O documento discute a teoria do cérebro triádico de Paul Maclean, que divide o cérebro em três partes funcionais: o cérebro reptiliano, responsável por comportamentos básicos de sobrevivência; o sistema límbico, responsável por emoções; e o neocórtex, responsável por funções cognitivas superiores. A neuropedagogia propõe educar de forma equilibrada essas três partes do cérebro para um desenvolvimento integral.
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NEUROPSICOPEDAGOGIA TRICEREBRAL
As revolucionárias ciências da mente não surgiram necessariamente
para resolver a complexa problemática da aprendizagem humana. Mas, à
medida que deslindam os intricados mecanismos cerebrais, fornecem-nos
elementos para operarmos no campo educacional/pedagógico.
A Neuropedagogia nasce no bojo das concepções holísticas, de
maneira que se constitui numa visão integradora, transdisciplinar, globalista,
oferecendo-nos inicialmente uma nova visão de mundo, de homem e
conseqüentemente de aprendizagem, pois esta sempre decorre da maneira
como concebemos o aprendiz.
Pensarmos a Neuropedagogia nesta ótica, implica trabalhar também
com instrumentos que favoreçam uma ação integrada, buscando uma prática
pedagógica que desenvolva e aperfeiçoe os processos mentais triádicos do
aluno, permitindo-lhe organizar conceitos, tomar decisões e implementar
ações em busca de resultados significativos.
ENFOQUE TRIÁDICO DA APRENDIZAGEM
A Neuropedagogia, movimento nascido das bases teóricas da
Cibernética Social e Proporcionalismo, ensina que a mente não percebe
apenas fragmentos, mas é capaz de captar a globalidade. Se alimentarmos
de forma adequada cérebro/mente do aprendiz, não há nada que não se
possa aprender. Sugere-se que há de se criar novos métodos educacionais
para o desenvolvimento do cérebro humano para seu melhor equilíbrio de
vida, pois o cérebro não existe só para pensar, como se acreditou durante
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muito tempo, mas sua função precípua é garantir, direcionar e regular o organismo
todo, para as metas de sobrevivência e reprodução. Conseqüentemente, é, também, a
meta da aprendizagem. Susan Greenfield, em seu livro “O Cérebro Humano”, (2000)
assegura: “o cérebro, seja quais forem sua forma, tamanho e complexidade, de
alguma” forma está associado, de modo fundamental, à asseguração da
sobrevivência”.
Dentre as várias propostas da tridimensionalidade do cérebro (Freud com o Id,
Ego e Super-ego; Piaget com o estágio sensório-motor, pré-operatório e operatório;
Mauro Torres e o córti-co-límbico-hipotalâmico, Saiba que I ) selecionamos a
proposta do “cérebro triúno” de Paul Maclean, para esclarecer os fundamentos da
proposta da Neuropedagogia. .
Para Maclean, o cérebro consta de 3 computadores biológicos
integrados, cada um com sua própria inteligência, sua própria subjetividade,
seu próprio senso de espaço e tempo, suas próprias funções motoras, de
memória, de comunicação e outras. Tudo se repete no todo e o todo está em
tudo. É um princípio do holograma.
• Reptílico = Parte interna do cérebro nos mamíferos, que se pode simplificar
dizendo que corresponde ao cerebelo que é o “único” cérebro dos répteis. É
responsável pelo comportamento agressivo de luta de reprodução e
sobrevivência, pelo estabelecimento de hierarquias sociais, (poder) e os rituais
correspondentes. Nele ocorrem também os padrões automáticos, os hábitos e as
rotinas.
• Sistema Límbico = 2ª camada do cérebro, onde se encontram, dentre outras,
as estruturas do tálamo e hipotálamo; comum a todos os mamíferos, é
responsável pela emoção, comportamento e controle do sistema nervoso
autônomo. Ë também conhecido como o cérebro do sentimento.
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• Neo-córtex = Camada mais externa e evoluída do cérebro, típica dos
mamíferos superiores e do homem: racionalidade, linguagem conceitual, verbal e
simbólico. É chamado de “cérebro inteligente”, mesmo porque, os seus neurônios
altamente especializados, lhe possibilita múltiplas tarefas simultâneas.
A inteligência, para Maclean, é um produto de esforços combinados
dos 3 cérebros do homem, destacando-se a estrutura do Sistema Límbico,
pois parece ser ele o determinante das atitudes da pessoa perante a vida. Ver
figura I
Fig. I Cérebro (visto de lado)
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Herdeiros da Cibernética Social e Proporcionalismo, trabalhamos com
sua proposta de cérebro triádico, que retoma e amplia as teorias anteriores,
acrescentando-lhes o que é próprio da sua visão, mas reforçando sempre a
linha educacional. Ver figura II .
Fig. II Cérebro( visto de trás )
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A R. Luria afirma, em seu trabalho “El cérebro en Acción” que os
processos mentais do homem, em geral, e sua atividade consciente, em
particular, sempre ocorrem com a participação das 3 unidades funcionais,
cada qual com seu papel, que sugere a integração e realização dos outros. A
seu respeito escreve Dr. Sanvito, da Faculdade de São Paulo: “ O
neuropsicólogo soviético A.R. Luria encara o cérebro como um sistema
dinâmico desdobrado em três blocos funcionais. A postura luriana é contra
um enfoque localizacionista estreito e postula a abordagem do estudo do
cérebro dentro de um princípio de integração, baseada na idéia de que
processos psicológicos em larga escala operam em sistemas funcionais. Isto
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significa que qualquer lesão que determine uma deficiência numa capacidade
cerebral especifica atuaria determinando repercussões também no sistema”.
Os três blocos do cérebro luriano estão intimanente integrados e
cada um desempenha um papel especial na atividade psíquica. O primeiro
bloco esta relacionado a manutenção do tônus do córtex.
SAIBA QUE II
FUNÇÕES OPERACIONAIS
Para reforçar o desenvolvimento do lado comum operacional para os
professores, encontramos no livro Mentes em Desenvolvimento , Hebert Kohl,
1984, a seguinte citação : “O professor torna-se-á um especialista em
construção ; alguém que saiba como ajudar a reunir as habilidades e os
recursos para criar um todo funcional harmonioso ( integrado, é claro, com as
demais funções )” .
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leitura
escrita
comunicação
conhecimento
aritmética
cálculo
gramática
literatura
cuidados com a saúde
contacto com o meio
físico/animal
recortes
ativ./motoras
expressão corporal
planejamento
Utilização do dinheiro
brinquedo
dramatização
simbolização
oração
criatividade
música
ativ./artística
relacionamento
O segundo é responsável pelo recebimento, elaboração e conservação
da informação e finalmente o terceiro elabora os programas de
comportamento, responde pela sua realização e participa do controle de sua
execução.
Na verdade, a Educação pela e para a proporcionalidade dos três
segmentos do cérebro, é a base da educação do futuro. Façamos do futuro
nosso presente.
O próximo passo é um estudo comparativo entre cérebro triádico com
Piaget e a proposta da Antroposofia, do Rudolf Steiner , na próxima edição.
Conhecendo os três cérebros:
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Para você se conhecer e aquilatar o poder de seus três cérebros,
vamos oferecer um exercício que se chama o Revelador do Quociente Tricerebral
que foi estruturado por Waldemar De Gregori (in Construção Familiar-Escolar dos
Três Cérebros). O exercício consta de 27 itens em que você deve se auto-avaliar .
As notas obedecerão a escala de 1 (menor) a 5 (maior).
QT - Revelador do Quociente Tricerebral
01
Você confere os dados de uma passagem, de uma nota, de uma conta? Ao fim do dia, da
semana, de uma atividade, você faz revisão, avaliação?
02
Em seu quarto, em sua casa tem ordem? Costuma prever o onde, o quando, o como, o curso,
o resultado do que pretende fazer?
03
Você crê nalguma força maior, como o amor, a vida, alguma entidade superior? Você crê que
faz parte de um todo maior, invisível, espiritual?
04 Você anda alegre, gosta de brincadeira, piada, festa? Você é otimista apesar de tudo?
05
Numa discussão, você tem boas explicações, tem bons argumentos, sabe rebater? Sabe levar
adiante uma discussão com paciência?
06
Você tem pressentimentos, previsões ou sonhos que se cumprem? Você tem estalos, insights,
idéias luminosas, para resolver seus problemas?
07 No relacionamento afetivo você entra pra valer, com romantismo, com paixão?
08
Você fala bem em grupo, tem bom vocabulário, tem fluência e correção gramatical? Você sabe
convencer os outros?
09
Ao falar, você gesticula, você olha todas as pessoas, você movimenta bem e com elegância
todas as partes do corpo?
10
Você é capaz de pôr-se no lugar de outrem, de imaginar-se na situação de uma outra pessoa e
sentir como ela se sente?
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Diante de uma situação, você combina os prós e os contras, você faz diagnósticos realistas, faz
julgamentos bons, acertados?
12
Ao narrar algum fato você dá muitos detalhes, você gosta de descer às minúcias, aos
pormenores?
13
Quando compra ou vende, você se sai bem? Se tivesse um negócio, você teria êxito financeiro,
saberia ganhar e multiplicar dinheiro?
