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1
Análise Econômico-
Financeira dos
Clubes de Futebol
Brasileiros | 2016
Dados Financeiros de 2015
2
Introdução
3 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
2015 | Uma Nova Esperança
Há pouco tempo, num cenário
muito, muito desanimador...
4 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
2015 | Uma Nova Esperança
É um momento de dificuldades. Partindo de um
período sombrio, com atraso de Salários,
aumento de Custos e Receitas em queda, os
Clubes Brasileiros de Futebol precisam de uma
revolução contra o Império da Má Gestão.
Durante o ano de 2015 apresentaram suas armas
e começaram um plano de reorganização, com
exército organizado que trouxe mais Receitas,
sufocou Custos e pulverizou Investimentos.
Perseguidos pelo sinistro mal da inconsequência,
Dirigentes se conscientizaram e auxiliados pelo
Profut iniciaram uma tentativa de proteger a
história dos Clubes, manter sua grandeza e
restaurar a qualidade do Futebol Brasileiro...
5 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
2015 | Uma Nova Esperança
A vida é feita de ciclos, e a esperança é um sentimento que move as pessoas. Dizem até que é a última que morre e a primeira que
nasce. A cada período de tempos difíceis surge, em algum momento, uma nova esperança no ar, trazida por quem quer momentos
melhores.
Não seria diferente no Futebol Brasileiro. Depois de 2012, auge do boom financeiro, turbinado pelo incremento das cotas de Transmissão
de jogos pela TV, pelo crescimento das Receitas de Publicidade e por todo o ambiente positivo no Brasil, o que se viu foram anos de
derrocada. Receitas que foram sendo engolidas por Custos e Investimentos cada vez mais altos. Dívidas que cresciam de forma
desordenada, notícias sobre atrasos de Impostos e Salários.
O auge dessa situação foi 2014, quando observamos e apontamos que o Futebol Brasileiro ia mal, mal demais.
Mas tal qual um Jedi redescoberto no tempo, eis que 2015 trouxe sinais de que há algo positivo se desenhando no ar. Assim como os
heróis liderados por Leah, Skywalker e Solo, a batalha dos Clubes para se ajustarem será longa e por vezes dolorosa. Clubes perderão
sua capacidade de disputa, terão que viver dentro de possibilidades financeiras mais modestas. O Título passará a ser um objetivo
distante.
O ano de 2015 marca um crescimento importante de Receitas, mas especialmente a manutenção de Custos e Despesas, que em termos
reais significa redução de cerca de 10%, apontando para um sinal de racionalização do uso dos recursos dos Clubes. Também os
Investimentos sofreram redução, outro sinal de adequação a uma realidade típica de Darth Vader: sofrida, sombria e ambígua. A linha
entre o bem e o mal é tênue, e entre a chance de ser campeão e a austeridade, é inegável a volúpia pelo título. Futebol é uma luta
constante entre os lados opostos da Força. Mas aos Dirigentes cabe pensar na sustentabilidade do Clube, muito mais que na vitória a
qualquer preço, pois ela muitas vezes tem sim um preço alto demais no longo prazo.
A ajuda do Profut na reestruturação das Dívidas Fiscais, e que deve contribuir para a evolução das estruturas profissionais e de
governança dos clubes, foi fundamental para que esta esperança surgisse. Controlados, os Clubes tendem a manter a galáxia em pleno
funcionamento. Mas não se deixe enganar, pois sempre haverá o lado sombrio da Força pronto a entrar em ação e devastar o que é
construído com sacrifício.
Este é apenas mais um episódio na saga dos Clubes Brasileiros de Futebol em busca da retomada do topo do Mundo, na busca entre o
equilíbrio da Força, aquele que é a diferença entre o gastar e o gastar bem. Que a Força esteja com eles.
6 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Sempre importante lembrar
Disclaimer
Este é um trabalho feito pelos profissionais da Área de Crédito do Itaú BBA, baseado exclusivamente em informações públicas e
sem que tivéssemos qualquer contato com os clubes para explorar eventuais dúvidas e aprofundar algumas questões.
O objetivo é meramente informativo e tentamos apresentar aos Torcedores a visão de uma equipe técnica e multiclubística
sobre a condição financeira do Futebol Brasileiro e seus Clubes.
Vale ressaltar que apesar de alguns clubes apresentarem balanços bastante detalhados e esclarecedores, há uma enorme
dificuldade em ter a mesma qualidade em todos os balanços, o que torna limitada nossa ação. E mesmo para clubes que
disponibilizam informações estruturadas, ainda restam dúvidas relevantes.
Por conta disso, podemos afirmar que o material reflete a realidade “pública” de cada clube, e nossas avaliações são feitas com
base em hipóteses técnicas, apenas. Por isso, quando falamos em “atrasos”, isto reflete uma avaliação técnica das
movimentações contábeis, baseado nos dados disponíveis. Trata-se de hipótese técnica e são suposições, apenas, e justificam o
fechamento do fluxo de caixa do período.
Não temos também qualquer contato com Patrocinadores, Federações, Parceiros, de forma que nossas avaliações consideram
informações publicadas pela Imprensa como única fonte externa aos Balanços, e refletem comentários dos Dirigentes e não
apenas opiniões de terceiros.
7 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 7
2. Clubes | Análise Individual 36
2.1 | Alguns Conceitos Básicos
2.2 | América MG
2.3 | Atlético MG
2.4 | Atlético PR
2.5 | Avaí
2.6 | Bahia
2.7 | Botafogo
2.8 | Chapecoense
2.9 | Corinthians
2.10 | Coritiba
2.11 | Criciúma
2.12 | Cruzeiro
2.13 | Figueirense
2.15 | Flamengo
2.16 | Fluminense
2.17 | Goiás
2.18 | Grêmio
2.19 | Internacional
2.20 | Joinville
2.21 | Náutico
2.22 | Palmeiras
2.23| Ponte Preta
2.24 | Santa Cruz
2.25 | Santos
2.26 | São Paulo
2.27 | Sport
2.28 | Vasco da Gama
2.29 | Vitória
37
38
43
48
53
58
63
68
73
78
83
88
93
98
103
108
113
118
123
128
133
138
143
148
153
158
163
168
Sumário
1. Introdução 2
1.1 | 2015 | Uma Nova Esperança
1.2 | Disclaimer
1.3 | Receitas
1.4 | Receitas Totais Recorrentes
1.5 | Receitas | Diversas Frentes
1.6 | Receitas | Direitos de TV
1.7 | Receitas de TV | Variações
1.8 | Receitas| Direito Federativo
1.9 | Receitas | Direitos Federativos
1.10 | Receitas | Publicidade
1.11 | Publicidade | Detalhe por Clube
1.12 | Receitas | Bilheteria e Sócio Torcedor
1.12 | Receitas | Comparativo por Clube
1.13 | Sócio Torcedor | Relevância
1.14 | Receitas | Concentração
1.15 | Receitas | Histórico por Clube
1.16 | Divisão das Receitas por Porte
1.17 | Custos & Despesas | EBITDA
1.18 | Comportamento do EBITDA Recorrente
1.19 | Custos & Despesas | Detalhamento
1.20 | Investimentos
1.21 | Investimentos | Categorias de Base
1.22 | Dívidas
1.23 | Dívidas
1.24 | Dívidas Operacionais
1,25 | Liquidez
1.26 | Fluxo de Caixa Livre
1.27 | Um Novo Conceito: Fluxo de Caixa Livre
1.28 | Geração de Caixa Livre
1.29 | Fluxo de Caixa Livre por Clube
3
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33
34
35
3. Hora da Verdade | Nossas projeções 173
4. Avaliação de Desempenho | Gráfico 179
5. Efeitos do Profut 189
6. Soy Latinoamericano 193
7. Futebol no Brasil x Futebol na Europa 199
8. Leicester City x Flamengo | Comparação 207
9. Conclusões 212
10. Escalação 214
8 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Evolução das Receitas Brutas Totais* | R$ milhões Evolução das Receitas Brutas Recorrentes** | R$ milhões
Receitas
* Refere-se aos 27 clubes da análise ** Exclui as Receitas oriundas da venda de Direitos Econômicos de Atletas
Em 2015 houve importante crescimento das Receitas Totais, 15% em termos nominais e 4% acima da inflação. Após um ano muito
difícil como 2014, quando houve queda nominal, este crescimento de 2015 merece ser celebrado, especialmente quando analisado
no contexto macro-econômico de queda de 4% no PIB Brasileiro daquele ano.
Nas Receitas Recorrentes – aqueles que desconsideram as Vendas de Direitos Econômicos de Atletas – o desempenho foi
semelhante. Isto indica consistência no crescimento das Receitas em 2015, uma vez que as que são mais facilmente administradas
pelos Clubes cresceram de forma importante.
Entretanto, ao longo da análise vamos avaliar cada uma das Receitas e conferir se de fato houve esta consistência apresentada aqui.
9 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Receitas Totais Recorrentes | Efeito Inflacionário
Aprofundando um pouco mais a análise sobre as receitas Recorrentes, nota-se de fato um crescimento de 5% acima da Inflação em
2015, desempenho que só se repetiu em 2011 e 2012, anos de efeitos relevantes nas Receitas com Publicidade e Direitos de TV.
Em 2015, sem nenhum impacto relevante de forma consolidada – não houve “boom” de Publicidade nem crescimento consolidado de
Receitas de TV, por exemplo – notamos este crescimento. Entretanto, ao longo da análise veremos que alguns fatos isolados podem
ter contribuído para isso.
Obs: para fins de comparação, corrigimos as receitas passadas pelo IPCA acumulado nos períodos., de forma que todas estivessem
em moeda corrente de 2015.
10 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Breakdown das Receitas Totais por Origem
Comportamento das Receitas por Origem
Receitas | Crescimento em diversas frentesR$milhões
R$milhões
O primeiro aprofundamento vem na análise do comportamento
de cada tipo de Receita.
O breakdown ao lado mostra que todas tiveram crescimento,
em maior ou menor magnitude.
O destaque foram as Receitas com TV, que cresceram 25%. As
Receitas com Vendas de Direitos Econômicos cresceram 22%,
impulsionadas pela desvalorização do Real.
As demais Receitas cresceram da seguinte forma:
- Publicidade: + 3%
- Bilheteria/Sócio Torcedor: + 7%
- Estádio: + 18%
- Outros: + 5%
Observa-se claramente que ainda há uma enorme dependência
dos Clubes das Receitas com Direitos de TV. Em 2015
representaram 42% do Total, quando em 2014 foram 39%.
As Receitas com Venda de Direitos Econômicos
permaneceram estáveis em 12%, e as demais Receitas se
comportaram da seguinte forma:
- Publicidade: de 17% para 15%
- Bilheteria/Sócio Torcedor: de 19% para 17%
- Estádio: manutenção em 6%
- Outras: de 8% para 7%
Mas o que explica este crescimento das Receitas com TV?
Veremos na sequência.
11 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Receita Total com TV Share e Concentração | 12 Clubes = 73,7%
Receitas | Direitos de TV
A mais relevante das Receitas cresceu 25% em 2015 em termos nominais, quase 13% em termos reais (acima da inflação). Para melhor avaliação do crescimento dessas receitas
precisamos analisar o gráfico de Share e Concentração e assumir algumas premissas.
Primeiramente, nota-se que alguns clubes tiveram expressivo crescimento de share – que é a participação do clube dentro do total – em especial Cruzeiro, Atlético MG e Vasco. O
Cruzeiro é o caso mais emblemático porque passou a ser a maior receita com Direitos de TV do País. Lembrando que esta Receita é a composição entre o que é obtido via
Campeonato Estadual, Brasileiro (Aberta e Pay Per View), Copa do Brasil e Libertadores. Independente dessa composição, as Receitas com o Campeonato Brasileiro são as mais
relevantes, e geralmente representam entre 70% e 80% do total
Assim, assumindo a premissa de que os maiores clubes do Brasil negociaram contratos com mesmo prazo de vencimento, não parece lógico que Cruzeiro e Atlético MG, os maiores
saltos em termos de share, tivessem vencimento anterior aos demais. Isto traz como hipótese para este crescimento uma renovação antecipada de contrato futuro e como
contrapartida o recebimento de luvas. Esta prática vigorou no início de 2016, quando da renovação dos contratos de TV Fechada a partir de 2019, com prazos variáveis conforme o
clube.
Confirmando-se esta hipótese, uma vez que outras como Adiantamento de Cotas não faz sentido porque não entra nas Receitas, e incrementos nos demais torneiros não têm
montante suficiente para gerar impacto de tamanha magnitude, então parte do crescimento das Receitas com TV vista no período não é recorrente, ou seja, não se repetirá nos
próximos anos, ao menos para Cruzeiro e Atlético MG, uma vez que outros clubes terão estas luvas em 2016, pela renovação com a Globo ou pelo novo contrato com o Esporte
Interativo.
Outro crescimento relevante foi o Vasco, mas a explicação está no fato de que em 2014 disputou a Série B e em 2015 participou da Séria A, o que gera uma mudança usual no
montante pago pela TV.
R$milhões
12 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Variação Anual
Receita de TV | Variações
Receitas com Direitos de TV
Nos gráficos ao lado fica ainda mais clara a
discrepância apontada na página anterior.
Note o salto relevante nas Receitas nominais de
Atlético MG e Cruzeiro, reafirmados na variação
percentual anual apontada no gráfico abaixo.
O mesmo se aplica ao Vasco, por motivo
diferente.
Outro clube que apresentou salto relevante foi o
Santos, e nesse caso, como a renovação de
contrato se deu formalmente em 2016, conforme
anúncio entre as partes, não há explicação
pública que justifique mudança de patamar, nem
se o mesmo passa a ser seu novo valor.
Importante notar que os clubes mais
regionalizados, com menor alcance de audiência
e que fazem parte mais frequentemente da
gangorra entre as Séries A e B, oscilam de forma
mais relevante. Para esses clubes os contratos
costumam ser anuais e a permanência na Série
A mantém valores elevados, e a queda ou
ascensão mudam substancialmente o patamar
de Receitas.
R$milhões
13 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Evolução da Receita Anual | Reais x Dólares Comparativo | 2015 x Mediana do Clube
Receitas | Venda de Direitos Federativos
Falando sobre Direitos Federativos, em 2015 as Receitas com a
venda desses cresceu 17% em Reais. Nesse caso, como a maior
parte das negociações relevantes em termos de valores ocorre com
o Exterior, apresentamos o histórico de desempenho em Reais e
em Dólares, visto que em 2015 houve desvalorização cambial
sensível da moeda Brasileira.
Ainda que tenha apresentado crescimento em Reais, em Dólares
verificamos redução de Receitas já em 2014 e nova queda em
2015. Isto significa dizer que para o Clube estrangeiro o atleta
Brasileiro ficou mais barato, enquanto que para o Brasileiro foi uma
possibilidade de fazer mais caixa
Vários clubes se beneficiaram dessa situação, especialmente
Cruzeiro, São Paulo, Atlético PR, Fluminense e Atlético MG. No
gráfico ao lado comparamos as Receitas obtidas em 2015 com a
mediana do clube entre 2010 e 2015. Optamos pela mediana
porque a média distorce a conta para os clubes que tiveram um ano
de venda relevante, com valores menores nos demais, e mostra o
que é o mais comum na vida financeira do clube.
R$milhões
14 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Receitas | Venda de Direitos Federativos
Participação no Total de Venda de Direito Federativo
Ampliando um pouco mais a análise da capacidade de negociação de Atletas e de como os clubes conseguem transformar uma
Receita não recorrente em recorrente - ou, ao menos, de como alguns clubes se tornaram grandes exportadores de atletas –
acumulamos as Receitas com Venda de Direitos Federativos de 2010 a 2015. Desse total, que nesse período alcançou a marca de
R$ 2,4 bilhões, três clubes se destacam como os Maiores Vendedores de Direitos Federativos do País: São Paulo, Corinthians e
Internacional.
Num segundo bloco destacam-se Santos e Cruzeiro, para num terceiro bloco virem os demais clubes listados. Curioso ver que o
Flamengo, clube que sempre se destacou por revelar muitos atletas, possui baixo montante de Receitas com Venda de Direitos. A
despeito de não ser a receita mais segura nem a melhor, uma vez que os clubes são obrigados a se desfazerem de atletas
promissores para honrar com seus custos e despesas, se bem planejado pode ser uma fonte contínua de reciclagem de equipes e
entrada de caixa para o clube.
Outro ponto interessante é o da concentração. Os 12 clubes que mais venderam atletas nesse período, e que estão representados
no gráfico acima, somam R$ 2,1 bi ou cerca de 90% de tudo que foi arrecado com venda de atletas.
15 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Receitas estabilizaram em termos nominais
...mas perdeu da inflação em 2015
Receitas | PublicidadeR$milhões
Ano a ano o Futebol parece deixar de ser uma opção de investimento
do mercado publicitário. Ao menos é isso que mostra o gráfico ao
lado, onde vemos desempenho bastante tímido dessas Receitas.
Apenas para ficar nos dois últimos anos, em 2014 o crescimento foi
praticamente igual ao da inflação e em 2015 ficou 7% menor que a
inflação.
Naturalmente que esse movimento tem relação com o cenário macro-
econômico do País, que viu dois anos consecutivos de queda de PIB.
Como os investimentos publicitários possuem correlação direta com o
crescimento da economia, naturalmente que a queda de PIB reflete na
redução do apetite do mercado publicitário como um todo.
Ainda assim, se o Futebol fosse uma espécie de porto seguro dos
investimentos publicitários, em momentos de restrição de orçamento
os agentes procurariam o esporte para aplicar seus recursos. Porém,
não é isso o que ocorre.
Na tabela abaixo vemos que o Futebol se apropria muito pouco de
todo o Investimento Publicitário feito no Brasil. Há certa estabilidade,
mas parece faltar estratégias que façam o esporte absorver mais.
16 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Flamengo e Corinthians recorrentes; Palmeiras crescendo de forma desproporcional
Receita de Publicidade x Torcedor (Base Ibope 2014)
Publicidade | Detalhe por Clube
R$ milhões
R$ / Torcedor
Claramente há dois clubes que se apropriam de
boa parte das Receitas destinadas ao Futebol:
Flamengo e Corinthians. Entretanto, em 2015
eles dividiram espaço com um novo entrante: o
Palmeiras.
Fruto de um contrato calcado num único
sponsor, o Palmeiras viu suas receitas com
Publicidade crescerem 201% e se tornou a
segunda maior receita publicitária entre os
clubes Brasileiros, atrás apenas do Flamengo
(R$ 85,5 milhões).
Entretanto, os valores nominais das Receitas
com Publicidade precisam ser analisados sob a
ótica do alcance. Na prática, uma marca associa
seu nome a um clube buscando acessar sua
torcida e o mercado associado ao Futebol. O
que vemos no gráfico abaixo é a relação entre
Receita com Publicidade e o tamanho das
Torcidas.
Note que os clubes de maior torcida –
Flamengo, Corinthians e São Paulo – recebem
entre R$ 2,40 e R$ 2,70 por torcedor – ao
mesmo tempo que clubes de torcidas menores,
como Fluminense e Internacional, por exemplo,
chegam a obter mais que R$ 7,00 por torcedor.
Fato é que parece haver uma distorção na
aplicação dos recursos, ao menos na proporção
entre valor e número de torcedores. Ou, os
clubes são vistos de forma diferente, sendo que
alguns vendem apenas para sua torcida,
enquanto outros podem atingir o Futebol de
forma mais ampla.
* Milhões de torcedores apurados na pesquisa Ibope de 2014
17 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Evolução das Receitas...
Receitas | Bilheteria e Sócio Torcedor
...e sua composição, em valores nominais.
R$ milhões
Vamos falar sobre Bilheteria e Programas de Sócio Torcedor. Temos boas e más notícias.
A má notícia é que nos dois últimos anos as Receitas com Bilheteria e Sócios Torcedores – que são uma espécie de Bilheteria antecipada – perderam da
inflação e tiveram queda real. Pequena, mas queda.
Entretanto, a boa notícia é que houve uma migração das Receitas vindas de Bilheteria pura para aquelas vindas dos programas de Sócio Torcedor. Esta
migração é importante para o clube porque substitui uma receita menos certa por outra mais previsível. Ao aderir a um programa de fidelização, o torcedor se
compromete a pagar mensalidade, cujo contrapartida é a possibilidade de comprar ingressos antecipadamente e a preços menores. Mas como nem todos
conseguem os ingressos ou vão ao estádio, na prática é uma Receita de Bilheteria sem a presença de Público. Nesse sentido, o preço médio do ingresso de
Sócio Torcedor é da ordem de 15% menor que o ingresso avulso. Ou seja, é o desconto pela antecipação da receita.
Imagine uma situação hipotética onde o estádio está vazio. Para um clube sem programa de fidelização a renda da Bilheteria seria Zero. Entretanto. Com o
programa, a receita já entrou com o pagamento da mensalidade. E se o clube arrecada R$ 2 milhões mensais e faz 4 jogos em casa por mês, então a renda
desse jogo pode ser considerada de R$ 500 mil.
Em 3 anos a parcela de Sócios Torcedores saltou de 38% para 52% na composição da Receita com Bilheteria. Este é o tipo de Receita que o Clube precisa
investir, trazendo para perto de si o Torcedor Sócio, que contribui espontaneamente e investe efetivamente no clube, e se afastando do Torcedor Organizado.
Dados corrigidos pelo IPCA para moeda corrente de 2015.
18 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Receita de Bilheteria | Comparativo por Clube
Nesse gráfico acompanhamos o comportamento dessas Receitas por clube. Na barra mais larga e mais clara estão as Receitas com
Bilheteria (azul) e Sócio Torcedor (laranja) de 2014 e na barra mais estreita e escura as de 2015.
Alguns destaques são o Corinthians, que a despeito de perder a receita com Bilheteria e parte do Sócio Torcedor para o pagamento do
Estádio, ainda mantém um bom volume de Receitas obtidas e não convertidas em bilheteria no dia do jogo. O Cruzeiro, no lado oposto,
viu suas Receitas caírem drasticamente por conta do fraco desempenho esportivo em 2015. O que mostra que esportivo e financeiro
andam de mãos dadas. Outro detalhe em relação ao Cruzeiro é que ele não divulga essa Receita detalhada entre Bilheteria e Sócio
Torcedor, dificultando a análise.
Outros destaques são o programa de Sócio Torcedor do Internacional, que apresentou crescimento, as Receitas com Bilheteria do São
Paulo, fruto do bom desempenho do time em parte do ano. E o maior destaque foi o Palmeiras, que viu suas Receitas com Bilheteria e
Sócio Torcedor cresceram de forma brutal em 2015, respondendo ao novo estádio e ao time reformulado, que terminou o ano Campeão
da Copa do Brasil.
