O Santos Futebol Clube apresentou em 31/12/10 uma situação financeira difícil, com alto endividamento de 186% do patrimônio, liquidez baixa de apenas 23% para pagar dívidas de curto prazo, e déficit total de R$8 milhões apesar do superávit de R$12 milhões do futebol. As receitas dependem fortemente de direitos de transmissão e federação, enquanto as despesas com salários quase igualam as receitas com transmissão e patrocínio.
1. Análise econômico-financeira do Santos Futebol Clube em 31/12/10
As análises do Santos Futebol Clube serão concentradas em duas partes: análise
patrimonial e análise do resultado (superávit ou déficit) em 31/12/10.
- Análise Patrimonial
Na análise patrimonial serão evidenciados principalmente o endividamento e a
capacidade de pagamento das dívidas.
Em relação ao endividamento, a situação do clube é grave e teve uma grande piora em
2009, sem muita recuperação em 2010. A participação de capital de terceiros, que mede
a relação entre dívidas e patrimônio, é negativa em 2,16, o que significa que o clube tem
mais dívidas do que patrimônio, sendo que, atualmente, as dívidas são o equivalente a
186% do total de bens do clube, ou seja, mesmo que tudo seja vendido, não será, nem
de longe suficiente para quitar as dívidas completamente.
Em relação ao perfil da dívida, o mesmo permanece praticamente inalterado. Enquanto
em 31/12/09, 47% das suas dívidas tinham vencimento no curto prazo (1 ano), em
31/12/10 este número passou para 40%, o que é bom, mas, em virtude do tamanho da
dívida, passa a não ser tão bom assim.
Analisando apenas as dívidas de curto prazo, percebe-se uma baixíssima capacidade de
pagamento das dívidas. Analisando o indicador de liquidez corrente, que mede o quanto
das dívidas de curto prazo são cobertas pelos ativos de curto prazo, observa-se que, em
31/12/09, os ativos de curto prazo cobriam apenas 18% das dívidas de curto prazo. Em
31/12/10 a situação teve uma discreta melhora, com uma cobertura de apenas 23%. Para
efeitos de comparação, em uma empresa saudável, este índice deve ser superior a 100%
(ressalta-se que são padrões médios, podendo variar caso a caso).
- Análise do Resultado
Na análise do resultado, embora o clube publique os resultados separados do futebol e
do restante do clube, será analisado aqui apenas o futebol, que é o ponto que nos
interessa.
No ano de 2010, a distribuição da receita foi bem concentrada nos direitos de
transmissão respondendo por 34% do total, vindo a seguir os repasses com os direitos
federativos com 24%. Já o patrocínio representou 20% do total e a arrecadação de
ingressos mais 20%, o que mostra uma forte dependência dos contratos com televisão e
direitos federativos. Entretanto, um ponto positivo a se ressaltar é o aumento de 65% no
total das receitas em comparação a 2009.
Em relação às despesas um ponto a ser ressaltado é a despesa com pessoal, que o clube
separa em salários, comissões e direitos de imagem. No ano de 2010 correspondeu a 29
milhões de reais, mais 27,75 milhões em direitos de arena, o que corresponde a 56,75
milhões de reais, sendo praticamente o que o clube ganhou com direitos de transmissão
(32,2 milhões) e patrocínio e publicidade (18,7 milhões). Ressalta-se, entretanto, que a
situação, neste ponto já foi pior nos outros anos.
Finalizando, o futebol do Santos Futebol Clube foi superavitário em 12 milhões de
reais. Se contarmos as despesas financeiras de 18 milhões e o déficit do restante do
clube da ordem de 2 milhões, ficamos com um déficit total de 8 milhões de reais.
- Conclusão
Pela análise dos números das demonstrações financeiras do Santos Futebol Clube
observa-se uma situação desconfortável, quase crítica pois o clube tem um nível de
dívidas alto e aumentando ainda mais e também não consegue produzir resultados
positivos.