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ESTUDOS E PESQUISAS Nº 367
Projetos de Integração
Social de Comunidades
João Paulo dos Reis Velloso (coordenador) *
XXII Fórum Nacional 2009 -
Na Crise, Brasil, Desenvolvimento de uma Sociedade Ativa e Moderna
(Sociedade do Diálogo, da Tolerância, da Negociação), “Programa Nacional
de Direitos Humanos”. E Novos Temas
17 e 20 de maio de 2010
* Coordenador-Geral do Fórum Nacional.
Versão Preliminar – Texto sujeito à revisões pelo(s) autor(es).
Copyright © 2010 - INAE - Instituto Nacional de Altos Estudos. Todos os direitos reservados. Permitida a cópia desde que citada a
fonte. All rights reserved. Copy permitted since source cited.
INAE - Instituto Nacional de Altos Estudos - Rua Sete de Setembro, 71 - 8º andar - Rio de Janeiro - 20050-005 - Tel.: (21) 2212-5200 -
Fax: (21) 2212-5214- E-mail: forumnacional@inae.org.br - web: http://forumnacional.org.br
Projetos de
Integração Social
de Comunidades
Cadernos Fórum Nacional 9
PROJETOS DE
INTEGRAÇÃO SOCIAL
DE COMUNIDADES
Coordenador
João Paulo dos Reis Velloso
Colaboradores
Carlos Costa● Luiz Bezerra do Nascimento
Antonia Ferreira Soares ● José Mário Hilário
Mônica Francisco ●Francisco Marcelo da Silva
Marcelo Radar ● José Júnior ● Cleonice Dias.
Rio de Janeiro, 2010
Copyright © INAE, 2010
Projetos de integração social de comunidades.
Rio de Janeiro, INAE, 2009, 141p.
1. Planejamento social. 2. Brasil. II. Instituto Nacional de Altos
Estudos
CDD 361.281
5
Sumário
Apresentação, 7
João Paulo dos Reis Velloso
PROJETOS DE
INTEGRAÇÃO SOCIAL
Comunidade da Rocinha, 9
Carlos Costa, ONG Rocinha XXI
Comunidade do Cantagalo, 13
Luiz Bezerra do Nascimento, Presidente da Associação
de Moradores do Cantagalo
Comunidade do Pavão/Pavãozinho, 17
Antonia Ferreira Soares, Líder Comunitária
Comunidade de Santa Marta, 23
José Mário Hilário, Presidente da Associação de
Moradores do Morro de Santa Marta
Comunidade do Borel (Tijuca), 27
Mônica Francisco, Líder Comunitária
Bairro Maré, 57
Francisco Marcelo da Silva, Observatório das Favelas
(Vila do João, Maré)
6
Complexo de Manguinhos, 77
Marcelo Radar, Secretaria-executiva do Fórum de
Manguinhos
Comunidade de Vigário Geral, 81
José Júnior (AfroReggae), Líder Comunitário
Cidade de Deus, 91
Cleonice Dias, Líder Comunitária
EPÍLOGO, 144
7
Apresentação
João Paulo dos Reis Velloso
Os Projetos de Integração Social que
constituem este caderno FÓRUM NACIONAL 9 já se
inserem na nova fase do FÓRUM, de promover a
elaboração de projetos de interesse da sociedade.
Isso representa um passo adiante no trabalho
do FÓRUM NACIONAL, que consistia em reunir as
lideranças do País, de forma pluralista, para a
discussão que resultasse em propostas relativas ao
desenvolvimento do Pais – econômica, social, política e
culturalmente.
Praticamente desde a sua criação, em 1988,
vem o FÓRUM discutindo o tema da Segurança Pública
nas grandes cidades brasileiras – problema que evolui
pari passu com o desenvolvimento do narcotráfico e
com a favelização das cidades.
Sobre o tema, duas coisas principais temos
ressaltado.
De um lado, que a população das
comunidades são os “sem Estado”. Sem Estado, pela
falta de segurança. E sem Estado pela falta de políticas
sociais.
8
De outro, que “favela é cidade”, embora seja,
em geral, tratada como gueto da Idade Média. Lado
mais pobre da cidade, mas cidade.
Considerando o lado preventivo da
segurança é que decidimos promover a elaboração
desses nove Projetos de Integração Social, de
comunidades localizadas em diferentes regiões da
cidade.
O ponto principal da iniciativa é que todos
esses projetos, a serem entregues ao Prefeito do Rio (e
ao Representante do Governador do Estado) na sessão
de abertura do XXII FÓRUM NACIONAL, foram
elaborados pelas lideranças das próprias comunidades,
segundo roteiro que sugerimos.
O importante, a partir de agora, é que os
projetos aconteçam.
PROJETO DE
INTEGRAÇÃO SOCIAL DA
COMUNIDADE DA ROCINHA
10
I. CENTRO DE INCLUSÃO:
Educação e Qualificação
Qualificação profissional acompanhando o
mercado de trabalho.
Qualificação do aparelho formador
(profissionais preparados para a capacitação
dos beneficiários).
Serviço Social
Utilização da vocação turística da Região,
mais o advento dos grandes eventos
internacionais que a Cidade se prepara para
receber, como a COPA 2014 e as Olimpíadas
2016.
1. Criação de um Hotel-Escola para
treinamento e qualificação de
profissionais como Camareiras,
Cozinheiros, Mensageiros, Guias
turísticos, Recepcionistas etc.
2. Parceria com a Associação de Bares,
restaurantes e similares para
capacitação profissional.
3. Reabertura do horário noturno nas
escolas do interior da Comunidade para
o Ensino Fundamental e Médio, bem
como para eventos sócio educativos.
Cultura
Atividades culturais.
11
II. OUTRAS NECESSIDADES:
Casa Popular
Continuidade do Programa de Regularização
Fundiária.
Política de habitação para baixa renda,
integrando os governos Federal, Estadual e
Municipal, com vista à inclusão dos
moradores em áreas de risco no programa.
Priorizar a política de realocação (fixação na
própria comunidade).
COORDENAÇÃO – EQUIPE:
ONG ROCINHA XXI
- Carlos Costa & Rose Firmino.
FUNDAÇÃO BENTO RUBIÃO / GRUPO ROCINHA SEM
FRONTEIRAS
- José Martins.
FÓRUM CULTURAL DA ROCINHA
- Maria Helena Carneiro e Ronaldo Batista.
CENTRO DE CULTURA EDUCAÇÃO LÚDICA DA
ROCINHA
- Antônio Firmino.
12
PROJETO DE
INTEGRAÇÃO SOCIAL DA
COMUNIDADE DO CANTAGALO
14
I. CENTRO DE INCLUSÃO:
Educação e Qualificação
Qualidade na Educação:
Educação integral no CIEP Presidente João
Goulart (CIEP de Ipanema), sendo:
- Período matutino voltado para as
disciplinas educacionais como:
Matemática, Português, Geografia, etc.
- Período vespertino com Cursos
Profissionalizantes e atividades nas áreas
Culturais e Esportivas.
Serviço Social – inclusive informação sobre
oportunidades de trabalho
Cursos profissionalizantes, tais como:
eletricista residencial, bombeiro hidráulico,
ladrilheiro, técnico de informática, primeiros
socorros, etc.
Criação de Banco de Emprego, visando à
alocação da mão de obra comunitária na
própria região (zona sul e adjacências).
Cultura / Entretenimento / Esportes
Criação de um Grupo Teatral.
Preparação de Festival de Poesia.
Construção de teatro.
Construção de quadras polivalentes.
15
II. OUTRAS NECESSIDADES:
Serviços Essenciais
Iluminação pública (urgente)
Conservação da rede de água e esgoto.
Poda de árvores.
Instalação de mais uma bomba d’água.
Saneamento.
Casa Popular
Reforma de residências em estado precário.
COORDENAÇÃO – EQUIPE:
Presidente da Associação de Moradores do
Cantagalo
- Luiz Bezerra do Nascimento
16
PROJETO DE
INTEGRAÇÃO SOCIAL
DA COMUNIDADE DO
PAVÃO / PAVÃOZINHO
18
I. CENTRO DE INCLUSÃO:
Educação e Qualificação
Construção de escola dentro da Comunidade,
que inclua o programa EJA – Educação de
Jovens e Adultos, bem como cursos
profissionalizantes.
O Complexo Pavão/Pavãozinho e Cantagalo
conta com várias escolas em seu entorno.
Porém, dentro da comunidade não existe
nenhuma. Certamente será muito útil uma
escola que proporcione principalmente aos
adultos concluírem seus estudos, assim como
cursos profissionalizantes - o que muito
ajudará aos trabalhadores já empregados e
àqueles que estão em busca de uma
colocação.
Serviço Social – inclusive informação sobre
oportunidade de trabalho.
Banco de emprego, visando à alocação da
mão de obra comunitária na própria região.
Na área social existem alguns trabalhos
através da Igreja e das Associações de
Moradores - tudo voluntário e de forma
precária. Vez ou outra se recebem alguns
pedidos de mão de obra, que são divulgados
na Comunidade. Não existe, de fato, um
serviço específico nessa área, apesar de ser
bastante procurado pelos moradores.
19
Instalação de creches
Apesar de contarmos com algumas no
entorno e dentro da Comunidade, sendo duas
da Prefeitura, este é um item muito
necessário, pois as existentes não são
suficientes para atender à demanda local.
Programa de Saúde da Família
Criação de Serviço de Saúde que, além de
atendimento Curativo, tenha atendimento
Preventivo, Médico de família e Agentes de
Saúde, visando à orientação e ao
acompanhamento:
Durante muitos anos a Paróquia da
Ressurreição manteve em funcionamento um
Centro Médico no Pavão/Pavãozinho que,
além dos moradores desta Comunidade,
atendia também a moradores do Cantagalo.
As especialidades eram Clínica Médica,
Pediatria, Dentista, Enfermagem, Serviço
Social e Psicológico, Farmácia. Estes serviços
eram prestados por profissionais que, a
princípio recebiam apenas uma ajuda de
custo pela Paróquia. Posteriormente, houve
um contrato com a Secretaria de Estado de
Saúde, que remunerava de forma precária
esses profissionais. O apoio era dado por
voluntários e os exames, quando necessários,
eram feitos na rede pública. Entretanto,
terminado o contrato com a Secretaria de
Saúde e dada a dificuldade em se manter
aqueles profissionais, o Centro Médico foi
20
fechado – o que foi um enorme prejuízo para
a comunidade.
Obs.: o espaço onde funcionava o Centro
Médico ainda existe, precisando apenas de
algumas reformas. É um espaço da Igreja, no
Pavão/Pavãozinho.
Cultura / Entretenimento / Esportes
Espaço Comunitário (Ponto de Cultura) para
desenvolvimento de atividades culturais e
esportivas para crianças, jovens e adultos.
Nesta área a Comunidade necessita de um
Ponto de Cultura onde possa desenvolver
atividades culturais e esportivas, tanto para
crianças e adolescentes como para adultos,
pois não existe atualmente um espaço que se
destine a essas atividades. A Comunidade
possui variados talentos que, entretanto, não
têm espaço para desenvolver suas
potencialidades. Existe no alto do morro, no
Pavão, espaço que poderá ser aproveitado.
II. OUTRAS NECESSIDADES:
Saneamento
Orientação ao Cidadão sobre Saneamento e
Meio Ambiente
Estão acontecendo no Complexo Pavão/Pavãozinho
e Cantagalo as obras do PAC. No conjunto
dessas obras, estão as referentes ao
saneamento de água e esgotos e escadarias,
21
inclusive o alargamento de algumas vias.
Contudo, sente-se a necessidade de
orientação aos moradores no que diz respeito
a estes itens, bem como com a questão do
lixo, do meio ambiente, a importância da
conservação do verde, a reciclagem do lixo.
Seria bom que a comunidade pudesse contar
com o apoio de profissionais na orientação
desses itens.
Casa Popular
Financiamento para compra de material para
reforma e/ou construção de casas.
Necessidade de contemplar, com
apartamentos no próprio Complexo, pessoas
que têm casa em áreas consideradas de risco.
Contudo, existem moradores com dificuldade
para construir ou acabar suas casas que,
certamente, ficarão felizes com a possibilidade
de financiamento de material.
COORDENAÇÃO – EQUIPE:
Líder Comunitária
– Antonia F. Soares
22
PROJETO DE
INTEGRAÇÃO SOCIAL
DA COMUNIDADE DE
SANTA MARTA
24
I. CENTRO DE INCLUSÃO:
Educação e Qualificação
Implantação de telecursos diuturnamente,
objetivando oportunidades de ensino para
todos.
Programas educativos recorrentes sobre
meio-ambiente e reciclagem.
Implantação de escola de ensino
profissionalizante, como a FAETEC, onde
jovens e adultos possam ter a chance de
aprender uma profissão.
Serviço Social – inclusive informação sobre
oportunidades de trabalho
Instalação de creches em número suficiente a
atender toda a demanda da população local.
Criação de um Polo Social com assistentes
sociais à disposição dos interesses da
Comunidade, conectado às coordenadorias
regionais, encampando todos os
equipamentos sociais da Prefeitura.
Criar dentro desse Polo Social um canal
direto com a Secretaria de Trabalho,
atendendo às demandas do primeiro
emprego e realocação da mão de obra
desempregada.
25
Programa de Saúde da Família
Implantar o programa Médico de Família,
recrutando os enfermeiros e técnicos de
enfermagem na Comunidade, gerando
emprego e renda para os moradores, e tendo
profissional médico coordenando as
atividades de campo.
Cultura / Entretenimento / Esportes
Criar um Pontão de Cultura na Comunidade,
dando oportunidades para as diversas
oficinas locais, incentivando os jovens a
descobrirem e desenvolverem seus talentos
dentro da própria Comunidade.
Projetos esportivos para todos, aproveitando
os professores que já existem na
Comunidade, capacitando-os e incentivando-
os.
Espaço Comunitário (Centro Cultural) para
desenvolvimento de atividades culturais e
esportivas para crianças, jovens e adultos.
Implantação de telecentro (para inclusão
digital)
Levar a tecnologia digital para todos, inclusão
digital e alfabetização digital para as crianças
num sistema de internet sem fio.
26
II. OUTRAS NECESSIDADES:
Saneamento
Saneamento básico é primordial para o futuro
de todos, com água e esgoto ligados às
residências.
Casa Popular
Criar um projeto junto à Caixa Econômica
Federal garantindo acesso a todos para
compra de materiais, para reforma e
construção, e até a compra de casa própria.
COORDENAÇÃO – EQUIPE:
Presidente da Associação dos Moradores do Morro
de Santa Marta
- José Mario Hilário
PROJETO DE
INTEGRAÇÃO SOCIAL DA
COMUNIDADE DO BOREL
28
I. CENTRO DE INCLUSÃO:
Educação e Qualificação
Renomeação para “Complexo José Bonifácio
de Oliveira Sobrinho” (sugestão de nome em
homenagem ao fundador da Comunidade e
um dos primeiros presidentes da Associação
de Moradores, ainda vivo).
Criação de escola Técnica de Ensino Médio e
Fundamental como a FAETEC (Fundação de
Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de
Janeiro), aproveitando as instalações do
prédio da antiga fábrica de cigarros Souza
Cruz, que mais recentemente foi um
supermercado (Carrefour), na Rua Conde de
Bonfim, 1181.
Serviço Social – inclusive informação sobre
oportunidades de trabalho
Reforma nas creches existentes.
Melhorias para as duas creches já existentes
que não podem ampliar o atendimento a
Comunidade por falta de infraestrutura e
capital humano de apoio, o que resultaria na
ocupação de parte de mão de obra local.
Instalação de novas creches em número
suficiente a atender toda a demanda da
população local, utilizando a mão de obra da
comunidade.
29
Implantação de um posto do Sistema
Nacional de Emprego (SINE).
Implantação de uma Agência de Desenvolvi-
mento Local, com formação em
empreendedorismo – como exemplo, a
existente na Cidade de Deus.
Incremento às práticas locais
autogestionárias (utilizando os conceitos da
Economia Solidária ).
Cultura / Entretenimento / Esportes
Implantação de Vila Olímpica nas
dependências do antigo prédio do
Hipermercado Carrefour.
Fomento aos projetos que já vêm sendo
desenvolvidos na Comunidade (eles seguem
em anexo).
II. OUTRAS NECESSIDADES:
Saneamento
Necessidade de ampliação da Rede de
Esgotamento Sanitário e Águas Pluviais,
devido à saturação da rede atual.
Serviços Essenciais
Recuperação de cabos e transformadores da
rede elétrica que atende à Comunidade, bem
como implantação de sistema de tarifa
30
diferenciada para Áreas de Especial
Interesse Social (AEIS).
Casa Popular
Inclusão de cerca de 100 famílias em projeto
de moradias populares.
Eliminação de áreas de risco e ocupação
irregular de áreas de reflorestamento.
Priorizar a política de realocação (fixação na
própria comunidade).
Aproveitamento de prédio ocioso, onde
funcionava o antigo Centro Educacional
Deolindo Couto para Portadores de
Deficiência, situado à Rua Santa Carolina,
44, próximo à Rua São Miguel.
III. ANEXO: PROJETOS “JOVENS COM UMA
MISSÃO”
COORDENAÇÃO – EQUIPE:
Líder Comunitária
- Mônica Francisco
31
ANEXO
PROJETOS “JOVENS COM
UMA MISSÃO”
32
“Jovens Com
Uma Missão”
INTRODUÇÃO
JOVENS COM UMA MISSÃO é uma agência
missionária internacional e interdenominacional de caráter
filantrópico, formada por jovens voluntários que trabalham
de tempo integral com Justiça e Transformação,
Evangelização e Ensino, visando promover a valorização
do ser humano, através do suprimento de algumas das
suas muitas necessidades.
JOVENS COM UMA MISSÃO no Rio de Janeiro foi
fundada no ano de 1987 e hoje contamos com uma Base
Central em Santa Cruz da Serra - Duque de Caxias e
mais três locais de operação em algumas favelas do Rio:
Parada de Lucas, Borel, e Tuiuti. Oferecemos cursos de
inglês, dança, ginástica, futebol, assistência médica e
social, creches, escolas de reforço e música, sendo que
em todas as nossas atividades focalizamos valores
básicos de vida em família e na sociedade em que
vivemos. Somamos cerca de 100 pessoas trabalhando na
cidade do Rio de Janeiro.
Estabelecido em 1990, o Projeto Justiça e
Transformação tem como alvo principal prestar
assistência médica, educacional, sócio educativa à
comunidade local como também potencializar as
comunidades de forma integral e holística.
33
INFORMAÇÕES SOBRE A COMUNIDADE
Localização:
Situado na região norte do estado do Rio de
Janeiro, no Bairro da Tijuca, tendo acesso a Comunidade
peia rua São Miguel n° 430, fazendo limites com as
Comunidades Casa Branca e Chácara do Céu.
População:
Aproximadamente 30.000 habitantes no complexo
do Borel (informações na Associação de moradores local).
Estabelecimentos Comerciais:
Lojas de materiais de construção, Salões de
beleza, Bares, Mercearias, Oficinas, Padaria, Locadoras e
Serralharia.
Educação:
Escola Municipal (CIEP) atendendo desde a
Creche ao Ensino Fundamental e Telecurso 1o
Grau;
Escola Marcelo Cândia (Católica) conveniada com a
prefeitura, atendendo o Ensino Fundamental;
Creche Santa Mônica (conveniada com a prefeitura
municipal);
Escola Municipal Borel I atendendo ao Ensino
Fundamental,
Creche Semente (Missão JOCUM);
Programa de Alfabetização do Governo Federal.
Religião:
Igrejas Evangélicas, Católica e Centros Espíritas.
34
Lazer:
Três quadras de esporte (em condições precárias).
Saúde:
Posto de Saúde - PSF (Programa de Saúde da
Família) Região Administrativa AP II; Ambulatório de
Enfermagem (Missão JOCUM).
Nossos projetos na comunidade:
Projeto Bom Tom
É uma escola de música que teve início em 2002
com o propósito de trabalhar através da música com
crianças, jovens e adultos. Temos como objetivo além de
despertar a paixão pela música, oferecer atividades
educativas. Uma das exigências para ser aluno do Bom
Tom é de estar frequentando a escola (para crianças e
adolescentes). Além das aulas de violão, percussão,
bateria, teclado e cavaquinho, trabalham temas como
sexualidade, vida espiritual, cidadania, vida escolar, vida
familiar e outros. Através das aulas e atividades
promovidas pela escola, podemos oferecer mais uma
alternativa para o futuro dos alunos. Alguns alunos após
concluírem o curso, tornam-se também professores
auxiliares, o que estimula neles a responsabilidade
pessoal social e contribui com o melhor aproveitamento
dos alunos recém-chegados na escola.
35
Telecentro
O Telecentro, é um centro de inclusão digital,
surgiu no segundo semestre de 2004 a partir de uma
parceria entre o Banco do Brasil (via programa Fome
Zero), juntamente com a ONG Rede Viva.
Saúde:
No morro do Borel entre outras atividades,
atendemos através de um ambulatório medico e de
enfermagem a população local. Com uma equipe
permanente de voluntários que vivem 24hs na
comunidade local. Nosso objetivo é prestar atendimentos
a comunidade (aplicação de injeções, curativos,
verificação de pressão e temperatura, nebulização,
atendimento domiciliar, prestação de socorro
transportando ao hospital, distribuição gratuita de remédio
mediante receita, ministração de palestras sobre higiene e
saúde, campanhas de aplicação de flúor e escovação,
higiene bucal). É muito alta a necessidade de serviços
médicos na comunidade devido aos inúmeros casos de
enfermidades, procuramos suprir esta necessidade
oferecendo estes serviços.
Disponibilizamos uma clínica odontológica, com
dentistas voluntários atendendo a comunidade alguns
dias da semana. E no nosso ambulatório atendemos
uma média de 400 pacientes por mês.
36
Economia:
Criarte
O Criarte é um projeto sócio educativo que entre
outras coisas visa a geração de renda e trabalhar a
autoestima das pessoas: nas crianças, levando-as a
descobrir que elas tem a capacidade de criar, e nos
adultos, que eles percebam que são capazes de
aprender. Além do artesanato, buscamos trabalhar junto
aos alunos valores de cidadania, levando-os a conhecer
seus direitos, deveres e outros valores. Ensinamos
crochê, pintura, ponto cruz, biscuit, culinária e outros.
Justiça:
Casa de Recuperação
Infelizmente as drogas são uma realidade em nossa
sociedade, este é um problema cada vez mais sério. Na
comunidade do Borel isto também não é diferente. Fruto
do nosso bom relacionamento desenvolvido junto com a
comunidade e atendimentos através dos nossos projetos,
somos frequentemente procurados por familiares e
usuários de drogas solicitando ajuda. Fazemos uma
triagem, e encaminhamos para uma clínica de
recuperação.
37
PROJETO BOM TOM
TOCANDO BEM A VIDA PARA NÃO PERDER O TOM
JUSTIFICATIVA
Acreditamos que, desenvolver um projeto para as
crianças, adolescentes e jovens, constitui hoje o maior
desafio nas comunidades carentes do Rio de Janeiro; e a
Comunidade do Borel está inserida nesta realidade.
Temos, hoje, aproximadamente 65% da população
desta comunidade constituída por eles. Apesar destes
jovens e adolescentes na sua maioria estudarem por meio
período e alguns deles trabalharem no que denominamos
"bico'' (trabalho temporário sem direitos trabalhistas),
somos desafiados a investir em suas vidas nos períodos
em que não estão fazendo alguma outra atividade, para
que os mesmos não fiquem ociosos.
Infelizmente eles não dispõem de uma opção digna
de vida na Comunidade e precisam conviver muitas vezes
com a realidade da violência, drogas, insegurança, falta
de lazer, intranquilidade, dentre outros.
Pensando em todos esses fatos, entra, agora, o
que chamamos “o coração do projeto”: Vê-los como ser
humano único, com os mesmos direitos de todos os
outros. Cada qual com seu valor, como ser individual com
identidade própria, criado a imagem e semelhança de
Deus; que pensa, chora, ri e com necessidade de se
desenvolver.
38
Nosso objetivo é ir além da parte técnica
(habilidade do aluno junto ao instrumento): é integrá-lo a
sociedade, através do seu desenvolvimento pessoal,
auto-estima e valorização do ser humano.