R$milhões
19 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Sócio Torcedor | Relevância
Aqui vemos qual a proporção dos programa de Sócio Torcedor dentro das receitas totais com Bilheteria.
Enquanto alguns clubes conseguem praticamente 100% de suas Receitas com Sócio Torcedor, outros ainda engatinham e exploram pouco, ou mal essa
modalidade.
Mas há uma explicação para alguns desempenhos. Os programas de Sócio Torcedor ainda são, efetivamente, uma forma de vender ingresso antecipadamente e
com desconto. Geralmente funcionam melhor em clubes cujo oferta de assentos nos estádios é inferior à demanda. Isso está associado ao tamanho do estádio mas
ao momento esportivo. Quanto melhor vai o clube, mais demanda há, e quanto menor for o estádio, maior o interesse do torcedor em tentar conseguir um lugar. Isso
gera demanda e o programa de Sócio Torcedor permite vantagens na obtenção do ingresso.
Casos como os do São Paulo, Flamengo e Fluminense, que jogam para estádios com capacidade acima de 60 mil pessoas têm maior dificuldade em fazer com que
o programa tenha sucesso, pois o torcedor sente que dificilmente ficará sem ingresso, exceto em poucos momentos, como definições eliminatórios de Libertadores,
por exemplo.
Isto significa que os clubes precisam buscar alternativas que incrementem seus programas para trazer mais sócios, e sair da dependência do preço do ingresso para
manutenção da base de associados.
20 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Concentração Estável… …mas nominalmente, diferença aumentou.
Receitas | Concentração
Desde 2012, quando as Receitas com Direitos de TV tiveram um salto
significativo, criou-se uma espécie de lenda na qual o Futebol Brasileiro
passaria por uma “Espanholização”, fenômeno que ocorre na Espanha
pelo qual os dois maiores clubes (Real Madrid e Barcelona) respondem
por mais de 50% das Receitas Totais do Futebol daquele País.
Pois bem, passados 4 anos o que vemos é que essa é realmente uma
lenda. Como sempre fazemos, dividimos o grupo de clubes em 4 blocos,
sendo que os três primeiros contém as 15 maiores receitas, divididos de 5
em 5 e o quarto bloco acumula os demais clubes.
Note que o nível de concentração é bastante estável, oscilando muito
pouco ano-a-ano. Os clubes podem mudar de Grupo – e a lista de 2015 é
diferente de 2014, 2013, 2012...- mas a soma tem desempenho parecido.
Em nossas observações, no grupo dos 5 maiores quem sempre se
repetem são Flamengo, Corinthians e São Paulo, o que pode significar
certa resiliência e tendência a concentração, que na prática não se
observa. Em 2014 a maior receita foi do Corinthians, que passou a ser a 3ª
maior.
Fato é que a ideia da “Espanholização” vinha associada ao valor recebido
da TV, e o que temos observado é a capacidade dos clubes de buscarem
outras Receitas que a anulam. Não significa que não haja diferenças
nessa origem, mas sim que os clubes trabalham para minimizá-las. Por
exemplo, a Venda de Direitos Econômicos e os programas de Sócio
Torcedor.
R$milhões
21 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Receitas | Histórico por Clube
R$ milhões
22 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Acima de R$ 250 milhões Entre R$ 100 milhões e R$ 250 milhões
Entre R$ 50 milhões e R$ 100 milhões Abaixo de R$ 50 milhões
Divisão dos Clubes por Porte
23 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Custos Estáveis…
Custos e Despesas | EBITDA
Vamos ao assunto que os clubes cuidam pior: os Custos e Despesas.
Mas há uma luz no fim do tunel. Ou como dissemos no início, é Uma Nova Esperança! Após um desempenho muito ruim em 2014,
onde o EBITDA consolidado caiu pela metade, em 2015 o trabalho parece ter sido bem feito. Além do crescimento das receitas
visto anteriormente, os Custos mantiveram-se surpreendentemente comportados, praticamente estáveis em termos nominais, o que
descontado a inflação significa que sofreram queda real. Isto permitiu que a Geração de Caixa crescesse 250%! Mesmo em termos
Recorrentes o desempenho foi muito bom. Depois de dois anos seguidos com EBITDA Recorrente negativo, em 2015 o
desempenho foi o melhor da amostra, desde 2010.
O que acreditamos é numa reação dos Dirigentes ao péssimo desempenho dos últimos dois anos, e a necessidade de organização
das casas, controlando melhor os gastos, esperando a chegada do Profut, que promete acompanhamento duro do pagamento das
obrigações.
Importante ressaltarmos que em 2015 dois clubes, Palmeiras e Flamengo, responderam por 36% do EBITDA total, enquanto em
2014 essa concentração entre os dois maiores, Flamengo e Botafogo, foi de 49%.
ReceitasTotais|R$milhões
…e parece sobrar dinheiro.
ReceitasRecorrentes|R$milhões
24 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Comportamento do EBITDA Recorrente | 2013 / 2014 / 2015
Graficamente fica claro como a maior parte dos clubes trata mal a questão dos Custos e Despesas. O EBITDA Recorrente
é usualmente negativo na grande maioria, mas em 2015 vemos mais barras cinzas para cima, indicando melhoria nas
gestões.
Mas atenção! A análise consolidada pode levar a interpretações equivocadas. A melhora do resultado consolidado na
magnitude apresentada está concentrada em dois clubes, Palmeiras e Flamengo, que sozinhos representam cerca de 85%
do EBITDA Total Recorrente. Logo, ainda há muito a ser feito para que a tendência positiva se torne realidade.
25 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Despesas com Pessoal em queda... ...ajudando na equação do Profut
Custos e Despesas | Detalhamento
R$ milhões
2013
2014
2015
O que observamos é que a estabilidade dos Custos e Despesas, associado ao crescimento das Receitas, possibilitou enquadramento
bastante rápido da relação entre Folha de Pagamento e Receitas. Nas nossas avaliações consideramos todas as receitas e todos os
gastos com Folha de Pagamento, incluindo salários de todos os funcionários, e não apenas atletas, e direitos de imagem.
Desta forma, a relação entre Folha de Pagamento e Receitas Totais caiu de 57% para 50%. Se já estava enquadrada passou a ganhar
uma boa folga, ressalvada a questão do crescimento das Receitas sem explicações detalhadas, conforme mencionados anteriormente.
O que sempre foi uma preocupação parece estar se enquadrando. Mas é importante lembrar que os problemas dos Clubes não estão
associados exclusivamente aos Custos e Despesas. Há uma componente importante chamada “Investimento” que drena caixa de
forma bastante significativa, e em termos de fluxo de caixa costuma ser bastante danosa, porque o recurso sai antes para pagar a
aquisição, afetando o caixa, que depois faltará para fechar a conta.
Por isso, vamos aos Investimentos.
26 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Investimentos perdem força… ...e as categorias de base não são prioridade.
Investimentos
R$milhões
Em termos gerais os Investimentos apresentaram o segundo ano consecutivo de queda, vindo de R$ 701 milhões em 2014 para R$
588 milhões em 2015. Isto é bastante positivo quando analisado em conjunto com a queda de Custos e Despesas, pois mostra a
preocupação no enquadramento das saídas de caixa às entradas (Receitas). Mas é importante lembrar que esta é uma visão
consolidada, e ao analisarmos os clubes individualmente encontraremos casos que fogem a esta regra.
Uma relação importante é a dos Investimentos com o EBITDA. Por que? Porque o EBITDA é o que sobra das receitas depois de
pagar Custos e Despesas. Esse montante de recursos deve ser direcionado aos Investimentos, pagamentos de juros e dívidas.
Quando a relação é maior que 100% significa que o clube investiu mais do que sobrou da sua gestão operacional. Isto indica
aumento de dívidas e atrasos de salários e impostos, bem como necessidade de adiantamentos.
Com a relação em 80%, fruto da queda nos Investimentos e do aumento do EBITDA, certamente alguns clubes conseguiram fazer
“sobrar” dinheiro para honrar dívidas, o que é mais um indicador de que as gestões estão mais preocupadas com solvência.
O ponto negativo é que os Investimentos continuam direcionados à formação de elenco. Enquanto 62% foram direcionados a
contratações, apenas 16% acabaram nas Categorias de Base, que deveriam ser o grande foco dos clubes.
27 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Investimento por Clube | R$ milhões Acumulado | R$ 670 milhões
Investimentos |Categoria de Base
Falando em Categorias de Base, o São Paulo continua sendo o clube que mais investe nesse segmento. Não é à toa que
continua sendo também quem mais faz receitas vendendo Direitos Federativos de Atletas. Nem todos são de sua base, mas
quando os forma consegue obter resultados financeiros expressivos. Precisa passar a obter mais resultados esportivos, pois os
objetivos de uma boa categoria de base são (i) formar jogadores mais baratos, (ii) que evitem gastos excessivos para contratar
atletas medianos, e (iii) conseguir fazer receita vendendo seus Direitos após algum tempo atuando pelo clube, o que ajuda a
reciclar o investimento na estrutura.
É interessante observar como os demais clubes oscilam no investimento em Base. Nenhum mantém uma regularidade em
níveis relevantes, nem o Santos, que tem se destacado na formação e utilização de atletas da Base.
28 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
DívidasDívidaTotalDívidasxEBITDAAlavancagem
Mais um aspecto positivo observado em 2015 foi a desaceleração no
crescimento das Dívidas, que foi de 4%, bem abaixo da inflação. De fato, a
sobra de EBITDA apresentada no item Investimentos gerou essa folga que
manteve controladas as dívidas.
Destaques: crescimento das Dívidas Bancárias, que podem indicar melhor
qualidade geral de alguns clubes, e queda das Operacionais, que em boa
parte significa a transferência de atrasos em impostos correntes para
alongamento via Profut.
Uma relação que se faz comumente é entre as Dívidas e o EBITDA, que em
tese – muito em tese – mostra a capacidade de pagamento dessas dívidas.
Quanto menor for a relação, mais facilmente o clube – ou a empresa – podem
liquidar suas obrigações.
A manutenção das dívidas e o crescimento do EBITDA apontam relação mais
saudável em 2015
Depois da explosão de 2014, quando as dívidas cresceram muito e o EBITDA
veio para níveis muito baixos, em 2015 o cenário muda e a Alavancagem –
relação entre Dívida e EBITDA – atingiu níveis mais racionais, praticamente
voltando aos níveis de 2013.
Ainda há algum caminho a ser percorrido até que essa relação fique mais
próxima do ideal, especialmente na dívida total, mas quando analisamos as
Operacionais e as Bancárias, essa relação já começa a ficar sustentável,
ainda que sejam dívidas de prazo mais curto e que necessitam de reciclagem
com maior frequência.
R$milhõesR$milhões
29 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Dívidas Tributárias
Dívidas Bancárias
DívidasR$milhões
R$milhões
O crescimento das Dívidas Tributárias
está associado diretamente ao Profut.
Veremos que alguns clubes atrasaram
muitos tributos em 2015 esperando a
renegociação e o alongamento, e isto
explica porque crescem os Impostos
de LP e caem os de CP.
Agora espera-se que o alongamento
permita que essa dívida seja
realmente paga no tempo. Veremos
mais no capítulo dedicado ao Profut.
Nas Dívidas Bancárias notamos
crescimento geral, tanto de curto
como de longo prazo. É possível que
alguns clubes tenham conseguido
acessar linhas bancárias pela melhora
de duas estruturas, e pode ser que os
juros mais elevados de 2015 tenham
sido incorporados ao principal,
aumentando o total. Considerando que
o crescimento ficou abaixo do CDI
médio do período, esta é uma
explicação bastante possível.
30 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Clubes com Pagamentos em Dia
Dívidas | Operacionais
R$milhõesDias
Clubes com Pagamento Supostamente Atrasado
Nas Dívidas Operacionais o que vemos é o
crescimento de Fornecedores, em função de
aquisições de atletas comprados de forma
parcelada, e a redução de Despesas
Provisionadas, indicando que os encargos e
tributos correntes estão agora em dia, após
passagem de parte para o longo prazo com
adesão ao Profut.
Observamos que com o advento do Profut a grande maioria dos clubes equalizou os supostos atrasos de pagamento de encargos e
impostos sobre remuneração. Lembrando que esta simulação que fazemos é um teste de sensibilidade relacionando Custos, Despesas
Provisionadas e Despesas Administrativas, que aponta para a quantidade de dias que as Despesas Provisionadas giram. Não é definitivo,
mas serve como orientação.
31 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Variação da Liquidez
Liquidez | Capital Circulante Líquido
LiquidezCapital Circulante Líquido é a diferença entre os Ativos Circulantes e
os Passivos Circulantes. Trata-se do tamanho da pressão ou folga
que o clube tem no curto prazo entre os valores que tem a receber
(Ativos) e a pagar (Passivos).
Quanto maior for este número, mais folgada está a companhia, ou em
outras palavras, há condições de honrar todas as dívidas que vencem
no próximo ano com os valores quer tem a receber no mesmo
período.
O problema ocorre quando este valor é negativo, como vemos em
todos os Clubes Brasileiros da amostra. Isto significa que não há
recursos suficientes para pagar todas as dívidas no período, e isto
implica que necessariamente o clube terá que adotar algumas
práticas: i) rolar as dívidas; ii) atrasar pagamentos; iii) aumentar as
dívidas de outra natureza – por exemplo, para pagar um Fornecedor
terá que tomar dinheiro em Banco.
Considerando que o Profut ajudou a ajustar a liquidez de 2014,
colocando boa parte das Dívidas Fiscais no longo prazo, o número de
2015 reflete a real condição de liquidez dos clubes. E ela é ruim.
Como Adiantamentos de Contratos estão limitados, assim como
atrasos de salários e encargos, restará aos clubes uma gestão árdua
do fluxo para que as dívidas sejam pagas em dia. Isto transforma a
gestão do caixa numa batalha diária, tomando muita energia dos
gestores.
O que nos preocupa é que apesar de alguma melhora, há problemas
estruturais e quanto maior o buraco, mais difícil é a solução, e em
alguns casos tememos que possa ser insolúvel.
Mas como se ajustar?
Alongando passivos, reduzindo custos para pagar dívidas. Mais que
simplesmente equilibrar a relação Receitas/Custos, é preciso que
fazer sobrar dinheiro para colocar a liquidez em ordem.
Repetindo: não será fácil.
32 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 32
Mas nem tudo
são flores | Uma
introdução ao
Fluxo de Caixa
Livre
33 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
O que é?
Valores
Um novo conceito: GASTOS TOTAIS e FLUXO DE CAIXA LIVRE
Proporção
As análises econômico-financeiras são instrumentos flexíveis de avaliação, baseados em estruturas rígidas, os demonstrativos financeiros. E são flexíveis porque
devemos adotar variações e novas possibilidades dependendo da indústria que estamos acompanhando. No caso da Indústria do Futebol, temos buscado aplicar
conceitos simplificados, utilizados para outras Indústrias, especialmente as do Setor de Serviços.
Ocorre que nesses anos de relatório percebemos que algumas avaliações apresentadas não abarcaram todas as variáveis de um Clube de Futebol no que diz
respeito à análise do Fluxo de Caixa. Buscando o aprimoramento da avaliação passaremos a trabalhar com o conceito de Fluxo de Caixa Livre, adaptado à
realidade do Futebol.
O Fluxo de Caixa Livre inclui em sua composição algumas despesas que são tratadas usualmente como Investimentos, bem como outras que são mandatórias
mas costumam ficar fora do radar, como as Despesas Financeiras e o Pagamento de Impostos Parcelados. Nesse caso, é fundamental passarmos a inclui-lo na
conta, uma vez que a maioria dos clubes terá obrigações oriundas do Profut.
Num Clube de Futebol, os Investimentos em Categorias de Base e na Formação de Elenco (contratação de atletas) é praticamente mandatório, e contribui de
forma significativa no aperto de caixa apresentado por eles ao longo do ano. Muitos clubes gastam a folga de caixa no início do ano e isto causará problemas de
liquidez, que por sua vez geram atrasos de salários e impostos.
Resumidamente, o Fluxo de Caixa Livre será o resultado da soma entre Receitas Líquidas, Custos e Despesas, Investimentos em Base, Aquisição de Atletas e
Despesas Financeiras. A partir de 2016, quando o Profut entrará em vigor, incluiremos o pagamento dessa dívida na conta.
34 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Receita X Gastos Totais Comportamento das Contas – Variações Anuais
Melhorou, mas ainda há déficit
Geração de Caixa Livre
O que é interessante desta conta é que podemos avaliar se realmente faltou ou sobrou caixa para o clube no período, em termos
operacionais. Porque os investimentos citados são parte da estrutura operacional de um clube, e as Despesas Financeiras refletem a
necessidade histórica de tomada de dívida para fechar o caixa, seja via Adiantamentos, seja via Dívida Bancária.
Se o saldo for positivo, então o clube geriu bem suas contas e sobrou dinheiro para pagar Impostos atrasados – olha o Profut ! – e
liquidar Dívidas Bancárias, bem como reforçar o caixa para investimentos futuros. Se for negativo, então houve a necessidade de
captar recursos em algum lugar, e isto significa aumentar dívidas, consumir receitas futuras ou atrasar impostos e salários.
Analisando de forma consolidada, vemos que nos últimos 4 anos os clubes gastaram mais do que arrecadaram, sob esse conceito.
Entretanto, vemos que depois de dois anos muito ruins (2013 e 2014), em 2015 o cenário parece inverter o sinal e começa a melhorar,
reduzindo o déficit.
Avaliando cada conta separadamente, vemos que em 2014 o que ajudou a reduzir o tamanho do déficit foi o crescimento das Receitas
e a redução dos Investimentos em Categorias de Base, com baixíssimo crescimento de Custos e Despesas e Aquisição de Atletas.
Logo, ainda há espaço para melhorar, mas alguma coisa já vem sendo feita. É preciso acompanhar os próximos passos.
35 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Fluxo de Caixa Livre por Clube
Ao analisarmos os clubes individualmente notamos que há um outlier: o Flamengo. Na prática, são poucos os clubes que
conseguiram manter a Geração de Caixa Livre positiva nos dois últimos anos. Além do Flamengo, Atlético PR e Goiás foram os
únicos. Para 2015, Bahia e Vitória reverteram o sinal da conta.
Alguns outros destaques são o Internacional, que reverteu um quadro muito ruim em 2014 e encerrou 2015 ligeiramente positivo.
Corinthians, Santos, São Paulo e Cruzeiro também reduziram seu déficit em proporção considerável. O Atlético MG também é um
destaque positivo relevante, saindo de uma posição de elevado déficit para algum superávit.
Negativamente, o Fluminense merece citação, pois aumentou de forma relevante seu déficit.
Este gráfico mostra que ainda há muito a ser feito para recuperar por completo os clubes, mas boa parte já trabalha com esse
objetivo.
36 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 36
Clubes | Análises
Individuais
37 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Alguns Conceitos Básicos
Ao avaliar os Balanços e Demonstrativos de Resultados dos Clubes nos deparamos com algumas repetições de ações e comportamentos que entendemos
merecer uma breve introdução, pois facilitará o entendimento.
O primeiro aspecto que merece destaque é o que chamamos “Clube Regional”. Não há demérito nisso. Fazemos esta identificação pois notamos que há
características econômico-financeiras que permeiam alguns clubes. Quando separamos estes clubes percebemos que tratam-se de times com menor
alcance de torcida, normalmente de Estados menores em termos econômicos e que por isso mesmo se notabilizam por ter Receitas menores e erráticas, ao
mesmo tempo em que possuem condição econômico-financeira mais equilibrada, atuando dentro de suas possibilidades, sem dívidas, mas com poucos
investimentos.
Um movimento que percebemos nos fluxos de caixa dos clubes está associado aos Recursos oriundos das Cotas de TV. Em geral, quando um clube não faz
adiantamentos, as receitas com Cotas de TV são a única entrada de caixa deste assunto. Entretanto, repete-se com frequência o uso dos Adiantamentos
dessas Cotas para fechar o caixa, de forma que na variação de NCG (Necessidade de Capital de Giro) vemos entradas de recursos por conta desses
adiantamentos. Neste ano observamos que esta conta apresenta saída de caixa. Acreditamos que esta movimentação seja o reflexo dos Adiantamentos
recebidos no passado. Ou seja, seria uma espécie de redutor da Receita de TV. Veremos isto em vários clubes.
Há também o que chamamos de Fontes Operacionais de Financiamento. Será muito comum vermos entradas de caixa na NCG fruto do aumento da conta
Fornecedores, que em geral é pagamento parcelado da aquisição de atletas. A contrapartida dessa conta é o Investimento em Formação de Elenco, pois o
clube fez a aquisição mas ainda não pagou. Ou seja, em algum momento terá que pagar e a efetiva saída de caixa se consumará. Problema empurrado para
o futuro.
Outro aspecto que precisa ser avaliado é o da Geração de Caixa (EBITDA) e dos Investimentos. Entendemos que há um equívoco na forma como os Clubes,
amparados pelo código contábil, classificam os custos com Categorias de Base e Investimentos em Atleta. Ao serem considerados como Investimentos, não
transitam por Resultado. Desta forma, não compõem o EBITDA, o que muitas vezes da a sensação de que o clube está gerando muito caixa, quando na
verdade parte relevante desse caixa já foi utilizado na manutenção de atividades das Categorias de Base ou mesmo na contratação de Atletas. Assim, a
análise fria leva ao erro de acreditar numa eventual Geração de Caixa, que na prática não houve, pois parte desses gastos são recorrentes e necessários
para a performance do clube.
E para finalizar precisamos relembrar que estes balanços apresentam algumas contabilizações que entendemos precisarem de ajustes, e por isso fazemos
reclassificações de contas. Esta é a base de nossa análise: reclassificar as contas para que haja coerência e possibilidade de comparação. Isto significa fazer
exclusões, mudanças de linhas e muito das nossas conclusões está baseado nas movimentações contábeis e avaliação dessas.
Então, vamos aos números.
38 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
América Futebol Clube
39 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
ReceitasReceitas & CustosGeraçãodeCaixaCustos&Despesas
Crescimento de 37% nas Receitas Totais, impulsionado por Direitos de TV
e Venda de Direitos Econômicos.
Na contramão, houve queda de Receitas com Publicidade, mesmo num
ano em que o clube conseguiu subir para a Série A, o que reflete o
momento difícil nesse segmento.
Valores em R$ milhões
Em contrapartida os Custos e Despesas cresceram 34%, o que
praticamente fez repetir o desempenho de 2014, com EBITDA negativo.