14
Você gosta de modificar a rotina do dia-a-dia, do ambiente? Você acha soluções criativas,
originais? Gosta de andar inventando?
15
Você controla seus ímpetos? Pára e pensa antes de agir? Pensa nas conseqüências antes de
agir?
16
Antes de tomar uma informação como certa, você se dedica a coletar mais dados, a ouvir o
outro lado, a averiguar as fontes, a buscar comprovação?
17
Como vão suas mãos em artesanato, consertos, uso de agulhas, facas, serrote, martelo,
ferramentas, jardinagem, habilidades manuais?
18
Frente a dificuldade, você tem capacidade de concentração, dedicação continuada, você tem
boa resistência, agüenta muito?
19
Na posição de chefe, você sabe dividir tarefas, calcular o tempo para cada coisa? Sabe dar
comandos curtos, exatos, e cobrar a execução?
20
Você gosta de decoração, arrumação de ambientes? Você se arruma bem? Você presta
atenção a um pôr-do-sol, a um pássaro, a uma paisagem?
21
Você tem atração por aventuras, por desbravar caminhos, por tarefas desconhecidas,
pioneiras, que ninguém fez antes?
22
Você se autoriza a questionar pessoas e informações de TV, jornal, de política, religião,
ciência, e denunciar seus interesses disfarçados?
23
Você consegue transformar seus sonhos e Idéias em fatos, em coisas concretas? Seus
empreendimentos, suas iniciativas, progridem e duram?
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Você fica imaginando o que poderá acontecer no ano que vem, daqui a 10 anos, e nos
possíveis rumos dos acontecimentos
25
Você se dá bem com a tecnologia, gravador, máquina de lavar, calculadora, máquina
fotográfica, cronômetros e os botões da eletrônica.?
26
Você é rápido(a) no que faz? Resolve logo? Termina bem o que faz e no prazo certo? Seu
tempo rende mais que o de seus colegas?
27
Quando se comunica, você usa números, medidas, estatísticas, matemática, além do
palavrório popular?
Vamos, agora, à apuração e interpretação do exercício.
1. Some as notas de todos os retângulos e escreva o escore no retângulo que
está no hemisfério esquerdo do cérebro; some também as notas de todos os
triângulos e ponha o resultado no triângulo do cérebro; some as notas dos círculos
e ponha a soma no círculo dentro do cérebro.
2. Observe os seguintes critérios :
2.1 A média está entre 28 e 35 pontos.
2.2 Abaixo de 28 é fraco, sendo 9 o mínimo.
2.3. Acima de 35 é forte, sendo o máximo 45 pontos.
2.4 Os três processos não podem ter pontos iguais, pois se anulam, sofrem de
impasse; nem mais de 07 pontos de diferença entre si pois ficam
desproporcionais.
2.5. Se o escore de um processo mental está muito abaixo de 27 pontos, ou seja,
baixando em direção ao 9, trata-se de atrofia, excepcionalidade negativa; se o
escore for acima de 35, aproximando-se de 45, trata-se de superdotado,
excepcionalidade positiva. É impossível ser superdotado nos três processos.
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2.6. Não dê muito valor aos resultados. Na primeira vez, as pessoas fazem
infravalorização ou supervalorização. É aconselhável passar a observar seus
processos mentais e ouvir o parecer de pessoas de sua convivência.
3. Comece pelo escore mais alto. Este é o processo mental onde você tem mais
êxito.
3.4. Se for o triângulo, a parte central do encéfalo, então você é pessoa prática,
organizada, com êxito no trabalho, nos negócios, é líder de ação
Localize o segundo escore mais alto. Tanto pode ser o lógico,
científico, como pode ser o intuitivo. Se o triângulo tiver o escore mais baixo,
então a luta pela sobrevivência, a vida prática não é seu campo preferido.
3.5. Se o escore mais alto for o do círculo, ou do hemisfério direito (límbico), você
é pessoa de sensibilidade, afetuosa, criativa, sonhadora. Se a segunda nota mais
alta for o triângulo, você tem os pés no chão; mas se for o lado lógico, você voa
longe da realidade: deve ser poeta ou místico.
3.6. Se o escore mais alto for o do retângulo, lógico, você age conscientemente, é
pensador, intelectual. Se sua 2ª nota for a do triângulo você raciocina em função
de sobrevivência; mas se sua segunda nota mais alta for a do círculo (processo
intuitivo) você é um teórico, um distraído.
3.7. Existem casos extremos, de um só processo afastar-se muito dos outros dois.
Nesse caso, existe a genialidade (típica de cada processo: cientista, artista,
realizador), aliada à esquisitice. São conhecidas as esquisitices dos sábios
(processo lógico); dos videntes, artistas e santos (processo intuitivo); e dos
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capitães de indústria, estadistas e generais (processo operacional). Neste caso,
existe a desproporcionalidade entre os três processos.
4. Feita a interpretação, cada pessoa identifica seu processo predominante e seu
campo de ação favorito (ciência, profissão, etc.) sem excluir os outros dois.
Mesmo dentro de seu processo predominante existem os outros dois processos,
pois aceitamos que cada porção do encéfalo seja polivalente, podendo assumir
funções das outras, até um certo ponto, o que significa que não há uma
localização rígida de funções cerebrais ou mentais.
4.1. O importante, entretanto, é a possibilidade de autocondução, de modificação
dos processos mentais. Depois da interpretação, cada um pode investir na
reeducação ou cultivo de determinados itens de um dos processos mentais, seja
para ficar proporcional aos outros, seja para distanciar os que têm pontos iguais,
seja para cultivar um item esquecido.
Tomada a decisão sobre o que se quer desenvolver, procuram-se os
meios, as técnicas correspondentes.Para tal, volte ao exercício de RQT,
verifique os itens que tiveram menor número de pontos (1 ou 2) e estabeleça
metas para seu desenvolvimento, explicitando, se possível, um tempo para
atingi-la, assim como estratégias para alcançá-la .
ANEXOS – RELATOS DE EXPERIÊNCIAS
1 - Treinamento para Creche - (2006)
A convite da Se um primeiro curso para uma Creche Municipal que
está sendo instalada, e cujas atividades se iniciaram no dia 03 de abril do
corrente ano. A proposta pedagógica, a ser construída pela equipe, conta
com a coordenação de Colandi Carvalho de Oliveira que trabalhará na linha
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de neuropedagogia: pedagogia baseada nos processos mentais da criança.
Visualizem algumas momentos do curso que contou com toda a equipe da
creche, num total de 22 cuidadores e que, na sua abertura, contou também
com a presença de várias autoridades municipais. cretária de Educação do
município de Pirenópolis, Goiás, foi ministrado
O trabalho de acompanhamento pedagógico da creche foi
desenvolvido durante o ano de 2006 com bastante êxito. Além de reuniões
mensais com professores e pais ocorreram outros eventos como: Palestra
sobre Alimentação para as crianças do berçário, proferida pela Doutora
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Márcia Agapito de Brasília e um curso de Jogos Infantis ministrado pelo
Academico de Educação Física Diogo de Carvalho. Avaliações foram feitas
durante o ano o que nos permitirá a continuidade em 2007. Na próxima
edição apresentaremos alguns dados relativos ao trabalho.
2 - Curso de Ensinagem-Tricerebral
A convite da ETESB, Escola Técnica de Saúde de Brasília, Colandi
Carvalho de Oliveira, e o prof. Waldemar de Gregori, estão ministrando um
curso para os novos docentes da instituição, objetivando capacitar os
professores, específicos da área de saúde, para um fazer educacional mais
competente e globalizado.
( anos anteriores) CURRÍCULO GLOBAL PARA PRÉ-ESCOLA:
PLANETINHA JARDIM DE INFÂNCIA
COLANDI CARVALHO DE OLIVEIRA. MsC em PSICOPEDAGOGIA
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INTRODUÇÃO
“A vida é um convite a participar”... Como esta sempre foi a diretriz da minha
vida, empreendi uma caminhada, há anos, com um grupo de educadores
(pais e professores) com vistas a operacionalizar uma proposta de educação
pré-escolar, que chamávamos de “uni-global” e um currículo denominado
“currículo da vida”.
Para tanto, trabalhávamos em três dimensões ou três entradas: a teórica ,
relativizando o instrumental da Cibernética Social para educação infantil; a de
sensibilização, buscando um envolvimento mais efetivo dos educadores com
o projeto; e a prática que se propunha inovadora e que decorreria do
compromisso de todos para um novo fazer educacional e mudança social.
OBJETIVOS:
Discutir e avaliar, com educadores interessados, uma proposta de educação
global em nível de pré-escola, para divulgação da mesma assim como
possíveis redirecionamentos
DESENVOLVIMENTO:
Um grupo de educadores e alguns pais que buscavam uma nova
escola para seus filhos elaborou uma proposta-piloto, com base nos 14
subsistemas sociais, (referencial teórico, proposto pelo antropólogo brasileiro
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Rubbo Müller). Juntos, em seminários ou mutirões levantávamos
temas relacionados aos Subsistemas e que tinham a ver com a vivência da
criança no seu contexto familiar e comunitário. Propunham-se depois os
objetivos .
