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Rev Neurocienc 2013;21(3):468-473
revisão
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RESUMO
Objetivo. Estabelecer a diferença entre os distúrbios de fluência e de
prosódia. Método. Trata-se de uma revisão da literatura sobre a flu-
ência e prosódia frente aos seus transtornos. Resultados. A fluência é
caracterizada pela capacidade de produzir uma fala espontaneamente
fluida e seus distúrbios são denominadas como disfluências, nas quais
ocorrem distúrbios no ritmo, na velocidade, na entonação e quan-
do há esforço ao falar. Estes distúrbios podem ser classificados como
normais, anormais ou ambíguas. A prosódia é definida como o ele-
mento que estrutura a produção verbal oral que é capaz de segmentar
os sons da fala, que ao formular as sílabas, gera uma estrutura rítmi-
ca. Seus transtornos são classificados em aprosódia e hiperprosódia.
Conclusão. As caracterizações da prosódia e da fluência se misturam
em muitos artigos. Embora diferentes, a disfluência e os distúrbios de
prosódia carregam divergências quanto a sua interpretação em função
das bases teóricas que marcam os seus conceitos.
Unitermos. Diagnóstico, Distúrbios da Fala, Transtornos da Lingua-
gem, Gagueira.
Citação. Souza RL, Cardoso MCAF. Fluência e Prosódia: Aspectos
Diferenciais Frente aos Distúrbios.
ABSTRACT
Objective. To establish the difference between the disorders of flu-
ency and prosody. Method. It is a review of literature on the fluency
and Prosody front to their disorders. Results. Fluency is characterized
by the ability to produce a spontaneous fluid speech and its disor-
ders are termed as fluency disorders, in which occur disturbances in
rhythm, intonation and speed, when there is stress to speak. These
disorders can be classified as normal, abnormal or ambiguous. The
Prosody is defined as the element that verbal oral production struc-
ture is capable of segmenting speech sounds that when formulating
the syllables, raises a rhythmic structure. Their disorders are classified
into aprosodia and hiperprosodia. Conclusion. The characterization
of prosody and of fluency mixes in many papers. Although different
the fluency disorders and disturbances of prosody carry differences
as to its interpretation in the light of the theoretical bases that mark
their concepts.
Keywords. Diagnosis, Speech Disorders, Language Disorders, Stut-
tering.
Citation. Souza RL, Cardoso MCAF. Fluency and Prosody: Differen-
tial Aspects to The Disturbances.
Fluência e Prosódia: Aspectos Diferenciais
Frente aos Distúrbios
Fluency and Prosody: Differential Aspects to The Disturbances
Renata Lucca de Souza1
, Maria Cristina de Almeida Freitas Cardoso2
Endereço para correspondência:
Maria Cristina Cardoso
Av. Eduardo Prado, 695 casa 37.
CEP 91751-000, Porto Alegre-RS, Brasil.
E-mail: mccardoso@via-rs.net
Revisão
Recebido em: 06/02/12
Aceito em: 15/08/13
Conflito de interesses: não
Estudo desenvolvido no Centro Universitário Metodista do IPA de Porto
Alegre-RS, Brasil.
1.Bacharel em Fonoaudiologia do Centro Universitário Metodista do IPA de
Porto Alegre-RS, Brasil.
2.Fonoaudióloga, Doutora, Professora Adjunto I da Universidade Federal de
Ciências da Saúde de Porto Alegre – UFCSPA, Porto Alegre-RS, Brasil.
doi: 10.4181/RNC.2013.21.766.6p
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revisão
INTRODUÇÃO
A fluência verbal oral é definida como a capacidade
de produzir uma fala espontaneamente fluida, sem exces-
sivas pausas nem falhas na busca das palavras1
. Está, para
dar o significado claro das palavras, tanto em unidades
fonológicas, lexicais, morfológicas, sintáticas e semânticas
da linguagem, necessita estar associada ao ritmo, veloci-
dade, entonação e as intenções comunicativas2
.
Embora a fluência seja estabelecida como direta,
ela é diferente de espontaneidade, pois para a sua produ-
ção há a necessidade de uma justaposição de ações que
precisam ocorrer sincronizadas no tempo. Estas ações
englobam o respirar, o produzir voz, articular, pensar e
o transformar o pensamento em um ato motor audível
sincronizado e reconhecido como linguagem3
.
A fluência também está sujeita a alterações sendo
denominadas de disfluências, nas quais ocorrem distúr-
bios no ritmo, na velocidade, na entonação e quando há
esforço ao falar. Estes distúrbios de comunicação decor-
rentes da fluência podem ser classificados como normais
(não gagas), anormais (gagas) ou ambíguas (algumas ve-
zes são normais e outras anormais)4
.
As disfluências normais são aquelas as quais ocor-
rem repetições esporádicas de palavras ou sintagmas. Há
prolongamentos de sons uma vez ou outra, e pode haver,
ocasionalmente, uma posição articulatória fixa, acompa-
nhada de um ligeiro esforço motor. A sequência, a dura-
ção e o ritmo não estão alterados, não há medo ao falar4
.