OBJETIVO
Oferecer a Comunidade do Morro do Borel uma
Escola de Música (Projeto BOM TOM) que atenda a
crianças, adolescentes, jovens e adultos que desejem
aprender instrumentos musicais, tais como: violão,
bateria, cavaquinho, teclado, percussão, flauta doce,
teoria musical, entre outros. Priorizando o relacionamento
entre os alunos, de forma a acompanhar suas dificuldades
e aprendizado.
Oferecendo palestras com temas atuais e
pertinentes a realidade do morro, como: violência, drogas
e gravidez na adolescência. Promovendo assim uma
consciência saudável e atuando em aspectos
fundamentais do desenvolvimento do ser humano.
Alvo
Atender a 100 pessoas da Comunidade Morro do
Borel entre crianças, adolescentes, jovens e adultos na
Escola de Música - Projeto Bom Tom. Com o
compromisso técnico e cidadão.
39
PROJETO CRIARTE
USANDO A ARTE EM FAVOR DA VIDA
A arte humaniza, e se ela humaniza, precisamos
mais do que nunca, da sua utilização no meio educacional
e mais ainda na sociedade de modo em geral. Pois se
temos consciência de que a educação é a base estrutural,
juntamente com a família, de uma sociedade plena,
também temos consciência de que precisamos a cada dia
mais de pessoas comprometidas com essa questão de
humanização dos indivíduos. Humanizar no sentido
completo e pleno da palavra. Mais do que dar condições
aos indivíduos de vivência, de sobrevivência, dar a eles a
oportunidade de serem quem realmente são, com toda
sua individualidade e peculiaridades.
JUSTIFICATIVA
Este projeto surgiu da necessidade que há em
assistir a indivíduos na Comunidade do Morro do Borel,
que passam parte de seu tempo ocioso, sem perspectivas
ou iniciativa profissional.
Algumas mulheres se sentem limitadas pelo fato de
não poderem se ausentar de casa por causa dos filhos e
também por terem deixado os estudos muito cedo, o que
lhes dá um sentimento de incapacidade em relação ao
mercado de trabalho formal.
Propomos como organização o projeto CriArte, que
usa a arte manual, como forma de através do curso e
trabalho incentivá-los a acreditarem em si, desenvolverem
uma melhor qualidade de vida em sociedade, e ainda
obter o retorno financeiro.
40
O processo artesanal difere do industrializado por
um caráter de singularidade e de relação com o objeto,
cada peça de artesanato é única e tem a ver com o
artesão que a fez. O artesão sempre coloca algo de si em
cada produto desenvolvido. Devido a isso acreditamos
que o projeto que valoriza o artesanato e o indivíduo,
contribui para o desenvolvimento comunitário e qualidade
de vida do cidadão.
OBJETIVO GERAL
A partir da Arte manual contribuir para a melhoria
da qualidade de vida da Comunidade, através do
incentivo a autoestima e valorização do indivíduo, criando
condições para o desenvolvimento socioeconômico e
cultural, associado ao desenvolvimento comunitário.
Alvo: Atender a 50 pessoas que tenham interesse
na arte manual, não somente como oportunidade
financeira, mas principalmente como instrumento de
desenvolvimento pessoal.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Promover a disseminação de conhecimentos e
técnicas básicas de artesanato, qualificando e
identificando artesãos na comunidade.
Desenvolver ações de educação profissional para
incentivar a participação comunitária, visando ao
fomento do trabalho coletivo.
Promover palestras e encontros que proporcionem
desenvolvimento pessoal e a melhoria da
qualidade de vida dos alunos.
41
METODOLOGIA
Para critério de matrícula no Criarte será observado
o fator escolar de cada aluno (alunos de 10 a 18 anos
deverão estar matriculados em alguma escola).
Cada aluno tem o compromisso com o curso de
uma taxa mensal, simbólica, de R$ 10,00 para
manutenção e compra de materiais utilizados em sala,
tais como: linhas, tintas, miçangas, pincéis, agulhas,
massa de biscuit, além de xerox e lanche.
Teremos dois encontros semanais de duas horas,
de terça a sábado, que serão realizados no Criarte nos
horários das 9h as 11h peia manhã e das 14h as 17h a
tarde.
Promoção de momentos tanto em aula como fora,
onde sejam ministrados princípios e valores cristãos e
éticos, através de palestras com temas sobre: família,
DST, higiene pessoal, aborto, sexualidade, tendo como
palestrantes convidados de cada área específica.
Realizar saídas em eventos de artesanato e passeios que
integrem o grupo.
42
PROJETO CRECHE SEMENTE
BOREL
FABRICANDO SEMENTES PARA ALIMENTAR
A VIDA
COMO NASCE UMA SEMENTE
O projeto Fabricando Sementes para Alimentar a
Vida, nasceu como fruto de um sonho, desses que ao se
realizar serão capazes de mudar o curso de vidas e
reescrever histórias.
A Semente nasceu no coração de um homem
sonhador, apaixonado por pessoas e inconformado com
os contrastes sociais e econômicos da "Cidade
Maravilhosa".
Pedro Rocha Júnior é esse sonhador, que abriu
mão do seu trabalho na Bolsa de Valores do Rio de
Janeiro, para representar o amor de Deus nas favelas
cariocas. Hoje, como líder do Ministério de Misericórdia
no Rio de Janeiro e missionário de tempo integral no
Borel, tem oferecido para Deus, sua própria vida como
parcela de contribuição para uma sociedade mais humana
e consequentemente melhor!
Pedro veio para o Borel em 1991 e, inicialmente,
implantou com sua equipe o ambulatório médico, que
desde aquela data tem prestado atendimentos à
Comunidade na área de saúde preventiva e curativa,
43
atuando nas diversas situações de doenças e violências
do qual os moradores do morro são alvos
constantemente.
Com o passar do tempo percebeu-se então, que a
maioria dos atendimentos oferecidos pelo ambulatório
atualmente, serão menos frequentes no futuro, se o
trabalho de prevenção for iniciado na infância.
O sonho se tornou um projeto - e o projeto se
tornou uma semente que germinou e tem crescido
gradativamente, alimentando em nossos corações o
desejo de contribuir cada vez mais com a formação de
caráter em nossas crianças: para que cresçam saudáveis
em todas as áreas da vida e a criança enquanto pessoa
seja uma semente e possa gerar a paz que a sociedade
tanto almeja e não consegue promover.
Embora funcione em sistema de creche, a Semente
vai muito além, pois é um núcleo de atendimento a
criança, onde recebem apoio, orientação e suporte
emocional.
A educação é uma das ferramentas utilizadas em
nosso trabalho, para que o amor de Deus possa fabricar
no coração das crianças as sementes que alimentam a
vida.
Desde a sua fundação em agosto de 1996, o
Espaço Semente tem funcionado como uma casa refúgio,
onde as crianças podem vivenciar uma forma criativa e
interativa de aprendizado, recebendo auxílio em seu
desenvolvimento cognitivo, emocional, social e espiritual
44
que contribuirão para a formação de caráter. É para elas e
por causa delas que o projeto Semente 'existe, é para que
cresçam felizes e conscientes da busca por uma
comunidade melhor, onde o respeito ao próximo e o valor
da vida seja cultivado.
Hoje, vivenciamos um processo de reflexão sobre
esses dez anos de história e esperamos obter mais que
avanços de quantidade, também avanços de qualidade
para fazer do Espaço Semente, hoje e sempre um
referencial de educação e amor.
"Agora, pois permanecem a fé, a esperança e o
amor, estes três. Mas o maior destes é o amor".
I Co 13:13
A criança é o princípio sem fim.
"A criança é o princípio sem fim,"
“O fim da criança é o princípio do fim".
Quando uma sociedade deixa matar as crianças,
é porque começou o seu suicídio como sociedade.
Quando não as ama,
é porque deixou de se reconhecer
como humanidade.
Afinal, a criança é o que fui em mim e em meus filhos.
Enquanto eu pessoa e humanidade.
Ela como princípio é a promessa de tudo.
É minha obra livre de mim.
Se não vejo na criança, uma criança,
45
é porque alguém a violentou antes, e o que vejo é o
que sobrou de tudo que lhe foi tirado,
mas essa que vejo nas ruas sem pai e sem mãe,
sem casa, cama e comida,
essa que vive a solidão das noites sem gente por perto,
é um grito, é um espanto.
Diante dela, o mundo deveria parar para começar um
novo encontro,
porque a criança é o princípio sem fim e o seu fim
é o fim de todos nós.
Herbert de Souza
OBJETIVOS
Gerais:
Formar crianças conhecedoras e críticas dos
aspectos socioeconômicos da comunidade,
desenvolvendo nelas a capacidade de reconhecer a
realidade social e propor soluções criativas.
Cultivar sentimentos de solidariedade que promovam
a paz como elo transformador.
Usar as ferramentas da educação para plantar amor,
a fim de que as próximas gerações do Borel possam
colher vida, justiça e paz.
Resgatar e promover alguns princípios fundamentais
para a formação de famílias saudáveis e
46
consequentemente felizes, para que o mundo seja
melhor.
Construir com a criança, a capacidade de se conhecer
enquanto pessoa, e desenvolver seu próprio potencial
e capacidade de lidar com as situações de conflitos e
vencer desafios.
Específicos:
Proporcionar um ambiente em que as diferenças
individuais sejam vistas sem preconceitos e como a
de forma variedade e criatividade, com que Deus
criou cada pessoa e que é exatamente a diferença e a
individualidade de cada um que torna o mundo mais
interessante e criativo.
Incentivar a independência e interdependência na
construção da autonomia da criança, dando-lhe a
oportunidade de viver suas próprias experiências e a
partir delas,sentir-se capa de experimentar, testar,
decidir e assumir as responsabilidades consequentes
das ações e decisões, levando-a, a reconhecer e
respeitar os próprios limites e os limites do próximo.
Oferecer as nossas crianças, a garantia e o
cumprimento dos direitos assegurados no Estatuto da
Criança e do Adolescente - ECA.
Estimular através da convivência e respeito mútuo,
atitudes de contemplação e amor ao próximo, para
que mesmo sendo crianças, elas possam acreditar e
experimentar que é possível ser uma pessoa pacífica
e digna, que não precisa deixar-se estigmatizar ou
influenciar negativamente pela maldade e violência
que tão de perto nos rodeia.
47
PROPOSTA PEDAGÓGICA
No Espaço Semente, desenvolvemos uma ação
pedagógica voltada para os interesses e necessidades
das nossas crianças. Aqui elas são cenário, conteúdo e
matéria-prima de todo trabalho realizado.
Embora o nosso grande motivador não seja a
pedagogia e sim o fator social e humano, desenvolvemos
uma ação pedagógica através das atividades que são
propostas com objetivo de subsidiar a criança na
formação de seu desenvolvimento pleno. Reconhecemos
que a educação é fundamental para que a criança
desenvolva suas habilidades psicomotoras, afetivas e
emocionais, explorando seus sentimentos e criatividade,
a fim de que tenham acesso ao conhecimento de si
enquanto pessoa e do meio em que vive, de maneira
crítica e transformadora.
Com base no Estatuto da Criança e do
Adolescente, nossa metodologia visa garantir os direitos
da criança e oferecer mais que apoio pedagógico,
também a confiança, o respeito e )a amizade, que se
estabelece diariamente na relação com as educadoras.
No início do projeto, mesclávamos apenas as ideias e
filosofia do método proposto por Maria Montessori e
Paulo Freire.
Ao longo do tempo fizemos algumas modificações
e conhecemos melhor o construtivismo (Conjunto de
estudos e pesquisas desenvolvidas a partir da Teoria de
Jean Piaget) adotamos também esta filosofia como uma
ferramenta de trabalho, associada a uma educação
baseada em princípios Bíblicos.
O ato reflexivo e participativo, estão inseridos na
metodologia do nosso trabalho por entendermos que é à
48
partir do nosso pensamento que acontecem as atitudes e
que através da reflexão, elas podem ser praticadas,
repensadas e aprimoradas ou refeitas. A Bíblia Sagrada
nos ensina que todas as intenções, atitudes e palavras,
nascem do coração, sendo assim, cada ação externa é
fruto da visão interna que cada pessoa tem de si próprio
e do mundo em que vive.
Partindo deste princípio Bíblico, procuramos
despertar e estimular na criança o desejo de aprender,
seja com as situações do mundo, sociedade e família
como também peta compreensão da comunicação e o
domínio dela.
Dentro da nossa proposta de trabalho o processo de
alfabetização não é mecânico mas, ao mesmo tempo que
é um processo natural, precisa também ser estimulado de
diversas formas. Para nós interessa principalmente que a
aprendizagem da leitura e da escrita seja a compreensão
das diversas formas de linguagem e utilização pela
criança, para compreender o mundo e intervir no mesmo,
como a semente que ao se tornar uma planta é capaz de
mudar a paisagem do meio ambiente que a recebe.
A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA
Esta participação é uma parceria que tem dado
certo durante esses dez anos de funcionamento do
Espaço Semente.
Nossas ações em conjunto com as famílias, partem
do princípio de que é exatamente na família que o
aprendizado se inicia. A família é o principal agente
socializador, podendo ser tanto a grande solução ou um
grande problema para o desenvolvimento pleno e
saudável da criança.
49
A família pode em potencial, cuidar da educação da
criança sem necessariamente receber ajuda externa, mas
uma escola ou projeto jamais poderá fazer um trabalho
eficaz se a família não for um agente com participação
ativa no processo de educação e socialização.
O ambiente familiar é a prática do dia-a-dia na
formação da criança. É esta prática que resultará em
maior ou menor capacidade que a criança terá para lidar
com as situações positivas e negativas de sua vida. O
comportamento dos pais diante da criança influencia no
seu conceito de mundo e de si enquanto pessoa em
desenvolvimento.
Preocupados em contribuir com este maravilhoso
papel que Deus confiou à família, buscamos valorizar e
ampliar cada vez mais esta parceria através de reuniões
bimestrais, visitas domiciliares nos fins de semana e
festas comemorativas. Diariamente, temos um espaço
reservado para atendê-las e ouvi-las. Diante de suas
queixas, problemas e sugestões nos propõem a orientá-
las da melhor forma e quando necessário auxiliá-las na
busca de soluções. Este momento ocorre no período em
que as crianças dormem e, embora, às vezes cansativo,
esse é um momento muito precioso, pois estabelece entre
a família e o projeto uma relação de confiança e
compromisso e isso se reflete positivamente no trabalho
com as crianças.
PÚBLICO ALVO
Atualmente atendemos 36 crianças de 3 a 5 anos
que vivem em situações de risco social causado pela
violência doméstica e comunitária a que são
constantemente submetidas. Boa parte delas pertence a
50
grupos familiares em situação de extrema pobreza
financeira, afetiva e espiritual.
A maioria dos pais é formada por jovens que
devido à falta de qualificação profissional, não consegue o
sustento necessário para a família. É muito comum
encontrarmos mulheres responsáveis pelo sustento do lar
e avós que depois de criar os filhos criam também os
netos e isso muitas vezes geram conflitos de autoridade e
identidade na criança submetida a essa forma de arranjo
familiar.
Temos um processo de seleção, onde priorizamos
os mais desprovidos das necessidades físicas e
emocional. Esta é uma tarefa difícil, pois o fato de viver
num local com tanta falta de recursos e infraestrutura, já
os denomina como carentes, mas ao visitarmos as
famílias,no processo de seleção, temos a triste
constatação, que mesmo aqui, onde quase sempre se
tem tão pouco, a desigualdade social é gritante, e
enquanto alguns têm pouco, muitos nada têm, À algumas
famílias falta a complementação para uma vida digna e à
muitas falta o essencial. Essa realidade não apenas nega
à criança o direito à infância, mas cruelmente compromete
o futuro.
ATIVIDADES
Chegada:
É o período no qual podemos observar a criança
que através das brincadeiras ou na casinha, expressam
ou refletem sua realidade familiar. Nesse momento a
criança explora sua criatividade utilizando jogos
educativos e interagindo com os demais colegas. Ao som
de música clássica que proporciona em sala de aula um
ambiente calmo e acolhedor.
51
Atividade pedagógica direcionada:
Muito mais que sujeito ativo, a criança é um sujeito
interativo, sendo assim ela constrói, produz
conhecimentos e avança em situações de interação e
interlocução com o outro. Portanto, além do trabalho
individual valorizamos e promovemos constantes
trabalhos em grupo. As atividades são propostas com
estímulos para que a criança possa ousar, criar e não ter
medo de errar. A cada erro a criança é levada ao auto-
conhecimento e à identificação do que já sabe e do que
precisa saber.
As nossas salas são divididas em cantinhos
cuidadosamente estruturados para oferecer à criança
proteção e privacidade. Enquanto brinca nos cantinhos,
as crianças são auxiliadas pelas educadoras a prestar
atenção na atividade do colega ao lado, o que
proporciona a oportunidade de aprender com o outro,
aumentando assim o prazer de brincarem juntos e
desenvolverem a mesma atividade por mais tempo.
Leitura - onde se desenvolve o hábito de ler e o valor da
literatura como uma das grandes ferramentas da
educação.
Jogos - são oferecidos jogos de construção como Lego e
outros que possibilitam não só a criatividade como o
raciocínio lógico e matemático.
Fantoches - onde eles exploram a arte, vivenciam e
criam estórias, utilizam a linguagem oral e corporal, dando
"asas" à criatividade e imaginação.
Espelho- trabalhamos a auto-estima da criança quando
vêem sua imagem refletida no espelho. É uma das áreas
de maior importância, pois o complexo de inferioridade e
52
baixa auto-estima são um dos problemas da comunidade
que afetam nossas crianças.
Casinha- como citamos anteriormente, a casinha é um
excelente meio de conhecimento para o relacionamento e
trabalho em conjunto com as famílias e também a
construção de valores e princípios éticos.
Mochilas- onde aprendem a pendurar e apanhar suas
mochilas e roupas, criando um elo de identidade e
responsabilidade com os objetos pessoais, domínio e
controle.
De tempos em tempos reorganizamos as saias de aula
para estimularmos a curiosidade e a criatividade da
criança. Porém, optamos sempre por preservar os
cantinhos, pois entendemos que eles ajudam a promover
a identidade pessoal da criança e a privacidade,
favorecendo o desenvolvimento de competência,
promover oportunidade para o crescimento individual e
coletivo. Eles também contribuem com a sensação de
segurança e confiança, estimulando a exploração e uso
adequado do espaço.
Roda - É o momento da conversa informal, relato de
experiências e troca de conhecimentos entre os alunos e
o professor. À partir de um determinado tema as
sementes são levadas a refletirem sobre "ser criança"
(vantagens, direitos, deveres, etc.) e desfrutam de
agradáveis momentos de confraternização e interação.
Recreação e Lazer - Esses momentos são variados com
um brinquedo de parque (apelidado por eles como
"brinquedão"), banho de mangueira, de piscina plástica e
atividades na área de laser. Nestes momentos eles
executam coordenação motora ampla como corrida, pulo,
subida e descida em escada e rampa de madeira,
53
arrastamento, arrolamento e exploração de espaço livre.
Como a maioria das casas não possui quintal, utilizamos
os espaços externos da creche para que sejam
explorados pelas crianças em movimentos corporais que
levam a criança a experimentar seu corpo no espaço e a
conhecer o espaço por meio de seu corpo. Mensalmente
organizamos passeios e atividades culturais de acordo
com os temas abordados e trabalhados.
Higiene bucal - É nesta hora em que ensinamos as
crianças noções de saúde bucal e reforçamos a
importância de manter os dentes limpos para prevenir
doenças. Também trabalhamos questões como espera e
organização, pois o monitoramento da escovação, é feito
com cada criança individualmente.
Periodicamente fazemos aplicação de flúor e campanhas
preventivas com o auxílio de profissionais da área de
saúde
Descanso - Esse tempo é separado para que eles
desfrutem de momentos de tranqüilidade e aconchego.
Dia da Beleza - É realizado periodicamente com a ajuda
de voluntários. Montamos um salão de beleza com
massagem capilar, manicure, penteados, cortes de
cabelo, etc. Nos surpreendemos com a reação de euforia
e às vezes de espanto das crianças ao se sentirem
bonitas e valorizadas.
AVALIAÇÃO
O Espaço Semente vem ao longo dos anos
refletindo sobre seu sistema de avaliação quanto ao
aprendizado da criança e também a consciência das
famílias na responsabilidade de contribuir para que o
54
trabalho se desenvolva juntamente com a prática
pedagógica.
A avaliação do trabalho é realizada de forma
constante visando a qualidade do aprendizado individual
e coletivo e todo o processo de ensino-aprendizagem das
nossas crianças proposto pelas atividades realizadas é
avaliado no dia-a-dia.
A avaliação diária norteia o planejamento e o
trabalho com cada família. Nosso maior desafio é que as
famílias assumam seu papel como participantes ativas
das mudanças e progressos tanto na vida de seus filhos,
como na comunidade e sociedade.
Cada decisão tomada e todo o trabalho realizado
no projeto com as famílias são coerentes com a reflexão
de que é avaliando o desenvolvimento de cada criança e
o nosso trabalho em equipe que percebemos que os erros
não são sinônimos de incapacidade, mas oportunidade de
adquirir novos conhecimentos, aprender e aperfeiçoar o
que foi feito. Por isso, cada caminho percorrido, cada
decisão tomada e todo trabalho da creche com as famílias
são realizados coerentes com essa reflexão.
CONCLUSÃO
Concluímos que ensinar crianças dentro da faixa
etária em que temos trabalhado é desafiante, já que os
circuitos que regem a percepção e a capacidade de
absorver e conservar conhecimentos por isso, temos
como meta melhorar e crescer sempre.
A fim de melhorar a cada ano, não nos detemos
somente no que o Espaço Semente pode oferecer mas
nos empenhamos na busca de novos conhecimentos. As
55
visitas e reuniões que realizamos com as famílias são de
orientação familiar sem fins terapêuticos, mas preventivos
quanto a problemas que possam dificultar a construção
do saber da criança e do seu desenvolvimento.
PROJETO DE
INTEGRAÇÃO SOCIAL DO
BAIRRO MARÉ
57
I. CENTRO DE INCLUSÃO:
Educação e Qualificação
Aumento do número de Escolas de Nível
Médio, com inclusão de cursos
profissionalizantes, atendendo à demanda
local.
Regularização das creches e pré-escolas
existentes, investindo na melhoria das
instalações e capacitação profissional.
Redimensionar o programa EJA – Educação
de Jovens e Adultos, adequando-o à
demanda existente.
Desenvolvimento de programas de interativi-
dade escola/comunidade, numa contribuição
efetiva à dinâmica das vidas de seus
educandos nas comunidades.
Serviço Social – inclusive informação sobre
oportunidades de trabalho
Instalação de Centros Sociais que facilitem a
emissão de documentos (Carteira de
Trabalho, Registro de Nascimento); que
orientem a procura por emprego e procedam
ao encaminhamento.
Instalação de Comissão de Direitos
Humanos, que auxilie os moradores e
amenize a violação desses direitos quanto
aos excessos da ação policial e criminal.
58
Programa de Saúde da Família
Ampliação do número de Postos de Saúde e
das especialidades médicas nos já
existentes.
Implantação de atendimento odontológico.
Implantação de Centros de Apoio Psicológico
a dependentes químicos e familiares.
Instalação de Centros de Apoio à Mulher e
Adolescentes nos diversos pontos da
comunidade.
Cultura / Entretenimento / Esportes
Reativação da programação da Lona Cultural
e da Vila Olímpica.
Implantação de programas esportivos, como
tênis, basquete, handebol, vôlei, futsal,
usando os espaços das escolas municipais
nos fins de semana, numa parceria com
universitários dos cursos de educação física.
Utilização dos espaços das escolas para
aulas de percussão, teatro, capoeira, dança
afro, break, graffiti, entre outras. Essas
atividades podem contribuir para uma maior
interação entre escola e comunidades,
melhorar o desempenho escolar e diminuir a
evasão escolar.
59
Desenvolvimento de projeto pedagógico, com
o objetivo de desvincular o baile funk da
criminalidade, desta forma estabelecendo o
seu papel de “cultura produzida na favela”.
Implantação de telecentro (para inclusão
digital)
Inclusão digital através dos Centros Sociais e
Escolas.
II. OUTRAS NECESSIDADES:
Casas Populares
O bairro tem grande quantidade de famílias
morando de aluguel em pequenas quitinetes.
Dessa forma, é necessário fazer um
levantamento a fim de descobrir qual o déficit
habitacional, para a construção de novas
casas populares.
