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2015
Crescimento e
Desenvolvimento
Humano
Profª. Beatriz Dittrich Schmitt
Profª. Rafaela Gomes dos Santos
Copyright © UNIASSELVI 2015
Elaboração:
Profª. Beatriz Dittrich Schmitt
Profª. Rafaela Gomes dos Santos
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
UNIASSELVI – Indaial.
155
S355cSchmitt, Beatriz DittrichCrescimento e desenvolvimento
humano/ Beatriz Dittrich Schmitt; Rafaela Gomes dos Santos. Indaial :
UNIASSELVI, 2015.
174 p. : il.
ISBN 978-85-7830-938-1
1. Psicologia do Desenvolvimento e Diferencial.
I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
Impresso por:
III
Apresentação
Prezado(a) acadêmico(a)!
Bem-vindo(a) à disciplina de Crescimento e Desenvolvimento
Humano. Esse caderno de estudos foi elaborado com o objetivo de contribuir
nos seus estudos. Vamos conhecer as características do ser humano desde
a concepção até a idade adulta; aprofundando o conhecimento sobre
as diferenças nos ciclos da vida e a maturação típica que ocorre em cada
faixa etária; assim como proporcionar uma reflexão sobre os fatores que
influenciam no crescimento das crianças.
Durante a leitura deste caderno de estudos você irá adquirir
conhecimentos sobre o desenvolvimento do processo motor da criança,
proporcionando um maior entendimento das diferentes fases e estágios
do desempenho motor do indivíduo. Neste estudo, você compreenderá
que os fatores do ambiente também estão relacionados e influenciam no
desempenho motor.
Caro acadêmico(a), você vivenciará uma aprendizagem que
possibilitará observar como as crianças apresentam mudanças no
comportamento motor a partir das práticas propostas nas aulas de Educação
Física; e terá condições de reconhecer as habilidades motoras características
ao longo do processo de aprendizagem motora da criança.
Desejo bons estudos, que aproveite ao máximo os conhecimentos
abordados nesta disciplina.
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto
para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de
Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!
NOTA
V
VI
VII
UNIDADE 1 – CRESCIMENTO HUMANO: O DESENVOLVIMENTO E
SUAS TEORIAS ............................................................................................................ 1
TÓPICO 1 – DESENVOLVIMENTO HUMANO, DESDE A CONCEPÇÃO ATÉ
A IDADE ADULTA .......................................................................................................... 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 PERÍODOS DO CICLO DE VIDA ................................................................................................... 5
2.1 ANTES DO NASCIMENTO .......................................................................................................... 6
2.2 PRIMEIRA INFÂNCIA .................................................................................................................. 7
2.3 SEGUNDA INFÂNCIA .................................................................................................................. 9
2.4 TERCEIRA INFÂNCIA .................................................................................................................. 10
2.5 ADOLESCÊNCIA ........................................................................................................................... 11
2.6 VIDA ADULTA ............................................................................................................................... 11
2.6.1 Vida Adulta Inicial ................................................................................................................. 12
2.6.2 Vida Adulta Intermediária ................................................................................................... 13
2.6.3 Vida Adulta Tardia ................................................................................................................ 13
RESUMO DO TÓPICO 1 ...................................................................................................................... 15
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 16
TÓPICO 2 – FATORES QUE INFLUENCIAM O PROCESSO DE CRESCIMENTO E
DESENVOLVIMENTO ................................................................................................... 17
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 17
2 DEFINIÇÃO DE TERMOS ................................................................................................................ 18
2.1 CRESCIMENTO .............................................................................................................................. 18
2.2 DESENVOLVIMENTO .................................................................................................................. 19
2.3 MATURAÇÃO ................................................................................................................................ 19
3 FATORES QUE INTERFEREM NOS PROCESSOS DE CRESCIMENTO E
DESENVOLVIMENTO ....................................................................................................................... 19
3.1 HEREDITARIEDADE ..................................................................................................................... 20
3.1.1 Desordens cromossômicas ................................................................................................... 21
3.1.2 Desordens genéticas .............................................................................................................. 22
3.2 AMBIENTE ...................................................................................................................................... 23
3.2.1 Fatores pré-natais que afetam o desenvolvimento ........................................................... 23
3.2.2 Fatores pós-natais que afetam o desenvolvimento ........................................................... 23
3.2.2.1 Fatores nutricionais ......................................................................................................... 24
3.2.2.2 Fatores químicos .............................................................................................................. 25
3.3 INFLUÊNCIAS CONTEXTUAIS .................................................................................................. 28
3.3.1 Condições socioeconômicas ................................................................................................. 28
3.3.2 Cultura e Etnia ....................................................................................................................... 30
RESUMO DO TÓPICO 2 ...................................................................................................................... 31
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 32
Sumário
VIII
TÓPICO 3 – AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO: CURVAS DE CRESCIMENTO E
VELOCIDADE .................................................................................................................. 33
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 33
2 CRESCIMENTO HUMANO ............................................................................................................. 33
2.1 CRESCIMENTO FETAL ................................................................................................................. 33
2.1.1 Crescimento neonatal ............................................................................................................ 36
2.1.2 Crescimento na infância ........................................................................................................ 36
2.1.3 Crescimento na adolescência e vida adulta ....................................................................... 41
3 MEDIDAS RECOMENDADAS ........................................................................................................ 45
RESUMO DO TÓPICO 3 ...................................................................................................................... 47
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 48
UNIDADE 2 – DESENVOLVIMENTO MOTOR ............................................................................. 49
TÓPICO 1 – FASES E ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO MOTOR .................................. 51
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 51
2 FASES E ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO MOTOR ....................................................... 54
2.1 FASES DOS MOVIMENTOS REFLEXOS .................................................................................... 54
2.2 FASES DOS MOVIMENTOS RUDIMENTARES ........................................................................ 56
2.3 FASES DOS MOVIMENTOS FUNDAMENTAIS ....................................................................... 57
2.3.1 Estágio Inicial ......................................................................................................................... 58
2.3.2 Estágio Elementar .................................................................................................................. 58
2.3.3 Estágio Maduro ...................................................................................................................... 58
2.4 FASES DOS MOVIMENTOS ESPECIALIZADOS ..................................................................... 59
2.4.1 Estágio Transitório ................................................................................................................. 59
2.4.2 Estágio de Aplicação ............................................................................................................. 59
2.4.3 Estágio de Utilização Permanente ....................................................................................... 60
RESUMO DO TÓPICO 1 ...................................................................................................................... 61
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 62
TÓPICO 2 – HABILIDADES MOTORAS ......................................................................................... 65
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 65
2 HABILIDADES MOTORAS .............................................................................................................. 66
2.1 HABILIDADES MOTORAS REFLEXAS ..................................................................................... 66
2.1.1 Reflexos Primitivos ................................................................................................................ 68
2.1.2 Reflexos Posturais .................................................................................................................. 71
2.2 HABILIDADES MOTORAS RUDIMENTARES ......................................................................... 73
2.2.1 Habilidades Estabilizadoras ................................................................................................. 74
2.2.2 Habilidades Locomotoras ..................................................................................................... 75
2.2.3 Habilidades Manipulativas .................................................................................................. 76
2.3 HABILIDADES MOTORAS FUNDAMENTAIS ........................................................................ 77
2.3.1 Habilidades Estabilizadoras ................................................................................................. 78
2.3.2 Habilidades Locomotoras ..................................................................................................... 78
2.3.3 Habilidades Manipulativas .................................................................................................. 80
2.4 HABILIDADES MOTORAS ESPECIALIZADAS ....................................................................... 82
RESUMO DO TÓPICO 2 ...................................................................................................................... 84
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 85
TÓPICO 3 – PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO .................................................................................. 87
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 87
2 DEFINIÇÃO DE TERMOS ................................................................................................................ 87
IX
3 ESCALA DE DESENVOLVIMENTO MOTOR ...........................................................................90
3.1 MOTRICIDADE FINA ................................................................................................................ 90
3.2 MOTRICIDADE GLOBAL ......................................................................................................... 96
3.3 EQUILÍBRIO ................................................................................................................................. 103
3.4 ESQUEMA CORPORAL ............................................................................................................. 109
3.5 ORGANIZAÇÃO ESPACIAL .................................................................................................... 113
3.6 ORGANIZAÇÃO TEMPORAL ................................................................................................. 119
3.7 LATERALIDADE ......................................................................................................................... 124
RESUMO DO TÓPICO 3 ................................................................................................................... 127
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 128
UNIDADE 3 – APRENDIZAGEM MOTORA ................................................................................ 129
TÓPICO 1 – HABILIDADES E CAPACIDADES MOTORAS .................................................... 131
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 131
2 CLASSIFICAÇÃO DAS HABILIDADES MOTORAS .............................................................. 131
2.1 SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO UNIDIMENSIONAL ......................................................... 132
2.2 SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO BIDIMENSIONAL ............................................................. 133
2.3 SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO MULTIDIMENSIONAL .................................................... 135
3 MEDIDAS DO DESEMPENHO MOTOR ................................................................................... 135
3.1 MEDIDAS DO DESEMPENHO MOTOR DE RESULTADO ................................................. 135
3.2 MEDIDAS DO DESEMPENHO MOTOR DE PRODUÇÃO ................................................. 137
4 CAPACIDADE E CAPACIDADE MOTORA .............................................................................. 138
RESUMO DO TÓPICO 1 ................................................................................................................... 141
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 142
TÓPICO 2 – CONTROLE MOTOR .................................................................................................. 145
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 145
2 BASE NEUROMOTORA PARA O CONTROLE MOTOR ...................................................... 145
2.1 O NEURÔNIO ............................................................................................................................... 146
2.2 TIPOS E FUNÇÕES DOS NEURÔNIOS.................................................................................... 146
2.3 O SISTEMA NERVOSO CENTRAL ........................................................................................... 147
3 TEORIAS DO CONTROLE MOTOR ........................................................................................... 148
3.1 SISTEMAS DE CONTROLE ABERTO E FECHADO............................................................... 149
3.2 TEORIA BASEADA NO PROGRAMA MOTOR ..................................................................... 151
3.3 TEORIA DOS SISTEMAS DINÂMICOS .................................................................................. 152
4 TATO, PROPRIOCEPÇÃO E VISÃO ........................................................................................... 153
5 CARACTERÍSTICAS DE DESEMPENHO E DE CONTROLE MOTOR DAS
HABILIDADES FUNCIONAIS ..................................................................................................... 154
6 PLANEJAMENTO OU PREPARAÇÃO DA AÇÃO ................................................................... 155
RESUMO DO TÓPICO 2 ................................................................................................................... 156
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 157
TÓPICO 3 – APRENDIZAGEM DE HABILIDADES MOTORAS ............................................ 159
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 159
2 O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DAS HABILIDADES MOTORAS ........................... 159
2.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DA APRENDIZAGEM MOTORA ...................................... 159
2.2 MODELO DE TRÊS ESTÁGIOS DE FITTS E POSNER .......................................................... 160
2.3 MODELO DE DOIS ESTÁGIOS DE GENTILE ....................................................................... 162
2.4 MODELO DE NÍVEL E ESTÁGIOS DE GALLAHUE ............................................................ 164
X
3 TRANSFERÊNCIA DA APRENDIZAGEM ................................................................................ 166
4 DEMONSTRAÇÃO, INSTRUÇÃO E FEEDBACK AUMENTADO PARA O
ENSINO DE HABILIDADES MOTORAS .................................................................................. 166
4.1 DEMONSTRAÇÕES E INSTRUÇÕES VERBAIS .................................................................... 166
RESUMO DO TÓPICO 3 ................................................................................................................... 168
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 169
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................... 171
1
UNIDADE 1
CRESCIMENTO HUMANO: O
DESENVOLVIMENTO E SUAS TEORIAS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade, você será capaz de:
•	compreender quais são os domínios relacionados com o processo de
desenvolvimento;
•	diferenciar os períodos do ciclo da vida e os principais desenvolvimentos
típicos que ocorrem em cada faixa etária;
• distinguir os conceitos relacionados a crescimento, desenvolvimento e
maturação;
• entender quais são os fatores que influenciam nos processos de
desenvolvimento;
•	avaliar o crescimento de crianças.
Essa unidade está dividida em três tópicos e no final de cada um deles você
encontrará atividades que reforçarão o seu aprendizado.
TÓPICO 1	 –	DESENVOLVIMENTO HUMANO, DESDE A CONCEPÇÃO
		 ATÉ A IDADE ADULTA
TÓPICO 2	 –	FATORES QUE INFLUENCIAM O PROCESSO DE
		 CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO
TÓPICO 3 	–	AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO: CURVAS DE
		 CRESCIMENTO E VELOCIDADE
2
3
TÓPICO 1UNIDADE 1
DESENVOLVIMENTO HUMANO, DESDE A CONCEPÇÃO ATÉ
A IDADE ADULTA
1 INTRODUÇÃO
Desde o momento da concepção o ser humano está em processo de
desenvolvimento. O campo de desenvolvimento humano é o estudo científico
desses processos, sendo assim, deseja compreender como as pessoas mudam e
também quais são as características que permanecem estáveis ao longo de toda a
vida (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2009).
O campo de investigação de desenvolvimento humano é novo. Teve início com
o caso do menino Victor. E, posteriormente, os esforços para entender o desenvolvimento
infantil foram sendo ampliados, até incluir todo o ciclo da vida. Pesquise sobre esse tema para
melhor se aprofundar no assunto.
DICAS
As primeiras pesquisas sobre desenvolvimento humano foram registradas
por meio de diários que continham o registro do desenvolvimento inicial de bebês.
De acordo com Papalia, Olds e Feldman (2009), em 1787, na Alemanha, Dietrich
Tiedman fez observações sobre o comportamento sensorial, motor, linguístico e
cognitivo de seu filho durante os sete primeiros anos e meio.
É importante destacar que Charles Darwin, a partir da Teoria da Evolução,
enfatizou a natureza desenvolvimental do comportamento infantil como processo
ordenado de mudança.
Há diferentes domínios de desenvolvimento, sendo: físico, cognitivo
e psicossocial (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2009). Os domínios de
desenvolvimento são melhores explicados na tabela a seguir.
UNIDADE 1 | CRESCIMENTO HUMANO: O DESENVOLVIMENTO E SUAS TEORIAS
4
TABELA 1 – DOMÍNIOS DE DESENVOLVIMENTO
Domínio Engloba:
Físico
Crescimento do corpo e do cérebro, as capacidades sensoriais, as
habilidades motoras e a saúde.
Cognitivo
Mudanças e estabilidade em capacidades mentais como aprendizagem,
atenção, memória, linguagem, pensamento, raciocínio e criatividade.
Psicossocial
Mudanças e estabilidade nas emoções, na personalidade e nos
relacionamentos sociais.
FONTE: Adaptado de Papalia; Olds; Feldman (2009)
Apesar desses domínios serem separados didaticamente para os estudos,
ressalta-se que um indivíduo é formado pelo conjunto de cada um desses
domínios. Afinal, o desenvolvimento é um processo unificado (PAPALIA; OLDS;
FELDMAN, 2009). É importante destacar que os domínios físico, cognitivo E
psicossocial podem influenciar uns aos outros.
	
Exemplos:
1: Influência do domínio físico sobre o domínio cognitivo.
Umacriançacomdeficiênciaauditivapoderádesenvolvermaislentamente
a linguagem.
2: Influência do domínio cognitivo sobre os outros domínios.
Uma criança com desenvolvimento precoce da linguagem provavelmente
apresentará reações positivas nos demais domínios.
3: Influência do domínio psicossocial sobre o domínio físico.
Uma criança com autismo – caracterizado pela dificuldade na interação
social com as pessoas e com o ambiente – poderá apresentar déficits nas
habilidades motoras.
Na tabela anterior apareceram as palavras “mudança” e “estabilidade”.
Essas são palavras-chave no que se refere aos processos de desenvolvimento.
As mudanças podem ser de dois tipos, sendo qualitativas ou quantitativas. A
mudança quantitativa é percebida em forma de números ou de quantidades,
exemplo: crescimento ou perda da altura e do peso, aquisições no vocábulo. A
mudança qualitativa altera o tipo, a estrutura ou a organização da criança, sendo
marcada pela emergência de novos fenômenos que não podem ser facilmente
antecipados com base no funcionamento anterior, exemplo: mudança da criança
não verbal para a criança que entende palavras e consegue comunicar-se
verbalmente ou a mudança de carreira. Em contrapartida, apesar dos processos
de mudança, os indivíduos também transitam por momentos de estabilidade
(PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2009).
Esses processos de mudança e de estabilidade ocorrem em todos os
aspectos do desenvolvimento e ao longo de todos os períodos do ciclo da vida.
TÓPICO 1 | DESENVOLVIMENTO HUMANO, DESDE A CONCEPÇÃO ATÉ A IDADE ADULTA
5
Os períodos do ciclo da vida serão apresentados na figura a seguir.
FIGURA 1 – PERÍODOS DO CICLO DE VIDA
FONTE: Adaptado de Papalia; Olds; Feldman (2009)
2 PERÍODOS DO CICLO DE VIDA
A abordagem do ciclo de vida é um modelo de estudo para o
desenvolvimento no tempo de vida. Os períodos são apresentados na tabela a
seguir. E, seguidamente, cada um deles será melhor explicado.
TABELA 2 – PERÍODOS DO CICLO DE VIDA E SUAS IDADES
Período Idade (anos)
Antes do Nascimento Da concepção até o nascimento
Primeira Infância Do nascimento até 3 anos
Segunda Infância De 3 a 6 anos
Terceira Infância De 6 a 11 anos
Adolescência De 11 a 20 anos
Vida adulta inicial De 20 a 40 anos
Vida adulta intermediária De 40 a 65 anos
Vida adulta tardia De 65 anos em diante
FONTE: Adaptado de Papalia; Olds; Feldman (2009)
UNIDADE 1 | CRESCIMENTO HUMANO: O DESENVOLVIMENTO E SUAS TEORIAS
6
Faz-se necessário esclarecer que as idades indicadas na tabela são
aproximadas, principalmente na vida adulta, pois existem diferenças individuais
que não são comuns a todos. Sendo assim, entende-se que o desenvolvimento
humano é um processo dinâmico que ocorre de forma sequencial por etapas
sucessivas. É o conjunto da interação entre o ser humano, suas características
genéticas, e as características pessoais e o ambiente em que vive.
2.1 ANTES DO NASCIMENTO
O período antes do nascimento, também denominado de período pré-
natal, ocorre desde o momento da concepção da vida até o nascimento do bebê.
Na tabela a seguir são apresentados os principais desenvolvimentos
típicos no período antes do nascimento.
TABELA 3 – PRINCIPAIS DESENVOLVIMENTOS TÍPICOS NO PERÍODO ANTES DO NASCIMENTO
Domínio Principais Desenvolvimentos
Físico
Ocorre a concepção por fertilização normal ou por outros meios. Desde
o começo, a dotação genética interage com as influências ambientais.
Formam-se as estruturas e os órgãos corporais básicos: inicia-se o surto
de crescimento do cérebro. O crescimento físico é o mais acelerado do
ciclo de vida. É grande a vulnerabilidade às influências ambientais.
Cognitivo
Desenvolvem-se as capacidades de aprender e lembrar, bem como as de
responder aos estímulos sensoriais.
Psicossocial O feto responde à voz da mãe e desenvolve uma preferência por ela.
FONTE: Adaptado de Papalia; Olds; Feldman (2009)
No momento da fecundação ocorre a combinação entre o espermatozoide
e o óvulo, de modo que iniciarão a uma célula denominada “zigoto” que, em
sequência, se dividirá em outras células a fim de reproduzir novas células e
formar o feto. É nesse momento que a carga genética determina o sexo da criança
e as demais características do fenótipo do bebê.
Papalia, Olds e Feldman (2009) relatam que ao longo do desenvolvimento
do feto é possível que algumas alterações genéticas ocorram, como:
•	 fibrose cística: secreção excessiva no muco que se acumula nos pulmões e
no trato digestivo, as crianças não apresentam desenvolvimento normal e
geralmente não vivem até os 30 anos;
•	 distrofia muscular de Duchenne: doença fatal que acomete mais homens,
caracteriza-se pela fraqueza muscular e geralmente está acompanhada de
deficiência intelectual leve, insuficiência respiratória e a morte costuma ocorrer
no início da vida adulta;
TÓPICO 1 | DESENVOLVIMENTO HUMANO, DESDE A CONCEPÇÃO ATÉ A IDADE ADULTA
7
•	 hemofilia: sangramento excessivo que geralmente acomete mais os homens;
•	 espinha bífita: o canal espinhal não está totalmente fechado e resulta em
fraqueza muscular ou paralisia e perda do controle de esfíncter e geralmente
está acompanhada de hidrocefalia (acúmulo do líquido espinhal no cérebro
que pode ocasionar deficiência intelectual);
•	 doença policística renal: em crianças causa a dilatação dos rins e resulta em
problemas respiratórios e insuficiência cardíaca e, em adultos, causa dores
renais, pedras nos rins e hipertensão que resultam em insuficiência renal
crônica;
•	 anemia falciforme: os glóbulos vermelhos são deformados e frágeis que podem
ser obstruídos e, com isso, privam o organismo de oxigênio e causam dores,
infecções, ulcerações nas pernas, cálculos biliares, interrompem o crescimento
e suscetibilidade à pneumonia e derrame cerebral.
Além dessas, há muitas outras alterações genéticas.
ATENCAO
Há indícios de que existem distúrbios genéticos mais prevalentes em diversos
grupos étnicos. Por exemplo, tendência à intolerância à lactose na vida adulta acomete
aproximadamente sete a cada 10 afro-americanos e quase todos os asiáticos, e brancos
tendem a desenvolver fibrose cística (um a cada 25).
2.2 PRIMEIRA INFÂNCIA
O período da primeira infância ocorre desde o nascimento do bebê até os
três anos de idade. Nesse período, as mudanças no processo de desenvolvimento
são mais acentuadas.
Na tabela a seguir são apresentados os principais desenvolvimentos
típicos no período da primeira infância.
UNIDADE 1 | CRESCIMENTO HUMANO: O DESENVOLVIMENTO E SUAS TEORIAS
8
TABELA 4 – PRINCIPAIS DESENVOLVIMENTOS TÍPICOS NO PERÍODO DA PRIMEIRA INFÂNCIA
Domínio Principais Desenvolvimentos
Físico
No nascimento, todos os sentidos e sistemas corporais funcionam em
graus variados.
O cérebro aumenta em complexidade e é altamente sensível à influência
ambiental.
O crescimento físico e o desenvolvimento das habilidades motoras são
rápidos.
Cognitivo
As capacidades de aprender e lembrar estão presentes, mesmo nas
primeiras semanas.
O uso de símbolos e a capacidade de resolver problemas se desenvolvem
por volta do final do segundo ano de vida.
A compreensão e o uso da linguagem se desenvolvem rapidamente.
Psicossocial
A autoconsciência torna-se mais complexa, afetando a autoestima.
A corregulação reflete um deslocamento gradual no controle dos pais
para a criança.
Os colegas assumem importância fundamental.
FONTE: Adaptado de Papalia; Olds; Feldman (2009)
Oprocessodonascimentohistoricamentesofreumudançasemdecorrência
de aspectos sociais e culturais que foram se modificando ao longo dos anos. Há
possibilidade de o bebê nascer de parto normal, de parto medicado ou parto por
anestesia.
A dimensão da cabeça do recém-nascido é grande, equivalente a ¼ do
comprimento do seu corpo. Também possui o queixo recuado, o que facilita a
amamentação.