No caso das disfluências anormais (gagas), a frequência
está alterada, há mais prolongamentos, repetições e po-
sições articulatórias fixas do que o normal. Neste há um
esforço motor visível durante a fonação, tensão nos mús-
culos articulatórios e medo ao falar4
.
Na comunicação verbal oral, não somente os signi-
ficados das palavras realizam a transmissão da mensagem,
mas sim, fundamentalmente com a entonação vocal, a
prosódia irá transmitir a informação sobre o estado emo-
cional e a intenção do falante, representando esta como
sinais não linguísticos da linguagem5
.
A prosódia é o elemento que estrutura a produção
verbal capaz de segmentar os sons da fala, do qual ao for-
mular as sílabas, acaba por gerar uma estrutura rítmica e
assim, facilitando a memória auditiva instantânea6
.
Para o seu estudo acústico, a prosódia requer três
parâmetros, sendo estes: a frequência fundamental, cor-
relato físico correspondente à melodia; a duração, corres-
pondente ao tempo de articulação; e a intensidade, rela-
cionado à energia vocal utilizada pelo falante7,8
.
Este estudo tem como objetivo estabelecer a dife-
rença entre os distúrbios de fluência e de prosódia através
da busca bibliográfica para a revisão.
MÉTODO
Trata-se de uma revisão da literatura sobre a flu-
ência e prosódia frente aos seus transtornos, a partir da
busca de publicações dos últimos 15 anos em sites de pes-
quisa: Bireme, Google-scholar e Scielo; com os termos:
fluência; disfluências; prosódia; transtornos da prosódia;
e gagueira. Foram incluídos as publicações ou estudos
a partir da leitura dos resumos dos termos informados,
com os aspectos clínicos de diagnóstico e etiologia, e após
lidos na íntegra; nas línguas inglesa, espanhola e portu-
guesa; sob o limite humano; a partir do ano de publicação
de 1995. Foram excluídos estudos anteriores ao período
determinado, de limitação inferior.
RESULTADOS
Inicialmente foram encontrados 11 artigos na pla-
taforma Google-scholar, 6 na plataforma Bireme e 7 na
Scielo a partir dos termos pesquisados. Foram selecio-
nados 12 artigos, sendo que os textos apresentam uma
análise estatística e são referenciados com significância,
assim como, utilizados livros de referências e monografias
nacionais atualizadas.
Os dados em que os mesmos se inter-relacionam
dizem respeito ao comprometimento da linguagem ver-
bal quanto aos parâmetros linguísticos do ritmo e da ve-
locidade da fala, em ambos alterados.
A disprosódia decorre de uma lesão neurológica.
A literatura traz que esta lesão pode ocorrer em ambos
os hemisférios, mais comumente em hemisfério direito,
podendo envolver as áreas dos gânglios da base, o giro
anterior e superior temporal direito e o opérculo fronto-
parietal direito5-12
.
As disfluências são referidas por alterações no pro-
cesso de aquisição de linguagem e por alterações do siste-
ma nervoso central1-4,13-19
.
Os estudos mostram alternativas distintas para o
Rev Neurocienc 2013;21(3):468-473
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470
tratamento destes distúrbios, sendo indicado para a dis-
prosódia terapias imitativas e de caráter cognitivo-linguís-
ticas, para percepção acústica da fala. Já para as disfluências
são estabelecidos tratamentos que envolvem atividades em
grupo e/ou individuais, de controle motor da fala e ativi-
dades cognitivo-linguísticas de auto-percepção.
Classificação dos Transtornos de Fluência
A classificação dos transtornos de fluência nor-
teiam as pesquisas da comunicação verbal, visto serem
estes distúrbios mobilizantes e interferentes nas relações
interpessoais, ao mesmo tempo em que são descritos ao
longo dos séculos.
Considerando a sua classificação como normais,
gagas e ambíguas, podem ser equiparadas as disfluências
gagas aos tipos diferentes de gagueira, distribuídas em
quatro tipos de alterações: gagueira do desenvolvimento,
gagueira, gagueira neurogênica, gagueira psicogênica, ta-
quifemia e taquilalia2,4,13,14
.
A gagueira do desenvolvimento é aquela cujo sur-
gimento se dá na infância, durante a fase de aquisição e
o desenvolvimento da linguagem, e se caracteriza como
uma desordem crônica14
. Este tipo de gagueira é bas-
tante debatido na literatura, quanto ao seu seguimento,
podendo ou não se estruturar em uma gagueira a par-
tir da frequência da sua ocorrência e da fragmentação da
comunicação, assim como da necessidade ou não da sua
intervenção clínica.
A gagueira é um fenômeno que se manifesta por
uma regularidade e com graus de severidade diferentes,
cujas características são: repetições, hesitações, bloqueios
e tremores, acompanhados ou não de movimentos corpo-
rais secundários, visíveis e associados à tensão ao falar4,15,16
.
