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2018
Recursos Naturais,
Meio Ambiente e
Desenvolvimento
Prof.a
Regina Luiza Gouvea
Copyright © UNIASSELVI 2018
Elaboração:
Prof.a
Regina Luiza Gouvea
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
UNIASSELVI – Indaial.
G719r
Gouvea, Regina Luiza
Recursos naturais, meio ambiente e desenvolvimento.
/ Regina Luiza Gouvea – Indaial: UNIASSELVI, 2018.
226 p.; il.
ISBN 978-85-515-0183-2
1.Ecologia–Brasil.2.Recursosnaturais.II.CentroUniversitário
Leonardo Da Vinci.
CDD 577
III
Apresentação
Caro acadêmico!
A partir do estudo deste livro, você conhecerá os conceitos
fundamentais da ecologia e de ecossistemas e entenderá como os princípios
ecológicospodemseraplicadosnogerenciamentoderecursos. Vocêperceberá
que o desenvolvimento da sociedade implica a extração de produtos da
natureza e, consequentemente, na sua transformação.
Desta forma ficará mais claro porque a degradação do meio
ambiente, em prol do desenvolvimento, tem sido alvo de análise e
importantes debates. Entenderá que as consequências da degradação
ambiental apresentam efeitos negativos para a biodiversidade e para a
própria sociedade, decorrentes, entre outros fatores, da expansão urbana,
avanço da agropecuária sobre os biomas, assim como da geração de energia
e seus efeitos.
Mas existem alternativas para restaurar serviços ecossistêmicos,
especialmente no meio urbano, que abriga grande parte da população,
transformando paisagens degradadas em espaço de lazer. Isso está
relacionado com a quantidade, qualidade e variedade de recursos
disponíveis, também abordados neste estudo.
No que se refere à dinâmica demográfica e à relação sociedade/
natureza, você verá que existe uma versão mais moderna que reconhece
a existência de outros fatores na equação população/meio-ambiente/
desenvolvimento. A pressão demográfica, neste caso, não entraria como
determinante dos problemas ambientais, como um agravante.
No estudo focado na transformação de ecossistemas naturais em
centros urbanos, conhecerá o conceito de paisagem, entenderá como se dá
a organização das cidades e compreenderá a importância do planejamento
ambiental, além de conhecer a evolução da consciência ecológica e do
conceito de desenvolvimento sustentável.
Finalmente,vocêconheceráosavançosedesafiosdodesenvolvimento
sustentável no Brasil, a produção de alimentos e o desperdício, e poderá
refletir e compreender uma questão relevante para a sociedade atual: o
desejável e o possível. Assim, ficará mais clara outra questão abordada no
estudo deste livro: a questão dos limites.
Bom estudo!
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de
Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!
NOTA
V
VI
VII
UNIDADE 1 – RECURSOS NATURAIS E MEIO AMBIENTE....................................................... 1
TÓPICO 1 – ECOLOGIA E SISTEMAS ECOLÓGICOS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS.... 3
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 3
2 ECOLOGIA E ECOSSISTEMAS........................................................................................................ 3
2.1 UM BREVE HISTÓRICO E DEFINIÇÕES DE ECOLOGIA....................................................... 4
2.2 ECOSSISTEMAS............................................................................................................................... 7
2.3 TRABALHANDO COM O TEMA EM SALA DE AULA........................................................... 12
3 DEGRADAÇÃO DE HABITATS........................................................................................................ 13
3.1 CONSEQUÊNCIAS DAS ATIVIDADES HUMANAS................................................................ 14
3.2 DEGRADAÇÃO VIA CULTIVO AGRÍCOLA ............................................................................. 15
3.3 GERAÇÃO DE ENERGIA E SEUS EFEITOS................................................................................ 20
3.4 DEGRADAÇÃO EM PAISAGENS URBANAS E INDUSTRIAIS............................................. 26
3.5 MANUTENÇÃO E RESTAURAÇÃO DE SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS.............................. 28
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 38
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 39
TÓPICO 2 – RECURSOS AMBIENTAIS E NATURAIS................................................................... 41
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 41
2 AMBIENTE E MEIO AMBIENTE: DEFINIÇÃO............................................................................. 41
2.1 AMBIENTES TRANSFORMADOS................................................................................................ 43
3 QUANTIDADE, QUALIDADE E VARIEDADE DE RECURSOS DISPONÍVEIS................... 43
4 USO DOS RECURSOS NATURAIS.................................................................................................. 46
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 48
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 49
TÓPICO 3 – TRANSFORMAÇÃO DOS AMBIENTES NATURAIS.............................................. 51
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 51
2 A APROPRIAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO DA NATUREZA ..................................................... 51
3 CONFLITOS AMBIENTAIS................................................................................................................ 52
4 GERENCIAMENTO DOS RECURSOS NATURAIS..................................................................... 53
4.1 PROTEÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO............. 57
4.2 ECOCAPITALISMO......................................................................................................................... 61
5 PROTEÇÃO AMBIENTAL .................................................................................................................. 64
5.1 CONSERVAÇÃO EM UM MUNDO EM TRANSFORMAÇÃO................................................ 65
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 67
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 68
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 69
Sumário
VIII
UNIDADE 2 – ESPAÇO, SOCIEDADE E MEIO AMBIENTE.......................................................71
TÓPICO 1 – SOCIEDADE E MEIO AMBIENTE..............................................................................73
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................73
2 A DINÂMICA DEMOGRÁFICA E A RELAÇÃO SOCIEDADE-NATUREZA.......................73
2.1 TRANSFORMAÇÃO DE ECOSSISTEMAS NATURAIS EM CENTROS URBANOS..........78
2.2 PAISAGEM, ECOLOGIA E PLANEJAMENTO AMBIENTAL................................................85
2.2.1 Paisagem ................................................................................................................................85
2.2.2 A organização das cidades conforme a lógica capitalista................................................87
2.2.3 Planejamento ambiental e urbano.......................................................................................93
3 AS CIDADES E AS POLÍTICAS DE SUSTENTABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.............96
3.1 AS “ÁREAS VERDES” NO MEIO URBANO.............................................................................100
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................104
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................105
TÓPICO 2 – MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE ...........................................................107
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................107
2 CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA.........................................................................................................107
3 A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.....................113
4 OS DESAFIOS DA SUSTENTABILIDADE...................................................................................114
5 POLÍTICAS SOCIAIS E SUSTENTABILIDADE..........................................................................117
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................121
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................122
TÓPICO 3 – A QUESTÃO AMBIENTAL...........................................................................................123
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................123
2 O CRESCIMENTO DA PRODUÇÃO MATERIAL E O MEIO AMBIENTE............................123
2.1 EM BUSCA DO DESENVOLVIMENTO ....................................................................................127
3 HISTÓRICO DA QUESTÃO AMBIENTAL ..................................................................................130
3.1 OS MOVIMENTOS ECOLÓGICOS.............................................................................................130
4 QUESTÃO AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.....................................132
4.1 AVANÇOS E DESAFIOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NO BRASIL..........132
LEITURA COMPLEMENTAR..............................................................................................................136
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................139
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................140
UNIDADE 3 – MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO........................................................141
TÓPICO 1 – CRESCIMENTO, DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE...........................143
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................143
2 DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE................................................................................143
3 GEOGRAFIA DA RIQUEZA, FOME E MEIO AMBIENTE........................................................144
3.1 CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO.....................................................................................150
3.2 COMPATIBILIDADE ENTRE DESENVOLVIMENTO HUMANO E ECONÔMICO..........152
4 CONDIÇÕES BÁSICAS PARA UMA ECONOMIA ECOLÓGICA..........................................155
4.1 ECONOMIA ECOLÓGICA (EE)..................................................................................................158
4.2 O DESEJÁVEL E O POSSÍVEL: LIMITES.
...................................................................................159
5 AS DIMENSÕES SOCIAL E AMBIENTAL DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO .
SUSTENTÁVEL...................................................................................................................................167
5.1 DESENVOLVIMENTO (IN)SUSTENTÁVEL.............................................................................167
5. 2 A CRÍTICA AO DESENVOLVIMENTO (IN)SUSTENTÁVEL.
...............................................168
5.3 A RELAÇÃO ENTRE POBREZA E MEIO AMBIENTE............................................................170
IX
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................172
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................173
TÓPICO 2 – PRODUÇÃO DE ALIMENTOS E RECURSOS NATURAIS..................................177
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................177
2 PRODUÇÃO AGRÍCOLA MUNDIAL ...........................................................................................177
2.1 A REVOLUÇÃO VERDE...............................................................................................................178
3 O USO DA ÁGUA NA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS.............................................................182
4 PRODUÇÃO DE ALIMENTOS E O DESPERDÍCIO...................................................................183
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................186
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................187
TÓPICO 3 – AGRICULTURA E MEIO AMBIENTE........................................................................189
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................189
2 O ATUAL MODELO AGRÍCOLA....................................................................................................189
2.1 OS IMPASSES POLÍTICOS E AMBIENTAIS DESSE MODELO AGRÁRIO-AGRÍCOLA...193
3 EXPANSÃO RECENTE DO AGRONEGÓCIO NOS CERRADOS BRASILEIROS...............194
4 OS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS DO AGRONEGÓCIO NO NORTE E
CENTRO-OESTE BRASILEIRO.......................................................................................................195
5 AGROECOLOGIA...............................................................................................................................196
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................201
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................202
TÓPICO 4 – RECURSOS NATURAIS E AS FONTES ENERGÉTICAS......................................203
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................203
2 AS FORMAS E TRANSFORMAÇÃO DE ENERGIA...................................................................203
3 FONTES DE ENERGIA E MEIO AMBIENTE................................................................................205
4 ENERGIA HIDRELÉTRICA..............................................................................................................207
5 ENERGIA E DESENVOLVIMENTO...............................................................................................208
LEITURA COMPLEMENTAR..............................................................................................................211
RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................212
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................213
REFERÊNCIAS........................................................................................................................................215
X
1
A partir desta unidade, você será capaz de:
•	 conhecer os conceitos de ecologia e compreender que os princípios
ecológicos podem ser aplicados ao gerenciamento de recursos;
•	 conhecer as consequências das atividades humanas para os hábitats,
decorrentes dos cultivos agrícolas, geração de energia, transformação
em paisagens naturais em paisagens urbanas e industriais, assim como
compreender a importância da manutenção e restauração de serviços
ecossistêmicos;
•	 conhecer os quantidade, qualidade e variedade e uso de recursos
disponíveis, assim como a diferença de recursos naturais renováveis e não
renováveis e subdivisões dos recursos não renováveis em energéticos e
não energéticos.
UNIDADE 1
RECURSOS NATURAIS E MEIO
AMBIENTE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. Em cada um deles, você encontrará
atividades que o auxiliarão a fixar os conhecimentos abordados.
TÓPICO 1	–	ECOLOGIA E SISTEMAS ECOLÓGICOS: CONCEITOS
FUNDAMENTAIS
TÓPICO 2	–	RECURSOS AMBIENTAIS E NATURAIS
TÓPICO 3	–	TRANSFORMAÇÃO DOS AMBIENTES NATURAIS
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
ECOLOGIA E SISTEMAS ECOLÓGICOS: CONCEITOS
FUNDAMENTAIS
1 INTRODUÇÃO
Olá, acadêmico!
Neste capítulo, você conhecerá alguns conceitos e fundamentos da
ecologia, ciência bem marcada no campo da biologia, mas primordial para a
compreensão dos aspectos teórico-conceituais e na interpretação dos ambientes
e suas interações.
Dessa forma, é um estudo de interesse em muitas áreas do conhecimento.
A Educação Ambiental, por exemplo, importa da ecologia uma série de conceitos
primordiais ao entendimento das relações no ambiente.
Apesar de não ser uma ciência ambiental, é uma ciência que estuda
o ambiente. Por esta razão, nesta unidade, trataremos de temas ambientais
aplicadas à ecologia, mas, antes disso, veremos um breve histórico e algumas
definições de ecologia.
2 ECOLOGIA E ECOSSISTEMAS
Neste tópico, você conhecerá um breve histórico da ecologia e algumas de
suas definições, sendo a primeira feita pelo discípulo de Charles Darwin, Ernst
Haeckel, em 1869 e, posteriormente, conhecerá o conceito de ecossistema, descrito
por Odum e Barrett (2007), segundo sua estrutura trófica.
UNIDADE 1 | RECURSOS NATURAIS E MEIO AMBIENTE
4
2.1 UM BREVE HISTÓRICO E DEFINIÇÕES DE ECOLOGIA
A primeira definição de ecologia foi feita pelo discípulo de Charles
Darwin, Ernst Haeckel, em 1869, definindo-a como “o estudo do ambiente
natural, inclusive das relações dos organismos entre si e com seus arredores”
(HAECLEL, 1869, apud ODUM; BARRET, 2007). É possível que você tenha ouvido
ou tenha lido que a palavra ecologia deriva do grego “oikos”, que significa “casa”,
e logos, que significa estudo, ou seja, é o “estudo da casa”. É nesse ambiente em
que vivemos. Ele é comum a todos. É onde os seres se relacionam entre si e com
o meio em que vivem. Portanto, não nos parece exagero que haja uma grande
preocupação quanto ao nosso modo de vida, como as relações entre os seres se
estabelecem e como interagimos com o meio ambiente.
Segundo Townsend, Begon e Harper (2009), pela definição do termo, a
ecologia pode pleitear o posto de ciência mais antiga. Mas, por quê? Os autores
consideram que a ecologia estuda a distribuição e abundância de organismos e
das interações que as determinam, supondo que os humanos primitivos devem ter
sido ecólogos ecléticos. Isso se justifica pelo fato de se guiarem pela necessidade
de compreender a localização dos seus alimentos e de seus inimigos humanos.
Precisavam manejar suas fontes de alimentos vivas e domesticadas. Portanto, os
autores acreditam que estes primeiros ecólogos foram ecólogos aplicados, por
procurarem entender a distribuição e abundância de organismos para o benefício
coletivo e por apresentarem interesse nos tipos de problemas nos quais os ecólogos
aplicados ainda estão interessados, como o aumento da taxa de alimento colhido
de ambientes naturais; tratamento e estoque de plantas e animais domesticados;
proteção dos organismos que são fontes de alimentos dos seus inimigos naturais
e controle de patógenos e parasitas no nosso meio.
Polinarski, Dalzotto e Nunes (2010), ao abordarem a ascensão da ecologia
como área de estudos para a biologia, traçam o histórico da ecologia desde a antiga
Grécia até a Idade Moderna. Segundo os autores, na Grécia antiga, os naturalistas
da época ou aqueles que trabalhavam com a história natural desenvolveram ideias
e princípios ecológicos sem usar um termo específico; no Período Renascentista,
época em que os trabalhos desenvolvidos pelos naturalistas eram separados
em Ecologia Vegetal e Ecologia Animal, diversos trabalhos foram realizados no
campo da ecologia, porém, sem empregar o termo como campo de estudo; na
Idade Moderna surgiram muitos trabalhos no campo da ecologia, ainda que
influenciados pela visão aristotélica finalista e divina, com os cientistas Carl von
Lineu, Charles Lyell e Charles Robert Darwin.
É do nosso conhecimento que Charles Darwin foi quem propôs a teoria
da evolução das espécies baseada na influência das relações entre organismos.
Contudo,cabelembrarqueobiólogoalemãoErnstHeinrichHaeckeléconsiderado
o “pai da ecologia”. Ainda assim, embora seja creditado o uso do termo ecologia
(Oekologie, em alemão) a Ernst Haeckel, em 1866, segundo Polinarski, Dalzotto e
Nunes(2010),otermojáhaviasidoutilizadoantesdeHaeckel.Osautoresressaltam
TÓPICO 1 | ECOLOGIA E SISTEMAS ECOLÓGICOS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS
5
que os trabalhos dos mencionados autores contribuíram para a formação da área
da ecologia, porém o primeiro livro a ser publicado com estudos ecológicos foi do
dinamarquês Johann Eugen Bülow Warming. Warming afirmava que o impulso
da evolução estava nas alterações das condições climáticas e edáficas da vida
das plantas, distanciando da doutrina darwiniana, a qual afirma que a evolução
ocorre com a modificação dos descendentes (POLINARSKI; DALZOTTO;
NUNES, 2010).
Já que estamos conhecendo os conceitos básicos de ecologia e seus
fundadores, não podemos deixar de mencionar outros importantes nomes
da ecologia, como Tansley e F. E. Clements. Tansley foi um dos fundadores
da ecologia. Segundo Townsend, Begon e Harper (2010), Tansley tinha uma
preocupação com a forte tendência que ela se apresentava a permanecer no estágio
descritivo e não sistemático, pensamento expresso em 1904 quando escreveu “Os
problemas da ecologia”. Clements, outro fundador da ecologia, por sua vez,
acolheu a apreensão de Tansley, lamentando-se em seu “Método de Pesquisa em
Ecologia”, em 1905, sobre o sentimento difundido de que qualquer um poderia
realizar o trabalho ecológico, independentemente de preparação. Townsend,
Begon e Harper (2010) asseguram que a ecologia não é uma ciência fácil, pois
possui sutilezas e complexidades específicas, com milhares de espécies diferentes
e bilhares de indivíduos geneticamente diferenciados, interagindo em um mundo
variado e sempre em transformação. Essa interação entre os diversos elementos
da natureza faz com que as intervenções no meio sejam muito cuidadosas.
O quadro a seguir apresenta algumas definições de ecologia. Cabe ressaltar
que nos anos seguintes a Haeckel, a ecologia vegetal e a animal passaram a ser
tratadas separadamente, razão pela qual alguns conceitos apresentados são mais
específicos e, portanto, com foco em uma ou outra.
QUADRO 1- DEFINIÇÕES DE ECOLOGIA
Definição Autor (ano)
“A ciência que se ocupa das relações externas de plantas e animais entre
si e com as condições passadas e presentes de suas existências”.
Burdon-Sanderson
(1893)
“Aquelas relações de plantas, com seu entorno e entre elas, que
dependem diretamente de diferenças de hábitats entre plantas”.
Tansley (1904)
Ciência “principalmente relacionada com o que pode ser chamado
de sociologia e economia de animais, e não com a estrutura e outras
adaptações que eles apresentam”.
Elton (1927)
“O estudo científico da distribuição e abundância de organismos”. Andrewartha (1961)
“O estudo científico das interações que determinam a distribuição e
abundâncias de organismos”.
Krebs (1972)
“O estudo do ambiente natural, particularmente as relações entre
organismos e suas adjacências”.
Ricklefs (1973)
FONTE: Adaptado de Townsend, Begon e Harper (2010)
UNIDADE 1 | RECURSOS NATURAIS E MEIO AMBIENTE
6
Na obra de Odum e Barrett (2015), “Fundamentos de Ecologia”, onde
você poderá aprender como os princípios ecológicos podem ser aplicados no
gerenciamento de recursos, recebe destaque o fato de que a “casa ambiental”
inclui todos os organismos que nela habitam, assim como os processos funcionais
que a tornam habitável. Os autores apontam que a palavra economia, assim como
ecologia, também deriva de oikos e que nomia significa gerenciamento. Portanto, o
termo economia se traduz por “gerenciamento doméstico”.
Odum e Barrett (2015) afirmam que muitos veem ecólogos e economistas
como adversários, mas estas disciplinas deveriam estar relacionadas, o que
não parece difícil de ser confirmado. Afirmam ainda que devido às conquistas
tecnológicas,ohomempodeacreditarquedependemenosdoambientenaturalpara
suas necessidades diárias e se esquece da sua dependência contínua da natureza
em termos de ar, água e, de forma indireta, de alimento e mesmo da assimilação
de resíduos, recreação e muitos outros serviços fornecidos pelo meio ambiente.