O que preocupa, além do próprio EBITDA negativo, é que sem a Venda de
Direitos Federativos ele fica ainda pior, o que mostra que há um forte
desequilíbrio nas contas do clube.
Positivamente, a Folha de Pagamento está enquadrada nas regras do
Profut, e atingiram 61% das Receitas, abaixo dos 79% de 2014.
Isto significa que os demais Custos e Despesas são bastante elevados,
destacadamente as Despesas Administrativas, que atingiram 27% das
Receitas.
40 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida
Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas
a
b
c
Composição da Dívida
O América não se utiliza de forma
sistemática de Adiantamentos de
TV ou Patrocínio. Na prática, como
veremos no Balanço, ele mantém
saldo de cerca de R$ 7 milhões de
Adiantamentos que são renovados
anualmente.
A variação negativa de R$ 3
milhões na NCG é meramente
operacional.
Clube investiu cerca de R$ 8
milhões nas Categorias de Base
em 2015, e praticamente nada na
contratação de Atletas para o
elenco Profissional.
Para fechar as contas o Clube
atrasou Impostos num montante
de cerca de R$ 11 milhões. Além
disso, tomou novas Dívidas
Bancários da ordem de R$ 14
milhões.
Valores em R$ milhões
41 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Encruzilhada
América Futebol Clube
O América apresentou desempenho econômico-financeiro em 2015 bastante parecido com o de 2014. Ou seja, manutenção
da operação com déficit que vem sendo resolvido via aumento de Dívidas Tributárias e Bancárias.
O clube não tem conseguido ajustar suas contas, operando sempre acima da capacidade financeira.
O que tem feito de positivo é aumentar investimentos nas Categorias de Base, além de ter feito a venda de um terreno que
deve gerar um bom caixa ao longo do tempo, estimado em cerca de R$ 18 milhões. Isto deve aliviar as contas em algum
momento, mas é uma solução de médio prazo.
No curto prazo deixa de ter uma fonte ruim mas recorrente que é o atraso de Impostos. Ao aderir ao Profut terá que manter a
casa em ordem. Desafio grande para quem retornou à Serie A em 2016, e para se manter terá que investir.
42 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
América Futebol Clube
Balanço auditado por Mário Tércio Giori Guimarães
43 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Clube Atlético Mineiro
44 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
ReceitasReceitas & CustosGeraçãodeCaixaCustos&Despesas
O Atlético MG apresentou crescimento de 37% nas Receitas Totais,
impulsionado pelo aumento de 41% nas Receitas com Direito de TV.
Conforme mencionamos no capítulo das Receitas, não vemos motivo claro
que justifique este aumento, exceto pelo recebimento de luvas por uma
hipotética renovação do contrato.
A venda de Direitos Econômicos também impulsionou o crescimento, pois
foram R$ 34 milhões acima do número de 2014. Negativamente, vemos a
queda de 30% nas Receitas com Publicidade, reflexo do cenário
macroeconômico.
Houve dois movimentos importantes que alteraram de forma até
surpreendente o desempenho do Atlético MG em 2015. O primeiro foi o já
mencionado aumento das Receitas. Mas também houve uma importante
redução de Custos e Despesas, da ordem de 18%.
Parece claro que o clube fez parte do seu dever de casa, ajustando a
posição de Custos e Despesas, mas também devemos ter em mente que o
crescimento surpreendente das Receitas de TV potencializou a melhora,
que precisa se provar sustentável no longo prazo.
E considerando os movimentos acima, a Folha de Pagamento caiu de
forma relevante na comparação com as Receitas, de forma que em 2015
passou a se enquadrar nos limites do Profut.
Valores em R$ milhões
45 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida
Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas
a
b
c
Composição da Dívida
Em 2015 o comportamento das
contas de Capital de Giro pode ser
considerado normal, uma vez que
as variações foram módicas. Não
identificamos adiantamentos de
qualquer natureza.
Diferente do observado em 2014,
quando o clube investiu R$ 28
milhões na contratação de atletas,
em 2015 esse número caiu para
R$ 9 milhões, com mais R$ 2
milhões investidos nas Categorias
de Base.
Dessa forma, o que vemos foi um
pequeno aumento nas Dívidas
Bancária e com Impostos. No
caso dos Impostos está
associado à adesão ao Profut, o
que possivelmente ensejou incluir
dívidas que estavam off balance -
é comum, para casos em
discussão judicial.
Importante ressaltar que o clube
paga um volume elevado de
Despesas Financeiras, que
consomem parte relevante do
EBITDA (70%).
Valores em R$ milhões
46 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Ser ou não ser
Clube Atlético Mineiro
A análise do Atlético MG é bastante complexa, pois envolve uma série de detalhes que contribuem mais para confundir que
para elucidar.
Por um lado vemos crescimento de Receitas, mas parte amparada por Venda de Direitos Econômicos, e parte por um
incremento da Receita com TV que é incomum e não conseguimos avaliar se será recorrente.
Na mesma rota vimos uma gestão que cortou Custos e Despesas e reduziu Investimentos, possibilitando aumento expressivo
da Geração de Caixa.
Entretanto, por conta da frágil condição financeira, que apresenta uma estrutura descapitalizada e com elevado
endividamento, as Despesas Financeiras do clube são elevadíssimas, consumindo parte relevante da “economia” obtida com
as ações citadas acima.
Além disso, vimos no início de 2016 o clube fazendo uma série de aquisições de atletas que podem voltar a desequilibrar a
geração de caixa.
Dessa forma, entendemos que o Atlético MG precisa deixar sinais mais claros sobre qual caminho pretende seguir: o da
austeridade ou o do título a qualquer custo.
47 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Clube Atlético Mineiro
Balanço auditado por Soltz, Mattoso e Mendes
48 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Clube Atlético Paranaense
49 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
ReceitasReceitas & CustosGeraçãodeCaixaCustos&Despesas
Receitas do clube se mantiveram praticamente estáveis em 2015, com
pequenas oscilações dentro de cada origem. Não houve destaques
relevantes nesse sentido.
Entretanto, é importante ressaltar que o Atlético PR depende bastante da
Venda de Direitos Econômicos na composição de suas receitas. Em 2014
representou 26% do total e em 2015 passou a 29%, de forma a ser mais
importante que a receita com TV. Considerando sua não recorrência, é
um sinal de alerta que se acende.
Seguindo a tendência das Receitas, os Custos e Despesas
permaneceram praticamente estáveis, com leve queda.
Ao compararmos o EBITDA com o EBITDA Recorrente nota-se
novamente que há uma dependência da Venda de Direitos Econômicos
na composição da geração de caixa, pois tanto em 2014 como em 2015,
sem essas Receitas, o clube teria apresentado EBITDA negativo.
Como não houve mudança significativa nas estruturas de Receitas e
Custos, então o clube manteve a relação entre Folha de Pagamento e
Receitas inalteradas e enquadradas na demanda do Profut.
Valores em R$ milhões
50 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida
Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas
a
b
c
Composição da Dívida
Em 2015 os Adiantamentos
consumiram caixa. Como havia
adiantado recursos de TV em
outros anos, em 2015 foi momento
de “devolver”, assim como em
2014. Na prática, significa que
houve uma redução nas Receitas
apontadas como vindas da TV.
Foram R$ 11 milhões.
Nas contas de Capital de Giro,
movimentações naturais, sendo
que a maior parte dos R$ 8
milhões de saída foram para pagar
Fornecedores.
Dobrou o valor investido em
relação a 2014. Foram R$ 8
milhões no total, divididos entre
Base e Profissional.
Ainda dentro de investimentos,
mas especificamente em estrutura
(Capex), foram investidos mais R$
35 milhões. O movimento mais
relevante apontado no balanço
refere-se a compra de terrenos.
Com tantas saídas, o EBITDA de
R$ 31 milhões foi consumido e se
transformou numa necessidade
adicional de Dívida de R$ 38
milhões, que foi captada junto a
Bancos.
As demais dívidas tiveram pouca
oscilação. Destaque para a
redução nas Dívidas Operacionais,
com o pagamento de
Fornecedores, citado
anteriormente.
Valores em R$ milhões
51 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
No fio da navalha
Clube Atlético Paranaense
O desempenho de 2015 veio muito parecido com o de 2014 em termos de Receitas e Custos. Mas muito apoiado em Receitas
de menor previsibilidade.
A situação parece sob controle, mas desconsiderar esta questão das Receitas com Venda de Direitos Econômicos é um risco.
Na prática, o clube se movimenta no fio da navalha.
Além disso, seguiu com uma política de investimentos em estrutura que é positiva no longo prazo mas aperta o fluxo de caixa
até chegar lá. E esse investimento, bem como a reforma e conclusão da Arena da Baixada, foram financiados em boa parte
com Dívida Bancária.
Ou seja, o clube que mantém uma situação equilibrada hoje pode se apertar a qualquer momento, pois não trabalha com
folga de caixa. Há que se atentar para isso e buscar esse conforto para evitar situações delicadas.
52 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Clube Atlético Paranaense
Balanço auditado por BDO
53 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Avaí Futebol Clube
54 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
ReceitasReceitas & CustosGeraçãodeCaixaCustos&Despesas
Receitas apresentaram crescimento de 48%, fortemente impulsionadas pelo
aumento nas Receitas com TV.
Este aumento está associado ao retorno do clube à Série A, onde as receitas
de transmissão são maiores. Os clubes de menor torcida costumam fechar
seus contratos anualmente com TV para o Campeonato Brasileiro, e isto
causa oscilações como a observada em 2015.
Demais Receitas não apresentaram movimentação relevante, exceto a queda
nas Receitas om Publicidade, refletindo momento econômico do País.
Se as receitas cresceram 48%, a gestão de Custos e Despesas foi muito
ruim. Estas contas apresentaram crescimento de 87%, mostrando total
descontrole.
Com isso a Geração de Caixa que sempre foi timidamente negativa,
explodiu e atingiu níveis comprometedores para as finanças do clube.
Importante notar que este descontrole fez com que a relação entre Folha
de Pagamento e Receitas saltasse de 64% para 91%, ficando assim
desenquadrada dos parâmetros mínimos do Profut. Sinal de alerta ligado.
Valores em R$ milhões
55 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida
Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas
a
b
c
Composição da Dívida
O clube teve que se valer de
financiamentos operacionais,
notadamente Despesas
Provisionadas, o que denota
atraso de cargos e impostos, para
ajudar a fechar as contas.
O clube manteve o nível de
investimentos nas Categorias de
Base mas não fez nenhum grande
movimento na contratação de
atletas.
Partindo de um EBITDA negativo,
as soluções acabam sempre em
aumento de Dívidas.
Notamos aumento nas
Operacionais, conforme já
mencionado e em Impostos. Cerca
de R$ 9 milhões foram
supostamente atrasados como
forma de compor o caixa e
compensar o EBITDA negativo.
Valores em R$ milhões
56 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Muito risco por nada
Avaí Futebol Clube
O Avaí é daqueles clubes que usualmente chamamos de “regionais”. Ou seja, são aqueles de alcance de torcida limitado à sua
região e Estado. Não há demérito nisso, mas limita muito a capacidade de ampliar suas Receitas.
Em 2015 o clube parece ter errado a mão. Mesmo com o aumento de Receitas, abusou na gestão de Custos e Despesas, com
elevação de Salários, possivelmente na busca de melhor desempenho na Série A. Mas não obteve êxito, na medida em que foi
rebaixado à Série B.
Gerir dessa forma coloca em risco a solvência do clube. No momento em que o Profut coloca restrições aos dirigentes, é
preciso muito cuidado na gestão para evitar riscos desnecessários.
57 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Avaí Futebol Clube
Balanço auditado por AudiBanco
58 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Esporte Clube Bahia
59 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
ReceitasBrutasReceitas & CustosGeraçãodeCaixaCustos&Despesas
O Bahia apresentou crescimento de cerca de 17% nas Receitas, com
oscilações em algumas linhas.
O que se observa é a manutenção da dependência de Receitas com TV
(58%) e um pequeno aumento da participação de Publicidade, saindo de
2% para 7%. Além disso, a venda de Direitos Econômicos (Transação
de Atletas), cresceu quase 50% e passou a representar 15% das
Receitas do clube.
Positivamente, em termos de geração de caixa, o Bahia se comportou
muito bem em 2015. Com incremento de Receitas e forte redução de
Custos e Despesas, o clube conseguiu gerar caixa tanto recorrente
como não recorrentemente.
Nota-se claramente a redução nas Despesas com Folha de Pagamento,
que inclusive sofreram forte queda na relação com as Receitas, de 77%
para 50%, enquadrando-se assim nas métricas do Profut.
Valores em R$ milhões
60 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida
Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas
a
b
c
Composição da Dívida
Com a boa geração de caixa o
clube não precisou de
Adiantamentos. Pelo contrário,
em termos de TV foram
consumidos R$ 6 milhões de
adiantamentos passados.
Em termos de contas de Giro,
houve forte ajuste nas Despesas
Provisionadas, possivelmente
impactados pela adesão ao Profut
– estimamos que encargos
trabalhistas foram colocados em
dia e/ou alongados – e restou um
valor a receber por venda de
atletas.
O clube investiu bom montante
em Categorias de Base (R$ 7
milhões) e foi mais comedido na
formação de elenco profissional.
Atitude correta para quem
participou da Série B.
Valores em R$ milhões
Todas essas movimentações
teriam gerado impacto negativo
(aumento) na Dívida, mas houve
entrada de R$ 12 milhões
referentes à venda de um terreno
e isso contribuiu para que as
Dívidas fossem reduzidas.
Desta forma, todas apresentaram
queda, fato bastante positivo.
61 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Colocando a casa em ordem
Esporte Clube Bahia
O Bahia apresentou um comportamento bastante bom em 2015.
Operacionalmente conseguiu aumentar suas Receitas, reduziu Custos e Despesas e assim gerou mais caixa e de forma
consistente. Fez investimentos corretos, liquidou dívidas, aderiu ao Profut.
O desafio agora é manter esta política de austeridade sem ter sucesso esportivo, uma vez que segue no 2º ano jogando a
Série B. Mas persistência e paciência andam junto com processos de ajuste, pois o resultado aparece apenas no longo prazo.
Um clube saudável, equilibrado, tem mais chances de permanecer por mais tempo disputando a Série A.
62 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Esporte Clube Bahia
Balanço auditado por Performance
63 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Botafogo de Futebol e Regatas
64 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
ReceitasBrutasReceitas & CustosGeraçãodeCaixaCustos&Despesas
O desempenho do Botafogo em termos de Receitas foi sofrível, com
queda de 25% nas Receitas Totais. Exceto pelos Direitos de TV, que
cresceram 10%, as demais receitas relevantes sofreram forte queda:
Publicidade (-73%), Venda de Direitos Econômicos (-61%), Bilheteria (-
33%).
Este foi, possivelmente o efeito de ter participado da Série B. Mas note
que as Receitas com TV, que normalmente sofrem redução quando há
rebaixamento, aumentaram, o que pode ser efeito de Pay per view ou
mesmo luvas de novos contratos..
Os Custos e Despesas sofreram redução de 15%. Ainda que não tenha
sido na mesma magnitude das Receitas, a redução foi suficiente para
manter o nível de geração de caixa positivo, mas inferior ao desempenho
2014. De qualquer forma, nota-se o esforço na manutenção do equilíbrio
operacional.
O grande problema do Botafogo nem é a Folha de Pagamento. Tanto em
2014 como em 2015 a relação dessas Despesas com as Receitas ficou
próxima a 30%, o que é muito bom. Entretanto, o volume de Despesas
Gerais e Administrativas foi elevado em 2015. Ainda assim, a relação
geral é positiva.
Valores em R$ milhões
65 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida
Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas
a
b
c
Composição da Dívida
Apesar da geração de caixa
positiva, o clube precisou adiantar
recursos da TV (R$ 17 milhões)
porque teve volume expressivo de
saídas de giro. Foram R$ 49
milhões, que incluem ajustes em
contratos de patrocínio, uso do
direito de imagem, impostos a
recuperar, entre outros. São
movimentos de caixa que
impactam o clube.
Os investimentos se comportaram
bem, abaixo do que foi investido
em 2014 e compatíveis com a
disputa da Série B.
Assim, o comportamento das
Dívidas foi até positivo. As
Bancárias permaneceram
estáveis, enquanto as
Operacionais e com Impostos
sofreram redução por conta da
adesão ao Profut, que permitiu
alongamento e perdão de
encargos. Ainda assim os valores
são incompatíveis com a
capacidade de pagamento de
geração de resultados do clube.
Valores em R$ milhões
66 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Como será o amanhã?
Botafogo de Futebol e Regatas
Responda quem puder.
A situação geral do Botafogo é muito complicada. Se por um lado há o esforço em manter um equilíbrio entre Receitas e
Custos, o que vem permitindo gerar um caixa operacional, por outro isso enfraquece o clube, uma vez que lhe sobra menos
capacidade de investimento. Ao mesmo tempo as Dívidas são muito pesadas, incompatíveis com a capacidade de pagamento,
mesmo após adesão ao Profut.
Ou seja, há um círculo vicioso em andamento, pelo qual o clube investe pouco, tem desempenho esportivo fraco, isso gera
menos receitas e essas receitas precisam servir uma dívida monstruosa, o que faz com que sobre menos dinheiro para
investimentos, e isso enfraquece o clube...
Isto significa jogar para cada vez menos torcida, de forma que o clube vai encolhendo a cada ano.
Mas, voltando a pergunta: o destino será como Deus quiser.
67 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Botafogo de Futebol e Regatas
Balanço auditado por UHY Moreira Auditores
68 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Associação Chapecoense de Futebol
69 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
ReceitasReceitas & CustosGeraçãodeCaixaCustos&Despesas
Muito bom desempenho das Receitas, com crescimento de 34% em
2015. O grande impulso se deu nas Receitas com TV, que cresceram
51%. Como os contratos são renovados anualmente, o bom
desempenho que o clube vem tendo esportivamente ajuda nos
aumentos. TV representa 54% do total.
Receitas com Publicidade também cresceram mas representam pouco
do total. Destaque também para a Bilheteria, que representa 23% do
total e se manteve estável em 2015.
O clube trabalha de forma equilibrada. Veja que o EBITDA fica sempre
em torno do break-even, e os Custos e Despesas se comportaram de
acordo com as Receitas, bastante previsíveis.
Isso permite que o clube atue dentro das premissas do Profut, com Folha
Salarial representando perto de 70% das Receitas.
Valores em R$ milhões
70 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida
Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas
a
b
c
Composição da Dívida
Valores em R$ milhões
O clube é bastante equilibrado e não
se utiliza de adiantamentos.
Clube investe dentro de sua
capacidade, e em 2015 utilizou maior
parte dos recursos na Base.
Volume de Dívidas muito pequeno,
maior parte Operacionais e que
cresceram em função do aumento da
Folha de Pagamento.
71 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Exemplo para os pares
Associação Chapecoense de Futebol
A Chapecoense é daqueles clubes que sabe das suas limitações em termos de alcance de torcida e Receitas. E faz um trabalho
excepcional, considerando essas limitações.
Equilibrado, gastando apenas o que arrecada, consegue mobilizar a cidade e fazer boa Receita com Bilheteria. Montando
equipes competitivas, se mantém na Série A e obtém Receitas mais consistentes da TV.
Gestão consciente e cujo resultado se vê nos balanços e em campo.
72 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Associação Chapecoense de Futebol
Balanço auditado por RL Solutions
73 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Sport Club Corinthians Paulista
74 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
ReceitasReceitas & CustosGeraçãodeCaixaCustos&Despesas
O Corinthians apresentou crescimento de 16% nas Receitas, com bom
desempenho em praticamente todas as linhas. Os Direitos de TV
cresceram 12%, a Venda de Direitos Econômicos saltou 26% e o
destaque foi a parcela de Sócios Torcedores cuja receita entrou no caixa
do clube e não foi revertida em ingressos nos jogos.
A TV ainda representa a maior parte das Receitas (41%).
Operacionalmente o desempenho de 2015 foi melhor que o de 2014.
Ainda que os Custos e Despesas tenha crescido (+ 4%) ficaram abaixo
da variação das Receitas e isso permitiu que a geração de caixa fosse
melhor, ainda que abaixo das possibilidades apresentadas em outros
anos. Lembrando que 2013 foi o último ano onde a Receita integral da
Bilheteria ficou com o Clube.
Positivamente a Folha de Pagamentos é comportada e fica abaixo de
50% das Receitas. Entretanto, há uma conta chamada “Serviços de
Terceiros” que tem valor relevante – chegou a R$ 43 milhões em 2015 –
que não tem detalhamento e está considerada em Outras. Se houver
associação com Folha de Pagamento, a relação com as Receitas sobe
para 67%, ainda assim dentro do permitido pelo Profut.
Valores em R$ milhões
75 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida
Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas
a
b
c
Composição da Dívida
Apesar da geração de caixa
positiva, o clube precisou de
Adiantamentos de TV na
composição do caixa. Foram R$
31 milhões.
Em termos de contas de giro,
houve saída de R$ 15 milhões, em
diversas contas, que vão do
financiamento da venda de
atletas, passando por direitos de
imagem, entre outras
movimentações.
Os investimentos foram bem mais
modestos que os apresentados
em 2014. A Base saiu de R$ 27
milhões para R$ 7 milhões,
enquanto o Profissional recebeu
R$ 14 milhões em aquisições de
atletas.
Algumas dívidas cresceram
muito. Vale ressaltar que apesar
de parte das necessidades de
caixa terem sido supridas com
Adiantamentos de TV, o clube
pagou R$ 41 milhões em
Despesas Financeiras e investiu
R$ 15 milhões em Estrutura física.
Logo, houve necessidade de
aumentar as Dívidas Bancárias,
para fechar a conta.
Nos Impostos o salto representa a
adesão ao Profut.
Valores em R$ milhões
76 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
A conta do estádio chegou
Sport Club Corinthians Paulista
Em algum momento a conta do estádio chegaria. E de fato, ela já se apresentou. E será mais dura a cada ano.
O clube está abrindo mão de cerca de R$ 90 milhões* anuais em receitas de Bilheteria e propriedades do estádio que estão
sendo direcionadas para o pagamento das dívidas de construção do estádio. Isto faz muita falta. Toda a folga operacional que
o clube mostrou em 2012 e 2013 foi perdida e a geração de caixa caiu a níveis incompatíveis com o porte do clube. Para
piorar a situação, a partir de 2016 ocorrerão pagamentos mais significativos de principal e juros dos financiamentos, que
somam cerca de R$ 120 milhões anuais, conforme divulgado pela imprensa*. Ou seja, há um déficit potencial de cerca de R$
30 milhões que precisam ser pagos pelo Clube.
