Antimonumento - arte, memória e direitos humanos - Prof. Leonardo Gomes_removed.pdf
1. ARTES VISUAIS - FMU
LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL
Prof. Dr. Leonardo Gomes
ANTIMONUMENTO:
ARTE, MEMÓRIA E
DIREITOS HUMANOS.
Material de apoio à leitura do texto de Fulvia
Molina "Arte, memória e direitos humanos"
2. Nosso encontro está consagrado para discutirmos as
relações entre arte, memória e direitos humanos a partir do
conceito de antimonumento, que surgiu no final do século
XX como um modo de tratar violências de Estado - como o
nazismo e as ditaduras na América Latina - através da arte.
3. A palavra latina "monere" é a raíz do termo "monumento",
que significa lembrar, advertir, exortar. Por isso, se liga
diretamente à noção de memória (Μνημοσύνη), visto tratar
da exortação dos grandes feitos de heróis, do falecimento de
alguém importante, etc.
4. No entanto, após os desastres da Segunda Guerra Mundial
(1939-1945), foi iniciada uma estética que desloca o sentido
de tradicional de monumento através de obras de arte que
evocam lembranças da violência e homenagens aos mortos
e à luta de minorias - por meio do antimonumento.
5. "Não seria este o lugar da arte, que visaria, não apenas
resgatar uma memória, mas sobretudo atualizá-la em um
ato de estética e politicamente presente, recolocando-a, por
assim dizer, em movimento?" (MOLINA, 2015, p. 104).
7. Fonte Aschrott, em Kassel, c. 1930.
Fonte em estilo gótico de 12 metros
de altura, em Kassel (Alemanhha),
destruída por militantes nazistas em
1939. A fonte foi construida no ano
de 1908 com fundos do empresário
judeu Sigmund Aschrott. Ela ficou
conhecida como a "Fonte Aschrott".
O antimonumento e o memorial
8. Projeto e registros da obra de Horst Hoheisel - Fonte Aschrott negativa (1987)
10. “Como uma nação de ex-perseguidores lamenta suas vítimas? Como uma
nação como a Alemanha se reconstrói como um estado novo e justo com
base na memória de seus crimes? Uma das respostas mais fascinantes ao
enigma memorial essencial da Alemanha é o advento de seus 'contra-
monumentos': espaços memoriais descarados e dolorosamente
autoconscientes, concebidos para desafiar as próprias premissas de seu ser.
sua rigidez demagógica, lembram muito de traços que associam ao próprio
fascismo. Um monumento contra o fascismo, portanto, teria que ser um
monumento contra si mesmo: contra a função tradicionalmente didática dos
monumentos, contra sua tendência de deslocar o passado que eles nos fazem
contemplar - e, finalmente, contra a propensão autoritária em toda arte que
reduz os espectadores a espectadores passivos”.
Na fonte, encontra-se o seguinte texto:
11. Imagem atual da Fonte Aschrott. Referência: Kassel Documenta Stadt.
12. A alegoria como memória
Construído em 1852, serviu inicialmente como
prisão e depósito de escravos.
No Estado Novo (1937-1945) recebeu um pavilhão
especial para presos da Lei de Segurança Nacional,
passando a ser reconhecido como um presídio
político. Na Ditadura Militar (1964-1985), os presos
políticos era encaminhados preferencialmente ao
presídio Tiradentes.
Funcionou até 1972, quando foi demolido.
Único vestígio preservado, seu arco de entrada foi
tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio
Histórico Arqueológico, Artístico e Turístico
(Condephaat).
Presídio Tiradentes(SP)
Fonte: http://memorialdaresistenciasp.org.br/lugares/presidio-tiradentes/
Verbete: Desirée Azevedo
14. A memória como tribunal e redenção
Charles-Eric Gogny
"Presas pela polícia do governo de Vichy, cúmplice do ocupante
nazista, mais de 11.000 crianças foram deportadas da França de
1942 a 1944, e assasinadas em Auschwitz, porque eram judias.
Mais de 423 dessas crianças viviam no 19° arrondissement, dentre
elas, 33 bebês que não tiveram tempo de frequentar a escola.
Passante, leia os seus nomes, tua memória é a sua única sepultura"
Mémoire des enfants juifs déportés (2008)
15. Arte-memória que é pura memória
Entre a escuta e a fala: últimos testemunhos, Auschwitz (1945-2005)
Esther Shavel-Gerz
16. Arte como ativação da memória
MemoriAntonia - a alma dos edifícios (2003)
Horst Hoheisel, Andreas Knitz, Marcelo
Brodsky, Fulvia Molina
17. Referências
MOLINA, Fulvia. Arte, memória e direitos humanos. In: DOSSIÊ A MEMÓRIA (ATIVA) DA ARTE • Lua Nova (96) •
Sep-Dec 2015. Disponível em: https: //www.scielo.br/j/ln/a/3w5TMM8xfBPGs8YR9cjgCxh/?format=pdf&lang=pt
SELIGMANN-SILVA, M. Antimonumentos: trabalho de memória e de resistência. In: Psicologia USP. 2016 I
volume 27 I número 1 I 49-60. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pusp/a/Vyft9fND6TVQywwV3bSkM6q/?
format=pdf&lang=pt
Material de apoio
HUNT, L. A invenção dos direitos humanos: uma história. Trad. Rosaur a Eichenberg. São Paulo: Companhia
das Letras, 2009. Disponível em:
https://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/17973/material/A%20inven%C3%A7%C
3%A3o%20dos%20Direitos%20Humanos.pdf
KRENAK, A. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019. Disponível em:
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5727070/mod_resource/content/1/ideias-para-adiar-o-fim-do-
mundo-1-34.pdf
MBEMBE, A. Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte. In: Arte & Ensaios |
revista do ppgav/eba/ufrj | n. 32 | dezembro 2016. Disponível em: https://www.procomum.org/wp-
content/uploads/2019/04/necropolitica.pdf