Bem lembrado pelos autores, os sistemas econômicos, seja qual for a ideologia
política, atribuem valores às coisas feitas pelo homem, favorecendo primeiramente
o indivíduo, mas atribuem pouco valor monetário aos bens e serviços da natureza,
pois tendem a considerar com normalidade os bens e serviços originários pela
natureza, acreditando que sejam repostos por inovações tecnológicas.
Veremos ainda, nesta unidade, que não funciona dessa forma. Embora
algumas inovações sejam empregadas a favor do meio ambiente, contribuindo
para a sustentabilidade ambiental, não são capazes de repor os recursos extraídos
da natureza. Dentre as tecnologias que proporcionam ou proporcionarão
diversos benefícios para a humanidade estão a tecnologia da informação, que
evita deslocamentos e, consequentemente, redução de CO2; a energia solar, que
reduz a agressão ao meio ambiente, como a queima dos combustíveis fósseis; os
biocombustíveis, por serem uma fonte renovável de energia e reduzir as emissões
de CO2; e tratamento de água, usada na potabilidade de águas residuais.
Agora que conhecemos a história da ecologia, trataremos do conceito
de ecossistema, que é a unidade principal do estudo da ecologia. Logo depois,
abordaremos sobre a degradação de habitats, tema que recebeu uma ampla cobertura
durante a década de 1970, quando surge a busca pela proteção da natureza.	
UNI
Caro acadêmico! Para conhecer mais sobre o desenvolvimento de uma nova
disciplina interfacial, a economia ecológica, consulte o livro “Fundamentos de ecologia”, de
Odum e Barrett (2007), referenciado nesta unidade. Boa leitura!
TÓPICO 1 | ECOLOGIA E SISTEMAS ECOLÓGICOS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS
7
2.2 ECOSSISTEMAS
De acordo com Odum e Barrett (2007), sistema ecológico ou ecossistema
é qualquer unidade que abrange a comunidade biótica em uma determinada
área interagindo com o ambiente físico, de forma que “um fluxo de energia leve a
estruturas bióticas claramente definidas e à ciclagem de materiais entre componentes
vivosenãovivos”.Completamaindaqueumecossistemaéumaunidadedeentradas
e saídas, com fronteiras que podem ser naturais ou arbitrárias. É um sistema aberto
e, como mencionado anteriormente, trata-se de um sistema complexo. Devido à sua
complexidade, os autores ressaltam que abordagens econômicas e tecnológicas em
curto prazo se mostram como um desafio para o futuro e que a sociedade moderna
urbano-industrial afeta os sistemas naturais e tem criado um arranjo novo chamado
de “tecnoecossistema dominado pelos homens”.
Para melhor compreender o conceito de ecossistema, Odum e Barrett
(2015) descrevem-no segundo sua estrutura trófica (níveis alimentares pelos
quais ocorrem processos que possibilitam o transporte de energia e matéria num
ecossistema.A pirâmide com os diferentes níveis tróficos encontra-se na Figura 3).
Assim, o ecossistema apresenta duas camadas: o estrato autotrófico ou “cinturão
verde”, na camada superior, no qual predomina a fixação de energia, o uso de
substâncias inorgânicas simples e construção de substância orgânicas complexas;
e o estrato heterotrófico ou “cinturão marrom”, composto de solos e sedimentos,
matéria em decomposição, raízes e outros, no qual predominam o uso, o rearranjo
e a decomposição dos materiais complexos. Os autores destacam que convém
reconhecer como constituintes do ecossistema os seguintes componentes:
•	 substâncias inorgânicas, envolvidas nos ciclos dos materiais;
•	 compostos orgânicos, que ligam os componentes bióticos e abióticos;
•	 ambiente de ar, água e substrato, compreendendo o clima e outros fatores
físicos;
•	 produtores (organismos autotróficos), plantas verdes, na maioria, capazes de
produzir alimentos de substâncias inorgânicas simples;
•	 fagótrofos (organismos heterotróficos), sobretudo animais que ingerem outros
organismos ou matéria orgânica particulada; e
•	 sapótrofos (organismos heterotróficos), especialmente bactérias e fungos, que
obtêm energia decompondo tecidos mortos ou absorvendo matéria orgânica
dissolvida.
Cabe lembrar que conhecer os constituintes do ecossistema é essencial
para conhecermos seu funcionamento e também compreendermos o nosso
papel nesta dinâmica. Dessa forma, podemos refletir sobre os efeitos de nossas
intervenções e adotarmos posturas que importam a essa questão tão debatida e
relevante para a humanidade.
Agora vamos analisar algumas imagens e informações sobre a intervenção
humana nos biomas brasileiros e suas implicações.
UNIDADE 1 | RECURSOS NATURAIS E MEIO AMBIENTE
8
UNI
Caro acadêmico! Para ampliar seus conhecimentos sobre este novo arranjo
criado pela sociedade moderna, o tecnossistema, assim como a classificação dos
ecossistemas baseada na energia, em biomas e nos tipos de ecossistema global, consulte
a obra de Odum e Barrett (2015). Além destes assuntos, você ainda poderá conhecer o
desenvolvimento dos ecossistemas. Bom estudo!
Para termos uma ideia dos efeitos da interferência do homem no meio
ambiente na contemporaneidade, vejamos de forma sucinta o que o Ministério do
Meio Ambiente relata sobre efeitos da intervenção humana para a biodiversidade.
Assim, também podemos nos colocar na posição de agente de mudanças, mas
também aquele que sofre os efeitos das mudanças.
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), a degradação
biótica pela qual o planeta passa tem suas raízes na condição humana
contemporânea, agravada pelo crescimento da população humana e pela má
distribuição de renda. Aspectos sociais, econômicos, culturais e científicos estão
envolvidos na perda da diversidade biológica.
Para o MMA, em anos recentes, a intervenção humana em habitats
que eram estáveis aumentou expressivamente, ocasionando perdas maiores
de biodiversidade. Dentre elas, a ocupação de biomas em diferentes escalas e
velocidades, a devastação de extensas áreas de vegetação nativa no Cerrado
do Brasil Central, na Caatinga e na Mata Atlântica, e para desenvolver uma
abordagem equilibrada entre conservação e uso sustentável da diversidade
biológica, atendendo ao modo de vida das populações locais, é necessário que
sejam conhecidos os estoques dos vários hábitats naturais, assim como daqueles
que foram modificados.
Um exemplo que costuma ser usado para retratar este tipo de degradação
é resultado das pressões da ocupação humana na zona costeira, no bioma Mata
Atlântica, que ficou reduzida a aproximadamente 7% de sua vegetação original.
Na periferia da cidade do Rio de Janeiro existem áreas com mais de 500 espécies de
plantas por hectare, incluindo árvores de grande porte, ainda não descritas pela
ciência. Então, quais são os processos responsáveis pela perda de biodiversidade?
Para o Ministério do Meio Ambiente, os principais processos são:
•	 perda e fragmentação dos habitats;
•	 introdução de espécies e doenças exóticas;
•	 exploração excessiva de espécies de plantas e animais;
•	 uso de híbridos e monoculturas na agroindústria e nos programas
de reflorestamento;
•	 contaminação do solo, da água e atmosfera por poluentes;
•	 e mudanças climáticas.
TÓPICO 1 | ECOLOGIA E SISTEMAS ECOLÓGICOS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS
9
UNI
Dados mais recentes do Atlas da Mata Atlântica, referentes ao período de
2015 a 2016, apontam o desmatamento de 29.075 hectares (ha), ou 290 km2, nos 17
Estados do bioma Mata Atlântica. O que representou um aumento de 57,7% em relação ao
período de 2014-2015, referente a 18.433 ha, e um retrocesso, tendo em vista no período
de 2005 a 2008 a destruição foi de 102.938 há (SOS, 2017). Para acompanhar a evolução
do desmatamento neste bioma, acesse <https://www.sosma.org.br/projeto/atlas-da-mata-
atlantica/dados-mais-recentes/>. Neste site, você terá acesso a dados mais recentes sobre
os remanescentes florestais da Mata Atlântica.
AFigura1apresentaomapadosremanescentesflorestaisdaMataAtlântica
e veja quais são os estados brasileiros que mais desmataram, comparando os
mapas da mata original com os remanescentes de 2008-2010.
FIGURA 1 - MAPA DOS REMANESCENTES FLORESTAIS DA MATA ATLÂNTICA
FONTE: Disponível em: <http://riosvivos.org.br/a/Noticia/Atlas+dos+Remanescentes+Florestais+
da+Mata+Atlantica+/15676>. Acesso em: 23 jul. 2017.
Eis dados parciais do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata
Atlântica para o período de 2008-2010, que foi divulgado pela Fundação SOS
Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE. Segundo
pesquisadores, no período de 2008 a 2010, foram desmatados em torno de 20.867
hectares de cobertura florestal nativa, o que foi comparado à metade do município
de Curitiba. O estudo também apresentou os mapas atualizados para nove dos 17
Estados ocupados pela Mata Atlântica: GO, ES, MG, MS, PR, RJ, RS, SC e SP, além
da avaliação do período dos municípios destes nove estados.
UNIDADE 1 | RECURSOS NATURAIS E MEIO AMBIENTE
10
A avaliação para o período de 2008-2010 mostra que são necessárias
políticas públicas que incentivem a conservação e a fiscalização, atuando de
maneira mais efetiva para garantir a manutenção da floresta e, consequentemente,
dos serviços ambientais para as pessoas que dependem de seus recursos naturais.
Vamos ver quais são os campeões em desmatamento segundo o estudo? A
partir daí também podemos pensar em projetos e práticas para o bioma em questão.
Minas Gerais
Possuía originalmente 46% do seu território (ou 27.235.854 ha) cobertos
pelo bioma Mata Atlântica. Agora restam apenas 9,64% do bioma, ou 2.624.626
hectares, no Estado. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, Minas Gerais teve
80% de sua área avaliada, o que pode levar o número de desmatamento a ser
ainda maior. 
Paraná
Houve uma redução da taxa anual de desmatamento em 19%, de 3.326
hectares no período de 2005-2008, para 2.699 hectares no período de 2008-2010.
O estado possuía 98% de seu território (ou 19.667.485 hectares) no Bioma Mata
Atlântica, reduzido para 10,52% (2.068.985 hectares). De acordo com a instituição,
90% da Mata Atlântica nativa no Estado foi avaliada. 
Santa Catarina
Reduziu a taxa de desmatamento em 75%, de 8.651 hectares, o
desflorestamento caiu para 2.149 hectares. Importante destacar que Santa Catarina
está inserido 100% no bioma Mata Atlântica (9.591.012 hectares), restando hoje
apenas 23,37%, ou 2.241.209 hectares.
Rio Grande do Sul
Aumentou a taxa de desmatamento anual, desflorestando 83% a mais. A
taxa, de 1.039 hectares/ano no período de 2005-2008, passou para 1.897 hectares.
O Estado tinha 48% do seu território (ou 13.759.380 hectares) no bioma, restando
hoje apenas 7,31% (1.006.247 hectares).
Os pesquisadores concluem que Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e
São Paulo são áreas críticas para a Mata Atlântica, pois são os estados que mais
possuem remanescentes florestais em seus territórios e apresentaram grandes
desmatamentos em números absolutos. Os pesquisadores envolvidos no estudo
ressaltam que, no caso de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul, é necessária
atuação firme por parte dos governos federal e estaduais, acompanhados de
perto pela sociedade, para reduzir e até zerar estes números. A proposta indicada
TÓPICO 1 | ECOLOGIA E SISTEMAS ECOLÓGICOS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS
11
no estudo inclui o desenvolvimento de políticas públicas para valorizar a floresta
e que sejam capazes de promover o desenvolvimento de negócios aliados à
conservação, por exemplo, o turismo sustentável, além do investimento em
educação ambiental.  
Observe os mapas (Figura 2) e compare a área original do Cerrado com a
vegetação remanescente até o final de 2008. O que você percebe ao analisar os mapas?
FIGURA 2 - ÁREA ORIGINAL E REMANESCENTES DO BIOMA CERRADO ATÉ 2008
FONTE: Disponível em: <http://institutocerradoesociedade.blogspot.com.br/2011/11/o-grau-de-
protecao-do-cerrado.html>. Acesso em: 24 jul. 2017.
Área Original do Bioma Cerrado
Área Original do Bioma Cerrado (IBGE)
Remanescentes do Bioma Cerrado
Remanescentes até 2008 (CSR -IBAMA) Elaborado pelo:
Escala 1:50.000.000
Km
3.000
1.500
750
0
Dados atualizados podem ser obtidos acessando o site <https://www.sosma.
org.br/tag/inpe/>. Neste site, você terá acesso a artigos, notícias, calendários de eventos e
divulgação de dados sobre o tema. Não deixe de consultar. Bom estudo!
ATENCAO
UNIDADE 1 | RECURSOS NATURAIS E MEIO AMBIENTE
12
Em 2007, o Ministério do Meio Ambiente elaborou o mapa das Unidades
de Conservação e Terras Indígenas dos biomas Cerrado e Pantanal, com a
finalidade de disponibilizar informações que apoiem a conservação dos biomas.
A partir deste estudo foi observado que o Cerrado é pouco protegido.
Apenas 6,82% do bioma era protegido por Unidades de Conservação (UCs), até o
ano de 2007 e que a fragmentação da paisagem, ocasionada em grande parte pela
agropecuária, isola as unidades de conservação e remanescentes, dificultando o
fluxo genético, muito importante para a manutenção da biodiversidade.
Foi observado que apenas 2,76% são Unidades de Conservação de
Proteção Integral, que objetivam preservar a natureza, permitindo somente o
uso indireto dos recursos. Quanto ao percentual restante, são áreas protegidas
(4,04%) UCs de uso sustentável, que admitem compatibilizar o uso dos recursos
com a conservação.
Do total de área protegida no Cerrado, 56% são Áreas de Proteção
Ambiental (APA), uma categoria de UCs de uso sustentável, que assegura o
uso sustentável de recursos naturais e disciplina a ocupação do solo. De acordo
com o estudo, isso ocorre teoricamente, pois, na prática, tem se mostrado um
instrumento muito mais político que conservacionista, já que na maioria das
vezes é criada apenas no papel.
Quanto às terras indígenas, provam ser territórios importantes para a
conservação de remanescentes de Cerrado, embora não sejam categorias de UCs,
e sim vinculadas à FUNAI.
IMPORTANTE
Para conhecer mais sobre o uso e cobertura do solo no Cerrado, consulte o
Mapeamento do Uso e Cobertura da Terra no Cerrado – Projeto Terra Class 2013. Brasília:
2015. Nesta obra, você compreenderá o processo de ocupação deste bioma, as políticas
públicas e ações relacionadas ao monitoramento da cobertura e do uso das terras no
Cerrado, os objetivos do TerraClass Cerrado, entre outros.
2.3 TRABALHANDO COM O TEMA EM SALA DE AULA
Para o acadêmico que aplicará seus conhecimentos em sala de aula
como docente, no Portal do Professor você tem acesso a aulas produzidas por
profissionais da educação que podem ser replicadas ou mesmo servir como
inspiração para novas produções.
TÓPICO 1 | ECOLOGIA E SISTEMAS ECOLÓGICOS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS
13
IMPORTANTE
Além das informações referentes aos inúmeros sites com atividades lúdicas, é
importante que você saiba que o guia de mídia apresenta uma lista de sites de ecologia e
meio ambiente. Consulte o guia no endereço eletrônico <https://www.guiademidia.com.br/
sites/ecologia.htm> e torne suas aulas ainda mais interessantes. Bom estudo!
No Portal do Professor, você tem acesso a diversos planos de aula que
envolvem o estudo da Ecologia que podem ser aplicados nas Séries Iniciais do
Ensino Fundamental, Ensino Médio, Educação de Jovens e Adultos, incluindo
práticas, problematização, atividades. Quanto ao componente curricular, incluem
as disciplinas de Geografia, Biologia, Química, Ética e temastransversais.Os temas
das aulas são dos mais diversos, incluindo sociedade e meio ambiente, respeito
mútuo, identidade dos seres vivos, ecologia e ciências ambientais, qualidade de
vida das populações humanas, ecologia e ciências ambientais, água, entre outros.
Os endereços dos sites consultados foram referenciados no final da unidade.
Além do Portal da Educação há inúmeros sites lúdicos que podem ser
empregados para tornar a aula mais dinâmica e interessante. Os sites incluem jogos e
atividades educativas, inclusive jogos de sustentabilidade. Dessa forma, os alunos se motivam
e aprendem brincando.
Os sites são: <http://www.jogos-geograficos.com/>; <http://www.sogeografia.com.br/Jogo
s/; https://online.seterra.com/pt>; <http://www.geoensino.net/2011/06/teste.html; http://
www.atividadeseducativas.com.br/index.php?id=3496>; <http://www.sustentabilidades.
com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=35&Itemid=66>.
ATENCAO
3 DEGRADAÇÃO DE HABITATS
O desenvolvimento da sociedade implica a extração de produtos da
natureza e, consequentemente, na sua transformação. Nas áreas urbanas
observamos essa transformação de forma mais visível à medida que áreas
vegetadas são substituídas por áreas concretadas. Esta transformação ocorrida
no meio urbano deu origem a uma nova paisagem, que ficou conhecida como
“selva de pedra”.
UNIDADE 1 | RECURSOS NATURAIS E MEIO AMBIENTE
14
Dessaforma,adegradaçãodomeioambiente,emproldodesenvolvimento,
tem sido alvo de análise e importantes debates. Importante também destacar
que os seres humanos não são os únicos a degradar o ambiente. Outros seres
também degradam o meio ambiente, pois extraem recursos da natureza para
sobreviver. Contudo, a escala de degradação leva a uma preocupação quanto
aos efeitos destas alterações feitas pelo homem. Vamos conhecer algumas destas
consequências para os habitats.
3.1 CONSEQUÊNCIAS DAS ATIVIDADES HUMANAS
Alguns estudiosos costumam chamar a atenção para os efeitos do
crescimento populacional sobre o meio ambiente e, consequentemente, para o
bem-estar do próprio homem. Poderíamos tirar algumas conclusões do avanço
da agropecuária sobre os diversos biomas brasileiros, com base nas informações
apresentadas anteriormente nos mapas de remanescentes de vegetação nativa.
Também poderíamos nos propor a analisar os efeitos deste avanço nas localidades
onde vivemos. Mas antes disso, vamos conhecer a preocupação dos ecólogos e
biólogos e, dessa forma, compreender que a ocupação de áreas de mata original
pelo homem traz benefícios, mas também acarreta efeitos negativos para a
biodiversidade e para a própria sociedade. Assim, podemos ter uma boa noção da
dinâmica dos ecossistemas e mais elementos para descrevermos as consequências
das intervenções humanas para o meio ambiente.
Ecólogos e biólogos se preocupam com a taxa de extinção das espécies
resultante da ação humana, enquanto profissionais de diferentes áreas do
conhecimento incluem ao debate as causas e efeitos da degradação física e
química dos hábitats (TOWNSEND; BEGON; HARPER, 2010). Dessa forma,
os autores ressaltam que a degradação do meio físico inclui a perda de solo e
desertificação causada pela agricultura intensiva, mudanças na descarga dos
rios, devido ao represamento de água para a geração de energia hidrelétrica ou
da sua retirada para a irrigação de lavouras. Quanto à degradação química dos
habitats, o uso de pesticidas aplicados na terra gera bastante preocupação, pois se
encaminham para locais inesperados, passando pelas cadeias alimentares. O uso
excessivo de fertilizantes nitrogenados nos solos que escoam para os rios, lagos e
oceanos, também gera preocupação devido ao aumento nos níveis de nitrato que
destroem os processos ecossistêmicos. Via atmosfera, há os efeitos da chuva ácida
e incremento de gases de efeito estufa. Os autores lastimam que o custo de nossas
atividades pode corresponder aos “serviços ecossistêmicos”, perdidos quando os
habitats são degradados.