O fato é que com menor poder financeiro, há restrições de investimentos. Com a necessidade de aumentar o endividamento e
receber adiantamentos de TV para fechar as contas, as Despesas Financeiras cresceram absurdamente e isso também
colabora para deteriorar ainda mais a situação.
Resultado: o clube foi Campeão Brasileiro, a despeito disso. Mas teve que abrir mão de grande parte do elenco no início de
2016 para restringir a saída de caixa, pois nesse ano as contas do estádio causarão novos danos ao caixa do clube.
Mas veja que os Investimentos em 2015 já foram bastante modestos e devem repetir a dose em 2016 e enquanto durar o
estoque de dívida do estádio.
A situação não é nada confortável, e o clube precisa manter os pés no chão, controlar ainda mais os gastos e contar com o
incremento de Receitas da TV, que terá crescimento em 2016, para fechar essa conta.
E ainda terá que se manter disputando os campeonatos com chance de conquistas para que sobre receita para pagar o
Estádio. A vida não está fácil pelos lados da Zona Leste de São Paulo.
*Matéria da site da Revista Época de 01/04/16 assinada pelo jornalista Rodrigo Capelo
77 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Sport Club Corinthians Paulista
Balanço auditado por Parker Randall Brasil
78 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Coritiba Foot Ball Club
79 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
ReceitasReceitas & CustosGeraçãodeCaixaCustos&Despesas
As Receitas do Coritiba permaneceram estáveis em 2015. A variação
foi mínima em todas as contas, de forma que não há destaques.
Proporcionalmente, as Receitas de TV representam a maior parcela,
com 45% do total, seguido de Bilheteria, com 35%. Ou seja, o mix de
receitas do clube é pobre, com muita concentração nessas duas
citadas.
A despeito disso, os Custos e Despesas se comportaram bem, ficando
24% abaixo do observado em 2014. isto permitiu ao clube gerar caixa,
diferente do observado no ano anterior.
Vemos que a Folha de Pagamento caiu drasticamente quando
comparada às receitas, saindo de 75% em 2014 para 59% em 2015,
enquadrando-se assim nas demandas do Profut.
Valores em R$ milhões
80 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida
Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas
a
b
c
Composição da Dívida
O Clube não se utilizou de
Adiantamentos de TV para fechar
suas contas e nem teve
movimentações relevantes em
giro.
Apresentou bom nível de
investimentos nas Categorias de
Base, mas reduziu o destino para
o Profissional, o que é um sinal
de boa gestão.
As Dívidas com Impostos
cresceram, fruto de novos atrasos
em 2015 e que foram
incorporadas ao Profut ao final do
ano.
Esses atrasos tiveram que
compensar o elevado valor pago
como Despesas Financeiras.
As demais dívidas sofreram
redução, sendo que parte das
Operacionais também foram
alongadas no âmbito do Profut.
Valores em R$ milhões
81 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Chegando ao limite
Coritiba Foot Ball Club
O Coritiba parece ter encontrado seu limite em termos de crescimento. Se avaliarmos apenas as Receitas Recorrentes o clube
praticamente repete seu desempenhos nos últimos 4 anos, mostrando que há pouco a fazer para sair desse patamar.
O desafio é conseguir manter os Custos e Despesas comportados, dentro da capacidade do clube, e investir nas Categorias de
Base para formar elenco dentro de suas possibilidades e eventualmente vender Direitos de Atletas para reforçar o caixa e a
equipe.
Se entender que esta é a realidade, pode ter vida longa na Série A.
82 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Coritiba Foot Ball Club
Balanço auditado por Mazars
83 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Criciúma Esporte Clube
84 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
ReceitasReceitas & CustosGeraçãodeCaixaCustos&Despesas
A queda para a Série B foi um verdadeiro furação na vida do Criciúma.
As Receitas caíram 57%, especialmente as com TV, onde o clube
“perdeu” mais de R$ 20 milhões!
As demais Receitas até que se comportaram dentro da normalidade,
mas insuficientes para manter o poder financeiro do clube.
E por mais que tenha feito esforço em reduzir Custos e Despesas, ainda
assim ficaram acima das Receitas, de forma que a geração de caixa foi
negativa, depois de anos operando dentro do equilíbrio.
Naturalmente a Folha de Pagamento ficou incompatível com o tamanho
do clube, de forma que ela sai de uma situação confortável em 2014
para o desastre em 2105.
Valores em R$ milhões
85 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida
Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas
a
b
c
Composição da Dívida
Como a TV faz contratos anuais, e
ainda houve forte queda no valor,
não há adiantamentos. As contas
de giro permaneceram dentro do
esperado.
Pouco investimentos e na Base. Ao
menos o caminho está correto.
As Dívidas se comportaram bem.
Não há Dívidas com bancos e
mesmo as Operacionais
diminuíram com a redução nominal
na Folha de Pagamentos.
Para fechar as contas o clube
recebeu aporte de uma empresa,
que deve ter ligação com algum
torcedor/patrono do clube.
Valores em R$ milhões
86 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Ajuste Difícil
Criciúma Esporte Clube
Cair para a Série B é um retrocesso financeiro incrível. Por isso os clubes se esforçam e até exageram para permanecer na
Série A. O Criciúma é uma vítima.
Por mais que tenha feito ajustes nos Custos e Despesas, ainda assim há contratos mais longos que não podem ser cancelados
e isto implica em custos que se perpetuam no tempo. Esta é uma possibilidade. A outra é que o clube decidiu investir em
salários e empréstimos de atletas para tentar retornar à Série A e não obteve êxito. Se foi isso, foi um erro, mesmo com
dinheiro de patrono.
O Futebol precisa de coerência. Coerência que sempre foi aplicada pelo próprio Criciúma, que se manteve equilibrado nos
anos anteriores. Precisa voltar a ser.
87 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Criciúma Esporte Clube
Balanço auditado por OMV Auditores Independentes
88 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Cruzeiro Esporte Clube
89 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
ReceitasReceitas & CustosGeraçãodeCaixaCustos&Despesas
Receitas do Cruzeiro cresceram 30%, aumento bastante acima da média dos
clubes em 2015, impulsionado por duas das Receitas: TV (+101%!) e Venda de
Direitos Econômicos (+179%!).
O comportamento da Venda de Direitos é compreensível, após o Bi-Campeonato
Brasileiro onde alguns atletas tiveram destaque. Agora, o aumento das Receitas
com TV nessa magnitude não tem explicação dentro do contexto usual.
O destaque negativo foi a queda de 50% na Bilheteria. O clube chegou às
Quartas-de-final da Libertadores, mas o desempenho no campeonato Brasileiro
foi fraco, desestimulando o torcedor a ir ao estádio.
Os Custos e Despesas permaneceram praticamente estáveis. Dessa
forma, com o forte incremento de Receitas o clube conseguiu reverter um
comportamento histórico e gerou caixa em 2015. Ainda assim, em termos
recorrentes manteve a condição de degeração de caixa, o que mostra
que estruturalmente ainda há ajustes a fazer.
O Clube já operava com a Folha de Pagamentos dentro da regra
estabelecida pelo Profut, e com o incremento de Receitas ganhou uma
folga.
Valores em R$ milhões
90 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida
Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas
a
b
c
Composição da Dívida
Além da ótima geração de caixa, o
clube ainda teve algumas
liberações operacionais, tais
como recebimento de vendas de
atletas (Clientes) e financiamento
de aquisição de Atletas.
De outro lado, consumiu R$ 25
milhões que haviam sido
adiantados da TV em anos
anteriores.
O investimento apresentou salto
relevante, em todas as frentes.
Para a Base foram direcionados
R$ 13 milhões e para reforçar o
elenco mais R$ 42 milhões! As
vendas que geraram aumento de
receitas foram quase todas
reinvestidas em novos atletas
profissionais.
Financiamento para Investimentos
veio do atraso de Impostos. Foram
R$ 41 milhões em 2015, que após
adesão ao Profut geraram
aumento importante na Dívida
com Impostos.
Positivamente, a Dívida Bancária
continua em queda e as
Operacionais permaneceram
praticamente estáveis.
O clube ainda apresentou
entradas de caixa de cerca de R$
15 milhões, sem detalhamento de
origem.
Valores em R$ milhões
91 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Alerta na Toca
Cruzeiro Esporte Clube
O Cruzeiro apresentou dados econômico-financeiros bastante conflitantes. No lado das Receitas viu crescimentos que tendem a não se
repetir, como Venda de Direitos e o valor adicional da TV, ao mesmo tempo que perdeu muita Receita com Bilheteria, que vinha sendo um
destaque nos anos anteriores.
Por conta das sobras investiu muito, supostamente atrasou Impostos e viu sua Dívida Tributária, alongada no âmbito do Profut, crescer e esta
passará a exigir mais do clube. Além disso, as dívidas pesam nas Despesas Financeiras, que consomem montante relevante de caixa do
clube.
Ou seja, não há clareza na longevidade das receitas e nem qual é a política de investimentos do clube. As fontes externas de financiamento
secaram, e então o clube deveria colocar os pés no chão e se adequar a uma realidade de Receitas que deve ser diferente da apresentada em
2015.
O clube precisa mudar sua postura e fugir da zona de risco em que se coloca há algum tempo.
92 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Cruzeiro Esporte Clube
Balanço auditado por Dênio Lima e Mário
Guimarães
93 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Figueirense Futebol Clube
94 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
ReceitasReceitas & CustosGeraçãodeCaixaCustos&Despesas
Se manter na Série A possibilita manter boas Receitas, ainda que exija
mais Custos e Despesas. Em 2015 o Figueirense viu suas Receitas
cresceram 14%, impulsionado pelo aumento na TV (+30%) e esta
continua sendo o carro chefe, representando 51% do total..
As demais linhas de Receita permaneceram praticamente estáveis, sem
destaques.
Positivamente o clube reduziu Custos e Despesas em 17%, o que
possibilitou reverter a incômoda posição de degerador de caixa nos
últimos 3 anos.
Naturalmente, observa-se queda relevante na Folha de Pagamento, cuja
relação com as Receitas caiu de 65% pra 47%.
Valores em R$ milhões
95 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida
Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas
a
b
c
Composição da Dívida
Parte da geração de caixa foi
“devolvida” com os ajustes nos
Adiantamentos de TV. Foram R$
11 milhões adiantados que em
2015 reduziram a entrada de caixa
do clube.
Para compensar recebeu
Adiantamentos de contratos de
Patrocínio em R$ 6 milhões.
Em 2015 investiu R$ 7 milhões no
elenco profissional, acima do que
foi investido em 2014.
Possivelmente para montar um
elenco que permitisse a
manutenção da equipe na Série A.
Parte das necessidade de caixa
foram supridas com atrasos de
Impostos, posteriormente
alongados no âmbito do Profut.
Positivamente, as Dívidas
Bancárias e Operacionais
permaneceram estáveis.
Valores em R$ milhões
96 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Nadando contra a maré
Figueirense Futebol Clube
Vimos em 2015 um Figueirense um pouco diferente dos anos anteriores. Mais contido na gestão de Custos e Despesas,
investiu mais para ter um elenco reforçado e que permitisse se manter na Série A.
O desempenho em 2015 foi no limite, mas o objetivo foi alcançado.
O clube não só precisa manter a boa postura de austeridade, mas reforça-la, reduzindo investimentos, ajustando fluxo de
caixa para evitar ter que recorrer a fontes externas para recompor o caixa, como Adiantamentos e novos atrasos, o que não
será permitia no âmbito do Profut.
A conferir.
97 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Figueirense Futebol Clube
Balanço auditado por Mazars
98 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Clube de Regatas do Flamengo
99 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
ReceitasReceitas & CustosGeraçãodeCaixaCustos&Despesas
O crescimento das Receitas foi modesto, atingindo 4%. Não houve
grandes destaques, exceto o incremento de 11% nas Receitas de TV,
possivelmente reajuste inflacionário. Há um equilíbrio na geração de
Receitas entre TV (38% do total), Publicidade (25%) e Bilheteria (22%).
Isso mostra que a maior parte das Receitas atingiu seu pico, e apenas
um bom desempenho em campo pode ajudar a agregar mais Receitas
com Bilheteria e Sócio Torcedor.
O pequeno crescimento de Receitas veio acompanhado de pequena
redução nos Custos e Despesas. Dessa forma o clube continua
priorizando sua saúde financeira, atingindo impressionantes R$ 137
milhões em EBITDA em 2015. Como depende pouco da Venda de
Direitos Econômicos, parte relevante das Receitas é recorrente.
A Folha de Pagamentos continua em níveis bastante baixos e
comportados, confirmando a política de austeridade implementada há
alguns anos no clube.
Valores em R$ milhões
100 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida
Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas
a
b
c
Composição da Dívida
O clube liquidou posição de
adiantamentos de TV feitos no
passado (R$ 17 milhões) e ainda
viu outros adiantamentos serem
compensados (R$ 27 milhões),
especialmente de contratos de
licenciamento.
Em 2015 o clube investiu menos
que em 2014 mas ainda assim em
volume considerável: foram R$ 21
milhões no elenco profissional.
Ou seja, o problema não é falta de
investimento.
O investimento na Base voltou,
mas ainda em valores módicos.
Dívidas Operacionais controladas,
Dívidas com Impostos caindo
drasticamente, por efeito de pagamento
(R$ 24 milhões) e adesão ao Profut .
Entretanto, a despeito da boa condição
operacional, o clube precisou captar
dinheiro junto a Bancos, aumentando esta
dívida. Terá que coordenar a reciclagem
da Dívida Bancária, visto que boa parte
vence no curto prazo.
Ainda existe um problema que são as
Despesas Financeiras, pois com o
montante de Dívida total na casa dos R$
540 milhões não há como fugir dessa
realidade.
Valores em R$ milhões
101 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Espelho, espelho meu
Clube de Regatas do Flamengo
Existe alguém melhor gerido do que eu?
Financeiramente a resposta é não. O clube mantém uma política de austeridade, gastando pouco com Folha de Pagamento,
maximizando as Receitas, pagando suas dívidas e investindo sem onerar em demasia o clube. A cartilha está sendo seguida à
risca e com muita competência, e o trabalho mais significativo agora é pensar na redução paulatina das Dívidas Bancárias,
ainda elevadas.
Entretanto, o desempenho esportivo está longe da unanimidade. Pelo menos para o Flamenguista.
Um fato importante é que o clube não deixou de investir. Em nossos cálculos foram R$ 60 milhões entre 2014 e 2015. O que
está faltando é montar um plano estratégico, ter os profissionais certos e melhorar o desempenho coletivo. Porque gestão
profissional não se resume ao financeiro, e necessariamente inclui o esportivo. Ambos andam lado-a-lado.
Já falamos isso no ano passado, e estamos repetindo agora. O clube precisa ter atenção para que a cada publicação de
balanços não deixe a sensação de estarmos vivendo o “Dia da Marmota”*.
* Referência ao filme “Feitiço do Tempo”, no qual o personagem do ator Bill Murray fica preso numa armadilhada do tempo
em que todos os dias se repetem exatamente da mesma forma.
102 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Clube de Regatas do Flamengo
Balanço auditado por Mazars
103 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Fluminense Football Club
104 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
ReceitasReceitas & CustosGeraçãodeCaixaCustos&Despesas
Desempenho muito bom o do Fluminense em termos de Receitas, com
crescimento de 45% em relação a 2014. Destaques para a Venda de
Direitos Econômicos (+430%!), Publicidade (+94%) e Bilheteria (+84%).
A despeito da relevância da TV (38% do total), o clube apresentou boa
distribuição em suas receitas. Entretanto, como a Venda de Direitos
Econômicos é incerta, há que se ter atenção nesse ponto, pois
representou 20% do total em 2015.
O clube aumento Receitas e trouxe junto os Custos e Despesas, com
aumento de 50%.
Ainda assim, manteve o nível de geração de caixa em termos nominais.
Entretanto, como parte relevante do crescimento veio da Venda de
Direitos Econômicos, quando analisamos o EBITDA Recorrente, vemos
degeração de caixa. Ou seja, parte dos Custos e Despesas foi coberto
com receitas voláteis.
Em termos de Folha de Pagamento houve uma melhora, que passou de
54% das Receitas Totais para 49%. Importante ressaltar o elevado
volume de Outras Despesas, sem abertura e explicação suficiente.
Valores em R$ milhões
105 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida
Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas
a
b
c
Composição da Dívida
Apesar da geração de caixa
positiva, o clube ainda buscou
fontes externas de financiamento.
Houve adiantamentos de TV de R$
26 milhões e financiamento de
aquisição de Direitos Econômicos
de Atletas de R$ 32 milhões. Este
valor está associado aos
Investimentos em Elenco, pois o
clube adquiriu para pagar no
futuro.
O clube investiu impressionantes
R$ 60 milhões em elenco
profissional, enquanto nas
Categorias de Base foi apenas R$
1 milhão.
Com os Investimentos, mais o
aumento nominal da Folha de
Pagamentos, o clube apresentou
aumento em todas a s Dívidas. No
caso de Impostos o efeito foi a
adesão ao Profut, que trouxe
diversas dívidas para o balanço.
Valores em R$ milhões
106 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Mudança de Hábito
Fluminense Football Club
Desde a saída do sponsor que mantinha boa parte do elenco, o Fluminense teve que se ajustar à nova realidade. Até 2014 o
trabalho vinha apresentando consistência, com equilíbrio operacional e investimentos dentro das possibilidades. Porém, em
2015 o clube abriu a carteira e investiu pesado em elenco profissional. O resultado foi aumento de Dívidas, necessidade de
Adiantamentos e financiamento de parte do investimento.
Considerando uma visão estratégica de longo prazo esta não é a melhor forma de gerir um clube. Coloca em risco receitas
futuras, trabalha com Custos acima da capacidade de geração de Receitas.
O clube precisa voltar ao bom hábito da gestão austera, gastando o possível e investindo ainda mais na Base. É preciso pensar
no longo prazo.
107 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Fluminense Football Club
Balanço auditado por UHY Moreira
108 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Goiás Esporte Clube
109 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
ReceitasReceitas & CustosGeraçãodeCaixaCustos&Despesas
Receitas Totais do Goiás cresceram 13%, e o maior crescimento foi na
Venda de Direitos Econômicos, em 173% (de R$ 7 milhões para R$ 18
milhões). As demais Receitas tiveram comportamento muito parecido
entre 2014 e 2015.
A TV ainda é a maior fonte de Receitas, representando praticamente
50% do total.
Positivamente, o crescimento das Receitas não trouxe junto os Custos e
Despesas, que sofreram uma pequena redução, da ordem de 8%.
Desta forma, o nível de geração de caixa foi bastante bom, atingindo R$
35 milhões. E mesmo em termos recorrentes o clube repetiu o bom
desempenho de 2014.
A boa gestão manteve a Folha de Pagamentos em nível bastante bom,
representando 32% das Receitas, melhor que o dado obtido em 2014
(44%).
Valores em R$ milhões
110 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida
Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas
a
b
c
Composição da Dívida
O clube reconheceu R$ 6 milhões
referentes a Adiantamentos de TV
feito no passado.
Ao mesmo tempo, ao financiar a
venda de Direitos Econômicos,
consumiu parte da boa geração
de caixa (R$ 13 dos R$ 15
milhões).
Manteve o nível de investimentos
perto do histórico, sem grandes
destaques.
As Dívidas tiveram bom
comportamento, com redução na
Dívida Bancária e Operacionais,
enquanto os Impostos
mantiveram-se estáveis.
Valores em R$ milhões
111 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Tudo bom, tudo bem, mas não deu certo.
Goiás Esporte Clube
A despeito da boa gestão financeira, muito consistente, o Goiás foi rebaixado à Série B.
É bastante positivo ver que um clube, mesmo caminhando para o rebaixamento, mantém a postura e a essência. O clube não fez loucuras,
não apelou para contratações a qualquer preço, pois pensa no longo prazo, de maneira sustentável.
Naturalmente terá que se reinventar em termos esportivos, seja para disputar a Série B, seja para se recuperar em campo. Mas isso terá que
continuar a ser feito de forma consistente e austera.
112 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Goiás Esporte Clube
Balanço auditado por Floresta Auditores
Independentes
113 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Grêmio de Foot-Ball Porto Alegrense
114 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
ReceitasReceitas & CustosGeraçãodeCaixaCustos&Despesas
Grêmio apresentou queda de 10% nas Receitas Totais. O desempenho é
reflexo de queda em praticamente todas as linhas, exceto nos Direitos de
TV, que cresceram 34%, bem acima da média vista nos demais clubes.
Há dois grandes responsáveis pela queda de Receitas: Publicidade (-37%)
e Venda de Direitos Econômicos (-73%), o que comprova que a venda de
Atletas é uma receita com a qual não se pode contar. E apesar da boa
performance no Brasileiro, a receita de Bilheteria também caiu (-11%), mas
ainda representa 25% do total.
Com a queda de receita o clube conseguiu, positivamente, manter os
Custos estáveis. Isto permitiu manter um nível mínimo de geração de
caixa, ainda que apenas 1/3 do realizado em 2014.
Manutenção de Custos e queda de Receita fizeram com que a
participação da Folha de Pagamentos nas Receitas subisse para 53%,
ainda dentro das regras definidas pelo Profut.
Valores em R$ milhões
115 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida
Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas
a
b
c
Composição da Dívida
Não houve Adiantamento de TV
em 2015, mas em contrapartida, o
clube perdeu cerca de R$ 22
milhões em financiamentos
operacionais, basicamente
envolvendo redução de Despesas
Operacionais – possivelmente
colocando atrasos em dia – e
redução de Direitos de Imagem,
também possivelmente
associados ao ajuste de atrasos
de remuneração.
O clube manteve investimentos em
Base bastante modestos, mas
gastou cerca de R$ 27 milhões em
atletas profissionais.
Considerando que a geração de
caixa foi bem menor que em 2014,
que houve saídas relevantes de
recursos de giro, investir R$ 27
milhões foi acima das
possibilidades do clube.
Resultado foi aumento de Dívidas
Bancárias, para suprir o buraco de
caixa do ano.
Nas Operacionais houve ajuste já
abordado nos Adiantamentos, e os
Impostos sofreram queda por
adesão ao Profut.
Parte da redução veio com a
entrada de cerca de R$ 23 milhões
de caixa sem notas explicativas no
balanço.
Valores em R$ milhões
116 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Complicou, Tchê!
Grêmio de Foot-Ball Porto Alegrense
O Grêmio apresentou desempenho econômico-financeiro bastante ruim em 2015.