A cabeça de um bebê recém-nascido pode ser alongada e malformada,
pois os ossos do crânio do bebê ainda não se fundiram, a fim de facilitar a
passagem pela pélvis materna. Até os 18 meses os ossos do crânio não estarão
completamente unidos. E as regiões na cabeça onde os ossos ainda não se uniram
(fontanelas) são cobertas por uma membrana rígida. A aparência dos recém-
nascidos muitas vezes é rosada e sua pele é fina, não esconde os capilares por
onde o sangue circula (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2009).
Os primeiros minutos de vida do bebê são muito importantes para seu
desenvolvimento. Iniciam-se as avaliações clínicas com o intuito de identificar se
o bebê apresenta algum problema que exija cuidados especiais.
Após o nascimento, geralmente as crianças vão avaliadas pela Escala de
Apgar um minuto após o parto e depois novamente cinco minutos após o parto,
conforme a tabela a seguir.
TÓPICO 1 | DESENVOLVIMENTO HUMANO, DESDE A CONCEPÇÃO ATÉ A IDADE ADULTA
9
TABELA 5 – ESCALA DE APGAR
Sinal 0 1 2
Aparência
(cor)
Azulada, pálida
Corpo rosado,
extremidades
azuladas
Totalmente
rosada
Pulsação
(frequência cardíaca)
Ausente
Lenta
(abaixo de 100)
Rápida
(acima de 100)
Expressão facial
(reflexos)
Nenhuma
resposta
Caretas
Tosse, espirro,
choro
Atividade
(tônus muscular)
Inerente Fraca, inativa Forte, ativa
Respiração Ausente Irregular, lenta Boa, choro
FONTE: Adaptado de Papalia; Olds; Feldman (2009)
A partir da Escala Apgar, o recém-nascido é classificado em 0, 1 ou 2 em
um conjunto de cinco subtestes (aparência, pulsação, expressão facial, atividade
e respiração) e recebe uma pontuação total de 10. Quando a criança adquire uma
pontuação entre 7 e 10 aos cinco minutos após o nascimento, a condição de vida
do bebê varia de boa a excelente. Caso a pontuação seja inferior a 7 significa
que o bebê necessita de auxílio para respirar e, se for abaixo de 4, o bebê requer
salvação imediata (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2009).
Durante o parto podem ocorrer complicações. Nesse sentido, pode
ocorrer trauma no nascimento, pós-maturação e baixo peso natal. No trauma no
nascimento incluem-se a falta de oxigênio (anóxia), doenças ou infecções ou dano
físico. Às vezes o trauma gera danos permanentes no cérebro e, a depender do
local da lesão, pode afetar aspectos cognitivos, motores ou causar a morte. Na
pós-maturação, entende-se que o bebê nasce após a 42ª
semana de gestação e,
assim, o bebê tende a ser comprido e magro, pois continua a crescer no interior do
útero, no entanto faltará suprimento de sangue no final da gestação.
2.3 SEGUNDA INFÂNCIA
O período da segunda infância ocorre desde os três anos até os seis anos
de idade.
Na tabela a seguir são apresentados os principais desenvolvimentos
típicos no período da segunda infância.
UNIDADE 1 | CRESCIMENTO HUMANO: O DESENVOLVIMENTO E SUAS TEORIAS
10
Domínio Principais Desenvolvimentos
Físico
O crescimento é constante; a aparência torna-se mais esguia e as
proporções mais parecidas com as de um adulto.
O apetite diminui e são comuns os problemas com o sono.
Surge a preferência pelo uso de uma das mãos; aprimoram-se as
habilidades motoras finas e gerais e aumenta a força física.
Cognitivo
O pensamento é um tanto egocêntrico, mas aumenta a compreensão do
ponto de vista dos outros.
A imaturidade cognitiva resulta em algumas ideias ilógicas sobre o
mundo.
Aprimoram-se a memória e a linguagem.
A inteligência torna-se mais previsível.
É comum a experiência do maternal; mais ainda a da pré-escola.
Psicossocial
O autoconceito e a compreensão das emoções tornam-se mais complexos;
a autoestima é global.
Aumentam a independência, a iniciativa e o autocontrole.
Desenvolve-se a identidade de gênero.
O brincar torna-se mais imaginativo, mais elaborado e geralmente mais
social.
Altruísmo, agressão e temor são comuns.
A família ainda é o foco da vida social, mas outras crianças tornam-se
mais importantes.
TABELA 6 – PRINCIPAIS DESENVOLVIMENTOS TÍPICOS NO PERÍODO DA SEGUNDA INFÂNCIA
FONTE: Adaptado de Papalia; Olds; Feldman (2009)
2.4 TERCEIRA INFÂNCIA
O período da terceira infância ocorre desde os seis anos até os 11 anos
de idade.
Na tabela a seguir são apresentados os principais desenvolvimentos
típicos no período da terceira infância.
TABELA 7 – PRINCIPAIS DESENVOLVIMENTOS TÍPICOS NO PERÍODO DA TERCEIRA INFÂNCIA
Domínio Principais Desenvolvimentos
Físico
O crescimento torna-se mais lento.
A força física e as habilidades atléticas aumentam.
São comuns as doenças respiratórias, mas de modo geral a saúde é melhor
do que em qualquer outra fase do ciclo de vida.
TÓPICO 1 | DESENVOLVIMENTO HUMANO, DESDE A CONCEPÇÃO ATÉ A IDADE ADULTA
11
FONTE: Adaptado de Papalia; Olds; Feldman (2009)
Cognitivo
Diminui o egocentrismo. As crianças começam a pensar com lógica,
porém concretamente.
As habilidades de memória e linguagem aumentam.
Ganhos cognitivos permitem à criança beneficiar-se da instrução formal
na escola.
Algumas crianças demonstram necessidades educacionais e talentos
especiais.
Psicossocial
O autoconceito torna-se mais complexo, afetando a autoestima.
A corregulação reflete um deslocamento gradual no controle dos pais
para a criança.
Os colegas assumem importância fundamental.
2.6 VIDA ADULTA
O período da vida adulta é dividido em fases inicial (de 20 a 40 anos de
idade), fase intermediária (de 40 a 65 anos) e fase tardia (de 65 anos em diante).
2.5 ADOLESCÊNCIA
O período da adolescência ocorre desde os 11 anos até aproximadamente
os 20 anos de idade.
Na tabela a seguir são apresentados os principais desenvolvimentos
típicos no período da adolescência.
TABELA 8 – PRINCIPAIS DESENVOLVIMENTOS TÍPICOS NO PERÍODO DA ADOLESCÊNCIA
Domínio Principais Desenvolvimentos
Físico
O crescimento físico e outras mudanças são rápidas e profundas.
Ocorre a maturidade reprodutiva.
Os principais riscos para a saúde emergem de questões comportamentais,
como: transtornos alimentares e abuso de drogas.
Cognitivo
Desenvolve-se a capacidade de pensar em termos abstratos e de usar o
raciocínio científico.
O pensamento imaturo persiste em atitudes e comportamentos.
A educação se concentra na preparação para a faculdade ou para a
profissão.
Psicossocial
A busca pela identidade, incluindo a identidade sexual, torna-se central.
O relacionamento com os pais geralmente amadurece.
Os amigos podem exercer influência positiva ou negativa.
FONTE: Adaptado de Papalia; Olds; Feldman (2009)
UNIDADE 1 | CRESCIMENTO HUMANO: O DESENVOLVIMENTO E SUAS TEORIAS
12
FONTE: Adaptado de Papalia, Olds e Feldman (2006)
Domínio Principais Desenvolvimentos
Físico
Geralmente, há o auge da força, da energia, da resistência e do
funcionamento sensório-motor.
Funções corporais estão plenamente desenvolvidas: acuidade visual
é máxima, o paladar, o olfato, a sensibilidade à dor e à temperatura
permanecem inalteradas até pelo menos 45 anos de idade.
Relação com questões sexuais e reprodutivas podem estar presentes:
disfunção sexual, exposição à Doenças Sexualmente Transmissíveis
(DSTs) e esterilidade.
Cognitivo
O pensamento utiliza a intuição, emoção e lógica.
Aplica-se a experiência para lidar com situações ambíguas.
Desenvolve-se a capacidade de lidar com a incerteza, com a
inconsistência, com a contradição e com a imperfeição.
Início da formação acadêmica (ingresso na faculdade).
Atuação profissional (mercado de trabalho).
Psicossocial
Os adultos podem apresentar traços de personalidade:
a) Neuroticismo (conjunto de traços que indicam instabilidade
emocional: ansiedade, hostilidade, depressão, constrangimento,
impulsividade e vulnerabilidade).
b) Extroversão (afetividade, assertividade, atividade, busca de excitação
e emoções positivas).
c) Abertura à experiência.
d) Escrupulosidade (tendem a ser sociáveis, competentes, organizados,
obedientes e disciplinados).
e) Nível de socialização (tendem a ser altruístas, francos, modestos,
meigos e facilmente influenciáveis).
TABELA 9 – PRINCIPAIS DESENVOLVIMENTOS TÍPICOS NO PERÍODO DA VIDA ADULTA INICIAL
2.6.1 Vida Adulta Inicial
O período da vida adulta inicial ocorre desde os 20 anos até os 40 anos.
Na tabela a seguir são apresentados os principais desenvolvimentos
típicos no período da vida adulta inicial.
TÓPICO 1 | DESENVOLVIMENTO HUMANO, DESDE A CONCEPÇÃO ATÉ A IDADE ADULTA
13
2.6.2 Vida Adulta Intermediária
O período da vida adulta intermediária ocorre desde os 40 anos até os
65 anos.
Na tabela a seguir são apresentados os principais desenvolvimentos
típicos no período da vida adulta intermediária.
TABELA 10 – PRINCIPAIS DESENVOLVIMENTOS TÍPICOS NO PERÍODO DA VIDA ADULTA
INTERMEDIÁRIA
FONTE: Adaptado de Papalia; Olds; Feldman (2009)
Domínio Principais Desenvolvimentos
Físico
Pode ocorrer uma lenta deterioração das habilidades sensoriais, da saúde,
do vigor e da força física, mas são grandes as diferenças individuais.
As mulheres entram na menopausa.
Cognitivo
As capacidades mentais atingem o auge; a especialização e as habilidades
relativas à solução de problemas práticos são acentuadas.
A criatividade pode declinar, mas sua qualidade é melhor.
Para alguns, o sucesso na carreira e o sucesso financeiro atingem seu
máximo; para outros, poderá ocorrer esgotamento ou mudança de
carreira.
Psicossocial
O senso de identidade continua a se desenvolver; pode ocorrer uma
transição para a meia-idade.
A dupla responsabilidade pelo cuidado dos filhos e dos pais pode causar
estresse.
A saída dos filhos deixa o ninho vazio.
2.6.3 Vida Adulta Tardia
O período da vida adulta tardia ocorre dos 65 anos em diante.
Na tabela a seguir são apresentados os principais desenvolvimentos
típicos no período da vida adulta tardia.
UNIDADE 1 | CRESCIMENTO HUMANO: O DESENVOLVIMENTO E SUAS TEORIAS
14
TABELA 11 – PRINCIPAIS DESENVOLVIMENTOS TÍPICOS NO PERÍODO DA VIDA ADULTA TARDIA
Domínio Principais Desenvolvimentos
Físico
A maioria das pessoas é saudável e ativa, embora geralmente haja um
declínio da saúde e das capacidades físicas.
O tempo de reação mais lento afeta alguns aspectos funcionais.
Cognitivo
A maioria das pessoas é mentalmente alerta. Embora a inteligência e
memória possam se deteriorar em algumas áreas, a maioria das pessoas
encontra meios de compensação.
Psicossocial
A aposentadoria pode oferecer novas opções para o aproveitamento
do tempo.
As pessoas desenvolvem estratégias mais flexíveis para enfrentar perdas
pessoais e a morte iminente.
O relacionamento com a família e com amigos íntimos pode proporcionar
um importante apoio.
Abuscadesignificadoparaavidaassumeumaimportânciafundamental.
FONTE: Adaptado de Papalia; Olds; Feldman (2009)
15
RESUMO DO TÓPICO 1
	 Nesse tópico você viu:
• Há três domínios de desenvolvimento:
– Físico: crescimento do corpo e do cérebro, as capacidades sensoriais, as
habilidades motoras e a saúde.
–	 Cognitivo: mudanças e estabilidade em capacidades mentais como
aprendizagem, atenção, memória, linguagem, pensamento, raciocínio e
criatividade.
– Psicossocial: mudanças e estabilidade nas emoções, na personalidade e
nos relacionamentos sociais.
• Os domínios físico, cognitivo e psicossocial podem influenciar uns aos outros.
• Há oito períodos do ciclo da vida no desenvolvimento humano: antes do
nascimento; primeira infância; segunda infância; terceira infância; adolescência;
vida adulta inicial; vida adulta intermediária; vida adulta tardia.
• Os principais desenvolvimentos típicos em cada ciclo da vida.
16
1 A partir dos conteúdos estudados no Tópico 1 da Unidade 1, indique quais
são os três domínios do desenvolvimento. Em seguida, dê exemplos de
como eles interagem entre si.
2 Os processos de mudança e de estabilidade ocorrem em todos os aspectos
do desenvolvimento e ao longo de todos os períodos do ciclo da vida.
Com base nessa afirmação, cite quais são os oito ciclos da vida que foram
estudados nessa unidade. Em seguida, informe qual a idade estimada em
que os ciclos ocorrem.
3 No que se refere aos assuntos relacionados ao desenvolvimento humano,
leia atentamente as frases abaixo e assinale (V) para Verdadeira e (F) para
Falsa.
(	 )	O estudo do desenvolvimento humano busca entender as mudanças que
ocorrem nos indivíduos.
(	 )	Inicialmente, os estudos sobre o desenvolvimento humano eram baseados
em relatórios observacionais que pesquisadores faziam em seus próprios
filhos, com ênfase nos primeiros anos de vida da criança. Posteriormente,
os estudos deixaram de se restringir somente a fases etárias jovens e
passaram a incluir todo o ciclo de vida.
(	 )	O domínio cognitivo do desenvolvimento humano engloba as mudanças
e estabilidade nas emoções, na personalidade e nos relacionamentos
sociais.
(	 )	O domínio psicossocial do desenvolvimento humano engloba as
mudanças e estabilidade em capacidades mentais como aprendizagem,
atenção, memória, linguagem, pensamento, raciocínio e criatividade.
(	 )	O domínio físico do desenvolvimento humano engloba as mudanças
no crescimento do corpo e do cérebro, as capacidades sensoriais, as
habilidades motoras e a saúde.
(	 )	Os domínios físico, cognitivo e psicossocial do desenvolvimento humano
devem ser entendidos de forma conjunta, mas que não influenciam uns
aos outros.
(	 )	Os ciclos da vida são compostos por sete estágios, sendo eles: primeira
infância, segunda infância, terceira infância, adolescência, vida adulta
inicial, vida adulta intermediária e vida adulta tardia.
AUTOATIVIDADE
17
TÓPICO 2
FATORES QUE INFLUENCIAM O PROCESSO DE
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Háinúmerosfatoresqueinfluenciamnocrescimentoenodesenvolvimento
humano. Os estudos sobre o desenvolvimento têm interesse nos processos que
são comuns a todos (GALLAHUE; OZMUN, 2005). Nesse sentido, há influências
que são vivenciadas de forma semelhante pela maioria das pessoas de um grupo
(PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2009).
É inegável a influência da hereditariedade, mas os fatores ambientais
também desempenham um papel importante. Há ainda outros fatores que
também afetam o crescimento e o desenvolvimento, como os nutricionais (a má
nutrição do bebê ou da mãe durante a gestação), o exercício físico e a atividade
física (GALLAHUE; OZMUN, 2005). Além disso, existem diferenças individuais,
como, por exemplo, o sexo, a altura, o peso, a inteligência, a personalidade e as
reações emocionais (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2009).
Nos fatores hereditários, enquadram-se desordens cromossômicas
(exemplo: síndrome de Down) e desordens genéticas (exemplos: deformidades no
pé, anemia falciforme, coluna bífida, entre outros) (GALLAHUE; OZMUN, 2005).
Nos fatores ambientais, destacam-se a radiação, poluentes químicos,
problemas médicos, doenças sexualmente transmissíveis, desequilíbrios
hormonais, incompatibilidade do fator Rh, estresse emocional materno, gravidez
na adolescência e toxoplasmose (GALLAHUE; OZMUN, 2005).
Elementos químicos, como as drogas, também podem afetar o crescimento
e o desenvolvimento, mas isso depende da dose utilizada, do período de tempo de
ingestão da droga e da predisposição genética do feto (GALLAHUE; OZMUN, 2005).
Essas diferenças no crescimento e no desenvolvimento podem estar
relacionadas aos contextos aos quais os indivíduos estão inseridos e os estilos
de vida que levam, como, por exemplo, o lar, a comunidade, a sociedade, os
relacionamentos, as escolas que frequentam, os trabalhos que realizam e a forma
como utilizam seu tempo livre.
UNIDADE 1 | CRESCIMENTO HUMANO: O DESENVOLVIMENTO E SUAS TEORIAS
18
IMPORTANTE
O processo de crescimento nos primeiros anos de vida é espantoso. E o
crescimento físico do bebê influencia no desenvolvimento.
2 DEFINIÇÃO DE TERMOS
O ser humano não é biologicamente estático. Portanto, ao longo da vida
ocorrem transformações quantitativas e qualitativas. Durante as primeiras
décadas da vida, a principal atividade do organismo é crescer e se desenvolver.
Nesse período o crescimento e o desenvolvimento ocorrem simultaneamente.
FONTE: Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci
arttext&pid=S1807-55092011000500013>. Acesso em: nov. 2015.
E por causa da relação entre o crescimento e o desenvolvimento, muitas
vezes eles são equivocadamente tratados como sinônimos. É importante deixar
claro que, apesar de ocorrerem simultaneamente, eles não possuem o mesmo
significado (GALLAHUE; OZMUN, 2005).
2.1 CRESCIMENTO
O crescimento se refere a alterações físicas nas dimensões do corpo como
um todo ou em partes específicas em relação ao fator tempo. Ou seja, é o aumento
progressivo e contínuo da criança no seu tamanho, na mudança de proporções,
no alargamento de suas capacidades, que se alteram do nascimento até a
maturidade. Essas mudanças estruturais são "quantitativas". E resultam de um
complexo mecanismo em nível celular, podendo envolver o aumento do número
de células (hiperplasia), aumento do tamanho das células (hipertrofia) e aumento
da capacidade das substâncias intracelulares em agregar células. Sendo assim,
o crescimento caracteriza-se pelo aumento orgânico da massa (GALLAHUE;
OZMUN, 2005).
O processo de crescimento não ocorre ao longo de toda a vida. Logo, em
determinada idade do indivíduo o crescimento cessa. Quando isso ocorre, o ser
humano alcançou a maturidade biológica.
TÓPICO 2 | FATORES QUE INFLUENCIAM O PROCESSO DE CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO
19
2.2 DESENVOLVIMENTO
O desenvolvimento se refere a alterações no nível de funcionamento de
um indivíduo ao longo do tempo. Sendo assim, é o aumento contínuo dos poderes
de funcionamento da criança e coordenação entre o organismo e o psiquismo.
Deste modo, representa a capacidade do indivíduo de adquirir funções mais
complexas.Essasmudançasestruturaispodemsertransformaçõesprincipalmente
“qualitativas”, mas também podem ser “quantitativas”. É o processo interno
de crescimento, coordenação entre o sistema nervoso e o desenvolvimento das
funções mentais (GALLAHUE; OZMUN, 2005).
O processo de desenvolvimento ocorre ao longo de toda a vida. Pode ser
compreendido a partir da interação entre a maturação e a aprendizagem.
ATENCAO
Outra diferença fundamental entre o crescimento e o desenvolvimento é que
o desenvolvimento possui maior amplitude. E tanto o crescimento como o desenvolvimento
se assemelham porque variam de acordo com cada indivíduo (organismo), com o ambiente
(experiências) e com a tarefa (físico e mecânico).
2.3 MATURAÇÃO
Amaturaçãoéoprocessopeloqualseatingecertograudedesenvolvimento
em que aparece um tipo especial de função mental ou conduta.
3 FATORES QUE INTERFEREM NOS PROCESSOS DE
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO
Os fatores que interferem nos processos de crescimento e desenvolvimento
são: hereditariedade, ambiente e as influências contextuais.
UNIDADE 1 | CRESCIMENTO HUMANO: O DESENVOLVIMENTO E SUAS TEORIAS
20
FIGURA 2 – FATORES QUE INTERFEREM NOS PROCESSOS DE
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO
FONTE: Adaptado de Gallahue; Ozmun (2005); Papalia; Olds; Feldman
(2009)
Essas influências podem ser organizadas em normativas e não normativas.
FIGURA 3 – INFLUÊNCIAS NORMATIVAS E NÃO NORMATIVAS
FONTE: Adaptado de Papalia; Olds; Feldman (2009)
3.1 HEREDITARIEDADE
Refere-se aos traços inatos ou às características herdadas dos pais
biológicos.
TÓPICO 2 | FATORES QUE INFLUENCIAM O PROCESSO DE CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO
21
O espermatozoide do pai possui 23 cromossomos em seu material genético
e o óvulo da mãe também possui 23 cromossomos. No ato da fecundação surge a
célula ovo ou zigoto, que possui 46 cromossomos (23 pares). Essa célula nova se
dividirá em muitas outras células, as quais darão origem ao feto.
São esses pares de cromossomos que determinam as características
individuais, como o sexo, a cor dos olhos, o tamanho do corpo, a estrutura física,
entre outros.
Nos fatores hereditários enquadram-se desordens cromossômicas
(exemplo: Síndrome de Down) e desordens genéticas (exemplos: deformidades
no pé, anemia falciforme, coluna bífida) (GALLAHUE; OZMUN, 2005).
ATENCAO
Todo esse material genético estabelece o potencial do indivíduo, que pode ou
não se desenvolver.
3.1.1 Desordens cromossômicas
Há possibilidades de desordens genéticas, e muitas delas não são
observáveis em bebês recém-nascidos.Acredita-se que somente 1% das desordens
genéticas são observadas em bebês. E uma das desordens cromossômicas mais
comuns é a Síndrome de Down.
Nessa síndrome, o indivíduo apresenta 47 cromossomos, ao invés dos 46,
que são padrão. A alteração ocorre no par 21 e, por isso, é também chamada de
Trissomia do Par 21 (o indivíduo possui três cromossomos no “par 21”. Estima-
se que aproximadamente um a cada 800 mil nascidos apresentam a Síndrome de
Down (GALLAHUE; OZMUN, 2005).
As características dos indivíduos com Síndrome de Down se assemelham,
sendo que:
• Geralmente nascem prematuros.
• O ritmo de crescimento tende a ser mais lento.
• Baixa estrutura.
• O queixo, o nariz e a orelha tendem a ser pequenos.
• Dentes são pouco desenvolvidos.
• Visão fraca.
• Problemas de equilíbrio.
• Membros superiores e inferiores são curtos.
UNIDADE 1 | CRESCIMENTO HUMANO: O DESENVOLVIMENTO E SUAS TEORIAS
22
• Problemas cardiovasculares (doenças respiratórias frequentes).
• Funcionamento intelectual limitado.
UNI
Outras desordens cromossômicas são a Síndrome de Patan e a Síndrome de
Edward. Felizmente essas síndromes são raras. Sabe-se pouco sobre elas, mas já se reconhece
que são causadas por um cromossomo a mais, geram graves deformidades, déficits cognitivos
e mortalidade precoce.