Por esta razão, detalharemos um pouco sobre as vias de degradação do
meio ambiente, tendo como base, principalmente, a obra de Townsend, Begon e
Harper (2010).
TÓPICO 1 | ECOLOGIA E SISTEMAS ECOLÓGICOS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS
15
3.2 DEGRADAÇÃO VIA CULTIVO AGRÍCOLA
Caro acadêmico! Foi conferida maior atenção a este item devido aos
efeitos na qualidade da água, no solo e, consequentemente, para os organismos
vivos, incluindo o homem.
Através de informações da mídia e participação em conferências, fóruns,
oficinas etc., é possível observar a importância atribuída ao debate e estudos sobre
a qualidade da água e do solo para os seres vivos. Townsend, Begon e Harper
(2010) destacam que a qualidade da água pode ser afetada pelas alterações que
têm ocorrido em função dos usos em uma bacia hidrográfica e que, quanto maior
a população, maior a demanda por alimentos e outros produtos e maior a pressão
sobre os recursos naturais. Além disso, é primordial atentar para a necessidade
de um descarte apropriado da produção de resíduos. Os autores acentuam que,
no caso dos resíduos da pecuária, os excrementos das aves confinadas podem ser
transformados em um ótimo fertilizante para jardins e lavouras, com a vantagem
de ser inócuo. Quanto aos resíduos suínos, segundo Lindner (1999), a capacidade
poluente de dejetos suínos equivale, em média, a 3,5 pessoas. No início do século
XXI, publicações da Embrapa já indicavam que em diversos países os efluentes
originários da produção animal já eram a principal fonte de poluição dos recursos
hídricos, superando a poluição industrial, e que restrições legais procuram
inviabilizar o descarte nos cursos d’água. Algumas práticas de manejo destes
resíduos incluem o retorno do material na forma de compostos semissólidos ou
como biofertilizantes líquidos. Uma análise econômica da geração de energia
elétrica a partir do biogás na suinocultura em Santa Catarina foi realizada por
Martins e Oliveira (2011). Para os autores, o uso de dejetos suínos como fertilizante
orgânico fica limitado, tendo em vista que a produção de suínos no estado é
realizada em pequenas e médias propriedades, com topografia acidentada.
Townsend, Begon e Harper (2010) evidenciam que práticas agrícolas
envolvem o uso de fertilizantes obtidos através da mineração de nitrato de
potássio ou de excremento animal. Contudo, frisam que a maior parte vem do
processo industrial de fixação do nitrogênio, no qual o nitrogênio é combinado
com o hidrogênio para formar amônia e, posteriormente, nitrato. Além dos
processos mencionados, os autores salientam que o nitrogênio fixado por culturas
leguminosas, como alfafa, trevo, ervilhas e feijões, soma-se aos nitratos levados
pela água. Para a saúde, destacam que o excesso de nitrato na água pode ser uma
ameaça, pois pode contribuir para a formação de nitrosaminas carcinogênicas e
redução de capacidade de transporte de oxigênio do sangue em crianças. O aporte
excessivo de nutrientes de nitrogênio e fósforo da agricultura e dejetos humanos
levam à alteração das condições oligotróficas para eutróficas e que grandes “zonas
mortas” têm sido observadas próximas às desembocaduras de rios em função deste
aporte de nutrientes. Isso decorre do escoamento de água rica em nutrientes para
riachos, rios e lagos, chegando aos estuários e oceanos, onde as consequências
UNIDADE 1 | RECURSOS NATURAIS E MEIO AMBIENTE
16
ecológicas podem ser grandes (TOWNSEND; BEGON; HARPER, 2010). Os autores
salientam que zonas mortas oceânicas estão associadas a nações industrializadas e,
de modo geral, ocorrem junto a países que subsidiam a agricultura, encorajando
os produtores rurais a aumentarem a produtividade e usarem mais fertilizantes.
De acordo com Flores et al. (2004), dos compostos usados em grande escala na
agricultura, encontram-se os organoclorados, os organofosforados, carbamatos,
piretroides e muitos derivados de triazinas, entre outros.
Condições oligotróficas referem-se aos corpos de água nos quais não ocorrem
intervenções indesejáveis sobre os usos da água, e condições eutróficas são aquelas em que
se observa uma alta produtividade nos corpos de água em relação às condições naturais,
decorrentes, de modo geral, pelas atividades humanas. Ou seja, a eutrofização de cursos
d'água resulta em um aumento de nutrientes primordial para o fitoplâncton (algas) e plantas
aquáticas superiores, principalmente nitrogênio, fósforo, potássio, carbono e ferro.
ATENCAO
Como mencionado anteriormente, o aumento da demanda por alimentos
culmina no aumento da poluição ambiental. Segundo Flores et al. (2004), a
história da humanidade é marcada por prejuízos causados por pragas agrícolas,
como o ocorrido na Irlanda por volta de 1845, quando milhares de pessoas
morreram de fome em consequência da requeima da batata, que destruiu os
batatais daquela região, e da devastação da cultura de cacau pela vassoura-de-
bruxa no sul da Bahia, ocasionando problemas econômicos e sociais e ecológicos,
como a destruição de partes da Mata Atlântica. Townsend, Begon e Harper (2010)
enfatizam que, embora o controle de pragas tenha reduzido doenças para homens
e animais e incrementado a produção agrícola, o uso de pesticidas pulverizados
para eliminação de pragas tornou-se um poluente ambiental devido à toxicidade
para espécies diferentes das espécies alvos e por se deslocarem para áreas
diferentes da região de interesse e por persistirem no ambiente além do tempo
esperado, afetando o ecossistema.
Flores et al. (2004) apontam como causa das consequências negativas a
aplicação desmedida de pesticidas, ocasionando o desaparecimento de algumas
espécies de insetos úteis e aparição de novas pragas e a resistência de muitas
espécies de insetos a certos inseticidas, levando à busca de novos produtos. Sem
contarqueosinseticidasorganocloradostêmcomocaracterísticaabiomagnificação,
que ocorre quando substâncias tóxicas presentes em um organismo se acumulam
nos níveis tróficos da cadeia alimentar, tornando-se mais concentrado a cada
nível, como mostra a Figura 3. Cabe ressaltar que a ação residual do produto
considerado como qualidade começou a ser visto como grave inconveniente.
A ação residual dos pesticidas está relacionada à estabilidade química dos
organoclorados, conferindo-lhes prolongada persistência no ambiente.
TÓPICO 1 | ECOLOGIA E SISTEMAS ECOLÓGICOS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS
17
Através da imagem a seguir podemos entender como ocorre o aumento da
concentração de uma substância ou elemento nos organismos vivos, à medida que
percorre a cadeia alimentar, passando a se acumular no nível trófico mais elevado. 
FIGURA 3 - NÍVEIS TRÓFICO, OU GRUPOS DE ORGANISMOS COM HÁBITOS DE ALIMENTAÇÃO
SEMELHANTES (A). CADEIA ALIMENTAR DE ORGANISMOS AQUÁTICOS (B)
FONTE: Disponível em: <https://apbioecologyproject.weebly.com/food-webs-and-trophic-levels.
html> (a); <http://www.whoi.edu/oceanus/v2/article/images.do?id=52189>. Acesso em: 20 jan. 2018.
UNIDADE 1 | RECURSOS NATURAIS E MEIO AMBIENTE
18
E o homem, como é afetado pelo acúmulo progressivo de sustâncias de um
nível trófico para outro? Observando a imagem a seguir, podemos verificar que a
concentraçãode0,4partespormilhão(ppm)verificadasempeixesparaalimentação
é maior que o valor de 0,01 ppm encontrados nos invertebrados consumidos pelos
peixes. Maior ainda é a concentração no salmão e a truta-do-lago, com 1ppm, e em
algumas aves, como a gaivota-arenque, que chega a concentrar 6ppm. A partir daí,
pode-se deduzir que a águia e o homem, que estão nos níveis tróficos mais elevados,
a concentração seja ainda maior, de acordo com estudos sobre bioacumulação. Daí
a preocupação quanto aos poluentes desta natureza.
FIGURA 4 - TEIA ALIMENTAR E BIOACUMULAÇÃO
FONTE: Adaptado de: Baird (2002)
Águia-calva
Cormorões
Gaivota - arenque
Seres humanos
Peixes para alimentação
Eperlane
Arenque
Carpa
Peixe - escorpião
0,4 ppm
Invertebrados
0,01
ppm
1 ppm
Plâncton
Aves aquátivas
Nutrimentos minerais
Vegetação
Plantas e animais
mortos
Bactérias e fungos
Tartaruga voraz
Salmão/Truta-do-lago
TÓPICO 1 | ECOLOGIA E SISTEMAS ECOLÓGICOS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS
19
Entre os compostos usados em grande escala, os organoclorados
sintéticos usados na agricultura para o controle de praga, como o DDT
(diclorodifeniltricloroetano), Dieldrin e Aldrin foram alvo de debate e estudo,
pois a redução da eficácia do produto obrigou a aplicação de doses cada vez
maiores. No Brasil, Flores et al. (2004) destacam que os pacotes tecnológicos
vinculados ao financiamento bancário forçavam os agricultores a adquirir
insumos e equipamentos. Entre os insumos, encontravam-se os pesticidas,
recomendados para o controle de pragas e doenças. O problema ambiental do
uso de organoclorados apontado por alguns estudos e destacado pelos referidos
autores é que muitos dos compostos apresentam alta resistência à degradação
química e biológica, além de apresentar alta solubilidade em lipídios, ou seja,
possuem alta capacidade de adsorção na matéria orgânica, o que leva ao acúmulo
desses compostos ao longo da cadeia alimentar, notadamente nos tecidos ricos em
gorduras dos organismos vivos, percorrendo rapidamente a cadeira alimentar,
incluindo o homem que ocupa o topo da cadeia, podendo ser encontrados em
locais distantes das áreas de aplicação, transportados por rios, circulação oceânica
e atmosférica. Estudos realizados no leste da Groenlândia destacam que o DDT
poderia ser encontrado na neve do Alasca, e Campanilli (2004 apud Flores et al.,
2004)) ressaltou que poder-se-iam encontrar golfinhos contaminados com DDT,
desde o litoral paulista até regiões da Antártida. Nas aves, o DDE, metabólito
do DDT, tem sido indicado como responsável pela deficiência na formação da
casca dos ovos. Como consequência, as cascas são frequentemente frágeis e não
resistem até que ocorra a eclosão natural dos ovos, como observado por Solomons
(1989) e Tan (1994), conforme citação de Townsend, Begon e Harper (2010).
Uma alternativa para a redução de pragas agrícolas e uso de compostos
sintéticos é o emprego de técnicas de controle biológico, que possibilitam a
substituição de inseticidas convencionais por inimigos naturais diversificados,
como insetos, vírus, fungos, bactérias, extratos vegetais, dentre outros (CHAGAS
et al., 2016). Os resultados obtidos no estudo de Chagas et al. (2016) revelaram o
uso de bioindicadores como alternativa viável entre produtores, com resultados
satisfatórios para um sistema de produção sem agrotóxicos.
UNI
Mais informações sobre contaminações por compostos químicos, vias de
absorção pelo organismo humano, toxicidade e sintomas, medidas técnicas e políticas,
podem ser encontradas em Flores et al. (2004).
UNIDADE 1 | RECURSOS NATURAIS E MEIO AMBIENTE
20
Townsend, Begon e Harper (2010) chamam a atenção ainda para os efeitos
sutis dessa perda, como a polinização por insetos e abelhas. Os autores ressaltam
que produtores rurais importam colmeias de abelhas domesticadas quando
suas lavouras estão florescendo. Quanto às abelhas selvagens que fornecem
um serviço ecossistêmico provedor, são menos abundantes em paisagens com
vegetação natural escassa. Outra consequência do incremento agrícola é o uso
da água superficial e retirada de água subterrânea para irrigação. Segundo os
autores, em alguns casos a remoção da água para usos agrícolas, industriais e
domésticos muda os padrões de descarga dos rios, além de mudar os padrões
de fluxo diário e sazonal. Sem contar que os acúmulos de sedimentos finos no
leito de rios também podem reduzir espécies de peixes, por exemplo, a espécie
Ptychocheilus lucius, que se restringiu à montante do rio Colorado, devido ao
acúmulo de sedimento fino no leito que reduziu a produtividade de algas em
regiões a jusante do rio.
Já conhecemos alguns dos efeitos da degradação dos habitats via cultivo
agrícola. Agora vamos conhecer alguns dos efeitos negativos da geração de
energia para o meio ambiente.
IMPORTANTE
O termo descarga é definido pelo volume de água por unidade de tempo.
3.3 GERAÇÃO DE ENERGIA E SEUS EFEITOS
Estudaremos na Unidade 3 a produção de energia a partir de diversas
fontes. Agora, conheceremos os efeitos negativos da produção de energia. Sobre
este assunto, as tragédias ocorridas em função de falhas nas usinas nucleares
fizeram com que o debate sobre a ampliação deste tipo de fonte energética fosse
bastante discutido. Mas não são as únicas, há ainda efeitos negativos para a
produção de energia eólica, hidrelétrica, biomassa, entre outras.
Na Unidade 3 conheceremos mais sobre outras fontes de energia, mas
neste item trataremos de uma fonte de energia que causou algumas tragédias
mundiais: a energia nuclear. Não é sem razão que capítulos de livros e artigos
científicos são dedicados exclusivamente ao tema: energia nuclear e meio
ambiente. Vamos lá!
TÓPICO 1 | ECOLOGIA E SISTEMAS ECOLÓGICOS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS
21
DesdeaRevoluçãoIndustrial,ousodecombustíveisfósseisvemfornecendo
a energia para transformar o meio ambiente. Por se tratar de recursos finitos, tem
sido dada grande ênfase ao desenvolvimento de fontes energéticas alternativas
que não causem muitos danos ao meio ambiente, pois segundo Inatomi e Udaeta
(2005), ao mesmo tempo em que a sociedade precisa de energia elétrica para se
desenvolver, ela precisa encontrar formas para que essa geração não degrade o
meio ambiente, que é o grande provedor dos recursos naturais para o homem.
Além da poluição atmosférica, outra preocupação do uso de combustíveis fósseis
está relacionada ao efeito estufa, como as mudanças latitudinais e altitudinais na
distribuição de espécies e extinções, ameaças impostas por espécies invasoras, caso
da formiga argentina que traz consequências para a biodiversidade, pois elimina
invertebrados nativos e invade casas (TOWNSEND; BEGON; HARPER, 2010).
No que se refere à energia nuclear, Godemberg (2011) nota a expectativa
desta energia como a fonte doméstica e industrial quase ideal em longo prazo,
mas a expansão da energia nuclear no mundo foi abalada pelo acidente de
Three Mile Island, na Pensilvânia, Estados Unidos. As causas desta estagnação
incluem a resistência da população, preocupada com os riscos da energia nuclear
e o custo crescente dessa energia. Contudo, os riscos de acidentes nas usinas,
riscos associados ao manejo do combustível ou material nuclear e o descarte
inapropriado suscitam discussões sobre seu uso. O descarte adequado é feito
através do encapsulamento e deposição em minas profundas, protegendo assim
dos riscos de contaminação.
Já que estamos estudando os efeitos da geração de energia, não podemos
deixar de mencionar os diversos acidentes ocorridos em usinas nucleares no
mundo, entre os acidentes radioativos destacam-se o de Three Mile Island, em
1979, na Pensilvânia; o acidente de Chernobyl, na Ucrânia; e o acidente radioativo
de Goiânia, no Brasil. Além destes acontecimentos, o Projeto Manhattan e o
acidente de Windscale figuram como marcos na história da radioatividade.
O Projeto Manhattan, elaborado em 1942, tinha a finalidade de desenvolver e
construir armas nucleares, enquanto o acidente de Windscale, em 1957, ocorreu
devido ao fogo em um reator, levando à suspensão da venda de leite originário dos
rebanhos locais por um período. O acidente de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986,
foi uma catástrofe histórica. Segundo Xavier et al. (2007), a explosão de um dos
reatores da usina nuclear soviética de Chernobyl liberou uma nuvem radioativa
que alcançou a porção oeste da antiga União Soviética, onde se localizam Belarus,
UcrâniaeRússia,ecentro-nortedaEuropa.Trintaeumapessoasmorreramdevido
ao combate aos incêndios da unidade e 237 trabalhadores foram hospitalizados
com sintomas da exposição aos altos níveis da radiação em torno do reator. De
acordo com os autores, dados oficiais permitiram estimar que 8.400.000 pessoas
em Belarus, Ucrânia e Rússia foram expostas à radiação, com aproximadamente
155.000 km2 de seus territórios contaminados. Foi constatado um aumento no
UNIDADE 1 | RECURSOS NATURAIS E MEIO AMBIENTE
22
número de casos de câncer, sobretudo de tireoide, notadamente nas pessoas que
eram crianças ou jovens na época do acidente. Caso o governo da União Soviética
admitisse a ocorrência do acidente em tempo hábil, comprimidos de iodeto de
potássio poderiam ter sido distribuídos, evitando a presença de iodo radioativo na
tireoide. Onde os comprimidos foram distribuídos, o número de casos de câncer
relacionados ao acidente de Chernobyl foi considerado desprezível (XAVIER et
al., 2007). De acordo com Goldemberg (2011), o reator de Chernobyl era diferente
dos reatores usados em outros países e muito menos protegido, mas mostrou a
gravidade de um acidente nuclear. Para Xavier et al. (2007), a maior lição foi a de
que possivelmente um acidente nuclear grave teria efeitos não só in loco ou em
países vizinhos, mas poderiam afetar, direta ou indiretamente, países distantes
do local do acidente.
Um ano após o acidente de Chernobyl, uma cápsula de césio-137,
abandonada nos entulhos do antigo Instituto Goiano de Radiologia (IGR), foi
levadapordoissucateiros,violadaevendidacomoferro-velho.Algunsmoradores,
incluindo crianças, de Goiânia manipularam o material radioativo, desde sua
retirada até a descoberta do fato pelas autoridades. Horas após o contato com o
material, apareceram os primeiros sintomas da contaminação, levando à morte
quatro pessoas e a contaminação de mais de 200.
Em 2011, no Japão, um acidente nuclear em Fukushima, decorrente de
um terremoto, reacendeu o temor sobre os riscos deste tipo de fonte de energia.
Segundo Goldemberg (2011), a estimativa do material radioativo liberado foi 40
vezes maior que o liberado pela explosão nuclear em Hiroshima, porém 10 vezes
menor que a de Chernobyl. Cerca de 100 mil pessoas tiveram que ser retiradas de
um raio de 20 km dos reatores.
Diante de tais exposições e por conta de uma preocupação com o meio
ambiente, uma alternativa de energia sustentável a ser considerada é a energia
eólica. As desvantagens do seu uso estão relacionadas aos ruídos, ao impacto
visual e às implicações dos parques eólicos que apresentam ameaças ecológicas
para aves migratórias que podem colidir com as turbinas e aves marinhas que
buscam alimentos. Contudo, a EUREC Agency (2002) ressalta que a mortalidade
de pássaros em função de turbinas eólicas é pequena e isolada em instaladas
numa rota de migração de pássaros, porém a proliferação e descanso de pássaros
podem ser um problema em regiões costeiras. A circulação padrão do ar é
modificada pela operação das turbinas, o que pode afetar o clima local e gerar
microclimas (EUREC AGENCY, 2002).