Receitas em queda, custos estáveis, investimentos, efeitos de dívidas operacionais que precisaram ser ajustadas, aumento das dívidas
bancárias. Ainda tem a questão da Arena a ser solucionada, e passará a ter a pressão de pagamento das dívidas do Profut.
Ou seja, o que vimos em 2015 pode ser potencializado para os próximos anos, porque as receitas não devem subir, exceto se o clube
continuar a vender Direitos de Atletas, enfraquecendo o elenco.
É preciso equalizar a situação, reduzindo investimentos e custos, para que no longo prazo o clube se mantenha forte, relevante, e não mero
coadjuvante.
117 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Grêmio de Foot-Ball Porto Alegrense
Balanço auditado por Rokembach + Lahm,
Villanova, Gais e Cia Auditores
118 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016
Sport Club Internacional
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  • 1. 1 Análise Econômico- Financeira dos Clubes de Futebol Brasileiros | 2016 Dados Financeiros de 2015
  • 3. 3 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 2015 | Uma Nova Esperança Há pouco tempo, num cenário muito, muito desanimador...
  • 4. 4 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 2015 | Uma Nova Esperança É um momento de dificuldades. Partindo de um período sombrio, com atraso de Salários, aumento de Custos e Receitas em queda, os Clubes Brasileiros de Futebol precisam de uma revolução contra o Império da Má Gestão. Durante o ano de 2015 apresentaram suas armas e começaram um plano de reorganização, com exército organizado que trouxe mais Receitas, sufocou Custos e pulverizou Investimentos. Perseguidos pelo sinistro mal da inconsequência, Dirigentes se conscientizaram e auxiliados pelo Profut iniciaram uma tentativa de proteger a história dos Clubes, manter sua grandeza e restaurar a qualidade do Futebol Brasileiro...
  • 5. 5 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 2015 | Uma Nova Esperança A vida é feita de ciclos, e a esperança é um sentimento que move as pessoas. Dizem até que é a última que morre e a primeira que nasce. A cada período de tempos difíceis surge, em algum momento, uma nova esperança no ar, trazida por quem quer momentos melhores. Não seria diferente no Futebol Brasileiro. Depois de 2012, auge do boom financeiro, turbinado pelo incremento das cotas de Transmissão de jogos pela TV, pelo crescimento das Receitas de Publicidade e por todo o ambiente positivo no Brasil, o que se viu foram anos de derrocada. Receitas que foram sendo engolidas por Custos e Investimentos cada vez mais altos. Dívidas que cresciam de forma desordenada, notícias sobre atrasos de Impostos e Salários. O auge dessa situação foi 2014, quando observamos e apontamos que o Futebol Brasileiro ia mal, mal demais. Mas tal qual um Jedi redescoberto no tempo, eis que 2015 trouxe sinais de que há algo positivo se desenhando no ar. Assim como os heróis liderados por Leah, Skywalker e Solo, a batalha dos Clubes para se ajustarem será longa e por vezes dolorosa. Clubes perderão sua capacidade de disputa, terão que viver dentro de possibilidades financeiras mais modestas. O Título passará a ser um objetivo distante. O ano de 2015 marca um crescimento importante de Receitas, mas especialmente a manutenção de Custos e Despesas, que em termos reais significa redução de cerca de 10%, apontando para um sinal de racionalização do uso dos recursos dos Clubes. Também os Investimentos sofreram redução, outro sinal de adequação a uma realidade típica de Darth Vader: sofrida, sombria e ambígua. A linha entre o bem e o mal é tênue, e entre a chance de ser campeão e a austeridade, é inegável a volúpia pelo título. Futebol é uma luta constante entre os lados opostos da Força. Mas aos Dirigentes cabe pensar na sustentabilidade do Clube, muito mais que na vitória a qualquer preço, pois ela muitas vezes tem sim um preço alto demais no longo prazo. A ajuda do Profut na reestruturação das Dívidas Fiscais, e que deve contribuir para a evolução das estruturas profissionais e de governança dos clubes, foi fundamental para que esta esperança surgisse. Controlados, os Clubes tendem a manter a galáxia em pleno funcionamento. Mas não se deixe enganar, pois sempre haverá o lado sombrio da Força pronto a entrar em ação e devastar o que é construído com sacrifício. Este é apenas mais um episódio na saga dos Clubes Brasileiros de Futebol em busca da retomada do topo do Mundo, na busca entre o equilíbrio da Força, aquele que é a diferença entre o gastar e o gastar bem. Que a Força esteja com eles.
  • 6. 6 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Sempre importante lembrar Disclaimer Este é um trabalho feito pelos profissionais da Área de Crédito do Itaú BBA, baseado exclusivamente em informações públicas e sem que tivéssemos qualquer contato com os clubes para explorar eventuais dúvidas e aprofundar algumas questões. O objetivo é meramente informativo e tentamos apresentar aos Torcedores a visão de uma equipe técnica e multiclubística sobre a condição financeira do Futebol Brasileiro e seus Clubes. Vale ressaltar que apesar de alguns clubes apresentarem balanços bastante detalhados e esclarecedores, há uma enorme dificuldade em ter a mesma qualidade em todos os balanços, o que torna limitada nossa ação. E mesmo para clubes que disponibilizam informações estruturadas, ainda restam dúvidas relevantes. Por conta disso, podemos afirmar que o material reflete a realidade “pública” de cada clube, e nossas avaliações são feitas com base em hipóteses técnicas, apenas. Por isso, quando falamos em “atrasos”, isto reflete uma avaliação técnica das movimentações contábeis, baseado nos dados disponíveis. Trata-se de hipótese técnica e são suposições, apenas, e justificam o fechamento do fluxo de caixa do período. Não temos também qualquer contato com Patrocinadores, Federações, Parceiros, de forma que nossas avaliações consideram informações publicadas pela Imprensa como única fonte externa aos Balanços, e refletem comentários dos Dirigentes e não apenas opiniões de terceiros.
  • 7. 7 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 7 2. Clubes | Análise Individual 36 2.1 | Alguns Conceitos Básicos 2.2 | América MG 2.3 | Atlético MG 2.4 | Atlético PR 2.5 | Avaí 2.6 | Bahia 2.7 | Botafogo 2.8 | Chapecoense 2.9 | Corinthians 2.10 | Coritiba 2.11 | Criciúma 2.12 | Cruzeiro 2.13 | Figueirense 2.15 | Flamengo 2.16 | Fluminense 2.17 | Goiás 2.18 | Grêmio 2.19 | Internacional 2.20 | Joinville 2.21 | Náutico 2.22 | Palmeiras 2.23| Ponte Preta 2.24 | Santa Cruz 2.25 | Santos 2.26 | São Paulo 2.27 | Sport 2.28 | Vasco da Gama 2.29 | Vitória 37 38 43 48 53 58 63 68 73 78 83 88 93 98 103 108 113 118 123 128 133 138 143 148 153 158 163 168 Sumário 1. Introdução 2 1.1 | 2015 | Uma Nova Esperança 1.2 | Disclaimer 1.3 | Receitas 1.4 | Receitas Totais Recorrentes 1.5 | Receitas | Diversas Frentes 1.6 | Receitas | Direitos de TV 1.7 | Receitas de TV | Variações 1.8 | Receitas| Direito Federativo 1.9 | Receitas | Direitos Federativos 1.10 | Receitas | Publicidade 1.11 | Publicidade | Detalhe por Clube 1.12 | Receitas | Bilheteria e Sócio Torcedor 1.12 | Receitas | Comparativo por Clube 1.13 | Sócio Torcedor | Relevância 1.14 | Receitas | Concentração 1.15 | Receitas | Histórico por Clube 1.16 | Divisão das Receitas por Porte 1.17 | Custos & Despesas | EBITDA 1.18 | Comportamento do EBITDA Recorrente 1.19 | Custos & Despesas | Detalhamento 1.20 | Investimentos 1.21 | Investimentos | Categorias de Base 1.22 | Dívidas 1.23 | Dívidas 1.24 | Dívidas Operacionais 1,25 | Liquidez 1.26 | Fluxo de Caixa Livre 1.27 | Um Novo Conceito: Fluxo de Caixa Livre 1.28 | Geração de Caixa Livre 1.29 | Fluxo de Caixa Livre por Clube 3 6 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 3. Hora da Verdade | Nossas projeções 173 4. Avaliação de Desempenho | Gráfico 179 5. Efeitos do Profut 189 6. Soy Latinoamericano 193 7. Futebol no Brasil x Futebol na Europa 199 8. Leicester City x Flamengo | Comparação 207 9. Conclusões 212 10. Escalação 214
  • 8. 8 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Evolução das Receitas Brutas Totais* | R$ milhões Evolução das Receitas Brutas Recorrentes** | R$ milhões Receitas * Refere-se aos 27 clubes da análise ** Exclui as Receitas oriundas da venda de Direitos Econômicos de Atletas Em 2015 houve importante crescimento das Receitas Totais, 15% em termos nominais e 4% acima da inflação. Após um ano muito difícil como 2014, quando houve queda nominal, este crescimento de 2015 merece ser celebrado, especialmente quando analisado no contexto macro-econômico de queda de 4% no PIB Brasileiro daquele ano. Nas Receitas Recorrentes – aqueles que desconsideram as Vendas de Direitos Econômicos de Atletas – o desempenho foi semelhante. Isto indica consistência no crescimento das Receitas em 2015, uma vez que as que são mais facilmente administradas pelos Clubes cresceram de forma importante. Entretanto, ao longo da análise vamos avaliar cada uma das Receitas e conferir se de fato houve esta consistência apresentada aqui.
  • 9. 9 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Receitas Totais Recorrentes | Efeito Inflacionário Aprofundando um pouco mais a análise sobre as receitas Recorrentes, nota-se de fato um crescimento de 5% acima da Inflação em 2015, desempenho que só se repetiu em 2011 e 2012, anos de efeitos relevantes nas Receitas com Publicidade e Direitos de TV. Em 2015, sem nenhum impacto relevante de forma consolidada – não houve “boom” de Publicidade nem crescimento consolidado de Receitas de TV, por exemplo – notamos este crescimento. Entretanto, ao longo da análise veremos que alguns fatos isolados podem ter contribuído para isso. Obs: para fins de comparação, corrigimos as receitas passadas pelo IPCA acumulado nos períodos., de forma que todas estivessem em moeda corrente de 2015.
  • 10. 10 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Breakdown das Receitas Totais por Origem Comportamento das Receitas por Origem Receitas | Crescimento em diversas frentesR$milhões R$milhões O primeiro aprofundamento vem na análise do comportamento de cada tipo de Receita. O breakdown ao lado mostra que todas tiveram crescimento, em maior ou menor magnitude. O destaque foram as Receitas com TV, que cresceram 25%. As Receitas com Vendas de Direitos Econômicos cresceram 22%, impulsionadas pela desvalorização do Real. As demais Receitas cresceram da seguinte forma: - Publicidade: + 3% - Bilheteria/Sócio Torcedor: + 7% - Estádio: + 18% - Outros: + 5% Observa-se claramente que ainda há uma enorme dependência dos Clubes das Receitas com Direitos de TV. Em 2015 representaram 42% do Total, quando em 2014 foram 39%. As Receitas com Venda de Direitos Econômicos permaneceram estáveis em 12%, e as demais Receitas se comportaram da seguinte forma: - Publicidade: de 17% para 15% - Bilheteria/Sócio Torcedor: de 19% para 17% - Estádio: manutenção em 6% - Outras: de 8% para 7% Mas o que explica este crescimento das Receitas com TV? Veremos na sequência.
  • 11. 11 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Receita Total com TV Share e Concentração | 12 Clubes = 73,7% Receitas | Direitos de TV A mais relevante das Receitas cresceu 25% em 2015 em termos nominais, quase 13% em termos reais (acima da inflação). Para melhor avaliação do crescimento dessas receitas precisamos analisar o gráfico de Share e Concentração e assumir algumas premissas. Primeiramente, nota-se que alguns clubes tiveram expressivo crescimento de share – que é a participação do clube dentro do total – em especial Cruzeiro, Atlético MG e Vasco. O Cruzeiro é o caso mais emblemático porque passou a ser a maior receita com Direitos de TV do País. Lembrando que esta Receita é a composição entre o que é obtido via Campeonato Estadual, Brasileiro (Aberta e Pay Per View), Copa do Brasil e Libertadores. Independente dessa composição, as Receitas com o Campeonato Brasileiro são as mais relevantes, e geralmente representam entre 70% e 80% do total Assim, assumindo a premissa de que os maiores clubes do Brasil negociaram contratos com mesmo prazo de vencimento, não parece lógico que Cruzeiro e Atlético MG, os maiores saltos em termos de share, tivessem vencimento anterior aos demais. Isto traz como hipótese para este crescimento uma renovação antecipada de contrato futuro e como contrapartida o recebimento de luvas. Esta prática vigorou no início de 2016, quando da renovação dos contratos de TV Fechada a partir de 2019, com prazos variáveis conforme o clube. Confirmando-se esta hipótese, uma vez que outras como Adiantamento de Cotas não faz sentido porque não entra nas Receitas, e incrementos nos demais torneiros não têm montante suficiente para gerar impacto de tamanha magnitude, então parte do crescimento das Receitas com TV vista no período não é recorrente, ou seja, não se repetirá nos próximos anos, ao menos para Cruzeiro e Atlético MG, uma vez que outros clubes terão estas luvas em 2016, pela renovação com a Globo ou pelo novo contrato com o Esporte Interativo. Outro crescimento relevante foi o Vasco, mas a explicação está no fato de que em 2014 disputou a Série B e em 2015 participou da Séria A, o que gera uma mudança usual no montante pago pela TV. R$milhões
  • 12. 12 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Variação Anual Receita de TV | Variações Receitas com Direitos de TV Nos gráficos ao lado fica ainda mais clara a discrepância apontada na página anterior. Note o salto relevante nas Receitas nominais de Atlético MG e Cruzeiro, reafirmados na variação percentual anual apontada no gráfico abaixo. O mesmo se aplica ao Vasco, por motivo diferente. Outro clube que apresentou salto relevante foi o Santos, e nesse caso, como a renovação de contrato se deu formalmente em 2016, conforme anúncio entre as partes, não há explicação pública que justifique mudança de patamar, nem se o mesmo passa a ser seu novo valor. Importante notar que os clubes mais regionalizados, com menor alcance de audiência e que fazem parte mais frequentemente da gangorra entre as Séries A e B, oscilam de forma mais relevante. Para esses clubes os contratos costumam ser anuais e a permanência na Série A mantém valores elevados, e a queda ou ascensão mudam substancialmente o patamar de Receitas. R$milhões
  • 13. 13 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Evolução da Receita Anual | Reais x Dólares Comparativo | 2015 x Mediana do Clube Receitas | Venda de Direitos Federativos Falando sobre Direitos Federativos, em 2015 as Receitas com a venda desses cresceu 17% em Reais. Nesse caso, como a maior parte das negociações relevantes em termos de valores ocorre com o Exterior, apresentamos o histórico de desempenho em Reais e em Dólares, visto que em 2015 houve desvalorização cambial sensível da moeda Brasileira. Ainda que tenha apresentado crescimento em Reais, em Dólares verificamos redução de Receitas já em 2014 e nova queda em 2015. Isto significa dizer que para o Clube estrangeiro o atleta Brasileiro ficou mais barato, enquanto que para o Brasileiro foi uma possibilidade de fazer mais caixa Vários clubes se beneficiaram dessa situação, especialmente Cruzeiro, São Paulo, Atlético PR, Fluminense e Atlético MG. No gráfico ao lado comparamos as Receitas obtidas em 2015 com a mediana do clube entre 2010 e 2015. Optamos pela mediana porque a média distorce a conta para os clubes que tiveram um ano de venda relevante, com valores menores nos demais, e mostra o que é o mais comum na vida financeira do clube. R$milhões
  • 14. 14 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Receitas | Venda de Direitos Federativos Participação no Total de Venda de Direito Federativo Ampliando um pouco mais a análise da capacidade de negociação de Atletas e de como os clubes conseguem transformar uma Receita não recorrente em recorrente - ou, ao menos, de como alguns clubes se tornaram grandes exportadores de atletas – acumulamos as Receitas com Venda de Direitos Federativos de 2010 a 2015. Desse total, que nesse período alcançou a marca de R$ 2,4 bilhões, três clubes se destacam como os Maiores Vendedores de Direitos Federativos do País: São Paulo, Corinthians e Internacional. Num segundo bloco destacam-se Santos e Cruzeiro, para num terceiro bloco virem os demais clubes listados. Curioso ver que o Flamengo, clube que sempre se destacou por revelar muitos atletas, possui baixo montante de Receitas com Venda de Direitos. A despeito de não ser a receita mais segura nem a melhor, uma vez que os clubes são obrigados a se desfazerem de atletas promissores para honrar com seus custos e despesas, se bem planejado pode ser uma fonte contínua de reciclagem de equipes e entrada de caixa para o clube. Outro ponto interessante é o da concentração. Os 12 clubes que mais venderam atletas nesse período, e que estão representados no gráfico acima, somam R$ 2,1 bi ou cerca de 90% de tudo que foi arrecado com venda de atletas.
  • 15. 15 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Receitas estabilizaram em termos nominais ...mas perdeu da inflação em 2015 Receitas | PublicidadeR$milhões Ano a ano o Futebol parece deixar de ser uma opção de investimento do mercado publicitário. Ao menos é isso que mostra o gráfico ao lado, onde vemos desempenho bastante tímido dessas Receitas. Apenas para ficar nos dois últimos anos, em 2014 o crescimento foi praticamente igual ao da inflação e em 2015 ficou 7% menor que a inflação. Naturalmente que esse movimento tem relação com o cenário macro- econômico do País, que viu dois anos consecutivos de queda de PIB. Como os investimentos publicitários possuem correlação direta com o crescimento da economia, naturalmente que a queda de PIB reflete na redução do apetite do mercado publicitário como um todo. Ainda assim, se o Futebol fosse uma espécie de porto seguro dos investimentos publicitários, em momentos de restrição de orçamento os agentes procurariam o esporte para aplicar seus recursos. Porém, não é isso o que ocorre. Na tabela abaixo vemos que o Futebol se apropria muito pouco de todo o Investimento Publicitário feito no Brasil. Há certa estabilidade, mas parece faltar estratégias que façam o esporte absorver mais.
  • 16. 16 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Flamengo e Corinthians recorrentes; Palmeiras crescendo de forma desproporcional Receita de Publicidade x Torcedor (Base Ibope 2014) Publicidade | Detalhe por Clube R$ milhões R$ / Torcedor Claramente há dois clubes que se apropriam de boa parte das Receitas destinadas ao Futebol: Flamengo e Corinthians. Entretanto, em 2015 eles dividiram espaço com um novo entrante: o Palmeiras. Fruto de um contrato calcado num único sponsor, o Palmeiras viu suas receitas com Publicidade crescerem 201% e se tornou a segunda maior receita publicitária entre os clubes Brasileiros, atrás apenas do Flamengo (R$ 85,5 milhões). Entretanto, os valores nominais das Receitas com Publicidade precisam ser analisados sob a ótica do alcance. Na prática, uma marca associa seu nome a um clube buscando acessar sua torcida e o mercado associado ao Futebol. O que vemos no gráfico abaixo é a relação entre Receita com Publicidade e o tamanho das Torcidas. Note que os clubes de maior torcida – Flamengo, Corinthians e São Paulo – recebem entre R$ 2,40 e R$ 2,70 por torcedor – ao mesmo tempo que clubes de torcidas menores, como Fluminense e Internacional, por exemplo, chegam a obter mais que R$ 7,00 por torcedor. Fato é que parece haver uma distorção na aplicação dos recursos, ao menos na proporção entre valor e número de torcedores. Ou, os clubes são vistos de forma diferente, sendo que alguns vendem apenas para sua torcida, enquanto outros podem atingir o Futebol de forma mais ampla. * Milhões de torcedores apurados na pesquisa Ibope de 2014
  • 17. 17 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Evolução das Receitas... Receitas | Bilheteria e Sócio Torcedor ...e sua composição, em valores nominais. R$ milhões Vamos falar sobre Bilheteria e Programas de Sócio Torcedor. Temos boas e más notícias. A má notícia é que nos dois últimos anos as Receitas com Bilheteria e Sócios Torcedores – que são uma espécie de Bilheteria antecipada – perderam da inflação e tiveram queda real. Pequena, mas queda. Entretanto, a boa notícia é que houve uma migração das Receitas vindas de Bilheteria pura para aquelas vindas dos programas de Sócio Torcedor. Esta migração é importante para o clube porque substitui uma receita menos certa por outra mais previsível. Ao aderir a um programa de fidelização, o torcedor se compromete a pagar mensalidade, cujo contrapartida é a possibilidade de comprar ingressos antecipadamente e a preços menores. Mas como nem todos conseguem os ingressos ou vão ao estádio, na prática é uma Receita de Bilheteria sem a presença de Público. Nesse sentido, o preço médio do ingresso de Sócio Torcedor é da ordem de 15% menor que o ingresso avulso. Ou seja, é o desconto pela antecipação da receita. Imagine uma situação hipotética onde o estádio está vazio. Para um clube sem programa de fidelização a renda da Bilheteria seria Zero. Entretanto. Com o programa, a receita já entrou com o pagamento da mensalidade. E se o clube arrecada R$ 2 milhões mensais e faz 4 jogos em casa por mês, então a renda desse jogo pode ser considerada de R$ 500 mil. Em 3 anos a parcela de Sócios Torcedores saltou de 38% para 52% na composição da Receita com Bilheteria. Este é o tipo de Receita que o Clube precisa investir, trazendo para perto de si o Torcedor Sócio, que contribui espontaneamente e investe efetivamente no clube, e se afastando do Torcedor Organizado. Dados corrigidos pelo IPCA para moeda corrente de 2015.