Neste início, a preocupação era como upayar ( conduzir para a libertação)
uma proposta tão desinstaladora, principalmente no seu aspecto institucional.
A solução encontrada foi o seu funcionamento no primeiro ano, fora do
sistema oficial. Passou a ser um centro para atividades recreativas.
Ao final dos 6 meses, convidamos nossa amiga e companheira Profa Nilze
Helena Cunha, de São Paulo, para um seminário com toda a equipe. O
produto desta semana de trabalho foi o delineamento da proposta com os
temas, objetivos e, principalmente, sugestões de atividades para seu
desenvolvimento.
Mais tarde, tais atividades foram retrabalhadas para os 3 blocos de funções
mentais: atividades lógico-racionais, atividades intuitivo-emocionais e
atividades práticas e operativas, incluindo aí as atividades gráficas e com
material. Esta proposta currricular interdisciplinar continuou sendo aplicada,
avaliada e redirecionada a cada novo ano, já que uma das características da
interdisciplinariedade é sua abertura permanente.
Outro diferencial da proposta era a possibilidade de autodireção que se
conseguia graças à introdução de uma dinâmica de grupo participativa que
possibilitava, também, à criança sugerir tanto temas como atividades para
seu dia escolar.
Nas reuniões dos educadores, mantinha-se um diagnóstico permanente de
cada criança, a começar pelo seu sociograma familiar, instrumento para
coletar dados de sua vida afetivo-familiar.
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CONCLUSÃO:
Um dos resultados obtidos com esta proposta foi transformar o saber
fragmentado, característico do pré-escolar, num saber globalizado, evolutivo
e compartilhado que se construía no dia-a-dia do “Planetinha” e que se
traduzia numa nova concepção interdisciplinar de autodireção.
O que é o Exame Neuropsicológico?
O exame neuropsicológico consiste na avaliação das diferentes
funções mentais: a concentração, as memórias visual e verbal, a capacidade
de cálculo, o planejamento, a capacidade de abstração, as habilidades viso-
perceptivas, a linguagem (compreensão e expressão orais, leitura, escrita), a
inteligência, e várias outras. Esta avaliação é feita com testes que permitem
quantificar o desempenho, fornecendo dados objetivos que comparam o
indivíduo com outros da mesma faixa etária e escolaridade.
Os resultados do exame neuropsicológico permitem:
1) Diagnosticar um determinado problema.
É possível ter o desempenho prejudicado na escola, por exemplo,
devido a vários fatores: problemas de concentração, problemas de memória,
problemas de leitura ("dislexia") dificuldades com a matemática ("discalculia"),
dentre outros. Nos casos de dificuldades de aprendizado, o exame permitirá
avaliar quais funções estão preservadas e quais estão comprometidas,
fornecendo um perfil do indivíduo.
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O exame neuropsicológico permite determinar quais problemas estão causando
as dificuldades e sugerir um tratamento. Da mesma forma, um adulto pode ter
problemas de memória a ser preciso investigar as causas possíveis: pode se
tratar da primeira manifestação de um envelhecimento cerebral precoce
("aterosclerose", demência), de uma manifestação de depressão, de um
problema neurológico específico, etc.
2) Esclarecer com mais detalhes os sintomas de um problema já
conhecido ou mesmo diagnosticado anteriormente.
Mesmo naqueles casos onde já se tem um diagnóstico pode
ser necessário documentar e quantificar as dificuldades de modo objetivo. Por
exemplo, idosos que estão apresentando um quadro de demência podem ser
submetidos ao exame neuropsicológico para se determinar o quanto sua
memória está diferente do esperado para sua idade. Isto permitiria avaliar a
gravidade do quadro e também poderia ser utilizado ao longo do tempo para
avaliar o efeito do tratamento medicamentoso. Também é o caso de crianças
ou adultos que sofreram um traumatismo craniano e ficaram "diferentes"
(acidentes automobilísticos, quedas, traumatismos de parto), pessoas que
sofreram acidentes vasculares cerebrais ("derrames") ou que sofreram
neurocirurgias, casos de intoxicações graves ou alcoolismo, afogamentos e
muitos outros exemplos.
2) Laudos para fins legais
O Exame Neuropsicológico também é freqüentemente utilizado em
algumas situações legais. A primeira delas é a necessidade de se documentar de
modo objetivo o estado mental alterado de um indivíduo com vistas à sua
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interdição (por senilidade, por retardo mental, por seqüelas de traumatismos de
crânio, etc.). A segunda é a necessidade de se documentar o estado mental
preservado, para que se possa assegurar a validade de um testamento ou
qualquer outro documento legal, por exemplo. Por último, o exame serve para
documentar problemas adquiridos no trabalho, com vistas a sustentar processos
trabalhistas (em geral intoxicações em indústrias e traumatismos de crânio
durante o trabalho).
Resenha: Os inconformistas e a escola
MARCELO COELHO
colunista da Folha de S.Paulo
Por que as férias duram mais de dois meses? Por que uma aula tem 45
minutos? Por que uma classe deve ter 40 alunos? Quem pergunta é o empresário Ricardo
Semler, que conversa longamente com o jornalista Gilberto Dimenstein e com o pedagogo
Antonio Carlos Gomes da Costa em "Escola Sem Sala de Aula" (Papirus, 144 págs., R$
24,90), que será lançado no início de abril.
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O livro é uma "entrevista a três", por assim dizer, em que as idéias da
escola tradicional são postas em xeque. Ricardo Semler publicou, há cerca
de 20 anos, "Virando a Própria Mesa", livro sobre métodos gerenciais
inovadores e antiautoritários adotados em sua empresa. Está agora envolvido
na criação de uma escola libertária em São Paulo, a Lumiar. Inspirado sem
dúvida na Summerhill, de A.S. Neill —experiência cujo insucesso é discutido
com certa ligeireza neste livro—, o projeto permite que os alunos só estudem
quando se interessam e que os procedimentos disciplinares da escola sejam
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Deliberados democraticamente.
Radicalismo bem-vindo num momento em que as escolas —mesmo as liberais—
se tornam cada vez mais conservadoras e em que a estupidez do vestibular acaba
com a vida de todo adolescente.
O ideal de uma "escola sem sala de aula" é discutido por Semler, Dimenstein e
Gomes da Costa de forma estimulante. Dimenstein fala de sua experiência no
Projeto Aprendiz, em que o trabalho educativo com adolescentes de rua
paulistanos implicou uma integração com o próprio bairro. No fim das contas,
argumenta ele, a cidade inteira deveria ser uma "cidade-escola", com "um
processo de aprendizado o tempo todo".
Gomes da Costa procura dar perspectiva teórica à discussão. Incorre em
concessões que podem ter êxito em conferência, mas que funcionam mal num
texto escrito: explica frases óbvias da Lei de Diretrizes e Bases usando versos de
Gilberto Gil, por exemplo. Tampouco acrescenta muito colocar uma foto de Gil no
canto da página —recurso visual que acontece cada vez que um nome célebre é
lembrado: Rousseau, Piaget, João Figueiredo.
Felizmente, Ricardo Semler é inquieto o bastante para não se conformar com o
"pedadoguês". Para os inconformistas em geral —e para quem não tolera a
chatice do mundo escolar— eis um ótimo livro.
Andróide, Robo sapiens, Cyber sapiens, Ser Humano Versão 2.0 ... quando
crescer vou SER ____ ?"
Bom, sou da mesma posição e visão de que nos próximos 20 anos, com os avanços
neurotecnológicos, neurobiotecnológicos, spintrônica, neuronanotecnológicos, ... estaremos
vendo transformações da sociedade/do homem que será muito diferente, onde há
probabilidades de que o Homo sapiens se torne cada vez mais um "Robo sapiens"/Cyber
sapiens ...
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Aos jovens, quem ainda não viu o filme "Blade Runner: O Caçador de Andróides"
de 1982 de Ridley Scott (olha só, 25 anos passaram ...), vale a pena assistir, pois
é o MELHOR FILME DE FICÇÃO CIENTÍFICA dizem os melhores cientistas do
mundo.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/cultura/story/2004/08/040826_bladerunnerba.sht
ml
E veja também:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Blade_Runner [versão pt]
http://en.wikipedia.org/wiki/Blade_Runner [versão en]
Então, o que posso fazer para que o meu filho Theo de cinco anos, aos seus 25
anos não seja um "Robo sapiens"??? Será um psicólogo dos "Robo
sapiens"/Cyber sapienspara melhorar o Peak Performance ou vice-versa?
Qual escola/educação que ele, o Theo, vai freqüentar a partir de 2008 para
não SER "Robo sapiens"/Cyber sapiens???
Se já é difícil responder quem somos nós, o que podemos oferecer/fazer/educar
para as crianças de hoje?
Prof. Takase
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Domingo, 9 de setembro de 2007, 15h08 Atualizada às 15h12
Máquinas podem ficar mais inteligentes que humanos
No centro de um buraco negro existe um ponto chamado
'singularidade' onde as leis da física não fazem sentido. De forma parecida,
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de acordo com futuistas, a tecnologia da informação está chegando ao ponto
onde máquinas serão mais inteligentes que humanos.