Existem outras fontes de energia consideradas “limpas”, contudo,
apesar das vantagens, também apresentam efeitos negativos, como a biomassa e
hidrelétricas.Entreasvantagensdousodabiomassanaproduçãodeenergiapode-
se citar o baixo custo, o fato de ser renovável, a possibilidade de reaproveitamento
dos resíduos, e o fato de ser considerada menos poluente quando comparada às
TÓPICO 1 | ECOLOGIA E SISTEMAS ECOLÓGICOS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS
23
fontes tradicionais. Um exemplo deste uso no Brasil são os biocombustíveis, como
o etanol e o biodiesel. Entretanto, seu uso pode provocar efeitos diretos e indiretos
sobre o meio ambiente, como a necessidade de plantações para desenvolver sua
matéria-prima, o que leva a considerar o desmatamento e destruição de habitats.
Quanto aos efeitos negativos da implantação de usinas hidrelétricas, podemos
citar as inundações de extensas áreas de produção e florestas; alterações do
ambiente e consequentes prejuízos para algumas espécies, como migração e
reprodução dos peixes; modificações no funcionamento dos rios, realocação da
população e de espécies; dentre outras.
Retomando o uso da energia eólica, e para efeito de comparação, uma
reportagem publicada pela Revisa Exame, em 2016, informava que este tipo de
energia decolava no país, enquanto a solar engatinhava.
Observe o gráfico, na figura a seguir, sobre energias renováveis no Brasil. O
crescimento em uma década foi alavancado pela energia solar, eólica e biomassa.
FIGURA 5 - ENERGIAS RENOVÁVEIS NO BRASIL
Em megawatts
22.158
6.524
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
2015
2012
2009
2006
FONTE: Disponível em: <http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/blog-do-planeta/
noticia/2016/04/energia-eolica-decola-no-brasil-solar-continua-engatinhando.html>. Acesso
em: 30 jul. 2017.
Apesar do crescimento, as hidrelétricas ainda são a principal fonte de
energia no Brasil, conforme a figura a seguir.
UNIDADE 1 | RECURSOS NATURAIS E MEIO AMBIENTE
24
FIGURA 6 - PRINCIPAIS FONTES DE ENERGIA NO BRASIL
FONTE: Disponível em: <http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/blog-do-planeta/
noticia/2016/04/energia-eolica-decola-no-brasil-solar-continua-engatinhando.html>.
Acesso em: 30 jul. 2017.
Em megawatts (2015)
Hidrelétricas
Solar
Biomassa
Eólica
Pequenas Centrais Hidrelétricas
Biocombustíveis
Biogás
86.842
13.257
8.715
5.220
87
78
21
De acordo com a Revista Exame (2016), o avanço é considerável, mas,
colocado em perspectiva, não é tão grande. Quando se faz uma comparação com
outros países, é possível observar que o país cresceu muito pouco. Um exemplo é
a China, que possuía, em 2006, o mesmo patamar de geração de energia renovável
que o Brasil. Contudo, ao comparar os dois países, percebe-se que o avanço
brasileiro é quase imperceptível.
FIGURA 7 - GERAÇÃO DE ENERGIA RENOVÁVEL NO BRASIL E CHINA
Em megawatts
China Brasil
198.518
22.158
50.000
200.000
150.000
100.000
250.000
2015
2012
2009
2006
FONTE: Disponível em: <http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/blog-do-planeta/
noticia/2016/04/energia-eolica-decola-no-brasil-solar-continua-engatinhando.html>.
Acesso em: 30 jul. 2017.
TÓPICO 1 | ECOLOGIA E SISTEMAS ECOLÓGICOS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS
25
Mas, apesar dos problemas, os dados mostram o crescimento da energia
eólica no Brasil, o que, segundo a Revista Exame (2016), é uma ótima notícia. Isso
porque, em 2006, a potência instalada de energia eólica era pouco expressiva,
com pouco menos de 200 MW. Em uma década, a eólica atingiu mais de 8 mil
MW, superando a energia nuclear e se tornando uma das mais relevantes fontes
de energia do país. Dessa forma, o Brasil entra para o ranking dos dez maiores
produtores de energia eólica do mundo, ocupando a décima posição, como
mostra a figura a seguir.
FIGURA 8 - OS MAIORES PRODUTORES DE ENERGIA EÓLICA DO MUNDO
FONTE: Disponível em: <http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/blog-do-planeta/
noticia/2016/04/energia-eolica-decola-no-brasil-solar-continua-engatinhando.html>. Acesso em:
30 de jul. 2017.
Em gigawatts (2015)
145,1
72,6
44,9
25,1
23,0
13,9
11,2
10,4
9,1
8,7
China
Estados Unidos
Alemanha
Índia
Espanha
Reino Unido
Canadá
França
Itália
Brasil
UNI
Se quiser saber mais sobre a fonte de energia eólica, visite o site do centro
de energia eólica da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Disponível em:
<http://www.pucrs.br/ce-eolica/faq.php?q=23>. Acesso em: 17 jun. 2017.
UNIDADE 1 | RECURSOS NATURAIS E MEIO AMBIENTE
26
3.4 DEGRADAÇÃO EM PAISAGENS URBANAS E INDUSTRIAIS
Townsend, Begon e Harper (2010) destacam a existência de uma ampla
gama de degradação de habitats que são resultado da atividade humana em
sistemas urbanos e industriais: mudanças pronunciadas no fluxo dos rios que
resultam da perda de superfícies permeáveis; telhados, pavimentos e estradas
impermeáveis, em contraste com campos e florestas. Dejetos humanos criam
grandes problemas de descarte em cidades, devido às altas densidades
populacionais. Compostos químicos industriais são lançados nos corpos d’água
ou se direcionam para a atmosfera. Atividades mineradoras causam degradação
física e química para os ecossistemas adjacentes.
Neste caso, não é difícil observar as alterações e efeitos à densidade
populacional nas paisagens urbanas, especialmente nas grandes metrópoles.
O crescimento populacional chegou a tal ponto em alguns centros urbanos
que as áreas verdes se tornaram ilhas. Ilhas estas, categorizadas como espaços
que necessitam ser ampliados para melhor qualidade de vida da população e
oferta de serviços ecossistêmicos. Além disso, a expansão urbana sem o devido
planejamento é responsável pela ocupação de áreas de risco e suas consequências.
Entre os problemas desencadeados pela expansão urbana estão: a poluição
sonora e visual, que criam transtornos para a população; descarte de resíduos;
ilhas de calor, doenças respiratórias, chuva ácida, inversão térmica, causadas pelo
lançamento de gases na atmosfera de fontes industriais e automóveis; déficit de
saneamento básico, entre outros.
Segundo Botkin e Keller (2011), no passado, o foco da ação ambiental
era frequentemente nas regiões de mata nativa, nos animais selvagens, espécies
ameaçadas de extinção e os efeitos da poluição fora das cidades. Nas décadas de
1960 e 1970, período do movimento ambiental moderno, era comum acreditar
que o ambiente das cidades era ruim e o dos ambientes selvagens era bom. As
cidades eram consideradas poluídas, sujas, com ausência de plantas nativas, de
animais silvestres e bastante artificiais. Para os autores, a ecologia urbana recebeu
pouco interesse público, sem contar que muitas pessoas residentes em ambientes
urbanos viam as questões ambientais fora da sua área de interesse. Neste contexto
é necessário analisar a cidade como um sistema ecológico de um tipo especial.
Lembram que estudamos que os ecossistemas são sistemas abertos, com
fluxos de matéria e energia? Botkin e Keller (2011) destacam que, como qualquer
outro sistema de sustentação da vida, as cidades devem manter seu fluxo de
energia, provendo recursos materiais necessários e trazendo meios de remover
os resíduos. Mas, como essas funções do ecossistema são mantidas na cidade?
Segundo os autores, pelo transporte e pela comunicação com áreas periféricas. A
cidade não se configura um ecossistema independente, ela depende das demais
cidades e das áreas rurais. Vejamos: a cidade assimila matérias-primas do meio
rural próximo, como alimentos, água, madeira, energia, necessários para a
sociedade humana. Por outro lado, a cidade produz e exporta bens materiais e, no
caso de cidades grandes, exporta ideias, inovações, arte e espírito de civilização.
Assim, a cidade não pode existir sem a área rural.
TÓPICO 1 | ECOLOGIA E SISTEMAS ECOLÓGICOS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS
27
Observe a figura a seguir que apresenta as trocas realizadas pelos núcleos
urbanos, onde ocorrem entradas e saídas de produtos primários ou acabados e
resíduos e serviços (fluxos).
FIGURA 9 - ENTRADAS E SAÍDAS DOS ECOSSISTEMAS URBANOS
FONTE: Adaptado de Ribeiro (2000, p. 264)
Observando a figura podemos ter uma noção de que meio ambiente e
planejamento urbano devem andar juntos.
Sobre planejamento urbano e meio ambiente, Botkin e Keller (2011)
apontam um grande perigo no planejamento das cidades: a tendência de
transformar as propriedades naturais de um centro urbano em propriedades
artificiais, substituindo a grama e o solo por pavimentos e cascalhos; edifícios
residenciais e comerciais, criando a impressão de que a civilização dominou
o meio ambiente. Mas, apesar de uma cidade passar para seus habitantes a
impressão de que cresce forte e independente, na verdade, torna-se frágil, pois
torna-se mais dependente de sua zona rural.
Então, o que fazer. Lembre-se, planejar é preciso! Neste contexto, os
referidos autores destacam dois itens importantes: planejamento urbano para a
defesa e beleza e o parque urbano.
UNIDADE 1 | RECURSOS NATURAIS E MEIO AMBIENTE
28
Na história mundial, muitas cidades cresceram sem planejamento
consciente. Vestígios deste tipo de planejamento para novas cidades datam do
século XV. A defesa e beleza são temas dominantes no planejamento formal das
cidades. A ideia de cidades-fortaleza e cidades-parque influenciou o planejamento
urbanonaAméricadoNorte(BOTKIN;KELLER,2011).Noqueserefereaosparques
urbanos, segundo os autores, têm se tornado cada vez mais relevantes nas cidades.
Nos Estados Unidos, o planejamento e construção do Central Park, em Nova York,
foi um avanço para as cidades estadunidenses. O seu projetor foi Frederick Law
Olmsted, um dos maiores especialistas modernos em planejamento de cidades.
Para ele, o objetivo de um parque municipal era possibilitar alívio psicológico e
fisiológico através do acesso à natureza. Botkin e Keller (2011), assim, concluem
que esses pequenos paraísos verdes incrustados nas “selvas de pedra” encontrados
em toda parte do mundo são cenários perfeitos para a prática de atividades físicas,
para piqueniques, para contemplar a fauna e a flora etc. No Brasil existem belos
parques urbanos. Considerando suas infraestruturas, atrações culturais e beleza
natural, destacam-se: Parque Ibirapuera (SP), Parque da Independência (SP),
Parque Lage (RJ), Jardim Botânico (RJ), Parque Tanguá (PR), Parque Farroupilha
(RS), Parque Municipal de Belo Horizonte (BH), Parque das Nações Indígenas
(MS), Parque Mangal das Garças (PA) e Parque das Dunas (RN).
Ligado a este tema, vamos estudar a manutenção e restauração dos
serviços ecossistêmicos, que podem ser urbanos ou áreas de vegetação nativa
distantes das áreas urbanas.
3.5 MANUTENÇÃO E RESTAURAÇÃO DE SERVIÇOS
ECOSSISTÊMICOS
De acordo com Townsend, Begon e Harper (2010), os ecossistemas podem
ser geralmente medidos em termos de “serviços ecossistêmicos” perdidos, o
que torna relevante a avaliação dos ecossistemas. A avalição dos ecossistemas
considera que os serviços ambientais, ou seja, os benefícios dos ecossistemas
naturais, são efetivos para a manutenção do bem-estar da sociedade. Se
observarmos bem, alguns filmes e desenhos infantis já retratam um mundo
muito moderno, com pequeninas ilhas verdes que recebem um grande cuidado
por serem remanescentes de uma rica biodiversidade em um passado distante.
Aplicando o conceito de ecossistemas, que estudamos no Tópico 1, podemos, ao
menos, esboçar resultados prováveis para uma intervenção mais agressiva em
um determinado meio.
Um exemplo da aplicação do conceito de serviços ecossistêmicos é o uso
de métodos de mensuração de capacidade de carga em ecossistemas ameaçados,
sejam naturais, mistos ou urbanos, ou seja, estabelecimento do número ideal de
pessoas em uma determinada área e a frequência com que as visitações podem
ser feitas sem que se exceda sua capacidade de resiliência ambiental (SPINELLI,
et al., 2016).
TÓPICO 1 | ECOLOGIA E SISTEMAS ECOLÓGICOS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS
29
Mas o que é resiliência?
Resiliência é a capacidade de retorno à forma original ou a capacidade de
adaptação frente às mudanças.
Segundo Spinelli et al. (2016), a sociedade é uma peça básica no quebra-
cabeças para enfrentar os problemas ambientais. Situação essa que leva à
necessidade de investimento no processo de educação ambiental dos cidadãos,
para a construção de nova racionalidade coletiva, voltada à proteção ambiental
como forma de manutenção da qualidade de vida.
Um exemplo de restauração de serviços ecossistêmicos no meio urbano
foi a transformação de uma paisagem degradada em espaço de lazer, o Parque
Villa-Lobos, em São Paulo.
A paisagem do parque é totalmente diferente da paisagem no passado,
como mostram as Figuras 9 e 10, pois o espaço funcionava como um depósito de
resíduos, onde viviam precariamente aproximadamente 80 famílias que recolhiam
embalagens e alimentos, além de ser um local que recebia entulho, resíduos da
construção civil e material dragado do rio Pinheiros.
FIGURA 10 - FOTO ANTIGA DO LOCAL ONDE HOJE É O PARQUE VILLA-LOBOS
FONTE: Foto: José Jorge Monteiro. Disponível em: <http://blog.institutobrookfield.
org.br/index.php/2012/11/parque-villa-lobos-a-transformacao-de-uma-area-urbana-
degradada-em-parque/>. Acesso em:15 de jul. 2017.
UNIDADE 1 | RECURSOS NATURAIS E MEIO AMBIENTE
30
FIGURA 11 - PARQUINHO DA FIGUEIRA, NO PARQUE VILLA-LOBOS
FONTE: Evandro Pedro Calado. Disponível em:<http://blog.institutobrookfield.org.br/
index.php/2012/11/parque-villa-lobos-a-transformacao-de-uma-area-urbana-degradada
-em-parque/>. Acesso em:15 de jul. 2017.
Segundo Andrade e Romeiro (2009), a particularidade do capital natural
depara-se com o fato de que seus benefícios são, em grande parte, insubstituíveis,
justificandoapreocupaçãodateoriaeconômicacomautilizaçãodosativos naturais
(valores patrimoniais naturais positivos). Um conceito amplo de capital natural
considera todos os fluxos de benefícios tangíveis e intangíveis derivados de todos
os recursos naturais apropriáveis pelo homem de forma direta ou indireta. Por
benefícios tangíveis compreende-se os fluxos de recursos naturais, como madeira
e alimentos, por exemplo, e intangíveis aqueles que têm como característica a
amenidade, como beleza e regulação do clima.
Dessa forma, para Berkes e Folke (1994), citados por Andrade e Romeiro
(2009), o capital natural possui caráter multidimensional, em que dimensões
ecológica, econômica e sociocultural estão relacionadas e se interagem
promovendo o bem-estar humano. Segundo Hueting et al. (1998), tais benefícios
provenientes do capital natural podem ser classificados numa definição ampla
de serviços ecossistêmicos. Os autores destacam que as chamadas funções
ecossistêmicas derivam das complexas interações entre os elementos do capital
natural, reconceitualizadas como serviços ecossistêmicos, na medida em que
trazem implícita a ideia de valor humano. Para o referido autor, uma função passa
a ser apreciada como um serviço ecossistêmico quando oferece possibilidade/
potencial de ser utilizada para fins humanos.
Exemplos de iniciativas de restauração, os bens intangíveis são observados
em países como Alemanha, França, Bélgica, que vêm transformando sistemas de
drenagem urbana, em áreas verdes, mais próximas possíveis dos canais originais,
despoluição de rios etc. Sem contar o uso de infraestruturas verdes implementadas
TÓPICO 1 | ECOLOGIA E SISTEMAS ECOLÓGICOS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS
31
em países como Noruega, Finlândia, Austrália, Estados Unidos e Canadá. Entre
as finalidades do emprego dessas infraestruturas, encontram-se a ampliação dos
espaços verdes e provimento de amenidades para a população.
Neste contexto há que se colocar em pauta a importância de manutenção
e restauração destes ecossistemas. Para Andrade e Romeiro (2009), apesar do
relativo consenso de que o sistema econômico vem afetando de modo irreparável
os ecossistemas e sua capacidade de provisão de serviços, a conciliação do sistema
econômico e os sistemas naturais que o suportam tem recebido pouca atenção.
Neste sentido, convém mostrar os critérios apontados por Costanza et al. (2000),
como estratégia a ser adotada para a preservação do capital natural:
•	 necessidade de seguro: no caso do capital natural, significa criar reservas de
prevenção do capital natural;
•	 proteçãodocapitalnatural:manterintactooestoquedessecapital,possibilitando
a contínua provisão de serviços ecossistêmicos;
•	 contenção nos riscos tomados: visto que a maioria dos benefícios fornecidos
pelo capital natural é insubstituível, deve-se tomar cuidado com o risco;
•	 diversificação de investimentos: preservar o capital natural de forma que seja
vista como um hedge (cobertura) contra outros tipos de investimento, como a
mudança tecnológica.
Vamos ver agora alguns exemplos de cidades que adotaram estratégias de
transformação do ambiente urbano.
O conceito de cidades verdes está diretamente relacionado com a
sustentabilidade, em que o ambiental, o social e o econômico se integrem para
não prejudicar as gerações futuras, suportando suas atividades e mantendo a
qualidade de vida dos habitantes.
Em 2015, a BBC Brasil publicou uma matéria com o ranking de cidades
mais 'verdes' do mundo. A análise foi realizada pelo Siemens Green City Index,
da Grã-Bretanha. Os pontos foram atribuídos nos quesitos emissões de gases
poluentes, alternativas de transporte, gerenciamento de recursos hídricos e do
lixo, e políticas ambientais.
Segundo o Siemens Index, San Francisco, na Califórnia, é a cidade mais
ecológica da América do Norte, contando com uma longa história de consciência
ambiental, que vem desde o século XIX. De acordo com a reportagem, a cidade
apresentava uma taxa de reciclagem de 77%, uma das mais altas do mundo,
favorecida pela obrigatoriedade de se separar o lixo comum do reciclável. Além
disso, os moradores de San Francisco têm interesse em saber como e onde seu
alimento é produzido e procuram sempre consumir ingredientes produzidos
localmente. Muitos bairros têm feiras onde os produtores são também os
UNIDADE 1 | RECURSOS NATURAIS E MEIO AMBIENTE
32
vendedores. Cada uma possui características diferentes. Tem bairro cujo mercado
funciona o ano todo e outros que oferecem feiras sazonais.
No ranking se destacaram ainda Copenhague, na Dinamarca; Vancouver,
no Canadá; Curitiba, no Brasil; e Cidade do Cabo, na África do Sul.