3.1.2 Desordens genéticas
As desordens genéticas podem acarretar consequências diferentes, com
ou sem atraso motor e/ou cognitivo. Alguns exemplos são os pés disformes, a
anemia falciforme, a Doença Tay-Sachs e a coluna bífida.
Os pés disformes são a desordem genética mais comum e meninos
são duas vezes mais propensos do que as meninas. Há três formas principais,
sendo equinovaro (mais grave), calcâneo valgo (mais comum) e metatarso
varo (mais suave).
A anemia falciforme é uma doença sanguínea hereditária bastante
comum. Os seus efeitos variam para cada indivíduo, sendo: anemia, dor, lesão
a órgãos vitais ou até mesmo a morte. Geralmente comprometem os processos
de crescimento e o desenvolvimento motor. Além disso, causam cansaço com
facilidade (indivíduos ficam ofegantes).
A Doença de Tay-Sachs é frequente em descendentes de judeus e não
possui cura. Trata-se de uma doença fatal com sua primeira manifestação na
primeira infância. Os danos são progressivos, sendo que inicialmente há redução
do controle motor. Em seguida, cegueira, paralisia e posteriormente a morte
(aproximadamente aos cinco anos de idade).
A coluna bífida é um defeito congênito na coluna vertebral. Há três formas
distintas, a mais leve só é diagnosticada por meio de radiografia e raramente
incomoda o indivíduo. A intermediária é um nódulo ou cisto que contém a
medula espinhal que sobressai através do canal aberto da coluna. E a forma mais
grave é quando o cisto comprime as raízes dos nervos da medula espinhal.
TÓPICO 2 | FATORES QUE INFLUENCIAM O PROCESSO DE CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO
23
3.2 AMBIENTE
Refere-se a todas as influências não genéticas que atuam sobre o
desenvolvimento, externas às pessoas.
Nos fatores ambientais destacam-se a radiação, poluentes químicos,
problemas médicos, doenças sexualmente transmissíveis, desequilíbrios
hormonais, incompatibilidade do fator Rh, estresse emocional materno, gravidez
na adolescência e toxoplasmose (GALLAHUE; OZMUN, 2005).
3.2.1 Fatores pré-natais que afetam o desenvolvimento
A principal causa de deficiências congênitas graves entre os ricos e pobres
advém de fatores pré-natais (GALLAHUE; OZMUN, 2005):
•	 anormalidades cardíacas;
•	 deformidades do esqueleto;
•	 desequilíbrios químicos.
Essas deficiências podem apresentar tanto graus de moderados como
severos e podem comprometer aspectos não só físicos, mas também intelectuais.
Por vezes, podem ocasionar a morte.
IMPORTANTE
Há fatores pré-natais que, muitas vezes, poderiam ser controlados, e que
afetam o desenvolvimento da criança.
3.2.2 Fatores pós-natais que afetam o desenvolvimento
Os fatores pós-natais estão intimamente relacionados com a gravidez de
alto risco. Nesse contexto, a gestante porta certas condições – antes ou durante a
gestação – que aumentam a possibilidade de o bebê apresentar problemas pré ou
pós-natais (GALLAHUE; OZMUN, 2005).
Apresenta-se, na figura a seguir, condições que podem ocasionar alto
risco.
UNIDADE 1 | CRESCIMENTO HUMANO: O DESENVOLVIMENTO E SUAS TEORIAS
24
FIGURA 4 – CONDIÇÕES QUE PODEM OCASIONAR ALTO RISCO
FONTE: Adaptado de Gallahue e Ozmun (2005)
IMPORTANTE
Muitasdascondiçõesmencionadaspoderiamserevitadasouteremseuimpacto
reduzido a partir de medidas simples e eficientes, como, por exemplo, o acompanhamento
médico antes e durante a gestação.
3.2.2.1 Fatores nutricionais
Nosfatoresnutricionais,todososalimentosqueforemingeridospelagestante
afetarão de alguma forma o bebê em seu ventre (GALLAHUE; OZMUN, 2005).
A má nutrição da mãe é resultado da falta de determinados nutrientes que
contribuem para a saúde da mãe e do bebê. E, durante a gravidez, pode ocasionar
três problemas distintos, sendo:
•	 Problema placentário: causado por problemas associados ao fornecimento e ao
transporte de nutrientes da placenta para o feto. O feto depende do fornecimento
de sangue da mãe, da ação osmótica da placenta e do cordão umbilical para
captar nutrientes.
•	 Problema fetal: causado por inabilidade do feto em utilizar os nutrientes que lhe
são disponibilizados. Nesse caso, o metabolismo do feto está comprometido e
por isso há o impedimento ou restrição na utilização dos nutrientes disponíveis.
TÓPICO 2 | FATORES QUE INFLUENCIAM O PROCESSO DE CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO
25
•	 Problema maternal: causado por inadequação na ingestão nutricional da
gestante.
Acrescenta-se que a má nutrição é um assunto preocupante em países
ocidentais, pois há abundância de alimentos.
As razões que explicam a má nutrição materna podem variar desde hábitos
alimentares deficientes até a pobreza, baixa classe socioeconômica, ansiedade,
estresse e traumas.
ATENCAO
Ácido fólico e vitamina B podem auxiliar a reduzir problemas no tubo neural do
bebê, como é o caso da “coluna bífida”. Sendo assim, a gestante deve ingerir ácido fólico antes
e durante a gestação. E, nos casos de gravidez não planejada, a ingestão de ácido fólico deve
ocorrer durante a gestação com acompanhamento médico.
3.2.2.2 Fatores químicos
A placenta possui poros e as substâncias químicas podem penetrá-la, ao
ponto de causar danos ao bebê que está no útero da mãe. As drogas, sejam elas
receitadas ou não, ocasionam efeitos colaterais. Por outro lado, deve-se destacar
que os efeitos e suas consequências dependem de outras circunstâncias, entre elas
(GALLAHUE; OZMUN, 2005):
•	 a condição do feto;
•	 o grau de abuso químico;
•	 a quantidade de droga ingerida;
•	 o período da gravidez em que a droga foi ingerida;
•	 período de tempo em que a droga é ingerida;
•	 a predisposição genética do feto;
•	 a presença de outros fatores.
As drogas podem acometer o crescimento dos órgãos ou a diferenciação
celular e provocam danos nos processos de desenvolvimento normal, conforme
apresenta-se na tabela a seguir.
UNIDADE 1 | CRESCIMENTO HUMANO: O DESENVOLVIMENTO E SUAS TEORIAS
26
TABELA 12 – EFEITOS DE MEDICAMENTOS NO DESENVOLVIMENTO DE BEBÊS NO ÚTERO NA
MÃE
Droga Uso Possíveis efeitos
Coumadin
Anticoagulante usado para
coágulos sanguíneos.
Pode causar sangramento antes
ou durante o parto, resultando em
dano cerebral.
Diuréticos
Tratar toxemia,
particularmente retenção de
água.
Desequilíbrio de água e sal que
pode resultar em dano cerebral.
Streptomicina Tratar infecções da mãe.
Danos aos rins, ouvidos e
equilíbrios.
Aspirina
Tratar dores (leves e agudas)
e febre.
Morte, deformações congênitas,
sangramentos sob o crânio,
causando dano cerebral, hemorragia
durante o parto.
Tetraciclinas Tratar acne.
Atraso no crescimento ósseo e
dentário.
FONTE: Adaptado de Gallahue e Ozmun (2005)
As drogas e os medicamentos afetam o desenvolvimento motor da criança.
Conteúdos relacionados ao desenvolvimento motor serão estudados na Unidade 2.
Acrescenta-se que quase 80% das drogas que não exigem prescrição médica contêm aspirina.
ESTUDOS FUTUROS
Apesardoreconhecimentoacercadosmalefíciosadvindoscomautilização
de drogas, algumas delas são “necessárias”. Nesses casos, a grávida está sob
cuidados médicos devido a indisposição ou por alguma doença. E o cuidado
deve ser redobrado de modo a atender a saúde da mãe e não ser prejudicial ao
bebê. Os médicos podem alterar a prescrição de determinados medicamentos a
fim de proteger o crescimento e o desenvolvimento do bebê no útero materno.
Na tabela a seguir são apresentados alguns medicamentos comuns para
tratar condições médicas das mães e seus possíveis efeitos no desenvolvimento
de bebês no útero materno.
TÓPICO 2 | FATORES QUE INFLUENCIAM O PROCESSO DE CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO
27
TABELA 13 – EFEITOS DE MEDICAMENTOS COMUNS PARA CONDIÇÕES DA MÃE
Condição materna Medicamento Possíveis efeitos
Hipertensão Resperine
Asfixia, tosse e congestão nasal ao
nascer.
Tireoide
Tiuracile Iodine
Radioativo
Anormalidade na tireoide da criança
(hipotiroidismo).
Diabetes Insulina
Excesso de peso ao nascer,
prematuridade, defeitos cardíacos,
icterícia, baixa taxa de açúcar no sangue,
convulsões, retardamento mental e/ou
físico e deformidades.
Anormalidade
menstrual
Progesterona
Deformidades grosseiras,
masculinização dos órgãos femininos.
Alergia ou
resfriado
Anti-histamínico Deformidades.
Epilepsia
Drogas para
controle de ataques
Lábio leporino e outras malformações.
FONTE: Adaptado de Gallahue e Ozmun (2005)
Além dessas drogas, também existem aquelas drogas ilícitas.
Na tabela a seguir são apresentadas algumas drogas ilícitas e seus possíveis
efeitos no desenvolvimento de bebês no útero materno.
TABELA 14 – EFEITOS DE DROGAS ILÍCITAS PARA O DESENVOLVIMENTO DE BEBÊS NO ÚTERO
NA MÃE
Droga Possíveis efeitos
Heroína e morfina
Irritação. Dorme mal. Choro estridente.
Vômito e diarreia.
Sintomas fisiológicos marcantes de abstinência.
Baixa oxigenação das células sanguíneas.
Hepatite contraída de agulha não esterilizada.
Suscetível a infecções.
Anfetaminas e barbitúricos
Aborto.
Problemas no parto.
Tranquilizantes
Algumas drogas como Sominex®
, Nytol®
, Sleep-Eze®
e
Compoz®
contêm dois anti-histamínicos que produziram
deformidades congênitas em animais.
UNIDADE 1 | CRESCIMENTO HUMANO: O DESENVOLVIMENTO E SUAS TEORIAS
28
LSD
Pode causar danos cromossômicos.
Algumas vezes contaminado com quintinha ou outros
materiais que podem prejudicar a criança.
Há alta incidência de defeitos congênitos em filhos de
usuários.
Cocaína
Crise de abstinência fisiológica.
Hipertensão.
Regulação térmica insuficiente.
Baixo peso ao nascer.
Distúrbios de aprendizagem.
Problemas comportamentais.
Mortalidade acentuada.
FONTE: Gallahue e Ozmun (2005)
ATENCAO
Além dos efeitos citados na tabela anterior, o uso de heroína pela mãe pode gerar
outras complicações, como: intoxicações, parto sem inversão do bebê, pequena estatura ao
nascer, separação prematura da placenta. E, ainda, se não for tratado, desidatração, paralisia,
coma ou até mesmo a morte.
3.3 INFLUÊNCIAS CONTEXTUAIS
Refere-se aos contextos ao qual o indivíduo está inserido, como, por
exemplo, a condição socioeconômica, a cultura e a etnicidade.
3.3.1 Condições socioeconômicas
As condições socioeconômicas englobam a renda, a educação e a ocupação
dos indivíduos. Esses aspectos podem afetar os processos de crescimento e
desenvolvimento humano, em seus domínios físico, cognitivo e psicossocial. E
as consequências geralmente são indiretas, causadas por fatores associados às
condições socioeconômicas (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2009).
Natabelaadiantesãoapresentadososprincipaisfatoresderiscoassociados
a crianças de baixa renda.
TÓPICO 2 | FATORES QUE INFLUENCIAM O PROCESSO DE CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO
29
Alguns fatores de risco que indicam o impacto indireto das condições
socioeconômicas para o desenvolvimento do indivíduo são:
•	 Local onde as pessoas residem.
•	 O estado emocional dos pais das crianças.
•	 As práticas de criação dos filhos.
•	 O ambiente doméstico.
As famílias com melhor poder aquisitivo, mesmo que não sintam
os impactos dos fatores de risco acima descritos, podem estar em risco por
outras razões, como, por exemplo, a pressão para atingir metas ou porque são
“esquecidas” por seus pais, que são muito ocupados. Essas famílias, que se
enquadram na categoria de “baixos fatores de risco”, infelizmente possuem altas
taxas relacionadas ao uso de drogas, ansiedade e depressão.
TABELA 15 – FATORES DE RISCO ASSOCIADOS A CRIANÇAS DE BAIXA RENDA
Consequências Riscos maiores para crianças de
baixa renda
Saúde
Óbito na infância 1,6 vezes mais provável
Nascimento prematuro (inferior 37 semanas) 1,8 vezes mais provável
Nascimento de baixo peso 1,9 vezes mais provável
Assistência pré-natal inadequada 2,8 vezes mais provável
Alimento insuficiente em algum momento nos
últimos quatro meses
8,0 vezes mais provável
Educação
Notas mais baixas em matemática dos 7 aos 8 anos 5 pontos mais baixo
Notas mais baixas em leitura dos 7 aos 8 anos 4 pontos mais baixo
Repetência 2 vezes mais provável
Expulsão da escola 3,4 vezes mais provável
Abandono da escola entre 16 a 24 anos 3,5 vezes mais provável
Conclusão do curso superior de 4 anos 50% de probabilidade
FONTE: Adaptado de Papalia; Olds; Feldman (2009)
UNIDADE 1 | CRESCIMENTO HUMANO: O DESENVOLVIMENTO E SUAS TEORIAS
30
IMPORTANTE
Na sociedade há exemplos de pessoas que ascenderam de um estado de
pobreza e de privação para uma posição de destaque. Isso demonstra que o desenvolvimento
positivo pode ocorrer, mesmo com a presença de fatores de risco.
3.3.2 Cultura e Etnia
Para tratar desses fatores, primeiramente é essencial conceituá-los.
A cultura é o modo de vida global de uma sociedade ou grupo que envolve
costumes, tradições, leis, conhecimento, crenças, valores e linguagem. Está em
constante mudança, geralmente em virtude do contato com outras culturas.
Gruposétnicossãopessoasunidaspordeterminadacultura,ancestralidade
ou religião. Visam buscar um senso de identidade, atitudes, crenças e valores
comuns. Pode-se acrescentar que há diversidade entre os grupos étnicos. Por
exemplo, a ‘maioria branca’ é descendente de europeus (alemães, franceses,
belgas, italianos, entre outros).
31
		 Nesse tópico você viu que:
• Há inúmeros fatores que influenciam no crescimento e no desenvolvimento
humano, entre eles:
–	 a hereditariedade;
–	 o ambiente;
–	 o uso de drogas (com ou sem prescrição);
–	 os aspectos nutricionais;
–	 as diferenças individuais;
–	 as influências contextuais;
–	 as influências normativas e não normativas;
–	 as doenças da mãe;
–	 condições socioeconômicas;
–	 cultura e etnia.
• A distinção entre os conceitos de crescimento, desenvolvimento e maturação.
RESUMO DO TÓPICO 2
32
1 Quanto aos domínios relacionados ao desenvolvimento humano, sabe-se
que eles atuam conjuntamente e interagem entre si. Correlacione as colunas:
Coluna 1 Coluna 2
(a) Psicossocial ( ) Engloba alterações no crescimento do corpo e do
cérebro, as capacidades sensoriais, as habilidades
motoras e a saúde.
(b) Físico ( ) Envolve mudanças e estabilidade em capacidades
mentais como aprendizagem, atenção, memória,
linguagem, pensamento, raciocínio e criatividade.
(c) Cognitivo ( ) Relaciona-se com mudanças e estabilidade nas
emoções, na personalidade e nos relacionamentos
sociais.
AUTOATIVIDADE
33
TÓPICO 3
AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO: CURVAS DE CRESCIMENTO
E VELOCIDADE
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Já aprendemos a diferenciar o que é crescimento, agora é hora de
aprofundarmos nossos conhecimentos. Há diferentes tipos de crescimento,
sendo: crescimento geral (altura e peso), crescimento neural (sistema nervoso
central), crescimento linfoide (imunidade) e crescimento genital.
Para os profissionais da Educação Física, é importante que os professores
saibam fazer avaliações antropométricas com o intuito de identificar em qual fase
do crescimento o aluno se enquadra. Assim, será possível acompanhar o processo
de crescimento do educando. Para tal, faz-se necessário considerar os períodos do
ciclo da vida (idade) e também entender que há fatores que interferem no processo
de crescimento e, por isso, cada criança apresentará diferenças nas avaliações.
No decorrer desse tópico, o foco das avaliações será direcionado para as
idades de zero a 20 anos.
2 CRESCIMENTO HUMANO
2.1 CRESCIMENTO FETAL
Após a concepção da vida, ocorre a fecundação do óvulo pelos
espermatozoides. A partir de então, ocorrem sucessões de divisões celulares.
Da segunda semana até o segundo mês de gestação, denomina-se de “período
embriônico”. Nesse período ocorre a diferenciação celular, sendo que ao fim do
primeiro mês o embrião apresenta três camadas distintas, sendo: endoderme
(camada interna), mesoderme (camada mediada) e ectoderme (camada externa).
Por meio dessas três camadas, os sistemas digestivo, respiratório, glandular,
muscular, esquelético, circulatório, reprodutivo, nervoso central e periférico
serão desenvolvidos (GALLAHUE; OZMUN, 2005). Na figura adiante temos
uma representação acerca dos tamanhos dos embriões.
UNIDADE 1 | CRESCIMENTO HUMANO: O DESENVOLVIMENTO E SUAS TEORIAS
34
FIGURA 5 – O TAMANHO DOS EMBRIÕES
FONTE: Gallahue e Ozmun (2005)
No início do “período fetal”, do terceiro ao sexto mês de gestação,
nenhuma característica anatômica nova surge, há elevado crescimento do
feto. No início do terceiro mês o comprimento do feto é de oito centímetros e
a diferenciação sexual continua, as saliências para o dentes e rins começam a
funcionar, as cordas vocais aparecem e, ao fim do terceiro mês, a mãe passa a
perceber movimentos (reflexos) do feto.
No quarto mês o ritmo é mais acelerado, o comprimento do feto dobra
para 15 a 20cm, aproximadamente, e o peso médio é de 171 gramas. Durante
o quarto mês outras mudanças ocorrem, como a formação completa das mãos,
o esqueleto que era cartilaginoso começa a se tornar tecido ósseo, os membros
inferiores, que eram proporcionalmente menores, começam a se alinhar com o
resto do corpo.
No começo do quinto mês de gestação o feto atinge metade do seu
comprimento ao nascer (20 a 26 centímetros), mas apresenta 10% do seu peso
final (227 gramas). A pele, o cabelo e as unhas aparecem e os órgãos internos
continuam crescendo.
Perceba, na figura a seguir, a curva de crescimento (comprimento x peso)
relacionada à idade fetal em semanas.
TÓPICO 3 | AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO: CURVAS DE CRESCIMENTO E VELOCIDADE
35
FIGURA 6 – CURVA DE CRESCIMENTO (ESTATURA X PESO) RELACIONADA À IDADE
FETAL EM SEMANAS
FONTE: Gallahue e Ozmun (2005)
Observação: As medidas de estatura são apresentadas em polegadas e em
centímetros; as medidas de peso são apresentadas em libras e quilogramas.
A tabela a seguir traz as informações sobre a estatura e o peso de embriões
e fetos durante a gestação.
TABELA 16 – MEDIDAS DE CRESCIMENTO NO DESENVOLVIMENTO PRÉ-NATAL
(PERÍODO EMBRIONÁRIO E FETAL)
Idade
Comprimento
(centímetros ou milímetros)
Peso
(gramas)
Concepção 1 célula Inferior a 1g
1 semana 0,25mm Inferior a 1g
2 semanas 1,3mm 1,5g
1 mês 6,4mm 29g
2 meses 4cm 57g
3 meses 7,6cm 86g
4 meses 15 a 20cm 171g
UNIDADE 1 | CRESCIMENTO HUMANO: O DESENVOLVIMENTO E SUAS TEORIAS
36
5 meses 20 a 25cm 228g
6 meses 33 a 38cm 0,45 a 0,9kg
7 meses 36 a 41cm 0,9 a 1,8kg
8 meses 41 a 46cm 1,8 a 2,7kg
9 meses 48 a 53cm 2,7 a 3,6kg
Legenda: mm – milímetros; cm – centímetros; g – gramas; kg - kilogramas.
FONTE: Adaptado de Gallahue e Ozmun (2005)
É demarcado a partir dos períodos subsequentes ao nascimento do bebê.
É válido acrescentar que o processo de crescimento nos primeiros dois anos após
o nascimento é acelerado. O aumento nas proporções do corpo é desigual e é
influenciado pelo desenvolvimento próximo-distal e céfalo-caudal.
IMPORTANTE
Ocrescimentofísicodobebêapresentainfluênciassobreoseudesenvolvimento
motor.
Exemplos:
1) O tamanho da cabeça do bebê influencia no seu equilíbrio.
2) O tamanho das mãos do bebê influencia nas formas de explorar os objetos.
3) O desenvolvimento da força do bebê influencia no aparecimento da locomoção.
2.1.1 Crescimento neonatal
Ocorre após o nascimento do bebê e se estende até a segunda ou quarta
semana de vida. O bebê nascido no período correto de gestação (nascido a
termo) apresenta de 48 a 53 centímetros e sua cabeça representa ¼ do seu corpo
(GALLAHUE; OZMUN, 2005).
Destaca-se que bebês do sexo masculino tendem a ser mais pesados.
2.1.2 Crescimento na infância
O início da infância ocorre a partir de quatro meses de vida até um ano
de idade e a infância posterior ocorre de um até dois anos de idade. Esse período
é caracterizado pelo rápido aumento no comprimento e no peso da criança
(GALLAHUE; OZMUN, 2005).
TÓPICO 3 | AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO: CURVAS DE CRESCIMENTO E VELOCIDADE
37
É fato que o crescimento é ainda mais rápido no decorrer do primeiro ano
de vida.
As figuras a seguir apresentam as curvas de crescimento relacionadas às
variáveis comprimento e peso de meninos e meninas americanos.
Aos três anos de idade, o cérebro alcançou 75% de seu tamanho adulto e,
aos seis anos de idade, aproxima-se de 90%.
FIGURA 7 – COMPRIMENTO DE MENINAS AMERICANAS DO NASCIMENTO ATÉ OS
TRÊS ANOS DE IDADE
Idade (meses).
FONTE: Gallahue e Ozmun (2005)
UNIDADE 1 | CRESCIMENTO HUMANO: O DESENVOLVIMENTO E SUAS TEORIAS
38
FIGURA 8 – COMPRIMENTO DE MENINOS AMERICANOS DO NASCIMENTO ATÉ OS TRÊS
ANOS DE IDADE
FONTE: Gallahue e Ozmun (2005)
ATENCAO
Para medir o comprimento de crianças com idade abaixo de dois anos, deve-se
deitar a criança em decúbito dorsal e, com o auxílio de uma régua, obtém-se a medida com
a perna da criança em extensão. Acima dos dois anos de idade, a criança é posicionada em
pé e deverá ser encostada em uma parede, os pés unidos e com os calcanhares tocando a
parede, os joelhos estendidos, braços ao longo do corpo e os olhos fitando o horizonte.