A gagueira neurogênica ou disfluência neurológica
é causada por uma lesão encefálica que atinge o sistema
nervoso central, cuja ocorrência maior se dá na vida adul-
ta, em indivíduos sem história de problemas de fluência
anterior à ocorrência da doença. Este tipo de gagueira
pode ser transitório quando associada às doenças que
atingem apenas um dos hemisférios cerebrais e perma-
nentes, quando associadas à bilateralidade hemisférica,
incidindo-se de forma abrupta, pós-lesão. Tais lesões po-
dem ser focais ou difusas, com danos corticais e subcorti-
cais do sistema nervoso central17
.
A gagueira psicogênica é a que menos ocorre sendo
caracterizada não como uma gagueira “verdadeira” e sim,
como um transtorno de conversão. Neste caso a gagueira
é tida como uma necessidade psíquica5
.
A taquifemia se trata de uma alteração da fluência
verbal, na qual se observa o indivíduo falando numa ve-
locidade alta, rápida e irregular, alterando o ritmo da fala,
pois a articulação se dá de forma desordenada e confusa,
produzindo mudanças nas sílabas, com omissões silábicas
e pausas desnecessárias, e deformando os sons da fala18,19
.
Por último, a taquilalia, para a qual se encontram
definições divergentes, ou seja, encontrando-se na litera-
tura a classificação como um problema de linguagem as-
sociado a uma disfunção no sistema nervoso central, cujo
ritmo da fala é muito mais rápido do que o normal, mas
a fala é desorganizada, com a sequência dos sons alterada
e com linguagem incompreensível. De acordo com a lite-
ratura, não há consciência do problema e nem há compo-
nentes emotivos envolvidos e caso haja tensão muscular,
essa será imperceptível4
.
Ao mesmo tempo, a classificação internacional das
doenças20
identifica a taquilalia pela ocorrência de uma
taxa de elocução ou articulação (velocidade de fala) eleva-
da, intensa o suficiente para prejudicar a inteligibilidade
da mensagem, na qual não ocorre aumento significativo
no número de hesitações e/ou de disfluências comuns ou
gaguejadas, não estando presentes outras alterações de
linguagem, como dificuldades sintáticas ou dificuldades
com macroestruturas textuais (discurso confuso).
Classificação dos Transtornos de Prosódia
A prosódia tida como um componente de coesão
do enunciado, mantendo o ritmo e o contorno melódico
adequados na comunicação verbal oral conecta os sons da
fala e estabelece uma hierarquia entre as sílabas, gerando
uma estrutura rítmica6
.
A literatura propõe-se a estudar os distúrbios da
prosódia a partir de um enfoque linguístico, baseado na
lesão cerebral considerando os dados de lateralização he-
misférica do processamento prosódico, em que o hemis-
fério esquerdo é responsável pela prosódia linguística e o
direito pela prosódia afetiva e, também, sob uma ótica
não linguística, fundamentada nos aspectos fonológicos
que englobam o vocábulo, seus fonemas e as marcações
471
Rev Neurocienc 2013;21(3):468-473
revisão
de acentuação e entonação21
.
A localização da lesão hemisférica imputa ao indi-
víduo pós-lesão à esquerda dificuldade de processar a pro-
sódia responsável pela estruturação interna das sentenças
e à direita, apresentam poucas variações da frequência
fundamental (F0), achatamento na tessitura e fala lenti-
ficada21
.
As dificuldades prosódicas referenciadas por lesões
são classificadas em aprosódia – por falta de prosódia ou
em hiperprosódia – pelo uso excessivo de prosódia21
.
Os distúrbios de prosódia afetivos ou aprosódia
expressiva são definidos como uma capacidade menor
do falante para expressar emoções comuns como alegria,
tristeza e raiva. Os indivíduos com aprosódia expressiva,
por apresentarem esta característica na voz, muitas vezes
apresentam dificuldades na comunicação, frente à trans-
missão das mensagens emocionais8,9,11
.
A disfunção prosódica encontrada em indivíduos
com lesão no hemisfério direto apresenta uma limitação
da frequência fundamental dos níveis mais altos e baixos
da entonação. Estas alterações são acompanhadas geral-
mente pela modificação da duração e/ou na estrutura do
enunciado, trazendo alterações na cadência ou na fala do
enunciado22
.
Os distúrbios da prosódia fundamentados pelo
enfoque não linguístico correlacionam as dificuldades en-
contradas aos ajustes rítmicos realizados pelos indivíduos,
ao evocarem um enunciado, no nível da frase fonológica,
cujos reajustes rítmicos se dão através dos seus constituin-
tes intermediários, pela relação entre as sílabas fortes e fra-
cas que constituem a palavra, aliadas a velocidade da fala21
.
Sob este enfoque os distúrbios de prosódia são in-
terpretados pela dificuldade em manter a eurritmia (grade
métrica perfeita), à alternância rítmica das sílabas (forte-
-fraco) e pela ocorrência das colisões acentuais (dois acen-
tos fortes sucessivos no mesmo nível métrico acima da pa-
lavra prosódica ou fonológica). A velocidade de fala, que
contribui para mudanças e reajustes na grade imprime
ao indivíduo pós-lesão soluções rítmicas inesperadas nas
frases fonológicas, resultando num desarranjo métrico em
sequências interpretadas como parafasia e neologismo21
.