Se tal fato acontecer, haverá uma alteração do que é inconcebível em termos
humanos, disseram os especialistas, que fizeram um encontro no último sábado.
O encontro, chamado 'The Singularity Summit: AI and the Future of
Humanity', levou centenas de cientistas ao Vale do Silício, nos Estados
Unidos. Lá foram imaginados computadores autoprogramáveis e implantes
cerebrais que permitiriam a humanos pensar tão rápido quanto os
microprocessadores atuais.
Pesquisadores de inteligência artificial alertaram que agora é a hora de
desenvolver guias éticos para garantir que tais avanços ajudem ao contrario de
fazer mal. "O nosso mundo não será mais o mesmo", disse Rodney Brooks,
professor de robótica no MIT. Quanto aos computadores, "quem somos nós e
quem são eles será uma questão completamente diferente", completa.
Eliezer Yudkowsky, co-fundador do Instituto de Singularidade de Inteligência
Artificial, em Palo Alto, e organizador do evento, pesquisa o desenvolvimento da
chamada 'inteligência artificial amigável'. Seu grande medo é que inventores
brilhantes criem uma inteligência artificial que se desenvolva sozinha mas que não
tenha moral e se torne má.
Ray Kurzweil (http://www.kurzweilai.net/) [e que escreveu na Folha de SP "Ser
Humano Versão 2.0" www.neuropedagogia.com/versaohumana2.html], empresário
do ramo, escreveu em seu livro 'A Singularidade Está Próxima' que a máquina se
tornará mais inteligente que o homem em 2029.
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Com avanços na biotecnologia e tecnologia da informação, dizem os especialistas
que não existe razão científica para que o cérebro humano não consiga aumentar
sua velocidade um milhão de vezes.
Alguns críticos fazem graça dos singularista por causa de sua obsessão com
'tecnosalvação' e o 'tecno-holocausto', chamando tudo de 'nerdocalipse'. Outros
dizem ser irresponsável ignorar a possibilidade de acontecer.
1 - NOVAS MANEIRAS DE ENSINAR, NOVAS FORMAS DE APRENDER.
2 - DISCIPLINA E INDISCIPLINA EM SALA DE AULA
3 - AS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS E SEUS ESTÍMULOS.
4 - EDUCAÇÃO INFANTIL – PRIORIDADE IMPRESCINDÍVEL.
5 - O QUE SÃO E COMO TRABALHAR PROJETOS
6 - COMO O CÉREBRO HUMANO APRENDE E COMO GUARDA SABERES
7 - AS CINCO QUESTÕES SIGNIFICATIVAS PARA UM ENSINO EFICIENTE
8 - AS TRÊS MANEIRAS DE SE ENSINAR COMPETÊNCIAS
9 -
COMO ENSINAR VALORES, ESTIMULAR INTELIGÊNCIAS E DISCUTIR-SE
EMOÇÕES.
10
-
O QUE É EDUCAR E COM QUANTOS PRINCÍPIOS SE CONSTRÓI UM
PROFESSOR EFICIENTE.
11
-
PARA PAIS E OUTROS MEDIADORES DE EDUCAÇÃO
12
-
A SALA DE AULA E AS SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM
13
-
COMO DESENVOLVER EM UMA ESCOLA PÚBLICA, UM ENSINO DE
QUALIDADE.
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1- NOVAS MANEIRAS DE ENSINAR, NOVAS FORMAS DE APRENDER
Uma análise sobre as transformações vividas atualmente pela escola e pela
família e os recursos trazidos pelos novos estudos sobre a mente humana para
enfrentar essas transformações e ministrar uma aula cheia de vida, emoção e
dinamismo. Através de anedotas e estudos de caso, a palestra estimula uma
aguda reflexão sobre a aula, o professor, o currículo, as linguagens, os
recursos da escola e a avaliação significativa da aprendizagem escolar.
2- DISCIPLINA E INDISCIPLINA EM SALA DE AULA
A busca da identidade em um novo conceito de disciplina e de indisciplina, a
amplidão desses conceitos em âmbitos diferentes e as estratégias e ações que
podem e devem ser desenvolvidas pelos educadores para equacionar
problemas disciplinares e administrar a ansiedade da criança e do adolescente.
3- AS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS E SEUS ESTÍMULOS.
Um estudo sobre o avanço da neurologia e a emersão de novas teorias
pedagógicas, com destaque a teoria das Inteligências Múltiplas. A palestra
discute o conceito de inteligência, demonstra a relação entre inteligência e
aprendizagem, explica os meios para a identificação das nove
inteligências humanas e mostra maneiras eficientes de as estimular em sala de
aula.
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4-EDUCAÇÃO INFANTIL – PRIORIDADE IMPRESCINDÍVEL.
Quais os fundamentos de uma boa escola de educação infantil, como
desenvolvê-la em qualquer ambiente e espaços e quais os atributos devem
caracterizar um educador infantil. Como entender jogos e jogos pedagógicos.
O uso dos jogos em sala de aula para a criação de diferentes situações de
aprendizagem.
5- O QUE SÃO E COMO TRABALHAR PROJETOS
O que é um “Projeto Escolar?” Por que trabalhar com Projetos? A interessante
experiência de Reggio Emília e o trabalho com Projetos. Diferentes tipos de
projetos escolares. O papel de um professor em um projeto. A ação dos alunos
em projetos. A Avaliação de um projeto e os dez passos para sua consecução
em sala de aula. A palestra busca responder essas questões e aprofundar
esses temas de maneira a habilitar a equipe docente a trabalhar com projetos
de diferentes naturezas.
6- COMO O CÉREBRO HUMANO APRENDE E COMO GUARDA SABERES
O conhecimento mais amplo e diversificado sobre o cérebro humano,
desenvolvido desde os anos noventa do século passado, trouxe novas luzes e
derrubaram antigas crenças em educação. A palestra analisa esses avanços e
essas conquistas e de maneira lúdica e extremamente prática procura mostrar
como é possível em sala de aula um professor desenvolver procedimentos que
assegurem uma significativa aprendizagem e uma melhor retenção dos
saberes para seus alunos.
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7- AS CINCO QUESTÕES SIGNIFICATIVAS PARA UM ENSINO EFICIENTE
Após uma reflexão sobre o significado amplo da interrogação como desafio
humano para sua aprendizagem, a palestra propõe cinco questões cruciais e
busca, com amplos detalhes e exemplos respondê-las. Como ajudar nossos
alunos a aprender? Que estratégias usar para facilitar sua aprendizagem
significativa? Quais recursos são necessários mobilizar para esse trabalho?
Como saber se os alunos efetivamente aprenderam? Como ajudar os alunos
que apresentam dificuldades de aprendizagem?
8- AS TRÊS MANEIRAS DE SE ENSINAR COMPETÊNCIAS
Após uma análise reflexiva sobre o significado de “Competência” e a passagem de
uma escola centrada no Ensino, para uma nova escola comprometida com a
Aprendizagem, à palestra compara formas de atuação de dois professores que
necessitam transmitir conteúdos e como é possível essa missão, simultaneamente
desenvolvendo diferentes competências no alunado. Analisa ainda as oito
competências que fazem de um regente de aulas um verdadeiro educador.
9- COMO ENSINAR VALORES, ESTIMULAR INTELIGÊNCIAS E DISCUTIR-SE
EMOÇÕES
Não mais se tem dúvida de que é possível ensinar-se valores e ajudar o aluno a
conviver com virtudes, mas nem sempre são plenamente conhecidas as
estratégias para esse trabalho. A palestra visa explorar essa nova pedagogia e
mostra através de resultados concretos e realistas como desenvolver virtudes e
trabalhar valores na Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio.
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10 - O QUE É EDUCAR E COM QUANTOS PRINCÍPIOS SE CONSTRÓI UM
PROFESSOR EFICIENTE
A competência de um professor não representa atributo inato. Assim como um
bom médico necessita mais que excelentes teorias para realizar sua missão,
também alguns requisitos são essenciais ao professor. A palestra analisa quais
são esses requisitos, de que maneira é possível ajudar uma equipe docente a
construí-los e como avaliar o desempenho de uma equipe a partir dessas
referências.
11- PARA PAIS E OUTROS MEDIADORES DE EDUCAÇÃO
1. A CRIANÇA. COMO APRENDE E COMO AJUDÁ-LA A CONSTRUIR A
AUTO-ESTIMA. 2. A LINGUAGEM DO AFETO. 3. COMO TRANSFORMAR
O LAR EM UMA OFICINA DE CARINHO E APRENDIZAGEM.
12 - A SALA DE AULA E AS SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM
A palestra procura desmontar a falácia de que a aula expositiva é a única forma de
ministrar conteúdos. Apresentando os requisitos para se ministrar uma excelente
aula expositiva, a palestra mostra uma série de outras estratégias que constituem
“tipos de aulas diferentes e criativas” e que se organizam na conceituação de
“Situações de Aprendizagem”. Embora essa palestra possa ser ministrada em
apenas um período, é interessante apresentá-la em dois, desenvolvendo a teoria
no primeiro e os experimentos práticos com toda equipe docente no segundo.