TÓPICO 3 | AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO: CURVAS DE CRESCIMENTO E VELOCIDADE
39
FIGURA 9 – PESO DE MENINAS AMERICANAS DO NASCIMENTO ATÉ OS TRÊS ANOS DE
IDADE
FONTE: Gallahue e Ozmun (2005)
40
UNIDADE 1 | CRESCIMENTO HUMANO: O DESENVOLVIMENTO E SUAS TEORIAS
FIGURA 10 – PESO DE MENINOS AMERICANOS DO NASCIMENTO ATÉ OS TRÊS ANOS
DE IDADE
FONTE: Gallahue e Ozmun (2005)
UNI
Há diferenças conceituais entre os termos comprimento do corpo e altura. O
comprimento é medido a partir da posição deitada. A altura é medida a partir da posição em pé.
TÓPICO 3 | AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO: CURVAS DE CRESCIMENTO E VELOCIDADE
41
2.1.3 Crescimento na adolescência e vida adulta
Após o período da infância, a taxa de crescimento desacelera. Os aumentos
anuais médios de altura e peso são equivalentes a 5,1 centímetros e 2,3 kilogramas.
As figuras a seguir apresentam as curvas de crescimento relacionadas às
variáveis comprimento e peso de homens e mulheres americanos.
FIGURA 11 – ESTATURA DE HOMENS AMERICANOS DE DOIS A 20 ANOS DE IDADE
FONTE: Gallahue e Ozmun (2005)
42
UNIDADE 1 | CRESCIMENTO HUMANO: O DESENVOLVIMENTO E SUAS TEORIAS
FIGURA 12 – PESO DE HOMENS AMERICANOS DE DOIS A 20 ANOS DE IDADE
FONTE: Gallahue e Ozmun (2005)
TÓPICO 3 | AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO: CURVAS DE CRESCIMENTO E VELOCIDADE
43
FIGURA 13 – ESTATURA DE MULHERES AMERICANAS DE DOIS A 20 ANOS DE IDADE
FONTE: Gallahue e Ozmun (2005)
44
UNIDADE 1 | CRESCIMENTO HUMANO: O DESENVOLVIMENTO E SUAS TEORIAS
FIGURA 14 – PESO DE MULHERES AMERICANAS DE DOIS A 20 ANOS DE IDADE
FONTE: Gallahue e Ozmun (2005)
TÓPICO 3 | AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO: CURVAS DE CRESCIMENTO E VELOCIDADE
45
ATENCAO
As medidas de peso e de altura se modificam ao longo do dia. Sendo assim,
recomenda-se aferir essas medidas sempre no mesmo período do dia.
No período da manhã, nas primeiras horas do dia, os indivíduos são mais altos do que no
período da noite em virtude do posicionamento normal das vértebras. Ao longo do dia as
vértebras se comprimem e por isso as medidas de estatura podem ser levemente reduzidas.
FIGURA 15 – ALTERAÇÕES NA FORMA E NA PROPORÇÃO CORPORAL ANTES E APÓS O
NASCIMENTO
FONTE: Gallahue e Ozmun (2005)
3 MEDIDAS RECOMENDADAS
As medidas antropométricas são um valioso recurso na avaliação do
crescimento de crianças em idade escolar. As variáveis mais utilizadas são: peso e
estatura. Apesar disso, há outras que também podem ser aferidas.
O peso se altera por toda a vida e as medidas de altura se alteram
principalmente de zero a 18 anos de idade. Na vida adulta, a partir dos processos
de envelhecimento, a altura pode diminuir.
Os professores de Educação Física podem utilizar os recursos gerados a
partir das medidas antropométricas para avaliar e acompanhar os processos de
crescimento e desenvolvimento físico de seus alunos.
46
UNIDADE 1 | CRESCIMENTO HUMANO: O DESENVOLVIMENTO E SUAS TEORIAS
TABELA 17 – MEDIDAS QUE PODEM SER UTILIZADAS POR PROFESSORES DE EDUCAÇÃO
FÍSICA
Estatura Peso
Massa Peso corporal
Comprimentos
Membros inferiores
Coxa
Perna
Membros superiores
Braço
Antebraço
Perímetros
Coxa
Perna
Braço
Antebraço
Dobras cutâneas
Tricipital
Subescapular
FONTE: Gallahue e Ozmun (2005)
A partir das medidas de peso e estatura, os professores também podem
fazer o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC).
Peso (Kilogramas)
(Estatura (metros))²
IMC =
47
RESUMO DO TÓPICO 3
Nesse tópico você viu que:
• Há diferentes tipos de crescimento, sendo: crescimento geral (altura e peso),
crescimento neural (sistema nervoso central), crescimento linfoide (imunidade)
e crescimento genital.
• Após a concepção da vida, ocorre a fecundação do óvulo pelos espermatozoides.
A partir de então, ocorrem sucessões de divisões celulares.
• No período embriônico ocorre a diferenciação celular, sendo que ao fim do
primeiro mês o embrião apresenta três camadas distintas, sendo: endoderme
(camada interna), mesoderme (camada mediada) e ectoderme (camada externa).
• As fases do crescimento humano são:
–	 Crescimento fetal
–	 Crescimento infantil
–	 Crescimento neonatal
–	 Crescimento na infância
–	 Crescimento na adolescência e vida adulta
•	Asmedidasantropométricassãoumvaliosorecursonaavaliaçãodocrescimento
de crianças em idade escolar. As variáveis mais utilizadas são: peso e estatura.
•	O peso se altera por toda a vida e as medidas de altura se alteram principalmente
de zero a 18 anos de idade.
48
1	 O desenvolvimento humano tem sido objeto de grande interesse para
estudiosos e educadores há muitos anos. Trata-se do conhecimento acerca
dos processos de desenvolvimento.
Classifique as frases seguintes em verdadeiras ou falsas.
(	 )	O processo de desenvolvimento humano ocorre ao longo de todos os
períodos do ciclo de vida dos seres humanos.
(	 )	O processo de desenvolvimento humano ocorre de forma indissociável
nos domínios físico, cognitivo e social.
(	 )	O processo de desenvolvimento do ser humano tem início após o
desenvolvimento do bebê e estende-se por todos os períodos do ciclo
de vida.
AUTOATIVIDADE
49
UNIDADE 2
DESENVOLVIMENTO MOTOR
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo dessa unidade você será capaz de:
•	caracterizar o processo de desenvolvimento motor;
•	conceituar o que é desenvolvimento motor;
•	compreender as fases e os estágios do desenvolvimento motor;
•	relacionar a influência dos fatores do ambiente, da tarefa e do indivíduo no
desempenho motor;
•	reconhecer reflexos presentes em crianças (sequência, aparecimento e
inibição);
•	descrever e diferenciar reflexos primitivos e posturais;
•	relacionar o desaparecimento de reflexos ao desenvolvimento de
habilidades motoras voluntárias;
•	listar e descrever a sequência de desenvolvimento da aquisição de
habilidades rudimentares (estabilizadoras, locomotoras e manipuladoras);
•	categorizar o movimento da criança em estágios de desenvolvimento
(inicial, elementar e maduro);
•	compreender as diferenças entre os padrões de movimento nos estágios
inicial, elementar e maduro.
Essa unidade está dividida em três tópicos e no final de cada um deles você
encontrará atividades que reforçarão o seu aprendizado.
TÓPICO 1 – FASES E ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO MOTOR
TÓPICO 2 – HABILIDADES MOTORAS
TÓPICO 3 – PROTOCOLOS DE AVALIAÇÃO
50
51
TÓPICO 1
FASES E ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO MOTOR
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
O desenvolvimento motor é a alteração progressiva na capacidade motora
de um indivíduo ao longo da vida, principalmente durante os primeiros anos
(LIMA et al., 2001; GALLAHUE; OZMUN, 2005, FERREIRA et al., 2006). E ocorre a
partir da interação entre: a biologia do indivíduo (hereditariedade) e as condições
do ambiente em que vive (experiência, aprendizado e encorajamento) e com as
necessidades da tarefa que realiza (GALLAHUE; OZMUN, 2005, GALLAHUE,
2000). O processo do desenvolvimento motor se inicia na concepção e só termina
após a morte.
FIGURA 16 – MODELO TRANSACIONAL DO DESENVOLVIMENTO MOTOR
FONTE: Gallahue; Ozmun (2005)
Paramelhorcompreenderarelaçãoentreessestrêselementos,éimportante
especificar que as características hereditárias combinadas com as condições
ambientais específicas e as exigências da tarefa determinam a quantidade e a
extensão de destrezas motoras (GALLAHUE, 2000).
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO MOTOR
52
IMPORTANTE
Destaca-se que o elemento “ambiente” pode influenciar positivamente ou
negativamente no desenvolvimento motor. Há ambientes adequados que estimulam
a criança a se movimentar, respeitando suas possibilidades motoras. E há ambientes que
limitam as possibilidades de movimento e, assim, a criança não experimentará determinadas
situações e, por essa razão, poderá apresentar atrasos no desenvolvimento motor.
Há protocolos e escalas específicas para avaliar o desenvolvimento motor
infantil (Unidade 2 – Tópico 3). Em bebês, quando é diagnosticado atraso no desenvolvimento
motor, é indicado que a criança receba estimulação precoce. Em crianças maiores, os próprios
professores de Educação Física podem desenvolver um programa que estimule a criança a
exercitar os elementos onde ela possui atrasos (por exemplo: equilíbrio, coordenação motora,
esquema corporal, lateralidade, entre outros de não menor importância).
ESTUDOS FUTUROS
Durante o processo de desenvolvimento passamos a realizar ações
motoras cada vez mais complexas e com melhor execução. Para Haywood e
Getchel (2004), o desenvolvimento motor é um processo sequencial e contínuo,
relacionado à idade, em que o indivíduo progride de movimentos simples, não
organizados e não habilidosos, e evolui para uma habilidade motora complexa e
altamente organizada e, em seguida, ajusta-se às necessidades que acompanham
o envelhecimento. Apesar de ser um processo ordenado e sequencial, podem
ocorrer variações na velocidade do desenvolvimento de um indivíduo para outro
(FERREIRA et al., 2006). Afinal, depende da relação entre organismo, tarefa e
ambiente que são distintos a cada pessoa.
O desenvolvimento inclui todos os aspectos do comportamento humano
e, por isso, pode artificialmente ser separado em áreas, fases ou faixas etárias.
Vale ressaltar que o desenvolvimento motor se relaciona com a idade, mas não
depende dela (GALLAHUE; OZMUN, 2005).
O início da infância é o período ideal para a criança adquirir e refinar seu
repertório motor por meio das experiências vivenciadas por ela (LIMA et al., 2001,
GOLDBERG; SANT, 2002; GALLAHUE; OZMUN, 2005). Dessa forma, há uma
progressão de movimentos simples para os mais complexos que são organizados
em três categorias: manipulativas, locomotoras ou estabilizadoras.
TÓPICO 1 | FASES E ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO MOTOR
53
TABELA 18 – CATEGORIAS DOS MOVIMENTOS
MOVIMENTOS DESCRIÇÃO
MANIPULATIVOS
Refere-se à manipulação motora rudimentar ou refinada.
LOCOMOTORES
Refere-se a movimentos que envolvem mudança na localização
do corpo relativamente a um ponto fixo na superfície.
ESTABILIZADORES
Refere-se a qualquer movimento que requer algum grau de
equilíbrio.
FONTE: Gallahue; Ozmun (2005)
As habilidades motoras podem ser entendidas como um padrão de
movimentos fundamentais, realizados com precisão, exatidão e controles maiores.
Nessa perspectiva, há inúmeros esquemas para classificar as habilidades motoras,
sendo algumas unidimensionais (consideram apenas um aspecto da habilidade
motora dentro de um amplo aspecto) ou bidimensionais (são mais abrangentes
de classificação de habilidade motora).
Os modelos bidimensionais para classificação das habilidades motoras
são mais completos no reconhecimento da complexidade do movimento
humano. Em 1982, Gallahue propôs um modelo bidimensional para classificar
o movimento. Para tanto, organizou o desenvolvimento motor em quatro fases
motoras: reflexiva, rudimentar, fundamental e especializada (GALLAHUE;
OZMUN, 2005).
Destaca-se que esse modelo enfatiza a função da tarefa motora expressa
nas três categorias de movimento (manipulação, locomoção e estabilização).
●	 fase reflexiva
●	 fase rudimentar
●	 fase fundamental
●	 fase especializada
Ao longo do processo do desenvolvimento motor ocorrem alterações no
comportamento motor dos indivíduos. E o processo do desenvolvimento motor
pode ser considerado sob o aspecto de fases ou sob o aspecto de estágios que
serão estudados nesse tópico.
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO MOTOR
54
2 FASES E ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO MOTOR
Agora iremos entender melhor as fases do desenvolvimento motor, que
é composto por movimentos reflexos, movimentos rudimentares, movimentos
fundamentais e movimentos especializados.
Cada uma dessas fases pode ser dividida em estágios, que estudaremos
a seguir.
ATENCAO
Fiquem atentos porque a sequência das fases do desenvolvimento motor
(movimentos reflexos, movimentos rudimentares, movimentos fundamentais e movimentos
especializados) segue uma ordem.
FIGURA 17 – FASES DO DESENVOLVIMENTO MOTOR
FONTE: Adpatado de Gallahue e Ozmun (2005)
2.1 FASES DOS MOVIMENTOS REFLEXOS
Os movimentos reflexos são involuntários e são de grande importância
para a formação da postura nos primeiros anos da infância. São movimentos que
se relacionam com movimentos iniciados na vida intrauterina e se estendem até
os dois anos de idade.
Osreflexosposturaissãorepresentadosnassuasformasestável,locomotora
e manipulativa a partir de ações involuntárias, como, por exemplo, reflexos
labirínticos e de equilíbrio do corpo (estabilização), reflexo dos primeiros passos
e o de rastejar (locomoção) e os reflexos de pegar com a mão ou pé (manipulação).
A Figura 18 apresenta os estágios relacionados à fase motora reflexa.
TÓPICO 1 | FASES E ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO MOTOR
55
FIGURA 18 – FASE MOTORA REFLEXA
FONTE: A autora
Os reflexos podem ser categorizados em:
a)	Reflexos Primitivos – São classificados como agrupadores de informações com
finalidade de buscar alimentos e reações de proteção. Exemplo: Reflexo da
sucção, reflexo de procurar pelo olfato.
ATENCAO
Sem o reflexo de sucção e de procurar utilizando o olfato o recém-nascido seria
incapaz de procurar alimentos.
b)	Reflexos Posturais – São movimentos involuntários que se assemelham com
comportamentos voluntários que surgirão posteriormente. Exemplo: Reflexo
primário da marcha, reflexo de arrastar-se, reflexo da preensão.
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO MOTOR
56
ATENCAO
O reflexo da marcha relembra o movimento de caminhar e o reflexo de
arrastar-se relembra o movimento de engatinhar. Contudo, destaca-se que os movimentos
reflexos são involuntários, enquanto o caminhar e o engatinhar são movimentos adquiridos
posteriormente, a partir do controle voluntário e coordenado dos segmentos: cabeça, tronco,
membros superiores e inferiores.
2.2 FASES DOS MOVIMENTOS RUDIMENTARES
Osmovimentosrudimentaressãovoluntáriosegeralmentesãodominados
na primeira infância. São movimentos que se relacionam com movimentos
iniciados na vida intrauterina e se estendem até os dois anos de idade.
Envolvem habilidade de estabilidade básica, como o controle dos
músculos da cabeça e do tronco; habilidades manipulativas (alcançar, pegar e
soltar objetos); habilidades locomotoras (rastejar, engatinhar e andar com apoio);
apresentam-se os estágios relacionados à fase motora rudimentar.
UNI
Os movimentos rudimentares são determinados pela maturação e se
caracterizam por sequência de aparecimento previsível, mas o ritmo de aparecimento varia
entre cada criança porque depende do organismo, da tarefa e do ambiente.
TÓPICO 1 | FASES E ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO MOTOR
57
A Figura 19 apresenta os estágios relacionados à fase motora rudimentar.
FIGURA 19 – FASE MOTORA RUDIMENTAR
FONTE: Adaptado de Gallahue e Ozmun (2005)
UNI
Quando as crianças têm um ano de idade, os reflexos representam o repertório
motor do bebê e, aos poucos, os reflexos vão sendo substituídos por movimentos voluntários.
Inicialmente os movimentos voluntários são pouco coordenados. À medida que a criança
cresce e se desenvolve, ela atinge a maturação necessária para refinar seus movimentos.
2.3 FASES DOS MOVIMENTOS FUNDAMENTAIS
Os movimentos fundamentais são habilidades motoras rudimentares
comuns no dia a dia e geralmente dominadas durante a infância. Nessa fase,
dos dois anos aos sete anos de idade, incluem-se habilidades estabilizadoras
fundamentais (correr, saltar, pular) e habilidades manipulativas (manipular
objetos, lançar, pegar, chutar, rebater) e locomotoras (GALLAHUE; OZMUN,
2005). A Figura 20 apresenta os estágios relacionados à fase motora fundamental.
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO MOTOR
58
FIGURA 20 – FASE MOTORA FUNDAMENTAL
FONTE: Adaptado de Gallahue e Ozmun (2005)
2.3.1 Estágio Inicial
O movimento caracteriza-se por elementos que faltam ou que se
apresentam em uma sequência imprópria. Isso quer dizer que a criança utiliza
seu corpo para realizar movimentos de forma limitada ou exagerada. Além disso,
apresentam deficiência na coordenação motora e na habilidade rítmica.
2.3.2 Estágio Elementar
Nesta fase os movimentos são aprimorados de modo a se tornarem mais
sincronizados e coordenados quanto aos elementos temporais e espaciais. Apesar
disso, os movimentos ainda são restritos ou exagerados.
2.3.3 Estágio Maduro
Geralmente, crianças na faixa etária de cinco ou seis anos de idade podem
atingir o estágio maduro. É válido destacar que as habilidades manipulativas se
desenvolvem mais tardiamente.
TÓPICO 1 | FASES E ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO MOTOR
59
2.4 FASES DOS MOVIMENTOS ESPECIALIZADOS
Os movimentos especializados são movimentos fundamentais que foram
refinados ou combinados com outros movimentos em formas mais complexas.
Geralmente são dominados no final da infância (esquiar, andar sobre trave, golfe,
tênis). Essa fase se inicia aos sete anos e se estende até 14 anos de idade. A Figura
21 apresenta os estágios relacionados à fase motora especializada.
FIGURA 21 – FASE MOTORA ESPECIALIZADA
FONTE: A autora
2.4.1 Estágio Transitório
No período entre os sete a 10 anos de idade, as habilidades motoras
realizadas pelos indivíduos se caracterizam por maior precisão e controle. Essas
habilidades motoras geralmente são utilizadas em aulas de Educação Física, em
ambientes recreativos e esportivos. Há combinação de padrões motores de modo
a tornar as habilidades motoras mais complexas.
2.4.2 Estágio de Aplicação
No período entre os 11 e 13 anos de idade, após a fase de combinação
de padrões motores, de modo a tornar as atividades motoras mais complexas,
o indivíduo experimentou diversas situações de práticas motoras distintas. A
experiência que foi acumulada nos estágios anteriores permite ao indivíduo a
capacidade de tomar decisões. Nesse estágio, o indivíduo poderá optar por
participar de determinada modalidade esportiva, por exemplo. Sua escolha
será influenciada pela avaliação de suas facilidades e dificuldades diante das
exigências da tarefa e das condições ambientais.
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO MOTOR
60
UNI
Uma jovem com 13 anos de idade, com boa coordenação e agilidade para o
uso das mãos com a bola, pode optar por jogar vôlei. Ou, no caso de apresentar coordenação
e agilidade para o uso dos pés, pode optar por futebol. Dessa forma, a pessoa pode participar
efetivamente no tipo de atividade escolhido.
2.4.3 Estágio de Utilização Permanente
Esse estágio se inicia aproximadamente aos 14 anos e continua até a
morte do indivíduo, e representa o ponto mais alto de todas as fases e estágios
do desenvolvimento motor. Afinal, o processo de desenvolvimento motor é
progressivo.
A partir das experiências dos movimentos, o indivíduo desenvolve
um repertório amplo de habilidades motoras que respeitam as necessidades e
características do indivíduo e que serão úteis permanentemente na vida diária,
no tempo livre ou em competições esportivas. Desse modo, pode-se alcançar um
desenvolvimento motor equilibrado para toda a vida do indivíduo em todos os
tipos de habilidades que exijam uma ação motora.
IMPORTANTE
Essa classificação das fases e dos estágios do desenvolvimento motor possui
caráter descritivo. E é possível que as habilidades motoras de uma criança apresentem
diferentes estágios. Por exemplo, uma criança com cinco anos de idade cronológica foi
avaliada pelo professor de Educação Física nas habilidades motoras de corrida e salto. Após
a avaliação, o professor percebeu que, na habilidade de corrida, a criança se encontra no
estágio maduro; e, na habilidade de saltar, a criança se encontra no estágio inicial.
IMPORTANTE
É importante que os professores de Educação Física conheçam sobre o
desenvolvimento motor de forma que planejem suas aulas adequadas às fases e estágios em
que seus alunos se encontram. Isto para evitar que as aulas de Educação Física apresentem
exigências motoras abaixo do potencial dos alunos ou que apresentem exigências motoras
elevadas ao potencial dos alunos.
61
RESUMO DO TÓPICO 1
	 Nesse tópico você viu que:
●	 O desenvolvimento motor é a alteração progressiva na capacidade motora de
um indivíduo ao longo da vida, principalmente durante os primeiros anos.
●	 As principais mudanças no desenvolvimento motor ocorrem no início da
infância.
●	 No processo de desenvolvimento ocorre a interação entre: o organismo, a tarefa
e o ambiente.
●	 Apesar de ser um processo ordenado e sequencial, podem ocorrer variações na
velocidade do desenvolvimento de um indivíduo para outro.
●	 Os movimentos são organizados em três categorias: manipulativas
(manipulação motora rudimentar ou refinada), locomotoras (movimentos com
mudança na localização do corpo relativamente a um ponto fino na superfície)
ou estabilizadoras (movimento que requer algum grau de equilíbrio).
●	 O desenvolvimento motor está organizado em fases: reflexiva, fase rudimentar,
fase fundamental e especializada.
●	 A fase motora reflexa (0 – 2 anos) é dividida em dois estágios: reflexos primitivos
ou reflexos posturais.
●	 A fase motora rudimentar (0 – 2 anos) é dividida em dois estágios: de inibição
de reflexos e de pré-controle.
●	 A fase motora fundamental (2 – 7 anos) é dividida em três estágios: inicial,
elementar e maduro.
●	 A fase motora especializada (7 – 14 anos) é dividida em três estágios: transitório,
de aplicação e de utilização permanente.
62
1	No que se refere aos assuntos relacionados ao desenvolvimento motor, leia
atentamente as frases abaixo e assinale (V) para as verdadeira e (F) para as
falsas.
a)	(	 )	O desenvolvimento motor é um conjunto de alterações que ocorrem na
capacidade motora de um indivíduo ao longo da vida, desde o momento
da concepção até a morte.
b)	(	 )	No desenvolvimento motor, as principais alterações na capacidade
motora ocorrem durante os primeiros anos de vida.
c)	 (	 )	O processo de desenvolvimento motor é influenciado pela interação
entre os seguintes elementos: o organismo, a tarefa, o ambiente e a
hereditariedade.
d)	(	 )	A sequência e a variação de velocidade do desenvolvimento motor
infantil são idênticas entre meninos e meninas da mesma faixa etária.
e)	(	 )	Em uma escola pública, todas as crianças da mesma turma apresentam
as mesmas fases e estágios do desenvolvimento motor.
f)	 (	 )	Todos os movimentos são organizados em três categorias, sendo:
manipulativas, locomotoras ou estabilizadoras.
g)	(	 )	As fases do desenvolvimento motor são apenas: fase rudimentar, fase
fundamental e especializada.
h)	(	 )	O desenvolvimento motor é um processo que não acomete adultos e
idosos.
i)	 (	 )	A fase motora rudimentar tem dois estágios: reflexos primitivos ou
reflexos posturais.
j)	 (	 )	A fase motora fundamental (2 – 7 anos) é dividida em três estágios:
inicial, elementar e maduro.