  • 18. 18 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Receita de Bilheteria | Comparativo por Clube Nesse gráfico acompanhamos o comportamento dessas Receitas por clube. Na barra mais larga e mais clara estão as Receitas com Bilheteria (azul) e Sócio Torcedor (laranja) de 2014 e na barra mais estreita e escura as de 2015. Alguns destaques são o Corinthians, que a despeito de perder a receita com Bilheteria e parte do Sócio Torcedor para o pagamento do Estádio, ainda mantém um bom volume de Receitas obtidas e não convertidas em bilheteria no dia do jogo. O Cruzeiro, no lado oposto, viu suas Receitas caírem drasticamente por conta do fraco desempenho esportivo em 2015. O que mostra que esportivo e financeiro andam de mãos dadas. Outro detalhe em relação ao Cruzeiro é que ele não divulga essa Receita detalhada entre Bilheteria e Sócio Torcedor, dificultando a análise. Outros destaques são o programa de Sócio Torcedor do Internacional, que apresentou crescimento, as Receitas com Bilheteria do São Paulo, fruto do bom desempenho do time em parte do ano. E o maior destaque foi o Palmeiras, que viu suas Receitas com Bilheteria e Sócio Torcedor cresceram de forma brutal em 2015, respondendo ao novo estádio e ao time reformulado, que terminou o ano Campeão da Copa do Brasil. R$milhões
  • 19. 19 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Sócio Torcedor | Relevância Aqui vemos qual a proporção dos programa de Sócio Torcedor dentro das receitas totais com Bilheteria. Enquanto alguns clubes conseguem praticamente 100% de suas Receitas com Sócio Torcedor, outros ainda engatinham e exploram pouco, ou mal essa modalidade. Mas há uma explicação para alguns desempenhos. Os programas de Sócio Torcedor ainda são, efetivamente, uma forma de vender ingresso antecipadamente e com desconto. Geralmente funcionam melhor em clubes cujo oferta de assentos nos estádios é inferior à demanda. Isso está associado ao tamanho do estádio mas ao momento esportivo. Quanto melhor vai o clube, mais demanda há, e quanto menor for o estádio, maior o interesse do torcedor em tentar conseguir um lugar. Isso gera demanda e o programa de Sócio Torcedor permite vantagens na obtenção do ingresso. Casos como os do São Paulo, Flamengo e Fluminense, que jogam para estádios com capacidade acima de 60 mil pessoas têm maior dificuldade em fazer com que o programa tenha sucesso, pois o torcedor sente que dificilmente ficará sem ingresso, exceto em poucos momentos, como definições eliminatórios de Libertadores, por exemplo. Isto significa que os clubes precisam buscar alternativas que incrementem seus programas para trazer mais sócios, e sair da dependência do preço do ingresso para manutenção da base de associados.
  • 20. 20 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Concentração Estável… …mas nominalmente, diferença aumentou. Receitas | Concentração Desde 2012, quando as Receitas com Direitos de TV tiveram um salto significativo, criou-se uma espécie de lenda na qual o Futebol Brasileiro passaria por uma “Espanholização”, fenômeno que ocorre na Espanha pelo qual os dois maiores clubes (Real Madrid e Barcelona) respondem por mais de 50% das Receitas Totais do Futebol daquele País. Pois bem, passados 4 anos o que vemos é que essa é realmente uma lenda. Como sempre fazemos, dividimos o grupo de clubes em 4 blocos, sendo que os três primeiros contém as 15 maiores receitas, divididos de 5 em 5 e o quarto bloco acumula os demais clubes. Note que o nível de concentração é bastante estável, oscilando muito pouco ano-a-ano. Os clubes podem mudar de Grupo – e a lista de 2015 é diferente de 2014, 2013, 2012...- mas a soma tem desempenho parecido. Em nossas observações, no grupo dos 5 maiores quem sempre se repetem são Flamengo, Corinthians e São Paulo, o que pode significar certa resiliência e tendência a concentração, que na prática não se observa. Em 2014 a maior receita foi do Corinthians, que passou a ser a 3ª maior. Fato é que a ideia da “Espanholização” vinha associada ao valor recebido da TV, e o que temos observado é a capacidade dos clubes de buscarem outras Receitas que a anulam. Não significa que não haja diferenças nessa origem, mas sim que os clubes trabalham para minimizá-las. Por exemplo, a Venda de Direitos Econômicos e os programas de Sócio Torcedor. R$milhões
  • 21. 21 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Receitas | Histórico por Clube R$ milhões
  • 22. 22 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Acima de R$ 250 milhões Entre R$ 100 milhões e R$ 250 milhões Entre R$ 50 milhões e R$ 100 milhões Abaixo de R$ 50 milhões Divisão dos Clubes por Porte
  • 23. 23 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Custos Estáveis… Custos e Despesas | EBITDA Vamos ao assunto que os clubes cuidam pior: os Custos e Despesas. Mas há uma luz no fim do tunel. Ou como dissemos no início, é Uma Nova Esperança! Após um desempenho muito ruim em 2014, onde o EBITDA consolidado caiu pela metade, em 2015 o trabalho parece ter sido bem feito. Além do crescimento das receitas visto anteriormente, os Custos mantiveram-se surpreendentemente comportados, praticamente estáveis em termos nominais, o que descontado a inflação significa que sofreram queda real. Isto permitiu que a Geração de Caixa crescesse 250%! Mesmo em termos Recorrentes o desempenho foi muito bom. Depois de dois anos seguidos com EBITDA Recorrente negativo, em 2015 o desempenho foi o melhor da amostra, desde 2010. O que acreditamos é numa reação dos Dirigentes ao péssimo desempenho dos últimos dois anos, e a necessidade de organização das casas, controlando melhor os gastos, esperando a chegada do Profut, que promete acompanhamento duro do pagamento das obrigações. Importante ressaltarmos que em 2015 dois clubes, Palmeiras e Flamengo, responderam por 36% do EBITDA total, enquanto em 2014 essa concentração entre os dois maiores, Flamengo e Botafogo, foi de 49%. ReceitasTotais|R$milhões …e parece sobrar dinheiro. ReceitasRecorrentes|R$milhões
  • 24. 24 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Comportamento do EBITDA Recorrente | 2013 / 2014 / 2015 Graficamente fica claro como a maior parte dos clubes trata mal a questão dos Custos e Despesas. O EBITDA Recorrente é usualmente negativo na grande maioria, mas em 2015 vemos mais barras cinzas para cima, indicando melhoria nas gestões. Mas atenção! A análise consolidada pode levar a interpretações equivocadas. A melhora do resultado consolidado na magnitude apresentada está concentrada em dois clubes, Palmeiras e Flamengo, que sozinhos representam cerca de 85% do EBITDA Total Recorrente. Logo, ainda há muito a ser feito para que a tendência positiva se torne realidade.
  • 25. 25 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Despesas com Pessoal em queda... ...ajudando na equação do Profut Custos e Despesas | Detalhamento R$ milhões 2013 2014 2015 O que observamos é que a estabilidade dos Custos e Despesas, associado ao crescimento das Receitas, possibilitou enquadramento bastante rápido da relação entre Folha de Pagamento e Receitas. Nas nossas avaliações consideramos todas as receitas e todos os gastos com Folha de Pagamento, incluindo salários de todos os funcionários, e não apenas atletas, e direitos de imagem. Desta forma, a relação entre Folha de Pagamento e Receitas Totais caiu de 57% para 50%. Se já estava enquadrada passou a ganhar uma boa folga, ressalvada a questão do crescimento das Receitas sem explicações detalhadas, conforme mencionados anteriormente. O que sempre foi uma preocupação parece estar se enquadrando. Mas é importante lembrar que os problemas dos Clubes não estão associados exclusivamente aos Custos e Despesas. Há uma componente importante chamada “Investimento” que drena caixa de forma bastante significativa, e em termos de fluxo de caixa costuma ser bastante danosa, porque o recurso sai antes para pagar a aquisição, afetando o caixa, que depois faltará para fechar a conta. Por isso, vamos aos Investimentos.
  • 26. 26 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Investimentos perdem força… ...e as categorias de base não são prioridade. Investimentos R$milhões Em termos gerais os Investimentos apresentaram o segundo ano consecutivo de queda, vindo de R$ 701 milhões em 2014 para R$ 588 milhões em 2015. Isto é bastante positivo quando analisado em conjunto com a queda de Custos e Despesas, pois mostra a preocupação no enquadramento das saídas de caixa às entradas (Receitas). Mas é importante lembrar que esta é uma visão consolidada, e ao analisarmos os clubes individualmente encontraremos casos que fogem a esta regra. Uma relação importante é a dos Investimentos com o EBITDA. Por que? Porque o EBITDA é o que sobra das receitas depois de pagar Custos e Despesas. Esse montante de recursos deve ser direcionado aos Investimentos, pagamentos de juros e dívidas. Quando a relação é maior que 100% significa que o clube investiu mais do que sobrou da sua gestão operacional. Isto indica aumento de dívidas e atrasos de salários e impostos, bem como necessidade de adiantamentos. Com a relação em 80%, fruto da queda nos Investimentos e do aumento do EBITDA, certamente alguns clubes conseguiram fazer “sobrar” dinheiro para honrar dívidas, o que é mais um indicador de que as gestões estão mais preocupadas com solvência. O ponto negativo é que os Investimentos continuam direcionados à formação de elenco. Enquanto 62% foram direcionados a contratações, apenas 16% acabaram nas Categorias de Base, que deveriam ser o grande foco dos clubes.
  • 27. 27 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Investimento por Clube | R$ milhões Acumulado | R$ 670 milhões Investimentos |Categoria de Base Falando em Categorias de Base, o São Paulo continua sendo o clube que mais investe nesse segmento. Não é à toa que continua sendo também quem mais faz receitas vendendo Direitos Federativos de Atletas. Nem todos são de sua base, mas quando os forma consegue obter resultados financeiros expressivos. Precisa passar a obter mais resultados esportivos, pois os objetivos de uma boa categoria de base são (i) formar jogadores mais baratos, (ii) que evitem gastos excessivos para contratar atletas medianos, e (iii) conseguir fazer receita vendendo seus Direitos após algum tempo atuando pelo clube, o que ajuda a reciclar o investimento na estrutura. É interessante observar como os demais clubes oscilam no investimento em Base. Nenhum mantém uma regularidade em níveis relevantes, nem o Santos, que tem se destacado na formação e utilização de atletas da Base.
  • 28. 28 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 DívidasDívidaTotalDívidasxEBITDAAlavancagem Mais um aspecto positivo observado em 2015 foi a desaceleração no crescimento das Dívidas, que foi de 4%, bem abaixo da inflação. De fato, a sobra de EBITDA apresentada no item Investimentos gerou essa folga que manteve controladas as dívidas. Destaques: crescimento das Dívidas Bancárias, que podem indicar melhor qualidade geral de alguns clubes, e queda das Operacionais, que em boa parte significa a transferência de atrasos em impostos correntes para alongamento via Profut. Uma relação que se faz comumente é entre as Dívidas e o EBITDA, que em tese – muito em tese – mostra a capacidade de pagamento dessas dívidas. Quanto menor for a relação, mais facilmente o clube – ou a empresa – podem liquidar suas obrigações. A manutenção das dívidas e o crescimento do EBITDA apontam relação mais saudável em 2015 Depois da explosão de 2014, quando as dívidas cresceram muito e o EBITDA veio para níveis muito baixos, em 2015 o cenário muda e a Alavancagem – relação entre Dívida e EBITDA – atingiu níveis mais racionais, praticamente voltando aos níveis de 2013. Ainda há algum caminho a ser percorrido até que essa relação fique mais próxima do ideal, especialmente na dívida total, mas quando analisamos as Operacionais e as Bancárias, essa relação já começa a ficar sustentável, ainda que sejam dívidas de prazo mais curto e que necessitam de reciclagem com maior frequência. R$milhõesR$milhões
  • 29. 29 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Dívidas Tributárias Dívidas Bancárias DívidasR$milhões R$milhões O crescimento das Dívidas Tributárias está associado diretamente ao Profut. Veremos que alguns clubes atrasaram muitos tributos em 2015 esperando a renegociação e o alongamento, e isto explica porque crescem os Impostos de LP e caem os de CP. Agora espera-se que o alongamento permita que essa dívida seja realmente paga no tempo. Veremos mais no capítulo dedicado ao Profut. Nas Dívidas Bancárias notamos crescimento geral, tanto de curto como de longo prazo. É possível que alguns clubes tenham conseguido acessar linhas bancárias pela melhora de duas estruturas, e pode ser que os juros mais elevados de 2015 tenham sido incorporados ao principal, aumentando o total. Considerando que o crescimento ficou abaixo do CDI médio do período, esta é uma explicação bastante possível.
  • 30. 30 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Clubes com Pagamentos em Dia Dívidas | Operacionais R$milhõesDias Clubes com Pagamento Supostamente Atrasado Nas Dívidas Operacionais o que vemos é o crescimento de Fornecedores, em função de aquisições de atletas comprados de forma parcelada, e a redução de Despesas Provisionadas, indicando que os encargos e tributos correntes estão agora em dia, após passagem de parte para o longo prazo com adesão ao Profut. Observamos que com o advento do Profut a grande maioria dos clubes equalizou os supostos atrasos de pagamento de encargos e impostos sobre remuneração. Lembrando que esta simulação que fazemos é um teste de sensibilidade relacionando Custos, Despesas Provisionadas e Despesas Administrativas, que aponta para a quantidade de dias que as Despesas Provisionadas giram. Não é definitivo, mas serve como orientação.
  • 31. 31 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Variação da Liquidez Liquidez | Capital Circulante Líquido LiquidezCapital Circulante Líquido é a diferença entre os Ativos Circulantes e os Passivos Circulantes. Trata-se do tamanho da pressão ou folga que o clube tem no curto prazo entre os valores que tem a receber (Ativos) e a pagar (Passivos). Quanto maior for este número, mais folgada está a companhia, ou em outras palavras, há condições de honrar todas as dívidas que vencem no próximo ano com os valores quer tem a receber no mesmo período. O problema ocorre quando este valor é negativo, como vemos em todos os Clubes Brasileiros da amostra. Isto significa que não há recursos suficientes para pagar todas as dívidas no período, e isto implica que necessariamente o clube terá que adotar algumas práticas: i) rolar as dívidas; ii) atrasar pagamentos; iii) aumentar as dívidas de outra natureza – por exemplo, para pagar um Fornecedor terá que tomar dinheiro em Banco. Considerando que o Profut ajudou a ajustar a liquidez de 2014, colocando boa parte das Dívidas Fiscais no longo prazo, o número de 2015 reflete a real condição de liquidez dos clubes. E ela é ruim. Como Adiantamentos de Contratos estão limitados, assim como atrasos de salários e encargos, restará aos clubes uma gestão árdua do fluxo para que as dívidas sejam pagas em dia. Isto transforma a gestão do caixa numa batalha diária, tomando muita energia dos gestores. O que nos preocupa é que apesar de alguma melhora, há problemas estruturais e quanto maior o buraco, mais difícil é a solução, e em alguns casos tememos que possa ser insolúvel. Mas como se ajustar? Alongando passivos, reduzindo custos para pagar dívidas. Mais que simplesmente equilibrar a relação Receitas/Custos, é preciso que fazer sobrar dinheiro para colocar a liquidez em ordem. Repetindo: não será fácil.
  • 32. 32 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 32 Mas nem tudo são flores | Uma introdução ao Fluxo de Caixa Livre
  • 33. 33 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 O que é? Valores Um novo conceito: GASTOS TOTAIS e FLUXO DE CAIXA LIVRE Proporção As análises econômico-financeiras são instrumentos flexíveis de avaliação, baseados em estruturas rígidas, os demonstrativos financeiros. E são flexíveis porque devemos adotar variações e novas possibilidades dependendo da indústria que estamos acompanhando. No caso da Indústria do Futebol, temos buscado aplicar conceitos simplificados, utilizados para outras Indústrias, especialmente as do Setor de Serviços. Ocorre que nesses anos de relatório percebemos que algumas avaliações apresentadas não abarcaram todas as variáveis de um Clube de Futebol no que diz respeito à análise do Fluxo de Caixa. Buscando o aprimoramento da avaliação passaremos a trabalhar com o conceito de Fluxo de Caixa Livre, adaptado à realidade do Futebol. O Fluxo de Caixa Livre inclui em sua composição algumas despesas que são tratadas usualmente como Investimentos, bem como outras que são mandatórias mas costumam ficar fora do radar, como as Despesas Financeiras e o Pagamento de Impostos Parcelados. Nesse caso, é fundamental passarmos a inclui-lo na conta, uma vez que a maioria dos clubes terá obrigações oriundas do Profut. Num Clube de Futebol, os Investimentos em Categorias de Base e na Formação de Elenco (contratação de atletas) é praticamente mandatório, e contribui de forma significativa no aperto de caixa apresentado por eles ao longo do ano. Muitos clubes gastam a folga de caixa no início do ano e isto causará problemas de liquidez, que por sua vez geram atrasos de salários e impostos. Resumidamente, o Fluxo de Caixa Livre será o resultado da soma entre Receitas Líquidas, Custos e Despesas, Investimentos em Base, Aquisição de Atletas e Despesas Financeiras. A partir de 2016, quando o Profut entrará em vigor, incluiremos o pagamento dessa dívida na conta.
  • 34. 34 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Receita X Gastos Totais Comportamento das Contas – Variações Anuais Melhorou, mas ainda há déficit Geração de Caixa Livre O que é interessante desta conta é que podemos avaliar se realmente faltou ou sobrou caixa para o clube no período, em termos operacionais. Porque os investimentos citados são parte da estrutura operacional de um clube, e as Despesas Financeiras refletem a necessidade histórica de tomada de dívida para fechar o caixa, seja via Adiantamentos, seja via Dívida Bancária. Se o saldo for positivo, então o clube geriu bem suas contas e sobrou dinheiro para pagar Impostos atrasados – olha o Profut ! – e liquidar Dívidas Bancárias, bem como reforçar o caixa para investimentos futuros. Se for negativo, então houve a necessidade de captar recursos em algum lugar, e isto significa aumentar dívidas, consumir receitas futuras ou atrasar impostos e salários. Analisando de forma consolidada, vemos que nos últimos 4 anos os clubes gastaram mais do que arrecadaram, sob esse conceito. Entretanto, vemos que depois de dois anos muito ruins (2013 e 2014), em 2015 o cenário parece inverter o sinal e começa a melhorar, reduzindo o déficit. Avaliando cada conta separadamente, vemos que em 2014 o que ajudou a reduzir o tamanho do déficit foi o crescimento das Receitas e a redução dos Investimentos em Categorias de Base, com baixíssimo crescimento de Custos e Despesas e Aquisição de Atletas. Logo, ainda há espaço para melhorar, mas alguma coisa já vem sendo feita. É preciso acompanhar os próximos passos.
  • 35. 35 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Fluxo de Caixa Livre por Clube Ao analisarmos os clubes individualmente notamos que há um outlier: o Flamengo. Na prática, são poucos os clubes que conseguiram manter a Geração de Caixa Livre positiva nos dois últimos anos. Além do Flamengo, Atlético PR e Goiás foram os únicos. Para 2015, Bahia e Vitória reverteram o sinal da conta. Alguns outros destaques são o Internacional, que reverteu um quadro muito ruim em 2014 e encerrou 2015 ligeiramente positivo. Corinthians, Santos, São Paulo e Cruzeiro também reduziram seu déficit em proporção considerável. O Atlético MG também é um destaque positivo relevante, saindo de uma posição de elevado déficit para algum superávit. Negativamente, o Fluminense merece citação, pois aumentou de forma relevante seu déficit. Este gráfico mostra que ainda há muito a ser feito para recuperar por completo os clubes, mas boa parte já trabalha com esse objetivo.
  • 36. 36 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 36 Clubes | Análises Individuais
  • 37. 37 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Alguns Conceitos Básicos Ao avaliar os Balanços e Demonstrativos de Resultados dos Clubes nos deparamos com algumas repetições de ações e comportamentos que entendemos merecer uma breve introdução, pois facilitará o entendimento. O primeiro aspecto que merece destaque é o que chamamos “Clube Regional”. Não há demérito nisso. Fazemos esta identificação pois notamos que há características econômico-financeiras que permeiam alguns clubes. Quando separamos estes clubes percebemos que tratam-se de times com menor alcance de torcida, normalmente de Estados menores em termos econômicos e que por isso mesmo se notabilizam por ter Receitas menores e erráticas, ao mesmo tempo em que possuem condição econômico-financeira mais equilibrada, atuando dentro de suas possibilidades, sem dívidas, mas com poucos investimentos. Um movimento que percebemos nos fluxos de caixa dos clubes está associado aos Recursos oriundos das Cotas de TV. Em geral, quando um clube não faz adiantamentos, as receitas com Cotas de TV são a única entrada de caixa deste assunto. Entretanto, repete-se com frequência o uso dos Adiantamentos dessas Cotas para fechar o caixa, de forma que na variação de NCG (Necessidade de Capital de Giro) vemos entradas de recursos por conta desses adiantamentos. Neste ano observamos que esta conta apresenta saída de caixa. Acreditamos que esta movimentação seja o reflexo dos Adiantamentos recebidos no passado. Ou seja, seria uma espécie de redutor da Receita de TV. Veremos isto em vários clubes. Há também o que chamamos de Fontes Operacionais de Financiamento. Será muito comum vermos entradas de caixa na NCG fruto do aumento da conta Fornecedores, que em geral é pagamento parcelado da aquisição de atletas. A contrapartida dessa conta é o Investimento em Formação de Elenco, pois o clube fez a aquisição mas ainda não pagou. Ou seja, em algum momento terá que pagar e a efetiva saída de caixa se consumará. Problema empurrado para o futuro. Outro aspecto que precisa ser avaliado é o da Geração de Caixa (EBITDA) e dos Investimentos. Entendemos que há um equívoco na forma como os Clubes, amparados pelo código contábil, classificam os custos com Categorias de Base e Investimentos em Atleta. Ao serem considerados como Investimentos, não transitam por Resultado. Desta forma, não compõem o EBITDA, o que muitas vezes da a sensação de que o clube está gerando muito caixa, quando na verdade parte relevante desse caixa já foi utilizado na manutenção de atividades das Categorias de Base ou mesmo na contratação de Atletas. Assim, a análise fria leva ao erro de acreditar numa eventual Geração de Caixa, que na prática não houve, pois parte desses gastos são recorrentes e necessários para a performance do clube. E para finalizar precisamos relembrar que estes balanços apresentam algumas contabilizações que entendemos precisarem de ajustes, e por isso fazemos reclassificações de contas. Esta é a base de nossa análise: reclassificar as contas para que haja coerência e possibilidade de comparação. Isto significa fazer exclusões, mudanças de linhas e muito das nossas conclusões está baseado nas movimentações contábeis e avaliação dessas. Então, vamos aos números.