DISCUSSÃO
A fluência, sobretudo, a fala fluente necessita da
sincronização das ações motoras para a sua produção, tor-
nando esta sem rupturas e sem falhas no seu enunciado.
Já a prosódia se dá pela frequência, duração, velocidade e
principalmente a entonação da fala do indivíduo, poden-
do esta ser considerada como um componente não verbal
do enunciado.
A presente revisão de literatura, mostra o quanto
a prosódia e a fluência ainda se confundem, tendo, em
muitos artigos, a não separação quanto aos seus significa-
dos, pois, embora diferentes, a disfluência e os distúrbios
de prosódia carregam, também, divergências quanto a sua
interpretação em função das bases teóricas que marcam
os seus conceitos.
Indiferente a estes julgamentos, tem-se, unanime-
mente, que se trata de problemas da comunicação huma-
na que interferem na significação dos diálogos, na ela-
boração do discurso e compromete socialmente a relação
entre os indivíduos.
As disfluências gagas, não gagas e ambíguas com-
prometem a estrutura do enunciado por sua fragmenta-
ção. Os distúrbios de prosódia, pela ocorrência da mo-
notonia da elocução e alteração do ritmo do enunciado,
compromete a expressão dos significados.
O estabelecimento de um distúrbio de fluência e
da prosódia se dá pela avaliação da fluência na leitura, na
qual se verifica o ritmo, a variação melódica, a presença
ou não de rupturas, a decodificação e a compreensão do
texto. Incorpora-se a estas a avaliação qualitativa e quanti-
tativa dos aspectos verbais e não verbais da comunicação,
que incluem: taxas de articulação e de elocução verbal; a
frequência fundamental da fala; a frequência e tipologia
das rupturas; velocidade e ritmo de fala; a duração do
discurso para com os aspectos verbais e gestualidades; a
ocorrência de movimentos associados; a presença de ten-
são da musculatura facial e corporal; e a expressão facial e
corporal para com os aspectos não verbais23
.
A partir destes dados se chega ao estabelecimento
de um quadro diagnóstico, diferenciando os distúrbios
entre si e entre os mesmos.
Alguns dados ainda necessitam ser explorados
quanto à designação de transtornos de fluência e da pro-
sódia. Um destes dados se dá pela própria conceituação
da prosódia, como sendo um componente de coesão do
enunciado, que mantém o ritmo e o contorno melódi-
Rev Neurocienc 2013;21(3):468-473
revisão
472
co adequados na comunicação verbal oral, visto que, na
ocorrência de uma disfluência ela se encontra prejudi-
cada. As pausas, bloqueios, repetições fazem com que o
indivíduo disfluente tenha dificuldade em realizar as mu-
danças necessárias no trato vocal para conseguir executar
a acentuação melódica adequada para a fluência normal22
.
Outro aspecto a ser considerado é o caráter da pro-
sódia ser um componente da linguagem, enquanto que a
fluência é um elemento da fala. Sendo assim, a prosódia
incorpora a fluência semântica e a fonológica e possibilita
o acesso lexical num enunciado.
A fluência semântica é caracterizada pela emissão
de palavras de um campo com a mesma categoria, ou do
mesmo campo conceitual. Trata-se de uma habilidade
cognitiva em emitir, de maneira sequencial e ordenada,
o máximo de palavras de uma determinada categoria se-
mântica.
A fluência fonológica se refere à emissão de pala-
vras que se iniciam com o mesmo fone. Nesta, a habili-
dade cognitiva é de se emitir, numa sequência ordenada,
o máximo de palavras, de uma determinada categoria fo-
nológica.
A fluência ou a presença de uma disfluência gaga
ou não gaga comprometem a velocidade da fala, interfe-
rindo na comunicação, fazendo com que, frente à gaguei-
ra, quanto mais grave essa for, menor será a velocidade da
fala em palavras e sílabas por minuto24
.
CONCLUSÕES
A fluência é caracterizada por rupturas na fala e
as disfluências são classificadas em normais, gagas e am-
bíguas. A prosódia é definida como o componente que
mantém o ritmo e a entonação melódica da fala. Seus
distúrbios são classificados em aprosódia e hiperprosódia.
A fluência e a prosódia, na ocorrência de distúrbios
se entremeiam e podem ocorrer concomitantes.
Frente a estes dados referenciais sugere-se que se-
jam realizados mais estudos sobre a definição da prosódia
e da fluência, assim como dos seus respectivos transtornos
dado a abrangência dos temas e do grau de comprometi-
mento dos indivíduos portadores destas dificuldades.
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transtornos_comportamentais_e_emocionais_com_inicio_habitualmente_
durante_a_infancia_ou_a_adolescencia.htm.
473
Rev Neurocienc 2013;21(3):468-473
revisão
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ticias/mitos_da_gagueira_refletem_desinformacao_sobre_o_problema.html.
24.Andrade CRF, Cervone LM, Sassi FC. Relationship between the stuttering
severity index and speech rate. SPMJ 2003;121(2):81-84.