A regularização fundiária também ainda é um
problema enfrentado pelos moradores do
bairro. A falta de regularização de suas
residências os impede de exercer sua
cidadania de forma plena. Ainda são muito
poucos os moradores que possuem escritura
definitiva de suas casas.
Segundo os dados do Censo Maré (2000), a população é de 132 176
habitantes ocupando 38 273 domicílios em um território de cerca de
800 mil m².
60
Infraestrutura
A falta de arruamento adequado nas
comunidades mais antigas impede a entrada
de serviços básicos, como correios e coleta
de lixo.
A iluminação pública também é um problema
e precisa de manutenção constante. Mais
de 50% da iluminação nas ruas na maioria
das comunidades do bairro vem das casas e
comércio dos moradores.
Regularização de serviços de
correspondências e coleta de lixo.
É preciso investir em Transporte Coletivo.
Linhas especiais ligam o bairro a Zona Sul e
ao Centro da cidade, mas com horários ainda
muito aquém da demanda local.
Regulamentação e fiscalização do transporte
alternativo.
O transporte permanente que atende aos
moradores de forma mais satisfatória são os
alternativos (moto-taxi e kombis), que mesmo
assim, são marcados pela precariedade, falta
de manutenção e regulação por parte da
prefeitura, na sua grande maioria.
Serviços Essenciais
Acesso a serviços de fornecimento de TV a
cabo e Internet Banda Larga.
Implantação de serviços bancário e postal
dentro da comunidade.
61
III. ANEXO: Texto completo do Projeto “Maré
2016”.
COORDENAÇÃO – EQUIPE:
- Francisco Marcelo da Silva
62
ANEXO
PROJETO MARÉ 2016
Por uma Cidade para tod@s!
Proponente: Francisco Marcelo da Silva1
1
Morador da Comunidade Vila do João – Maré.
63
Apresentação
O bairro Maré surge em meados da década de
1940 do séc. XX. Localizado na Zona da Leopoldina, o
bairro Maré nem sempre ostentou esse status, pelo
contrário, até hoje ainda traz consigo a denominação
pejorativa e preconceituosa de Complexo da Maré.
Denominação essa que é fortalecida e reproduzida pelas
instituições públicas que teimam em não reconhecerem o
decreto municipal de 1994 que elevou a Maré ao status
de bairro.
O bairro Maré no início das décadas 40 e 50 era
composto por 6 comunidades: Morro do Timbau (1940),
Baixa do Sapateiro (1947), Parque Maré (1953), Parque
União (1961), Rubens Vaz (1961) e Nova Holanda (1962).
A partir de 1979 com o Projeto Rio, são construídos
sucessivamente os Conjuntos Habitacionais Vila do João
(1982), Conjunto Esperança (1982), Vila dos Pinheiros
(1989) e Conjunto Pinheiros (1989). Em 1994 com a
integração do bairro as Regiões Administrativas (XXX RA)
mais três Comunidades são incorporadas: Marcílio Dias
(1948), Roquete Pinto (1955) e Praia de Ramos (1962).
Na década de 1990 o governo municipal criou mais três
Comunidades para abrigar moradores retirados de áreas
de risco: Bento Ribeiro Dantas (1992), Nova Maré (1996)
e Salsa e Merengue (2000). Todos esses conjuntos
habitacionais faziam parte do Programa Morar Sem Risco
– Prefeitura do Rio de Janeiro.
Sendo assim, a Maré é um território com uma
localização privilegiada no Rio de Janeiro. Está situada
entre as principais vias de acesso a diferentes bairros da
cidade, Linhas Amarela e Vermelha e Avenida Brasil;
próxima ao Aeroporto Internacional do Galeão e a Zona
64
Portuária. Em relação à população do município do Rio de
Janeiro, representa 2,26% do total de habitantes. Se a
Maré fosse um município ela ocuparia a 11ª posição, em
termos de população, comparada aos municípios da
Região Metropolitana e a 17ª posição em relação aos
municípios do Estado do Rio de Janeiro.
Não há dúvidas da importância do bairro Maré para
um maior desenvolvimento da cidade e, principalmente,
pela sua localização, população, potencial social e
econômico merece um melhor tratamento por parte do
setor público e privado. Como toda Comunidade de
Origem Popular no Rio de Janeiro a Maré também sofre
com as precariedades e fragilidades das políticas
públicas. A proximidade da revitalização da zona
portuária, a copa do mundo de 2014 e as Olimpíadas de
2016 podem transforma o bairro Maré a ponto de
transformá-lo no grande legado para a cidade do Rio.
Vamos tentar apresentar aqui algumas das iniciativas
(propostas) que entendemos poderiam ser implementadas
pelos setores públicos e privados (principalmente
públicos) que podem contribuir para um melhor
desenvolvimento sustentável do bairro e,
consequentemente, da cidade como todo. Vamos tentar
apresentar nossas propostas separadamente por tópicos
temáticos.
65
Tópico 1 – Infraestrutura
A Maré é formada por 16 Comunidades, dessas, 10
são conjuntos habitacionais implementados por setores
dos governos municipal e federal, as outras 6 são
resultado da ocupação voluntária e marcadas pela
autoconstrução popular. Como não houve pelos órgãos
públicos um acompanhamento, um monitoramento para
manutenção e preservação desses condomínios, muitos
deles hoje apresentam vários problemas de infraestrutura
e precisam de reparos e ampliação de vários serviços
essenciais:
a) Segundo os dados do Censo Maré (2000), a
população é de 132.176 habitantes ocupando 38.273
domicílios em um território de cerca de 800 mil m². Isso
demonstra que o grande problema na Maré não é a alta
densidade demográfica, mas sim, a alta densidade
residencial. O bairro tem uma grande quantidade de
66
família morando de aluguel em pequenos quitinetes,
dessa forma, é necessário fazer um levantamento a fim
de descobrir qual o déficit habitacional para a construção
de novas casas populares;
b) A regularização fundiária também ainda é um
problema enfrentado pelos moradores do bairro. A falta de
regularização de suas residências os impede de exercer
sua cidadania de forma plena. Ainda são muito poucos os
moradores que possuem escritura definitiva de suas
casas;
c) O acesso a serviços importantes como fornecimento
de TV a cabo e Internet banda larga não são acessíveis a
todos moradores, forçando-os, muitas das vezes a
contratar esses serviços de fornecedores clandestinos;
d) A falta de arruamento adequado nas comunidades
mais antigas impede a entrada de serviços básicos como
correios e coleta de lixos. No caso do lixo os moradores
são obrigados a juntá-los em terrenos baldios
contribuindo, assim, para a proliferação de ratos, insetos,
mau cheiro e doenças;
e) A iluminação pública também é um problema e
precisa de manutenção constante, mais de 50% da
iluminação na ruas na maioria da comunidades do bairro
vem das casas e comércio dos moradores.
67
Tópico 2 – Serviços Social e Saúde
a) É preciso investir em transporte coletivo. Como
informamos acima o bairro tem uma dimensão territorial
de mais de 800 mil m² e conta com algumas linhas
especiais que ligam o bairro a zona sul e ao centro do da
cidade, mas com horários e saídas específicos e ainda
muito aquém da demanda local. O transporte permanente
que atende aos moradores de forma mais satisfatória são
mototáxi e as Kombi, que mesmo assim, são marcados
pela precariedade, falta de manutenção e regulação por
parte da prefeitura, na sua grande maioria;
b) Todo o bairro conta apenas com uma lotérica,
localizada na comunidade Nova Holanda, para poder
pagar suas contas e, dependendo do caso e do banco,
sacar e fazer depósitos. Se analisarmos que muitos
68
desses moradores não vão à Nova Holanda por receio da
ação de grupos criminosos locais, podemos afirmar que
mais de 90% da população não tem acesso a esse
serviço essencial. No caso dos correios o problema é
mais grave, pois não há esse serviço em nenhuma
comunidade do bairro. Dessa forma os moradores são
obrigados a se deslocarem para o bairro de Bonsucesso
se quiserem manter suas contas em dia;
c) No que tange ao gênero, a presença feminina é
majoritária na Maré (66.976). Em relação à faixa etária, é
significativa a presença de criança de 0 a 14 anos,
representando 30% do conjunto da população do bairro,
ou seja, quase 1/3 da população é formada por crianças e
pré-adolescentes. Dessa forma, seria de suma
importância para o bairro a instalação de Centros de
Apoio a mulher e adolescentes. A Maré consta apenas
com um Centro de Apoio a Mulher numa parceria com a
UFRJ e que funciona na Comunidade Vila do João, em
relação aos adolescentes esse acompanhamento é
geralmente realizado por algumas ONGs do bairro, mas
que não conseguem atender a demanda.
d) O bairro precisa de Centros Sociais que ofereçam
cursos profissionalizantes, acesso a Internet, emissão de
documentos para a busca do primeiro emprego, registro
de nascimento, encaminhamento para emprego, etc.;
e) No campo da Saúde a Maré conta com apenas 6
postos de saúde ambulatoriais e uma Unidade de Pronto
Atendimento – UPA. Os moradores reclamam das
dificuldades para marcar as consultas e da falta de
especialistas. No caso da UPA, há uma precariedade dos
serviços e falta de médicos especializados. Serviços
como odontologia, que muitas vezes são oferecidos por
69
“centros sociais” mantidos por políticos fisiológicos. É
necessária a instalação urgente de centros de apoio
psicológico aos dependentes químicos e seus familiares;
f) O bairro é marcado por confrontos violentos entre
grupos armados e entre esses e a polícia. Há quase
sempre relatos de moradores quanto aos excessos da
ação policial e criminal, desta forma, é de extrema
necessidade a instalação de uma Comissão de Direitos
Humanos que auxilie os moradores e amenize a violação
desses direitos.
Tópico 3 - Cultura e Entretenimento
No que se refere a cultura e entretenimento o bairro
ainda precisa melhorar muito. A Maré apresenta apenas
uma Lona Cultural, infelizmente marcada pelo abandono.
Há também uma Vila Olímpica, um museu comunitário
organizado por uma ONG. Tanto o museu, como a lona
cultural e a vila olímpica localizam-se em áreas
dominadas por diferentes facções criminosas o que
70
dificulta a circulação e o acesso dos moradores a locais,
principalmente os jovens. A principal atividade de lazer
dos jovens no fim de semana são os bailes funks, muito
recriminados pela polícia e a sociedade como um todo.
a) Tendo em vista a grande demanda para a Vila
Olímpica e as fronteiras invisíveis impostas pela violência,
pensamos que uma iniciativa interessante seria investir
em projetos esportivos como tênis, basquete, handebol,
vôlei, futsal, usando os espaços das escolas municipais
nos fins de semana numa parceira com universitários dos
cursos de educação física.
b) Os espaços das escolas também poderiam ser
usados para aulas de percussão, teatro, capoeira, dança
afro, break, graffiti, entre outras. Essas atividades podem
contribuir para uma maior atividade entre escola e
comunidades, melhorar o desempenho escolar e diminuir
a evasão escolar;
c) Os bailes funks já fazem parte da cultura carioca,
dificilmente as casas de show no Rio de Janeiro deixam
de executar as canções nas noites cariocas. O problema
são os funks de apologia às drogas, ao tráfico e a
pedofilia. É importante lembrar que não combateremos
esse funk do mal com repressão as equipes de som que
organizam os bailes nas favelas e é ingenuidade achar
que o funk existe nas favelas para os traficantes
venderem drogas, mesmo sem funk as pessoas irão
consumir entorpecentes. Os bailes funks fazem parte da
cultura produzida na favela, assim como o samba, o
pagode etc. O processo tem que ser pedagógico,
mostrando sempre os males que o chamado funk do mal
pode causar aos jovens moradores de favelas,
principalmente.
71
Tópico 4 – Educação e Qualificação
Em relação à educação, os dados do Censo Maré
2000 nos mostram que 94% das crianças em idade
escolar (7 a 14 anos) estavam regularmente matriculadas,
mas ainda existiam 6% fora da escola.
Em um levantamento feito pelo Observatório Social
da Maré, paralelo às atividades do Censo, um conjunto de
fatores como desemprego dos pais, ingresso precoce no
mercado de trabalho e doenças que atingiam um ou mais
membros da mesma família, poderiam explicar a ausência
ou o abandono da escola.
Ainda em relação às escolas, havia uma
incompatibilidade na relação entre oferta de vagas e a
procura. Pelo levantamento ficou explícito que nas áreas
onde havia conflitos armados a procura por vagas era
72
menor, o que consequentemente, aumentava a procura
nas escolas situadas em áreas menos vulneráveis a
esses conflitos.
Um elemento que contribui para um universo
elevado de crianças matriculadas no ensino fundamental
é a quantidade de escolas que atendem a esse segmento,
localizadas na Maré. Ao todo são 16 escolas públicas. Por
outro lado, em relação ao Ensino Médio, os números não
são os mesmos. Apenas 3 escolas atendem a esse
público, dessas, 2 atendem apenas no horário noturno.
Continuando assim os jovens que não conseguem
matrículas nessas escolas e que apresentam dificuldade
para estudar fora do bairro estarão fadados a não cursar o
ensino médio. Temos ainda uma elevada taxa de
analfabetismo entre os adultos acima de 14 anos,
chegando a 8%, segundo os dados do Censo Maré.
Como podemos perceber o bairro não possui
nenhuma escola que ofereça curso técnico. Há tempo o
Colégio Bahia, que oferece ensino médio noturno,
oferecia ensino médio profissionalizante nas áreas de
administração e contabilidade, mas agora, apenas o curso
de Formação Geral que tem duração de 4 anos.
O bairro tem uma boa oferta de creches e pré-
escola, a grande maioria particular e sem autorização da
prefeitura. É preciso investir na melhoria da infraestrutura
das escolas, na qualificação dos professores e rever as
demandas de vagas para o ensino médio e Educação de
Jovens e Adultos. As escolas precisam interagir com as
comunidades do bairro, pois da forma como está não
passam apenas de feudos sem nenhuma contribuição
efetiva na dinâmica das vidas de seus educandos nas
comunidades. Dessa forma, acabam contribuindo para
73
aumentar, ainda mais, o desinteresse dos educandos
pelos conteúdos curriculares quase sempre distantes da
sua realidade.
Segurança Pública e Direitos Humanos
A charge e as fotos são fortes. Essas são imagens
do assassinato de Matheus, de 8 anos, morto por um
policial militar, ao sair de casa para comprar pão. Isso
demonstra um pouco como é a ação da polícia nas
comunidades do bairro.
74
O bairro Maré é tratado pela Secretaria de Segurança
como território hostil, reduto de traficantes e pessoas da
pior espécie. O policial tem dificuldades de distinguir entre
um menino de 8 anos e um traficante. Ou será que todos
as crianças e jovens do bairro são criminosos em
potencial? Daí a estratégia seria eliminá-los? O caso de
Matheus não é diferente do caso de Renan (3 anos),
Felipe (17 anos), Ramon (11) e muitos outros. Diante
dessa realidade, que política de segurança podemos
propor?
O grande debate hoje gira entorno da instalação
das Unidades de Policiamento Pacificadoras, já
implementadas em 7 comunidades populares da zona sul
do Rio de Janeiro. Acompanhando a euforia da grande
mídia e os depoimentos de alguns moradores que foram
muitos receptivos a essa política, ficamos apreensivos.
Enquanto morador fica difícil não estar de acordo com a
proposta da UPP, até porque conviver com o tráfico é
muito difícil, só nós sabemos o que passamos.
Mas, apesar dessa situação incomoda, vivemos em
um Estado de Direitos e não podemos aceitar a
implantação de um regime quase ditatorial. A UPP opera
na lógica do controle sobre o território, até ai nenhuma
diferença do tráfico e das milícias. Não vem para garantir
a soberania, chega pra ser a soberania. Esse tipo de
política dentro de um estado republicano de direito é
inadmissível.
Somos a favor de uma política de valorização da
vida; de retomada da soberania urbana; pela integração
da cidade; pelo respeito aos direitos humanos.
Reconhecemos os avanços da política implementada pela
secretaria de segurança, mas pensamos que é preciso
75
aperfeiçoá-la. Parece que o que resta para o cidadão de
bairros populares como a Maré é escolher entre “o menos
pior”. Não podemos trocar uma ditadura do tráfico/milícia
pela ditadura da polícia. É preciso respeitar os Direitos
Humanos valorizando a vida de nossas crianças e nossos
jovens. A polícia do Rio de Janeiro é a que mais mata e a
que mais morre. É preciso dar um fim nesse morticínio.
PROJETO DE
INTEGRAÇÃO SOCIAL DA
COMUNIDADE
DE MANGUINHOS
77
I. CENTRO DE INCLUSÃO:
Educação e Qualificação
Ampliação de vagas no segundo segmento do
Ensino Fundamental.
Ampliação de vagas de Educação Infantil
(creches).
Efetivação da construção do Colégio Pedro II,
prometido à Comunidade de Manguinhos pelo
Governo Federal.
Criação de um centro de capacitação de jovens
e adultos.
Programa de Saúde da Família
Ampliação do Programa de Saúde da Família.
Criação de um centro de reabilitação para
dependentes químicos.
Cultura / Entretenimento / Esportes
Construção de Vila Olímpica nos moldes da já
existente na Mangueira.
Atividades Culturais.
II. OUTRAS NECESSIDADES:
Saneamento
Projeto de saneamento para todas as
Comunidades, e não somente onde estão
sendo construídos os apartamentos do PAC de
Manguinhos.
78
Casa Popular
Inclusão de outras Comunidades do Complexo
de Manguinhos no PAC.
Inclusão automática das pessoas que não foram
incluídas no PAC, no projeto “Minha Casa
Minha Vida”, aproveitando o Censo já existente
em Manguinhos.
Serviços Essenciais
Implantação de sistema de transporte
legalizado, que possa atender às necessidades
de cada Comunidade.
COORDENAÇÃO – EQUIPE:
- Marcelo Radar e equipe do Fórum Social de Manguinhos.
79
80
PROJETO DE
INTEGRAÇÃO SOCIAL DA
COMUNIDADE DE
VIGÁRIO GERAL
(AFROREGGAE)
81
FORTALECIMENTO ARTÍSTICO E SOCIAL
I. OFICINA DE PERCUSSÃO
Objetivo
Estimular a percepção musical, através da
exposição da diversidade de ritmos existentes
no País.
Utilizar a arte e a cultura afro-brasileira como
instrumento de transformação, formando agentes
multiplicadores da cidadania.
Promover a valorização do conhecimento e sua
ampliação através da arte, usando a música
percussiva como viés, ou pano de fundo, para a
garantia de seus direitos.
Conteúdo
Técnicas utilizadas no manuseio de
instrumentos, afinação, audição, timbres e outras
técnicas pertinentes à oficina. Temas que serão
trabalhados ao longo das oficinas: ECA, família,
violência (em todas as suas dimensões: urbana,
sexual, doméstica), sexualidade, redução da
maioridade penal, etc.
II. OFICINA TAI CHI CHUAN
Este estilo de arte marcial é reconhecido também
como uma forma de meditação em movimento.
82
Os princípios filosóficos do Tai Chi Chuan
remetem ao Taoísmo e a Alquimia Chinesa. A
relação de Yin e Yang, os Cinco Elementos, o Ba
Gua (Oito Trigramas), o Livro das Mutações (I
Ching) e o Tao Te Ching de Lao Zi são algumas
das principais referências para a compreensão
de seus fundamentos. O Tai Chi Chuan tem suas
raízes na China, sendo atualmente uma arte
praticada no mundo todo. É apreciado no
ocidente especialmente por sua relação com a
meditação e com a promoção da saúde.
Objetivo
O Tai Chi Chuan trabalha o fortalecimento corporal,
o equilíbrio das emoções e exercita a atenção.
Movimentos do Tai Chi Chuan
- São suaves e as formas circulares devem
ser executadas em um mesmo ritmo;
- O equilíbrio é fundamental, na hora da
atividade é importante não inclinar para
nenhum dos lados;
- O tronco deve ficar ereto e o peso do
corpo no meio dos pés, assim você não irá
cansar.
As vantagens do Tai Chi Chuan são inúmeras,
tanto para o corpo quanto para mente. Outro
fator importante é a desintoxicação orgânica, ele
faz você transpirar bastante, estimula o
metabolismo e restaura o funcionamento dos
83
órgãos. Confira outras vantagens proporcionadas
por essa arte milenar:
- Diminui problemas articulares;
- Regula as funções cardiovascular,
respiratória, digestiva e hormonal;
- Aumenta a flexibilidade e força muscular;
- Desenvolve a coordenação motora;
- Melhora o equilíbrio;
- Alivia o estresse;
- Auxilia na diminuição da ansiedade;
- Estimula a circulação sanguínea;
- Colabora no tratamento da osteoporose;
- É utilizado no tratamento da depressão.
Metodologia
Os princípios fundamentais e a metodologia de
treino do Taijiquan chegam-nos aos dias de hoje
através dos clássicos, poemas que são deixados
pelos grandes mestres, que nos ajudam a
perceber quais as características que regulam a
prática. Tal como no Qigong, o termo usado é
regular e é composto por cinco elementos Wu
Tiao:
- Regular o Corpo (Tiao Shen);
- Regular a Respiração (Tiao Xi);
- Regular a Mente (Tiao Xin);
- Regular o Qi (Tiao Qi);
- Regular o Espírito (Tiao Shen).
III. OFICINA DE DANÇA
84
Objetivos
Favorecer o desenvolvimento de um
conhecimento técnico que possibilite ao corpo
um melhor equilíbrio na execução de movimentos
e elevação de pernas. Aprimorar a execução de
pequenas e grandes piruetas.
Contribuir para a obtenção de maior qualidade na
limpeza de movimentos, homogeneização nas
posições de braços, alinhamento de quadris e
posição de pés, favorecendo a tonificação.
Conteúdo:
- Coordenação Motora;
- Destreza;
- Equilíbrio;
- Sentido Sinestésico;
- Noções de Ritmos;
- Percepção Visual e Auditiva;
- Memória;
- Hábitos e Atitudes.
Estratégia
Elaboração e ensaio de coreografias, exercícios
de barra com técnica de dança clássica,
exercícios de flexibilidade, alongamento e
deslocamento em diagonal e apresentação de
espetáculos.
85
IV. GRUPOS ARTÍSTICOS
Hoje temos nove grupos artísticos com sede em
Vigário Geral. Grupos que são formados por
moradores da comunidade.
Vigário Geral se tornou um polo de cultura e de
formação artística, chegando a exportar seus
talentos. Hoje trabalhamos as mais variadas
linguagens artísticas. Ao mesmo tempo em que
trabalhamos a autoestima destes jovens, a
sustentabilidade e uma possível profissão.
AFRO LATA
É uma banda formada por jovens de Vigário
Geral que, à falta de instrumentos convencionais
de percussão, começaram a tocar com pedaços
de cabo de vassoura, latões de óleo, tonéis e
baldes de plástico, transformando o lixo em
instrumentos musicais: a precariedade em arte.
Com esse formato, o grupo se tornou uma das
principais expressões do trabalho desenvolvido
pelo AfroReggae na comunidade. Consolidou seu
lugar no rol dos grupos criativos,
transformadores, esteticamente radicais.
AFRO MANGUE
O Afro Mangue é uma herança do trabalho
desenvolvido pelo Afro Lata. Oriundos da mesma
região - no trecho da comunidade conhecido
como Brasília - os jovens dessa banda
começaram ensaiando por conta própria, nos
86
finais de tarde após a aula na escola, num local
muito próximo ao mangue e ao viaduto que une a
favela ao bairro de Vigário Geral. O Afro Mangue
traz o Maracatú, o Samba-Funk, o Samba-
Reggae e muitos outros ritmos comuns à cultura
brasileira e os transforma numa rica e variada
demonstração de força da música popular.
TRIBO NEGRA
Tribo Negra é a demonstração que a usina
musical de Vigário Geral não para, sempre
originando novas formas de expressão. Sua
sonoridade traz uma mistura forte, baseada no
funk e no samba-reggae, além de ingredientes de
maracatu, reggae e baião, tocados em
instrumentos percussívos de peso como surdos,
repenique, timbaus e caixas de guerra.
MAKALA MÚSICA & DANÇA
Makala Música & Dança é o Subgrupo do
AfroReggae que reúne duas linguagens artísticas
constantemente trabalhadas pelo grupo que -
formado por 5 percussionistas e 13 dançarinos -
misturam a dança contemporânea e a dança
afro.