Vamos saber por que Copenhague, apesar de ser seguida de perto pelas
capitais escandinavas Oslo e Estocolmo, tem mantido a posição de cidade mais
ecológica da Europa?
Ainda de acordo com a BBC, na cidade de Copenhague, quase todos os
seus moradores vivem a 350 metros do transporte público e mais de 50% usam
a bicicleta como meio de transporte. Outro destaque mencionado e resultado
positivo para a cidade são as baixas emissões de poluentes para uma cidade de
seu tamanho, sendo que alguns de seus bairros são muito comprometidos com o
ciclismo. Segundo relatos de moradores da capital dinamarquesa, o investimento
nacriaçãoda'ViaVerde'foimuitoalto,resultandonumafaixadenovequilômetros
para pedestres e ciclistas.As vantagens vão além da redução de poluentes, destaca
o jornal: a via serve para auxiliar na circulação de pessoas pela cidade passando
por um lindo cenário, um caminho cheio de parques, playgrounds e bancos para
sentar e contemplar a paisagem. Além de os habitantes de Copenhague adorarem
pedalar, ressalta o jornal, os moradores da cidade são apaixonados por reciclagem
e fabricação de adubo orgânico, e também são conhecidos por arquitetar meios
de economizar eletricidade e calor. Se pensarmos bem, podemos adotar algumas
práticas que são benéficas para nossa saúde e também para o meio ambiente.
Já conhecemos algumas particularidades de São Francisco e Copenhague
que as colocaram no ranking das cidades mais ‘verdes’ do mundo, agora vamos
conhecer algumas das particularidades da cidade de Curitiba.
De acordo com a matéria, de todas as cidades latino-americanas listadas
no Siemens Index, somente Curitiba possui uma contagem de pontos acima da
média. Após ter construído um dos primeiros grandes sistemas de corredores de
ônibus do mundo, na década de 1960, e ter desenvolvido um programa precursor
de reciclagem na década de 1980, a capital do Paraná continua a pensar no meio
ambiente. O uso do transporte público por uma grande quantidade de pessoas
faz de Curitiba uma das cidades com os melhores índices de qualidade do ar
do ranking. Contudo, a cidade ainda carece de revitalização. Há planos para a
construção de um metrô e mais 300 quilômetros de ciclovias.
Prolongando-se um pouco mais sobre os serviços ecossistêmicos, vamos
entender por que são importantes para o planejamento do desenvolvimento? Essa
é uma pergunta levantada pelo BMZ (2012), instituição alemã comprometida com
a integração de serviços ecossistêmicos e planejamento do desenvolvimento.
Os parágrafos a seguir apresentam um resumo de abordagens do manual
que orientam para integração de serviços ecossistêmicos e para o planejamento
do desenvolvimento.
TÓPICO 1 | ECOLOGIA E SISTEMAS ECOLÓGICOS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS
33
Nos dias atuais, a transformação dos recursos ambientais tem contribuído
para ganhos substanciais em bem-estar humano e desenvolvimento econômico,
pelo menos para alguns, e, ao mesmo tempo, tem causado perdas econômicas
substanciais. Os danos aos ecossistemas naturais estão minando sua capacidade de
fornecer bens e serviços vitais, porém somente agora, muitos dos custos associados
à degradação dos ecossistemas estão se tornando mais evidentes. Considerando
que todos os ecossistemas naturais produzem serviços de valor econômico, como
produção de alimentos, de medicamentos, regulação do clima, fornecimento de
solos produtivos, água potável, recreação, entre outros (BMZ, 2012).
A Figura 11 apresenta ilustrações e descrições de diferentes ecossistemas
e seus serviços.
FIGURA 12 - ECOSSISTEMAS E SEUS SERVIÇOS
FONTE: Adaptado de: BMZ (2012)
Em áreas montanhosas, a proteção de bacias hidrográficas e a prevenção da erosão do solo
são ainda mais importantes do que em áreas planas. Geralmente, estes ecossistemas são
frágeis e, portanto, a degradação ocorre mais rapidamente.
Os lagos fornecem peixes e água que pode ser usada para a irrigação e recreação, e para
o resfriamento de instalações industriais, enquanto os rios fornecem eletricidade e levam
os resíduos. Muitas vezes, não se leva em conta que as várzeas e lagos funcionam como
reservatórios de água doce e tampões contra inundações. Eles também desempenham um
papel importante na purificação de água. No entanto, muitos destes serviços são mutuamente
exclusivos; um rio poluído terá menos peixes e não fornecerá água potável.
Os pastos servem de apoio para diversos animais silvestres e para o a pecuária. Quando
intactos, protegem contra a erosão e a degradação dos solos, e sequestram carbono, um
serviço que é especialmente proeminente em turfeiras.
As paisagens fortemente modificadas, com as áreas urbanas, ainda podem fornecer vários
dos serviços ecossistêmicos descritos acima. Os parques podem melhorar o microclima de uma
cidade, oferecer serviços de saúde e de lazer para os moradores e oferecer um habitat para uma
quantidade crescente de animais selvagens que estão se adaptando à vida nas cidades.
As zonas costeiras contém diferentes ecossistemas, como manguezais, dunas, recifes de
corais ou estuários. Estes ecossistemas protegem o litoral contra tempestades e inundações,
podem proporcionar locais de desova para peixes e caranguejos, e habitat para espécies
migratórias. Muitas vezes, fornecem outros produtos, como madeira, alimentação animal, ou
materiais de construção e desempenham um papel importante par a recreação e o turismo. Os
sistemas marinhos abrigam peixes e muitas outras espécies.
MONTANHAS LAGOS E RIOS PASTOS CIDADES COSTAS
UNIDADE 1 | RECURSOS NATURAIS E MEIO AMBIENTE
34
De acordo com a referida instituição, existem poucos grupos ou setores
que, de alguma forma, não dependem dos ecossistemas. Os indivíduos, as
famílias, as empresas e indústrias, dependem dos serviços ecossistêmicos para
o seu bem-estar e desenvolvimento, os efeitos nocivos da degradação ambiental
tendem a afetar de forma desproporcional os mais pobres, pelas dificuldades de
acesso aos serviços ecossistêmicos ou mesmo por ter que pagar por alternativas
pela perda destes serviços. Contribui, dessa forma, para crescentes desigualdades
e disparidades entre os grupos e, inclusive, pode ser o principal fator por trás
da pobreza e conflito social, sendo fundamental garantir que os serviços
ecossistêmicos estejam presentes no planejamento do desenvolvimento. Segundo
o BMZ (2012), isso ocorre por duas razões:
•	 primeira, eles são essenciais para o crescimento e o desenvolvimento mais
igualitários e sustentáveis;
•	 segunda, a maioria das pessoas e mesmo os governos não podem arcar com os
custos econômicos e sociais de longo prazo pertinentes à degradação e perda
dos ecossistemas.
Um grande desafio é fazer com que os serviços ecossistêmicos recebam
o devido valor na tomada de decisões. Tanto os custos quanto os benefícios
associados à sua conservação e degradação têm sido excluídos das políticas
econômicas; dos mercados e preços que moldam a produção e o consumo; das
escolhas de investimento; das práticas de uso da terra; e gestão de recursos. Bem
pontuado pelo BMZ (2012) é o fato do valor dos serviços ecossistêmicos serem
subestimados em termos econômicos, o que significa que muitas decisões foram
adotadas com base em informações parciais, comprometendo, dessa forma, as
metas de desenvolvimento sustentável e igualitário.
De acordo com a (BMZ, 2012), os serviços ecossistêmicos são importantes
em um “contexto mais amplo” por que:
•	 apoiam o desenvolvimento sustentável;
•	 promovem a redução da pobreza;
•	 trazem bons resultados setoriais; e
•	 trazem bons desempenhos nos negócios.
A manutenção da qualidade e quantidade apropriadas de serviços
ecossistêmicos exerce um papel primordial no processo do desenvolvimento
sustentável, que estudaremos na próxima unidade, pois o desenvolvimento
sustentável demanda que as sociedades utilizem os recursos naturais somente na
mesma medida em que eles possam se reabastecer naturalmente.
Observe a tira de Calvin e Haroldo.
Vamos refletir juntos?
TÓPICO 1 | ECOLOGIA E SISTEMAS ECOLÓGICOS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS
35
Os impactos da degradação da biodiversidade e
dos ecossistemas são mais graves para as pessoas
que vivem na pobreza, uma vez que têm poucas
opções de subsistência. Portanto, o uso sustentável
dos serviços ecossitêmicos e da biodiversidade
pelos pobres e a disponibilidade desses serviços
para esta população são de relevância direta para
os esforços de redução da pobreza.
•	70% dos pobres do mundo vivem em
áreas rurais e dependem diretamente da
diversidade biológica para a sua subsistência.
A biodiversidade serve como uma importante
fonte de alimento e renda para as famílias rurais.
•	Mais de 3 bilhões de pessoas dependem da
biodiversidade marinha e costeira para sua
subistência, enquanto mais de 1,6 bilhão
de pessoas, incluindo 1 bilhão que vive na
pobreza, dependem de florestas e produtos
florestais não madeireiros.
Asflorestasabrigam80%dabiodiversidadeterrestre
remanescente e também protegem os recursos
hídricos e reduzem o risco de desastres naturais.
FIGURA 13 - TIRA DE CALVIN E HAROLDO
FONTE: Disponível em: <http://pvtribosemcena.blogspot.com.br/2015/06/tirinha-de-conscientiz
acao.html>. Acesso em: 30 de jul. 2017.
Embora os serviços ecossistêmicos tendam a ser importantes para a
sobrevivência dos pobres, sua perda e degradação podem ter efeitos tanto sobre o
bem-estar dos pobres quanto sobre o empenho para redução da pobreza.
Mas, por que os serviços ecossistêmicos e da biodiversidade são
importantes para o desenvolvimento e a redução da pobreza? (Figura 13)
O estudo realizado pela BMZ responde da seguinte forma:
FIGURA 13 - A IMPORTÂNCIA DOS SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS E DA BIODIVERSIDADE PARA O
DESENVOLVIMENTO E A REDUÇÃO DA POBREZA
FONTE: https://cdlvca.com.br/2012/08/16/quase-metade-das-agencias-de-eventos-ja-apostam-
em-atitudes-sustentaveis/
UNIDADE 1 | RECURSOS NATURAIS E MEIO AMBIENTE
36
A preocupação com a redução da pobreza e melhoria do bem-estar
humano figura como Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), que
visavam reduzir a pobreza e melhorar o bem-estar humano até 2015.
Este acordo foi feito por todos os 193 estados membros das Nações
Unidas, na Cúpula do Milênio, em Nova York, no ano 2000, que representam um
forte compromisso de tratar questões de pobreza. Passados dois anos, podemos
observar que muito há que ser feito.
Muitos processos de desenvolvimento buscam contribuir para os ODM, ou
possuem objetivos estabelecidos com base nos ODM, e os serviços ecossistêmicos
oferecem um apoio para muitos dos ODM, enquanto a degradação e perda
de ecossistemas representam um empecilho para a consecução dos objetivos
acordados.
Entre os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e os serviços
ecossistêmicos, encontra-se o ODM 1.
QUADRO 2 – ODM 1
ODM Serviços ecossistêmicos ligados aos objetivos
ODM 1: Erradicar a
pobreza extrema e a
fome
A disponibilidade de alimentos, lenha, água e biodiversidade influencia
diretamente o padrão de vida mínimo das pessoas e, portanto, a
incidência da pobreza e da fome.
FONTE: Adaptado de BMZ (2012)
Quase todas as funções setoriais dependem de alguma forma dos serviços
ecossistêmicos, seja direta ou indiretamente (BMZ, 2012). Segundo a instituição,
essas relações são evidentes para os setores ligados aos recursos naturais baseados
em serviços de aprovisionamento, como silvicultura, pesca ou agricultura, e são
igualmente relevantes para setores industriais ou de serviços, como saúde, água
e saneamento, energia, ou desenvolvimento urbano.
Para refletir um pouco mais sobre as intervenções humanas no meio
ambiente, observe mais uma tira de Calvin e Haroldo na figura a seguir.
TÓPICO 1 | ECOLOGIA E SISTEMAS ECOLÓGICOS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS
37
FIGURA 14 - TIRA DE CALVIN E HAROLDO
FONTE: Disponível em: <https://proffernandaciencias.wordpress.com/2013/04/27/calvin-haroldo-
meio-ambiente/>. Acesso em: 26 jun. 2017.
38
Neste tópico, você estudou:
•	 Os conceitos, fundamentos e uma breve história da ecologia, ciência marcada
no campo da Biologia, mas fundamental para a área ambiental, que importa
muitos dos seus conceitos.
•	 O conceito de ecossistemas e a importância da sua compreensão e aplicação na
solução de problemas ambientais.
•	 A degradação dos habitats, via cultivos agrícolas, geração de energia e seus
efeitos, degradação das paisagens urbanas e industriais e manutenção e
restauração dos serviços ecossistêmicos.
RESUMO DO TÓPICO 1
39
1	 Em um diálogo travado entre os personagens Calvin e Haroldo, Haroldo
ressalta que, às vezes, se orgulha de não ser humano. Baseado no contexto
da conversa, discorra sobre o posicionamento da personagem e posicione-se
sobre o tipo de intervenção humana retratada no diálogo.
2	 Como vimos neste tópico, o crescimento da população em alguns centros
urbanos foi tamanho que as áreas verdes se tornaram “ilhas”. Segundo
alguns estudos, essas ilhas são categorizadas como espaços que necessitam
ser ampliados. Discorra sobre a importância da ampliação de áreas verdes
nos centros urbanos e cite um exemplo de aplicação que tenha trazido
resultados positivos.
3	 Uma reportagem de jornal, categorizado como uma mídia alternativa,
noticiando sobre o crescimento desordenado das cidades, trouxe à reflexão
que tal crescimento, somado ao descaso do poder público e à falta de
consciência da população, fazem com que uma parte considerável dos rios
urbanos do Brasil mais pareça a extensão das lixeiras, ou poderíamos dizer,
depósito de rejeitos. Entre os grandes vilões estão a falta de tratamento de
esgoto e o descarte de poluentes industriais. Seguindo a linha de modelos
não convencionais de drenagem urbana e de recuperação de serviços
ecossistêmicos, figura como melhor método de recuperação de cursos com
tais características:
I-	 Canalizar e concretar o curso, impedindo que a poluição das águas não
prejudique os habitantes e visitantes que tenham contato visual com as
águas do local.
II-	 Formação de um novo leito fluvial, recuperando os canais artificiais, que
além de amenizar problemas com inundações, oferece melhor qualidade
de vida para a sociedade do entorno.
III-	 Tratamento dos resíduos antes do lançamento no curso d’água, pois além
de ser a ação correta, propicia um ambiente saudável para a vida aquática,
e funciona como área de contemplação.
Assinale a alternativa CORRETA:
a)		( )	 Apenas a alternativa I está correta.
b)		( )	 Apenas a alternativa II está correta.
c)		( )	 As alternativas I e II estão corretas.
d)		( )	 As alternativas II e III estão corretas.
AUTOATIVIDADE
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  • 1. 2018 Recursos Naturais, Meio Ambiente e Desenvolvimento Prof.a Regina Luiza Gouvea
  • 2. Copyright © UNIASSELVI 2018 Elaboração: Prof.a Regina Luiza Gouvea Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. G719r Gouvea, Regina Luiza Recursos naturais, meio ambiente e desenvolvimento. / Regina Luiza Gouvea – Indaial: UNIASSELVI, 2018. 226 p.; il. ISBN 978-85-515-0183-2 1.Ecologia–Brasil.2.Recursosnaturais.II.CentroUniversitário Leonardo Da Vinci. CDD 577
  • 3. III Apresentação Caro acadêmico! A partir do estudo deste livro, você conhecerá os conceitos fundamentais da ecologia e de ecossistemas e entenderá como os princípios ecológicospodemseraplicadosnogerenciamentoderecursos. Vocêperceberá que o desenvolvimento da sociedade implica a extração de produtos da natureza e, consequentemente, na sua transformação. Desta forma ficará mais claro porque a degradação do meio ambiente, em prol do desenvolvimento, tem sido alvo de análise e importantes debates. Entenderá que as consequências da degradação ambiental apresentam efeitos negativos para a biodiversidade e para a própria sociedade, decorrentes, entre outros fatores, da expansão urbana, avanço da agropecuária sobre os biomas, assim como da geração de energia e seus efeitos. Mas existem alternativas para restaurar serviços ecossistêmicos, especialmente no meio urbano, que abriga grande parte da população, transformando paisagens degradadas em espaço de lazer. Isso está relacionado com a quantidade, qualidade e variedade de recursos disponíveis, também abordados neste estudo. No que se refere à dinâmica demográfica e à relação sociedade/ natureza, você verá que existe uma versão mais moderna que reconhece a existência de outros fatores na equação população/meio-ambiente/ desenvolvimento. A pressão demográfica, neste caso, não entraria como determinante dos problemas ambientais, como um agravante. No estudo focado na transformação de ecossistemas naturais em centros urbanos, conhecerá o conceito de paisagem, entenderá como se dá a organização das cidades e compreenderá a importância do planejamento ambiental, além de conhecer a evolução da consciência ecológica e do conceito de desenvolvimento sustentável. Finalmente,vocêconheceráosavançosedesafiosdodesenvolvimento sustentável no Brasil, a produção de alimentos e o desperdício, e poderá refletir e compreender uma questão relevante para a sociedade atual: o desejável e o possível. Assim, ficará mais clara outra questão abordada no estudo deste livro: a questão dos limites. Bom estudo!