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  • 1. Rev Neurocienc 2013;21(3):468-473 revisão 468 RESUMO Objetivo. Estabelecer a diferença entre os distúrbios de fluência e de prosódia. Método. Trata-se de uma revisão da literatura sobre a flu- ência e prosódia frente aos seus transtornos. Resultados. A fluência é caracterizada pela capacidade de produzir uma fala espontaneamente fluida e seus distúrbios são denominadas como disfluências, nas quais ocorrem distúrbios no ritmo, na velocidade, na entonação e quan- do há esforço ao falar. Estes distúrbios podem ser classificados como normais, anormais ou ambíguas. A prosódia é definida como o ele- mento que estrutura a produção verbal oral que é capaz de segmentar os sons da fala, que ao formular as sílabas, gera uma estrutura rítmi- ca. Seus transtornos são classificados em aprosódia e hiperprosódia. Conclusão. As caracterizações da prosódia e da fluência se misturam em muitos artigos. Embora diferentes, a disfluência e os distúrbios de prosódia carregam divergências quanto a sua interpretação em função das bases teóricas que marcam os seus conceitos. Unitermos. Diagnóstico, Distúrbios da Fala, Transtornos da Lingua- gem, Gagueira. Citação. Souza RL, Cardoso MCAF. Fluência e Prosódia: Aspectos Diferenciais Frente aos Distúrbios. ABSTRACT Objective. To establish the difference between the disorders of flu- ency and prosody. Method. It is a review of literature on the fluency and Prosody front to their disorders. Results. Fluency is characterized by the ability to produce a spontaneous fluid speech and its disor- ders are termed as fluency disorders, in which occur disturbances in rhythm, intonation and speed, when there is stress to speak. These disorders can be classified as normal, abnormal or ambiguous. The Prosody is defined as the element that verbal oral production struc- ture is capable of segmenting speech sounds that when formulating the syllables, raises a rhythmic structure. Their disorders are classified into aprosodia and hiperprosodia. Conclusion. The characterization of prosody and of fluency mixes in many papers. Although different the fluency disorders and disturbances of prosody carry differences as to its interpretation in the light of the theoretical bases that mark their concepts. Keywords. Diagnosis, Speech Disorders, Language Disorders, Stut- tering. Citation. Souza RL, Cardoso MCAF. Fluency and Prosody: Differen- tial Aspects to The Disturbances. Fluência e Prosódia: Aspectos Diferenciais Frente aos Distúrbios Fluency and Prosody: Differential Aspects to The Disturbances Renata Lucca de Souza1 , Maria Cristina de Almeida Freitas Cardoso2 Endereço para correspondência: Maria Cristina Cardoso Av. Eduardo Prado, 695 casa 37. CEP 91751-000, Porto Alegre-RS, Brasil. E-mail: mccardoso@via-rs.net Revisão Recebido em: 06/02/12 Aceito em: 15/08/13 Conflito de interesses: não Estudo desenvolvido no Centro Universitário Metodista do IPA de Porto Alegre-RS, Brasil. 1.Bacharel em Fonoaudiologia do Centro Universitário Metodista do IPA de Porto Alegre-RS, Brasil. 2.Fonoaudióloga, Doutora, Professora Adjunto I da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre – UFCSPA, Porto Alegre-RS, Brasil. doi: 10.4181/RNC.2013.21.766.6p
  • 2. 469 Rev Neurocienc 2013;21(3):468-473 revisão INTRODUÇÃO A fluência verbal oral é definida como a capacidade de produzir uma fala espontaneamente fluida, sem exces- sivas pausas nem falhas na busca das palavras1 . Está, para dar o significado claro das palavras, tanto em unidades fonológicas, lexicais, morfológicas, sintáticas e semânticas da linguagem, necessita estar associada ao ritmo, veloci- dade, entonação e as intenções comunicativas2 . Embora a fluência seja estabelecida como direta, ela é diferente de espontaneidade, pois para a sua produ- ção há a necessidade de uma justaposição de ações que precisam ocorrer sincronizadas no tempo. Estas ações englobam o respirar, o produzir voz, articular, pensar e o transformar o pensamento em um ato motor audível sincronizado e reconhecido como linguagem3 . A fluência também está sujeita a alterações sendo denominadas de disfluências, nas quais ocorrem distúr- bios no ritmo, na velocidade, na entonação e quando há esforço ao falar. Estes distúrbios de comunicação decor- rentes da fluência podem ser classificados como normais (não gagas), anormais (gagas) ou ambíguas (algumas ve- zes são normais e outras anormais)4 . As disfluências normais são aquelas as quais ocor- rem repetições esporádicas de palavras ou sintagmas. Há prolongamentos de sons uma vez ou outra, e pode haver, ocasionalmente, uma posição articulatória fixa, acompa- nhada de um ligeiro esforço motor. A sequência, a dura- ção e o ritmo não estão alterados, não há medo ao falar4 . No caso das disfluências anormais (gagas), a frequência está alterada, há mais prolongamentos, repetições e po- sições articulatórias fixas do que o normal. Neste há um esforço motor visível durante a fonação, tensão nos mús- culos articulatórios e medo ao falar4 . Na comunicação