PÁRVATI
Esta é uma banda de rock. Assim como a Akoní,
trata-se de uma banda formada exclusivamente
por meninas. A Párvati representa o empenho do
87
Grupo Cultural AfroReggae no sentido de
incrementar e consolidar o papel das mulheres
no interior do grupo, tanto sob o ponto de vista
social quanto do artístico. Párvati é uma
divindade indiana, esposa de Shiva e mãe de
Ganesha.
AFRO SAMBA
Com um repertório que passeia pelo melhor da
tradição do samba, desde o mais antigo ao mais
atual, o Afro Samba aprimorou a qualidade
técnica dos seus músicos, aprofundou a
pesquisa de repertório e aproximou-se de nomes
importantes da cultura do samba. Arlindo Cruz e
Dorina sacramentaram, com a bênção do samba,
o batismo do grupo, tornando-se desse modo o
padrinho e a madrinha do grupo. O Afro Samba
atua em um campo em que se torna evidente o
sentido histórico e comunitário do samba, o seu
papel como resistência, a afirmação de uma
identidade e a sua importância como herança
negra para a cultura brasileira.
KITÔTO
Em 2002, o baixista da banda AfroReggae Jairo
Cliff pôs guitarra, baixo, bateria e percussão na
mão de cinco jovens de Vigário. Depois foi só
ensaiar os acordes do gênero que consagrou
Bob Marley e pronto: nasceu a banda Kitôto. O
88
nome tem origem numa região da Tanzânia, e
que evoca a terra mãe - África.
AKONÍ
O nome Akoní vem do Iorubá, significa "pessoa
corajosa e forte". Coragem e força, sentimentos
que estas meninas tiveram de sobra para se
constituir. Para conquistar seu lugar, afirmar seus
gestos e sua presença no mundo. Ao vê-las
cantando, tocando e dançando com a
desenvoltura que lhes é própria, dá pra pensar
que Akoní representa a coragem, sim. Mas a
coragem de mudar o mundo, de redefinir os
destinos, de marcar o lugar onde a diferença é
um convite para que se caminhe junto.
TRUPE DE TEATRO
A Trupe de Teatro AfroReggae é composta por
jovens dos mais diferentes locais, mas
participantes de um cotidiano igualmente difícil.
Artistas movidos pelo talento, pelo trabalho e
pela alegria em atuar, que tratam sua arte como
forma de produção, uma espécie de poesia
participante que não abre mão de seu espírito
criativo e coletivo. Seu espaço de produção é o
chão da favela, mas seu lugar é o mundo.
89
COORDENAÇÃO – EQUIPE:
- José Júnior – Coordenador-geral do AfroReggae
- Vitor Onofre – Coordenador do Núcleo AfroReggae -
Vigário Geral
- Washington Feijão – Agente de Projetos
- Luciano Marques – Responsável pelo Projeto de
Integração Social
- Roberto Chaves – Coordenador do Projeto Papo de
Responsa
90
PROJETO DE
INTEGRAÇÃO SOCIAL
DA COMUNIDADE DE
CIDADE DE DEUS
91
I. CENTRO DE INCLUSÃO:
Educação e Qualificação
Implantação de Escola de Ensino Médio, com
cursos profissionalizantes.
Com 13 escolas e apenas uma de Ensino
Médio na Cidade de Deus, a reivindicação
para a implantação de um Colégio de Ensino
Médio de excelência e qualidade é
fundamental. Havíamos negociado com o
Ministério da Educação e a Direção anterior
do Colégio Pedro II a instalação de uma
unidade na Cidade de Deus. Apontamos,
então, um prédio que já fora antes uma
escola (hoje, com apenas uma creche
funcionando), como espaço disponível para
esta negociação. Em 2004, durante um
Fórum de Educação na Cidade de Deus, este
tema foi discutido com a Comunidade, com
ampla participação de jovens.
Atualmente, sabemos que a nova Direção do
Colégio Pedro II não tem interesse na
implantação de unidade na Cidade de Deus.
O Governo do Estado assumiu as
negociações e pretende transferir a única
Escola de Ensino Médio que já temos, para
este espaço. Ou seja, não ganhamos nada,
apenas continuamos com o que já tínhamos
e não é suficiente.
92
Serviço Social – inclusive informação sobre
oportunidades de trabalho
Articulação de todos os Projetos é um desafio
necessário para potencializar Recursos e
Ações.
O Comitê Comunitário /Agência tem
atualmente parceria com a FIRJAN, para
desenvolvimento de cursos de qualificação
em Cidade de Deus. Desde o final de 2009,
as três esferas de Governo têm articulado o
desenvolvimento de ações com jovens e
adultos na geração de trabalho e renda, sob
a ótica da Economia Solidária. A Agência
Cidade de Deus de Desenvolvimento
Comunitário / Comitê tem um prédio alugado
na Rua Edgard Werneck nº 1635 (localização
centralizada e de fácil acesso), com
dependências adequadas para cursos.
Implantação de programa para inserção de
jovens no mercado de trabalho, com
qualificação.
Implantação de programa para adultos fora
da perspectiva de mercado, em atividade de
geração de renda, que consolide uma rede
qualificada de produção de bens e serviços
alavancando o crescimento do comércio
local, baseado numa pesquisa de
potencialidade de mercado.
A contratação de mão de obra local e
preferencialmente de cooperativas locais na
área da construção civil.
93
Programa de Saúde da Família
Ver Anexo.
Cultura / Entretenimento / Esportes
Faltam na Comunidade espaço de lazer e
cultura, que possa aglutinar jovens e adultos.
Ressaltamos que atividades socioculturais e
esportivas são desenvolvidas na comunidade
por instituições comunitárias, muitas vezes
com amadores abnegados e voluntários. A
comunidade tem uma profusão de artistas,
cantores, grupos diversos de expressão
artística, cultural e de esportes. Qualquer
iniciativa pública deverá considerar esta
experiência acumulada, bem como os
artistas, dando melhores condições de
trabalho.
Observamos que em momentos de organiza-
ção e proposição de novas iniciativas, as
produções anteriores são esquecidas e a
contratação de mão de obra externa mantém
afastados aqueles que tanto contribuíram
com a Comunidade.
Existem prédios públicos e particulares que
poderiam ser transformados em espaços
públicos para atividades culturais e artísticas.
Não recomendamos propostas como lonas
culturais, que acabam sendo caras e nem
sempre atingem o objetivo de inclusão dos
jovens. .Recomendamos equipamentos
públicos, com responsabilidade do poder pú-
94
blico na manutenção e gestão compartilhada
com a comunidade.
Implantação de telecentro (para inclusão
digital)
Instalação de programa de inclusão digital em
prédio já predestinado. A Agencia Cidade de
Deus de Desenvolvimento Comunitário /
Comitê tem um prédio alugado na Rua
Edgard Werneck nº 1635 (localização
centralizada e de fácil acesso) que conta com
uma rede de computadores, disponíveis para
cursos de inclusão digital.
II. OUTRAS NECESSIDADES:
Casas Populares
Esclarecimento, com a maior transparência
possível, dos projetos impactantes para a
Cidade de Deus.
O que nos preocupa atualmente é que, além
de déficit habitacional, a ameaça de remoção
de quadras em função da ampliação da
malha rodoviária traz insegurança aos
moradores, principalmente com o anúncio da
construção do corredor T5, ligando os bairros
da Penha à Barra.
Outra questão preocupante é que, sem saber
de possíveis projetos de habitação,
recentemente os moradores de "triagens" têm
95
sido abordados com propostas de aluguel
social, remoção para outras comunidades ou
indenização. No entanto, não lhes foi
apresentado nenhum projeto, não sabem do
que se trata e o clima de medo cresce entre
os moradores. A Comunidade fica
vulnerável e sente-se ameaçada por
possíveis remoções.
Iniciativas necessárias com relação à
habitação:
 Bairro desde 1988 e com várias favelas no
seu entorno, existem áreas de extrema
pobreza, onde o déficit habitacional é mais
grave. Justamente nestas áreas há um
crescimento maior. E as construções,
sem acompanhamento técnico, proliferam
em plena verticalização, o que torna as
questões de saúde e segurança mais
comprometidas. Com isso cresce o risco
de doenças infectocontagiosas na
Comunidade. Consideramos as favelas
do entorno e as áreas de Triagem
prioridade absoluta e urgente para serem
enfrentadas pelas três esferas de
Governo.
 Titularidade das casas, com parcelamento
das custas notariais.
 Desmembramento e Regularização
Fundiária dos lotes das quadras Pára
Pedro: são casas germinadas, construídas
em 1966, por ocasião das grandes
96
enchentes no Rio de Janeiro, em áreas
destinadas ao Município do Rio de Janeiro,
e construídas pela CEHAB. O terreno
pertence à Prefeitura, as casas à CEHAB
e os moradores não tem título.
 Titularidade dos projetos construídos mais
recentemente.
 Obras nas áreas das “triagens”: com
discussão ampla, aberta, para que os
moradores tenham direito de escolher a
solução que mais os atenda – se
indenização, se aluguel social durante o
período de obras, ou remoção para outros
espaços, sempre cumprindo o Estatuto
das Cidades.
 A reforma de casas em risco, ou por
segurança ou por insalubridade, com apoio
técnico e financiamento da Caixa
Econômica Federal, para que os
moradores possam fazer reformas e
melhorias habitacionais, para ter uma
habitação mais saudável.
 Financiamento, com apoio técnico, para
ampliação e reforma de casas duplex e
apartamentos.
 No caso de uma ação para resolver
estruturalmente a questão da rede de
esgotamento sanitário, apoio técnico e
financiamento público para a religação dos
esgotos domiciliares à nova rede coletora.
97
 Regularização fundiária das construções
antigas e novas.
Saneamento
Recuperação da malha de esgotamento
sanitário da comunidade, com contratação de
mão de obra da comunidade. No projeto
original da Cidade de Deus, um erro clássico
compromete a rede de esgotos na
comunidade. O modelo construído foi o
condominial, onde a rede e as manilhas ficam
nos fundos das casas. Com o crescimento da
comunidade, a ocupação destas áreas e
construções sobre as caixas coletoras, houve
o comprometimento de toda a rede. A
obstrução da rede, ao longo destes anos,
acarretou as valas abertas em quase todas
as ruas da Cidade de Deus.
Para evitar os frequentes entupimentos,
moradores jogam a rede de esgoto através
de um extravasor para a rede de águas
pluviais. Com isto ocorre algo mais sério:
em tempos de chuvas fortes, quando o nível
dos rios sobe, o esgoto retorna para dentro
das casas, contaminando os ambientes.
Havia em funcionamento, até inicio da
década de 90, uma lagoa aeróbia que recebia
o esgoto da Cidade de Deus, para pré
tratamento. Foi um modelo implantado com
bases científicas, assessorado por cientistas
da UERJ. Entretanto, devido ao descaso e
abandono, esta lagoa de tratamento perdeu
98
sua função e atualmente os esgotos são
lançados nos 3 rios: Rio Grande, Banca da
Velha e Estiva, que cortam nossa
comunidade.
Mesmo que nosso esgoto seja lançado no
Emissário Submarino da Barra, ou mesmo
que haja uma forma de tratar o nosso esgoto,
consideramos que a situação grave e urgente
é uma obra de infraestrutura, recuperando
toda a malha de esgotamento sanitário na
Cidade de Deus. Caso contrário, a saúde da
população estará sempre comprometida e em
risco, com a ameaça de enchentes e
contaminação dentro das próprias casas.
Esta é uma das obras mais estruturantes e
fundamentais para nossa comunidade.
III. ANEXO: “PLANO PARA O DESENVOLVIMENTO
COMUNITÁRIO EM CIDADE DE DEUS”.
COORDENAÇÃO – EQUIPE:
- Cleonice Dias.
99
ANEXO
“PLANO PARA O
DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO
EM CIDADE DE DEUS”
100
APRESENTAÇÃO
Esse documento é resultado da colaboração entre
integrantes do COMITÊ COMUNITÁRIO DE" CIDADE DE
DEUS, representantes da FENASEG, da FETRANSPOR,
da FECOMÉRCIO-RJ, do SEBFIAE/RJ e da LAMSA e
profissionais dedicados à redução das desigualdades
sócio- espaciais na cidade do Rio de Janeiro, no sentido
da promoção da melhoria da qualidade de vida. em
Cidade de Deus.
Trata-se do relato do processo que culminou com a
elaboração do Plano Para o Desenvolvimento
Comunitário em Cidade de Deus - processo esse
desencadeado no início de 2003 - e da apresentação do
próprio plano, elaborados com base nas informações
disponibilizadas pelo Comitê Comunitário de Cidade de
Deus.
Com o documento pretende-se: divulgar uma
experiência que vem demonstrando que é possível
conviver com as diferenças, superar divergências e
cooperar para o desenvolvimento de projetos em
benefício de comunidades; conquistar parceiros para
transformar a Cidade de Deus em um lugar no qual todos
tenham tranquilidade e satisfação em viver e criar seus
filhos.
A CIDADE DE DEUS –
TRINTA E OITO ANOS DE HISTÓRIA
O conjunto habitacional Cidade de Deus foi
construído e entregue aos seus primeiros moradores em
1966, como produto de um projeto iniciado no governo
Carlos Lacerda, que visava a transferência de moradores
de mais de 10 (dez) favelas, prioritariamente da zona su!
101
da cidade, para alguns conjuntos habitacionais
construídos na zona oeste, como Vila Aliança (Bangu),
Vila Kennedy (Senador Camará) e Vila Esperança
(Vigário Geral).
Projetado para oferecer 6.500 (seis mil e
quinhentas) unidades habitacionais aos moradores das
favelas situadas nas proximidades da Lagoa Rodrigo de
Freitas, como Praia do Pinto, Ilha das Dragas, Parque
Proletário da Gávea, Macedo Sobrinho, entre outras, o
conjunto habitacional foi gradativamente sendo ocupado
por habitantes de diversas áreas da cidade do Rio de
Janeiro, destacando-se famílias vítimas das enchentes
que assolaram a cidade no ano de 1966, famílias vítimas
do incêndio que destruiu o que restava da Favela do Pinto
e famílias que não tinham outra opção de moradia que
não se instalar próximo a rios assoreados e poluídos ou
mesmo em áreas de grande concentração de lixo.
Segundo os dados do Censo 2000, a média de
escolaridade é baixa, sendo que 27% da população têm
até três anos de estudo. Aqueles que conseguiram
permanecer na escola por mais de quatorze anos não
ultrapassam 1,17% do total.
Renda
Ao todo, 55% dos chefes de famílias têm renda de
até 3 salários mínimos, e apenas 2% têm rendimento
acima de 10 salários mínimos.
Chama atenção o fato de que em cerca de 1.734
domicílios (16,1% do total), o chefe do domicílio declarou
não ter nenhuma renda.
102
A ORGANIZAÇÃO SOCIAL LOCAL
Ao longo dos seus trinta e oito anos, os moradores
de Cidade de Deus, vêm se organizando resistir tanto ao
abandono e descaso do Poder Púbiico, quanto ao estigma
de sermos, nos moradores, violentos e perigosos.
Nas décadas de 70/80, várias Associações de
Moradores surgiram, Agremiações de Samba,
Agremiações Esportivas, Grupos de Teatro, Revistas,
Cineclubes, Movimento Negro, Igrejas Atuantes, Grupos
de Dança - esta efervescência possibilitou a formação de
várias lideranças históricas.
No final dos anos 70 e início dos anos 80, Cidade
de Deus é manchete em todos os meios de comunicação
por conta da guerra do tráfico, ao mesmo tempo em que
sofre intensa pressão em função da especulação
imobiliária, na tentativa de remover a população de
Cidade de Deus.
Com todos esses problemas, em setembro de
1980, acontece em Cidade de Deus, o I Encontro Popular
pela Saúde, que provocou o surgimento dos diversos
Fóruns de Discussão de Saúde no Município do Rio de
Janeiro,
Também eram intensas as lutas contra o monopólio
no transporte, pela melhoria da qualidade do ensino
público e por melhores condições de moradia,
Na década de 90, houve uma proliferação do
trabalho voluntário e de Organizações Não
Governamentais, Por parte dos governos, grandes
lideranças foram cooptadas, ao mesmo tempo em que
houve a partidarização dos movimentos comunitários
intensificando ainda mais as disputas internas.
103
Em 96, quarenta e duas mortes, foi o saldo das
trágicas enchentes quando os rios Grande, Estiva e
Banca da Velha transbordaram.
Ainda em 96, Surgem as rádios comunitárias; o
Funk e o Hip Hop projetam nomes de artistas de Cidade
de Deus.
Em 98, Cidade de Deus é elevada a bairro, mas
cresce o número de barracos e favelas no seu entorno:
tornando-se verdade "refavela".
Em 2002, o sucesso do filme "Cidade de Deus",
colocou a comunidade novamente na "moda e na mídia",
reforçando o estigma de comunidade violenta e perigosa,
o que criou uma nova onda de preconceito e
discriminação e que atingiu mais uma vez negativamente
a autoestima da comunidade.
A partir de janeiro de 2003, representantes de
instituições da comunidade começam a se reunir com
representantes do Poder Público, Organismos
internacionais. Em um processo de longas discussões,
intensos debates, surge o Comitê Comunitário de Cidade
de Deus.
Um marco histórico na vida da comunidade e das
vinte instituições que compõe o Comitê Comunitário de
Cidade de Deus e que durante esses mais de treze
meses estão juntos por acreditarem que um novo mundo
é possível, mas uma Cidade de Deus melhor é urgente.
Em 25 de abril deste mesmo ano, acontece o
primeiro encontro do Comitê Comunitário de Cidade de
Deus, representantes do Fórum Empresarial, Organismos
Internacionais, Governo Federal e Governo Estadual,
buscando ações que respondem as necessidades da
comunidade.
104
Ao longo de todos os anos de sua existência e face
ao descuido do Poder Público, a população local vem se
organizando de diversas formas para enfrentar os seus
problemas.
Assim é que hoje existe uma multiplicidade de
instituições locais que desenvolvem trabalhos
comunitários, ainda que muitas vezes de forma isolada. O
Comitê Comunitário nasce com a missão de articular
essas várias instituições objetivando um trabalho
integrado e sustentável, atuando em rede, através de
nove Comissões Temáticas - Comunicação; Cultura;
Educação; Esporte; Habitação; Meio Ambiente; Promoção
Social; Saúde; e Trabalho e Renda.
PROJETO CIDADE DE DEUS - UMA INICIATIVA EM
BUSCA DA TRANSFORMAÇÃO ECONÓMICA, SOCIAL
E CULTURAL
Também no início de 2003, lideranças empresariais
da cidade do Rio de Janeiro criaram o Fórum Empresarial
do Rio, com o objetivo de mobilizar forças da sociedade
civil para, em parceria com o Poder Público e dentro de
uma perspectiva de responsabilidade compartilhada e
integrada, priorizar o desenvolvimento social da cidade,
contribuindo com iniciativas para a melhoria da qualidade
da vida e para a redução dos índices de exclusão social
na mesma.
Para o desenvolvimento da primeira iniciativa do
Fórum na direção acima referida foi escolhida a Cidade de
Deus.
Nos primeiros contatos do grupo, composto por
representantes da FENASEG, da FECOMÉRCIO-RJ, da
FETRANSPOR, do SEBRAE/RJ e da LAMSA, com a
105
Cidade de Deus, foram identificadas várias iniciativas
sociais, porém desenvolvendo-se de forma isolada na
localidade - o que dificultava a atuação conjunta.
O Comitê Comunitário de Cidade de Deus,
empossado no dia 25/04/2003, foi um facilitador na
interação entre o Fórum Empresarial do Rio, desde o
primeiro encontro. Posteriormente foi criado o Núcleo de
Articulação do Projeto Cidade de Deus - instância que
integra comunidade, associações empresariais e poder
público na busca de soluções para os problemas da
comunidade, composta por três representantes das
federações, três representantes do governo (federal,
estadual, municipal), três representantes da Comissão
Executiva do Comitê Comunitário e um representante de
cada entidade/empresa parceira.
Como produtos da atuação do Comitê Comunitário
de Cidade de Deus em parceria com Fórum Empresaria!
do Rio, podem ser citados as seguintes atividades e
eventos, dentre outros:
Um primeiro levantamento das demandas da
comunidade, com base em trabalho realizado por 8
Comissões Temáticas (Trabalho, Emprego e Renda,
Educação, Saúde, Meio Ambiente, Promoção Social,
Comunicação, Cultura e Esporte) constituídas por
integrantes do Comitê Comunitário;
Levantamento de dados sobre a localidade, com
base no Censo 2000, em pesquisa da UNESCO, em
pesquisas realizadas com empresários e em escolas da
Cidade de Deus;
Pesquisa participativa, encomendada peio
UNICEF, executada e por onze instituições locais para
levanta- dados qualitativos sobre crianças, adolescentes e
106
famílias, 2 objetivando fundamentar um planejamento
participativo;
A realização da Ação Comunitária, quando foram
oferecidos diversos serviços e atendimentos médicos e
odontológicos à comunidade;
O 1o
Fórum Comunitário, no qual foram tratados e
debatidos os temas protagonismo comunitário, políticas
públicas e responsabilidade social;
A criação e distribuição do Jornal Comunitário
CDD Notícias, que tem como propósitos integrar e
mobilizar a comunidade em torno de suas bandeiras e
reivindicações e publicar assuntos de interesse local que
nunca ou dificilmente são publicados nos jornais de
grande circulação;
A implantação do Programa de Alfabetização de
Jovens e Adultos com sete turmas, a partir de Projeto de
Educação de Jovens e Adultos e do Projeto de
Capacitação de Educadoras Populares, do Grupo
Alfazendo, em parceria com a FENASEG, COMITÊ DA
TERCEIRA IDADE e CECFA;
A realização de, aproximadamente, 15 visitas a
órgãos públicos (Secretarias Estaduais e Municipais) com
o propósito de estabelecer parcerias para o
desenvolvimento de projetos de interesse local;
E, finalmente, a elaboração do Plano Para o
Desenvolvimento Comunitário de Cidade de Deus,
apresentado a seguir.
107
PLANO PARA O DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO
EM CIDADE DE DEUS - UM SONHO QUE QUEREMOS
TRANSFORMADO EM REALIDADE
A decisão pela elaboração do plano foi consequência da
constatação de que esta seria a melhor forma de:
sistematizar as informações e os conhecimentos
acumulados ao longo do primeiro ano do Projeto; traçar
diretrizes para a ação nos próximos 5 anos; e, com isso,
avançar na direção da articulação de programas, projetos
e ações sociais em andamento na comunidade, bem
como da realização, implantação e desenvolvimento de
novas iniciativas em prol da mesma.
A METODOLOGIA E A DINÂMICA DO TRABALHO
A elaboração do plano foi realizada em duas etapas, como
sugerido por consultora em gerenciamento de projetos socj
ais
contratadaparaestefim:w
Definição pelas Comissões Temáticas do Conríê Comunitário,
anteriormente referidas; dos principais problemas da Cidade de Deus,
em cada área temática; das condições de vida que se pretende
produzir/alcançar na localidade nos próximos 5 anos; do que precisa
ser feito para tanto; de quem poderá contribuir para que isto aconteça;
de como cada um poderá contribuir; das iniciativas já em andamento
no sentido da resolução dos problemas identificados; e das iniciativas
previstasnessemesmosentido.