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13- COMO DESENVOLVER EM UMA ESCOLA PÚBLICA, UM ENSINO DE
QUALIDADE
A abordagem do tema busca desmistificar a crença de que alunos carentes e sem
amparo familiar eficiente aprendem com mais dificuldade que alunos em outras
situações. Mostrando o significado de “Resiliência” e as linhas através das quais
essa teoria pedagógica permite ensino eficiente, busca-se mostrar quais ações
são viáveis para que o professor possa privilegiar alunos resilientes com aulas
dinâmicas, currículos objetivos e avaliações significativas. Palestra recomendada
para escolas públicas da rede municipal, estadual ou federal de diferentes níveis.
TEXTOS
Por que as crianças se estressam?
É lamentável, mas não é difícil compreender as razões que amplificam o estresse infantil.
Para os pais, a competência dos filhos expressa a redução da culpa e da
ansiedade deles mesmos. Se as coisas não vão bem nos negócios e no emprego
e não se tem domínio sobre os mecanismos dessa mudança, e se as relações
pessoais se desgastaram pela repetitividade da rotina, nada melhor que se
forçar a competência da ou das crianças para expiação da culpa e da ansiedade.
Para o marketing e o mundo dos negócios, a ansiedade pela competência infantil
representa dinheiro, e muito dinheiro. São brinquedos novos que se criam,
softwares novos que inventam, livros de auto-ajuda que vendem. Para o sistema
educacional, por sua vez, a competência infantil representa mais alunos, mais e
diferentes profissionais empregados, novas oportunidades de um filão jamais
sonhado. A suntuosidade de certas escolas de educação infantil, com berçários
que representam o último capítulo da evolução da engenharia e arquitetura, se
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rivalizam com shoppings modernos ou com novos templos que inventam novas
seitas . E, isolado e perdido no centro de todas essas mudanças encontra-se a
criança que, se pudesse, por certo faria pergunta crucial: “Tudo isso é
necessário?”
A criança moderna que pertence a classe média ou a classe rica sofre pressão por
uma precoce aquisição intelectual e os pais são diariamente bombardeados por
máximas que defendem a alfabetização quanto antes, o aprendizado mais cedo
possível de uma língua estrangeira, o valor do envolvimento infantil em atividades
esportivas diversificadas, o risco em não treinar os filhos no domínio precoce da
matemática, na manipulação ansiosa do computador e tudo mais quanto se possa
imaginar. Como se essas ações por si só não se mostrassem extremamente
perversas para o desenvolvimento de uma verdadeira infância saudável, a
pressão invade ainda o campo do vestuário, sugerido que mesmo antes da escola
a criança vista-se com blusas de marca, tênis com grife, padrões estéticos
“fashions”. Já não é mais novidade as linhas de equipamentos eletrônicos
sofisticados para o mundo infantil, salões de beleza com sessões infantis, butiques
finas especializadas na última moda, linha de cosméticos e perfumes que possam
permitir diferenciar a criança que quer a mídia da criança que se quer criança.
Seria imperdoável ingenuidade acreditar que essa tendência atual dos centros
urbanos seja um modismo inconseqüente ou apenas uma forma esperta de
capitalismo. Constitui crime imperdoável, desrespeitar-se o ciclo da vida e uma
criança que é colocada como um adulto, não conquista pela embalagem que
adorna seu corpo, o pensamento do adulto. O crescer pressupõe etapas lentas e
lindas, e a ansiedade em antecipá-lo pode construir um fator de deformação que
dificilmente se corrige. Quando uma criança veste-se como um adulto, busca
inconsciente imitar comportamentos, ações e linguagens adultas e quando esta
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de um dos “pacientes” que a minha frente aguardavam, insurgiu-se w li se instalou,
deixando lá trás um mundo de resmungos. Minutos depois, esperávamos todos o
elevador chegar e mal a porta se abriu uma matilha alvoroçada ingressou no
mesmo, atropelando os que de lá saiam. Não demorou muito, aguardava a hora de
embarque e tão logo foi feita a chamada para o vôo, uma porção de passageiros
desesperados amontoaram-se à frente, deixando crianças, idosos e deficientes,
com suposta preferência, entrarem por último. Sorte que os lugares eram marcados
e assim não coube aos primeiros o privilégio da escolha. Entrei no vôo por último,
suspirando aliviado e pensando minha sorte em não estar buscando lugar no metrô,
que disputa com maior sofreguidão bem mais passageiros.
Confesso que não me habituo a essa rotina agressiva e acho muito estranho tudo
isso, recordando-me de tempos atrás quando havia uma coisa civilizada chamada
“fila” que, agora, parece ter desaparecido.
Nada de surpreendente no que acima se relata. Não há morador de cidade
grande ou média que não percebe essa evidência, que não sabe de pai que vai a
escola reclamar da falta de disciplina e atira cascas de frutas pela janela ou
estaciona em mão dupla. Ser empurrado, levar cotovelada, tapa na orelha e
xingamento tornou-se comum e quem desejar ficar livre desses assédios que não
tente sair de casa. Ou se aprende a empurrar ou se é empurrado cada vez mais.
Nada disso parece causar estranheza, mas por paradoxal que possa parecer,
existem os que ficam surpreendidos com o avolumar da indisciplina em sala de aula.
A sala de aula é e sempre foi um espaço que expressa continuidade da vida,
reflexo do entorno. Se assim não for, não será sala de aula verdadeira, não
permitirá que o aluno contextualize em sua existência os saberes que ali aprende.
Ora se a sala de aula é reflexo da sociedade e se a sociedade urbana perdeu
noção de compostura e disciplina, como esperar que a escola transforme-se em
um aquário social, tornando-se diferente da rua? Se aqui se fechasse esta crônica,
ficaria por certo uma questão essencial. Quer dizer então que não adianta
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combater a indisciplina em sala de aula, uma vez que este espaço reproduz a
ausência de disciplina que campeia pelas ruas?
A resposta é claramente negativa.
É essencial que se restaure a disciplina em sala de aula, que se faça desse valor
um objetivo a se perseguir, não para que a sala se isole da sociedade e também
não para que a aula do professor fique mais confortável, mas antes para que ali ao
menos se aprenda como tentar modificar o caos urbano que o desrespeito social
precipitou. Mas, como fazer isso?
Em primeiro lugar transformando-se a disciplina em um “valor”. Isto é, fazendo
com que seja a mesma
vista como uma qualidade humana, imprescindível à convivência e fundamental
para as boas relações interpessoais. A disciplina não pode, jamais, chegar ao
aluno como uma ordem, um castigo, um imperativo que partindo do mais forte,
dirige-se ao oprimido em nome de seu conforto pessoal, mas como “produto” de
debate, reflexão, estudo de caso e análise onde se descobre a hierarquia de
povos disciplinados sobre clãs sem mando ou sobre sociedades oprimidas. A
Literatura, a História e a Geografia podem se transformar em espelhos que
refletem que a disciplina que se busca não é apenas a que se vê na relação
professor x aluno, mas toda aquela que leva um povo à vitória, um ideal à
concretização. Depois de uma ampla sensibilização sobre a disciplina enquanto
valor humano cabe uma franqueza cristalina na discussão de regras, princípios,
normas e fundamentos que são essenciais a todos, ainda que funções diferentes
impliquem em regras não necessariamente iguais. Qual a disciplina ideal na
opinião dos alunos? Qual na opinião dos professores? Quais regras são boas para
todos e quais sanções cabem a quem não as cumpre? Esse diálogo não deve
valer somente para se sensibilizar a classe sobre o valor da disciplina, mas para
formalizar verdadeiro “contrato” que unindo interesses, exigirá reciprocidade.
Em terceiro lugar um sincero convite para que todos os membros da comunidade
– alunos, pais, professores, inspetores, serventes, etc. – ajudem a escola a
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feliz, mas bastante preocupado. Feliz porquê descobri a intenção do elogio e a
simpatia do aplauso. Agradeço, mas fico entristecido. Claro que quando sugeri
como desenvolver o Jogo de Palavras pretendia que meus colegas pudessem
aprendê-lo e tivessem vontade de colocá-lo em prática, o que, entretanto deixou-
me angustiado foi o “direitinho” que Marilena escreveu.
Não escrevo livros para que sejam lidos e que assumam minhas idéias de forma
irrestrita, aceitem minhas propostas para fazê-las da maneira como fiz. Faça-os
para que meus amigos ao ler, possam refletir, discutir, corrigir, analisar e, se
superar suas incontáveis deficiências, fazê-las transformar-se em ação. O texto
não é para ser engolido, mas mastigado, não pretende reprodução, mas
transformação para que se ajuste a realidade que se tem, para que possa se
contextualizar na aula que se quer ministrar. Quando relato uma experiência vivida
ou assistida, esse relato possui um tempo e uma circunstância, e somente pode
ser reproduzido “direitinho” para ter efeito positivo que um dia teve, se a aula que
se dá fosse aplicada no impossível tempo em que ocorreu para impossíveis
alunos, exatamente igual aos que a experimentaram. É por isso que a mensagem
de Marilena me preocupou.