verbal oral, não somente os signi- ficados das palavras realizam a transmissão da mensagem, mas sim, fundamentalmente com a entonação vocal, a prosódia irá transmitir a informação sobre o estado emo- cional e a intenção do falante, representando esta como sinais não linguísticos da linguagem5 . A prosódia é o elemento que estrutura a produção verbal capaz de segmentar os sons da fala, do qual ao for- mular as sílabas, acaba por gerar uma estrutura rítmica e assim, facilitando a memória auditiva instantânea6 . Para o seu estudo acústico, a prosódia requer três parâmetros, sendo estes: a frequência fundamental, cor- relato físico correspondente à melodia; a duração, corres- pondente ao tempo de articulação; e a intensidade, rela- cionado à energia vocal utilizada pelo falante7,8 . Este estudo tem como objetivo estabelecer a dife- rença entre os distúrbios de fluência e de prosódia através da busca bibliográfica para a revisão. MÉTODO Trata-se de uma revisão da literatura sobre a flu- ência e prosódia frente aos seus transtornos, a partir da busca de publicações dos últimos 15 anos em sites de pes- quisa: Bireme, Google-scholar e Scielo; com os termos: fluência; disfluências; prosódia; transtornos da prosódia; e gagueira. Foram incluídos as publicações ou estudos a partir da leitura dos resumos dos termos informados, com os aspectos clínicos de diagnóstico e etiologia, e após lidos na íntegra; nas línguas inglesa, espanhola e portu- guesa; sob o limite humano; a partir do ano de publicação de 1995. Foram excluídos estudos anteriores ao período determinado, de limitação inferior. RESULTADOS Inicialmente foram encontrados 11 artigos na pla- taforma Google-scholar, 6 na plataforma Bireme e 7 na Scielo a partir dos termos pesquisados. Foram selecio- nados 12 artigos, sendo que os textos apresentam uma análise estatística e são referenciados com significância, assim como, utilizados livros de referências e monografias nacionais atualizadas. Os dados em que os mesmos se inter-relacionam dizem respeito ao comprometimento da linguagem ver- bal quanto aos parâmetros linguísticos do ritmo e da ve- locidade da fala, em ambos alterados. A disprosódia decorre de uma lesão neurológica. A literatura traz que esta lesão pode ocorrer em ambos os hemisférios, mais comumente em hemisfério direito, podendo envolver as áreas dos gânglios da base, o giro anterior e superior temporal direito e o opérculo fronto- parietal direito5-12 . As disfluências são referidas por alterações no pro- cesso de aquisição de linguagem e por alterações do siste- ma nervoso central1-4,13-19 . Os estudos mostram alternativas distintas para o
  • 3. Rev Neurocienc 2013;21(3):468-473 revisão 470 tratamento destes distúrbios, sendo indicado para a dis- prosódia terapias imitativas e de caráter cognitivo-linguís- ticas, para percepção acústica da fala. Já para as disfluências são estabelecidos tratamentos que envolvem atividades em grupo e/ou individuais, de controle motor da fala e ativi- dades cognitivo-linguísticas de auto-percepção. Classificação dos Transtornos de Fluência A classificação dos transtornos de fluência nor- teiam as pesquisas da comunicação verbal, visto serem estes distúrbios mobilizantes e interferentes nas relações interpessoais, ao mesmo tempo em que são descritos ao longo dos séculos. Considerando a sua classificação como normais, gagas e ambíguas, podem ser equiparadas as disfluências gagas aos tipos diferentes de gagueira, distribuídas em quatro tipos de alterações: gagueira do desenvolvimento, gagueira, gagueira neurogênica, gagueira psicogênica, ta- quifemia e taquilalia2,4,13,14 . A gagueira do desenvolvimento é aquela cujo sur- gimento se dá na infância, durante a fase de aquisição e o desenvolvimento da linguagem, e se caracteriza como uma desordem crônica14 . Este tipo de gagueira é bas- tante debatido na literatura, quanto ao seu seguimento, podendo ou não se estruturar em uma gagueira a par- tir da frequência da sua ocorrência e da fragmentação da comunicação, assim como da necessidade ou não da sua intervenção clínica. A gagueira é um fenômeno que se manifesta por uma regularidade e com graus de severidade diferentes, cujas características são: repetições, hesitações, bloqueios e tremores, acompanhados ou não de movimentos corpo- rais secundários, visíveis e associados à tensão ao falar4,15,16 . A gagueira neurogênica ou disfluência neurológica é causada por uma lesão encefálica que atinge o sistema nervoso central, cuja ocorrência maior se dá na vida adul- ta, em indivíduos sem história de problemas de fluência anterior à ocorrência da doença. Este tipo de gagueira pode ser transitório quando associada às doenças que atingem apenas um dos hemisférios cerebrais e perma- nentes, quando associadas à bilateralidade hemisférica, incidindo-se de forma abrupta, pós-lesão. Tais lesões po- dem ser focais ou difusas, com danos corticais e subcorti- cais do sistema nervoso central17 . A gagueira psicogênica é a que menos ocorre sendo caracterizada não como uma gagueira “verdadeira” e