2 (Adaptado de ENADE, 2014) O desenvolvimento motor harmonioso da
criança depende de alguns fatores distintos, dentre os quais se destacam
as condições do ambiente para a prática, que englobam o aprendizado e
o encorajamento. Embora relacionadas à idade, há numerosas variações
entre crianças e entre os padrões de movimento no desempenho de tarefas
motoras fundamentais.
	 Considerando o texto apresentado, avalie as asserções a seguir e a relação
proposta entre elas.
I. A sequência de progressão no desenvolvimento motor ao longo dos estágios
inicial, elementar e maduro é a mesma para a maioria das crianças, embora o
ritmo varie, dependendo de fatores ambientais e hereditários.
PORQUE
II. Crianças na mesma faixa etária podem estar no estágio inicial em algumas
tarefas motoras e, em outras, no estágio elementar ou no estágio maduro.
AUTOATIVIDADE
Crescimento e desenvolvimento humano
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Crescimento e desenvolvimento humano
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Crescimento e desenvolvimento humano

  • 1. 2015 Crescimento e Desenvolvimento Humano Profª. Beatriz Dittrich Schmitt Profª. Rafaela Gomes dos Santos
  • 2. Copyright © UNIASSELVI 2015 Elaboração: Profª. Beatriz Dittrich Schmitt Profª. Rafaela Gomes dos Santos Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 155 S355cSchmitt, Beatriz DittrichCrescimento e desenvolvimento humano/ Beatriz Dittrich Schmitt; Rafaela Gomes dos Santos. Indaial : UNIASSELVI, 2015. 174 p. : il. ISBN 978-85-7830-938-1 1. Psicologia do Desenvolvimento e Diferencial. I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. Impresso por:
  • 3. III Apresentação Prezado(a) acadêmico(a)! Bem-vindo(a) à disciplina de Crescimento e Desenvolvimento Humano. Esse caderno de estudos foi elaborado com o objetivo de contribuir nos seus estudos. Vamos conhecer as características do ser humano desde a concepção até a idade adulta; aprofundando o conhecimento sobre as diferenças nos ciclos da vida e a maturação típica que ocorre em cada faixa etária; assim como proporcionar uma reflexão sobre os fatores que influenciam no crescimento das crianças. Durante a leitura deste caderno de estudos você irá adquirir conhecimentos sobre o desenvolvimento do processo motor da criança, proporcionando um maior entendimento das diferentes fases e estágios do desempenho motor do indivíduo. Neste estudo, você compreenderá que os fatores do ambiente também estão relacionados e influenciam no desempenho motor. Caro acadêmico(a), você vivenciará uma aprendizagem que possibilitará observar como as crianças apresentam mudanças no comportamento motor a partir das práticas propostas nas aulas de Educação Física; e terá condições de reconhecer as habilidades motoras características ao longo do processo de aprendizagem motora da criança. Desejo bons estudos, que aproveite ao máximo os conhecimentos abordados nesta disciplina.
  • 4. IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.   Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE.   Bons estudos! NOTA
  • 5. V
  • 6. VI
  • 7. VII UNIDADE 1 – CRESCIMENTO HUMANO: O DESENVOLVIMENTO E SUAS TEORIAS ............................................................................................................ 1 TÓPICO 1 – DESENVOLVIMENTO HUMANO, DESDE A CONCEPÇÃO ATÉ A IDADE ADULTA .......................................................................................................... 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 PERÍODOS DO CICLO DE VIDA ................................................................................................... 5 2.1 ANTES DO NASCIMENTO .......................................................................................................... 6 2.2 PRIMEIRA INFÂNCIA .................................................................................................................. 7 2.3 SEGUNDA INFÂNCIA .................................................................................................................. 9 2.4 TERCEIRA INFÂNCIA .................................................................................................................. 10 2.5 ADOLESCÊNCIA ........................................................................................................................... 11 2.6 VIDA ADULTA ............................................................................................................................... 11 2.6.1 Vida Adulta Inicial ................................................................................................................. 12 2.6.2 Vida Adulta Intermediária ................................................................................................... 13 2.6.3 Vida Adulta Tardia ................................................................................................................ 13 RESUMO DO TÓPICO 1 ...................................................................................................................... 15 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 16 TÓPICO 2 – FATORES QUE INFLUENCIAM O PROCESSO DE CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ................................................................................................... 17 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 17 2 DEFINIÇÃO DE TERMOS ................................................................................................................ 18 2.1 CRESCIMENTO .............................................................................................................................. 18 2.2 DESENVOLVIMENTO .................................................................................................................. 19 2.3 MATURAÇÃO ................................................................................................................................ 19 3 FATORES QUE INTERFEREM NOS PROCESSOS DE CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ....................................................................................................................... 19 3.1 HEREDITARIEDADE ..................................................................................................................... 20 3.1.1 Desordens cromossômicas ................................................................................................... 21 3.1.2 Desordens genéticas .............................................................................................................. 22 3.2 AMBIENTE ...................................................................................................................................... 23 3.2.1 Fatores pré-natais que afetam o desenvolvimento ........................................................... 23 3.2.2 Fatores pós-natais que afetam o desenvolvimento ........................................................... 23 3.2.2.1 Fatores nutricionais ......................................................................................................... 24 3.2.2.2 Fatores químicos .............................................................................................................. 25 3.3 INFLUÊNCIAS CONTEXTUAIS .................................................................................................. 28 3.3.1 Condições socioeconômicas ................................................................................................. 28 3.3.2 Cultura e Etnia ....................................................................................................................... 30 RESUMO DO TÓPICO 2 ...................................................................................................................... 31 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 32 Sumário
  • 8. VIII TÓPICO 3 – AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO: CURVAS DE CRESCIMENTO E VELOCIDADE .................................................................................................................. 33 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 33 2 CRESCIMENTO HUMANO ............................................................................................................. 33 2.1 CRESCIMENTO FETAL ................................................................................................................. 33 2.1.1 Crescimento neonatal ............................................................................................................ 36 2.1.2 Crescimento na infância ........................................................................................................ 36 2.1.3 Crescimento na adolescência e vida adulta ....................................................................... 41 3 MEDIDAS RECOMENDADAS ........................................................................................................ 45 RESUMO DO TÓPICO 3 ...................................................................................................................... 47 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 48 UNIDADE 2 – DESENVOLVIMENTO MOTOR ............................................................................. 49 TÓPICO 1 – FASES E ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO MOTOR .................................. 51 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 51 2 FASES E ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO MOTOR ....................................................... 54 2.1 FASES DOS MOVIMENTOS REFLEXOS .................................................................................... 54 2.2 FASES DOS MOVIMENTOS RUDIMENTARES ........................................................................ 56 2.3 FASES DOS MOVIMENTOS FUNDAMENTAIS ....................................................................... 57 2.3.1 Estágio Inicial ......................................................................................................................... 58 2.3.2 Estágio Elementar .................................................................................................................. 58 2.3.3 Estágio Maduro ...................................................................................................................... 58 2.4 FASES DOS MOVIMENTOS ESPECIALIZADOS ..................................................................... 59 2.4.1 Estágio Transitório ................................................................................................................. 59 2.4.2 Estágio de Aplicação ............................................................................................................. 59 2.4.3 Estágio de Utilização Permanente ....................................................................................... 60 RESUMO DO TÓPICO 1 ...................................................................................................................... 61 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 62 TÓPICO 2 – HABILIDADES MOTORAS ......................................................................................... 65 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 65 2 HABILIDADES MOTORAS .............................................................................................................. 66 2.1 HABILIDADES MOTORAS REFLEXAS ..................................................................................... 66 2.1.1 Reflexos Primitivos ................................................................................................................ 68 2.1.2 Reflexos Posturais .................................................................................................................. 71 2.2 HABILIDADES MOTORAS RUDIMENTARES ......................................................................... 73 2.2.1 Habilidades Estabilizadoras ................................................................................................. 74 2.2.2 Habilidades Locomotoras ..................................................................................................... 75 2.2.3 Habilidades Manipulativas .................................................................................................. 76 2.3 HABILIDADES MOTORAS FUNDAMENTAIS ........................................................................ 77 2.3.1 Habilidades Estabilizadoras ................................................................................................. 78 2.3.2 Habilidades Locomotoras ..................................................................................................... 78 2.3.3 Habilidades Manipulativas .................................................................................................. 80 2.4 HABILIDADES MOTORAS ESPECIALIZADAS ....................................................................... 82 RESUMO DO TÓPICO 2 ...................................................................................................................... 84 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 85 TÓPICO 3 – PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO .................................................................................. 87 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 87 2 DEFINIÇÃO DE TERMOS ................................................................................................................ 87
  • 9. IX 3 ESCALA DE DESENVOLVIMENTO MOTOR ...........................................................................90 3.1 MOTRICIDADE FINA ................................................................................................................ 90 3.2 MOTRICIDADE GLOBAL ......................................................................................................... 96 3.3 EQUILÍBRIO ................................................................................................................................. 103 3.4 ESQUEMA CORPORAL ............................................................................................................. 109 3.5 ORGANIZAÇÃO ESPACIAL .................................................................................................... 113 3.6 ORGANIZAÇÃO TEMPORAL ................................................................................................. 119 3.7 LATERALIDADE ......................................................................................................................... 124 RESUMO DO TÓPICO 3 ................................................................................................................... 127 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 128 UNIDADE 3 – APRENDIZAGEM MOTORA ................................................................................ 129 TÓPICO 1 – HABILIDADES E CAPACIDADES MOTORAS .................................................... 131 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 131 2 CLASSIFICAÇÃO DAS HABILIDADES MOTORAS .............................................................. 131 2.1 SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO UNIDIMENSIONAL ......................................................... 132 2.2 SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO BIDIMENSIONAL ............................................................. 133 2.3 SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO MULTIDIMENSIONAL .................................................... 135 3 MEDIDAS DO DESEMPENHO MOTOR ................................................................................... 135 3.1 MEDIDAS DO DESEMPENHO MOTOR DE RESULTADO ................................................. 135 3.2 MEDIDAS DO DESEMPENHO MOTOR DE PRODUÇÃO ................................................. 137 4 CAPACIDADE E CAPACIDADE MOTORA .............................................................................. 138 RESUMO DO TÓPICO 1 ................................................................................................................... 141 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 142 TÓPICO 2 – CONTROLE MOTOR .................................................................................................. 145 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 145 2 BASE NEUROMOTORA PARA O CONTROLE MOTOR ...................................................... 145 2.1 O NEURÔNIO ............................................................................................................................... 146 2.2 TIPOS E FUNÇÕES DOS NEURÔNIOS.................................................................................... 146 2.3 O SISTEMA NERVOSO CENTRAL ........................................................................................... 147 3 TEORIAS DO CONTROLE MOTOR ........................................................................................... 148 3.1 SISTEMAS DE CONTROLE ABERTO E FECHADO............................................................... 149 3.2 TEORIA BASEADA NO PROGRAMA MOTOR ..................................................................... 151 3.3 TEORIA DOS SISTEMAS DINÂMICOS .................................................................................. 152 4 TATO, PROPRIOCEPÇÃO E VISÃO ........................................................................................... 153 5 CARACTERÍSTICAS DE DESEMPENHO E DE CONTROLE MOTOR DAS HABILIDADES FUNCIONAIS ..................................................................................................... 154 6 PLANEJAMENTO OU PREPARAÇÃO DA AÇÃO ................................................................... 155 RESUMO DO TÓPICO 2 ................................................................................................................... 156 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 157 TÓPICO 3 – APRENDIZAGEM DE HABILIDADES MOTORAS ............................................ 159 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 159 2 O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DAS HABILIDADES MOTORAS ........................... 159 2.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DA APRENDIZAGEM MOTORA ...................................... 159 2.2 MODELO DE TRÊS ESTÁGIOS DE FITTS E POSNER .......................................................... 160 2.3 MODELO DE DOIS ESTÁGIOS DE GENTILE ....................................................................... 162 2.4 MODELO DE NÍVEL E ESTÁGIOS DE GALLAHUE ............................................................ 164
  • 10. X 3 TRANSFERÊNCIA DA APRENDIZAGEM ................................................................................ 166 4 DEMONSTRAÇÃO, INSTRUÇÃO E FEEDBACK AUMENTADO PARA O ENSINO DE HABILIDADES MOTORAS .................................................................................. 166 4.1 DEMONSTRAÇÕES E INSTRUÇÕES VERBAIS .................................................................... 166 RESUMO DO TÓPICO 3 ................................................................................................................... 168 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 169 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................... 171
  • 11. 1 UNIDADE 1 CRESCIMENTO HUMANO: O DESENVOLVIMENTO E SUAS TEORIAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir desta unidade, você será capaz de: • compreender quais são os domínios relacionados com o processo de desenvolvimento; • diferenciar os períodos do ciclo da vida e os principais desenvolvimentos típicos que ocorrem em cada faixa etária; • distinguir os conceitos relacionados a crescimento, desenvolvimento e maturação; • entender quais são os fatores que influenciam nos processos de desenvolvimento; • avaliar o crescimento de crianças. Essa unidade está dividida em três tópicos e no final de cada um deles você encontrará atividades que reforçarão o seu aprendizado. TÓPICO 1 – DESENVOLVIMENTO HUMANO, DESDE A CONCEPÇÃO ATÉ A IDADE ADULTA TÓPICO 2 – FATORES QUE INFLUENCIAM O PROCESSO DE CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO TÓPICO 3 – AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO: CURVAS DE CRESCIMENTO E VELOCIDADE
  • 12. 2
  • 13. 3 TÓPICO 1UNIDADE 1 DESENVOLVIMENTO HUMANO, DESDE A CONCEPÇÃO ATÉ A IDADE ADULTA 1 INTRODUÇÃO Desde o momento da concepção o ser humano está em processo de desenvolvimento. O campo de desenvolvimento humano é o estudo científico desses processos, sendo assim, deseja compreender como as pessoas mudam e também quais são as características que permanecem estáveis ao longo de toda a vida (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2009). O campo de investigação de desenvolvimento humano é novo. Teve início com o caso do menino Victor. E, posteriormente, os esforços para entender o desenvolvimento infantil foram sendo ampliados, até incluir todo o ciclo da vida. Pesquise sobre esse tema para melhor se aprofundar no assunto. DICAS As primeiras pesquisas sobre desenvolvimento humano foram registradas por meio de diários que continham o registro do desenvolvimento inicial de bebês. De acordo com Papalia, Olds e Feldman (2009), em 1787, na Alemanha, Dietrich Tiedman fez observações sobre o comportamento sensorial, motor, linguístico e cognitivo de seu filho durante os sete primeiros anos e meio. É importante destacar que Charles Darwin, a partir da Teoria da Evolução, enfatizou a natureza desenvolvimental do comportamento infantil como processo ordenado de mudança. Há diferentes domínios de desenvolvimento, sendo: físico, cognitivo e psicossocial (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2009). Os domínios de desenvolvimento são melhores explicados na tabela a seguir.
  • 14. UNIDADE 1 | CRESCIMENTO HUMANO: O DESENVOLVIMENTO E SUAS TEORIAS 4 TABELA 1 – DOMÍNIOS DE DESENVOLVIMENTO Domínio Engloba: Físico Crescimento do corpo e do cérebro, as capacidades sensoriais, as habilidades motoras e a saúde. Cognitivo Mudanças e estabilidade em capacidades mentais como aprendizagem, atenção, memória, linguagem, pensamento, raciocínio e criatividade. Psicossocial Mudanças e estabilidade nas emoções, na personalidade e nos relacionamentos sociais. FONTE: Adaptado de Papalia; Olds; Feldman (2009) Apesar desses domínios serem separados didaticamente para os estudos, ressalta-se que um indivíduo é formado pelo conjunto de cada um desses domínios. Afinal, o desenvolvimento é um processo unificado (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2009). É importante destacar que os domínios físico, cognitivo E psicossocial podem influenciar uns aos outros. Exemplos: 1: Influência do domínio físico sobre o domínio cognitivo. Umacriançacomdeficiênciaauditivapoderádesenvolvermaislentamente a linguagem. 2: Influência do domínio cognitivo sobre os outros domínios. Uma criança com desenvolvimento precoce da linguagem provavelmente apresentará reações positivas nos demais domínios. 3: Influência do domínio psicossocial sobre o domínio físico. Uma criança com autismo – caracterizado pela dificuldade na interação social com as pessoas e com o ambiente – poderá apresentar déficits nas habilidades motoras. Na tabela anterior apareceram as palavras “mudança” e “estabilidade”. Essas são palavras-chave no que se refere aos processos de desenvolvimento. As mudanças podem ser de dois tipos, sendo qualitativas ou quantitativas. A mudança quantitativa é percebida em forma de números ou de quantidades, exemplo: crescimento ou perda da altura e do peso, aquisições no vocábulo. A mudança qualitativa altera o tipo, a estrutura ou a organização da criança, sendo marcada pela emergência de novos fenômenos que não podem ser facilmente antecipados com base no funcionamento anterior, exemplo: mudança da criança não verbal para a criança que entende palavras e consegue comunicar-se verbalmente ou a mudança de carreira. Em contrapartida, apesar dos processos de mudança, os indivíduos também transitam por momentos de estabilidade (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2009). Esses processos de mudança e de estabilidade ocorrem em todos os aspectos do desenvolvimento e ao longo de todos os períodos do ciclo da vida.
  • 15. TÓPICO 1 | DESENVOLVIMENTO HUMANO, DESDE A CONCEPÇÃO ATÉ A IDADE ADULTA 5 Os períodos do ciclo da vida serão apresentados na figura a seguir. FIGURA 1 – PERÍODOS DO CICLO DE VIDA FONTE: Adaptado de Papalia; Olds; Feldman (2009) 2 PERÍODOS DO CICLO DE VIDA A abordagem do ciclo de vida é um modelo de estudo para o desenvolvimento no tempo de vida. Os períodos são apresentados na tabela a seguir. E, seguidamente, cada um deles será melhor explicado. TABELA 2 – PERÍODOS DO CICLO DE VIDA E SUAS IDADES Período Idade (anos) Antes do Nascimento Da concepção até o nascimento Primeira Infância Do nascimento até 3 anos Segunda Infância De 3 a 6 anos Terceira Infância De 6 a 11 anos Adolescência De 11 a 20 anos Vida adulta inicial De 20 a 40 anos Vida adulta intermediária De 40 a 65 anos Vida adulta tardia De 65 anos em diante FONTE: Adaptado de Papalia; Olds; Feldman (2009)
  • 16. UNIDADE 1 | CRESCIMENTO HUMANO: O DESENVOLVIMENTO E SUAS TEORIAS 6 Faz-se necessário esclarecer que as idades indicadas na tabela são aproximadas, principalmente na vida adulta, pois existem diferenças individuais que não são comuns a todos. Sendo assim, entende-se que o desenvolvimento humano é um processo dinâmico que ocorre de forma sequencial por etapas sucessivas. É o conjunto da interação entre o ser humano, suas características genéticas, e as características pessoais e o ambiente em que vive. 2.1 ANTES DO NASCIMENTO O período antes do nascimento, também denominado de período pré- natal, ocorre desde o momento da concepção da vida até o nascimento do bebê. Na tabela a seguir são apresentados os principais desenvolvimentos típicos no período antes do nascimento. TABELA 3 – PRINCIPAIS DESENVOLVIMENTOS TÍPICOS NO PERÍODO ANTES DO NASCIMENTO Domínio Principais Desenvolvimentos Físico Ocorre a concepção por fertilização normal ou por outros meios. Desde o começo, a dotação genética interage com as influências ambientais. Formam-se as estruturas e os órgãos corporais básicos: inicia-se o surto de crescimento do cérebro. O crescimento físico é o mais acelerado do ciclo de vida. É grande a vulnerabilidade às influências ambientais. Cognitivo Desenvolvem-se as capacidades de aprender e lembrar, bem como as de responder aos estímulos sensoriais. Psicossocial O feto responde à voz da mãe e desenvolve uma preferência por ela. FONTE: Adaptado de Papalia; Olds; Feldman (2009) No momento da fecundação ocorre a combinação entre o espermatozoide e o óvulo, de modo que iniciarão a uma célula denominada “zigoto” que, em sequência, se dividirá em outras células a fim de reproduzir novas células e formar o feto. É nesse momento que a carga genética determina o sexo da criança e as demais características do fenótipo do bebê. Papalia, Olds e Feldman (2009) relatam que ao longo do desenvolvimento do feto é possível que algumas alterações genéticas ocorram, como: • fibrose cística: secreção excessiva no muco que se acumula nos pulmões e no trato digestivo, as crianças não apresentam desenvolvimento normal e geralmente não vivem até os 30 anos; • distrofia muscular de Duchenne: doença fatal que acomete mais homens, caracteriza-se pela fraqueza muscular e geralmente está acompanhada de deficiência intelectual leve, insuficiência respiratória e a morte costuma ocorrer no início da vida adulta;
  • 17. TÓPICO 1 | DESENVOLVIMENTO HUMANO, DESDE A CONCEPÇÃO ATÉ A IDADE ADULTA 7 • hemofilia: sangramento excessivo que geralmente acomete mais os homens; • espinha bífita: o canal espinhal não está totalmente fechado e resulta em fraqueza muscular ou paralisia e perda do controle de esfíncter e geralmente está acompanhada de hidrocefalia (acúmulo do líquido espinhal no cérebro que pode ocasionar deficiência intelectual); • doença policística renal: em crianças causa a dilatação dos rins e resulta em problemas respiratórios e insuficiência cardíaca e, em adultos, causa dores renais, pedras nos rins e hipertensão que resultam em insuficiência renal crônica; • anemia falciforme: os glóbulos vermelhos são deformados e frágeis que podem ser obstruídos e, com isso, privam o organismo de oxigênio e causam dores, infecções, ulcerações nas pernas, cálculos biliares, interrompem o crescimento e suscetibilidade à pneumonia e derrame cerebral. Além dessas, há muitas outras alterações genéticas. ATENCAO Há indícios de que existem distúrbios genéticos mais prevalentes em diversos grupos étnicos. Por exemplo, tendência à intolerância à lactose na vida adulta acomete aproximadamente sete a cada 10 afro-americanos e quase todos os asiáticos, e brancos tendem a desenvolver fibrose cística (um a cada 25). 2.2 PRIMEIRA INFÂNCIA O período da primeira infância ocorre desde o nascimento do bebê até os três anos de idade. Nesse período, as mudanças no processo de desenvolvimento são mais acentuadas. Na tabela a seguir são apresentados os principais desenvolvimentos típicos no período da primeira infância.