OS RESULTADOS DO TRABALHO
Segundo os integrantes do Comitê Comunitário de Cidade
de Deus, os problemas que se quer superar e as
situações que se gostaria de alcançar na comunidade,
nos próximos 5 anos, são os seguintes:
108
ÁREAS PRINCIPAIS PROBLEMAS HOJE SITUAÇÃO A ALCANÇAR ATÉ 2009
Trabalho, Emprego e
Renda
Grande ociosidade de mão de obra
Baixo nível! de escolaridade da mão
de obra ociosa
Baixa qualificação/capacitação
profissional dos trabalhadores
Falta de apoio ao trabalhador
autônomo
Falta de apoio ao empreendedor
Baixo nível de interação entre
agentes da economia local
Maioria da mão de obra local com TRABALHO
Maioria da PEA - População Economicamente Ativa com ensino
fundamental completo
Mão de obra com maior/melhor qualificação/capacitação para
absorção no mercado de trabalho
Cooperativas de catadores de lixo, construção civil, costura, etc.
criadas Apoio e incentivo técnico e financeiro ao empreendedor
disponíveis
Economia solidária difundida e apoiada técnica e financeiramente
109
ÁREAS PRINCIPAIS PROBLEMAS HOJE SITUAÇÃO A ALCANÇAR ATÉ 2009
Educação Falta de planejamento educacional
Carência de professores Baixa
qualidade do ensino público Evasão
escolar
Faltam creches para crianças em
idade materno-infantil
Professores não capacitados para
lidar com a singularidade da
comunidade
Analfabetismo
Falta de escola de ensino médio
Falta de integração da escola com a
família
Falta de capacitação profissional
Plano de ação integrada na área educacional elaborado
Vagas atuais dos professores preenchidas
Escola pública com qualidade que dispense cursos preparatórios
índice de evasão escolar reduzido Crianças em idade materno-
infantil atendidas por creches públicas ou financiadas pelo poder
público
Professores capacitados para lidar com as singularidades da
comunidade
Redução do analfabetismo em 60% da média nacional, com
metodologia transformadora
Escola de nível médio com três turnos funcionando em CDD
Escola, família e comunidade integradas
Diversos cursos técnicos de acordo com as demandas do mercado
e da comunidade implementados
110
ÁREAS PRINCIPAIS PROBLEMAS HOJE SITUAÇÃO A ALCANÇAR ATÉ 2009
Meio Ambiente Sistema de esgoto sanitário não
universalizado e com trechos
obstruídos
Rede de água contaminada
Lixo vazado nas ruas e vilas com
recolhimento deficiente
Rios Estiva, Banca da Velha e
Grande: assoreados, poluídos e com
margens ocupadas irregularmente
Baixo nível de conhecimento e de
conscientização dos moradores
sobre os problemas ambientais
Inexistência de áreas verdes dentro
da comunidade
Sistema de esgotamento sanitário satisfatório e universalizado
Água de qualidade em todas as casas Ruas e vilas limpas
Rios de Cidade de Deus dragados, sem poluição e com margens
desocupadas e urbanizadas
Moradores com maior conhecimento e conscientização sobre os
problemas ambientais
Parque ecológico constituído
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Interação 1

  • 1. ESTUDOS E PESQUISAS Nº 367 Projetos de Integração Social de Comunidades João Paulo dos Reis Velloso (coordenador) * XXII Fórum Nacional 2009 - Na Crise, Brasil, Desenvolvimento de uma Sociedade Ativa e Moderna (Sociedade do Diálogo, da Tolerância, da Negociação), “Programa Nacional de Direitos Humanos”. E Novos Temas 17 e 20 de maio de 2010 * Coordenador-Geral do Fórum Nacional. Versão Preliminar – Texto sujeito à revisões pelo(s) autor(es). Copyright © 2010 - INAE - Instituto Nacional de Altos Estudos. Todos os direitos reservados. Permitida a cópia desde que citada a fonte. All rights reserved. Copy permitted since source cited. INAE - Instituto Nacional de Altos Estudos - Rua Sete de Setembro, 71 - 8º andar - Rio de Janeiro - 20050-005 - Tel.: (21) 2212-5200 - Fax: (21) 2212-5214- E-mail: forumnacional@inae.org.br - web: http://forumnacional.org.br
  • 3.
  • 4. Cadernos Fórum Nacional 9 PROJETOS DE INTEGRAÇÃO SOCIAL DE COMUNIDADES Coordenador João Paulo dos Reis Velloso Colaboradores Carlos Costa● Luiz Bezerra do Nascimento Antonia Ferreira Soares ● José Mário Hilário Mônica Francisco ●Francisco Marcelo da Silva Marcelo Radar ● José Júnior ● Cleonice Dias. Rio de Janeiro, 2010
  • 5. Copyright © INAE, 2010 Projetos de integração social de comunidades. Rio de Janeiro, INAE, 2009, 141p. 1. Planejamento social. 2. Brasil. II. Instituto Nacional de Altos Estudos CDD 361.281
  • 6. 5 Sumário Apresentação, 7 João Paulo dos Reis Velloso PROJETOS DE INTEGRAÇÃO SOCIAL Comunidade da Rocinha, 9 Carlos Costa, ONG Rocinha XXI Comunidade do Cantagalo, 13 Luiz Bezerra do Nascimento, Presidente da Associação de Moradores do Cantagalo Comunidade do Pavão/Pavãozinho, 17 Antonia Ferreira Soares, Líder Comunitária Comunidade de Santa Marta, 23 José Mário Hilário, Presidente da Associação de Moradores do Morro de Santa Marta Comunidade do Borel (Tijuca), 27 Mônica Francisco, Líder Comunitária Bairro Maré, 57 Francisco Marcelo da Silva, Observatório das Favelas (Vila do João, Maré)
  • 7. 6 Complexo de Manguinhos, 77 Marcelo Radar, Secretaria-executiva do Fórum de Manguinhos Comunidade de Vigário Geral, 81 José Júnior (AfroReggae), Líder Comunitário Cidade de Deus, 91 Cleonice Dias, Líder Comunitária EPÍLOGO, 144
  • 8. 7 Apresentação João Paulo dos Reis Velloso Os Projetos de Integração Social que constituem este caderno FÓRUM NACIONAL 9 já se inserem na nova fase do FÓRUM, de promover a elaboração de projetos de interesse da sociedade. Isso representa um passo adiante no trabalho do FÓRUM NACIONAL, que consistia em reunir as lideranças do País, de forma pluralista, para a discussão que resultasse em propostas relativas ao desenvolvimento do Pais – econômica, social, política e culturalmente. Praticamente desde a sua criação, em 1988, vem o FÓRUM discutindo o tema da Segurança Pública nas grandes cidades brasileiras – problema que evolui pari passu com o desenvolvimento do narcotráfico e com a favelização das cidades. Sobre o tema, duas coisas principais temos ressaltado. De um lado, que a população das comunidades são os “sem Estado”. Sem Estado, pela falta de segurança. E sem Estado pela falta de políticas sociais.
  • 9. 8 De outro, que “favela é cidade”, embora seja, em geral, tratada como gueto da Idade Média. Lado mais pobre da cidade, mas cidade. Considerando o lado preventivo da segurança é que decidimos promover a elaboração desses nove Projetos de Integração Social, de comunidades localizadas em diferentes regiões da cidade. O ponto principal da iniciativa é que todos esses projetos, a serem entregues ao Prefeito do Rio (e ao Representante do Governador do Estado) na sessão de abertura do XXII FÓRUM NACIONAL, foram elaborados pelas lideranças das próprias comunidades, segundo roteiro que sugerimos. O importante, a partir de agora, é que os projetos aconteçam.
  • 10. PROJETO DE INTEGRAÇÃO SOCIAL DA COMUNIDADE DA ROCINHA
  • 11. 10 I. CENTRO DE INCLUSÃO: Educação e Qualificação Qualificação profissional acompanhando o mercado de trabalho. Qualificação do aparelho formador (profissionais preparados para a capacitação dos beneficiários). Serviço Social Utilização da vocação turística da Região, mais o advento dos grandes eventos internacionais que a Cidade se prepara para receber, como a COPA 2014 e as Olimpíadas 2016. 1. Criação de um Hotel-Escola para treinamento e qualificação de profissionais como Camareiras, Cozinheiros, Mensageiros, Guias turísticos, Recepcionistas etc. 2. Parceria com a Associação de Bares, restaurantes e similares para capacitação profissional. 3. Reabertura do horário noturno nas escolas do interior da Comunidade para o Ensino Fundamental e Médio, bem como para eventos sócio educativos. Cultura Atividades culturais.
  • 12. 11 II. OUTRAS NECESSIDADES: Casa Popular Continuidade do Programa de Regularização Fundiária. Política de habitação para baixa renda, integrando os governos Federal, Estadual e Municipal, com vista à inclusão dos moradores em áreas de risco no programa. Priorizar a política de realocação (fixação na própria comunidade). COORDENAÇÃO – EQUIPE: ONG ROCINHA XXI - Carlos Costa & Rose Firmino. FUNDAÇÃO BENTO RUBIÃO / GRUPO ROCINHA SEM FRONTEIRAS - José Martins. FÓRUM CULTURAL DA ROCINHA - Maria Helena Carneiro e Ronaldo Batista. CENTRO DE CULTURA EDUCAÇÃO LÚDICA DA ROCINHA - Antônio Firmino.
  • 13. 12
  • 14. PROJETO DE INTEGRAÇÃO SOCIAL DA COMUNIDADE DO CANTAGALO
  • 15. 14 I. CENTRO DE INCLUSÃO: Educação e Qualificação Qualidade na Educação: Educação integral no CIEP Presidente João Goulart (CIEP de Ipanema), sendo: - Período matutino voltado para as disciplinas educacionais como: Matemática, Português, Geografia, etc. - Período vespertino com Cursos Profissionalizantes e atividades nas áreas Culturais e Esportivas. Serviço Social – inclusive informação sobre oportunidades de trabalho Cursos profissionalizantes, tais como: eletricista residencial, bombeiro hidráulico, ladrilheiro, técnico de informática, primeiros socorros, etc. Criação de Banco de Emprego, visando à alocação da mão de obra comunitária na própria região (zona sul e adjacências). Cultura / Entretenimento / Esportes Criação de um Grupo Teatral. Preparação de Festival de Poesia. Construção de teatro. Construção de quadras polivalentes.
  • 16. 15 II. OUTRAS NECESSIDADES: Serviços Essenciais Iluminação pública (urgente) Conservação da rede de água e esgoto. Poda de árvores. Instalação de mais uma bomba d’água. Saneamento. Casa Popular Reforma de residências em estado precário. COORDENAÇÃO – EQUIPE: Presidente da Associação de Moradores do Cantagalo - Luiz Bezerra do Nascimento
  • 17. 16
  • 18. PROJETO DE INTEGRAÇÃO SOCIAL DA COMUNIDADE DO PAVÃO / PAVÃOZINHO
  • 19. 18 I. CENTRO DE INCLUSÃO: Educação e Qualificação Construção de escola dentro da Comunidade, que inclua o programa EJA – Educação de Jovens e Adultos, bem como cursos profissionalizantes. O Complexo Pavão/Pavãozinho e Cantagalo conta com várias escolas em seu entorno. Porém, dentro da comunidade não existe nenhuma. Certamente será muito útil uma escola que proporcione principalmente aos adultos concluírem seus estudos, assim como cursos profissionalizantes - o que muito ajudará aos trabalhadores já empregados e àqueles que estão em busca de uma colocação. Serviço Social – inclusive informação sobre oportunidade de trabalho. Banco de emprego, visando à alocação da mão de obra comunitária na própria região. Na área social existem alguns trabalhos através da Igreja e das Associações de Moradores - tudo voluntário e de forma precária. Vez ou outra se recebem alguns pedidos de mão de obra, que são divulgados na Comunidade. Não existe, de fato, um serviço específico nessa área, apesar de ser bastante procurado pelos moradores.
  • 20. 19 Instalação de creches Apesar de contarmos com algumas no entorno e dentro da Comunidade, sendo duas da Prefeitura, este é um item muito necessário, pois as existentes não são suficientes para atender à demanda local. Programa de Saúde da Família Criação de Serviço de Saúde que, além de atendimento Curativo, tenha atendimento Preventivo, Médico de família e Agentes de Saúde, visando à orientação e ao acompanhamento: Durante muitos anos a Paróquia da Ressurreição manteve em funcionamento um Centro Médico no Pavão/Pavãozinho que, além dos moradores desta Comunidade, atendia também a moradores do Cantagalo. As especialidades eram Clínica Médica, Pediatria, Dentista, Enfermagem, Serviço Social e Psicológico, Farmácia. Estes serviços eram prestados por profissionais que, a princípio recebiam apenas uma ajuda de custo pela Paróquia. Posteriormente, houve um contrato com a Secretaria de Estado de Saúde, que remunerava de forma precária esses profissionais. O apoio era dado por voluntários e os exames, quando necessários, eram feitos na rede pública. Entretanto, terminado o contrato com a Secretaria de Saúde e dada a dificuldade em se manter aqueles profissionais, o Centro Médico foi
  • 21. 20 fechado – o que foi um enorme prejuízo para a comunidade. Obs.: o espaço onde funcionava o Centro Médico ainda existe, precisando apenas de algumas reformas. É um espaço da Igreja, no Pavão/Pavãozinho. Cultura / Entretenimento / Esportes Espaço Comunitário (Ponto de Cultura) para desenvolvimento de atividades culturais e esportivas para crianças, jovens e adultos. Nesta área a Comunidade necessita de um Ponto de Cultura onde possa desenvolver atividades culturais e esportivas, tanto para crianças e adolescentes como para adultos, pois não existe atualmente um espaço que se destine a essas atividades. A Comunidade possui variados talentos que, entretanto, não têm espaço para desenvolver suas potencialidades. Existe no alto do morro, no Pavão, espaço que poderá ser aproveitado. II. OUTRAS NECESSIDADES: Saneamento Orientação ao Cidadão sobre Saneamento e Meio Ambiente Estão acontecendo no Complexo Pavão/Pavãozinho e Cantagalo as obras do PAC. No conjunto dessas obras, estão as referentes ao saneamento de água e esgotos e escadarias,
  • 22. 21 inclusive o alargamento de algumas vias. Contudo, sente-se a necessidade de orientação aos moradores no que diz respeito a estes itens, bem como com a questão do lixo, do meio ambiente, a importância da conservação do verde, a reciclagem do lixo. Seria bom que a comunidade pudesse contar com o apoio de profissionais na orientação desses itens. Casa Popular Financiamento para compra de material para reforma e/ou construção de casas. Necessidade de contemplar, com apartamentos no próprio Complexo, pessoas que têm casa em áreas consideradas de risco. Contudo, existem moradores com dificuldade para construir ou acabar suas casas que, certamente, ficarão felizes com a possibilidade de financiamento de material. COORDENAÇÃO – EQUIPE: Líder Comunitária – Antonia F. Soares
  • 23. 22
  • 24. PROJETO DE INTEGRAÇÃO SOCIAL DA COMUNIDADE DE SANTA MARTA
  • 25. 24 I. CENTRO DE INCLUSÃO: Educação e Qualificação Implantação de telecursos diuturnamente, objetivando oportunidades de ensino para todos. Programas educativos recorrentes sobre meio-ambiente e reciclagem. Implantação de escola de ensino profissionalizante, como a FAETEC, onde jovens e adultos possam ter a chance de aprender uma profissão. Serviço Social – inclusive informação sobre oportunidades de trabalho Instalação de creches em número suficiente a atender toda a demanda da população local. Criação de um Polo Social com assistentes sociais à disposição dos interesses da Comunidade, conectado às coordenadorias regionais, encampando todos os equipamentos sociais da Prefeitura. Criar dentro desse Polo Social um canal direto com a Secretaria de Trabalho, atendendo às demandas do primeiro emprego e realocação da mão de obra desempregada.
  • 26. 25 Programa de Saúde da Família Implantar o programa Médico de Família, recrutando os enfermeiros e técnicos de enfermagem na Comunidade, gerando emprego e renda para os moradores, e tendo profissional médico coordenando as atividades de campo. Cultura / Entretenimento / Esportes Criar um Pontão de Cultura na Comunidade, dando oportunidades para as diversas oficinas locais, incentivando os jovens a descobrirem e desenvolverem seus talentos dentro da própria Comunidade. Projetos esportivos para todos, aproveitando os professores que já existem na Comunidade, capacitando-os e incentivando- os. Espaço Comunitário (Centro Cultural) para desenvolvimento de atividades culturais e esportivas para crianças, jovens e adultos. Implantação de telecentro (para inclusão digital) Levar a tecnologia digital para todos, inclusão digital e alfabetização digital para as crianças num sistema de internet sem fio.
  • 27. 26 II. OUTRAS NECESSIDADES: Saneamento Saneamento básico é primordial para o futuro de todos, com água e esgoto ligados às residências. Casa Popular Criar um projeto junto à Caixa Econômica Federal garantindo acesso a todos para compra de materiais, para reforma e construção, e até a compra de casa própria. COORDENAÇÃO – EQUIPE: Presidente da Associação dos Moradores do Morro de Santa Marta - José Mario Hilário
  • 28. PROJETO DE INTEGRAÇÃO SOCIAL DA COMUNIDADE DO BOREL
  • 29. 28 I. CENTRO DE INCLUSÃO: Educação e Qualificação Renomeação para “Complexo José Bonifácio de Oliveira Sobrinho” (sugestão de nome em homenagem ao fundador da Comunidade e um dos primeiros presidentes da Associação de Moradores, ainda vivo). Criação de escola Técnica de Ensino Médio e Fundamental como a FAETEC (Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro), aproveitando as instalações do prédio da antiga fábrica de cigarros Souza Cruz, que mais recentemente foi um supermercado (Carrefour), na Rua Conde de Bonfim, 1181. Serviço Social – inclusive informação sobre oportunidades de trabalho Reforma nas creches existentes. Melhorias para as duas creches já existentes que não podem ampliar o atendimento a Comunidade por falta de infraestrutura e capital humano de apoio, o que resultaria na ocupação de parte de mão de obra local. Instalação de novas creches em número suficiente a atender toda a demanda da população local, utilizando a mão de obra da comunidade.
  • 30. 29 Implantação de um posto do Sistema Nacional de Emprego (SINE). Implantação de uma Agência de Desenvolvi- mento Local, com formação em empreendedorismo – como exemplo, a existente na Cidade de Deus. Incremento às práticas locais autogestionárias (utilizando os conceitos da Economia Solidária ). Cultura / Entretenimento / Esportes Implantação de Vila Olímpica nas dependências do antigo prédio do Hipermercado Carrefour. Fomento aos projetos que já vêm sendo desenvolvidos na Comunidade (eles seguem em anexo). II. OUTRAS NECESSIDADES: Saneamento Necessidade de ampliação da Rede de Esgotamento Sanitário e Águas Pluviais, devido à saturação da rede atual. Serviços Essenciais Recuperação de cabos e transformadores da rede elétrica que atende à Comunidade, bem como implantação de sistema de tarifa
  • 31. 30 diferenciada para Áreas de Especial Interesse Social (AEIS). Casa Popular Inclusão de cerca de 100 famílias em projeto de moradias populares. Eliminação de áreas de risco e ocupação irregular de áreas de reflorestamento. Priorizar a política de realocação (fixação na própria comunidade). Aproveitamento de prédio ocioso, onde funcionava o antigo Centro Educacional Deolindo Couto para Portadores de Deficiência, situado à Rua Santa Carolina, 44, próximo à Rua São Miguel. III. ANEXO: PROJETOS “JOVENS COM UMA MISSÃO” COORDENAÇÃO – EQUIPE: Líder Comunitária - Mônica Francisco
  • 33. 32 “Jovens Com Uma Missão” INTRODUÇÃO JOVENS COM UMA MISSÃO é uma agência missionária internacional e interdenominacional de caráter filantrópico, formada por jovens voluntários que trabalham de tempo integral com Justiça e Transformação, Evangelização e Ensino, visando promover a valorização do ser humano, através do suprimento de algumas das suas muitas necessidades. JOVENS COM UMA MISSÃO no Rio de Janeiro foi fundada no ano de 1987 e hoje contamos com uma Base Central em Santa Cruz da Serra - Duque de Caxias e mais três locais de operação em algumas favelas do Rio: Parada de Lucas, Borel, e Tuiuti. Oferecemos cursos de inglês, dança, ginástica, futebol, assistência médica e social, creches, escolas de reforço e música, sendo que em todas as nossas atividades focalizamos valores básicos de vida em família e na sociedade em que vivemos. Somamos cerca de 100 pessoas trabalhando na cidade do Rio de Janeiro. Estabelecido em 1990, o Projeto Justiça e Transformação tem como alvo principal prestar assistência médica, educacional, sócio educativa à comunidade local como também potencializar as comunidades de forma integral e holística.
  • 34. 33 INFORMAÇÕES SOBRE A COMUNIDADE Localização: Situado na região norte do estado do Rio de Janeiro, no Bairro da Tijuca, tendo acesso a Comunidade peia rua São Miguel n° 430, fazendo limites com as Comunidades Casa Branca e Chácara do Céu. População: Aproximadamente 30.000 habitantes no complexo do Borel (informações na Associação de moradores local). Estabelecimentos Comerciais: Lojas de materiais de construção, Salões de beleza, Bares, Mercearias, Oficinas, Padaria, Locadoras e Serralharia. Educação: Escola Municipal (CIEP) atendendo desde a Creche ao Ensino Fundamental e Telecurso 1o Grau; Escola Marcelo Cândia (Católica) conveniada com a prefeitura, atendendo o Ensino Fundamental; Creche Santa Mônica (conveniada com a prefeitura municipal); Escola Municipal Borel I atendendo ao Ensino Fundamental, Creche Semente (Missão JOCUM); Programa de Alfabetização do Governo Federal. Religião: Igrejas Evangélicas, Católica e Centros Espíritas.
  • 35. 34 Lazer: Três quadras de esporte (em condições precárias). Saúde: Posto de Saúde - PSF (Programa de Saúde da Família) Região Administrativa AP II; Ambulatório de Enfermagem (Missão JOCUM). Nossos projetos na comunidade: Projeto Bom Tom É uma escola de música que teve início em 2002 com o propósito de trabalhar através da música com crianças, jovens e adultos. Temos como objetivo além de despertar a paixão pela música, oferecer atividades educativas. Uma das exigências para ser aluno do Bom Tom é de estar frequentando a escola (para crianças e adolescentes). Além das aulas de violão, percussão, bateria, teclado e cavaquinho, trabalham temas como sexualidade, vida espiritual, cidadania, vida escolar, vida familiar e outros. Através das aulas e atividades promovidas pela escola, podemos oferecer mais uma alternativa para o futuro dos alunos. Alguns alunos após concluírem o curso, tornam-se também professores auxiliares, o que estimula neles a responsabilidade pessoal social e contribui com o melhor aproveitamento dos alunos recém-chegados na escola.
  • 36. 35 Telecentro O Telecentro, é um centro de inclusão digital, surgiu no segundo semestre de 2004 a partir de uma parceria entre o Banco do Brasil (via programa Fome Zero), juntamente com a ONG Rede Viva. Saúde: No morro do Borel entre outras atividades, atendemos através de um ambulatório medico e de enfermagem a população local. Com uma equipe permanente de voluntários que vivem 24hs na comunidade local. Nosso objetivo é prestar atendimentos a comunidade (aplicação de injeções, curativos, verificação de pressão e temperatura, nebulização, atendimento domiciliar, prestação de socorro transportando ao hospital, distribuição gratuita de remédio mediante receita, ministração de palestras sobre higiene e saúde, campanhas de aplicação de flúor e escovação, higiene bucal). É muito alta a necessidade de serviços médicos na comunidade devido aos inúmeros casos de enfermidades, procuramos suprir esta necessidade oferecendo estes serviços. Disponibilizamos uma clínica odontológica, com dentistas voluntários atendendo a comunidade alguns dias da semana. E no nosso ambulatório atendemos uma média de 400 pacientes por mês.
  • 37. 36 Economia: Criarte O Criarte é um projeto sócio educativo que entre outras coisas visa a geração de renda e trabalhar a autoestima das pessoas: nas crianças, levando-as a descobrir que elas tem a capacidade de criar, e nos adultos, que eles percebam que são capazes de aprender. Além do artesanato, buscamos trabalhar junto aos alunos valores de cidadania, levando-os a conhecer seus direitos, deveres e outros valores. Ensinamos crochê, pintura, ponto cruz, biscuit, culinária e outros. Justiça: Casa de Recuperação Infelizmente as drogas são uma realidade em nossa sociedade, este é um problema cada vez mais sério. Na comunidade do Borel isto também não é diferente. Fruto do nosso bom relacionamento desenvolvido junto com a comunidade e atendimentos através dos nossos projetos, somos frequentemente procurados por familiares e usuários de drogas solicitando ajuda. Fazemos uma triagem, e encaminhamos para uma clínica de recuperação.