sim, como um transtorno de conversão. Neste caso a gagueira é tida como uma necessidade psíquica5 . A taquifemia se trata de uma alteração da fluência verbal, na qual se observa o indivíduo falando numa ve- locidade alta, rápida e irregular, alterando o ritmo da fala, pois a articulação se dá de forma desordenada e confusa, produzindo mudanças nas sílabas, com omissões silábicas e pausas desnecessárias, e deformando os sons da fala18,19 . Por último, a taquilalia, para a qual se encontram definições divergentes, ou seja, encontrando-se na litera- tura a classificação como um problema de linguagem as- sociado a uma disfunção no sistema nervoso central, cujo ritmo da fala é muito mais rápido do que o normal, mas a fala é desorganizada, com a sequência dos sons alterada e com linguagem incompreensível. De acordo com a lite- ratura, não há consciência do problema e nem há compo- nentes emotivos envolvidos e caso haja tensão muscular, essa será imperceptível4 . Ao mesmo tempo, a classificação internacional das doenças20 identifica a taquilalia pela ocorrência de uma taxa de elocução ou articulação (velocidade de fala) eleva- da, intensa o suficiente para prejudicar a inteligibilidade da mensagem, na qual não ocorre aumento significativo no número de hesitações e/ou de disfluências comuns ou gaguejadas, não estando presentes outras alterações de linguagem, como dificuldades sintáticas ou dificuldades com macroestruturas textuais (discurso confuso). Classificação dos Transtornos de Prosódia A prosódia tida como um componente de coesão do enunciado, mantendo o ritmo e o contorno melódico adequados na comunicação verbal oral conecta os sons da fala e estabelece uma hierarquia entre as sílabas, gerando uma estrutura rítmica6 . A literatura propõe-se a estudar os distúrbios da prosódia a partir de um enfoque linguístico, baseado na lesão cerebral considerando os dados de lateralização he- misférica do processamento prosódico, em que o hemis- fério esquerdo é responsável pela prosódia linguística e o direito pela prosódia afetiva e, também, sob uma ótica não linguística, fundamentada nos aspectos fonológicos que englobam o vocábulo, seus fonemas e as marcações
  • 4. 471 Rev Neurocienc 2013;21(3):468-473 revisão de acentuação e entonação21 . A localização da lesão hemisférica imputa ao indi- víduo pós-lesão à esquerda dificuldade de processar a pro- sódia responsável pela estruturação interna das sentenças e à direita, apresentam poucas variações da frequência fundamental (F0), achatamento na tessitura e fala lenti- ficada21 . As dificuldades prosódicas referenciadas por lesões são classificadas em aprosódia – por falta de prosódia ou em hiperprosódia – pelo uso excessivo de prosódia21 . Os distúrbios de prosódia afetivos ou aprosódia expressiva são definidos como uma capacidade menor do falante para expressar emoções comuns como alegria, tristeza e raiva. Os indivíduos com aprosódia expressiva, por apresentarem esta característica na voz, muitas vezes apresentam dificuldades na comunicação, frente à trans- missão das mensagens emocionais8,9,11 . A disfunção prosódica encontrada em indivíduos com lesão no hemisfério direto apresenta uma limitação da frequência fundamental dos níveis mais altos e baixos da entonação. Estas alterações são acompanhadas geral- mente pela modificação da duração e/ou na estrutura do enunciado, trazendo alterações na cadência ou na fala do enunciado22 . Os distúrbios da prosódia fundamentados pelo enfoque não linguístico correlacionam as dificuldades en- contradas aos ajustes rítmicos realizados pelos indivíduos, ao evocarem um enunciado, no nível da frase fonológica, cujos reajustes rítmicos se dão através dos seus constituin- tes intermediários, pela relação entre as sílabas fortes e fra- cas que constituem a palavra, aliadas a velocidade da fala21 . Sob este enfoque os distúrbios de prosódia são in- terpretados pela dificuldade em manter a eurritmia (grade métrica perfeita), à alternância rítmica das sílabas (forte- -fraco) e pela ocorrência das colisões acentuais (dois acen- tos fortes sucessivos no mesmo nível métrico acima da pa- lavra prosódica ou fonológica). A velocidade de fala, que contribui para mudanças e reajustes na grade imprime ao indivíduo pós-lesão soluções rítmicas inesperadas nas frases fonológicas, resultando num desarranjo métrico em sequências interpretadas como parafasia e neologismo21 . DISCUSSÃO A fluência, sobretudo, a fala fluente necessita da sincronização das ações motoras para a sua produção, tor- nando esta sem rupturas e sem falhas no seu enunciado. Já a prosódia se dá pela frequência, duração, velocidade e principalmente a entonação da fala do indivíduo, poden- do esta ser considerada como um componente não verbal do enunciado. A presente revisão de literatura, mostra o quanto a prosódia e a fluência ainda se confundem, tendo, em muitos artigos, a não separação quanto aos seus significa- dos, pois, embora diferentes, a disfluência e os distúrbios de prosódia carregam, também, divergências quanto a sua interpretação