  • 18. UNIDADE 1 | CRESCIMENTO HUMANO: O DESENVOLVIMENTO E SUAS TEORIAS 8 TABELA 4 – PRINCIPAIS DESENVOLVIMENTOS TÍPICOS NO PERÍODO DA PRIMEIRA INFÂNCIA Domínio Principais Desenvolvimentos Físico No nascimento, todos os sentidos e sistemas corporais funcionam em graus variados. O cérebro aumenta em complexidade e é altamente sensível à influência ambiental. O crescimento físico e o desenvolvimento das habilidades motoras são rápidos. Cognitivo As capacidades de aprender e lembrar estão presentes, mesmo nas primeiras semanas. O uso de símbolos e a capacidade de resolver problemas se desenvolvem por volta do final do segundo ano de vida. A compreensão e o uso da linguagem se desenvolvem rapidamente. Psicossocial A autoconsciência torna-se mais complexa, afetando a autoestima. A corregulação reflete um deslocamento gradual no controle dos pais para a criança. Os colegas assumem importância fundamental. FONTE: Adaptado de Papalia; Olds; Feldman (2009) Oprocessodonascimentohistoricamentesofreumudançasemdecorrência de aspectos sociais e culturais que foram se modificando ao longo dos anos. Há possibilidade de o bebê nascer de parto normal, de parto medicado ou parto por anestesia. A dimensão da cabeça do recém-nascido é grande, equivalente a ¼ do comprimento do seu corpo. Também possui o queixo recuado, o que facilita a amamentação. A cabeça de um bebê recém-nascido pode ser alongada e malformada, pois os ossos do crânio do bebê ainda não se fundiram, a fim de facilitar a passagem pela pélvis materna. Até os 18 meses os ossos do crânio não estarão completamente unidos. E as regiões na cabeça onde os ossos ainda não se uniram (fontanelas) são cobertas por uma membrana rígida. A aparência dos recém- nascidos muitas vezes é rosada e sua pele é fina, não esconde os capilares por onde o sangue circula (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2009). Os primeiros minutos de vida do bebê são muito importantes para seu desenvolvimento. Iniciam-se as avaliações clínicas com o intuito de identificar se o bebê apresenta algum problema que exija cuidados especiais. Após o nascimento, geralmente as crianças vão avaliadas pela Escala de Apgar um minuto após o parto e depois novamente cinco minutos após o parto, conforme a tabela a seguir.
  • 19. TÓPICO 1 | DESENVOLVIMENTO HUMANO, DESDE A CONCEPÇÃO ATÉ A IDADE ADULTA 9 TABELA 5 – ESCALA DE APGAR Sinal 0 1 2 Aparência (cor) Azulada, pálida Corpo rosado, extremidades azuladas Totalmente rosada Pulsação (frequência cardíaca) Ausente Lenta (abaixo de 100) Rápida (acima de 100) Expressão facial (reflexos) Nenhuma resposta Caretas Tosse, espirro, choro Atividade (tônus muscular) Inerente Fraca, inativa Forte, ativa Respiração Ausente Irregular, lenta Boa, choro FONTE: Adaptado de Papalia; Olds; Feldman (2009) A partir da Escala Apgar, o recém-nascido é classificado em 0, 1 ou 2 em um conjunto de cinco subtestes (aparência, pulsação, expressão facial, atividade e respiração) e recebe uma pontuação total de 10. Quando a criança adquire uma pontuação entre 7 e 10 aos cinco minutos após o nascimento, a condição de vida do bebê varia de boa a excelente. Caso a pontuação seja inferior a 7 significa que o bebê necessita de auxílio para respirar e, se for abaixo de 4, o bebê requer salvação imediata (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2009). Durante o parto podem ocorrer complicações. Nesse sentido, pode ocorrer trauma no nascimento, pós-maturação e baixo peso natal. No trauma no nascimento incluem-se a falta de oxigênio (anóxia), doenças ou infecções ou dano físico. Às vezes o trauma gera danos permanentes no cérebro e, a depender do local da lesão, pode afetar aspectos cognitivos, motores ou causar a morte. Na pós-maturação, entende-se que o bebê nasce após a 42ª semana de gestação e, assim, o bebê tende a ser comprido e magro, pois continua a crescer no interior do útero, no entanto faltará suprimento de sangue no final da gestação. 2.3 SEGUNDA INFÂNCIA O período da segunda infância ocorre desde os três anos até os seis anos de idade. Na tabela a seguir são apresentados os principais desenvolvimentos típicos no período da segunda infância.
  • 20. UNIDADE 1 | CRESCIMENTO HUMANO: O DESENVOLVIMENTO E SUAS TEORIAS 10 Domínio Principais Desenvolvimentos Físico O crescimento é constante; a aparência torna-se mais esguia e as proporções mais parecidas com as de um adulto. O apetite diminui e são comuns os problemas com o sono. Surge a preferência pelo uso de uma das mãos; aprimoram-se as habilidades motoras finas e gerais e aumenta a força física. Cognitivo O pensamento é um tanto egocêntrico, mas aumenta a compreensão do ponto de vista dos outros. A imaturidade cognitiva resulta em algumas ideias ilógicas sobre o mundo. Aprimoram-se a memória e a linguagem. A inteligência torna-se mais previsível. É comum a experiência do maternal; mais ainda a da pré-escola. Psicossocial O autoconceito e a compreensão das emoções tornam-se mais complexos; a autoestima é global. Aumentam a independência, a iniciativa e o autocontrole. Desenvolve-se a identidade de gênero. O brincar torna-se mais imaginativo, mais elaborado e geralmente mais social. Altruísmo, agressão e temor são comuns. A família ainda é o foco da vida social, mas outras crianças tornam-se mais importantes. TABELA 6 – PRINCIPAIS DESENVOLVIMENTOS TÍPICOS NO PERÍODO DA SEGUNDA INFÂNCIA FONTE: Adaptado de Papalia; Olds; Feldman (2009) 2.4 TERCEIRA INFÂNCIA O período da terceira infância ocorre desde os seis anos até os 11 anos de idade. Na tabela a seguir são apresentados os principais desenvolvimentos típicos no período da terceira infância. TABELA 7 – PRINCIPAIS DESENVOLVIMENTOS TÍPICOS NO PERÍODO DA TERCEIRA INFÂNCIA Domínio Principais Desenvolvimentos Físico O crescimento torna-se mais lento. A força física e as habilidades atléticas aumentam. São comuns as doenças respiratórias, mas de modo geral a saúde é melhor do que em qualquer outra fase do ciclo de vida.
  • 21. TÓPICO 1 | DESENVOLVIMENTO HUMANO, DESDE A CONCEPÇÃO ATÉ A IDADE ADULTA 11 FONTE: Adaptado de Papalia; Olds; Feldman (2009) Cognitivo Diminui o egocentrismo. As crianças começam a pensar com lógica, porém concretamente. As habilidades de memória e linguagem aumentam. Ganhos cognitivos permitem à criança beneficiar-se da instrução formal na escola. Algumas crianças demonstram necessidades educacionais e talentos especiais. Psicossocial O autoconceito torna-se mais complexo, afetando a autoestima. A corregulação reflete um deslocamento gradual no controle dos pais para a criança. Os colegas assumem importância fundamental. 2.6 VIDA ADULTA O período da vida adulta é dividido em fases inicial (de 20 a 40 anos de idade), fase intermediária (de 40 a 65 anos) e fase tardia (de 65 anos em diante). 2.5 ADOLESCÊNCIA O período da adolescência ocorre desde os 11 anos até aproximadamente os 20 anos de idade. Na tabela a seguir são apresentados os principais desenvolvimentos típicos no período da adolescência. TABELA 8 – PRINCIPAIS DESENVOLVIMENTOS TÍPICOS NO PERÍODO DA ADOLESCÊNCIA Domínio Principais Desenvolvimentos Físico O crescimento físico e outras mudanças são rápidas e profundas. Ocorre a maturidade reprodutiva. Os principais riscos para a saúde emergem de questões comportamentais, como: transtornos alimentares e abuso de drogas. Cognitivo Desenvolve-se a capacidade de pensar em termos abstratos e de usar o raciocínio científico. O pensamento imaturo persiste em atitudes e comportamentos. A educação se concentra na preparação para a faculdade ou para a profissão. Psicossocial A busca pela identidade, incluindo a identidade sexual, torna-se central. O relacionamento com os pais geralmente amadurece. Os amigos podem exercer influência positiva ou negativa. FONTE: Adaptado de Papalia; Olds; Feldman (2009)
  • 22. UNIDADE 1 | CRESCIMENTO HUMANO: O DESENVOLVIMENTO E SUAS TEORIAS 12 FONTE: Adaptado de Papalia, Olds e Feldman (2006) Domínio Principais Desenvolvimentos Físico Geralmente, há o auge da força, da energia, da resistência e do funcionamento sensório-motor. Funções corporais estão plenamente desenvolvidas: acuidade visual é máxima, o paladar, o olfato, a sensibilidade à dor e à temperatura permanecem inalteradas até pelo menos 45 anos de idade. Relação com questões sexuais e reprodutivas podem estar presentes: disfunção sexual, exposição à Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) e esterilidade. Cognitivo O pensamento utiliza a intuição, emoção e lógica. Aplica-se a experiência para lidar com situações ambíguas. Desenvolve-se a capacidade de lidar com a incerteza, com a inconsistência, com a contradição e com a imperfeição. Início da formação acadêmica (ingresso na faculdade). Atuação profissional (mercado de trabalho). Psicossocial Os adultos podem apresentar traços de personalidade: a) Neuroticismo (conjunto de traços que indicam instabilidade emocional: ansiedade, hostilidade, depressão, constrangimento, impulsividade e vulnerabilidade). b) Extroversão (afetividade, assertividade, atividade, busca de excitação e emoções positivas). c) Abertura à experiência. d) Escrupulosidade (tendem a ser sociáveis, competentes, organizados, obedientes e disciplinados). e) Nível de socialização (tendem a ser altruístas, francos, modestos, meigos e facilmente influenciáveis). TABELA 9 – PRINCIPAIS DESENVOLVIMENTOS TÍPICOS NO PERÍODO DA VIDA ADULTA INICIAL 2.6.1 Vida Adulta Inicial O período da vida adulta inicial ocorre desde os 20 anos até os 40 anos. Na tabela a seguir são apresentados os principais desenvolvimentos típicos no período da vida adulta inicial.
  • 23. TÓPICO 1 | DESENVOLVIMENTO HUMANO, DESDE A CONCEPÇÃO ATÉ A IDADE ADULTA 13 2.6.2 Vida Adulta Intermediária O período da vida adulta intermediária ocorre desde os 40 anos até os 65 anos. Na tabela a seguir são apresentados os principais desenvolvimentos típicos no período da vida adulta intermediária. TABELA 10 – PRINCIPAIS DESENVOLVIMENTOS TÍPICOS NO PERÍODO DA VIDA ADULTA INTERMEDIÁRIA FONTE: Adaptado de Papalia; Olds; Feldman (2009) Domínio Principais Desenvolvimentos Físico Pode ocorrer uma lenta deterioração das habilidades sensoriais, da saúde, do vigor e da força física, mas são grandes as diferenças individuais. As mulheres entram na menopausa. Cognitivo As capacidades mentais atingem o auge; a especialização e as habilidades relativas à solução de problemas práticos são acentuadas. A criatividade pode declinar, mas sua qualidade é melhor. Para alguns, o sucesso na carreira e o sucesso financeiro atingem seu máximo; para outros, poderá ocorrer esgotamento ou mudança de carreira. Psicossocial O senso de identidade continua a se desenvolver; pode ocorrer uma transição para a meia-idade. A dupla responsabilidade pelo cuidado dos filhos e dos pais pode causar estresse. A saída dos filhos deixa o ninho vazio. 2.6.3 Vida Adulta Tardia O período da vida adulta tardia ocorre dos 65 anos em diante. Na tabela a seguir são apresentados os principais desenvolvimentos típicos no período da vida adulta tardia.
  • 24. UNIDADE 1 | CRESCIMENTO HUMANO: O DESENVOLVIMENTO E SUAS TEORIAS 14 TABELA 11 – PRINCIPAIS DESENVOLVIMENTOS TÍPICOS NO PERÍODO DA VIDA ADULTA TARDIA Domínio Principais Desenvolvimentos Físico A maioria das pessoas é saudável e ativa, embora geralmente haja um declínio da saúde e das capacidades físicas. O tempo de reação mais lento afeta alguns aspectos funcionais. Cognitivo A maioria das pessoas é mentalmente alerta. Embora a inteligência e memória possam se deteriorar em algumas áreas, a maioria das pessoas encontra meios de compensação. Psicossocial A aposentadoria pode oferecer novas opções para o aproveitamento do tempo. As pessoas desenvolvem estratégias mais flexíveis para enfrentar perdas pessoais e a morte iminente. O relacionamento com a família e com amigos íntimos pode proporcionar um importante apoio. Abuscadesignificadoparaavidaassumeumaimportânciafundamental. FONTE: Adaptado de Papalia; Olds; Feldman (2009)
  • 25. 15 RESUMO DO TÓPICO 1 Nesse tópico você viu: • Há três domínios de desenvolvimento: – Físico: crescimento do corpo e do cérebro, as capacidades sensoriais, as habilidades motoras e a saúde. – Cognitivo: mudanças e estabilidade em capacidades mentais como aprendizagem, atenção, memória, linguagem, pensamento, raciocínio e criatividade. – Psicossocial: mudanças e estabilidade nas emoções, na personalidade e nos relacionamentos sociais. • Os domínios físico, cognitivo e psicossocial podem influenciar uns aos outros. • Há oito períodos do ciclo da vida no desenvolvimento humano: antes do nascimento; primeira infância; segunda infância; terceira infância; adolescência; vida adulta inicial; vida adulta intermediária; vida adulta tardia. • Os principais desenvolvimentos típicos em cada ciclo da vida.
  • 26. 16 1 A partir dos conteúdos estudados no Tópico 1 da Unidade 1, indique quais são os três domínios do desenvolvimento. Em seguida, dê exemplos de como eles interagem entre si. 2 Os processos de mudança e de estabilidade ocorrem em todos os aspectos do desenvolvimento e ao longo de todos os períodos do ciclo da vida. Com base nessa afirmação, cite quais são os oito ciclos da vida que foram estudados nessa unidade. Em seguida, informe qual a idade estimada em que os ciclos ocorrem. 3 No que se refere aos assuntos relacionados ao desenvolvimento humano, leia atentamente as frases abaixo e assinale (V) para Verdadeira e (F) para Falsa. ( ) O estudo do desenvolvimento humano busca entender as mudanças que ocorrem nos indivíduos. ( ) Inicialmente, os estudos sobre o desenvolvimento humano eram baseados em relatórios observacionais que pesquisadores faziam em seus próprios filhos, com ênfase nos primeiros anos de vida da criança. Posteriormente, os estudos deixaram de se restringir somente a fases etárias jovens e passaram a incluir todo o ciclo de vida. ( ) O domínio cognitivo do desenvolvimento humano engloba as mudanças e estabilidade nas emoções, na personalidade e nos relacionamentos sociais. ( ) O domínio psicossocial do desenvolvimento humano engloba as mudanças e estabilidade em capacidades mentais como aprendizagem, atenção, memória, linguagem, pensamento, raciocínio e criatividade. ( ) O domínio físico do desenvolvimento humano engloba as mudanças no crescimento do corpo e do cérebro, as capacidades sensoriais, as habilidades motoras e a saúde. ( ) Os domínios físico, cognitivo e psicossocial do desenvolvimento humano devem ser entendidos de forma conjunta, mas que não influenciam uns aos outros. ( ) Os ciclos da vida são compostos por sete estágios, sendo eles: primeira infância, segunda infância, terceira infância, adolescência, vida adulta inicial, vida adulta intermediária e vida adulta tardia. AUTOATIVIDADE
  • 27. 17 TÓPICO 2 FATORES QUE INFLUENCIAM O PROCESSO DE CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Háinúmerosfatoresqueinfluenciamnocrescimentoenodesenvolvimento humano. Os estudos sobre o desenvolvimento têm interesse nos processos que são comuns a todos (GALLAHUE; OZMUN, 2005). Nesse sentido, há influências que são vivenciadas de forma semelhante pela maioria das pessoas de um grupo (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2009). É inegável a influência da hereditariedade, mas os fatores ambientais também desempenham um papel importante. Há ainda outros fatores que também afetam o crescimento e o desenvolvimento, como os nutricionais (a má nutrição do bebê ou da mãe durante a gestação), o exercício físico e a atividade física (GALLAHUE; OZMUN, 2005). Além disso, existem diferenças individuais, como, por exemplo, o sexo, a altura, o peso, a inteligência, a personalidade e as reações emocionais (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2009). Nos fatores hereditários, enquadram-se desordens cromossômicas (exemplo: síndrome de Down) e desordens genéticas (exemplos: deformidades no pé, anemia falciforme, coluna bífida, entre outros) (GALLAHUE; OZMUN, 2005). Nos fatores ambientais, destacam-se a radiação, poluentes químicos, problemas médicos, doenças sexualmente transmissíveis, desequilíbrios hormonais, incompatibilidade do fator Rh, estresse emocional materno, gravidez na adolescência e toxoplasmose (GALLAHUE; OZMUN, 2005). Elementos químicos, como as drogas, também podem afetar o crescimento e o desenvolvimento, mas isso depende da dose utilizada, do período de tempo de ingestão da droga e da predisposição genética do feto (GALLAHUE; OZMUN, 2005). Essas diferenças no crescimento e no desenvolvimento podem estar relacionadas aos contextos aos quais os indivíduos estão inseridos e os estilos de vida que levam, como, por exemplo, o lar, a comunidade, a sociedade, os relacionamentos, as escolas que frequentam, os trabalhos que realizam e a forma como utilizam seu tempo livre.
  • 28. UNIDADE 1 | CRESCIMENTO HUMANO: O DESENVOLVIMENTO E SUAS TEORIAS 18 IMPORTANTE O processo de crescimento nos primeiros anos de vida é espantoso. E o crescimento físico do bebê influencia no desenvolvimento. 2 DEFINIÇÃO DE TERMOS O ser humano não é biologicamente estático. Portanto, ao longo da vida ocorrem transformações quantitativas e qualitativas. Durante as primeiras décadas da vida, a principal atividade do organismo é crescer e se desenvolver. Nesse período o crescimento e o desenvolvimento ocorrem simultaneamente. FONTE: Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci arttext&pid=S1807-55092011000500013>. Acesso em: nov. 2015. E por causa da relação entre o crescimento e o desenvolvimento, muitas vezes eles são equivocadamente tratados como sinônimos. É importante deixar claro que, apesar de ocorrerem simultaneamente, eles não possuem o mesmo significado (GALLAHUE; OZMUN, 2005). 2.1 CRESCIMENTO O crescimento se refere a alterações físicas nas dimensões do corpo como um todo ou em partes específicas em relação ao fator tempo. Ou seja, é o aumento progressivo e contínuo da criança no seu tamanho, na mudança de proporções, no alargamento de suas capacidades, que se alteram do nascimento até a maturidade. Essas mudanças estruturais são "quantitativas". E resultam de um complexo mecanismo em nível celular, podendo envolver o aumento do número de células (hiperplasia), aumento do tamanho das células (hipertrofia) e aumento da capacidade das substâncias intracelulares em agregar células. Sendo assim, o crescimento caracteriza-se pelo aumento orgânico da massa (GALLAHUE; OZMUN, 2005). O processo de crescimento não ocorre ao longo de toda a vida. Logo, em determinada idade do indivíduo o crescimento cessa. Quando isso ocorre, o ser humano alcançou a maturidade biológica.
  • 29. TÓPICO 2 | FATORES QUE INFLUENCIAM O PROCESSO DE CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO 19 2.2 DESENVOLVIMENTO O desenvolvimento se refere a alterações no nível de funcionamento de um indivíduo ao longo do tempo. Sendo assim, é o aumento contínuo dos poderes de funcionamento da criança e coordenação entre o organismo e o psiquismo. Deste modo, representa a capacidade do indivíduo de adquirir funções mais complexas.Essasmudançasestruturaispodemsertransformaçõesprincipalmente “qualitativas”, mas também podem ser “quantitativas”. É o processo interno de crescimento, coordenação entre o sistema nervoso e o desenvolvimento das funções mentais (GALLAHUE; OZMUN, 2005). O processo de desenvolvimento ocorre ao longo de toda a vida. Pode ser compreendido a partir da interação entre a maturação e a aprendizagem. ATENCAO Outra diferença fundamental entre o crescimento e o desenvolvimento é que o desenvolvimento possui maior amplitude. E tanto o crescimento como o desenvolvimento se assemelham porque variam de acordo com cada indivíduo (organismo), com o ambiente (experiências) e com a tarefa (físico e mecânico). 2.3 MATURAÇÃO Amaturaçãoéoprocessopeloqualseatingecertograudedesenvolvimento em que aparece um tipo especial de função mental ou conduta. 3 FATORES QUE INTERFEREM NOS PROCESSOS DE CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO Os fatores que interferem nos processos de crescimento e desenvolvimento são: hereditariedade, ambiente e as influências contextuais.
  • 30. UNIDADE 1 | CRESCIMENTO HUMANO: O DESENVOLVIMENTO E SUAS TEORIAS 20 FIGURA 2 – FATORES QUE INTERFEREM NOS PROCESSOS DE CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO FONTE: Adaptado de Gallahue; Ozmun (2005); Papalia; Olds; Feldman (2009) Essas influências podem ser organizadas em normativas e não normativas. FIGURA 3 – INFLUÊNCIAS NORMATIVAS E NÃO NORMATIVAS FONTE: Adaptado de Papalia; Olds; Feldman (2009) 3.1 HEREDITARIEDADE Refere-se aos traços inatos ou às características herdadas dos pais biológicos.
  • 31. TÓPICO 2 | FATORES QUE INFLUENCIAM O PROCESSO DE CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO 21 O espermatozoide do pai possui 23 cromossomos em seu material genético e o óvulo da mãe também possui 23 cromossomos. No ato da fecundação surge a célula ovo ou zigoto, que possui 46 cromossomos (23 pares). Essa célula nova se dividirá em muitas outras células, as quais darão origem ao feto. São esses pares de cromossomos que determinam as características individuais, como o sexo, a cor dos olhos, o tamanho do corpo, a estrutura física, entre outros. Nos fatores hereditários enquadram-se desordens cromossômicas (exemplo: Síndrome de Down) e desordens genéticas (exemplos: deformidades no pé, anemia falciforme, coluna bífida) (GALLAHUE; OZMUN, 2005). ATENCAO Todo esse material genético estabelece o potencial do indivíduo, que pode ou não se desenvolver. 3.1.1 Desordens cromossômicas Há possibilidades de desordens genéticas, e muitas delas não são observáveis em bebês recém-nascidos.Acredita-se que somente 1% das desordens genéticas são observadas em bebês. E uma das desordens cromossômicas mais comuns é a Síndrome de Down. Nessa síndrome, o indivíduo apresenta 47 cromossomos, ao invés dos 46, que são padrão. A alteração ocorre no par 21 e, por isso, é também chamada de Trissomia do Par 21 (o indivíduo possui três cromossomos no “par 21”. Estima- se que aproximadamente um a cada 800 mil nascidos apresentam a Síndrome de Down (GALLAHUE; OZMUN, 2005). As características dos indivíduos com Síndrome de Down se assemelham, sendo que: • Geralmente nascem prematuros. • O ritmo de crescimento tende a ser mais lento. • Baixa estrutura. • O queixo, o nariz e a orelha tendem a ser pequenos. • Dentes são pouco desenvolvidos. • Visão fraca. • Problemas de equilíbrio. • Membros superiores e inferiores são curtos.