  • 4. IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.   Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE.   Bons estudos! NOTA
  • 5. V
  • 6. VI
  • 7. VII UNIDADE 1 – RECURSOS NATURAIS E MEIO AMBIENTE....................................................... 1 TÓPICO 1 – ECOLOGIA E SISTEMAS ECOLÓGICOS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS.... 3 1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 3 2 ECOLOGIA E ECOSSISTEMAS........................................................................................................ 3 2.1 UM BREVE HISTÓRICO E DEFINIÇÕES DE ECOLOGIA....................................................... 4 2.2 ECOSSISTEMAS............................................................................................................................... 7 2.3 TRABALHANDO COM O TEMA EM SALA DE AULA........................................................... 12 3 DEGRADAÇÃO DE HABITATS........................................................................................................ 13 3.1 CONSEQUÊNCIAS DAS ATIVIDADES HUMANAS................................................................ 14 3.2 DEGRADAÇÃO VIA CULTIVO AGRÍCOLA ............................................................................. 15 3.3 GERAÇÃO DE ENERGIA E SEUS EFEITOS................................................................................ 20 3.4 DEGRADAÇÃO EM PAISAGENS URBANAS E INDUSTRIAIS............................................. 26 3.5 MANUTENÇÃO E RESTAURAÇÃO DE SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS.............................. 28 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 38 AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 39 TÓPICO 2 – RECURSOS AMBIENTAIS E NATURAIS................................................................... 41 1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 41 2 AMBIENTE E MEIO AMBIENTE: DEFINIÇÃO............................................................................. 41 2.1 AMBIENTES TRANSFORMADOS................................................................................................ 43 3 QUANTIDADE, QUALIDADE E VARIEDADE DE RECURSOS DISPONÍVEIS................... 43 4 USO DOS RECURSOS NATURAIS.................................................................................................. 46 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 48 AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 49 TÓPICO 3 – TRANSFORMAÇÃO DOS AMBIENTES NATURAIS.............................................. 51 1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 51 2 A APROPRIAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO DA NATUREZA ..................................................... 51 3 CONFLITOS AMBIENTAIS................................................................................................................ 52 4 GERENCIAMENTO DOS RECURSOS NATURAIS..................................................................... 53 4.1 PROTEÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO............. 57 4.2 ECOCAPITALISMO......................................................................................................................... 61 5 PROTEÇÃO AMBIENTAL .................................................................................................................. 64 5.1 CONSERVAÇÃO EM UM MUNDO EM TRANSFORMAÇÃO................................................ 65 LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 67 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 68 AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 69 Sumário
  • 8. VIII UNIDADE 2 – ESPAÇO, SOCIEDADE E MEIO AMBIENTE.......................................................71 TÓPICO 1 – SOCIEDADE E MEIO AMBIENTE..............................................................................73 1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................73 2 A DINÂMICA DEMOGRÁFICA E A RELAÇÃO SOCIEDADE-NATUREZA.......................73 2.1 TRANSFORMAÇÃO DE ECOSSISTEMAS NATURAIS EM CENTROS URBANOS..........78 2.2 PAISAGEM, ECOLOGIA E PLANEJAMENTO AMBIENTAL................................................85 2.2.1 Paisagem ................................................................................................................................85 2.2.2 A organização das cidades conforme a lógica capitalista................................................87 2.2.3 Planejamento ambiental e urbano.......................................................................................93 3 AS CIDADES E AS POLÍTICAS DE SUSTENTABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.............96 3.1 AS “ÁREAS VERDES” NO MEIO URBANO.............................................................................100 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................104 AUTOATIVIDADE................................................................................................................................105 TÓPICO 2 – MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE ...........................................................107 1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................107 2 CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA.........................................................................................................107 3 A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.....................113 4 OS DESAFIOS DA SUSTENTABILIDADE...................................................................................114 5 POLÍTICAS SOCIAIS E SUSTENTABILIDADE..........................................................................117 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................121 AUTOATIVIDADE................................................................................................................................122 TÓPICO 3 – A QUESTÃO AMBIENTAL...........................................................................................123 1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................123 2 O CRESCIMENTO DA PRODUÇÃO MATERIAL E O MEIO AMBIENTE............................123 2.1 EM BUSCA DO DESENVOLVIMENTO ....................................................................................127 3 HISTÓRICO DA QUESTÃO AMBIENTAL ..................................................................................130 3.1 OS MOVIMENTOS ECOLÓGICOS.............................................................................................130 4 QUESTÃO AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.....................................132 4.1 AVANÇOS E DESAFIOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NO BRASIL..........132 LEITURA COMPLEMENTAR..............................................................................................................136 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................139 AUTOATIVIDADE................................................................................................................................140 UNIDADE 3 – MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO........................................................141 TÓPICO 1 – CRESCIMENTO, DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE...........................143 1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................143 2 DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE................................................................................143 3 GEOGRAFIA DA RIQUEZA, FOME E MEIO AMBIENTE........................................................144 3.1 CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO.....................................................................................150 3.2 COMPATIBILIDADE ENTRE DESENVOLVIMENTO HUMANO E ECONÔMICO..........152 4 CONDIÇÕES BÁSICAS PARA UMA ECONOMIA ECOLÓGICA..........................................155 4.1 ECONOMIA ECOLÓGICA (EE)..................................................................................................158 4.2 O DESEJÁVEL E O POSSÍVEL: LIMITES. ...................................................................................159 5 AS DIMENSÕES SOCIAL E AMBIENTAL DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO . SUSTENTÁVEL...................................................................................................................................167 5.1 DESENVOLVIMENTO (IN)SUSTENTÁVEL.............................................................................167 5. 2 A CRÍTICA AO DESENVOLVIMENTO (IN)SUSTENTÁVEL. ...............................................168 5.3 A RELAÇÃO ENTRE POBREZA E MEIO AMBIENTE............................................................170
  • 9. IX RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................172 AUTOATIVIDADE................................................................................................................................173 TÓPICO 2 – PRODUÇÃO DE ALIMENTOS E RECURSOS NATURAIS..................................177 1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................177 2 PRODUÇÃO AGRÍCOLA MUNDIAL ...........................................................................................177 2.1 A REVOLUÇÃO VERDE...............................................................................................................178 3 O USO DA ÁGUA NA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS.............................................................182 4 PRODUÇÃO DE ALIMENTOS E O DESPERDÍCIO...................................................................183 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................186 AUTOATIVIDADE................................................................................................................................187 TÓPICO 3 – AGRICULTURA E MEIO AMBIENTE........................................................................189 1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................189 2 O ATUAL MODELO AGRÍCOLA....................................................................................................189 2.1 OS IMPASSES POLÍTICOS E AMBIENTAIS DESSE MODELO AGRÁRIO-AGRÍCOLA...193 3 EXPANSÃO RECENTE DO AGRONEGÓCIO NOS CERRADOS BRASILEIROS...............194 4 OS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS DO AGRONEGÓCIO NO NORTE E CENTRO-OESTE BRASILEIRO.......................................................................................................195 5 AGROECOLOGIA...............................................................................................................................196 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................201 AUTOATIVIDADE................................................................................................................................202 TÓPICO 4 – RECURSOS NATURAIS E AS FONTES ENERGÉTICAS......................................203 1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................203 2 AS FORMAS E TRANSFORMAÇÃO DE ENERGIA...................................................................203 3 FONTES DE ENERGIA E MEIO AMBIENTE................................................................................205 4 ENERGIA HIDRELÉTRICA..............................................................................................................207 5 ENERGIA E DESENVOLVIMENTO...............................................................................................208 LEITURA COMPLEMENTAR..............................................................................................................211 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................212 AUTOATIVIDADE................................................................................................................................213 REFERÊNCIAS........................................................................................................................................215
  • 10. X
  • 11. 1 A partir desta unidade, você será capaz de: • conhecer os conceitos de ecologia e compreender que os princípios ecológicos podem ser aplicados ao gerenciamento de recursos; • conhecer as consequências das atividades humanas para os hábitats, decorrentes dos cultivos agrícolas, geração de energia, transformação em paisagens naturais em paisagens urbanas e industriais, assim como compreender a importância da manutenção e restauração de serviços ecossistêmicos; • conhecer os quantidade, qualidade e variedade e uso de recursos disponíveis, assim como a diferença de recursos naturais renováveis e não renováveis e subdivisões dos recursos não renováveis em energéticos e não energéticos. UNIDADE 1 RECURSOS NATURAIS E MEIO AMBIENTE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS Esta unidade está dividida em três tópicos. Em cada um deles, você encontrará atividades que o auxiliarão a fixar os conhecimentos abordados. TÓPICO 1 – ECOLOGIA E SISTEMAS ECOLÓGICOS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS TÓPICO 2 – RECURSOS AMBIENTAIS E NATURAIS TÓPICO 3 – TRANSFORMAÇÃO DOS AMBIENTES NATURAIS
  • 12. 2
  • 13. 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 ECOLOGIA E SISTEMAS ECOLÓGICOS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS 1 INTRODUÇÃO Olá, acadêmico! Neste capítulo, você conhecerá alguns conceitos e fundamentos da ecologia, ciência bem marcada no campo da biologia, mas primordial para a compreensão dos aspectos teórico-conceituais e na interpretação dos ambientes e suas interações. Dessa forma, é um estudo de interesse em muitas áreas do conhecimento. A Educação Ambiental, por exemplo, importa da ecologia uma série de conceitos primordiais ao entendimento das relações no ambiente. Apesar de não ser uma ciência ambiental, é uma ciência que estuda o ambiente. Por esta razão, nesta unidade, trataremos de temas ambientais aplicadas à ecologia, mas, antes disso, veremos um breve histórico e algumas definições de ecologia. 2 ECOLOGIA E ECOSSISTEMAS Neste tópico, você conhecerá um breve histórico da ecologia e algumas de suas definições, sendo a primeira feita pelo discípulo de Charles Darwin, Ernst Haeckel, em 1869 e, posteriormente, conhecerá o conceito de ecossistema, descrito por Odum e Barrett (2007), segundo sua estrutura trófica.
  • 14. UNIDADE 1 | RECURSOS NATURAIS E MEIO AMBIENTE 4 2.1 UM BREVE HISTÓRICO E DEFINIÇÕES DE ECOLOGIA A primeira definição de ecologia foi feita pelo discípulo de Charles Darwin, Ernst Haeckel, em 1869, definindo-a como “o estudo do ambiente natural, inclusive das relações dos organismos entre si e com seus arredores” (HAECLEL, 1869, apud ODUM; BARRET, 2007). É possível que você tenha ouvido ou tenha lido que a palavra ecologia deriva do grego “oikos”, que significa “casa”, e logos, que significa estudo, ou seja, é o “estudo da casa”. É nesse ambiente em que vivemos. Ele é comum a todos. É onde os seres se relacionam entre si e com o meio em que vivem. Portanto, não nos parece exagero que haja uma grande preocupação quanto ao nosso modo de vida, como as relações entre os seres se estabelecem e como interagimos com o meio ambiente. Segundo Townsend, Begon e Harper (2009), pela definição do termo, a ecologia pode pleitear o posto de ciência mais antiga. Mas, por quê? Os autores consideram que a ecologia estuda a distribuição e abundância de organismos e das interações que as determinam, supondo que os humanos primitivos devem ter sido ecólogos ecléticos. Isso se justifica pelo fato de se guiarem pela necessidade de compreender a localização dos seus alimentos e de seus inimigos humanos. Precisavam manejar suas fontes de alimentos vivas e domesticadas. Portanto, os autores acreditam que estes primeiros ecólogos foram ecólogos aplicados, por procurarem entender a distribuição e abundância de organismos para o benefício coletivo e por apresentarem interesse nos tipos de problemas nos quais os ecólogos aplicados ainda estão interessados, como o aumento da taxa de alimento colhido de ambientes naturais; tratamento e estoque de plantas e animais domesticados; proteção dos organismos que são fontes de alimentos dos seus inimigos naturais e controle de patógenos e parasitas no nosso meio. Polinarski, Dalzotto e Nunes (2010), ao abordarem a ascensão da ecologia como área de estudos para a biologia, traçam o histórico da ecologia desde a antiga Grécia até a Idade Moderna. Segundo os autores, na Grécia antiga, os naturalistas da época ou aqueles que trabalhavam com a história natural desenvolveram ideias e princípios ecológicos sem usar um termo específico; no Período Renascentista, época em que os trabalhos desenvolvidos pelos naturalistas eram separados em Ecologia Vegetal e Ecologia Animal, diversos trabalhos foram realizados no campo da ecologia, porém, sem empregar o termo como campo de estudo; na Idade Moderna surgiram muitos trabalhos no campo da ecologia, ainda que influenciados pela visão aristotélica finalista e divina, com os cientistas Carl von Lineu, Charles Lyell e Charles Robert Darwin. É do nosso conhecimento que Charles Darwin foi quem propôs a teoria da evolução das espécies baseada na influência das relações entre organismos. Contudo,cabelembrarqueobiólogoalemãoErnstHeinrichHaeckeléconsiderado o “pai da ecologia”. Ainda assim, embora seja creditado o uso do termo ecologia (Oekologie, em alemão) a Ernst Haeckel, em 1866, segundo Polinarski, Dalzotto e Nunes(2010),otermojáhaviasidoutilizadoantesdeHaeckel.Osautoresressaltam
  • 15. TÓPICO 1 | ECOLOGIA E SISTEMAS ECOLÓGICOS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS 5 que os trabalhos dos mencionados autores contribuíram para a formação da área da ecologia, porém o primeiro livro a ser publicado com estudos ecológicos foi do dinamarquês Johann Eugen Bülow Warming. Warming afirmava que o impulso da evolução estava nas alterações das condições climáticas e edáficas da vida das plantas, distanciando da doutrina darwiniana, a qual afirma que a evolução ocorre com a modificação dos descendentes (POLINARSKI; DALZOTTO; NUNES, 2010). Já que estamos conhecendo os conceitos básicos de ecologia e seus fundadores, não podemos deixar de mencionar outros importantes nomes da ecologia, como Tansley e F. E. Clements. Tansley foi um dos fundadores da ecologia. Segundo Townsend, Begon e Harper (2010), Tansley tinha uma preocupação com a forte tendência que ela se apresentava a permanecer no estágio descritivo e não sistemático, pensamento expresso em 1904 quando escreveu “Os problemas da ecologia”. Clements, outro fundador da ecologia, por sua vez, acolheu a apreensão de Tansley, lamentando-se em seu “Método de Pesquisa em Ecologia”, em 1905, sobre o sentimento difundido de que qualquer um poderia realizar o trabalho ecológico, independentemente de preparação. Townsend, Begon e Harper (2010) asseguram que a ecologia não é uma ciência fácil, pois possui sutilezas e complexidades específicas, com milhares de espécies diferentes e bilhares de indivíduos geneticamente diferenciados, interagindo em um mundo variado e sempre em transformação. Essa interação entre os diversos elementos da natureza faz com que as intervenções no meio sejam muito cuidadosas. O quadro a seguir apresenta algumas definições de ecologia. Cabe ressaltar que nos anos seguintes a Haeckel, a ecologia vegetal e a animal passaram a ser tratadas separadamente, razão pela qual alguns conceitos apresentados são mais específicos e, portanto, com foco em uma ou outra. QUADRO 1- DEFINIÇÕES DE ECOLOGIA Definição Autor (ano) “A ciência que se ocupa das relações externas de plantas e animais entre si e com as condições passadas e presentes de suas existências”. Burdon-Sanderson (1893) “Aquelas relações de plantas, com seu entorno e entre elas, que dependem diretamente de diferenças de hábitats entre plantas”. Tansley (1904) Ciência “principalmente relacionada com o que pode ser chamado de sociologia e economia de animais, e não com a estrutura e outras adaptações que eles apresentam”. Elton (1927) “O estudo científico da distribuição e abundância de organismos”. Andrewartha (1961) “O estudo científico das interações que determinam a distribuição e abundâncias de organismos”. Krebs (1972) “O estudo do ambiente natural, particularmente as relações entre organismos e suas adjacências”. Ricklefs (1973) FONTE: Adaptado de Townsend, Begon e Harper (2010)
  • 16. UNIDADE 1 | RECURSOS NATURAIS E MEIO AMBIENTE 6 Na obra de Odum e Barrett (2015), “Fundamentos de Ecologia”, onde você poderá aprender como os princípios ecológicos podem ser aplicados no gerenciamento de recursos, recebe destaque o fato de que a “casa ambiental” inclui todos os organismos que nela habitam, assim como os processos funcionais que a tornam habitável. Os autores apontam que a palavra economia, assim como ecologia, também deriva de oikos e que nomia significa gerenciamento. Portanto, o termo economia se traduz por “gerenciamento doméstico”. Odum e Barrett (2015) afirmam que muitos veem ecólogos e economistas como adversários, mas estas disciplinas deveriam estar relacionadas, o que não parece difícil de ser confirmado. Afirmam ainda que devido às conquistas tecnológicas,ohomempodeacreditarquedependemenosdoambientenaturalpara suas necessidades diárias e se esquece da sua dependência contínua da natureza em termos de ar, água e, de forma indireta, de alimento e mesmo da assimilação de resíduos, recreação e muitos outros serviços fornecidos pelo meio ambiente. Bem lembrado pelos autores, os sistemas econômicos, seja qual for a ideologia política, atribuem valores às coisas feitas pelo homem, favorecendo primeiramente o indivíduo, mas atribuem pouco valor monetário aos bens e serviços da natureza, pois tendem a considerar com normalidade os bens e serviços originários pela natureza, acreditando que sejam repostos por inovações tecnológicas. Veremos ainda, nesta unidade, que não funciona dessa forma. Embora algumas inovações sejam empregadas a favor do meio ambiente, contribuindo para a sustentabilidade ambiental, não são capazes de repor os recursos extraídos da natureza. Dentre as tecnologias que proporcionam ou proporcionarão diversos benefícios para a humanidade estão a tecnologia da informação, que evita deslocamentos e, consequentemente, redução de CO2; a energia solar, que reduz a agressão ao meio ambiente, como a queima dos combustíveis fósseis; os biocombustíveis, por serem uma fonte renovável de energia e reduzir as emissões de CO2; e tratamento de água, usada na potabilidade de águas residuais. Agora que conhecemos a história da ecologia, trataremos do conceito de ecossistema, que é a unidade principal do estudo da ecologia. Logo depois, abordaremos sobre a degradação de habitats, tema que recebeu uma ampla cobertura durante a década de 1970, quando surge a busca pela proteção da natureza. UNI Caro acadêmico! Para conhecer mais sobre o desenvolvimento de uma nova disciplina interfacial, a economia ecológica, consulte o livro “Fundamentos de ecologia”, de Odum e Barrett (2007), referenciado nesta unidade. Boa leitura!
  • 17. TÓPICO 1 | ECOLOGIA E SISTEMAS ECOLÓGICOS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS 7 2.2 ECOSSISTEMAS De acordo com Odum e Barrett (2007), sistema ecológico ou ecossistema é qualquer unidade que abrange a comunidade biótica em uma determinada área interagindo com o ambiente físico, de forma que “um fluxo de energia leve a estruturas bióticas claramente definidas e à ciclagem de materiais entre componentes vivosenãovivos”.Completamaindaqueumecossistemaéumaunidadedeentradas e saídas, com fronteiras que podem ser naturais ou arbitrárias. É um sistema aberto e, como mencionado anteriormente, trata-se de um sistema complexo. Devido à sua complexidade, os autores ressaltam que abordagens econômicas e tecnológicas em curto prazo se mostram como um desafio para o futuro e que a sociedade moderna urbano-industrial afeta os sistemas naturais e tem criado um arranjo novo chamado de “tecnoecossistema dominado pelos homens”. Para melhor compreender o conceito de ecossistema, Odum e Barrett (2015) descrevem-no segundo sua estrutura trófica (níveis alimentares pelos quais ocorrem processos que possibilitam o transporte de energia e matéria num ecossistema.A pirâmide com os diferentes níveis tróficos encontra-se na Figura 3). Assim, o ecossistema apresenta duas camadas: o estrato autotrófico ou “cinturão verde”, na camada superior, no qual predomina a fixação de energia, o uso de substâncias inorgânicas simples e construção de substância orgânicas complexas; e o estrato heterotrófico ou “cinturão marrom”, composto de solos e sedimentos, matéria em decomposição, raízes e outros, no qual predominam o uso, o rearranjo e a decomposição dos materiais complexos. Os autores destacam que convém reconhecer como constituintes do ecossistema os seguintes componentes: • substâncias inorgânicas, envolvidas nos ciclos dos materiais; • compostos orgânicos, que ligam os componentes bióticos e abióticos; • ambiente de ar, água e substrato, compreendendo o clima e outros fatores físicos; • produtores (organismos autotróficos), plantas verdes, na maioria, capazes de produzir alimentos de substâncias inorgânicas simples; • fagótrofos (organismos heterotróficos), sobretudo animais que ingerem outros organismos ou matéria orgânica particulada; e • sapótrofos (organismos heterotróficos), especialmente bactérias e fungos, que obtêm energia decompondo tecidos mortos ou absorvendo matéria orgânica dissolvida. Cabe lembrar que conhecer os constituintes do ecossistema é essencial para conhecermos seu funcionamento e também compreendermos o nosso papel nesta dinâmica. Dessa forma, podemos refletir sobre os efeitos de nossas intervenções e adotarmos posturas que importam a essa questão tão debatida e relevante para a humanidade. Agora vamos analisar algumas imagens e informações sobre a intervenção humana nos biomas brasileiros e suas implicações.