em função das bases teóricas que marcam os seus conceitos. Indiferente a estes julgamentos, tem-se, unanime- mente, que se trata de problemas da comunicação huma- na que interferem na significação dos diálogos, na ela- boração do discurso e compromete socialmente a relação entre os indivíduos. As disfluências gagas, não gagas e ambíguas com- prometem a estrutura do enunciado por sua fragmenta- ção. Os distúrbios de prosódia, pela ocorrência da mo- notonia da elocução e alteração do ritmo do enunciado, compromete a expressão dos significados. O estabelecimento de um distúrbio de fluência e da prosódia se dá pela avaliação da fluência na leitura, na qual se verifica o ritmo, a variação melódica, a presença ou não de rupturas, a decodificação e a compreensão do texto. Incorpora-se a estas a avaliação qualitativa e quanti- tativa dos aspectos verbais e não verbais da comunicação, que incluem: taxas de articulação e de elocução verbal; a frequência fundamental da fala; a frequência e tipologia das rupturas; velocidade e ritmo de fala; a duração do discurso para com os aspectos verbais e gestualidades; a ocorrência de movimentos associados; a presença de ten- são da musculatura facial e corporal; e a expressão facial e corporal para com os aspectos não verbais23 . A partir destes dados se chega ao estabelecimento de um quadro diagnóstico, diferenciando os distúrbios entre si e entre os mesmos. Alguns dados ainda necessitam ser explorados quanto à designação de transtornos de fluência e da pro- sódia. Um destes dados se dá pela própria conceituação da prosódia, como sendo um componente de coesão do enunciado, que mantém o ritmo e o contorno melódi-
  • 5. Rev Neurocienc 2013;21(3):468-473 revisão 472 co adequados na comunicação verbal oral, visto que, na ocorrência de uma disfluência ela se encontra prejudi- cada. As pausas, bloqueios, repetições fazem com que o indivíduo disfluente tenha dificuldade em realizar as mu- danças necessárias no trato vocal para conseguir executar a acentuação melódica adequada para a fluência normal22 . Outro aspecto a ser considerado é o caráter da pro- sódia ser um componente da linguagem, enquanto que a fluência é um elemento da fala. Sendo assim, a prosódia incorpora a fluência semântica e a fonológica e possibilita o acesso lexical num enunciado. A fluência semântica é caracterizada pela emissão de palavras de um campo com a mesma categoria, ou do mesmo campo conceitual. Trata-se de uma habilidade cognitiva em emitir, de maneira sequencial e ordenada, o máximo de palavras de uma determinada categoria se- mântica. A fluência fonológica se refere à emissão de pala- vras que se iniciam com o mesmo fone. Nesta, a habili- dade cognitiva é de se emitir, numa sequência ordenada, o máximo de palavras, de uma determinada categoria fo- nológica. A fluência ou a presença de uma disfluência gaga ou não gaga comprometem a velocidade da fala, interfe- rindo na comunicação, fazendo com que, frente à gaguei- ra, quanto mais grave essa for, menor será a velocidade da fala em palavras e sílabas por minuto24 . CONCLUSÕES A fluência é caracterizada por rupturas na fala e as disfluências são classificadas em normais, gagas e am- bíguas. A prosódia é definida como o componente que mantém o ritmo e a entonação melódica da fala. Seus distúrbios são classificados em aprosódia e hiperprosódia. A fluência e a prosódia, na ocorrência de distúrbios se entremeiam e podem ocorrer concomitantes. Frente a estes dados referenciais sugere-se que se- jam realizados mais estudos sobre a definição da prosódia e da fluência, assim como dos seus respectivos transtornos dado a abrangência dos temas e do grau de comprometi- mento dos indivíduos portadores destas dificuldades. REFERÊNCIAS 1.Butman J, Allegri R, Harris P, Drake M. Fluencia verbal en español: datos normativos en Argentina. Medicina (Buenos Aires) 2000;60:561-4. 2.Duarte T, Crenitte P, Lopes Herrera S. Caracterização dos indivíduos com distúrbios na fluência, atendidos na clínica-escola do curso de Fonoaudiologia da USP-Bauru. Rev CEFAC (São Paulo) 2009;11:396-405. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-18462009005000027 3.Bohnen A. Estudos das palavras gaguejadas por crianças e adultos: caracteri- zando a gagueira como distúrbio de linguagem. (Tese) Porto Alegre: UFRGS, 2009, 197p. 4.Jakubovicz R. 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  • 6. 473 Rev Neurocienc 2013;21(3):468-473 revisão 21.Scarpa EM. Aquisição, afasia e a hierarquia prosódica. Cad Est Ling 2001;(40):61-76. 22.Scarpa EM. Dificuldades prosódicas em sujeitos cérebro-lesados. Alfa 2000;44:363-383. 23.Weiss A. Mitos da gagueira refletem desinformação sobre o problema. (endereço na internet). Brasil: Scientific American Brasil. (última atualização 2009; citado em 01/2012) Disponível em: http://www2.uol.com.br/sciam/no- ticias/mitos_da_gagueira_refletem_desinformacao_sobre_o_problema.html. 24.Andrade CRF, Cervone LM, Sassi FC. Relationship between the stuttering severity index and speech rate. SPMJ 2003;121(2):81-84.