na tarefa de ensinar e professor algum pode renunciar a essa imensa vontade e a fortaleza dessa crença, manifesta na renúncia do eu pelo outro em todo dia, no cuidadoso preparo de qualquer aula, na atenção a qualquer criança. O verdadeiro professor não pode ser guiado pela frieza de uma visão somente profana, mas também não pelo idealismo ingênuo de ser manipulado por sua crença autêntica...
  • 57. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 - O sagrado e o profano em uma só ação, em só ato e em uma só pessoa? - É isso aí, Lúcia! © CELSO ANTUNES Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste website e dos textos contidos nele poderá ser reproduzida ou transmitida sem a devida citação da fonte por qualquer forma e/ou qualquer meios (eletrônico ou mecânico, incluíndo fotocópia ou gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita do autor. Monólogo Ontem foi um dia maravilhoso. Descobri um novo amigo e nesse mundo onde cada dia menos valor se dá as boas amizades, essa descoberta sintetiza tesouro que se deve preservar com afeto. Um novo amigo não é produto que se compra, não representa artigo interessante que como novidade nas lojas, nos é empurrado pela propaganda, consumido pelo modismo. Esse novo amigo descoberto chama-se Alex é segundo me contou nasceu no Canadá, onde estudou e se profissionalizou em ramo de engenharia que por aqui, ainda, pouco se fala. Extremamente curioso interrogou-me sobre coisas do Brasil e sobre nossa maneira de pensar, surpreendendo-se com nossa alegria - que não se surpreende? - achando graça da forma como mostramos relativa indiferença a políticos corruptos ou a governantes prepotentes. Encantou-se com sua descoberta sobre a paixão do futebol e desejou saber como poderá no curto espaço de tempo que por aqui ficar, aprender o samba, fazer caipirinha e assobiar o ritmo do pagode. Respondi o que sabia, mas não deixei barato e tratei de devolver com igual intensidade o monólogo a que me submeteu. Perguntei tudo a que tinha direito e até o que não tinha e depois de horas de papo e degustação de cachaças, despedimo-nos felizes descobrindo que novos encontros são imprescindíveis para que nos conheçamos melhor. Afinal, brasileiros e
  • 58. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 canadenses são gentes diferentes e possuem maneiras originais de viver e de pensar. É bom fazer amigos, melhor ainda descobri-los diferentes. A amizade por certo perderia graça se todas as pessoas fossem iguais e se ao perceber o outro, encontrássemos espelho. Essa é uma verdade que parece tão cristalina que é de se estranhar que até hoje nenhum poeta dos que aprendi, falaram que a diferença constitui o alicerce da amizade, os fundamentos do afeto, a certeza da alegria de viver. Adorei poesias sobre a amizade, enternece minha alma, versos sobre o amor, mas creio que amizade e carinho nos tornam humanos porque adoramos encontrar nos outros o que em nós mesmos inutilmente buscamos. Hoje conheci Alexandre. Alexandre Santos de Guimarães tem 12 anos incompletos e sabe de cor o nome de todos os mais de duzentos animais de seu álbum de figurinhas. Sabe além dos nomes os seus hábitos e suas excentricidades. Assim como possui memória privilegiada para o que gosta, conhece números primos até mais de seis mil, mas nada entende de relações humanas. Não aprende a lidar com pessoas, não percebe a ironia, não entende a mais simples anedota e não imagina que é possível alguém sorrir de alguma coisa mesmo sem achar qualquer graça. Sente- se verdadeiramente feliz quando fica sozinho, repetindo as tabelas que com incrível facilidade é capaz de decorar. Alexandre Santos Guimarães é portador da síndrome de Asperger, uma forma diferenciada de autismo. Alexandre provavelmente não consegue entender porque sendo diferente de outros garotes de 12 anos é considerado portador de dificuldades especiais e precisa de recursos específicos para que possa ser incluído. Alex é diferente, é meu amigo e é bem vindo em meu mundo, Alexandre é igualmente diferente, gostaria de ser seu amigo, mas jamais poderá ser aceito além de seu próprio mundo.
  • 59. _________________________________________________________________________ QND 47 LOTE 13 – 3º ANDAR – TELEFONE: 3354.8469/3355-3258 © CELSO ANTUNES Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste website e dos textos contidos nele poderá ser reproduzida ou transmitida sem a devida citação da fonte por qualquer forma e/ou qualquer meios (eletrônico ou mecânico, incluíndo fotocópia ou gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita do autor. Analfabetismo funcional Caio acabou de completar dez anos. “Já está completamente alfabetizado!” Garante orgulhoso, seu pai. Um dia, resolvo aferir. Chamo-o a minha sala onde sobre a mesa quatro revistas de atualidades se esparramam. Passo então a tarefa: - Caio, por favor, leia em voz alta para mim o nome das revistas! - Ah, isso é fácil. Olha atentamente para cada capa e depois de algum tempo, soletra: VE-JÁ, É- PO-CA, CA-R-TA, ISTO E. Esquece o acento na última, mas olha orgulhoso para mim. - Parabéns, Cássio. Vejo que você já sabe ler o nome dessas revistas. Diga, agora, o que significam esses nomes? Não entendeu a pergunta. Insisti: - Por quê são nomes de revistas? Não poderiam, por exemplo, serem nomes de uma borracharia, uma lanchonete, um salão de barbeiros? Achou que sim, sua alfabetização não permitia atribuir significação ao nome. Sempre brincando, provoquei: - Caio, faça de contas que esses nomes ficam proibidos de serem usados, mas os redatores querem um nome semelhante! Que nomes dariam? Não entendeu a pergunta, não sabia o que era “redator”, não imaginava que “semelhante” seria o mesmo que “igual”.