Manuel Bandeira em um de seus poemas ensina que “faz versos como quem
morre”, querendo com o mesmo falar, que os faz para inspirar sentimentos e
despertar emoções e que estes sentimentos e emoções enviados ao leitor,
possam agir sobre o mesmo e dessa forma fazer emergir sentimentos e emoções
próprias que inspirará ações pessoais e intransferíveis. É exatamente nesse
contexto que todo aquele que ensina alguém, transformando-o, efetivamente o
ensina. Se recebermos uma mensagem e achamos que a mesma nos serviu, essa
servidão será verdadeiramente autêntica se despertar reflexão e poder se fazer
ação na realidade e no tempo que se busca agir. O aprender alguma coisa nunca
se dá quando o objeto do saber permite integral reprodução. Se tal ocorre, não
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trabalhando a atenção e a criatividade. E, por falar nisso, na escola de onde vem
seu filho, o senhor sabe se alguma vez sua atenção recebeu cuidados
específicos?
- Atenção? Não estou entendendo. O senhor está afirmando que nesta escola se
ensina a atenção?
- Ensinar, em verdade não ensinamos; mas desenvolvemos um projeto de
estimulação sensorial e através do mesmo cuidamos da atenção e da
concentração de nossos alunos. O senhor não imagina como é sensível o
progresso e como os alunos em relativamente pouco tempo desenvolvem práticas
expressivas de atenção e de concentração que interfere de forma extremamente
positiva em seu rendimento escolar. Além disso, estamos empenhados em
desenvolver um projeto de estimulação das memórias e fazer com que as mesmas
sejam usadas significativamente por nossos alunos para de maneira mais sábia,
melhor reter o que aprenderam...
- Mas, espera lá. Com esses projetos todos, a sua escola não está roubando
tempo precioso de permanência do aluno na escola e assim ensinando menos
matemática e língua portuguesa, ciências e língua estrangeira?
- Claro que não. Não negligenciamos a informação, mas nossa meta é sempre
transformá-la em conhecimento e para isso estímulos sensoriais, projetos de
ativação da motivação, memória e atenção são sempre muito úteis. Por essa
razão, nossos professores ensinam os alunos a enxergar, pois existe imensa
distância entre o ver e o olhar e não esquecemos de ensiná-lo a falar e não
apenas a dizer, ajudá-lo progressivamente a escutar e não apenas ouvir...
- Bem, senhor Diretor, agradeço sua gentileza e disponho-me em outro momento,
com mais tempo mais aprender sobre sua escola. Agradeço sua atenção e imploro
para que, efetivamente, a atuação de sua equipe ajude o Felipe a atenuar suas
deficiências. Até logo.
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Assim considerando, relacionamos algumas mudanças que a neurologia já detecta
e sugerimos algumas práticas que podem constituir cooperação expressiva.
. 1- O cérebro das meninas desenvolve-se cerca de dois anos mais cedo que o
cérebro de meninos e somente por volta dos vinte a vinte e dois anos é que
esse desenvolvimento se equipara. Essa diferença claramente notada mostra
que a maturidade chega bem mais cedo do lado das meninas e, muito antes
que os meninos podem abrir mão de atento acompanhamento. De qualquer
forma é sempre importante considerar o julgamento que o adolescente faz de
si mesmo, respeitá-lo plenamente, ainda que sabendo que esse
autojulgamento é sempre mais instável e, portanto, sujeito a bruscas
alterações por parte dos meninos. Se a menina, entretanto, é coerente e mais
cedo que o menino é também melhor arquiteta na capacidade em simular uma
segurança que não sente e, por esse motivo, a presença do adulto sempre
perguntando, interrogando, desafiando, propondo representa estratégia sutil de
envolvimento e caminho sereno de abertura para “soltar” a vontade de falar e
pedir orientação. É essencial que professores e pais ajudem os adolescentes a
organizarem sua agenda, administrarem seu tempo e disponibilizarem-se em
estar sempre prontos para ouvir, intervindo quando solicitado, mas é
impossível esperar que a seriedade da condução dessa administração
aconteça com igual intensidade em sexos diferentes;
2. De forma geral, no inicio da adolescência e até por volta dos 15 anos ainda
crescem áreas cerebrais ligadas à linguagem, razão pela qual é a fase em que
se percebe grandes progressos na capacidade de escrita e nos interesses pela
leitura. Esse interesse, entretanto, estiola-se sem a ajuda de estímulos
proporcionados por pais e professores que animem o adolescente à leitura,
interrogue-os sobre o que estão lendo, despertem seus entusiasmos para a
escrita, anime-os a organizar seus diários, que representam oportunidade
excelente para acréscimo na qualidade da expressão e capacidade de reflexão
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através da conversa interior que tal prática impõe. Quando possível, é esse o
grande momento para a aprendizagem de línguas estrangeiras.
3. O desenvolvimento lingüístico aumenta os “diálogos interiores” do
adolescente e, dessa maneira, conversando muito e sempre consigo mesmo,
preferem evitar conversas com pais e professores, fugindo de relatos sobre
suas ações, pensamentos e julgamentos. É nessa hora que cresce a
importância de se estimular o que mais se evita, abrindo espaços para que
apareçam “bons papos”, longas conversas com adultos e estes, nessa
oportunidade, devem menos aconselhar e mais ouvir. Quem sabe ouvir, sabe
sugerir que o adolescente reflita sobre o que fala e “empurrado serenamente a
essa ação” pode completá-la de maneira progressiva e consciente. Mais
importante que a certeza de se mostrar “bons caminhos” é a serena ajuda no
sentido de se ouvir o adolescente, propondo que ele próprio busque esses
caminhos.
4. Cérebros em mudança são sempre sensíveis a palavras, mas são ainda
mais sensíveis a exemplos. Se impossível fornecer exemplo permanente de
ação digna e de pensamentos altruístas, que ao menos possa se exaltar essa
qualidade, convidando o adolescente a refletir sobre a ação admirável de
personagens que assiste no cinema ou na TV, sobre ídolos que edifica das
boas leituras que faz. Fazê-los falar sobre entes que admiram, constitui uma
forma coerente de legitimar um exemplo ainda que fictício.
5. As rápidas mudanças no córtex pré-frontal ocasionam intensa agitação que
se manifesta pela extrema ousadia e imprudência geralmente associadas a
comportamentos irresponsáveis, muito mais nas intenções que nas ações.
Horrorizar-se diante de respostas dessa natureza de nada adianta, como
adianta muito pouco buscar uma repressão direta. Em circunstâncias como
essas é extremamente válido solicitar a ajuda na construção de regras
consensuais e mostrar-se árbitro rigoroso em seu cumprimento. Uma coisa é o
adolescente aceitar regra imposta pelo adulto, outra coisa é assumir os efeitos
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essencialmente a questão hormonal. Hoje sabemos que os hormônios contam – e
muito – na intempestividade adolescente, mas pode a mesma ser ampliada pelo
amadurecimento do córtex pré-frontal. Não parece importar para a natureza
destas considerações a essência biológica dessas mudanças, e sim de que
natureza são, e de que forma pais e professores podem intervir de forma positiva
visando uma ajuda.
É sempre importante realçar que mudanças cerebrais ocasionam
alterações comportamentais involuntárias e, dessa maneira, nenhum adolescente
se transforma da forma como se transforma
porque assim quer agir ou porque adora imitar colegas que assim agem, mas pela
ação de processos orgânicos que não sabe explicar e não pode controlar. É por
essa razão que bem mais útil que criticar e punir é compreender e ajudar.
Assim considerando, relacionamos algumas mudanças que a neurologia já detecta
e sugerimos algumas práticas que podem constituir cooperação expressiva.
1. O cérebro das meninas desenvolve-se cerca de dois anos mais cedo que o
cérebro de meninos e somente por volta dos vinte a vinte e dois anos é que
esse desenvolvimento se equipara. Essa diferença claramente notada mostra
que a maturidade chega bem mais cedo do lado das meninas e, muito antes
que os meninos podem abrir mão de atento acompanhamento. De qualquer
forma é sempre importante considerar o julgamento que o adolescente faz de
si mesmo, respeitá-lo plenamente, ainda que sabendo que esse
autojulgamento é sempre mais instável e, portanto, sujeito a bruscas
alterações por parte dos meninos. Se a menina, entretanto, é coerente e mais
cedo que o menino é também melhor arquiteta na capacidade em simular uma
segurança que não sente e, por esse motivo, a presença do adulto sempre
perguntando, interrogando, desafiando, propondo representa estratégia sutil de
envolvimento e caminho sereno de abertura para “soltar” a vontade de falar e
pedir orientação. É essencial que professores e pais ajudem os adolescentes a
organizarem sua agenda, administrarem seu tempo e disponibilizarem-se em
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estar sempre prontos para ouvir, intervindo quando solicitado, mas é
impossível esperar que a seriedade da condução dessa administração
aconteça com igual intensidade em sexos diferentes;
2. De forma geral, no inicio da adolescência e até por volta dos 15 anos ainda
crescem áreas cerebrais ligadas à linguagem, razão pela qual é a fase em que
se percebe grandes progressos na capacidade de escrita e nos interesses pela
leitura. Esse interesse, entretanto, estiola-se sem a ajuda de estímulos
proporcionados por pais e professores que animem o adolescente à leitura,
interrogue-os sobre o que estão lendo, despertem seus entusiasmos para a
escrita, anime-os a organizar seus diários, que representam oportunidade
excelente para acréscimo na qualidade da expressão e capacidade de reflexão
através da conversa interior que tal prática impõe. Quando possível, é esse o
grande momento para a aprendizagem de línguas estrangeiras.