  • 32. UNIDADE 1 | CRESCIMENTO HUMANO: O DESENVOLVIMENTO E SUAS TEORIAS 22 • Problemas cardiovasculares (doenças respiratórias frequentes). • Funcionamento intelectual limitado. UNI Outras desordens cromossômicas são a Síndrome de Patan e a Síndrome de Edward. Felizmente essas síndromes são raras. Sabe-se pouco sobre elas, mas já se reconhece que são causadas por um cromossomo a mais, geram graves deformidades, déficits cognitivos e mortalidade precoce. 3.1.2 Desordens genéticas As desordens genéticas podem acarretar consequências diferentes, com ou sem atraso motor e/ou cognitivo. Alguns exemplos são os pés disformes, a anemia falciforme, a Doença Tay-Sachs e a coluna bífida. Os pés disformes são a desordem genética mais comum e meninos são duas vezes mais propensos do que as meninas. Há três formas principais, sendo equinovaro (mais grave), calcâneo valgo (mais comum) e metatarso varo (mais suave). A anemia falciforme é uma doença sanguínea hereditária bastante comum. Os seus efeitos variam para cada indivíduo, sendo: anemia, dor, lesão a órgãos vitais ou até mesmo a morte. Geralmente comprometem os processos de crescimento e o desenvolvimento motor. Além disso, causam cansaço com facilidade (indivíduos ficam ofegantes). A Doença de Tay-Sachs é frequente em descendentes de judeus e não possui cura. Trata-se de uma doença fatal com sua primeira manifestação na primeira infância. Os danos são progressivos, sendo que inicialmente há redução do controle motor. Em seguida, cegueira, paralisia e posteriormente a morte (aproximadamente aos cinco anos de idade). A coluna bífida é um defeito congênito na coluna vertebral. Há três formas distintas, a mais leve só é diagnosticada por meio de radiografia e raramente incomoda o indivíduo. A intermediária é um nódulo ou cisto que contém a medula espinhal que sobressai através do canal aberto da coluna. E a forma mais grave é quando o cisto comprime as raízes dos nervos da medula espinhal.
  • 33. TÓPICO 2 | FATORES QUE INFLUENCIAM O PROCESSO DE CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO 23 3.2 AMBIENTE Refere-se a todas as influências não genéticas que atuam sobre o desenvolvimento, externas às pessoas. Nos fatores ambientais destacam-se a radiação, poluentes químicos, problemas médicos, doenças sexualmente transmissíveis, desequilíbrios hormonais, incompatibilidade do fator Rh, estresse emocional materno, gravidez na adolescência e toxoplasmose (GALLAHUE; OZMUN, 2005). 3.2.1 Fatores pré-natais que afetam o desenvolvimento A principal causa de deficiências congênitas graves entre os ricos e pobres advém de fatores pré-natais (GALLAHUE; OZMUN, 2005): • anormalidades cardíacas; • deformidades do esqueleto; • desequilíbrios químicos. Essas deficiências podem apresentar tanto graus de moderados como severos e podem comprometer aspectos não só físicos, mas também intelectuais. Por vezes, podem ocasionar a morte. IMPORTANTE Há fatores pré-natais que, muitas vezes, poderiam ser controlados, e que afetam o desenvolvimento da criança. 3.2.2 Fatores pós-natais que afetam o desenvolvimento Os fatores pós-natais estão intimamente relacionados com a gravidez de alto risco. Nesse contexto, a gestante porta certas condições – antes ou durante a gestação – que aumentam a possibilidade de o bebê apresentar problemas pré ou pós-natais (GALLAHUE; OZMUN, 2005). Apresenta-se, na figura a seguir, condições que podem ocasionar alto risco.
  • 34. UNIDADE 1 | CRESCIMENTO HUMANO: O DESENVOLVIMENTO E SUAS TEORIAS 24 FIGURA 4 – CONDIÇÕES QUE PODEM OCASIONAR ALTO RISCO FONTE: Adaptado de Gallahue e Ozmun (2005) IMPORTANTE Muitasdascondiçõesmencionadaspoderiamserevitadasouteremseuimpacto reduzido a partir de medidas simples e eficientes, como, por exemplo, o acompanhamento médico antes e durante a gestação. 3.2.2.1 Fatores nutricionais Nosfatoresnutricionais,todososalimentosqueforemingeridospelagestante afetarão de alguma forma o bebê em seu ventre (GALLAHUE; OZMUN, 2005). A má nutrição da mãe é resultado da falta de determinados nutrientes que contribuem para a saúde da mãe e do bebê. E, durante a gravidez, pode ocasionar três problemas distintos, sendo: • Problema placentário: causado por problemas associados ao fornecimento e ao transporte de nutrientes da placenta para o feto. O feto depende do fornecimento de sangue da mãe, da ação osmótica da placenta e do cordão umbilical para captar nutrientes. • Problema fetal: causado por inabilidade do feto em utilizar os nutrientes que lhe são disponibilizados. Nesse caso, o metabolismo do feto está comprometido e por isso há o impedimento ou restrição na utilização dos nutrientes disponíveis.
  • 35. TÓPICO 2 | FATORES QUE INFLUENCIAM O PROCESSO DE CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO 25 • Problema maternal: causado por inadequação na ingestão nutricional da gestante. Acrescenta-se que a má nutrição é um assunto preocupante em países ocidentais, pois há abundância de alimentos. As razões que explicam a má nutrição materna podem variar desde hábitos alimentares deficientes até a pobreza, baixa classe socioeconômica, ansiedade, estresse e traumas. ATENCAO Ácido fólico e vitamina B podem auxiliar a reduzir problemas no tubo neural do bebê, como é o caso da “coluna bífida”. Sendo assim, a gestante deve ingerir ácido fólico antes e durante a gestação. E, nos casos de gravidez não planejada, a ingestão de ácido fólico deve ocorrer durante a gestação com acompanhamento médico. 3.2.2.2 Fatores químicos A placenta possui poros e as substâncias químicas podem penetrá-la, ao ponto de causar danos ao bebê que está no útero da mãe. As drogas, sejam elas receitadas ou não, ocasionam efeitos colaterais. Por outro lado, deve-se destacar que os efeitos e suas consequências dependem de outras circunstâncias, entre elas (GALLAHUE; OZMUN, 2005): • a condição do feto; • o grau de abuso químico; • a quantidade de droga ingerida; • o período da gravidez em que a droga foi ingerida; • período de tempo em que a droga é ingerida; • a predisposição genética do feto; • a presença de outros fatores. As drogas podem acometer o crescimento dos órgãos ou a diferenciação celular e provocam danos nos processos de desenvolvimento normal, conforme apresenta-se na tabela a seguir.
  • 36. UNIDADE 1 | CRESCIMENTO HUMANO: O DESENVOLVIMENTO E SUAS TEORIAS 26 TABELA 12 – EFEITOS DE MEDICAMENTOS NO DESENVOLVIMENTO DE BEBÊS NO ÚTERO NA MÃE Droga Uso Possíveis efeitos Coumadin Anticoagulante usado para coágulos sanguíneos. Pode causar sangramento antes ou durante o parto, resultando em dano cerebral. Diuréticos Tratar toxemia, particularmente retenção de água. Desequilíbrio de água e sal que pode resultar em dano cerebral. Streptomicina Tratar infecções da mãe. Danos aos rins, ouvidos e equilíbrios. Aspirina Tratar dores (leves e agudas) e febre. Morte, deformações congênitas, sangramentos sob o crânio, causando dano cerebral, hemorragia durante o parto. Tetraciclinas Tratar acne. Atraso no crescimento ósseo e dentário. FONTE: Adaptado de Gallahue e Ozmun (2005) As drogas e os medicamentos afetam o desenvolvimento motor da criança. Conteúdos relacionados ao desenvolvimento motor serão estudados na Unidade 2. Acrescenta-se que quase 80% das drogas que não exigem prescrição médica contêm aspirina. ESTUDOS FUTUROS Apesardoreconhecimentoacercadosmalefíciosadvindoscomautilização de drogas, algumas delas são “necessárias”. Nesses casos, a grávida está sob cuidados médicos devido a indisposição ou por alguma doença. E o cuidado deve ser redobrado de modo a atender a saúde da mãe e não ser prejudicial ao bebê. Os médicos podem alterar a prescrição de determinados medicamentos a fim de proteger o crescimento e o desenvolvimento do bebê no útero materno. Na tabela a seguir são apresentados alguns medicamentos comuns para tratar condições médicas das mães e seus possíveis efeitos no desenvolvimento de bebês no útero materno.
  • 37. TÓPICO 2 | FATORES QUE INFLUENCIAM O PROCESSO DE CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO 27 TABELA 13 – EFEITOS DE MEDICAMENTOS COMUNS PARA CONDIÇÕES DA MÃE Condição materna Medicamento Possíveis efeitos Hipertensão Resperine Asfixia, tosse e congestão nasal ao nascer. Tireoide Tiuracile Iodine Radioativo Anormalidade na tireoide da criança (hipotiroidismo). Diabetes Insulina Excesso de peso ao nascer, prematuridade, defeitos cardíacos, icterícia, baixa taxa de açúcar no sangue, convulsões, retardamento mental e/ou físico e deformidades. Anormalidade menstrual Progesterona Deformidades grosseiras, masculinização dos órgãos femininos. Alergia ou resfriado Anti-histamínico Deformidades. Epilepsia Drogas para controle de ataques Lábio leporino e outras malformações. FONTE: Adaptado de Gallahue e Ozmun (2005) Além dessas drogas, também existem aquelas drogas ilícitas. Na tabela a seguir são apresentadas algumas drogas ilícitas e seus possíveis efeitos no desenvolvimento de bebês no útero materno. TABELA 14 – EFEITOS DE DROGAS ILÍCITAS PARA O DESENVOLVIMENTO DE BEBÊS NO ÚTERO NA MÃE Droga Possíveis efeitos Heroína e morfina Irritação. Dorme mal. Choro estridente. Vômito e diarreia. Sintomas fisiológicos marcantes de abstinência. Baixa oxigenação das células sanguíneas. Hepatite contraída de agulha não esterilizada. Suscetível a infecções. Anfetaminas e barbitúricos Aborto. Problemas no parto. Tranquilizantes Algumas drogas como Sominex® , Nytol® , Sleep-Eze® e Compoz® contêm dois anti-histamínicos que produziram deformidades congênitas em animais.
  • 38. UNIDADE 1 | CRESCIMENTO HUMANO: O DESENVOLVIMENTO E SUAS TEORIAS 28 LSD Pode causar danos cromossômicos. Algumas vezes contaminado com quintinha ou outros materiais que podem prejudicar a criança. Há alta incidência de defeitos congênitos em filhos de usuários. Cocaína Crise de abstinência fisiológica. Hipertensão. Regulação térmica insuficiente. Baixo peso ao nascer. Distúrbios de aprendizagem. Problemas comportamentais. Mortalidade acentuada. FONTE: Gallahue e Ozmun (2005) ATENCAO Além dos efeitos citados na tabela anterior, o uso de heroína pela mãe pode gerar outras complicações, como: intoxicações, parto sem inversão do bebê, pequena estatura ao nascer, separação prematura da placenta. E, ainda, se não for tratado, desidatração, paralisia, coma ou até mesmo a morte. 3.3 INFLUÊNCIAS CONTEXTUAIS Refere-se aos contextos ao qual o indivíduo está inserido, como, por exemplo, a condição socioeconômica, a cultura e a etnicidade. 3.3.1 Condições socioeconômicas As condições socioeconômicas englobam a renda, a educação e a ocupação dos indivíduos. Esses aspectos podem afetar os processos de crescimento e desenvolvimento humano, em seus domínios físico, cognitivo e psicossocial. E as consequências geralmente são indiretas, causadas por fatores associados às condições socioeconômicas (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2009). Natabelaadiantesãoapresentadososprincipaisfatoresderiscoassociados a crianças de baixa renda.
  • 39. TÓPICO 2 | FATORES QUE INFLUENCIAM O PROCESSO DE CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO 29 Alguns fatores de risco que indicam o impacto indireto das condições socioeconômicas para o desenvolvimento do indivíduo são: • Local onde as pessoas residem. • O estado emocional dos pais das crianças. • As práticas de criação dos filhos. • O ambiente doméstico. As famílias com melhor poder aquisitivo, mesmo que não sintam os impactos dos fatores de risco acima descritos, podem estar em risco por outras razões, como, por exemplo, a pressão para atingir metas ou porque são “esquecidas” por seus pais, que são muito ocupados. Essas famílias, que se enquadram na categoria de “baixos fatores de risco”, infelizmente possuem altas taxas relacionadas ao uso de drogas, ansiedade e depressão. TABELA 15 – FATORES DE RISCO ASSOCIADOS A CRIANÇAS DE BAIXA RENDA Consequências Riscos maiores para crianças de baixa renda Saúde Óbito na infância 1,6 vezes mais provável Nascimento prematuro (inferior 37 semanas) 1,8 vezes mais provável Nascimento de baixo peso 1,9 vezes mais provável Assistência pré-natal inadequada 2,8 vezes mais provável Alimento insuficiente em algum momento nos últimos quatro meses 8,0 vezes mais provável Educação Notas mais baixas em matemática dos 7 aos 8 anos 5 pontos mais baixo Notas mais baixas em leitura dos 7 aos 8 anos 4 pontos mais baixo Repetência 2 vezes mais provável Expulsão da escola 3,4 vezes mais provável Abandono da escola entre 16 a 24 anos 3,5 vezes mais provável Conclusão do curso superior de 4 anos 50% de probabilidade FONTE: Adaptado de Papalia; Olds; Feldman (2009)
  • 40. UNIDADE 1 | CRESCIMENTO HUMANO: O DESENVOLVIMENTO E SUAS TEORIAS 30 IMPORTANTE Na sociedade há exemplos de pessoas que ascenderam de um estado de pobreza e de privação para uma posição de destaque. Isso demonstra que o desenvolvimento positivo pode ocorrer, mesmo com a presença de fatores de risco. 3.3.2 Cultura e Etnia Para tratar desses fatores, primeiramente é essencial conceituá-los. A cultura é o modo de vida global de uma sociedade ou grupo que envolve costumes, tradições, leis, conhecimento, crenças, valores e linguagem. Está em constante mudança, geralmente em virtude do contato com outras culturas. Gruposétnicossãopessoasunidaspordeterminadacultura,ancestralidade ou religião. Visam buscar um senso de identidade, atitudes, crenças e valores comuns. Pode-se acrescentar que há diversidade entre os grupos étnicos. Por exemplo, a ‘maioria branca’ é descendente de europeus (alemães, franceses, belgas, italianos, entre outros).
  • 41. 31 Nesse tópico você viu que: • Há inúmeros fatores que influenciam no crescimento e no desenvolvimento humano, entre eles: – a hereditariedade; – o ambiente; – o uso de drogas (com ou sem prescrição); – os aspectos nutricionais; – as diferenças individuais; – as influências contextuais; – as influências normativas e não normativas; – as doenças da mãe; – condições socioeconômicas; – cultura e etnia. • A distinção entre os conceitos de crescimento, desenvolvimento e maturação. RESUMO DO TÓPICO 2
  • 42. 32 1 Quanto aos domínios relacionados ao desenvolvimento humano, sabe-se que eles atuam conjuntamente e interagem entre si. Correlacione as colunas: Coluna 1 Coluna 2 (a) Psicossocial ( ) Engloba alterações no crescimento do corpo e do cérebro, as capacidades sensoriais, as habilidades motoras e a saúde. (b) Físico ( ) Envolve mudanças e estabilidade em capacidades mentais como aprendizagem, atenção, memória, linguagem, pensamento, raciocínio e criatividade. (c) Cognitivo ( ) Relaciona-se com mudanças e estabilidade nas emoções, na personalidade e nos relacionamentos sociais. AUTOATIVIDADE
  • 43. 33 TÓPICO 3 AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO: CURVAS DE CRESCIMENTO E VELOCIDADE UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Já aprendemos a diferenciar o que é crescimento, agora é hora de aprofundarmos nossos conhecimentos. Há diferentes tipos de crescimento, sendo: crescimento geral (altura e peso), crescimento neural (sistema nervoso central), crescimento linfoide (imunidade) e crescimento genital. Para os profissionais da Educação Física, é importante que os professores saibam fazer avaliações antropométricas com o intuito de identificar em qual fase do crescimento o aluno se enquadra. Assim, será possível acompanhar o processo de crescimento do educando. Para tal, faz-se necessário considerar os períodos do ciclo da vida (idade) e também entender que há fatores que interferem no processo de crescimento e, por isso, cada criança apresentará diferenças nas avaliações. No decorrer desse tópico, o foco das avaliações será direcionado para as idades de zero a 20 anos. 2 CRESCIMENTO HUMANO 2.1 CRESCIMENTO FETAL Após a concepção da vida, ocorre a fecundação do óvulo pelos espermatozoides. A partir de então, ocorrem sucessões de divisões celulares. Da segunda semana até o segundo mês de gestação, denomina-se de “período embriônico”. Nesse período ocorre a diferenciação celular, sendo que ao fim do primeiro mês o embrião apresenta três camadas distintas, sendo: endoderme (camada interna), mesoderme (camada mediada) e ectoderme (camada externa). Por meio dessas três camadas, os sistemas digestivo, respiratório, glandular, muscular, esquelético, circulatório, reprodutivo, nervoso central e periférico serão desenvolvidos (GALLAHUE; OZMUN, 2005). Na figura adiante temos uma representação acerca dos tamanhos dos embriões.
  • 44. UNIDADE 1 | CRESCIMENTO HUMANO: O DESENVOLVIMENTO E SUAS TEORIAS 34 FIGURA 5 – O TAMANHO DOS EMBRIÕES FONTE: Gallahue e Ozmun (2005) No início do “período fetal”, do terceiro ao sexto mês de gestação, nenhuma característica anatômica nova surge, há elevado crescimento do feto. No início do terceiro mês o comprimento do feto é de oito centímetros e a diferenciação sexual continua, as saliências para o dentes e rins começam a funcionar, as cordas vocais aparecem e, ao fim do terceiro mês, a mãe passa a perceber movimentos (reflexos) do feto. No quarto mês o ritmo é mais acelerado, o comprimento do feto dobra para 15 a 20cm, aproximadamente, e o peso médio é de 171 gramas. Durante o quarto mês outras mudanças ocorrem, como a formação completa das mãos, o esqueleto que era cartilaginoso começa a se tornar tecido ósseo, os membros inferiores, que eram proporcionalmente menores, começam a se alinhar com o resto do corpo. No começo do quinto mês de gestação o feto atinge metade do seu comprimento ao nascer (20 a 26 centímetros), mas apresenta 10% do seu peso final (227 gramas). A pele, o cabelo e as unhas aparecem e os órgãos internos continuam crescendo. Perceba, na figura a seguir, a curva de crescimento (comprimento x peso) relacionada à idade fetal em semanas.
  • 45. TÓPICO 3 | AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO: CURVAS DE CRESCIMENTO E VELOCIDADE 35 FIGURA 6 – CURVA DE CRESCIMENTO (ESTATURA X PESO) RELACIONADA À IDADE FETAL EM SEMANAS FONTE: Gallahue e Ozmun (2005) Observação: As medidas de estatura são apresentadas em polegadas e em centímetros; as medidas de peso são apresentadas em libras e quilogramas. A tabela a seguir traz as informações sobre a estatura e o peso de embriões e fetos durante a gestação. TABELA 16 – MEDIDAS DE CRESCIMENTO NO DESENVOLVIMENTO PRÉ-NATAL (PERÍODO EMBRIONÁRIO E FETAL) Idade Comprimento (centímetros ou milímetros) Peso (gramas) Concepção 1 célula Inferior a 1g 1 semana 0,25mm Inferior a 1g 2 semanas 1,3mm 1,5g 1 mês 6,4mm 29g 2 meses 4cm 57g 3 meses 7,6cm 86g 4 meses 15 a 20cm 171g
  • 46. UNIDADE 1 | CRESCIMENTO HUMANO: O DESENVOLVIMENTO E SUAS TEORIAS 36 5 meses 20 a 25cm 228g 6 meses 33 a 38cm 0,45 a 0,9kg 7 meses 36 a 41cm 0,9 a 1,8kg 8 meses 41 a 46cm 1,8 a 2,7kg 9 meses 48 a 53cm 2,7 a 3,6kg Legenda: mm – milímetros; cm – centímetros; g – gramas; kg - kilogramas. FONTE: Adaptado de Gallahue e Ozmun (2005) É demarcado a partir dos períodos subsequentes ao nascimento do bebê. É válido acrescentar que o processo de crescimento nos primeiros dois anos após o nascimento é acelerado. O aumento nas proporções do corpo é desigual e é influenciado pelo desenvolvimento próximo-distal e céfalo-caudal. IMPORTANTE Ocrescimentofísicodobebêapresentainfluênciassobreoseudesenvolvimento motor. Exemplos: 1) O tamanho da cabeça do bebê influencia no seu equilíbrio. 2) O tamanho das mãos do bebê influencia nas formas de explorar os objetos. 3) O desenvolvimento da força do bebê influencia no aparecimento da locomoção. 2.1.1 Crescimento neonatal Ocorre após o nascimento do bebê e se estende até a segunda ou quarta semana de vida. O bebê nascido no período correto de gestação (nascido a termo) apresenta de 48 a 53 centímetros e sua cabeça representa ¼ do seu corpo (GALLAHUE; OZMUN, 2005). Destaca-se que bebês do sexo masculino tendem a ser mais pesados. 2.1.2 Crescimento na infância O início da infância ocorre a partir de quatro meses de vida até um ano de idade e a infância posterior ocorre de um até dois anos de idade. Esse período é caracterizado pelo rápido aumento no comprimento e no peso da criança (GALLAHUE; OZMUN, 2005).
  • 47. TÓPICO 3 | AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO: CURVAS DE CRESCIMENTO E VELOCIDADE 37 É fato que o crescimento é ainda mais rápido no decorrer do primeiro ano de vida. As figuras a seguir apresentam as curvas de crescimento relacionadas às variáveis comprimento e peso de meninos e meninas americanos. Aos três anos de idade, o cérebro alcançou 75% de seu tamanho adulto e, aos seis anos de idade, aproxima-se de 90%. FIGURA 7 – COMPRIMENTO DE MENINAS AMERICANAS DO NASCIMENTO ATÉ OS TRÊS ANOS DE IDADE Idade (meses). FONTE: Gallahue e Ozmun (2005)
  • 48. UNIDADE 1 | CRESCIMENTO HUMANO: O DESENVOLVIMENTO E SUAS TEORIAS 38 FIGURA 8 – COMPRIMENTO DE MENINOS AMERICANOS DO NASCIMENTO ATÉ OS TRÊS ANOS DE IDADE FONTE: Gallahue e Ozmun (2005) ATENCAO Para medir o comprimento de crianças com idade abaixo de dois anos, deve-se deitar a criança em decúbito dorsal e, com o auxílio de uma régua, obtém-se a medida com a perna da criança em extensão. Acima dos dois anos de idade, a criança é posicionada em pé e deverá ser encostada em uma parede, os pés unidos e com os calcanhares tocando a parede, os joelhos estendidos, braços ao longo do corpo e os olhos fitando o horizonte.
  • 49. TÓPICO 3 | AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO: CURVAS DE CRESCIMENTO E VELOCIDADE 39 FIGURA 9 – PESO DE MENINAS AMERICANAS DO NASCIMENTO ATÉ OS TRÊS ANOS DE IDADE FONTE: Gallahue e Ozmun (2005)
  • 50. 40 UNIDADE 1 | CRESCIMENTO HUMANO: O DESENVOLVIMENTO E SUAS TEORIAS FIGURA 10 – PESO DE MENINOS AMERICANOS DO NASCIMENTO ATÉ OS TRÊS ANOS DE IDADE FONTE: Gallahue e Ozmun (2005) UNI Há diferenças conceituais entre os termos comprimento do corpo e altura. O comprimento é medido a partir da posição deitada. A altura é medida a partir da posição em pé.