  • 18. UNIDADE 1 | RECURSOS NATURAIS E MEIO AMBIENTE 8 UNI Caro acadêmico! Para ampliar seus conhecimentos sobre este novo arranjo criado pela sociedade moderna, o tecnossistema, assim como a classificação dos ecossistemas baseada na energia, em biomas e nos tipos de ecossistema global, consulte a obra de Odum e Barrett (2015). Além destes assuntos, você ainda poderá conhecer o desenvolvimento dos ecossistemas. Bom estudo! Para termos uma ideia dos efeitos da interferência do homem no meio ambiente na contemporaneidade, vejamos de forma sucinta o que o Ministério do Meio Ambiente relata sobre efeitos da intervenção humana para a biodiversidade. Assim, também podemos nos colocar na posição de agente de mudanças, mas também aquele que sofre os efeitos das mudanças. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), a degradação biótica pela qual o planeta passa tem suas raízes na condição humana contemporânea, agravada pelo crescimento da população humana e pela má distribuição de renda. Aspectos sociais, econômicos, culturais e científicos estão envolvidos na perda da diversidade biológica. Para o MMA, em anos recentes, a intervenção humana em habitats que eram estáveis aumentou expressivamente, ocasionando perdas maiores de biodiversidade. Dentre elas, a ocupação de biomas em diferentes escalas e velocidades, a devastação de extensas áreas de vegetação nativa no Cerrado do Brasil Central, na Caatinga e na Mata Atlântica, e para desenvolver uma abordagem equilibrada entre conservação e uso sustentável da diversidade biológica, atendendo ao modo de vida das populações locais, é necessário que sejam conhecidos os estoques dos vários hábitats naturais, assim como daqueles que foram modificados. Um exemplo que costuma ser usado para retratar este tipo de degradação é resultado das pressões da ocupação humana na zona costeira, no bioma Mata Atlântica, que ficou reduzida a aproximadamente 7% de sua vegetação original. Na periferia da cidade do Rio de Janeiro existem áreas com mais de 500 espécies de plantas por hectare, incluindo árvores de grande porte, ainda não descritas pela ciência. Então, quais são os processos responsáveis pela perda de biodiversidade? Para o Ministério do Meio Ambiente, os principais processos são: • perda e fragmentação dos habitats; • introdução de espécies e doenças exóticas; • exploração excessiva de espécies de plantas e animais; • uso de híbridos e monoculturas na agroindústria e nos programas de reflorestamento; • contaminação do solo, da água e atmosfera por poluentes; • e mudanças climáticas.
  • 19. TÓPICO 1 | ECOLOGIA E SISTEMAS ECOLÓGICOS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS 9 UNI Dados mais recentes do Atlas da Mata Atlântica, referentes ao período de 2015 a 2016, apontam o desmatamento de 29.075 hectares (ha), ou 290 km2, nos 17 Estados do bioma Mata Atlântica. O que representou um aumento de 57,7% em relação ao período de 2014-2015, referente a 18.433 ha, e um retrocesso, tendo em vista no período de 2005 a 2008 a destruição foi de 102.938 há (SOS, 2017). Para acompanhar a evolução do desmatamento neste bioma, acesse <https://www.sosma.org.br/projeto/atlas-da-mata- atlantica/dados-mais-recentes/>. Neste site, você terá acesso a dados mais recentes sobre os remanescentes florestais da Mata Atlântica. AFigura1apresentaomapadosremanescentesflorestaisdaMataAtlântica e veja quais são os estados brasileiros que mais desmataram, comparando os mapas da mata original com os remanescentes de 2008-2010. FIGURA 1 - MAPA DOS REMANESCENTES FLORESTAIS DA MATA ATLÂNTICA FONTE: Disponível em: <http://riosvivos.org.br/a/Noticia/Atlas+dos+Remanescentes+Florestais+ da+Mata+Atlantica+/15676>. Acesso em: 23 jul. 2017. Eis dados parciais do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica para o período de 2008-2010, que foi divulgado pela Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE. Segundo pesquisadores, no período de 2008 a 2010, foram desmatados em torno de 20.867 hectares de cobertura florestal nativa, o que foi comparado à metade do município de Curitiba. O estudo também apresentou os mapas atualizados para nove dos 17 Estados ocupados pela Mata Atlântica: GO, ES, MG, MS, PR, RJ, RS, SC e SP, além da avaliação do período dos municípios destes nove estados.
  • 20. UNIDADE 1 | RECURSOS NATURAIS E MEIO AMBIENTE 10 A avaliação para o período de 2008-2010 mostra que são necessárias políticas públicas que incentivem a conservação e a fiscalização, atuando de maneira mais efetiva para garantir a manutenção da floresta e, consequentemente, dos serviços ambientais para as pessoas que dependem de seus recursos naturais. Vamos ver quais são os campeões em desmatamento segundo o estudo? A partir daí também podemos pensar em projetos e práticas para o bioma em questão. Minas Gerais Possuía originalmente 46% do seu território (ou 27.235.854 ha) cobertos pelo bioma Mata Atlântica. Agora restam apenas 9,64% do bioma, ou 2.624.626 hectares, no Estado. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, Minas Gerais teve 80% de sua área avaliada, o que pode levar o número de desmatamento a ser ainda maior.  Paraná Houve uma redução da taxa anual de desmatamento em 19%, de 3.326 hectares no período de 2005-2008, para 2.699 hectares no período de 2008-2010. O estado possuía 98% de seu território (ou 19.667.485 hectares) no Bioma Mata Atlântica, reduzido para 10,52% (2.068.985 hectares). De acordo com a instituição, 90% da Mata Atlântica nativa no Estado foi avaliada.  Santa Catarina Reduziu a taxa de desmatamento em 75%, de 8.651 hectares, o desflorestamento caiu para 2.149 hectares. Importante destacar que Santa Catarina está inserido 100% no bioma Mata Atlântica (9.591.012 hectares), restando hoje apenas 23,37%, ou 2.241.209 hectares. Rio Grande do Sul Aumentou a taxa de desmatamento anual, desflorestando 83% a mais. A taxa, de 1.039 hectares/ano no período de 2005-2008, passou para 1.897 hectares. O Estado tinha 48% do seu território (ou 13.759.380 hectares) no bioma, restando hoje apenas 7,31% (1.006.247 hectares). Os pesquisadores concluem que Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e São Paulo são áreas críticas para a Mata Atlântica, pois são os estados que mais possuem remanescentes florestais em seus territórios e apresentaram grandes desmatamentos em números absolutos. Os pesquisadores envolvidos no estudo ressaltam que, no caso de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul, é necessária atuação firme por parte dos governos federal e estaduais, acompanhados de perto pela sociedade, para reduzir e até zerar estes números. A proposta indicada
  • 21. TÓPICO 1 | ECOLOGIA E SISTEMAS ECOLÓGICOS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS 11 no estudo inclui o desenvolvimento de políticas públicas para valorizar a floresta e que sejam capazes de promover o desenvolvimento de negócios aliados à conservação, por exemplo, o turismo sustentável, além do investimento em educação ambiental.   Observe os mapas (Figura 2) e compare a área original do Cerrado com a vegetação remanescente até o final de 2008. O que você percebe ao analisar os mapas? FIGURA 2 - ÁREA ORIGINAL E REMANESCENTES DO BIOMA CERRADO ATÉ 2008 FONTE: Disponível em: <http://institutocerradoesociedade.blogspot.com.br/2011/11/o-grau-de- protecao-do-cerrado.html>. Acesso em: 24 jul. 2017. Área Original do Bioma Cerrado Área Original do Bioma Cerrado (IBGE) Remanescentes do Bioma Cerrado Remanescentes até 2008 (CSR -IBAMA) Elaborado pelo: Escala 1:50.000.000 Km 3.000 1.500 750 0 Dados atualizados podem ser obtidos acessando o site <https://www.sosma. org.br/tag/inpe/>. Neste site, você terá acesso a artigos, notícias, calendários de eventos e divulgação de dados sobre o tema. Não deixe de consultar. Bom estudo! ATENCAO
  • 22. UNIDADE 1 | RECURSOS NATURAIS E MEIO AMBIENTE 12 Em 2007, o Ministério do Meio Ambiente elaborou o mapa das Unidades de Conservação e Terras Indígenas dos biomas Cerrado e Pantanal, com a finalidade de disponibilizar informações que apoiem a conservação dos biomas. A partir deste estudo foi observado que o Cerrado é pouco protegido. Apenas 6,82% do bioma era protegido por Unidades de Conservação (UCs), até o ano de 2007 e que a fragmentação da paisagem, ocasionada em grande parte pela agropecuária, isola as unidades de conservação e remanescentes, dificultando o fluxo genético, muito importante para a manutenção da biodiversidade. Foi observado que apenas 2,76% são Unidades de Conservação de Proteção Integral, que objetivam preservar a natureza, permitindo somente o uso indireto dos recursos. Quanto ao percentual restante, são áreas protegidas (4,04%) UCs de uso sustentável, que admitem compatibilizar o uso dos recursos com a conservação. Do total de área protegida no Cerrado, 56% são Áreas de Proteção Ambiental (APA), uma categoria de UCs de uso sustentável, que assegura o uso sustentável de recursos naturais e disciplina a ocupação do solo. De acordo com o estudo, isso ocorre teoricamente, pois, na prática, tem se mostrado um instrumento muito mais político que conservacionista, já que na maioria das vezes é criada apenas no papel. Quanto às terras indígenas, provam ser territórios importantes para a conservação de remanescentes de Cerrado, embora não sejam categorias de UCs, e sim vinculadas à FUNAI. IMPORTANTE Para conhecer mais sobre o uso e cobertura do solo no Cerrado, consulte o Mapeamento do Uso e Cobertura da Terra no Cerrado – Projeto Terra Class 2013. Brasília: 2015. Nesta obra, você compreenderá o processo de ocupação deste bioma, as políticas públicas e ações relacionadas ao monitoramento da cobertura e do uso das terras no Cerrado, os objetivos do TerraClass Cerrado, entre outros. 2.3 TRABALHANDO COM O TEMA EM SALA DE AULA Para o acadêmico que aplicará seus conhecimentos em sala de aula como docente, no Portal do Professor você tem acesso a aulas produzidas por profissionais da educação que podem ser replicadas ou mesmo servir como inspiração para novas produções.
  • 23. TÓPICO 1 | ECOLOGIA E SISTEMAS ECOLÓGICOS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS 13 IMPORTANTE Além das informações referentes aos inúmeros sites com atividades lúdicas, é importante que você saiba que o guia de mídia apresenta uma lista de sites de ecologia e meio ambiente. Consulte o guia no endereço eletrônico <https://www.guiademidia.com.br/ sites/ecologia.htm> e torne suas aulas ainda mais interessantes. Bom estudo! No Portal do Professor, você tem acesso a diversos planos de aula que envolvem o estudo da Ecologia que podem ser aplicados nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental, Ensino Médio, Educação de Jovens e Adultos, incluindo práticas, problematização, atividades. Quanto ao componente curricular, incluem as disciplinas de Geografia, Biologia, Química, Ética e temastransversais.Os temas das aulas são dos mais diversos, incluindo sociedade e meio ambiente, respeito mútuo, identidade dos seres vivos, ecologia e ciências ambientais, qualidade de vida das populações humanas, ecologia e ciências ambientais, água, entre outros. Os endereços dos sites consultados foram referenciados no final da unidade. Além do Portal da Educação há inúmeros sites lúdicos que podem ser empregados para tornar a aula mais dinâmica e interessante. Os sites incluem jogos e atividades educativas, inclusive jogos de sustentabilidade. Dessa forma, os alunos se motivam e aprendem brincando. Os sites são: <http://www.jogos-geograficos.com/>; <http://www.sogeografia.com.br/Jogo s/; https://online.seterra.com/pt>; <http://www.geoensino.net/2011/06/teste.html; http:// www.atividadeseducativas.com.br/index.php?id=3496>; <http://www.sustentabilidades. com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=35&Itemid=66>. ATENCAO 3 DEGRADAÇÃO DE HABITATS O desenvolvimento da sociedade implica a extração de produtos da natureza e, consequentemente, na sua transformação. Nas áreas urbanas observamos essa transformação de forma mais visível à medida que áreas vegetadas são substituídas por áreas concretadas. Esta transformação ocorrida no meio urbano deu origem a uma nova paisagem, que ficou conhecida como “selva de pedra”.
  • 24. UNIDADE 1 | RECURSOS NATURAIS E MEIO AMBIENTE 14 Dessaforma,adegradaçãodomeioambiente,emproldodesenvolvimento, tem sido alvo de análise e importantes debates. Importante também destacar que os seres humanos não são os únicos a degradar o ambiente. Outros seres também degradam o meio ambiente, pois extraem recursos da natureza para sobreviver. Contudo, a escala de degradação leva a uma preocupação quanto aos efeitos destas alterações feitas pelo homem. Vamos conhecer algumas destas consequências para os habitats. 3.1 CONSEQUÊNCIAS DAS ATIVIDADES HUMANAS Alguns estudiosos costumam chamar a atenção para os efeitos do crescimento populacional sobre o meio ambiente e, consequentemente, para o bem-estar do próprio homem. Poderíamos tirar algumas conclusões do avanço da agropecuária sobre os diversos biomas brasileiros, com base nas informações apresentadas anteriormente nos mapas de remanescentes de vegetação nativa. Também poderíamos nos propor a analisar os efeitos deste avanço nas localidades onde vivemos. Mas antes disso, vamos conhecer a preocupação dos ecólogos e biólogos e, dessa forma, compreender que a ocupação de áreas de mata original pelo homem traz benefícios, mas também acarreta efeitos negativos para a biodiversidade e para a própria sociedade. Assim, podemos ter uma boa noção da dinâmica dos ecossistemas e mais elementos para descrevermos as consequências das intervenções humanas para o meio ambiente. Ecólogos e biólogos se preocupam com a taxa de extinção das espécies resultante da ação humana, enquanto profissionais de diferentes áreas do conhecimento incluem ao debate as causas e efeitos da degradação física e química dos hábitats (TOWNSEND; BEGON; HARPER, 2010). Dessa forma, os autores ressaltam que a degradação do meio físico inclui a perda de solo e desertificação causada pela agricultura intensiva, mudanças na descarga dos rios, devido ao represamento de água para a geração de energia hidrelétrica ou da sua retirada para a irrigação de lavouras. Quanto à degradação química dos habitats, o uso de pesticidas aplicados na terra gera bastante preocupação, pois se encaminham para locais inesperados, passando pelas cadeias alimentares. O uso excessivo de fertilizantes nitrogenados nos solos que escoam para os rios, lagos e oceanos, também gera preocupação devido ao aumento nos níveis de nitrato que destroem os processos ecossistêmicos. Via atmosfera, há os efeitos da chuva ácida e incremento de gases de efeito estufa. Os autores lastimam que o custo de nossas atividades pode corresponder aos “serviços ecossistêmicos”, perdidos quando os habitats são degradados. Por esta razão, detalharemos um pouco sobre as vias de degradação do meio ambiente, tendo como base, principalmente, a obra de Townsend, Begon e Harper (2010).
  • 25. TÓPICO 1 | ECOLOGIA E SISTEMAS ECOLÓGICOS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS 15 3.2 DEGRADAÇÃO VIA CULTIVO AGRÍCOLA Caro acadêmico! Foi conferida maior atenção a este item devido aos efeitos na qualidade da água, no solo e, consequentemente, para os organismos vivos, incluindo o homem. Através de informações da mídia e participação em conferências, fóruns, oficinas etc., é possível observar a importância atribuída ao debate e estudos sobre a qualidade da água e do solo para os seres vivos. Townsend, Begon e Harper (2010) destacam que a qualidade da água pode ser afetada pelas alterações que têm ocorrido em função dos usos em uma bacia hidrográfica e que, quanto maior a população, maior a demanda por alimentos e outros produtos e maior a pressão sobre os recursos naturais. Além disso, é primordial atentar para a necessidade de um descarte apropriado da produção de resíduos. Os autores acentuam que, no caso dos resíduos da pecuária, os excrementos das aves confinadas podem ser transformados em um ótimo fertilizante para jardins e lavouras, com a vantagem de ser inócuo. Quanto aos resíduos suínos, segundo Lindner (1999), a capacidade poluente de dejetos suínos equivale, em média, a 3,5 pessoas. No início do século XXI, publicações da Embrapa já indicavam que em diversos países os efluentes originários da produção animal já eram a principal fonte de poluição dos recursos hídricos, superando a poluição industrial, e que restrições legais procuram inviabilizar o descarte nos cursos d’água. Algumas práticas de manejo destes resíduos incluem o retorno do material na forma de compostos semissólidos ou como biofertilizantes líquidos. Uma análise econômica da geração de energia elétrica a partir do biogás na suinocultura em Santa Catarina foi realizada por Martins e Oliveira (2011). Para os autores, o uso de dejetos suínos como fertilizante orgânico fica limitado, tendo em vista que a produção de suínos no estado é realizada em pequenas e médias propriedades, com topografia acidentada. Townsend, Begon e Harper (2010) evidenciam que práticas agrícolas envolvem o uso de fertilizantes obtidos através da mineração de nitrato de potássio ou de excremento animal. Contudo, frisam que a maior parte vem do processo industrial de fixação do nitrogênio, no qual o nitrogênio é combinado com o hidrogênio para formar amônia e, posteriormente, nitrato. Além dos processos mencionados, os autores salientam que o nitrogênio fixado por culturas leguminosas, como alfafa, trevo, ervilhas e feijões, soma-se aos nitratos levados pela água. Para a saúde, destacam que o excesso de nitrato na água pode ser uma ameaça, pois pode contribuir para a formação de nitrosaminas carcinogênicas e redução de capacidade de transporte de oxigênio do sangue em crianças. O aporte excessivo de nutrientes de nitrogênio e fósforo da agricultura e dejetos humanos levam à alteração das condições oligotróficas para eutróficas e que grandes “zonas mortas” têm sido observadas próximas às desembocaduras de rios em função deste aporte de nutrientes. Isso decorre do escoamento de água rica em nutrientes para riachos, rios e lagos, chegando aos estuários e oceanos, onde as consequências
  • 26. UNIDADE 1 | RECURSOS NATURAIS E MEIO AMBIENTE 16 ecológicas podem ser grandes (TOWNSEND; BEGON; HARPER, 2010). Os autores salientam que zonas mortas oceânicas estão associadas a nações industrializadas e, de modo geral, ocorrem junto a países que subsidiam a agricultura, encorajando os produtores rurais a aumentarem a produtividade e usarem mais fertilizantes. De acordo com Flores et al. (2004), dos compostos usados em grande escala na agricultura, encontram-se os organoclorados, os organofosforados, carbamatos, piretroides e muitos derivados de triazinas, entre outros. Condições oligotróficas referem-se aos corpos de água nos quais não ocorrem intervenções indesejáveis sobre os usos da água, e condições eutróficas são aquelas em que se observa uma alta produtividade nos corpos de água em relação às condições naturais, decorrentes, de modo geral, pelas atividades humanas. Ou seja, a eutrofização de cursos d'água resulta em um aumento de nutrientes primordial para o fitoplâncton (algas) e plantas aquáticas superiores, principalmente nitrogênio, fósforo, potássio, carbono e ferro. ATENCAO Como mencionado anteriormente, o aumento da demanda por alimentos culmina no aumento da poluição ambiental. Segundo Flores et al. (2004), a história da humanidade é marcada por prejuízos causados por pragas agrícolas, como o ocorrido na Irlanda por volta de 1845, quando milhares de pessoas morreram de fome em consequência da requeima da batata, que destruiu os batatais daquela região, e da devastação da cultura de cacau pela vassoura-de- bruxa no sul da Bahia, ocasionando problemas econômicos e sociais e ecológicos, como a destruição de partes da Mata Atlântica. Townsend, Begon e Harper (2010) enfatizam que, embora o controle de pragas tenha reduzido doenças para homens e animais e incrementado a produção agrícola, o uso de pesticidas pulverizados para eliminação de pragas tornou-se um poluente ambiental devido à toxicidade para espécies diferentes das espécies alvos e por se deslocarem para áreas diferentes da região de interesse e por persistirem no ambiente além do tempo esperado, afetando o ecossistema. Flores et al. (2004) apontam como causa das consequências negativas a aplicação desmedida de pesticidas, ocasionando o desaparecimento de algumas espécies de insetos úteis e aparição de novas pragas e a resistência de muitas espécies de insetos a certos inseticidas, levando à busca de novos produtos. Sem contarqueosinseticidasorganocloradostêmcomocaracterísticaabiomagnificação, que ocorre quando substâncias tóxicas presentes em um organismo se acumulam nos níveis tróficos da cadeia alimentar, tornando-se mais concentrado a cada nível, como mostra a Figura 3. Cabe ressaltar que a ação residual do produto considerado como qualidade começou a ser visto como grave inconveniente. A ação residual dos pesticidas está relacionada à estabilidade química dos organoclorados, conferindo-lhes prolongada persistência no ambiente.