. O desenvolvimento lingüístico aumenta os “diálogos interiores” do
adolescente e, dessa maneira, conversando muito e sempre consigo mesmo,
preferem evitar conversas com pais e professores, fugindo de relatos sobre
suas ações, pensamentos e julgamentos. É nessa hora que cresce a
importância de se estimular o que mais se evita, abrindo espaços para que
apareçam “bons papos”, longas conversas com adultos e estes, nessa
oportunidade, devem menos aconselhar e mais ouvir. Quem sabe ouvir, sabe
sugerir que o adolescente reflita sobre o que fala e “empurrado serenamente a
essa ação” pode completá-la de maneira progressiva e consciente. Mais
importante que a certeza de se mostrar “bons caminhos” é a serena ajuda no
sentido de se ouvir o adolescente, propondo que ele próprio busque esses
caminhos.
4. Cérebros em mudança são sempre sensíveis a palavras, mas são ainda
mais sensíveis a exemplos. Se impossível fornecer exemplo permanente de
ação digna e de pensamentos altruístas, que ao menos possa se exaltar essa
qualidade, convidando o adolescente a refletir sobre a ação admirável de
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A AJUDA DOS PAIS PARA CRIANÇAS QUE COMEÇAM A APRENDER A LER
(para pais e educadores)
A tarefa de alfabetizar uma criança é atividade para profissionais. Somente a
escola e somente bons professores sabem escolher método mais atualizado,
conhecem os saberes infantis no contexto escolar e, dessa forma, podem
alfabetizar com segurança. Uma ajuda realizada por pessoas estranhas ao
método pode representar mal não menor, que a de alguém que sem preparo
específico em uma sala cirúrgica pensa que pode atuar. É por essa razão que
quando pais e mães, tios e avós sentem que podem ajudar uma criança a
aprender a ler, o que de melhor devem fazer é procurar a escola e com os
profissionais da alfabetização, descobrir caminhos em que a intervenção
efetivamente colabore. Quando, entretanto, essa possibilidade não se mostra
tangível, é importante conhecer alguns procedimentos que ajudando a criança a
se envolver com o universo do letramento, em nada atrapalha seu processo de
alfabetização e pode ainda positivamente contribuir para que, aprendendo na
escola, torne-se leitora melhor.
Entre esses procedimentos, julgamos interessante sugerir:
• Na entrada da casa, mostre que o mundo da leitura se faz presente no
catálogo telefônico que ali, por acaso se acha; em um calendário
eventualmente pendurado na parede, quem sabe mesmo neste ou naquele
quadro que ainda que não tenha palavras, suscita a vontade de saber se é
ou não assinado, quem é seu autor. Inserir a criança no mundo do
letramento é ajudá-la descobrir que existem palavras em toda parte e que
estas expressam indicações, idéias, orientações. Não é essencial que “se
traduza” para a criança a palavra que ali está, mas que possa tornar-se
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aventureira no desafio de perceber como a sociedade cerca-se de palavras
escritas e como é importante na escola aprendê-las.
• Outro espaço de valor inestimável para essa imersão infantil no mundo da
palavra é a cozinha sempre rica em receitas, produtos com rótulos,
eletrodomésticos com embalagens ou com dizeres que representam
continuidade nesse percurso de descoberta. Não é necessário que esse
passeio seja realizado em um só dia; ao contrário é ainda mais útil que a
curiosidade da criança, acesa em um aposento a leve perguntar coisas
sobre palavras, impressas em rótulos, recados, decorações, etc.
• Da mesma forma que a cozinha, também o banheiro sempre cheio de
remédios, desodorantes, pastas e escovas de pentes, produtos capilares e
outros, muito outros, se afiguram úteis.Não apenas o banheiro, mas
também um escritório, uma sala de jantar ou mesmo um terraço exibe
sempre imenso universo de coisas escritas que podem se prestar a
desafios interessantes. É essencial que o acordar dessa curiosidade seja
espontâneo e que os desafios não abriguem vontade de acerto. – O que
será que está escrito aqui? Você acha que é isso mesmo? Será que não
poderia ser outra coisa? Nesta oportunidade, a curiosidade da criança a
motiva e uma forma infeliz de truncá-la é assumir o papel de sábio letrado
que para cada pergunta, tem sempre uma resposta a oferecer.
Uma ajuda sistemática; um pouquinho hoje, um retorno amanhã; um
perpétuo ponto de interrogação sempre pronto para acender a vontade da busca
toma em verdade pouco tempo e muito ajuda. Emília Ferreiro sempre destacou
que dois mitos na alfabetização merecem cair: o primeiro é de que a alfabetização
se encerra na escola e o segundo é de que basta a um adulto saber ler, para que
possa a uma criança ensinar a ler. Verdadeiros profissionais não se substituem,
mas aceitam com carinho a proposta interessante de uma ajuda bem pensada.
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Uma pessoa normal nasce dotada de tecido cerebral complexo e com capacidade
para diversificadas e múltiplas conexões, mas se esse tecido não é desafiado
através de estímulos significativos que atingem a percepção sensorial e depois
não se utiliza intensamente essa modificação, ocorre uma atrofia ou perda dessas
funções. Em síntese, a escolaridade convencional pode ter limite, a aprendizagem
jamais.
3. A plasticidade limitada e a flexibilidade das mudanças pela intervenção
do mediador.
Bebês ou crianças pequenas podem sobreviver ou se desenvolver mesmo com
comprometimento de uma parte do cérebro, mas à medida que passam os anos,
esta flexibilidade diminui e fica bem mais difícil compensar capacidades e funções
perdidas. É importante que se preserve boas amizades por toda vida, mas a
amizade imprescindível é a que, até os trinta anos, desafia, instiga, ousa.
4. A importância de estímulos procedimentais e de experiências concretas.
A plasticidade cerebral que nos faz aprender admite que tudo quanto se assimila
chega através de experiências concretas do sujeito sobre o objeto do
conhecimento, mas chega também pela observação e constatação dos exemplos
que se conquista dos modelos que se observa e com os quais a vida nos propõe
conviver. Estímulos procedimentais não substituem estímulos experimentais, mas
estes também não substituem aqueles. Ambos são imprescindíveis.
5. O reconhecimento pleno da individualidade e do talento humano.
A complexidade das zonas e das redes neurais, cada uma orientada para
capacidades bastante específicas, destaca que alguns indivíduos sejam dotados
de potenciais e talentos muito acima da média dos demais e como as aptidões são
relativamente independentes, ninguém é absolutamente bom em tudo que é
necessário para bem viver, mas possui excelência em uma ou outra capacidade.
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As três pistas
- Bom dia, Rogério. Estou procurando uma escola para a Marcella, minha filha, e
como me contaram que você adora a escola em que estuda o seu filho gostaria de
saber as razões de tanto elogio. O que essa escola tem de especial?
- É verdade, Alfredo. A escola em que estuda meu filho Gabriel é, realmente,
extraordinária e com imenso prazer a indico. Não é uma escola com
extraordinários recursos e nem mesmo se destaca pelas promessas de projetos
mirabolantes, mas todos os dias percebo em meu filho os três indícios seguros de
que acertei na escolha e que o matriculei em uma escola de primeira linha...
- E você poderia me contar quais são esses indícios? Quais as “pistas” devo
observar na hora de ter a certeza de que matriculei a Marcella na escola certa?
- Claro. A primeira pista, caro amigo, é a paixão de minha filha por sua
escola. Ama seus professores,
elogia suas aulas e sinto que cada vez mais amadurece e ama o ato intelectual de
aprender pelo trabalho, desafiar-se em cada dia saber mais. Converso com a Marcella todos
os dias e não me iludo, sei que ela gosta das amizades, ama os colegas e adora as
brincadeiras, mas quanto o assunto se esparrama pelas atividades é ainda com mais
entusiasmo que relata seu dia, comenta os projetos que desenvolve, sente a matéria que
aprende nas notícias que lê, na novela que assiste, no Shopping que, de vez em quanto, vai
com a mãe. A Marcella desenvolveu a capacidade de descobrir que o ato do aprender é tão
natural quanto o de saborear uma gostosa fatia de pizza e que as disciplinas na escola a
fazem cada vez mais intervir no mundo...
- Tudo bem. Mas, qual a segunda pista?
