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«Um juízo é sempre um auto-juízo»
(reflexão sobre a psicologia humana)
João Miguel Pereira
Quando o desejo de perfeição resvala no sonho de infalibilidade, o
indivíduo focaliza toda a atenção em si mesmo, de modo meticuloso e quase
obsessivo, em suas ações e progressos. Ele define o seu próprio “eu ideal”,
definindo as condições precisas que tornam correta ou perfeita a sua conduta.
Impõe uma perfeição legalista aos seus atos, dando-lhes uma importância
excessiva, como se a salvação dependesse deles. Ao mesmo tempo, instala-se
nele um temor de admitir o próprio pecado pois reconhecer-se pecador
significaria admitir o próprio fracasso. Seria o fim do sonho. Então surge o
fenómeno da trave no olho (Mateus 7). O indivíduo incapaz de integrar os
seus próprios fracassos e pecados e de os corrigir, inclina-se a projetá-los nos
outros, porque considera mais fácil combater um inimigo exterior do que
interior. A projeção constitui um modo muito primitivo de libertar-se da
própria culpa, descarregando-a nos outros (bode-expiatório). O homem
"projeta", isto é, crítica, acusa, julga, e às vezes condena, recusa, despreza...
Deste modo, tem a impressão de ter feito alguma coisa contra esse mal. Ele
lança no outro tudo o que há de negativo em si, as culpas ou aqueles aspetos
do “eu” que o indivíduo não aceita ou não integrou em sua identidade. Uma
trave no olho impede-o de perceber que tudo o que contesta no outro é... de
propriedade sua. Este processo pode ser identificado por: 1. Rigidez e
repetitividade do juízo, que deixam poucas ou nenhuma esperança na
possibilidade de uma melhoria do outro. 2. Uma acentuada antipatia pelo
outro, cuja simples presença é advertida como fastidiosa, comporte-se ele
como se comportar. 3. A condenação demasiado fácil e pronta, tentando
iludir-se de que afastou de si mesmo o mal que condena no outro.
Poderemos compreender que certas condutas demasiado inflamadas
e condenatórias de tudo e todos podem, na realidade, não ser mais do que
uma fuga de si mesmo, uma tentativa de negar os seus pecados, fracassos e
defeitos (ou simplesmente características da sua personalidade não integradas
saudavelmente), projetando-os nos outros. Acusar os outros de erros e
defeitos que, na realidade, não cometeram ou não possuem, pode ser uma
tentativa de fuga de si mesmo, tentando ignorar os próprios defeitos para
preservar o seu “eu ideal” ilusório. O mesmo se pode afirmar no caso de
atitudes inflamadas e intolerantes diante da manifestação da personalidade
(com suas virtudes e defeitos naturais) ou simples presença do outro ("não
aguento nem a maneira como ele fala").
Uma reflexão a ter em conta nos diversos tipos de intolerância e
discriminação.

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