  • 38. 38 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 América Futebol Clube
  • 39. 39 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 ReceitasReceitas & CustosGeraçãodeCaixaCustos&Despesas Crescimento de 37% nas Receitas Totais, impulsionado por Direitos de TV e Venda de Direitos Econômicos. Na contramão, houve queda de Receitas com Publicidade, mesmo num ano em que o clube conseguiu subir para a Série A, o que reflete o momento difícil nesse segmento. Valores em R$ milhões Em contrapartida os Custos e Despesas cresceram 34%, o que praticamente fez repetir o desempenho de 2014, com EBITDA negativo. O que preocupa, além do próprio EBITDA negativo, é que sem a Venda de Direitos Federativos ele fica ainda pior, o que mostra que há um forte desequilíbrio nas contas do clube. Positivamente, a Folha de Pagamento está enquadrada nas regras do Profut, e atingiram 61% das Receitas, abaixo dos 79% de 2014. Isto significa que os demais Custos e Despesas são bastante elevados, destacadamente as Despesas Administrativas, que atingiram 27% das Receitas.
  • 40. 40 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas a b c Composição da Dívida O América não se utiliza de forma sistemática de Adiantamentos de TV ou Patrocínio. Na prática, como veremos no Balanço, ele mantém saldo de cerca de R$ 7 milhões de Adiantamentos que são renovados anualmente. A variação negativa de R$ 3 milhões na NCG é meramente operacional. Clube investiu cerca de R$ 8 milhões nas Categorias de Base em 2015, e praticamente nada na contratação de Atletas para o elenco Profissional. Para fechar as contas o Clube atrasou Impostos num montante de cerca de R$ 11 milhões. Além disso, tomou novas Dívidas Bancários da ordem de R$ 14 milhões. Valores em R$ milhões
  • 41. 41 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Encruzilhada América Futebol Clube O América apresentou desempenho econômico-financeiro em 2015 bastante parecido com o de 2014. Ou seja, manutenção da operação com déficit que vem sendo resolvido via aumento de Dívidas Tributárias e Bancárias. O clube não tem conseguido ajustar suas contas, operando sempre acima da capacidade financeira. O que tem feito de positivo é aumentar investimentos nas Categorias de Base, além de ter feito a venda de um terreno que deve gerar um bom caixa ao longo do tempo, estimado em cerca de R$ 18 milhões. Isto deve aliviar as contas em algum momento, mas é uma solução de médio prazo. No curto prazo deixa de ter uma fonte ruim mas recorrente que é o atraso de Impostos. Ao aderir ao Profut terá que manter a casa em ordem. Desafio grande para quem retornou à Serie A em 2016, e para se manter terá que investir.
  • 42. 42 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 América Futebol Clube Balanço auditado por Mário Tércio Giori Guimarães
  • 43. 43 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Clube Atlético Mineiro
  • 44. 44 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 ReceitasReceitas & CustosGeraçãodeCaixaCustos&Despesas O Atlético MG apresentou crescimento de 37% nas Receitas Totais, impulsionado pelo aumento de 41% nas Receitas com Direito de TV. Conforme mencionamos no capítulo das Receitas, não vemos motivo claro que justifique este aumento, exceto pelo recebimento de luvas por uma hipotética renovação do contrato. A venda de Direitos Econômicos também impulsionou o crescimento, pois foram R$ 34 milhões acima do número de 2014. Negativamente, vemos a queda de 30% nas Receitas com Publicidade, reflexo do cenário macroeconômico. Houve dois movimentos importantes que alteraram de forma até surpreendente o desempenho do Atlético MG em 2015. O primeiro foi o já mencionado aumento das Receitas. Mas também houve uma importante redução de Custos e Despesas, da ordem de 18%. Parece claro que o clube fez parte do seu dever de casa, ajustando a posição de Custos e Despesas, mas também devemos ter em mente que o crescimento surpreendente das Receitas de TV potencializou a melhora, que precisa se provar sustentável no longo prazo. E considerando os movimentos acima, a Folha de Pagamento caiu de forma relevante na comparação com as Receitas, de forma que em 2015 passou a se enquadrar nos limites do Profut. Valores em R$ milhões
  • 45. 45 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas a b c Composição da Dívida Em 2015 o comportamento das contas de Capital de Giro pode ser considerado normal, uma vez que as variações foram módicas. Não identificamos adiantamentos de qualquer natureza. Diferente do observado em 2014, quando o clube investiu R$ 28 milhões na contratação de atletas, em 2015 esse número caiu para R$ 9 milhões, com mais R$ 2 milhões investidos nas Categorias de Base. Dessa forma, o que vemos foi um pequeno aumento nas Dívidas Bancária e com Impostos. No caso dos Impostos está associado à adesão ao Profut, o que possivelmente ensejou incluir dívidas que estavam off balance - é comum, para casos em discussão judicial. Importante ressaltar que o clube paga um volume elevado de Despesas Financeiras, que consomem parte relevante do EBITDA (70%). Valores em R$ milhões
  • 46. 46 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Ser ou não ser Clube Atlético Mineiro A análise do Atlético MG é bastante complexa, pois envolve uma série de detalhes que contribuem mais para confundir que para elucidar. Por um lado vemos crescimento de Receitas, mas parte amparada por Venda de Direitos Econômicos, e parte por um incremento da Receita com TV que é incomum e não conseguimos avaliar se será recorrente. Na mesma rota vimos uma gestão que cortou Custos e Despesas e reduziu Investimentos, possibilitando aumento expressivo da Geração de Caixa. Entretanto, por conta da frágil condição financeira, que apresenta uma estrutura descapitalizada e com elevado endividamento, as Despesas Financeiras do clube são elevadíssimas, consumindo parte relevante da “economia” obtida com as ações citadas acima. Além disso, vimos no início de 2016 o clube fazendo uma série de aquisições de atletas que podem voltar a desequilibrar a geração de caixa. Dessa forma, entendemos que o Atlético MG precisa deixar sinais mais claros sobre qual caminho pretende seguir: o da austeridade ou o do título a qualquer custo.
  • 47. 47 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Clube Atlético Mineiro Balanço auditado por Soltz, Mattoso e Mendes
  • 48. 48 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Clube Atlético Paranaense
  • 49. 49 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 ReceitasReceitas & CustosGeraçãodeCaixaCustos&Despesas Receitas do clube se mantiveram praticamente estáveis em 2015, com pequenas oscilações dentro de cada origem. Não houve destaques relevantes nesse sentido. Entretanto, é importante ressaltar que o Atlético PR depende bastante da Venda de Direitos Econômicos na composição de suas receitas. Em 2014 representou 26% do total e em 2015 passou a 29%, de forma a ser mais importante que a receita com TV. Considerando sua não recorrência, é um sinal de alerta que se acende. Seguindo a tendência das Receitas, os Custos e Despesas permaneceram praticamente estáveis, com leve queda. Ao compararmos o EBITDA com o EBITDA Recorrente nota-se novamente que há uma dependência da Venda de Direitos Econômicos na composição da geração de caixa, pois tanto em 2014 como em 2015, sem essas Receitas, o clube teria apresentado EBITDA negativo. Como não houve mudança significativa nas estruturas de Receitas e Custos, então o clube manteve a relação entre Folha de Pagamento e Receitas inalteradas e enquadradas na demanda do Profut. Valores em R$ milhões
  • 50. 50 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas a b c Composição da Dívida Em 2015 os Adiantamentos consumiram caixa. Como havia adiantado recursos de TV em outros anos, em 2015 foi momento de “devolver”, assim como em 2014. Na prática, significa que houve uma redução nas Receitas apontadas como vindas da TV. Foram R$ 11 milhões. Nas contas de Capital de Giro, movimentações naturais, sendo que a maior parte dos R$ 8 milhões de saída foram para pagar Fornecedores. Dobrou o valor investido em relação a 2014. Foram R$ 8 milhões no total, divididos entre Base e Profissional. Ainda dentro de investimentos, mas especificamente em estrutura (Capex), foram investidos mais R$ 35 milhões. O movimento mais relevante apontado no balanço refere-se a compra de terrenos. Com tantas saídas, o EBITDA de R$ 31 milhões foi consumido e se transformou numa necessidade adicional de Dívida de R$ 38 milhões, que foi captada junto a Bancos. As demais dívidas tiveram pouca oscilação. Destaque para a redução nas Dívidas Operacionais, com o pagamento de Fornecedores, citado anteriormente. Valores em R$ milhões
  • 51. 51 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 No fio da navalha Clube Atlético Paranaense O desempenho de 2015 veio muito parecido com o de 2014 em termos de Receitas e Custos. Mas muito apoiado em Receitas de menor previsibilidade. A situação parece sob controle, mas desconsiderar esta questão das Receitas com Venda de Direitos Econômicos é um risco. Na prática, o clube se movimenta no fio da navalha. Além disso, seguiu com uma política de investimentos em estrutura que é positiva no longo prazo mas aperta o fluxo de caixa até chegar lá. E esse investimento, bem como a reforma e conclusão da Arena da Baixada, foram financiados em boa parte com Dívida Bancária. Ou seja, o clube que mantém uma situação equilibrada hoje pode se apertar a qualquer momento, pois não trabalha com folga de caixa. Há que se atentar para isso e buscar esse conforto para evitar situações delicadas.
  • 52. 52 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Clube Atlético Paranaense Balanço auditado por BDO
  • 53. 53 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Avaí Futebol Clube
  • 54. 54 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 ReceitasReceitas & CustosGeraçãodeCaixaCustos&Despesas Receitas apresentaram crescimento de 48%, fortemente impulsionadas pelo aumento nas Receitas com TV. Este aumento está associado ao retorno do clube à Série A, onde as receitas de transmissão são maiores. Os clubes de menor torcida costumam fechar seus contratos anualmente com TV para o Campeonato Brasileiro, e isto causa oscilações como a observada em 2015. Demais Receitas não apresentaram movimentação relevante, exceto a queda nas Receitas om Publicidade, refletindo momento econômico do País. Se as receitas cresceram 48%, a gestão de Custos e Despesas foi muito ruim. Estas contas apresentaram crescimento de 87%, mostrando total descontrole. Com isso a Geração de Caixa que sempre foi timidamente negativa, explodiu e atingiu níveis comprometedores para as finanças do clube. Importante notar que este descontrole fez com que a relação entre Folha de Pagamento e Receitas saltasse de 64% para 91%, ficando assim desenquadrada dos parâmetros mínimos do Profut. Sinal de alerta ligado. Valores em R$ milhões
  • 55. 55 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas a b c Composição da Dívida O clube teve que se valer de financiamentos operacionais, notadamente Despesas Provisionadas, o que denota atraso de cargos e impostos, para ajudar a fechar as contas. O clube manteve o nível de investimentos nas Categorias de Base mas não fez nenhum grande movimento na contratação de atletas. Partindo de um EBITDA negativo, as soluções acabam sempre em aumento de Dívidas. Notamos aumento nas Operacionais, conforme já mencionado e em Impostos. Cerca de R$ 9 milhões foram supostamente atrasados como forma de compor o caixa e compensar o EBITDA negativo. Valores em R$ milhões
  • 56. 56 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Muito risco por nada Avaí Futebol Clube O Avaí é daqueles clubes que usualmente chamamos de “regionais”. Ou seja, são aqueles de alcance de torcida limitado à sua região e Estado. Não há demérito nisso, mas limita muito a capacidade de ampliar suas Receitas. Em 2015 o clube parece ter errado a mão. Mesmo com o aumento de Receitas, abusou na gestão de Custos e Despesas, com elevação de Salários, possivelmente na busca de melhor desempenho na Série A. Mas não obteve êxito, na medida em que foi rebaixado à Série B. Gerir dessa forma coloca em risco a solvência do clube. No momento em que o Profut coloca restrições aos dirigentes, é preciso muito cuidado na gestão para evitar riscos desnecessários.
  • 57. 57 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Avaí Futebol Clube Balanço auditado por AudiBanco
  • 58. 58 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Esporte Clube Bahia
  • 59. 59 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 ReceitasBrutasReceitas & CustosGeraçãodeCaixaCustos&Despesas O Bahia apresentou crescimento de cerca de 17% nas Receitas, com oscilações em algumas linhas. O que se observa é a manutenção da dependência de Receitas com TV (58%) e um pequeno aumento da participação de Publicidade, saindo de 2% para 7%. Além disso, a venda de Direitos Econômicos (Transação de Atletas), cresceu quase 50% e passou a representar 15% das Receitas do clube. Positivamente, em termos de geração de caixa, o Bahia se comportou muito bem em 2015. Com incremento de Receitas e forte redução de Custos e Despesas, o clube conseguiu gerar caixa tanto recorrente como não recorrentemente. Nota-se claramente a redução nas Despesas com Folha de Pagamento, que inclusive sofreram forte queda na relação com as Receitas, de 77% para 50%, enquadrando-se assim nas métricas do Profut. Valores em R$ milhões
  • 60. 60 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas a b c Composição da Dívida Com a boa geração de caixa o clube não precisou de Adiantamentos. Pelo contrário, em termos de TV foram consumidos R$ 6 milhões de adiantamentos passados. Em termos de contas de Giro, houve forte ajuste nas Despesas Provisionadas, possivelmente impactados pela adesão ao Profut – estimamos que encargos trabalhistas foram colocados em dia e/ou alongados – e restou um valor a receber por venda de atletas. O clube investiu bom montante em Categorias de Base (R$ 7 milhões) e foi mais comedido na formação de elenco profissional. Atitude correta para quem participou da Série B. Valores em R$ milhões Todas essas movimentações teriam gerado impacto negativo (aumento) na Dívida, mas houve entrada de R$ 12 milhões referentes à venda de um terreno e isso contribuiu para que as Dívidas fossem reduzidas. Desta forma, todas apresentaram queda, fato bastante positivo.
  • 61. 61 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Colocando a casa em ordem Esporte Clube Bahia O Bahia apresentou um comportamento bastante bom em 2015. Operacionalmente conseguiu aumentar suas Receitas, reduziu Custos e Despesas e assim gerou mais caixa e de forma consistente. Fez investimentos corretos, liquidou dívidas, aderiu ao Profut. O desafio agora é manter esta política de austeridade sem ter sucesso esportivo, uma vez que segue no 2º ano jogando a Série B. Mas persistência e paciência andam junto com processos de ajuste, pois o resultado aparece apenas no longo prazo. Um clube saudável, equilibrado, tem mais chances de permanecer por mais tempo disputando a Série A.
  • 62. 62 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Esporte Clube Bahia Balanço auditado por Performance
  • 63. 63 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Botafogo de Futebol e Regatas
  • 64. 64 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 ReceitasBrutasReceitas & CustosGeraçãodeCaixaCustos&Despesas O desempenho do Botafogo em termos de Receitas foi sofrível, com queda de 25% nas Receitas Totais. Exceto pelos Direitos de TV, que cresceram 10%, as demais receitas relevantes sofreram forte queda: Publicidade (-73%), Venda de Direitos Econômicos (-61%), Bilheteria (- 33%). Este foi, possivelmente o efeito de ter participado da Série B. Mas note que as Receitas com TV, que normalmente sofrem redução quando há rebaixamento, aumentaram, o que pode ser efeito de Pay per view ou mesmo luvas de novos contratos.. Os Custos e Despesas sofreram redução de 15%. Ainda que não tenha sido na mesma magnitude das Receitas, a redução foi suficiente para manter o nível de geração de caixa positivo, mas inferior ao desempenho 2014. De qualquer forma, nota-se o esforço na manutenção do equilíbrio operacional. O grande problema do Botafogo nem é a Folha de Pagamento. Tanto em 2014 como em 2015 a relação dessas Despesas com as Receitas ficou próxima a 30%, o que é muito bom. Entretanto, o volume de Despesas Gerais e Administrativas foi elevado em 2015. Ainda assim, a relação geral é positiva. Valores em R$ milhões
  • 65. 65 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas a b c Composição da Dívida Apesar da geração de caixa positiva, o clube precisou adiantar recursos da TV (R$ 17 milhões) porque teve volume expressivo de saídas de giro. Foram R$ 49 milhões, que incluem ajustes em contratos de patrocínio, uso do direito de imagem, impostos a recuperar, entre outros. São movimentos de caixa que impactam o clube. Os investimentos se comportaram bem, abaixo do que foi investido em 2014 e compatíveis com a disputa da Série B. Assim, o comportamento das Dívidas foi até positivo. As Bancárias permaneceram estáveis, enquanto as Operacionais e com Impostos sofreram redução por conta da adesão ao Profut, que permitiu alongamento e perdão de encargos. Ainda assim os valores são incompatíveis com a capacidade de pagamento de geração de resultados do clube. Valores em R$ milhões
  • 66. 66 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Como será o amanhã? Botafogo de Futebol e Regatas Responda quem puder. A situação geral do Botafogo é muito complicada. Se por um lado há o esforço em manter um equilíbrio entre Receitas e Custos, o que vem permitindo gerar um caixa operacional, por outro isso enfraquece o clube, uma vez que lhe sobra menos capacidade de investimento. Ao mesmo tempo as Dívidas são muito pesadas, incompatíveis com a capacidade de pagamento, mesmo após adesão ao Profut. Ou seja, há um círculo vicioso em andamento, pelo qual o clube investe pouco, tem desempenho esportivo fraco, isso gera menos receitas e essas receitas precisam servir uma dívida monstruosa, o que faz com que sobre menos dinheiro para investimentos, e isso enfraquece o clube... Isto significa jogar para cada vez menos torcida, de forma que o clube vai encolhendo a cada ano. Mas, voltando a pergunta: o destino será como Deus quiser.
  • 67. 67 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Botafogo de Futebol e Regatas Balanço auditado por UHY Moreira Auditores
  • 68. 68 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Associação Chapecoense de Futebol
  • 69. 69 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 ReceitasReceitas & CustosGeraçãodeCaixaCustos&Despesas Muito bom desempenho das Receitas, com crescimento de 34% em 2015. O grande impulso se deu nas Receitas com TV, que cresceram 51%. Como os contratos são renovados anualmente, o bom desempenho que o clube vem tendo esportivamente ajuda nos aumentos. TV representa 54% do total. Receitas com Publicidade também cresceram mas representam pouco do total. Destaque também para a Bilheteria, que representa 23% do total e se manteve estável em 2015. O clube trabalha de forma equilibrada. Veja que o EBITDA fica sempre em torno do break-even, e os Custos e Despesas se comportaram de acordo com as Receitas, bastante previsíveis. Isso permite que o clube atue dentro das premissas do Profut, com Folha Salarial representando perto de 70% das Receitas. Valores em R$ milhões
  • 70. 70 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas a b c Composição da Dívida Valores em R$ milhões O clube é bastante equilibrado e não se utiliza de adiantamentos. Clube investe dentro de sua capacidade, e em 2015 utilizou maior parte dos recursos na Base. Volume de Dívidas muito pequeno, maior parte Operacionais e que cresceram em função do aumento da Folha de Pagamento.
  • 71. 71 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Exemplo para os pares Associação Chapecoense de Futebol A Chapecoense é daqueles clubes que sabe das suas limitações em termos de alcance de torcida e Receitas. E faz um trabalho excepcional, considerando essas limitações. Equilibrado, gastando apenas o que arrecada, consegue mobilizar a cidade e fazer boa Receita com Bilheteria. Montando equipes competitivas, se mantém na Série A e obtém Receitas mais consistentes da TV. Gestão consciente e cujo resultado se vê nos balanços e em campo.
  • 72. 72 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Associação Chapecoense de Futebol Balanço auditado por RL Solutions
  • 73. 73 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Sport Club Corinthians Paulista
  • 74. 74 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 ReceitasReceitas & CustosGeraçãodeCaixaCustos&Despesas O Corinthians apresentou crescimento de 16% nas Receitas, com bom desempenho em praticamente todas as linhas. Os Direitos de TV cresceram 12%, a Venda de Direitos Econômicos saltou 26% e o destaque foi a parcela de Sócios Torcedores cuja receita entrou no caixa do clube e não foi revertida em ingressos nos jogos. A TV ainda representa a maior parte das Receitas (41%). Operacionalmente o desempenho de 2015 foi melhor que o de 2014. Ainda que os Custos e Despesas tenha crescido (+ 4%) ficaram abaixo da variação das Receitas e isso permitiu que a geração de caixa fosse melhor, ainda que abaixo das possibilidades apresentadas em outros anos. Lembrando que 2013 foi o último ano onde a Receita integral da Bilheteria ficou com o Clube. Positivamente a Folha de Pagamentos é comportada e fica abaixo de 50% das Receitas. Entretanto, há uma conta chamada “Serviços de Terceiros” que tem valor relevante – chegou a R$ 43 milhões em 2015 – que não tem detalhamento e está considerada em Outras. Se houver associação com Folha de Pagamento, a relação com as Receitas sobe para 67%, ainda assim dentro do permitido pelo Profut. Valores em R$ milhões
  • 75. 75 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas a b c Composição da Dívida Apesar da geração de caixa positiva, o clube precisou de Adiantamentos de TV na composição do caixa. Foram R$ 31 milhões. Em termos de contas de giro, houve saída de R$ 15 milhões, em diversas contas, que vão do financiamento da venda de atletas, passando por direitos de imagem, entre outras movimentações. Os investimentos foram bem mais modestos que os apresentados em 2014. A Base saiu de R$ 27 milhões para R$ 7 milhões, enquanto o Profissional recebeu R$ 14 milhões em aquisições de atletas. Algumas dívidas cresceram muito. Vale ressaltar que apesar de parte das necessidades de caixa terem sido supridas com Adiantamentos de TV, o clube pagou R$ 41 milhões em Despesas Financeiras e investiu R$ 15 milhões em Estrutura física. Logo, houve necessidade de aumentar as Dívidas Bancárias, para fechar a conta. Nos Impostos o salto representa a adesão ao Profut. Valores em R$ milhões
  • 76. 76 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 A conta do estádio chegou Sport Club Corinthians Paulista Em algum momento a conta do estádio chegaria. E de fato, ela já se apresentou. E será mais dura a cada ano. O clube está abrindo mão de cerca de R$ 90 milhões* anuais em receitas de Bilheteria e propriedades do estádio que estão sendo direcionadas para o pagamento das dívidas de construção do estádio. Isto faz muita falta. Toda a folga operacional que o clube mostrou em 2012 e 2013 foi perdida e a geração de caixa caiu a níveis incompatíveis com o porte do clube. Para piorar a situação, a partir de 2016 ocorrerão pagamentos mais significativos de principal e juros dos financiamentos, que somam cerca de R$ 120 milhões anuais, conforme divulgado pela imprensa*. Ou seja, há um déficit potencial de cerca de R$ 30 milhões que precisam ser pagos pelo Clube. O fato é que com menor poder financeiro, há restrições de investimentos. Com a necessidade de aumentar o endividamento e receber adiantamentos de TV para fechar as contas, as Despesas Financeiras cresceram absurdamente e isso também colabora para deteriorar ainda mais a situação. Resultado: o clube foi Campeão Brasileiro, a despeito disso. Mas teve que abrir mão de grande parte do elenco no início de 2016 para restringir a saída de caixa, pois nesse ano as contas do estádio causarão novos danos ao caixa do clube. Mas veja que os Investimentos em 2015 já foram bastante modestos e devem repetir a dose em 2016 e enquanto durar o estoque de dívida do estádio. A situação não é nada confortável, e o clube precisa manter os pés no chão, controlar ainda mais os gastos e contar com o incremento de Receitas da TV, que terá crescimento em 2016, para fechar essa conta. E ainda terá que se manter disputando os campeonatos com chance de conquistas para que sobre receita para pagar o Estádio. A vida não está fácil pelos lados da Zona Leste de São Paulo. *Matéria da site da Revista Época de 01/04/16 assinada pelo jornalista Rodrigo Capelo
  • 77. 77 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Sport Club Corinthians Paulista Balanço auditado por Parker Randall Brasil
  • 78. 78 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Coritiba Foot Ball Club
  • 79. 79 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 ReceitasReceitas & CustosGeraçãodeCaixaCustos&Despesas As Receitas do Coritiba permaneceram estáveis em 2015. A variação foi mínima em todas as contas, de forma que não há destaques. Proporcionalmente, as Receitas de TV representam a maior parcela, com 45% do total, seguido de Bilheteria, com 35%. Ou seja, o mix de receitas do clube é pobre, com muita concentração nessas duas citadas. A despeito disso, os Custos e Despesas se comportaram bem, ficando 24% abaixo do observado em 2014. isto permitiu ao clube gerar caixa, diferente do observado no ano anterior. Vemos que a Folha de Pagamento caiu drasticamente quando comparada às receitas, saindo de 75% em 2014 para 59% em 2015, enquadrando-se assim nas demandas do Profut. Valores em R$ milhões
  • 80. 80 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas a b c Composição da Dívida O Clube não se utilizou de Adiantamentos de TV para fechar suas contas e nem teve movimentações relevantes em giro. Apresentou bom nível de investimentos nas Categorias de Base, mas reduziu o destino para o Profissional, o que é um sinal de boa gestão. As Dívidas com Impostos cresceram, fruto de novos atrasos em 2015 e que foram incorporadas ao Profut ao final do ano. Esses atrasos tiveram que compensar o elevado valor pago como Despesas Financeiras. As demais dívidas sofreram redução, sendo que parte das Operacionais também foram alongadas no âmbito do Profut. Valores em R$ milhões
  • 81. 81 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Chegando ao limite Coritiba Foot Ball Club O Coritiba parece ter encontrado seu limite em termos de crescimento. Se avaliarmos apenas as Receitas Recorrentes o clube praticamente repete seu desempenhos nos últimos 4 anos, mostrando que há pouco a fazer para sair desse patamar. O desafio é conseguir manter os Custos e Despesas comportados, dentro da capacidade do clube, e investir nas Categorias de Base para formar elenco dentro de suas possibilidades e eventualmente vender Direitos de Atletas para reforçar o caixa e a equipe. Se entender que esta é a realidade, pode ter vida longa na Série A.