- A segunda pista, observo ao deixar minha filha na escola, quando encontro aqui
e ali um ou outro de seus professores ou quando participo de reuniões. Esses
profissionais, Alfredo, amam o que fazem, “vestem a camisa da escola” com
paixão, sentem-se valorizados em sua profissão e com orgulho falam de seus
progressos. Em um primeiro olhar parece ser fácil confundir quem ama o que faz e
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As Disciplinas escolares e a radiografia da notícia
À medida que se avança nos níveis de
escolarização, diminui significativamente a
participação da população negra e parda
nos bancos escolares. Dados do I.B.G.E.
indicam que negros e pardos representam
53,2% de total de alunos matriculados no
ensino médio brasileiro, enquanto os
brancos são 46,4% do total. A proporção
muda bastante na pós-graduação, em que
o índice de participação dos
afrodescendentes é de 17%, enquanto os
brancos somam 81,5% do total.
O texto acima é, jornalisticamente falando, uma notícia, uma informação. É um
resumo publicado em uma revista ou em um jornal. Apanhemos essa informação,
ou outra qualquer extraída da mesma fonte, e a levemos para uma sala de aula.
O desejo de transformar essa informação em conhecimento é preocupação em
situar essa notícia dentro de uma estrutura sistemática, de uma teoria científica.
Essa preocupação torna assim necessário transformar alunos em estudantes e
como em princípio nada sabem sobre as disciplinas escolares é natural que se
sintam confusos e precisam da ajuda de seus professores. Se essas disciplinas
são apresentadas apenas como um conjunto de fatos, conceitos ou teorias a serem
confiadas à memória, irão permanecer na ignorância da razão essencial de cada
disciplina. É assim essencial que a notícia acima posa ajudar os alunos a
descobrirem que especialistas diferentes possuem olhares diferentes.
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Como é a notícia acima para o matemático? E para o historiador? Como a percebe
o geógrafo? Como pode trabalhá-la o especialista em Língua Portuguesa? Essa
notícia pode ser explorada em uma aula de Educação Física? Como torná-la
percebida em uma Língua Estrangeira? Todas essas e ainda muitas outras
questões deveriam ser trabalhadas em cada disciplina, pois os fatos de uma notícia
somente adquirem cores disciplinares quando são reunidos de uma certa maneira
e colocados a serviço de uma teoria, estrutura ou seqüência. As disciplinas
escolares são modos de pensar que permite a um praticante atribuir um sentido e
uma lógica ao mundo através de processos específicos. Em síntese são maneiras
com que os especialistas analisam e explicam os fenômenos do mundo.
Apresentadas essas discussões, voltemos a informação acima.
O professor de História, por certo se concentrará nas razões das diferenças sociais
e étnicas explicadas pela notícia e buscará nas raízes escritas em nosso passado
uma explicação e se aventurará em prováveis conseqüências; o professor de
Geografia anotará na realidade dos dados os contrastes do país e suas
implicações no desequilíbrio que toda igualdade social aqui e outras partes pode
ocasionar. O professor de Artes sentirá que essa informação necessita ser
mostrada através de linguagem não verbal e assim buscará reproduzi-la na em um
outro veículo e com isso buscará através da música, colagem, dança ou desenho
formas de captar o fenômeno. Fará uma sensível análise do tema, sobretudo se
ajudado por um professor de Educação Física, especialista em descobrir
linguagens nos movimentos corporais. Uma informação sobre afrodescendentes e
seu nível de escolarização poderá parecer distante a um professor de Matemática,
mas se perceber bem verificará que é a frieza dos dados numéricos que confere
veracidade à notícia e que os mesmos podem se tornar mais facilmente percebidos
se olhados através de proporções ou de estruturas gráficas, com sua insinuante
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geometria. Aos especialistas em Ciências Físicas e Biológicas, a notícia saberá
mostrar que na base biológica da espécie não existe razão que a exclusão dos
dados revela e que o que parece ser natural em humanos nem sempre o é diante
de classificações que a teoria evolucionista, explicada por Darwin, insiste em
garantir. Um professor de Língua Portuguesa necessita de ferramentas para que
seus alunos interpretem informações, captem entrelinhas, decodifiquem notícias,
desconfiem de explicações minimalistas e dessa forma, possam analisar,
comparar, descrever e sintetizar o texto.
Em síntese: a notícia em si não parece ser de excepcional relevância e, nesse
sentido, pode até ser esquecida pelos alunos. Mas se a informação, atropelada por
outras tantas que a cada momento surgem pode ir sendo apagada da memória, a
prática de exercícios como esse vez por outra desenvolvidos em sala de aula,
mostra aos alunos a grandeza do currículo, a essência da educação e o papel de
cada disciplina escolar.
Não seria essa uma proposta para mostrar como se transforma informação em
conhecimento e como se faz de um aluno um verdadeiro estudante?
O sagrado e o profano na missão do professor
- Aceita um bom café quentinho, menina?
- Claro que aceito. Café em dia frio é coisa sagrada para mim?
- Engraçada essa palavra “sagrada”. Pelo que sei, vem do latim “sacrare” e
significa algo como prestar um serviço à Deus, realizar ato de fé ou cumprir
preceitos de uma religião. Com o tempo, a palavra assumiu sentido mais amplo e
cai bem até mesmo para saudar o cafezinho quente que estou oferecendo.
- Pois é, Mestre, por incrível que possa parecer a palavra “sagrada” assumiu
ares “profanos”, e desta maneira serve até para coisas que nada tem a ver
com a religião. Interessante essa caminhada das palavras pelo tempo e as
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roupagens que pouco a pouco vão assumindo. Mas, parabéns seu café está
realmente excelente...
- Não sei Lúcia se posso concordar com você. Tenho sérias dúvidas se
realmente é assim tão fácil separar o sagrado do profano, realmente sempre
me pergunto se não existe algo de religioso no café que se serve, na laranja
que brota no pé, no aroma que se desprende de suas flores. Mesmo no seu
trabalho como professora, existem momentos de ação profana, nem por isso
dispensáveis, e momentos de ação sagrada, e por essa razão imprescindíveis.
- Não sei Lúcia se posso concordar com você. Tenho sérias dúvidas se
realmente é assim tão fácil separar o sagrado do profano, realmente sempre
me pergunto se não existe algo de religioso no café que se serve, na laranja
que brota no pé, no aroma que se desprende de suas flores. Mesmo no seu
trabalho como professora, existem momentos de ação profana, nem por isso
dispensáveis, e momentos de ação sagrada, e por essa razão imprescindíveis.
- E qual é esse lado, Mestre?
- A certeza de que possui uma profissão imprescindível, de que de sua ação
no cotidiano se constrói o mundo em que se viverá. A imensa fé e crença de
que sem professores uma sociedade não inventa médicos ou engenheiros, não
faz surgir arquitetos ou mecânicos. Impossível saber como será o futuro, mas é
certo admitir que será da forma como os professores e sua fé imperdível em
seu trabalho o construirá. Existe algo ao mesmo tempo mágico e divino na
tarefa de ensinar e professor algum pode renunciar a essa imensa vontade e a
fortaleza dessa crença, manifesta na renúncia do eu pelo outro em todo dia, no
cuidadoso preparo de qualquer aula, na atenção a qualquer criança. O
verdadeiro professor não pode ser guiado pela frieza de uma visão somente
profana, mas também não pelo idealismo ingênuo de ser manipulado por sua
crença autêntica...
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canadenses são gentes diferentes e possuem maneiras originais de viver e de
pensar.
É bom fazer amigos, melhor ainda descobri-los diferentes. A amizade por
certo perderia graça se todas as pessoas fossem iguais e se ao perceber o outro,
encontrássemos espelho. Essa é uma verdade que parece tão cristalina que é de
se estranhar que até hoje nenhum poeta dos que aprendi, falaram que a diferença
constitui o alicerce da amizade, os fundamentos do afeto, a certeza da alegria de
viver. Adorei poesias sobre a amizade, enternece minha alma, versos sobre o
amor, mas creio que amizade e carinho nos tornam humanos porque adoramos
encontrar nos outros o que em nós mesmos inutilmente buscamos. Hoje conheci
Alexandre.
Alexandre Santos de Guimarães tem 12 anos incompletos e sabe de cor o
nome de todos os mais de duzentos animais de seu álbum de figurinhas. Sabe
além dos nomes os seus hábitos e suas excentricidades. Assim como possui
memória privilegiada para o que gosta, conhece números primos até mais de seis
mil, mas nada entende de relações humanas. Não aprende a lidar com pessoas,
não percebe a ironia, não entende a mais simples anedota e não imagina que é
possível alguém sorrir de alguma coisa mesmo sem achar qualquer graça. Sente-
se verdadeiramente feliz quando fica sozinho, repetindo as tabelas que com
incrível facilidade é capaz de decorar. Alexandre Santos Guimarães é portador da
síndrome de Asperger, uma forma diferenciada de autismo. Alexandre
provavelmente não consegue entender porque sendo diferente de outros garotes
de 12 anos é considerado portador de dificuldades especiais e precisa de recursos
específicos para que possa ser incluído.
Alex é diferente, é meu amigo e é bem vindo em meu mundo, Alexandre é
igualmente diferente, gostaria de ser seu amigo, mas jamais poderá ser aceito
além de seu próprio mundo.