  • 51. TÓPICO 3 | AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO: CURVAS DE CRESCIMENTO E VELOCIDADE 41 2.1.3 Crescimento na adolescência e vida adulta Após o período da infância, a taxa de crescimento desacelera. Os aumentos anuais médios de altura e peso são equivalentes a 5,1 centímetros e 2,3 kilogramas. As figuras a seguir apresentam as curvas de crescimento relacionadas às variáveis comprimento e peso de homens e mulheres americanos. FIGURA 11 – ESTATURA DE HOMENS AMERICANOS DE DOIS A 20 ANOS DE IDADE FONTE: Gallahue e Ozmun (2005)
  • 52. 42 UNIDADE 1 | CRESCIMENTO HUMANO: O DESENVOLVIMENTO E SUAS TEORIAS FIGURA 12 – PESO DE HOMENS AMERICANOS DE DOIS A 20 ANOS DE IDADE FONTE: Gallahue e Ozmun (2005)
  • 53. TÓPICO 3 | AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO: CURVAS DE CRESCIMENTO E VELOCIDADE 43 FIGURA 13 – ESTATURA DE MULHERES AMERICANAS DE DOIS A 20 ANOS DE IDADE FONTE: Gallahue e Ozmun (2005)
  • 54. 44 UNIDADE 1 | CRESCIMENTO HUMANO: O DESENVOLVIMENTO E SUAS TEORIAS FIGURA 14 – PESO DE MULHERES AMERICANAS DE DOIS A 20 ANOS DE IDADE FONTE: Gallahue e Ozmun (2005)
  • 55. TÓPICO 3 | AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO: CURVAS DE CRESCIMENTO E VELOCIDADE 45 ATENCAO As medidas de peso e de altura se modificam ao longo do dia. Sendo assim, recomenda-se aferir essas medidas sempre no mesmo período do dia. No período da manhã, nas primeiras horas do dia, os indivíduos são mais altos do que no período da noite em virtude do posicionamento normal das vértebras. Ao longo do dia as vértebras se comprimem e por isso as medidas de estatura podem ser levemente reduzidas. FIGURA 15 – ALTERAÇÕES NA FORMA E NA PROPORÇÃO CORPORAL ANTES E APÓS O NASCIMENTO FONTE: Gallahue e Ozmun (2005) 3 MEDIDAS RECOMENDADAS As medidas antropométricas são um valioso recurso na avaliação do crescimento de crianças em idade escolar. As variáveis mais utilizadas são: peso e estatura. Apesar disso, há outras que também podem ser aferidas. O peso se altera por toda a vida e as medidas de altura se alteram principalmente de zero a 18 anos de idade. Na vida adulta, a partir dos processos de envelhecimento, a altura pode diminuir. Os professores de Educação Física podem utilizar os recursos gerados a partir das medidas antropométricas para avaliar e acompanhar os processos de crescimento e desenvolvimento físico de seus alunos.
  • 56. 46 UNIDADE 1 | CRESCIMENTO HUMANO: O DESENVOLVIMENTO E SUAS TEORIAS TABELA 17 – MEDIDAS QUE PODEM SER UTILIZADAS POR PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA Estatura Peso Massa Peso corporal Comprimentos Membros inferiores Coxa Perna Membros superiores Braço Antebraço Perímetros Coxa Perna Braço Antebraço Dobras cutâneas Tricipital Subescapular FONTE: Gallahue e Ozmun (2005) A partir das medidas de peso e estatura, os professores também podem fazer o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC). Peso (Kilogramas) (Estatura (metros))² IMC =
  • 57. 47 RESUMO DO TÓPICO 3 Nesse tópico você viu que: • Há diferentes tipos de crescimento, sendo: crescimento geral (altura e peso), crescimento neural (sistema nervoso central), crescimento linfoide (imunidade) e crescimento genital. • Após a concepção da vida, ocorre a fecundação do óvulo pelos espermatozoides. A partir de então, ocorrem sucessões de divisões celulares. • No período embriônico ocorre a diferenciação celular, sendo que ao fim do primeiro mês o embrião apresenta três camadas distintas, sendo: endoderme (camada interna), mesoderme (camada mediada) e ectoderme (camada externa). • As fases do crescimento humano são: – Crescimento fetal – Crescimento infantil – Crescimento neonatal – Crescimento na infância – Crescimento na adolescência e vida adulta • Asmedidasantropométricassãoumvaliosorecursonaavaliaçãodocrescimento de crianças em idade escolar. As variáveis mais utilizadas são: peso e estatura. • O peso se altera por toda a vida e as medidas de altura se alteram principalmente de zero a 18 anos de idade.
  • 58. 48 1 O desenvolvimento humano tem sido objeto de grande interesse para estudiosos e educadores há muitos anos. Trata-se do conhecimento acerca dos processos de desenvolvimento. Classifique as frases seguintes em verdadeiras ou falsas. ( ) O processo de desenvolvimento humano ocorre ao longo de todos os períodos do ciclo de vida dos seres humanos. ( ) O processo de desenvolvimento humano ocorre de forma indissociável nos domínios físico, cognitivo e social. ( ) O processo de desenvolvimento do ser humano tem início após o desenvolvimento do bebê e estende-se por todos os períodos do ciclo de vida. AUTOATIVIDADE
  • 59. 49 UNIDADE 2 DESENVOLVIMENTO MOTOR OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo dessa unidade você será capaz de: • caracterizar o processo de desenvolvimento motor; • conceituar o que é desenvolvimento motor; • compreender as fases e os estágios do desenvolvimento motor; • relacionar a influência dos fatores do ambiente, da tarefa e do indivíduo no desempenho motor; • reconhecer reflexos presentes em crianças (sequência, aparecimento e inibição); • descrever e diferenciar reflexos primitivos e posturais; • relacionar o desaparecimento de reflexos ao desenvolvimento de habilidades motoras voluntárias; • listar e descrever a sequência de desenvolvimento da aquisição de habilidades rudimentares (estabilizadoras, locomotoras e manipuladoras); • categorizar o movimento da criança em estágios de desenvolvimento (inicial, elementar e maduro); • compreender as diferenças entre os padrões de movimento nos estágios inicial, elementar e maduro. Essa unidade está dividida em três tópicos e no final de cada um deles você encontrará atividades que reforçarão o seu aprendizado. TÓPICO 1 – FASES E ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO MOTOR TÓPICO 2 – HABILIDADES MOTORAS TÓPICO 3 – PROTOCOLOS DE AVALIAÇÃO
  • 60. 50
  • 61. 51 TÓPICO 1 FASES E ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO MOTOR UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO O desenvolvimento motor é a alteração progressiva na capacidade motora de um indivíduo ao longo da vida, principalmente durante os primeiros anos (LIMA et al., 2001; GALLAHUE; OZMUN, 2005, FERREIRA et al., 2006). E ocorre a partir da interação entre: a biologia do indivíduo (hereditariedade) e as condições do ambiente em que vive (experiência, aprendizado e encorajamento) e com as necessidades da tarefa que realiza (GALLAHUE; OZMUN, 2005, GALLAHUE, 2000). O processo do desenvolvimento motor se inicia na concepção e só termina após a morte. FIGURA 16 – MODELO TRANSACIONAL DO DESENVOLVIMENTO MOTOR FONTE: Gallahue; Ozmun (2005) Paramelhorcompreenderarelaçãoentreessestrêselementos,éimportante especificar que as características hereditárias combinadas com as condições ambientais específicas e as exigências da tarefa determinam a quantidade e a extensão de destrezas motoras (GALLAHUE, 2000).
  • 62. UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO MOTOR 52 IMPORTANTE Destaca-se que o elemento “ambiente” pode influenciar positivamente ou negativamente no desenvolvimento motor. Há ambientes adequados que estimulam a criança a se movimentar, respeitando suas possibilidades motoras. E há ambientes que limitam as possibilidades de movimento e, assim, a criança não experimentará determinadas situações e, por essa razão, poderá apresentar atrasos no desenvolvimento motor. Há protocolos e escalas específicas para avaliar o desenvolvimento motor infantil (Unidade 2 – Tópico 3). Em bebês, quando é diagnosticado atraso no desenvolvimento motor, é indicado que a criança receba estimulação precoce. Em crianças maiores, os próprios professores de Educação Física podem desenvolver um programa que estimule a criança a exercitar os elementos onde ela possui atrasos (por exemplo: equilíbrio, coordenação motora, esquema corporal, lateralidade, entre outros de não menor importância). ESTUDOS FUTUROS Durante o processo de desenvolvimento passamos a realizar ações motoras cada vez mais complexas e com melhor execução. Para Haywood e Getchel (2004), o desenvolvimento motor é um processo sequencial e contínuo, relacionado à idade, em que o indivíduo progride de movimentos simples, não organizados e não habilidosos, e evolui para uma habilidade motora complexa e altamente organizada e, em seguida, ajusta-se às necessidades que acompanham o envelhecimento. Apesar de ser um processo ordenado e sequencial, podem ocorrer variações na velocidade do desenvolvimento de um indivíduo para outro (FERREIRA et al., 2006). Afinal, depende da relação entre organismo, tarefa e ambiente que são distintos a cada pessoa. O desenvolvimento inclui todos os aspectos do comportamento humano e, por isso, pode artificialmente ser separado em áreas, fases ou faixas etárias. Vale ressaltar que o desenvolvimento motor se relaciona com a idade, mas não depende dela (GALLAHUE; OZMUN, 2005). O início da infância é o período ideal para a criança adquirir e refinar seu repertório motor por meio das experiências vivenciadas por ela (LIMA et al., 2001, GOLDBERG; SANT, 2002; GALLAHUE; OZMUN, 2005). Dessa forma, há uma progressão de movimentos simples para os mais complexos que são organizados em três categorias: manipulativas, locomotoras ou estabilizadoras.
  • 63. TÓPICO 1 | FASES E ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO MOTOR 53 TABELA 18 – CATEGORIAS DOS MOVIMENTOS MOVIMENTOS DESCRIÇÃO MANIPULATIVOS Refere-se à manipulação motora rudimentar ou refinada. LOCOMOTORES Refere-se a movimentos que envolvem mudança na localização do corpo relativamente a um ponto fixo na superfície. ESTABILIZADORES Refere-se a qualquer movimento que requer algum grau de equilíbrio. FONTE: Gallahue; Ozmun (2005) As habilidades motoras podem ser entendidas como um padrão de movimentos fundamentais, realizados com precisão, exatidão e controles maiores. Nessa perspectiva, há inúmeros esquemas para classificar as habilidades motoras, sendo algumas unidimensionais (consideram apenas um aspecto da habilidade motora dentro de um amplo aspecto) ou bidimensionais (são mais abrangentes de classificação de habilidade motora). Os modelos bidimensionais para classificação das habilidades motoras são mais completos no reconhecimento da complexidade do movimento humano. Em 1982, Gallahue propôs um modelo bidimensional para classificar o movimento. Para tanto, organizou o desenvolvimento motor em quatro fases motoras: reflexiva, rudimentar, fundamental e especializada (GALLAHUE; OZMUN, 2005). Destaca-se que esse modelo enfatiza a função da tarefa motora expressa nas três categorias de movimento (manipulação, locomoção e estabilização). ● fase reflexiva ● fase rudimentar ● fase fundamental ● fase especializada Ao longo do processo do desenvolvimento motor ocorrem alterações no comportamento motor dos indivíduos. E o processo do desenvolvimento motor pode ser considerado sob o aspecto de fases ou sob o aspecto de estágios que serão estudados nesse tópico.
  • 64. UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO MOTOR 54 2 FASES E ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO MOTOR Agora iremos entender melhor as fases do desenvolvimento motor, que é composto por movimentos reflexos, movimentos rudimentares, movimentos fundamentais e movimentos especializados. Cada uma dessas fases pode ser dividida em estágios, que estudaremos a seguir. ATENCAO Fiquem atentos porque a sequência das fases do desenvolvimento motor (movimentos reflexos, movimentos rudimentares, movimentos fundamentais e movimentos especializados) segue uma ordem. FIGURA 17 – FASES DO DESENVOLVIMENTO MOTOR FONTE: Adpatado de Gallahue e Ozmun (2005) 2.1 FASES DOS MOVIMENTOS REFLEXOS Os movimentos reflexos são involuntários e são de grande importância para a formação da postura nos primeiros anos da infância. São movimentos que se relacionam com movimentos iniciados na vida intrauterina e se estendem até os dois anos de idade. Osreflexosposturaissãorepresentadosnassuasformasestável,locomotora e manipulativa a partir de ações involuntárias, como, por exemplo, reflexos labirínticos e de equilíbrio do corpo (estabilização), reflexo dos primeiros passos e o de rastejar (locomoção) e os reflexos de pegar com a mão ou pé (manipulação). A Figura 18 apresenta os estágios relacionados à fase motora reflexa.
  • 65. TÓPICO 1 | FASES E ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO MOTOR 55 FIGURA 18 – FASE MOTORA REFLEXA FONTE: A autora Os reflexos podem ser categorizados em: a) Reflexos Primitivos – São classificados como agrupadores de informações com finalidade de buscar alimentos e reações de proteção. Exemplo: Reflexo da sucção, reflexo de procurar pelo olfato. ATENCAO Sem o reflexo de sucção e de procurar utilizando o olfato o recém-nascido seria incapaz de procurar alimentos. b) Reflexos Posturais – São movimentos involuntários que se assemelham com comportamentos voluntários que surgirão posteriormente. Exemplo: Reflexo primário da marcha, reflexo de arrastar-se, reflexo da preensão.
  • 66. UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO MOTOR 56 ATENCAO O reflexo da marcha relembra o movimento de caminhar e o reflexo de arrastar-se relembra o movimento de engatinhar. Contudo, destaca-se que os movimentos reflexos são involuntários, enquanto o caminhar e o engatinhar são movimentos adquiridos posteriormente, a partir do controle voluntário e coordenado dos segmentos: cabeça, tronco, membros superiores e inferiores. 2.2 FASES DOS MOVIMENTOS RUDIMENTARES Osmovimentosrudimentaressãovoluntáriosegeralmentesãodominados na primeira infância. São movimentos que se relacionam com movimentos iniciados na vida intrauterina e se estendem até os dois anos de idade. Envolvem habilidade de estabilidade básica, como o controle dos músculos da cabeça e do tronco; habilidades manipulativas (alcançar, pegar e soltar objetos); habilidades locomotoras (rastejar, engatinhar e andar com apoio); apresentam-se os estágios relacionados à fase motora rudimentar. UNI Os movimentos rudimentares são determinados pela maturação e se caracterizam por sequência de aparecimento previsível, mas o ritmo de aparecimento varia entre cada criança porque depende do organismo, da tarefa e do ambiente.
  • 67. TÓPICO 1 | FASES E ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO MOTOR 57 A Figura 19 apresenta os estágios relacionados à fase motora rudimentar. FIGURA 19 – FASE MOTORA RUDIMENTAR FONTE: Adaptado de Gallahue e Ozmun (2005) UNI Quando as crianças têm um ano de idade, os reflexos representam o repertório motor do bebê e, aos poucos, os reflexos vão sendo substituídos por movimentos voluntários. Inicialmente os movimentos voluntários são pouco coordenados. À medida que a criança cresce e se desenvolve, ela atinge a maturação necessária para refinar seus movimentos. 2.3 FASES DOS MOVIMENTOS FUNDAMENTAIS Os movimentos fundamentais são habilidades motoras rudimentares comuns no dia a dia e geralmente dominadas durante a infância. Nessa fase, dos dois anos aos sete anos de idade, incluem-se habilidades estabilizadoras fundamentais (correr, saltar, pular) e habilidades manipulativas (manipular objetos, lançar, pegar, chutar, rebater) e locomotoras (GALLAHUE; OZMUN, 2005). A Figura 20 apresenta os estágios relacionados à fase motora fundamental.
  • 68. UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO MOTOR 58 FIGURA 20 – FASE MOTORA FUNDAMENTAL FONTE: Adaptado de Gallahue e Ozmun (2005) 2.3.1 Estágio Inicial O movimento caracteriza-se por elementos que faltam ou que se apresentam em uma sequência imprópria. Isso quer dizer que a criança utiliza seu corpo para realizar movimentos de forma limitada ou exagerada. Além disso, apresentam deficiência na coordenação motora e na habilidade rítmica. 2.3.2 Estágio Elementar Nesta fase os movimentos são aprimorados de modo a se tornarem mais sincronizados e coordenados quanto aos elementos temporais e espaciais. Apesar disso, os movimentos ainda são restritos ou exagerados. 2.3.3 Estágio Maduro Geralmente, crianças na faixa etária de cinco ou seis anos de idade podem atingir o estágio maduro. É válido destacar que as habilidades manipulativas se desenvolvem mais tardiamente.
  • 69. TÓPICO 1 | FASES E ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO MOTOR 59 2.4 FASES DOS MOVIMENTOS ESPECIALIZADOS Os movimentos especializados são movimentos fundamentais que foram refinados ou combinados com outros movimentos em formas mais complexas. Geralmente são dominados no final da infância (esquiar, andar sobre trave, golfe, tênis). Essa fase se inicia aos sete anos e se estende até 14 anos de idade. A Figura 21 apresenta os estágios relacionados à fase motora especializada. FIGURA 21 – FASE MOTORA ESPECIALIZADA FONTE: A autora 2.4.1 Estágio Transitório No período entre os sete a 10 anos de idade, as habilidades motoras realizadas pelos indivíduos se caracterizam por maior precisão e controle. Essas habilidades motoras geralmente são utilizadas em aulas de Educação Física, em ambientes recreativos e esportivos. Há combinação de padrões motores de modo a tornar as habilidades motoras mais complexas. 2.4.2 Estágio de Aplicação No período entre os 11 e 13 anos de idade, após a fase de combinação de padrões motores, de modo a tornar as atividades motoras mais complexas, o indivíduo experimentou diversas situações de práticas motoras distintas. A experiência que foi acumulada nos estágios anteriores permite ao indivíduo a capacidade de tomar decisões. Nesse estágio, o indivíduo poderá optar por participar de determinada modalidade esportiva, por exemplo. Sua escolha será influenciada pela avaliação de suas facilidades e dificuldades diante das exigências da tarefa e das condições ambientais.
  • 70. UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO MOTOR 60 UNI Uma jovem com 13 anos de idade, com boa coordenação e agilidade para o uso das mãos com a bola, pode optar por jogar vôlei. Ou, no caso de apresentar coordenação e agilidade para o uso dos pés, pode optar por futebol. Dessa forma, a pessoa pode participar efetivamente no tipo de atividade escolhido. 2.4.3 Estágio de Utilização Permanente Esse estágio se inicia aproximadamente aos 14 anos e continua até a morte do indivíduo, e representa o ponto mais alto de todas as fases e estágios do desenvolvimento motor. Afinal, o processo de desenvolvimento motor é progressivo. A partir das experiências dos movimentos, o indivíduo desenvolve um repertório amplo de habilidades motoras que respeitam as necessidades e características do indivíduo e que serão úteis permanentemente na vida diária, no tempo livre ou em competições esportivas. Desse modo, pode-se alcançar um desenvolvimento motor equilibrado para toda a vida do indivíduo em todos os tipos de habilidades que exijam uma ação motora. IMPORTANTE Essa classificação das fases e dos estágios do desenvolvimento motor possui caráter descritivo. E é possível que as habilidades motoras de uma criança apresentem diferentes estágios. Por exemplo, uma criança com cinco anos de idade cronológica foi avaliada pelo professor de Educação Física nas habilidades motoras de corrida e salto. Após a avaliação, o professor percebeu que, na habilidade de corrida, a criança se encontra no estágio maduro; e, na habilidade de saltar, a criança se encontra no estágio inicial. IMPORTANTE É importante que os professores de Educação Física conheçam sobre o desenvolvimento motor de forma que planejem suas aulas adequadas às fases e estágios em que seus alunos se encontram. Isto para evitar que as aulas de Educação Física apresentem exigências motoras abaixo do potencial dos alunos ou que apresentem exigências motoras elevadas ao potencial dos alunos.
  • 71. 61 RESUMO DO TÓPICO 1 Nesse tópico você viu que: ● O desenvolvimento motor é a alteração progressiva na capacidade motora de um indivíduo ao longo da vida, principalmente durante os primeiros anos. ● As principais mudanças no desenvolvimento motor ocorrem no início da infância. ● No processo de desenvolvimento ocorre a interação entre: o organismo, a tarefa e o ambiente. ● Apesar de ser um processo ordenado e sequencial, podem ocorrer variações na velocidade do desenvolvimento de um indivíduo para outro. ● Os movimentos são organizados em três categorias: manipulativas (manipulação motora rudimentar ou refinada), locomotoras (movimentos com mudança na localização do corpo relativamente a um ponto fino na superfície) ou estabilizadoras (movimento que requer algum grau de equilíbrio). ● O desenvolvimento motor está organizado em fases: reflexiva, fase rudimentar, fase fundamental e especializada. ● A fase motora reflexa (0 – 2 anos) é dividida em dois estágios: reflexos primitivos ou reflexos posturais. ● A fase motora rudimentar (0 – 2 anos) é dividida em dois estágios: de inibição de reflexos e de pré-controle. ● A fase motora fundamental (2 – 7 anos) é dividida em três estágios: inicial, elementar e maduro. ● A fase motora especializada (7 – 14 anos) é dividida em três estágios: transitório, de aplicação e de utilização permanente.
  • 72. 62 1 No que se refere aos assuntos relacionados ao desenvolvimento motor, leia atentamente as frases abaixo e assinale (V) para as verdadeira e (F) para as falsas. a) ( ) O desenvolvimento motor é um conjunto de alterações que ocorrem na capacidade motora de um indivíduo ao longo da vida, desde o momento da concepção até a morte. b) ( ) No desenvolvimento motor, as principais alterações na capacidade motora ocorrem durante os primeiros anos de vida. c) ( ) O processo de desenvolvimento motor é influenciado pela interação entre os seguintes elementos: o organismo, a tarefa, o ambiente e a hereditariedade. d) ( ) A sequência e a variação de velocidade do desenvolvimento motor infantil são idênticas entre meninos e meninas da mesma faixa etária. e) ( ) Em uma escola pública, todas as crianças da mesma turma apresentam as mesmas fases e estágios do desenvolvimento motor. f) ( ) Todos os movimentos são organizados em três categorias, sendo: manipulativas, locomotoras ou estabilizadoras. g) ( ) As fases do desenvolvimento motor são apenas: fase rudimentar, fase fundamental e especializada. h) ( ) O desenvolvimento motor é um processo que não acomete adultos e idosos. i) ( ) A fase motora rudimentar tem dois estágios: reflexos primitivos ou reflexos posturais. j) ( ) A fase motora fundamental (2 – 7 anos) é dividida em três estágios: inicial, elementar e maduro. 2 (Adaptado de ENADE, 2014) O desenvolvimento motor harmonioso da criança depende de alguns fatores distintos, dentre os quais se destacam as condições do ambiente para a prática, que englobam o aprendizado e o encorajamento. Embora relacionadas à idade, há numerosas variações entre crianças e entre os padrões de movimento no desempenho de tarefas motoras fundamentais. Considerando o texto apresentado, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas. I. A sequência de progressão no desenvolvimento motor ao longo dos estágios inicial, elementar e maduro é a mesma para a maioria das crianças, embora o ritmo varie, dependendo de fatores ambientais e hereditários. PORQUE II. Crianças na mesma faixa etária podem estar no estágio inicial em algumas tarefas motoras e, em outras, no estágio elementar ou no estágio maduro. AUTOATIVIDADE