  • 38. 37 PROJETO BOM TOM TOCANDO BEM A VIDA PARA NÃO PERDER O TOM JUSTIFICATIVA Acreditamos que, desenvolver um projeto para as crianças, adolescentes e jovens, constitui hoje o maior desafio nas comunidades carentes do Rio de Janeiro; e a Comunidade do Borel está inserida nesta realidade. Temos, hoje, aproximadamente 65% da população desta comunidade constituída por eles. Apesar destes jovens e adolescentes na sua maioria estudarem por meio período e alguns deles trabalharem no que denominamos "bico'' (trabalho temporário sem direitos trabalhistas), somos desafiados a investir em suas vidas nos períodos em que não estão fazendo alguma outra atividade, para que os mesmos não fiquem ociosos. Infelizmente eles não dispõem de uma opção digna de vida na Comunidade e precisam conviver muitas vezes com a realidade da violência, drogas, insegurança, falta de lazer, intranquilidade, dentre outros. Pensando em todos esses fatos, entra, agora, o que chamamos “o coração do projeto”: Vê-los como ser humano único, com os mesmos direitos de todos os outros. Cada qual com seu valor, como ser individual com identidade própria, criado a imagem e semelhança de Deus; que pensa, chora, ri e com necessidade de se desenvolver.
  • 39. 38 Nosso objetivo é ir além da parte técnica (habilidade do aluno junto ao instrumento): é integrá-lo a sociedade, através do seu desenvolvimento pessoal, auto-estima e valorização do ser humano. OBJETIVO Oferecer a Comunidade do Morro do Borel uma Escola de Música (Projeto BOM TOM) que atenda a crianças, adolescentes, jovens e adultos que desejem aprender instrumentos musicais, tais como: violão, bateria, cavaquinho, teclado, percussão, flauta doce, teoria musical, entre outros. Priorizando o relacionamento entre os alunos, de forma a acompanhar suas dificuldades e aprendizado. Oferecendo palestras com temas atuais e pertinentes a realidade do morro, como: violência, drogas e gravidez na adolescência. Promovendo assim uma consciência saudável e atuando em aspectos fundamentais do desenvolvimento do ser humano. Alvo Atender a 100 pessoas da Comunidade Morro do Borel entre crianças, adolescentes, jovens e adultos na Escola de Música - Projeto Bom Tom. Com o compromisso técnico e cidadão.
  • 40. 39 PROJETO CRIARTE USANDO A ARTE EM FAVOR DA VIDA A arte humaniza, e se ela humaniza, precisamos mais do que nunca, da sua utilização no meio educacional e mais ainda na sociedade de modo em geral. Pois se temos consciência de que a educação é a base estrutural, juntamente com a família, de uma sociedade plena, também temos consciência de que precisamos a cada dia mais de pessoas comprometidas com essa questão de humanização dos indivíduos. Humanizar no sentido completo e pleno da palavra. Mais do que dar condições aos indivíduos de vivência, de sobrevivência, dar a eles a oportunidade de serem quem realmente são, com toda sua individualidade e peculiaridades. JUSTIFICATIVA Este projeto surgiu da necessidade que há em assistir a indivíduos na Comunidade do Morro do Borel, que passam parte de seu tempo ocioso, sem perspectivas ou iniciativa profissional. Algumas mulheres se sentem limitadas pelo fato de não poderem se ausentar de casa por causa dos filhos e também por terem deixado os estudos muito cedo, o que lhes dá um sentimento de incapacidade em relação ao mercado de trabalho formal. Propomos como organização o projeto CriArte, que usa a arte manual, como forma de através do curso e trabalho incentivá-los a acreditarem em si, desenvolverem uma melhor qualidade de vida em sociedade, e ainda obter o retorno financeiro.
  • 41. 40 O processo artesanal difere do industrializado por um caráter de singularidade e de relação com o objeto, cada peça de artesanato é única e tem a ver com o artesão que a fez. O artesão sempre coloca algo de si em cada produto desenvolvido. Devido a isso acreditamos que o projeto que valoriza o artesanato e o indivíduo, contribui para o desenvolvimento comunitário e qualidade de vida do cidadão. OBJETIVO GERAL A partir da Arte manual contribuir para a melhoria da qualidade de vida da Comunidade, através do incentivo a autoestima e valorização do indivíduo, criando condições para o desenvolvimento socioeconômico e cultural, associado ao desenvolvimento comunitário. Alvo: Atender a 50 pessoas que tenham interesse na arte manual, não somente como oportunidade financeira, mas principalmente como instrumento de desenvolvimento pessoal. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Promover a disseminação de conhecimentos e técnicas básicas de artesanato, qualificando e identificando artesãos na comunidade. Desenvolver ações de educação profissional para incentivar a participação comunitária, visando ao fomento do trabalho coletivo. Promover palestras e encontros que proporcionem desenvolvimento pessoal e a melhoria da qualidade de vida dos alunos.
  • 42. 41 METODOLOGIA Para critério de matrícula no Criarte será observado o fator escolar de cada aluno (alunos de 10 a 18 anos deverão estar matriculados em alguma escola). Cada aluno tem o compromisso com o curso de uma taxa mensal, simbólica, de R$ 10,00 para manutenção e compra de materiais utilizados em sala, tais como: linhas, tintas, miçangas, pincéis, agulhas, massa de biscuit, além de xerox e lanche. Teremos dois encontros semanais de duas horas, de terça a sábado, que serão realizados no Criarte nos horários das 9h as 11h peia manhã e das 14h as 17h a tarde. Promoção de momentos tanto em aula como fora, onde sejam ministrados princípios e valores cristãos e éticos, através de palestras com temas sobre: família, DST, higiene pessoal, aborto, sexualidade, tendo como palestrantes convidados de cada área específica. Realizar saídas em eventos de artesanato e passeios que integrem o grupo.
  • 43. 42 PROJETO CRECHE SEMENTE BOREL FABRICANDO SEMENTES PARA ALIMENTAR A VIDA COMO NASCE UMA SEMENTE O projeto Fabricando Sementes para Alimentar a Vida, nasceu como fruto de um sonho, desses que ao se realizar serão capazes de mudar o curso de vidas e reescrever histórias. A Semente nasceu no coração de um homem sonhador, apaixonado por pessoas e inconformado com os contrastes sociais e econômicos da "Cidade Maravilhosa". Pedro Rocha Júnior é esse sonhador, que abriu mão do seu trabalho na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, para representar o amor de Deus nas favelas cariocas. Hoje, como líder do Ministério de Misericórdia no Rio de Janeiro e missionário de tempo integral no Borel, tem oferecido para Deus, sua própria vida como parcela de contribuição para uma sociedade mais humana e consequentemente melhor! Pedro veio para o Borel em 1991 e, inicialmente, implantou com sua equipe o ambulatório médico, que desde aquela data tem prestado atendimentos à Comunidade na área de saúde preventiva e curativa,
  • 44. 43 atuando nas diversas situações de doenças e violências do qual os moradores do morro são alvos constantemente. Com o passar do tempo percebeu-se então, que a maioria dos atendimentos oferecidos pelo ambulatório atualmente, serão menos frequentes no futuro, se o trabalho de prevenção for iniciado na infância. O sonho se tornou um projeto - e o projeto se tornou uma semente que germinou e tem crescido gradativamente, alimentando em nossos corações o desejo de contribuir cada vez mais com a formação de caráter em nossas crianças: para que cresçam saudáveis em todas as áreas da vida e a criança enquanto pessoa seja uma semente e possa gerar a paz que a sociedade tanto almeja e não consegue promover. Embora funcione em sistema de creche, a Semente vai muito além, pois é um núcleo de atendimento a criança, onde recebem apoio, orientação e suporte emocional. A educação é uma das ferramentas utilizadas em nosso trabalho, para que o amor de Deus possa fabricar no coração das crianças as sementes que alimentam a vida. Desde a sua fundação em agosto de 1996, o Espaço Semente tem funcionado como uma casa refúgio, onde as crianças podem vivenciar uma forma criativa e interativa de aprendizado, recebendo auxílio em seu desenvolvimento cognitivo, emocional, social e espiritual
  • 45. 44 que contribuirão para a formação de caráter. É para elas e por causa delas que o projeto Semente 'existe, é para que cresçam felizes e conscientes da busca por uma comunidade melhor, onde o respeito ao próximo e o valor da vida seja cultivado. Hoje, vivenciamos um processo de reflexão sobre esses dez anos de história e esperamos obter mais que avanços de quantidade, também avanços de qualidade para fazer do Espaço Semente, hoje e sempre um referencial de educação e amor. "Agora, pois permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três. Mas o maior destes é o amor". I Co 13:13 A criança é o princípio sem fim. "A criança é o princípio sem fim," “O fim da criança é o princípio do fim". Quando uma sociedade deixa matar as crianças, é porque começou o seu suicídio como sociedade. Quando não as ama, é porque deixou de se reconhecer como humanidade. Afinal, a criança é o que fui em mim e em meus filhos. Enquanto eu pessoa e humanidade. Ela como princípio é a promessa de tudo. É minha obra livre de mim. Se não vejo na criança, uma criança,
  • 46. 45 é porque alguém a violentou antes, e o que vejo é o que sobrou de tudo que lhe foi tirado, mas essa que vejo nas ruas sem pai e sem mãe, sem casa, cama e comida, essa que vive a solidão das noites sem gente por perto, é um grito, é um espanto. Diante dela, o mundo deveria parar para começar um novo encontro, porque a criança é o princípio sem fim e o seu fim é o fim de todos nós. Herbert de Souza OBJETIVOS Gerais: Formar crianças conhecedoras e críticas dos aspectos socioeconômicos da comunidade, desenvolvendo nelas a capacidade de reconhecer a realidade social e propor soluções criativas. Cultivar sentimentos de solidariedade que promovam a paz como elo transformador. Usar as ferramentas da educação para plantar amor, a fim de que as próximas gerações do Borel possam colher vida, justiça e paz. Resgatar e promover alguns princípios fundamentais para a formação de famílias saudáveis e
  • 47. 46 consequentemente felizes, para que o mundo seja melhor. Construir com a criança, a capacidade de se conhecer enquanto pessoa, e desenvolver seu próprio potencial e capacidade de lidar com as situações de conflitos e vencer desafios. Específicos: Proporcionar um ambiente em que as diferenças individuais sejam vistas sem preconceitos e como a de forma variedade e criatividade, com que Deus criou cada pessoa e que é exatamente a diferença e a individualidade de cada um que torna o mundo mais interessante e criativo. Incentivar a independência e interdependência na construção da autonomia da criança, dando-lhe a oportunidade de viver suas próprias experiências e a partir delas,sentir-se capa de experimentar, testar, decidir e assumir as responsabilidades consequentes das ações e decisões, levando-a, a reconhecer e respeitar os próprios limites e os limites do próximo. Oferecer as nossas crianças, a garantia e o cumprimento dos direitos assegurados no Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA. Estimular através da convivência e respeito mútuo, atitudes de contemplação e amor ao próximo, para que mesmo sendo crianças, elas possam acreditar e experimentar que é possível ser uma pessoa pacífica e digna, que não precisa deixar-se estigmatizar ou influenciar negativamente pela maldade e violência que tão de perto nos rodeia.
  • 48. 47 PROPOSTA PEDAGÓGICA No Espaço Semente, desenvolvemos uma ação pedagógica voltada para os interesses e necessidades das nossas crianças. Aqui elas são cenário, conteúdo e matéria-prima de todo trabalho realizado. Embora o nosso grande motivador não seja a pedagogia e sim o fator social e humano, desenvolvemos uma ação pedagógica através das atividades que são propostas com objetivo de subsidiar a criança na formação de seu desenvolvimento pleno. Reconhecemos que a educação é fundamental para que a criança desenvolva suas habilidades psicomotoras, afetivas e emocionais, explorando seus sentimentos e criatividade, a fim de que tenham acesso ao conhecimento de si enquanto pessoa e do meio em que vive, de maneira crítica e transformadora. Com base no Estatuto da Criança e do Adolescente, nossa metodologia visa garantir os direitos da criança e oferecer mais que apoio pedagógico, também a confiança, o respeito e )a amizade, que se estabelece diariamente na relação com as educadoras. No início do projeto, mesclávamos apenas as ideias e filosofia do método proposto por Maria Montessori e Paulo Freire. Ao longo do tempo fizemos algumas modificações e conhecemos melhor o construtivismo (Conjunto de estudos e pesquisas desenvolvidas a partir da Teoria de Jean Piaget) adotamos também esta filosofia como uma ferramenta de trabalho, associada a uma educação baseada em princípios Bíblicos. O ato reflexivo e participativo, estão inseridos na metodologia do nosso trabalho por entendermos que é à
  • 49. 48 partir do nosso pensamento que acontecem as atitudes e que através da reflexão, elas podem ser praticadas, repensadas e aprimoradas ou refeitas. A Bíblia Sagrada nos ensina que todas as intenções, atitudes e palavras, nascem do coração, sendo assim, cada ação externa é fruto da visão interna que cada pessoa tem de si próprio e do mundo em que vive. Partindo deste princípio Bíblico, procuramos despertar e estimular na criança o desejo de aprender, seja com as situações do mundo, sociedade e família como também peta compreensão da comunicação e o domínio dela. Dentro da nossa proposta de trabalho o processo de alfabetização não é mecânico mas, ao mesmo tempo que é um processo natural, precisa também ser estimulado de diversas formas. Para nós interessa principalmente que a aprendizagem da leitura e da escrita seja a compreensão das diversas formas de linguagem e utilização pela criança, para compreender o mundo e intervir no mesmo, como a semente que ao se tornar uma planta é capaz de mudar a paisagem do meio ambiente que a recebe. A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA Esta participação é uma parceria que tem dado certo durante esses dez anos de funcionamento do Espaço Semente. Nossas ações em conjunto com as famílias, partem do princípio de que é exatamente na família que o aprendizado se inicia. A família é o principal agente socializador, podendo ser tanto a grande solução ou um grande problema para o desenvolvimento pleno e saudável da criança.
  • 50. 49 A família pode em potencial, cuidar da educação da criança sem necessariamente receber ajuda externa, mas uma escola ou projeto jamais poderá fazer um trabalho eficaz se a família não for um agente com participação ativa no processo de educação e socialização. O ambiente familiar é a prática do dia-a-dia na formação da criança. É esta prática que resultará em maior ou menor capacidade que a criança terá para lidar com as situações positivas e negativas de sua vida. O comportamento dos pais diante da criança influencia no seu conceito de mundo e de si enquanto pessoa em desenvolvimento. Preocupados em contribuir com este maravilhoso papel que Deus confiou à família, buscamos valorizar e ampliar cada vez mais esta parceria através de reuniões bimestrais, visitas domiciliares nos fins de semana e festas comemorativas. Diariamente, temos um espaço reservado para atendê-las e ouvi-las. Diante de suas queixas, problemas e sugestões nos propõem a orientá- las da melhor forma e quando necessário auxiliá-las na busca de soluções. Este momento ocorre no período em que as crianças dormem e, embora, às vezes cansativo, esse é um momento muito precioso, pois estabelece entre a família e o projeto uma relação de confiança e compromisso e isso se reflete positivamente no trabalho com as crianças. PÚBLICO ALVO Atualmente atendemos 36 crianças de 3 a 5 anos que vivem em situações de risco social causado pela violência doméstica e comunitária a que são constantemente submetidas. Boa parte delas pertence a
  • 51. 50 grupos familiares em situação de extrema pobreza financeira, afetiva e espiritual. A maioria dos pais é formada por jovens que devido à falta de qualificação profissional, não consegue o sustento necessário para a família. É muito comum encontrarmos mulheres responsáveis pelo sustento do lar e avós que depois de criar os filhos criam também os netos e isso muitas vezes geram conflitos de autoridade e identidade na criança submetida a essa forma de arranjo familiar. Temos um processo de seleção, onde priorizamos os mais desprovidos das necessidades físicas e emocional. Esta é uma tarefa difícil, pois o fato de viver num local com tanta falta de recursos e infraestrutura, já os denomina como carentes, mas ao visitarmos as famílias,no processo de seleção, temos a triste constatação, que mesmo aqui, onde quase sempre se tem tão pouco, a desigualdade social é gritante, e enquanto alguns têm pouco, muitos nada têm, À algumas famílias falta a complementação para uma vida digna e à muitas falta o essencial. Essa realidade não apenas nega à criança o direito à infância, mas cruelmente compromete o futuro. ATIVIDADES Chegada: É o período no qual podemos observar a criança que através das brincadeiras ou na casinha, expressam ou refletem sua realidade familiar. Nesse momento a criança explora sua criatividade utilizando jogos educativos e interagindo com os demais colegas. Ao som de música clássica que proporciona em sala de aula um ambiente calmo e acolhedor.
  • 52. 51 Atividade pedagógica direcionada: Muito mais que sujeito ativo, a criança é um sujeito interativo, sendo assim ela constrói, produz conhecimentos e avança em situações de interação e interlocução com o outro. Portanto, além do trabalho individual valorizamos e promovemos constantes trabalhos em grupo. As atividades são propostas com estímulos para que a criança possa ousar, criar e não ter medo de errar. A cada erro a criança é levada ao auto- conhecimento e à identificação do que já sabe e do que precisa saber. As nossas salas são divididas em cantinhos cuidadosamente estruturados para oferecer à criança proteção e privacidade. Enquanto brinca nos cantinhos, as crianças são auxiliadas pelas educadoras a prestar atenção na atividade do colega ao lado, o que proporciona a oportunidade de aprender com o outro, aumentando assim o prazer de brincarem juntos e desenvolverem a mesma atividade por mais tempo. Leitura - onde se desenvolve o hábito de ler e o valor da literatura como uma das grandes ferramentas da educação. Jogos - são oferecidos jogos de construção como Lego e outros que possibilitam não só a criatividade como o raciocínio lógico e matemático. Fantoches - onde eles exploram a arte, vivenciam e criam estórias, utilizam a linguagem oral e corporal, dando "asas" à criatividade e imaginação. Espelho- trabalhamos a auto-estima da criança quando vêem sua imagem refletida no espelho. É uma das áreas de maior importância, pois o complexo de inferioridade e
  • 53. 52 baixa auto-estima são um dos problemas da comunidade que afetam nossas crianças. Casinha- como citamos anteriormente, a casinha é um excelente meio de conhecimento para o relacionamento e trabalho em conjunto com as famílias e também a construção de valores e princípios éticos. Mochilas- onde aprendem a pendurar e apanhar suas mochilas e roupas, criando um elo de identidade e responsabilidade com os objetos pessoais, domínio e controle. De tempos em tempos reorganizamos as saias de aula para estimularmos a curiosidade e a criatividade da criança. Porém, optamos sempre por preservar os cantinhos, pois entendemos que eles ajudam a promover a identidade pessoal da criança e a privacidade, favorecendo o desenvolvimento de competência, promover oportunidade para o crescimento individual e coletivo. Eles também contribuem com a sensação de segurança e confiança, estimulando a exploração e uso adequado do espaço. Roda - É o momento da conversa informal, relato de experiências e troca de conhecimentos entre os alunos e o professor. À partir de um determinado tema as sementes são levadas a refletirem sobre "ser criança" (vantagens, direitos, deveres, etc.) e desfrutam de agradáveis momentos de confraternização e interação. Recreação e Lazer - Esses momentos são variados com um brinquedo de parque (apelidado por eles como "brinquedão"), banho de mangueira, de piscina plástica e atividades na área de laser. Nestes momentos eles executam coordenação motora ampla como corrida, pulo, subida e descida em escada e rampa de madeira,
  • 54. 53 arrastamento, arrolamento e exploração de espaço livre. Como a maioria das casas não possui quintal, utilizamos os espaços externos da creche para que sejam explorados pelas crianças em movimentos corporais que levam a criança a experimentar seu corpo no espaço e a conhecer o espaço por meio de seu corpo. Mensalmente organizamos passeios e atividades culturais de acordo com os temas abordados e trabalhados. Higiene bucal - É nesta hora em que ensinamos as crianças noções de saúde bucal e reforçamos a importância de manter os dentes limpos para prevenir doenças. Também trabalhamos questões como espera e organização, pois o monitoramento da escovação, é feito com cada criança individualmente. Periodicamente fazemos aplicação de flúor e campanhas preventivas com o auxílio de profissionais da área de saúde Descanso - Esse tempo é separado para que eles desfrutem de momentos de tranqüilidade e aconchego. Dia da Beleza - É realizado periodicamente com a ajuda de voluntários. Montamos um salão de beleza com massagem capilar, manicure, penteados, cortes de cabelo, etc. Nos surpreendemos com a reação de euforia e às vezes de espanto das crianças ao se sentirem bonitas e valorizadas. AVALIAÇÃO O Espaço Semente vem ao longo dos anos refletindo sobre seu sistema de avaliação quanto ao aprendizado da criança e também a consciência das famílias na responsabilidade de contribuir para que o
  • 55. 54 trabalho se desenvolva juntamente com a prática pedagógica. A avaliação do trabalho é realizada de forma constante visando a qualidade do aprendizado individual e coletivo e todo o processo de ensino-aprendizagem das nossas crianças proposto pelas atividades realizadas é avaliado no dia-a-dia. A avaliação diária norteia o planejamento e o trabalho com cada família. Nosso maior desafio é que as famílias assumam seu papel como participantes ativas das mudanças e progressos tanto na vida de seus filhos, como na comunidade e sociedade. Cada decisão tomada e todo o trabalho realizado no projeto com as famílias são coerentes com a reflexão de que é avaliando o desenvolvimento de cada criança e o nosso trabalho em equipe que percebemos que os erros não são sinônimos de incapacidade, mas oportunidade de adquirir novos conhecimentos, aprender e aperfeiçoar o que foi feito. Por isso, cada caminho percorrido, cada decisão tomada e todo trabalho da creche com as famílias são realizados coerentes com essa reflexão. CONCLUSÃO Concluímos que ensinar crianças dentro da faixa etária em que temos trabalhado é desafiante, já que os circuitos que regem a percepção e a capacidade de absorver e conservar conhecimentos por isso, temos como meta melhorar e crescer sempre. A fim de melhorar a cada ano, não nos detemos somente no que o Espaço Semente pode oferecer mas nos empenhamos na busca de novos conhecimentos. As
  • 56. 55 visitas e reuniões que realizamos com as famílias são de orientação familiar sem fins terapêuticos, mas preventivos quanto a problemas que possam dificultar a construção do saber da criança e do seu desenvolvimento.
  • 58. 57 I. CENTRO DE INCLUSÃO: Educação e Qualificação Aumento do número de Escolas de Nível Médio, com inclusão de cursos profissionalizantes, atendendo à demanda local. Regularização das creches e pré-escolas existentes, investindo na melhoria das instalações e capacitação profissional. Redimensionar o programa EJA – Educação de Jovens e Adultos, adequando-o à demanda existente. Desenvolvimento de programas de interativi- dade escola/comunidade, numa contribuição efetiva à dinâmica das vidas de seus educandos nas comunidades. Serviço Social – inclusive informação sobre oportunidades de trabalho Instalação de Centros Sociais que facilitem a emissão de documentos (Carteira de Trabalho, Registro de Nascimento); que orientem a procura por emprego e procedam ao encaminhamento. Instalação de Comissão de Direitos Humanos, que auxilie os moradores e amenize a violação desses direitos quanto aos excessos da ação policial e criminal.
  • 59. 58 Programa de Saúde da Família Ampliação do número de Postos de Saúde e das especialidades médicas nos já existentes. Implantação de atendimento odontológico. Implantação de Centros de Apoio Psicológico a dependentes químicos e familiares. Instalação de Centros de Apoio à Mulher e Adolescentes nos diversos pontos da comunidade. Cultura / Entretenimento / Esportes Reativação da programação da Lona Cultural e da Vila Olímpica. Implantação de programas esportivos, como tênis, basquete, handebol, vôlei, futsal, usando os espaços das escolas municipais nos fins de semana, numa parceria com universitários dos cursos de educação física. Utilização dos espaços das escolas para aulas de percussão, teatro, capoeira, dança afro, break, graffiti, entre outras. Essas atividades podem contribuir para uma maior interação entre escola e comunidades, melhorar o desempenho escolar e diminuir a evasão escolar.
  • 60. 59 Desenvolvimento de projeto pedagógico, com o objetivo de desvincular o baile funk da criminalidade, desta forma estabelecendo o seu papel de “cultura produzida na favela”. Implantação de telecentro (para inclusão digital) Inclusão digital através dos Centros Sociais e Escolas. II. OUTRAS NECESSIDADES: Casas Populares O bairro tem grande quantidade de famílias morando de aluguel em pequenas quitinetes. Dessa forma, é necessário fazer um levantamento a fim de descobrir qual o déficit habitacional, para a construção de novas casas populares. A regularização fundiária também ainda é um problema enfrentado pelos moradores do bairro. A falta de regularização de suas residências os impede de exercer sua cidadania de forma plena. Ainda são muito poucos os moradores que possuem escritura definitiva de suas casas. Segundo os dados do Censo Maré (2000), a população é de 132 176 habitantes ocupando 38 273 domicílios em um território de cerca de 800 mil m².