  • 82. 82 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Coritiba Foot Ball Club Balanço auditado por Mazars
  • 83. 83 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Criciúma Esporte Clube
  • 84. 84 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 ReceitasReceitas & CustosGeraçãodeCaixaCustos&Despesas A queda para a Série B foi um verdadeiro furação na vida do Criciúma. As Receitas caíram 57%, especialmente as com TV, onde o clube “perdeu” mais de R$ 20 milhões! As demais Receitas até que se comportaram dentro da normalidade, mas insuficientes para manter o poder financeiro do clube. E por mais que tenha feito esforço em reduzir Custos e Despesas, ainda assim ficaram acima das Receitas, de forma que a geração de caixa foi negativa, depois de anos operando dentro do equilíbrio. Naturalmente a Folha de Pagamento ficou incompatível com o tamanho do clube, de forma que ela sai de uma situação confortável em 2014 para o desastre em 2105. Valores em R$ milhões
  • 85. 85 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas a b c Composição da Dívida Como a TV faz contratos anuais, e ainda houve forte queda no valor, não há adiantamentos. As contas de giro permaneceram dentro do esperado. Pouco investimentos e na Base. Ao menos o caminho está correto. As Dívidas se comportaram bem. Não há Dívidas com bancos e mesmo as Operacionais diminuíram com a redução nominal na Folha de Pagamentos. Para fechar as contas o clube recebeu aporte de uma empresa, que deve ter ligação com algum torcedor/patrono do clube. Valores em R$ milhões
  • 86. 86 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Ajuste Difícil Criciúma Esporte Clube Cair para a Série B é um retrocesso financeiro incrível. Por isso os clubes se esforçam e até exageram para permanecer na Série A. O Criciúma é uma vítima. Por mais que tenha feito ajustes nos Custos e Despesas, ainda assim há contratos mais longos que não podem ser cancelados e isto implica em custos que se perpetuam no tempo. Esta é uma possibilidade. A outra é que o clube decidiu investir em salários e empréstimos de atletas para tentar retornar à Série A e não obteve êxito. Se foi isso, foi um erro, mesmo com dinheiro de patrono. O Futebol precisa de coerência. Coerência que sempre foi aplicada pelo próprio Criciúma, que se manteve equilibrado nos anos anteriores. Precisa voltar a ser.
  • 87. 87 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Criciúma Esporte Clube Balanço auditado por OMV Auditores Independentes
  • 88. 88 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Cruzeiro Esporte Clube
  • 89. 89 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 ReceitasReceitas & CustosGeraçãodeCaixaCustos&Despesas Receitas do Cruzeiro cresceram 30%, aumento bastante acima da média dos clubes em 2015, impulsionado por duas das Receitas: TV (+101%!) e Venda de Direitos Econômicos (+179%!). O comportamento da Venda de Direitos é compreensível, após o Bi-Campeonato Brasileiro onde alguns atletas tiveram destaque. Agora, o aumento das Receitas com TV nessa magnitude não tem explicação dentro do contexto usual. O destaque negativo foi a queda de 50% na Bilheteria. O clube chegou às Quartas-de-final da Libertadores, mas o desempenho no campeonato Brasileiro foi fraco, desestimulando o torcedor a ir ao estádio. Os Custos e Despesas permaneceram praticamente estáveis. Dessa forma, com o forte incremento de Receitas o clube conseguiu reverter um comportamento histórico e gerou caixa em 2015. Ainda assim, em termos recorrentes manteve a condição de degeração de caixa, o que mostra que estruturalmente ainda há ajustes a fazer. O Clube já operava com a Folha de Pagamentos dentro da regra estabelecida pelo Profut, e com o incremento de Receitas ganhou uma folga. Valores em R$ milhões
  • 90. 90 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas a b c Composição da Dívida Além da ótima geração de caixa, o clube ainda teve algumas liberações operacionais, tais como recebimento de vendas de atletas (Clientes) e financiamento de aquisição de Atletas. De outro lado, consumiu R$ 25 milhões que haviam sido adiantados da TV em anos anteriores. O investimento apresentou salto relevante, em todas as frentes. Para a Base foram direcionados R$ 13 milhões e para reforçar o elenco mais R$ 42 milhões! As vendas que geraram aumento de receitas foram quase todas reinvestidas em novos atletas profissionais. Financiamento para Investimentos veio do atraso de Impostos. Foram R$ 41 milhões em 2015, que após adesão ao Profut geraram aumento importante na Dívida com Impostos. Positivamente, a Dívida Bancária continua em queda e as Operacionais permaneceram praticamente estáveis. O clube ainda apresentou entradas de caixa de cerca de R$ 15 milhões, sem detalhamento de origem. Valores em R$ milhões
  • 91. 91 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Alerta na Toca Cruzeiro Esporte Clube O Cruzeiro apresentou dados econômico-financeiros bastante conflitantes. No lado das Receitas viu crescimentos que tendem a não se repetir, como Venda de Direitos e o valor adicional da TV, ao mesmo tempo que perdeu muita Receita com Bilheteria, que vinha sendo um destaque nos anos anteriores. Por conta das sobras investiu muito, supostamente atrasou Impostos e viu sua Dívida Tributária, alongada no âmbito do Profut, crescer e esta passará a exigir mais do clube. Além disso, as dívidas pesam nas Despesas Financeiras, que consomem montante relevante de caixa do clube. Ou seja, não há clareza na longevidade das receitas e nem qual é a política de investimentos do clube. As fontes externas de financiamento secaram, e então o clube deveria colocar os pés no chão e se adequar a uma realidade de Receitas que deve ser diferente da apresentada em 2015. O clube precisa mudar sua postura e fugir da zona de risco em que se coloca há algum tempo.
  • 92. 92 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Cruzeiro Esporte Clube Balanço auditado por Dênio Lima e Mário Guimarães
  • 93. 93 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Figueirense Futebol Clube
  • 94. 94 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 ReceitasReceitas & CustosGeraçãodeCaixaCustos&Despesas Se manter na Série A possibilita manter boas Receitas, ainda que exija mais Custos e Despesas. Em 2015 o Figueirense viu suas Receitas cresceram 14%, impulsionado pelo aumento na TV (+30%) e esta continua sendo o carro chefe, representando 51% do total.. As demais linhas de Receita permaneceram praticamente estáveis, sem destaques. Positivamente o clube reduziu Custos e Despesas em 17%, o que possibilitou reverter a incômoda posição de degerador de caixa nos últimos 3 anos. Naturalmente, observa-se queda relevante na Folha de Pagamento, cuja relação com as Receitas caiu de 65% pra 47%. Valores em R$ milhões
  • 95. 95 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas a b c Composição da Dívida Parte da geração de caixa foi “devolvida” com os ajustes nos Adiantamentos de TV. Foram R$ 11 milhões adiantados que em 2015 reduziram a entrada de caixa do clube. Para compensar recebeu Adiantamentos de contratos de Patrocínio em R$ 6 milhões. Em 2015 investiu R$ 7 milhões no elenco profissional, acima do que foi investido em 2014. Possivelmente para montar um elenco que permitisse a manutenção da equipe na Série A. Parte das necessidade de caixa foram supridas com atrasos de Impostos, posteriormente alongados no âmbito do Profut. Positivamente, as Dívidas Bancárias e Operacionais permaneceram estáveis. Valores em R$ milhões
  • 96. 96 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Nadando contra a maré Figueirense Futebol Clube Vimos em 2015 um Figueirense um pouco diferente dos anos anteriores. Mais contido na gestão de Custos e Despesas, investiu mais para ter um elenco reforçado e que permitisse se manter na Série A. O desempenho em 2015 foi no limite, mas o objetivo foi alcançado. O clube não só precisa manter a boa postura de austeridade, mas reforça-la, reduzindo investimentos, ajustando fluxo de caixa para evitar ter que recorrer a fontes externas para recompor o caixa, como Adiantamentos e novos atrasos, o que não será permitia no âmbito do Profut. A conferir.
  • 97. 97 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Figueirense Futebol Clube Balanço auditado por Mazars
  • 98. 98 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Clube de Regatas do Flamengo
  • 99. 99 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 ReceitasReceitas & CustosGeraçãodeCaixaCustos&Despesas O crescimento das Receitas foi modesto, atingindo 4%. Não houve grandes destaques, exceto o incremento de 11% nas Receitas de TV, possivelmente reajuste inflacionário. Há um equilíbrio na geração de Receitas entre TV (38% do total), Publicidade (25%) e Bilheteria (22%). Isso mostra que a maior parte das Receitas atingiu seu pico, e apenas um bom desempenho em campo pode ajudar a agregar mais Receitas com Bilheteria e Sócio Torcedor. O pequeno crescimento de Receitas veio acompanhado de pequena redução nos Custos e Despesas. Dessa forma o clube continua priorizando sua saúde financeira, atingindo impressionantes R$ 137 milhões em EBITDA em 2015. Como depende pouco da Venda de Direitos Econômicos, parte relevante das Receitas é recorrente. A Folha de Pagamentos continua em níveis bastante baixos e comportados, confirmando a política de austeridade implementada há alguns anos no clube. Valores em R$ milhões
  • 100. 100 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas a b c Composição da Dívida O clube liquidou posição de adiantamentos de TV feitos no passado (R$ 17 milhões) e ainda viu outros adiantamentos serem compensados (R$ 27 milhões), especialmente de contratos de licenciamento. Em 2015 o clube investiu menos que em 2014 mas ainda assim em volume considerável: foram R$ 21 milhões no elenco profissional. Ou seja, o problema não é falta de investimento. O investimento na Base voltou, mas ainda em valores módicos. Dívidas Operacionais controladas, Dívidas com Impostos caindo drasticamente, por efeito de pagamento (R$ 24 milhões) e adesão ao Profut . Entretanto, a despeito da boa condição operacional, o clube precisou captar dinheiro junto a Bancos, aumentando esta dívida. Terá que coordenar a reciclagem da Dívida Bancária, visto que boa parte vence no curto prazo. Ainda existe um problema que são as Despesas Financeiras, pois com o montante de Dívida total na casa dos R$ 540 milhões não há como fugir dessa realidade. Valores em R$ milhões
  • 101. 101 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Espelho, espelho meu Clube de Regatas do Flamengo Existe alguém melhor gerido do que eu? Financeiramente a resposta é não. O clube mantém uma política de austeridade, gastando pouco com Folha de Pagamento, maximizando as Receitas, pagando suas dívidas e investindo sem onerar em demasia o clube. A cartilha está sendo seguida à risca e com muita competência, e o trabalho mais significativo agora é pensar na redução paulatina das Dívidas Bancárias, ainda elevadas. Entretanto, o desempenho esportivo está longe da unanimidade. Pelo menos para o Flamenguista. Um fato importante é que o clube não deixou de investir. Em nossos cálculos foram R$ 60 milhões entre 2014 e 2015. O que está faltando é montar um plano estratégico, ter os profissionais certos e melhorar o desempenho coletivo. Porque gestão profissional não se resume ao financeiro, e necessariamente inclui o esportivo. Ambos andam lado-a-lado. Já falamos isso no ano passado, e estamos repetindo agora. O clube precisa ter atenção para que a cada publicação de balanços não deixe a sensação de estarmos vivendo o “Dia da Marmota”*. * Referência ao filme “Feitiço do Tempo”, no qual o personagem do ator Bill Murray fica preso numa armadilhada do tempo em que todos os dias se repetem exatamente da mesma forma.
  • 102. 102 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Clube de Regatas do Flamengo Balanço auditado por Mazars
  • 103. 103 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Fluminense Football Club
  • 104. 104 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 ReceitasReceitas & CustosGeraçãodeCaixaCustos&Despesas Desempenho muito bom o do Fluminense em termos de Receitas, com crescimento de 45% em relação a 2014. Destaques para a Venda de Direitos Econômicos (+430%!), Publicidade (+94%) e Bilheteria (+84%). A despeito da relevância da TV (38% do total), o clube apresentou boa distribuição em suas receitas. Entretanto, como a Venda de Direitos Econômicos é incerta, há que se ter atenção nesse ponto, pois representou 20% do total em 2015. O clube aumento Receitas e trouxe junto os Custos e Despesas, com aumento de 50%. Ainda assim, manteve o nível de geração de caixa em termos nominais. Entretanto, como parte relevante do crescimento veio da Venda de Direitos Econômicos, quando analisamos o EBITDA Recorrente, vemos degeração de caixa. Ou seja, parte dos Custos e Despesas foi coberto com receitas voláteis. Em termos de Folha de Pagamento houve uma melhora, que passou de 54% das Receitas Totais para 49%. Importante ressaltar o elevado volume de Outras Despesas, sem abertura e explicação suficiente. Valores em R$ milhões
  • 105. 105 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas a b c Composição da Dívida Apesar da geração de caixa positiva, o clube ainda buscou fontes externas de financiamento. Houve adiantamentos de TV de R$ 26 milhões e financiamento de aquisição de Direitos Econômicos de Atletas de R$ 32 milhões. Este valor está associado aos Investimentos em Elenco, pois o clube adquiriu para pagar no futuro. O clube investiu impressionantes R$ 60 milhões em elenco profissional, enquanto nas Categorias de Base foi apenas R$ 1 milhão. Com os Investimentos, mais o aumento nominal da Folha de Pagamentos, o clube apresentou aumento em todas a s Dívidas. No caso de Impostos o efeito foi a adesão ao Profut, que trouxe diversas dívidas para o balanço. Valores em R$ milhões
  • 106. 106 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Mudança de Hábito Fluminense Football Club Desde a saída do sponsor que mantinha boa parte do elenco, o Fluminense teve que se ajustar à nova realidade. Até 2014 o trabalho vinha apresentando consistência, com equilíbrio operacional e investimentos dentro das possibilidades. Porém, em 2015 o clube abriu a carteira e investiu pesado em elenco profissional. O resultado foi aumento de Dívidas, necessidade de Adiantamentos e financiamento de parte do investimento. Considerando uma visão estratégica de longo prazo esta não é a melhor forma de gerir um clube. Coloca em risco receitas futuras, trabalha com Custos acima da capacidade de geração de Receitas. O clube precisa voltar ao bom hábito da gestão austera, gastando o possível e investindo ainda mais na Base. É preciso pensar no longo prazo.
  • 107. 107 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Fluminense Football Club Balanço auditado por UHY Moreira
  • 108. 108 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Goiás Esporte Clube
  • 109. 109 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 ReceitasReceitas & CustosGeraçãodeCaixaCustos&Despesas Receitas Totais do Goiás cresceram 13%, e o maior crescimento foi na Venda de Direitos Econômicos, em 173% (de R$ 7 milhões para R$ 18 milhões). As demais Receitas tiveram comportamento muito parecido entre 2014 e 2015. A TV ainda é a maior fonte de Receitas, representando praticamente 50% do total. Positivamente, o crescimento das Receitas não trouxe junto os Custos e Despesas, que sofreram uma pequena redução, da ordem de 8%. Desta forma, o nível de geração de caixa foi bastante bom, atingindo R$ 35 milhões. E mesmo em termos recorrentes o clube repetiu o bom desempenho de 2014. A boa gestão manteve a Folha de Pagamentos em nível bastante bom, representando 32% das Receitas, melhor que o dado obtido em 2014 (44%). Valores em R$ milhões
  • 110. 110 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas a b c Composição da Dívida O clube reconheceu R$ 6 milhões referentes a Adiantamentos de TV feito no passado. Ao mesmo tempo, ao financiar a venda de Direitos Econômicos, consumiu parte da boa geração de caixa (R$ 13 dos R$ 15 milhões). Manteve o nível de investimentos perto do histórico, sem grandes destaques. As Dívidas tiveram bom comportamento, com redução na Dívida Bancária e Operacionais, enquanto os Impostos mantiveram-se estáveis. Valores em R$ milhões
  • 111. 111 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Tudo bom, tudo bem, mas não deu certo. Goiás Esporte Clube A despeito da boa gestão financeira, muito consistente, o Goiás foi rebaixado à Série B. É bastante positivo ver que um clube, mesmo caminhando para o rebaixamento, mantém a postura e a essência. O clube não fez loucuras, não apelou para contratações a qualquer preço, pois pensa no longo prazo, de maneira sustentável. Naturalmente terá que se reinventar em termos esportivos, seja para disputar a Série B, seja para se recuperar em campo. Mas isso terá que continuar a ser feito de forma consistente e austera.
  • 112. 112 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Goiás Esporte Clube Balanço auditado por Floresta Auditores Independentes
  • 113. 113 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Grêmio de Foot-Ball Porto Alegrense
  • 114. 114 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 ReceitasReceitas & CustosGeraçãodeCaixaCustos&Despesas Grêmio apresentou queda de 10% nas Receitas Totais. O desempenho é reflexo de queda em praticamente todas as linhas, exceto nos Direitos de TV, que cresceram 34%, bem acima da média vista nos demais clubes. Há dois grandes responsáveis pela queda de Receitas: Publicidade (-37%) e Venda de Direitos Econômicos (-73%), o que comprova que a venda de Atletas é uma receita com a qual não se pode contar. E apesar da boa performance no Brasileiro, a receita de Bilheteria também caiu (-11%), mas ainda representa 25% do total. Com a queda de receita o clube conseguiu, positivamente, manter os Custos estáveis. Isto permitiu manter um nível mínimo de geração de caixa, ainda que apenas 1/3 do realizado em 2014. Manutenção de Custos e queda de Receita fizeram com que a participação da Folha de Pagamentos nas Receitas subisse para 53%, ainda dentro das regras definidas pelo Profut. Valores em R$ milhões
  • 115. 115 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 a) Adiantamentos b) Investimentos c) Impacto na Dívida Fluxo de Caixa | Investimentos | Dívidas a b c Composição da Dívida Não houve Adiantamento de TV em 2015, mas em contrapartida, o clube perdeu cerca de R$ 22 milhões em financiamentos operacionais, basicamente envolvendo redução de Despesas Operacionais – possivelmente colocando atrasos em dia – e redução de Direitos de Imagem, também possivelmente associados ao ajuste de atrasos de remuneração. O clube manteve investimentos em Base bastante modestos, mas gastou cerca de R$ 27 milhões em atletas profissionais. Considerando que a geração de caixa foi bem menor que em 2014, que houve saídas relevantes de recursos de giro, investir R$ 27 milhões foi acima das possibilidades do clube. Resultado foi aumento de Dívidas Bancárias, para suprir o buraco de caixa do ano. Nas Operacionais houve ajuste já abordado nos Adiantamentos, e os Impostos sofreram queda por adesão ao Profut. Parte da redução veio com a entrada de cerca de R$ 23 milhões de caixa sem notas explicativas no balanço. Valores em R$ milhões
  • 116. 116 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Complicou, Tchê! Grêmio de Foot-Ball Porto Alegrense O Grêmio apresentou desempenho econômico-financeiro bastante ruim em 2015. Receitas em queda, custos estáveis, investimentos, efeitos de dívidas operacionais que precisaram ser ajustadas, aumento das dívidas bancárias. Ainda tem a questão da Arena a ser solucionada, e passará a ter a pressão de pagamento das dívidas do Profut. Ou seja, o que vimos em 2015 pode ser potencializado para os próximos anos, porque as receitas não devem subir, exceto se o clube continuar a vender Direitos de Atletas, enfraquecendo o elenco. É preciso equalizar a situação, reduzindo investimentos e custos, para que no longo prazo o clube se mantenha forte, relevante, e não mero coadjuvante.
  • 117. 117 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Grêmio de Foot-Ball Porto Alegrense Balanço auditado por Rokembach + Lahm, Villanova, Gais e Cia Auditores
  • 118. 118 Análise Econômico-Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol | 2016 Sport Club Internacional