  • 61. 60 Infraestrutura A falta de arruamento adequado nas comunidades mais antigas impede a entrada de serviços básicos, como correios e coleta de lixo. A iluminação pública também é um problema e precisa de manutenção constante. Mais de 50% da iluminação nas ruas na maioria das comunidades do bairro vem das casas e comércio dos moradores. Regularização de serviços de correspondências e coleta de lixo. É preciso investir em Transporte Coletivo. Linhas especiais ligam o bairro a Zona Sul e ao Centro da cidade, mas com horários ainda muito aquém da demanda local. Regulamentação e fiscalização do transporte alternativo. O transporte permanente que atende aos moradores de forma mais satisfatória são os alternativos (moto-taxi e kombis), que mesmo assim, são marcados pela precariedade, falta de manutenção e regulação por parte da prefeitura, na sua grande maioria. Serviços Essenciais Acesso a serviços de fornecimento de TV a cabo e Internet Banda Larga. Implantação de serviços bancário e postal dentro da comunidade.
  • 62. 61 III. ANEXO: Texto completo do Projeto “Maré 2016”. COORDENAÇÃO – EQUIPE: - Francisco Marcelo da Silva
  • 63. 62 ANEXO PROJETO MARÉ 2016 Por uma Cidade para tod@s! Proponente: Francisco Marcelo da Silva1 1 Morador da Comunidade Vila do João – Maré.
  • 64. 63 Apresentação O bairro Maré surge em meados da década de 1940 do séc. XX. Localizado na Zona da Leopoldina, o bairro Maré nem sempre ostentou esse status, pelo contrário, até hoje ainda traz consigo a denominação pejorativa e preconceituosa de Complexo da Maré. Denominação essa que é fortalecida e reproduzida pelas instituições públicas que teimam em não reconhecerem o decreto municipal de 1994 que elevou a Maré ao status de bairro. O bairro Maré no início das décadas 40 e 50 era composto por 6 comunidades: Morro do Timbau (1940), Baixa do Sapateiro (1947), Parque Maré (1953), Parque União (1961), Rubens Vaz (1961) e Nova Holanda (1962). A partir de 1979 com o Projeto Rio, são construídos sucessivamente os Conjuntos Habitacionais Vila do João (1982), Conjunto Esperança (1982), Vila dos Pinheiros (1989) e Conjunto Pinheiros (1989). Em 1994 com a integração do bairro as Regiões Administrativas (XXX RA) mais três Comunidades são incorporadas: Marcílio Dias (1948), Roquete Pinto (1955) e Praia de Ramos (1962). Na década de 1990 o governo municipal criou mais três Comunidades para abrigar moradores retirados de áreas de risco: Bento Ribeiro Dantas (1992), Nova Maré (1996) e Salsa e Merengue (2000). Todos esses conjuntos habitacionais faziam parte do Programa Morar Sem Risco – Prefeitura do Rio de Janeiro. Sendo assim, a Maré é um território com uma localização privilegiada no Rio de Janeiro. Está situada entre as principais vias de acesso a diferentes bairros da cidade, Linhas Amarela e Vermelha e Avenida Brasil; próxima ao Aeroporto Internacional do Galeão e a Zona
  • 65. 64 Portuária. Em relação à população do município do Rio de Janeiro, representa 2,26% do total de habitantes. Se a Maré fosse um município ela ocuparia a 11ª posição, em termos de população, comparada aos municípios da Região Metropolitana e a 17ª posição em relação aos municípios do Estado do Rio de Janeiro. Não há dúvidas da importância do bairro Maré para um maior desenvolvimento da cidade e, principalmente, pela sua localização, população, potencial social e econômico merece um melhor tratamento por parte do setor público e privado. Como toda Comunidade de Origem Popular no Rio de Janeiro a Maré também sofre com as precariedades e fragilidades das políticas públicas. A proximidade da revitalização da zona portuária, a copa do mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 podem transforma o bairro Maré a ponto de transformá-lo no grande legado para a cidade do Rio. Vamos tentar apresentar aqui algumas das iniciativas (propostas) que entendemos poderiam ser implementadas pelos setores públicos e privados (principalmente públicos) que podem contribuir para um melhor desenvolvimento sustentável do bairro e, consequentemente, da cidade como todo. Vamos tentar apresentar nossas propostas separadamente por tópicos temáticos.
  • 66. 65 Tópico 1 – Infraestrutura A Maré é formada por 16 Comunidades, dessas, 10 são conjuntos habitacionais implementados por setores dos governos municipal e federal, as outras 6 são resultado da ocupação voluntária e marcadas pela autoconstrução popular. Como não houve pelos órgãos públicos um acompanhamento, um monitoramento para manutenção e preservação desses condomínios, muitos deles hoje apresentam vários problemas de infraestrutura e precisam de reparos e ampliação de vários serviços essenciais: a) Segundo os dados do Censo Maré (2000), a população é de 132.176 habitantes ocupando 38.273 domicílios em um território de cerca de 800 mil m². Isso demonstra que o grande problema na Maré não é a alta densidade demográfica, mas sim, a alta densidade residencial. O bairro tem uma grande quantidade de
  • 67. 66 família morando de aluguel em pequenos quitinetes, dessa forma, é necessário fazer um levantamento a fim de descobrir qual o déficit habitacional para a construção de novas casas populares; b) A regularização fundiária também ainda é um problema enfrentado pelos moradores do bairro. A falta de regularização de suas residências os impede de exercer sua cidadania de forma plena. Ainda são muito poucos os moradores que possuem escritura definitiva de suas casas; c) O acesso a serviços importantes como fornecimento de TV a cabo e Internet banda larga não são acessíveis a todos moradores, forçando-os, muitas das vezes a contratar esses serviços de fornecedores clandestinos; d) A falta de arruamento adequado nas comunidades mais antigas impede a entrada de serviços básicos como correios e coleta de lixos. No caso do lixo os moradores são obrigados a juntá-los em terrenos baldios contribuindo, assim, para a proliferação de ratos, insetos, mau cheiro e doenças; e) A iluminação pública também é um problema e precisa de manutenção constante, mais de 50% da iluminação na ruas na maioria da comunidades do bairro vem das casas e comércio dos moradores.
  • 68. 67 Tópico 2 – Serviços Social e Saúde a) É preciso investir em transporte coletivo. Como informamos acima o bairro tem uma dimensão territorial de mais de 800 mil m² e conta com algumas linhas especiais que ligam o bairro a zona sul e ao centro do da cidade, mas com horários e saídas específicos e ainda muito aquém da demanda local. O transporte permanente que atende aos moradores de forma mais satisfatória são mototáxi e as Kombi, que mesmo assim, são marcados pela precariedade, falta de manutenção e regulação por parte da prefeitura, na sua grande maioria; b) Todo o bairro conta apenas com uma lotérica, localizada na comunidade Nova Holanda, para poder pagar suas contas e, dependendo do caso e do banco, sacar e fazer depósitos. Se analisarmos que muitos
  • 69. 68 desses moradores não vão à Nova Holanda por receio da ação de grupos criminosos locais, podemos afirmar que mais de 90% da população não tem acesso a esse serviço essencial. No caso dos correios o problema é mais grave, pois não há esse serviço em nenhuma comunidade do bairro. Dessa forma os moradores são obrigados a se deslocarem para o bairro de Bonsucesso se quiserem manter suas contas em dia; c) No que tange ao gênero, a presença feminina é majoritária na Maré (66.976). Em relação à faixa etária, é significativa a presença de criança de 0 a 14 anos, representando 30% do conjunto da população do bairro, ou seja, quase 1/3 da população é formada por crianças e pré-adolescentes. Dessa forma, seria de suma importância para o bairro a instalação de Centros de Apoio a mulher e adolescentes. A Maré consta apenas com um Centro de Apoio a Mulher numa parceria com a UFRJ e que funciona na Comunidade Vila do João, em relação aos adolescentes esse acompanhamento é geralmente realizado por algumas ONGs do bairro, mas que não conseguem atender a demanda. d) O bairro precisa de Centros Sociais que ofereçam cursos profissionalizantes, acesso a Internet, emissão de documentos para a busca do primeiro emprego, registro de nascimento, encaminhamento para emprego, etc.; e) No campo da Saúde a Maré conta com apenas 6 postos de saúde ambulatoriais e uma Unidade de Pronto Atendimento – UPA. Os moradores reclamam das dificuldades para marcar as consultas e da falta de especialistas. No caso da UPA, há uma precariedade dos serviços e falta de médicos especializados. Serviços como odontologia, que muitas vezes são oferecidos por
  • 70. 69 “centros sociais” mantidos por políticos fisiológicos. É necessária a instalação urgente de centros de apoio psicológico aos dependentes químicos e seus familiares; f) O bairro é marcado por confrontos violentos entre grupos armados e entre esses e a polícia. Há quase sempre relatos de moradores quanto aos excessos da ação policial e criminal, desta forma, é de extrema necessidade a instalação de uma Comissão de Direitos Humanos que auxilie os moradores e amenize a violação desses direitos. Tópico 3 - Cultura e Entretenimento No que se refere a cultura e entretenimento o bairro ainda precisa melhorar muito. A Maré apresenta apenas uma Lona Cultural, infelizmente marcada pelo abandono. Há também uma Vila Olímpica, um museu comunitário organizado por uma ONG. Tanto o museu, como a lona cultural e a vila olímpica localizam-se em áreas dominadas por diferentes facções criminosas o que
  • 71. 70 dificulta a circulação e o acesso dos moradores a locais, principalmente os jovens. A principal atividade de lazer dos jovens no fim de semana são os bailes funks, muito recriminados pela polícia e a sociedade como um todo. a) Tendo em vista a grande demanda para a Vila Olímpica e as fronteiras invisíveis impostas pela violência, pensamos que uma iniciativa interessante seria investir em projetos esportivos como tênis, basquete, handebol, vôlei, futsal, usando os espaços das escolas municipais nos fins de semana numa parceira com universitários dos cursos de educação física. b) Os espaços das escolas também poderiam ser usados para aulas de percussão, teatro, capoeira, dança afro, break, graffiti, entre outras. Essas atividades podem contribuir para uma maior atividade entre escola e comunidades, melhorar o desempenho escolar e diminuir a evasão escolar; c) Os bailes funks já fazem parte da cultura carioca, dificilmente as casas de show no Rio de Janeiro deixam de executar as canções nas noites cariocas. O problema são os funks de apologia às drogas, ao tráfico e a pedofilia. É importante lembrar que não combateremos esse funk do mal com repressão as equipes de som que organizam os bailes nas favelas e é ingenuidade achar que o funk existe nas favelas para os traficantes venderem drogas, mesmo sem funk as pessoas irão consumir entorpecentes. Os bailes funks fazem parte da cultura produzida na favela, assim como o samba, o pagode etc. O processo tem que ser pedagógico, mostrando sempre os males que o chamado funk do mal pode causar aos jovens moradores de favelas, principalmente.
  • 72. 71 Tópico 4 – Educação e Qualificação Em relação à educação, os dados do Censo Maré 2000 nos mostram que 94% das crianças em idade escolar (7 a 14 anos) estavam regularmente matriculadas, mas ainda existiam 6% fora da escola. Em um levantamento feito pelo Observatório Social da Maré, paralelo às atividades do Censo, um conjunto de fatores como desemprego dos pais, ingresso precoce no mercado de trabalho e doenças que atingiam um ou mais membros da mesma família, poderiam explicar a ausência ou o abandono da escola. Ainda em relação às escolas, havia uma incompatibilidade na relação entre oferta de vagas e a procura. Pelo levantamento ficou explícito que nas áreas onde havia conflitos armados a procura por vagas era
  • 73. 72 menor, o que consequentemente, aumentava a procura nas escolas situadas em áreas menos vulneráveis a esses conflitos. Um elemento que contribui para um universo elevado de crianças matriculadas no ensino fundamental é a quantidade de escolas que atendem a esse segmento, localizadas na Maré. Ao todo são 16 escolas públicas. Por outro lado, em relação ao Ensino Médio, os números não são os mesmos. Apenas 3 escolas atendem a esse público, dessas, 2 atendem apenas no horário noturno. Continuando assim os jovens que não conseguem matrículas nessas escolas e que apresentam dificuldade para estudar fora do bairro estarão fadados a não cursar o ensino médio. Temos ainda uma elevada taxa de analfabetismo entre os adultos acima de 14 anos, chegando a 8%, segundo os dados do Censo Maré. Como podemos perceber o bairro não possui nenhuma escola que ofereça curso técnico. Há tempo o Colégio Bahia, que oferece ensino médio noturno, oferecia ensino médio profissionalizante nas áreas de administração e contabilidade, mas agora, apenas o curso de Formação Geral que tem duração de 4 anos. O bairro tem uma boa oferta de creches e pré- escola, a grande maioria particular e sem autorização da prefeitura. É preciso investir na melhoria da infraestrutura das escolas, na qualificação dos professores e rever as demandas de vagas para o ensino médio e Educação de Jovens e Adultos. As escolas precisam interagir com as comunidades do bairro, pois da forma como está não passam apenas de feudos sem nenhuma contribuição efetiva na dinâmica das vidas de seus educandos nas comunidades. Dessa forma, acabam contribuindo para
  • 74. 73 aumentar, ainda mais, o desinteresse dos educandos pelos conteúdos curriculares quase sempre distantes da sua realidade. Segurança Pública e Direitos Humanos A charge e as fotos são fortes. Essas são imagens do assassinato de Matheus, de 8 anos, morto por um policial militar, ao sair de casa para comprar pão. Isso demonstra um pouco como é a ação da polícia nas comunidades do bairro.
  • 75. 74 O bairro Maré é tratado pela Secretaria de Segurança como território hostil, reduto de traficantes e pessoas da pior espécie. O policial tem dificuldades de distinguir entre um menino de 8 anos e um traficante. Ou será que todos as crianças e jovens do bairro são criminosos em potencial? Daí a estratégia seria eliminá-los? O caso de Matheus não é diferente do caso de Renan (3 anos), Felipe (17 anos), Ramon (11) e muitos outros. Diante dessa realidade, que política de segurança podemos propor? O grande debate hoje gira entorno da instalação das Unidades de Policiamento Pacificadoras, já implementadas em 7 comunidades populares da zona sul do Rio de Janeiro. Acompanhando a euforia da grande mídia e os depoimentos de alguns moradores que foram muitos receptivos a essa política, ficamos apreensivos. Enquanto morador fica difícil não estar de acordo com a proposta da UPP, até porque conviver com o tráfico é muito difícil, só nós sabemos o que passamos. Mas, apesar dessa situação incomoda, vivemos em um Estado de Direitos e não podemos aceitar a implantação de um regime quase ditatorial. A UPP opera na lógica do controle sobre o território, até ai nenhuma diferença do tráfico e das milícias. Não vem para garantir a soberania, chega pra ser a soberania. Esse tipo de política dentro de um estado republicano de direito é inadmissível. Somos a favor de uma política de valorização da vida; de retomada da soberania urbana; pela integração da cidade; pelo respeito aos direitos humanos. Reconhecemos os avanços da política implementada pela secretaria de segurança, mas pensamos que é preciso
  • 76. 75 aperfeiçoá-la. Parece que o que resta para o cidadão de bairros populares como a Maré é escolher entre “o menos pior”. Não podemos trocar uma ditadura do tráfico/milícia pela ditadura da polícia. É preciso respeitar os Direitos Humanos valorizando a vida de nossas crianças e nossos jovens. A polícia do Rio de Janeiro é a que mais mata e a que mais morre. É preciso dar um fim nesse morticínio.
  • 77. PROJETO DE INTEGRAÇÃO SOCIAL DA COMUNIDADE DE MANGUINHOS
  • 78. 77 I. CENTRO DE INCLUSÃO: Educação e Qualificação Ampliação de vagas no segundo segmento do Ensino Fundamental. Ampliação de vagas de Educação Infantil (creches). Efetivação da construção do Colégio Pedro II, prometido à Comunidade de Manguinhos pelo Governo Federal. Criação de um centro de capacitação de jovens e adultos. Programa de Saúde da Família Ampliação do Programa de Saúde da Família. Criação de um centro de reabilitação para dependentes químicos. Cultura / Entretenimento / Esportes Construção de Vila Olímpica nos moldes da já existente na Mangueira. Atividades Culturais. II. OUTRAS NECESSIDADES: Saneamento Projeto de saneamento para todas as Comunidades, e não somente onde estão sendo construídos os apartamentos do PAC de Manguinhos.
  • 79. 78 Casa Popular Inclusão de outras Comunidades do Complexo de Manguinhos no PAC. Inclusão automática das pessoas que não foram incluídas no PAC, no projeto “Minha Casa Minha Vida”, aproveitando o Censo já existente em Manguinhos. Serviços Essenciais Implantação de sistema de transporte legalizado, que possa atender às necessidades de cada Comunidade. COORDENAÇÃO – EQUIPE: - Marcelo Radar e equipe do Fórum Social de Manguinhos.
  • 80. 79
  • 81. 80 PROJETO DE INTEGRAÇÃO SOCIAL DA COMUNIDADE DE VIGÁRIO GERAL (AFROREGGAE)
  • 82. 81 FORTALECIMENTO ARTÍSTICO E SOCIAL I. OFICINA DE PERCUSSÃO Objetivo Estimular a percepção musical, através da exposição da diversidade de ritmos existentes no País. Utilizar a arte e a cultura afro-brasileira como instrumento de transformação, formando agentes multiplicadores da cidadania. Promover a valorização do conhecimento e sua ampliação através da arte, usando a música percussiva como viés, ou pano de fundo, para a garantia de seus direitos. Conteúdo Técnicas utilizadas no manuseio de instrumentos, afinação, audição, timbres e outras técnicas pertinentes à oficina. Temas que serão trabalhados ao longo das oficinas: ECA, família, violência (em todas as suas dimensões: urbana, sexual, doméstica), sexualidade, redução da maioridade penal, etc. II. OFICINA TAI CHI CHUAN Este estilo de arte marcial é reconhecido também como uma forma de meditação em movimento.
  • 83. 82 Os princípios filosóficos do Tai Chi Chuan remetem ao Taoísmo e a Alquimia Chinesa. A relação de Yin e Yang, os Cinco Elementos, o Ba Gua (Oito Trigramas), o Livro das Mutações (I Ching) e o Tao Te Ching de Lao Zi são algumas das principais referências para a compreensão de seus fundamentos. O Tai Chi Chuan tem suas raízes na China, sendo atualmente uma arte praticada no mundo todo. É apreciado no ocidente especialmente por sua relação com a meditação e com a promoção da saúde. Objetivo O Tai Chi Chuan trabalha o fortalecimento corporal, o equilíbrio das emoções e exercita a atenção. Movimentos do Tai Chi Chuan - São suaves e as formas circulares devem ser executadas em um mesmo ritmo; - O equilíbrio é fundamental, na hora da atividade é importante não inclinar para nenhum dos lados; - O tronco deve ficar ereto e o peso do corpo no meio dos pés, assim você não irá cansar. As vantagens do Tai Chi Chuan são inúmeras, tanto para o corpo quanto para mente. Outro fator importante é a desintoxicação orgânica, ele faz você transpirar bastante, estimula o metabolismo e restaura o funcionamento dos
  • 84. 83 órgãos. Confira outras vantagens proporcionadas por essa arte milenar: - Diminui problemas articulares; - Regula as funções cardiovascular, respiratória, digestiva e hormonal; - Aumenta a flexibilidade e força muscular; - Desenvolve a coordenação motora; - Melhora o equilíbrio; - Alivia o estresse; - Auxilia na diminuição da ansiedade; - Estimula a circulação sanguínea; - Colabora no tratamento da osteoporose; - É utilizado no tratamento da depressão. Metodologia Os princípios fundamentais e a metodologia de treino do Taijiquan chegam-nos aos dias de hoje através dos clássicos, poemas que são deixados pelos grandes mestres, que nos ajudam a perceber quais as características que regulam a prática. Tal como no Qigong, o termo usado é regular e é composto por cinco elementos Wu Tiao: - Regular o Corpo (Tiao Shen); - Regular a Respiração (Tiao Xi); - Regular a Mente (Tiao Xin); - Regular o Qi (Tiao Qi); - Regular o Espírito (Tiao Shen). III. OFICINA DE DANÇA
  • 85. 84 Objetivos Favorecer o desenvolvimento de um conhecimento técnico que possibilite ao corpo um melhor equilíbrio na execução de movimentos e elevação de pernas. Aprimorar a execução de pequenas e grandes piruetas. Contribuir para a obtenção de maior qualidade na limpeza de movimentos, homogeneização nas posições de braços, alinhamento de quadris e posição de pés, favorecendo a tonificação. Conteúdo: - Coordenação Motora; - Destreza; - Equilíbrio; - Sentido Sinestésico; - Noções de Ritmos; - Percepção Visual e Auditiva; - Memória; - Hábitos e Atitudes. Estratégia Elaboração e ensaio de coreografias, exercícios de barra com técnica de dança clássica, exercícios de flexibilidade, alongamento e deslocamento em diagonal e apresentação de espetáculos.
  • 86. 85 IV. GRUPOS ARTÍSTICOS Hoje temos nove grupos artísticos com sede em Vigário Geral. Grupos que são formados por moradores da comunidade. Vigário Geral se tornou um polo de cultura e de formação artística, chegando a exportar seus talentos. Hoje trabalhamos as mais variadas linguagens artísticas. Ao mesmo tempo em que trabalhamos a autoestima destes jovens, a sustentabilidade e uma possível profissão. AFRO LATA É uma banda formada por jovens de Vigário Geral que, à falta de instrumentos convencionais de percussão, começaram a tocar com pedaços de cabo de vassoura, latões de óleo, tonéis e baldes de plástico, transformando o lixo em instrumentos musicais: a precariedade em arte. Com esse formato, o grupo se tornou uma das principais expressões do trabalho desenvolvido pelo AfroReggae na comunidade. Consolidou seu lugar no rol dos grupos criativos, transformadores, esteticamente radicais. AFRO MANGUE O Afro Mangue é uma herança do trabalho desenvolvido pelo Afro Lata. Oriundos da mesma região - no trecho da comunidade conhecido como Brasília - os jovens dessa banda começaram ensaiando por conta própria, nos
  • 87. 86 finais de tarde após a aula na escola, num local muito próximo ao mangue e ao viaduto que une a favela ao bairro de Vigário Geral. O Afro Mangue traz o Maracatú, o Samba-Funk, o Samba- Reggae e muitos outros ritmos comuns à cultura brasileira e os transforma numa rica e variada demonstração de força da música popular. TRIBO NEGRA Tribo Negra é a demonstração que a usina musical de Vigário Geral não para, sempre originando novas formas de expressão. Sua sonoridade traz uma mistura forte, baseada no funk e no samba-reggae, além de ingredientes de maracatu, reggae e baião, tocados em instrumentos percussívos de peso como surdos, repenique, timbaus e caixas de guerra. MAKALA MÚSICA & DANÇA Makala Música & Dança é o Subgrupo do AfroReggae que reúne duas linguagens artísticas constantemente trabalhadas pelo grupo que - formado por 5 percussionistas e 13 dançarinos - misturam a dança contemporânea e a dança afro. PÁRVATI Esta é uma banda de rock. Assim como a Akoní, trata-se de uma banda formada exclusivamente por meninas. A Párvati representa o empenho do
  • 88. 87 Grupo Cultural AfroReggae no sentido de incrementar e consolidar o papel das mulheres no interior do grupo, tanto sob o ponto de vista social quanto do artístico. Párvati é uma divindade indiana, esposa de Shiva e mãe de Ganesha. AFRO SAMBA Com um repertório que passeia pelo melhor da tradição do samba, desde o mais antigo ao mais atual, o Afro Samba aprimorou a qualidade técnica dos seus músicos, aprofundou a pesquisa de repertório e aproximou-se de nomes importantes da cultura do samba. Arlindo Cruz e Dorina sacramentaram, com a bênção do samba, o batismo do grupo, tornando-se desse modo o padrinho e a madrinha do grupo. O Afro Samba atua em um campo em que se torna evidente o sentido histórico e comunitário do samba, o seu papel como resistência, a afirmação de uma identidade e a sua importância como herança negra para a cultura brasileira. KITÔTO Em 2002, o baixista da banda AfroReggae Jairo Cliff pôs guitarra, baixo, bateria e percussão na mão de cinco jovens de Vigário. Depois foi só ensaiar os acordes do gênero que consagrou Bob Marley e pronto: nasceu a banda Kitôto. O
  • 89. 88 nome tem origem numa região da Tanzânia, e que evoca a terra mãe - África. AKONÍ O nome Akoní vem do Iorubá, significa "pessoa corajosa e forte". Coragem e força, sentimentos que estas meninas tiveram de sobra para se constituir. Para conquistar seu lugar, afirmar seus gestos e sua presença no mundo. Ao vê-las cantando, tocando e dançando com a desenvoltura que lhes é própria, dá pra pensar que Akoní representa a coragem, sim. Mas a coragem de mudar o mundo, de redefinir os destinos, de marcar o lugar onde a diferença é um convite para que se caminhe junto. TRUPE DE TEATRO A Trupe de Teatro AfroReggae é composta por jovens dos mais diferentes locais, mas participantes de um cotidiano igualmente difícil. Artistas movidos pelo talento, pelo trabalho e pela alegria em atuar, que tratam sua arte como forma de produção, uma espécie de poesia participante que não abre mão de seu espírito criativo e coletivo. Seu espaço de produção é o chão da favela, mas seu lugar é o mundo.
  • 90. 89 COORDENAÇÃO – EQUIPE: - José Júnior – Coordenador-geral do AfroReggae - Vitor Onofre – Coordenador do Núcleo AfroReggae - Vigário Geral - Washington Feijão – Agente de Projetos - Luciano Marques – Responsável pelo Projeto de Integração Social - Roberto Chaves – Coordenador do Projeto Papo de Responsa
  • 91. 90 PROJETO DE INTEGRAÇÃO SOCIAL DA COMUNIDADE DE CIDADE DE DEUS
  • 92. 91 I. CENTRO DE INCLUSÃO: Educação e Qualificação Implantação de Escola de Ensino Médio, com cursos profissionalizantes. Com 13 escolas e apenas uma de Ensino Médio na Cidade de Deus, a reivindicação para a implantação de um Colégio de Ensino Médio de excelência e qualidade é fundamental. Havíamos negociado com o Ministério da Educação e a Direção anterior do Colégio Pedro II a instalação de uma unidade na Cidade de Deus. Apontamos, então, um prédio que já fora antes uma escola (hoje, com apenas uma creche funcionando), como espaço disponível para esta negociação. Em 2004, durante um Fórum de Educação na Cidade de Deus, este tema foi discutido com a Comunidade, com ampla participação de jovens. Atualmente, sabemos que a nova Direção do Colégio Pedro II não tem interesse na implantação de unidade na Cidade de Deus. O Governo do Estado assumiu as negociações e pretende transferir a única Escola de Ensino Médio que já temos, para este espaço. Ou seja, não ganhamos nada, apenas continuamos com o que já tínhamos e não é suficiente.
  • 93. 92 Serviço Social – inclusive informação sobre oportunidades de trabalho Articulação de todos os Projetos é um desafio necessário para potencializar Recursos e Ações. O Comitê Comunitário /Agência tem atualmente parceria com a FIRJAN, para desenvolvimento de cursos de qualificação em Cidade de Deus. Desde o final de 2009, as três esferas de Governo têm articulado o desenvolvimento de ações com jovens e adultos na geração de trabalho e renda, sob a ótica da Economia Solidária. A Agência Cidade de Deus de Desenvolvimento Comunitário / Comitê tem um prédio alugado na Rua Edgard Werneck nº 1635 (localização centralizada e de fácil acesso), com dependências adequadas para cursos. Implantação de programa para inserção de jovens no mercado de trabalho, com qualificação. Implantação de programa para adultos fora da perspectiva de mercado, em atividade de geração de renda, que consolide uma rede qualificada de produção de bens e serviços alavancando o crescimento do comércio local, baseado numa pesquisa de potencialidade de mercado. A contratação de mão de obra local e preferencialmente de cooperativas locais na área da construção civil.
  • 94. 93 Programa de Saúde da Família Ver Anexo. Cultura / Entretenimento / Esportes Faltam na Comunidade espaço de lazer e cultura, que possa aglutinar jovens e adultos. Ressaltamos que atividades socioculturais e esportivas são desenvolvidas na comunidade por instituições comunitárias, muitas vezes com amadores abnegados e voluntários. A comunidade tem uma profusão de artistas, cantores, grupos diversos de expressão artística, cultural e de esportes. Qualquer iniciativa pública deverá considerar esta experiência acumulada, bem como os artistas, dando melhores condições de trabalho. Observamos que em momentos de organiza- ção e proposição de novas iniciativas, as produções anteriores são esquecidas e a contratação de mão de obra externa mantém afastados aqueles que tanto contribuíram com a Comunidade. Existem prédios públicos e particulares que poderiam ser transformados em espaços públicos para atividades culturais e artísticas. Não recomendamos propostas como lonas culturais, que acabam sendo caras e nem sempre atingem o objetivo de inclusão dos jovens. .Recomendamos equipamentos públicos, com responsabilidade do poder pú-
  • 95. 94 blico na manutenção e gestão compartilhada com a comunidade. Implantação de telecentro (para inclusão digital) Instalação de programa de inclusão digital em prédio já predestinado. A Agencia Cidade de Deus de Desenvolvimento Comunitário / Comitê tem um prédio alugado na Rua Edgard Werneck nº 1635 (localização centralizada e de fácil acesso) que conta com uma rede de computadores, disponíveis para cursos de inclusão digital. II. OUTRAS NECESSIDADES: Casas Populares Esclarecimento, com a maior transparência possível, dos projetos impactantes para a Cidade de Deus. O que nos preocupa atualmente é que, além de déficit habitacional, a ameaça de remoção de quadras em função da ampliação da malha rodoviária traz insegurança aos moradores, principalmente com o anúncio da construção do corredor T5, ligando os bairros da Penha à Barra. Outra questão preocupante é que, sem saber de possíveis projetos de habitação, recentemente os moradores de "triagens" têm
  • 96. 95 sido abordados com propostas de aluguel social, remoção para outras comunidades ou indenização. No entanto, não lhes foi apresentado nenhum projeto, não sabem do que se trata e o clima de medo cresce entre os moradores. A Comunidade fica vulnerável e sente-se ameaçada por possíveis remoções. Iniciativas necessárias com relação à habitação:  Bairro desde 1988 e com várias favelas no seu entorno, existem áreas de extrema pobreza, onde o déficit habitacional é mais grave. Justamente nestas áreas há um crescimento maior. E as construções, sem acompanhamento técnico, proliferam em plena verticalização, o que torna as questões de saúde e segurança mais comprometidas. Com isso cresce o risco de doenças infectocontagiosas na Comunidade. Consideramos as favelas do entorno e as áreas de Triagem prioridade absoluta e urgente para serem enfrentadas pelas três esferas de Governo.  Titularidade das casas, com parcelamento das custas notariais.  Desmembramento e Regularização Fundiária dos lotes das quadras Pára Pedro: são casas germinadas, construídas em 1966, por ocasião das grandes
  • 97. 96 enchentes no Rio de Janeiro, em áreas destinadas ao Município do Rio de Janeiro, e construídas pela CEHAB. O terreno pertence à Prefeitura, as casas à CEHAB e os moradores não tem título.  Titularidade dos projetos construídos mais recentemente.  Obras nas áreas das “triagens”: com discussão ampla, aberta, para que os moradores tenham direito de escolher a solução que mais os atenda – se indenização, se aluguel social durante o período de obras, ou remoção para outros espaços, sempre cumprindo o Estatuto das Cidades.  A reforma de casas em risco, ou por segurança ou por insalubridade, com apoio técnico e financiamento da Caixa Econômica Federal, para que os moradores possam fazer reformas e melhorias habitacionais, para ter uma habitação mais saudável.  Financiamento, com apoio técnico, para ampliação e reforma de casas duplex e apartamentos.  No caso de uma ação para resolver estruturalmente a questão da rede de esgotamento sanitário, apoio técnico e financiamento público para a religação dos esgotos domiciliares à nova rede coletora.
  • 98. 97  Regularização fundiária das construções antigas e novas. Saneamento Recuperação da malha de esgotamento sanitário da comunidade, com contratação de mão de obra da comunidade. No projeto original da Cidade de Deus, um erro clássico compromete a rede de esgotos na comunidade. O modelo construído foi o condominial, onde a rede e as manilhas ficam nos fundos das casas. Com o crescimento da comunidade, a ocupação destas áreas e construções sobre as caixas coletoras, houve o comprometimento de toda a rede. A obstrução da rede, ao longo destes anos, acarretou as valas abertas em quase todas as ruas da Cidade de Deus. Para evitar os frequentes entupimentos, moradores jogam a rede de esgoto através de um extravasor para a rede de águas pluviais. Com isto ocorre algo mais sério: em tempos de chuvas fortes, quando o nível dos rios sobe, o esgoto retorna para dentro das casas, contaminando os ambientes. Havia em funcionamento, até inicio da década de 90, uma lagoa aeróbia que recebia o esgoto da Cidade de Deus, para pré tratamento. Foi um modelo implantado com bases científicas, assessorado por cientistas da UERJ. Entretanto, devido ao descaso e abandono, esta lagoa de tratamento perdeu
  • 99. 98 sua função e atualmente os esgotos são lançados nos 3 rios: Rio Grande, Banca da Velha e Estiva, que cortam nossa comunidade. Mesmo que nosso esgoto seja lançado no Emissário Submarino da Barra, ou mesmo que haja uma forma de tratar o nosso esgoto, consideramos que a situação grave e urgente é uma obra de infraestrutura, recuperando toda a malha de esgotamento sanitário na Cidade de Deus. Caso contrário, a saúde da população estará sempre comprometida e em risco, com a ameaça de enchentes e contaminação dentro das próprias casas. Esta é uma das obras mais estruturantes e fundamentais para nossa comunidade. III. ANEXO: “PLANO PARA O DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO EM CIDADE DE DEUS”. COORDENAÇÃO – EQUIPE: - Cleonice Dias.
  • 100. 99 ANEXO “PLANO PARA O DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO EM CIDADE DE DEUS”
  • 101. 100 APRESENTAÇÃO Esse documento é resultado da colaboração entre integrantes do COMITÊ COMUNITÁRIO DE" CIDADE DE DEUS, representantes da FENASEG, da FETRANSPOR, da FECOMÉRCIO-RJ, do SEBFIAE/RJ e da LAMSA e profissionais dedicados à redução das desigualdades sócio- espaciais na cidade do Rio de Janeiro, no sentido da promoção da melhoria da qualidade de vida. em Cidade de Deus. Trata-se do relato do processo que culminou com a elaboração do Plano Para o Desenvolvimento Comunitário em Cidade de Deus - processo esse desencadeado no início de 2003 - e da apresentação do próprio plano, elaborados com base nas informações disponibilizadas pelo Comitê Comunitário de Cidade de Deus. Com o documento pretende-se: divulgar uma experiência que vem demonstrando que é possível conviver com as diferenças, superar divergências e cooperar para o desenvolvimento de projetos em benefício de comunidades; conquistar parceiros para transformar a Cidade de Deus em um lugar no qual todos tenham tranquilidade e satisfação em viver e criar seus filhos. A CIDADE DE DEUS – TRINTA E OITO ANOS DE HISTÓRIA O conjunto habitacional Cidade de Deus foi construído e entregue aos seus primeiros moradores em 1966, como produto de um projeto iniciado no governo Carlos Lacerda, que visava a transferência de moradores de mais de 10 (dez) favelas, prioritariamente da zona su!
  • 102. 101 da cidade, para alguns conjuntos habitacionais construídos na zona oeste, como Vila Aliança (Bangu), Vila Kennedy (Senador Camará) e Vila Esperança (Vigário Geral). Projetado para oferecer 6.500 (seis mil e quinhentas) unidades habitacionais aos moradores das favelas situadas nas proximidades da Lagoa Rodrigo de Freitas, como Praia do Pinto, Ilha das Dragas, Parque Proletário da Gávea, Macedo Sobrinho, entre outras, o conjunto habitacional foi gradativamente sendo ocupado por habitantes de diversas áreas da cidade do Rio de Janeiro, destacando-se famílias vítimas das enchentes que assolaram a cidade no ano de 1966, famílias vítimas do incêndio que destruiu o que restava da Favela do Pinto e famílias que não tinham outra opção de moradia que não se instalar próximo a rios assoreados e poluídos ou mesmo em áreas de grande concentração de lixo. Segundo os dados do Censo 2000, a média de escolaridade é baixa, sendo que 27% da população têm até três anos de estudo. Aqueles que conseguiram permanecer na escola por mais de quatorze anos não ultrapassam 1,17% do total. Renda Ao todo, 55% dos chefes de famílias têm renda de até 3 salários mínimos, e apenas 2% têm rendimento acima de 10 salários mínimos. Chama atenção o fato de que em cerca de 1.734 domicílios (16,1% do total), o chefe do domicílio declarou não ter nenhuma renda.
  • 103. 102 A ORGANIZAÇÃO SOCIAL LOCAL Ao longo dos seus trinta e oito anos, os moradores de Cidade de Deus, vêm se organizando resistir tanto ao abandono e descaso do Poder Púbiico, quanto ao estigma de sermos, nos moradores, violentos e perigosos. Nas décadas de 70/80, várias Associações de Moradores surgiram, Agremiações de Samba, Agremiações Esportivas, Grupos de Teatro, Revistas, Cineclubes, Movimento Negro, Igrejas Atuantes, Grupos de Dança - esta efervescência possibilitou a formação de várias lideranças históricas. No final dos anos 70 e início dos anos 80, Cidade de Deus é manchete em todos os meios de comunicação por conta da guerra do tráfico, ao mesmo tempo em que sofre intensa pressão em função da especulação imobiliária, na tentativa de remover a população de Cidade de Deus. Com todos esses problemas, em setembro de 1980, acontece em Cidade de Deus, o I Encontro Popular pela Saúde, que provocou o surgimento dos diversos Fóruns de Discussão de Saúde no Município do Rio de Janeiro, Também eram intensas as lutas contra o monopólio no transporte, pela melhoria da qualidade do ensino público e por melhores condições de moradia, Na década de 90, houve uma proliferação do trabalho voluntário e de Organizações Não Governamentais, Por parte dos governos, grandes lideranças foram cooptadas, ao mesmo tempo em que houve a partidarização dos movimentos comunitários intensificando ainda mais as disputas internas.
  • 104. 103 Em 96, quarenta e duas mortes, foi o saldo das trágicas enchentes quando os rios Grande, Estiva e Banca da Velha transbordaram. Ainda em 96, Surgem as rádios comunitárias; o Funk e o Hip Hop projetam nomes de artistas de Cidade de Deus. Em 98, Cidade de Deus é elevada a bairro, mas cresce o número de barracos e favelas no seu entorno: tornando-se verdade "refavela". Em 2002, o sucesso do filme "Cidade de Deus", colocou a comunidade novamente na "moda e na mídia", reforçando o estigma de comunidade violenta e perigosa, o que criou uma nova onda de preconceito e discriminação e que atingiu mais uma vez negativamente a autoestima da comunidade. A partir de janeiro de 2003, representantes de instituições da comunidade começam a se reunir com representantes do Poder Público, Organismos internacionais. Em um processo de longas discussões, intensos debates, surge o Comitê Comunitário de Cidade de Deus. Um marco histórico na vida da comunidade e das vinte instituições que compõe o Comitê Comunitário de Cidade de Deus e que durante esses mais de treze meses estão juntos por acreditarem que um novo mundo é possível, mas uma Cidade de Deus melhor é urgente. Em 25 de abril deste mesmo ano, acontece o primeiro encontro do Comitê Comunitário de Cidade de Deus, representantes do Fórum Empresarial, Organismos Internacionais, Governo Federal e Governo Estadual, buscando ações que respondem as necessidades da comunidade.
  • 105. 104 Ao longo de todos os anos de sua existência e face ao descuido do Poder Público, a população local vem se organizando de diversas formas para enfrentar os seus problemas. Assim é que hoje existe uma multiplicidade de instituições locais que desenvolvem trabalhos comunitários, ainda que muitas vezes de forma isolada. O Comitê Comunitário nasce com a missão de articular essas várias instituições objetivando um trabalho integrado e sustentável, atuando em rede, através de nove Comissões Temáticas - Comunicação; Cultura; Educação; Esporte; Habitação; Meio Ambiente; Promoção Social; Saúde; e Trabalho e Renda. PROJETO CIDADE DE DEUS - UMA INICIATIVA EM BUSCA DA TRANSFORMAÇÃO ECONÓMICA, SOCIAL E CULTURAL Também no início de 2003, lideranças empresariais da cidade do Rio de Janeiro criaram o Fórum Empresarial do Rio, com o objetivo de mobilizar forças da sociedade civil para, em parceria com o Poder Público e dentro de uma perspectiva de responsabilidade compartilhada e integrada, priorizar o desenvolvimento social da cidade, contribuindo com iniciativas para a melhoria da qualidade da vida e para a redução dos índices de exclusão social na mesma. Para o desenvolvimento da primeira iniciativa do Fórum na direção acima referida foi escolhida a Cidade de Deus. Nos primeiros contatos do grupo, composto por representantes da FENASEG, da FECOMÉRCIO-RJ, da FETRANSPOR, do SEBRAE/RJ e da LAMSA, com a
  • 106. 105 Cidade de Deus, foram identificadas várias iniciativas sociais, porém desenvolvendo-se de forma isolada na localidade - o que dificultava a atuação conjunta. O Comitê Comunitário de Cidade de Deus, empossado no dia 25/04/2003, foi um facilitador na interação entre o Fórum Empresarial do Rio, desde o primeiro encontro. Posteriormente foi criado o Núcleo de Articulação do Projeto Cidade de Deus - instância que integra comunidade, associações empresariais e poder público na busca de soluções para os problemas da comunidade, composta por três representantes das federações, três representantes do governo (federal, estadual, municipal), três representantes da Comissão Executiva do Comitê Comunitário e um representante de cada entidade/empresa parceira. Como produtos da atuação do Comitê Comunitário de Cidade de Deus em parceria com Fórum Empresaria! do Rio, podem ser citados as seguintes atividades e eventos, dentre outros: Um primeiro levantamento das demandas da comunidade, com base em trabalho realizado por 8 Comissões Temáticas (Trabalho, Emprego e Renda, Educação, Saúde, Meio Ambiente, Promoção Social, Comunicação, Cultura e Esporte) constituídas por integrantes do Comitê Comunitário; Levantamento de dados sobre a localidade, com base no Censo 2000, em pesquisa da UNESCO, em pesquisas realizadas com empresários e em escolas da Cidade de Deus; Pesquisa participativa, encomendada peio UNICEF, executada e por onze instituições locais para levanta- dados qualitativos sobre crianças, adolescentes e
  • 107. 106 famílias, 2 objetivando fundamentar um planejamento participativo; A realização da Ação Comunitária, quando foram oferecidos diversos serviços e atendimentos médicos e odontológicos à comunidade; O 1o Fórum Comunitário, no qual foram tratados e debatidos os temas protagonismo comunitário, políticas públicas e responsabilidade social; A criação e distribuição do Jornal Comunitário CDD Notícias, que tem como propósitos integrar e mobilizar a comunidade em torno de suas bandeiras e reivindicações e publicar assuntos de interesse local que nunca ou dificilmente são publicados nos jornais de grande circulação; A implantação do Programa de Alfabetização de Jovens e Adultos com sete turmas, a partir de Projeto de Educação de Jovens e Adultos e do Projeto de Capacitação de Educadoras Populares, do Grupo Alfazendo, em parceria com a FENASEG, COMITÊ DA TERCEIRA IDADE e CECFA; A realização de, aproximadamente, 15 visitas a órgãos públicos (Secretarias Estaduais e Municipais) com o propósito de estabelecer parcerias para o desenvolvimento de projetos de interesse local; E, finalmente, a elaboração do Plano Para o Desenvolvimento Comunitário de Cidade de Deus, apresentado a seguir.
  • 108. 107 PLANO PARA O DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO EM CIDADE DE DEUS - UM SONHO QUE QUEREMOS TRANSFORMADO EM REALIDADE A decisão pela elaboração do plano foi consequência da constatação de que esta seria a melhor forma de: sistematizar as informações e os conhecimentos acumulados ao longo do primeiro ano do Projeto; traçar diretrizes para a ação nos próximos 5 anos; e, com isso, avançar na direção da articulação de programas, projetos e ações sociais em andamento na comunidade, bem como da realização, implantação e desenvolvimento de novas iniciativas em prol da mesma. A METODOLOGIA E A DINÂMICA DO TRABALHO A elaboração do plano foi realizada em duas etapas, como sugerido por consultora em gerenciamento de projetos socj ais contratadaparaestefim:w Definição pelas Comissões Temáticas do Conríê Comunitário, anteriormente referidas; dos principais problemas da Cidade de Deus, em cada área temática; das condições de vida que se pretende produzir/alcançar na localidade nos próximos 5 anos; do que precisa ser feito para tanto; de quem poderá contribuir para que isto aconteça; de como cada um poderá contribuir; das iniciativas já em andamento no sentido da resolução dos problemas identificados; e das iniciativas previstasnessemesmosentido. OS RESULTADOS DO TRABALHO Segundo os integrantes do Comitê Comunitário de Cidade de Deus, os problemas que se quer superar e as situações que se gostaria de alcançar na comunidade, nos próximos 5 anos, são os seguintes:
  • 109. 108 ÁREAS PRINCIPAIS PROBLEMAS HOJE SITUAÇÃO A ALCANÇAR ATÉ 2009 Trabalho, Emprego e Renda Grande ociosidade de mão de obra Baixo nível! de escolaridade da mão de obra ociosa Baixa qualificação/capacitação profissional dos trabalhadores Falta de apoio ao trabalhador autônomo Falta de apoio ao empreendedor Baixo nível de interação entre agentes da economia local Maioria da mão de obra local com TRABALHO Maioria da PEA - População Economicamente Ativa com ensino fundamental completo Mão de obra com maior/melhor qualificação/capacitação para absorção no mercado de trabalho Cooperativas de catadores de lixo, construção civil, costura, etc. criadas Apoio e incentivo técnico e financeiro ao empreendedor disponíveis Economia solidária difundida e apoiada técnica e financeiramente
  • 110. 109 ÁREAS PRINCIPAIS PROBLEMAS HOJE SITUAÇÃO A ALCANÇAR ATÉ 2009 Educação Falta de planejamento educacional Carência de professores Baixa qualidade do ensino público Evasão escolar Faltam creches para crianças em idade materno-infantil Professores não capacitados para lidar com a singularidade da comunidade Analfabetismo Falta de escola de ensino médio Falta de integração da escola com a família Falta de capacitação profissional Plano de ação integrada na área educacional elaborado Vagas atuais dos professores preenchidas Escola pública com qualidade que dispense cursos preparatórios índice de evasão escolar reduzido Crianças em idade materno- infantil atendidas por creches públicas ou financiadas pelo poder público Professores capacitados para lidar com as singularidades da comunidade Redução do analfabetismo em 60% da média nacional, com metodologia transformadora Escola de nível médio com três turnos funcionando em CDD Escola, família e comunidade integradas Diversos cursos técnicos de acordo com as demandas do mercado e da comunidade implementados
  • 111. 110 ÁREAS PRINCIPAIS PROBLEMAS HOJE SITUAÇÃO A ALCANÇAR ATÉ 2009 Meio Ambiente Sistema de esgoto sanitário não universalizado e com trechos obstruídos Rede de água contaminada Lixo vazado nas ruas e vilas com recolhimento deficiente Rios Estiva, Banca da Velha e Grande: assoreados, poluídos e com margens ocupadas irregularmente Baixo nível de conhecimento e de conscientização dos moradores sobre os problemas ambientais Inexistência de áreas verdes dentro da comunidade Sistema de esgotamento sanitário satisfatório e universalizado Água de qualidade em todas as casas Ruas e vilas limpas Rios de Cidade de Deus dragados, sem poluição e com margens desocupadas e urbanizadas Moradores com maior conhecimento e conscientização sobre os problemas ambientais Parque ecológico constituído