  • 27. TÓPICO 1 | ECOLOGIA E SISTEMAS ECOLÓGICOS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS 17 Através da imagem a seguir podemos entender como ocorre o aumento da concentração de uma substância ou elemento nos organismos vivos, à medida que percorre a cadeia alimentar, passando a se acumular no nível trófico mais elevado.  FIGURA 3 - NÍVEIS TRÓFICO, OU GRUPOS DE ORGANISMOS COM HÁBITOS DE ALIMENTAÇÃO SEMELHANTES (A). CADEIA ALIMENTAR DE ORGANISMOS AQUÁTICOS (B) FONTE: Disponível em: <https://apbioecologyproject.weebly.com/food-webs-and-trophic-levels. html> (a); <http://www.whoi.edu/oceanus/v2/article/images.do?id=52189>. Acesso em: 20 jan. 2018.
  • 28. UNIDADE 1 | RECURSOS NATURAIS E MEIO AMBIENTE 18 E o homem, como é afetado pelo acúmulo progressivo de sustâncias de um nível trófico para outro? Observando a imagem a seguir, podemos verificar que a concentraçãode0,4partespormilhão(ppm)verificadasempeixesparaalimentação é maior que o valor de 0,01 ppm encontrados nos invertebrados consumidos pelos peixes. Maior ainda é a concentração no salmão e a truta-do-lago, com 1ppm, e em algumas aves, como a gaivota-arenque, que chega a concentrar 6ppm. A partir daí, pode-se deduzir que a águia e o homem, que estão nos níveis tróficos mais elevados, a concentração seja ainda maior, de acordo com estudos sobre bioacumulação. Daí a preocupação quanto aos poluentes desta natureza. FIGURA 4 - TEIA ALIMENTAR E BIOACUMULAÇÃO FONTE: Adaptado de: Baird (2002) Águia-calva Cormorões Gaivota - arenque Seres humanos Peixes para alimentação Eperlane Arenque Carpa Peixe - escorpião 0,4 ppm Invertebrados 0,01 ppm 1 ppm Plâncton Aves aquátivas Nutrimentos minerais Vegetação Plantas e animais mortos Bactérias e fungos Tartaruga voraz Salmão/Truta-do-lago
  • 29. TÓPICO 1 | ECOLOGIA E SISTEMAS ECOLÓGICOS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS 19 Entre os compostos usados em grande escala, os organoclorados sintéticos usados na agricultura para o controle de praga, como o DDT (diclorodifeniltricloroetano), Dieldrin e Aldrin foram alvo de debate e estudo, pois a redução da eficácia do produto obrigou a aplicação de doses cada vez maiores. No Brasil, Flores et al. (2004) destacam que os pacotes tecnológicos vinculados ao financiamento bancário forçavam os agricultores a adquirir insumos e equipamentos. Entre os insumos, encontravam-se os pesticidas, recomendados para o controle de pragas e doenças. O problema ambiental do uso de organoclorados apontado por alguns estudos e destacado pelos referidos autores é que muitos dos compostos apresentam alta resistência à degradação química e biológica, além de apresentar alta solubilidade em lipídios, ou seja, possuem alta capacidade de adsorção na matéria orgânica, o que leva ao acúmulo desses compostos ao longo da cadeia alimentar, notadamente nos tecidos ricos em gorduras dos organismos vivos, percorrendo rapidamente a cadeira alimentar, incluindo o homem que ocupa o topo da cadeia, podendo ser encontrados em locais distantes das áreas de aplicação, transportados por rios, circulação oceânica e atmosférica. Estudos realizados no leste da Groenlândia destacam que o DDT poderia ser encontrado na neve do Alasca, e Campanilli (2004 apud Flores et al., 2004)) ressaltou que poder-se-iam encontrar golfinhos contaminados com DDT, desde o litoral paulista até regiões da Antártida. Nas aves, o DDE, metabólito do DDT, tem sido indicado como responsável pela deficiência na formação da casca dos ovos. Como consequência, as cascas são frequentemente frágeis e não resistem até que ocorra a eclosão natural dos ovos, como observado por Solomons (1989) e Tan (1994), conforme citação de Townsend, Begon e Harper (2010). Uma alternativa para a redução de pragas agrícolas e uso de compostos sintéticos é o emprego de técnicas de controle biológico, que possibilitam a substituição de inseticidas convencionais por inimigos naturais diversificados, como insetos, vírus, fungos, bactérias, extratos vegetais, dentre outros (CHAGAS et al., 2016). Os resultados obtidos no estudo de Chagas et al. (2016) revelaram o uso de bioindicadores como alternativa viável entre produtores, com resultados satisfatórios para um sistema de produção sem agrotóxicos. UNI Mais informações sobre contaminações por compostos químicos, vias de absorção pelo organismo humano, toxicidade e sintomas, medidas técnicas e políticas, podem ser encontradas em Flores et al. (2004).
  • 30. UNIDADE 1 | RECURSOS NATURAIS E MEIO AMBIENTE 20 Townsend, Begon e Harper (2010) chamam a atenção ainda para os efeitos sutis dessa perda, como a polinização por insetos e abelhas. Os autores ressaltam que produtores rurais importam colmeias de abelhas domesticadas quando suas lavouras estão florescendo. Quanto às abelhas selvagens que fornecem um serviço ecossistêmico provedor, são menos abundantes em paisagens com vegetação natural escassa. Outra consequência do incremento agrícola é o uso da água superficial e retirada de água subterrânea para irrigação. Segundo os autores, em alguns casos a remoção da água para usos agrícolas, industriais e domésticos muda os padrões de descarga dos rios, além de mudar os padrões de fluxo diário e sazonal. Sem contar que os acúmulos de sedimentos finos no leito de rios também podem reduzir espécies de peixes, por exemplo, a espécie Ptychocheilus lucius, que se restringiu à montante do rio Colorado, devido ao acúmulo de sedimento fino no leito que reduziu a produtividade de algas em regiões a jusante do rio. Já conhecemos alguns dos efeitos da degradação dos habitats via cultivo agrícola. Agora vamos conhecer alguns dos efeitos negativos da geração de energia para o meio ambiente. IMPORTANTE O termo descarga é definido pelo volume de água por unidade de tempo. 3.3 GERAÇÃO DE ENERGIA E SEUS EFEITOS Estudaremos na Unidade 3 a produção de energia a partir de diversas fontes. Agora, conheceremos os efeitos negativos da produção de energia. Sobre este assunto, as tragédias ocorridas em função de falhas nas usinas nucleares fizeram com que o debate sobre a ampliação deste tipo de fonte energética fosse bastante discutido. Mas não são as únicas, há ainda efeitos negativos para a produção de energia eólica, hidrelétrica, biomassa, entre outras. Na Unidade 3 conheceremos mais sobre outras fontes de energia, mas neste item trataremos de uma fonte de energia que causou algumas tragédias mundiais: a energia nuclear. Não é sem razão que capítulos de livros e artigos científicos são dedicados exclusivamente ao tema: energia nuclear e meio ambiente. Vamos lá!
  • 31. TÓPICO 1 | ECOLOGIA E SISTEMAS ECOLÓGICOS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS 21 DesdeaRevoluçãoIndustrial,ousodecombustíveisfósseisvemfornecendo a energia para transformar o meio ambiente. Por se tratar de recursos finitos, tem sido dada grande ênfase ao desenvolvimento de fontes energéticas alternativas que não causem muitos danos ao meio ambiente, pois segundo Inatomi e Udaeta (2005), ao mesmo tempo em que a sociedade precisa de energia elétrica para se desenvolver, ela precisa encontrar formas para que essa geração não degrade o meio ambiente, que é o grande provedor dos recursos naturais para o homem. Além da poluição atmosférica, outra preocupação do uso de combustíveis fósseis está relacionada ao efeito estufa, como as mudanças latitudinais e altitudinais na distribuição de espécies e extinções, ameaças impostas por espécies invasoras, caso da formiga argentina que traz consequências para a biodiversidade, pois elimina invertebrados nativos e invade casas (TOWNSEND; BEGON; HARPER, 2010). No que se refere à energia nuclear, Godemberg (2011) nota a expectativa desta energia como a fonte doméstica e industrial quase ideal em longo prazo, mas a expansão da energia nuclear no mundo foi abalada pelo acidente de Three Mile Island, na Pensilvânia, Estados Unidos. As causas desta estagnação incluem a resistência da população, preocupada com os riscos da energia nuclear e o custo crescente dessa energia. Contudo, os riscos de acidentes nas usinas, riscos associados ao manejo do combustível ou material nuclear e o descarte inapropriado suscitam discussões sobre seu uso. O descarte adequado é feito através do encapsulamento e deposição em minas profundas, protegendo assim dos riscos de contaminação. Já que estamos estudando os efeitos da geração de energia, não podemos deixar de mencionar os diversos acidentes ocorridos em usinas nucleares no mundo, entre os acidentes radioativos destacam-se o de Three Mile Island, em 1979, na Pensilvânia; o acidente de Chernobyl, na Ucrânia; e o acidente radioativo de Goiânia, no Brasil. Além destes acontecimentos, o Projeto Manhattan e o acidente de Windscale figuram como marcos na história da radioatividade. O Projeto Manhattan, elaborado em 1942, tinha a finalidade de desenvolver e construir armas nucleares, enquanto o acidente de Windscale, em 1957, ocorreu devido ao fogo em um reator, levando à suspensão da venda de leite originário dos rebanhos locais por um período. O acidente de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986, foi uma catástrofe histórica. Segundo Xavier et al. (2007), a explosão de um dos reatores da usina nuclear soviética de Chernobyl liberou uma nuvem radioativa que alcançou a porção oeste da antiga União Soviética, onde se localizam Belarus, UcrâniaeRússia,ecentro-nortedaEuropa.Trintaeumapessoasmorreramdevido ao combate aos incêndios da unidade e 237 trabalhadores foram hospitalizados com sintomas da exposição aos altos níveis da radiação em torno do reator. De acordo com os autores, dados oficiais permitiram estimar que 8.400.000 pessoas em Belarus, Ucrânia e Rússia foram expostas à radiação, com aproximadamente 155.000 km2 de seus territórios contaminados. Foi constatado um aumento no
  • 32. UNIDADE 1 | RECURSOS NATURAIS E MEIO AMBIENTE 22 número de casos de câncer, sobretudo de tireoide, notadamente nas pessoas que eram crianças ou jovens na época do acidente. Caso o governo da União Soviética admitisse a ocorrência do acidente em tempo hábil, comprimidos de iodeto de potássio poderiam ter sido distribuídos, evitando a presença de iodo radioativo na tireoide. Onde os comprimidos foram distribuídos, o número de casos de câncer relacionados ao acidente de Chernobyl foi considerado desprezível (XAVIER et al., 2007). De acordo com Goldemberg (2011), o reator de Chernobyl era diferente dos reatores usados em outros países e muito menos protegido, mas mostrou a gravidade de um acidente nuclear. Para Xavier et al. (2007), a maior lição foi a de que possivelmente um acidente nuclear grave teria efeitos não só in loco ou em países vizinhos, mas poderiam afetar, direta ou indiretamente, países distantes do local do acidente. Um ano após o acidente de Chernobyl, uma cápsula de césio-137, abandonada nos entulhos do antigo Instituto Goiano de Radiologia (IGR), foi levadapordoissucateiros,violadaevendidacomoferro-velho.Algunsmoradores, incluindo crianças, de Goiânia manipularam o material radioativo, desde sua retirada até a descoberta do fato pelas autoridades. Horas após o contato com o material, apareceram os primeiros sintomas da contaminação, levando à morte quatro pessoas e a contaminação de mais de 200. Em 2011, no Japão, um acidente nuclear em Fukushima, decorrente de um terremoto, reacendeu o temor sobre os riscos deste tipo de fonte de energia. Segundo Goldemberg (2011), a estimativa do material radioativo liberado foi 40 vezes maior que o liberado pela explosão nuclear em Hiroshima, porém 10 vezes menor que a de Chernobyl. Cerca de 100 mil pessoas tiveram que ser retiradas de um raio de 20 km dos reatores. Diante de tais exposições e por conta de uma preocupação com o meio ambiente, uma alternativa de energia sustentável a ser considerada é a energia eólica. As desvantagens do seu uso estão relacionadas aos ruídos, ao impacto visual e às implicações dos parques eólicos que apresentam ameaças ecológicas para aves migratórias que podem colidir com as turbinas e aves marinhas que buscam alimentos. Contudo, a EUREC Agency (2002) ressalta que a mortalidade de pássaros em função de turbinas eólicas é pequena e isolada em instaladas numa rota de migração de pássaros, porém a proliferação e descanso de pássaros podem ser um problema em regiões costeiras. A circulação padrão do ar é modificada pela operação das turbinas, o que pode afetar o clima local e gerar microclimas (EUREC AGENCY, 2002). Existem outras fontes de energia consideradas “limpas”, contudo, apesar das vantagens, também apresentam efeitos negativos, como a biomassa e hidrelétricas.Entreasvantagensdousodabiomassanaproduçãodeenergiapode- se citar o baixo custo, o fato de ser renovável, a possibilidade de reaproveitamento dos resíduos, e o fato de ser considerada menos poluente quando comparada às
  • 33. TÓPICO 1 | ECOLOGIA E SISTEMAS ECOLÓGICOS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS 23 fontes tradicionais. Um exemplo deste uso no Brasil são os biocombustíveis, como o etanol e o biodiesel. Entretanto, seu uso pode provocar efeitos diretos e indiretos sobre o meio ambiente, como a necessidade de plantações para desenvolver sua matéria-prima, o que leva a considerar o desmatamento e destruição de habitats. Quanto aos efeitos negativos da implantação de usinas hidrelétricas, podemos citar as inundações de extensas áreas de produção e florestas; alterações do ambiente e consequentes prejuízos para algumas espécies, como migração e reprodução dos peixes; modificações no funcionamento dos rios, realocação da população e de espécies; dentre outras. Retomando o uso da energia eólica, e para efeito de comparação, uma reportagem publicada pela Revisa Exame, em 2016, informava que este tipo de energia decolava no país, enquanto a solar engatinhava. Observe o gráfico, na figura a seguir, sobre energias renováveis no Brasil. O crescimento em uma década foi alavancado pela energia solar, eólica e biomassa. FIGURA 5 - ENERGIAS RENOVÁVEIS NO BRASIL Em megawatts 22.158 6.524 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000 2015 2012 2009 2006 FONTE: Disponível em: <http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/blog-do-planeta/ noticia/2016/04/energia-eolica-decola-no-brasil-solar-continua-engatinhando.html>. Acesso em: 30 jul. 2017. Apesar do crescimento, as hidrelétricas ainda são a principal fonte de energia no Brasil, conforme a figura a seguir.
  • 34. UNIDADE 1 | RECURSOS NATURAIS E MEIO AMBIENTE 24 FIGURA 6 - PRINCIPAIS FONTES DE ENERGIA NO BRASIL FONTE: Disponível em: <http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/blog-do-planeta/ noticia/2016/04/energia-eolica-decola-no-brasil-solar-continua-engatinhando.html>. Acesso em: 30 jul. 2017. Em megawatts (2015) Hidrelétricas Solar Biomassa Eólica Pequenas Centrais Hidrelétricas Biocombustíveis Biogás 86.842 13.257 8.715 5.220 87 78 21 De acordo com a Revista Exame (2016), o avanço é considerável, mas, colocado em perspectiva, não é tão grande. Quando se faz uma comparação com outros países, é possível observar que o país cresceu muito pouco. Um exemplo é a China, que possuía, em 2006, o mesmo patamar de geração de energia renovável que o Brasil. Contudo, ao comparar os dois países, percebe-se que o avanço brasileiro é quase imperceptível. FIGURA 7 - GERAÇÃO DE ENERGIA RENOVÁVEL NO BRASIL E CHINA Em megawatts China Brasil 198.518 22.158 50.000 200.000 150.000 100.000 250.000 2015 2012 2009 2006 FONTE: Disponível em: <http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/blog-do-planeta/ noticia/2016/04/energia-eolica-decola-no-brasil-solar-continua-engatinhando.html>. Acesso em: 30 jul. 2017.
  • 35. TÓPICO 1 | ECOLOGIA E SISTEMAS ECOLÓGICOS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS 25 Mas, apesar dos problemas, os dados mostram o crescimento da energia eólica no Brasil, o que, segundo a Revista Exame (2016), é uma ótima notícia. Isso porque, em 2006, a potência instalada de energia eólica era pouco expressiva, com pouco menos de 200 MW. Em uma década, a eólica atingiu mais de 8 mil MW, superando a energia nuclear e se tornando uma das mais relevantes fontes de energia do país. Dessa forma, o Brasil entra para o ranking dos dez maiores produtores de energia eólica do mundo, ocupando a décima posição, como mostra a figura a seguir. FIGURA 8 - OS MAIORES PRODUTORES DE ENERGIA EÓLICA DO MUNDO FONTE: Disponível em: <http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/blog-do-planeta/ noticia/2016/04/energia-eolica-decola-no-brasil-solar-continua-engatinhando.html>. Acesso em: 30 de jul. 2017. Em gigawatts (2015) 145,1 72,6 44,9 25,1 23,0 13,9 11,2 10,4 9,1 8,7 China Estados Unidos Alemanha Índia Espanha Reino Unido Canadá França Itália Brasil UNI Se quiser saber mais sobre a fonte de energia eólica, visite o site do centro de energia eólica da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Disponível em: <http://www.pucrs.br/ce-eolica/faq.php?q=23>. Acesso em: 17 jun. 2017.
  • 36. UNIDADE 1 | RECURSOS NATURAIS E MEIO AMBIENTE 26 3.4 DEGRADAÇÃO EM PAISAGENS URBANAS E INDUSTRIAIS Townsend, Begon e Harper (2010) destacam a existência de uma ampla gama de degradação de habitats que são resultado da atividade humana em sistemas urbanos e industriais: mudanças pronunciadas no fluxo dos rios que resultam da perda de superfícies permeáveis; telhados, pavimentos e estradas impermeáveis, em contraste com campos e florestas. Dejetos humanos criam grandes problemas de descarte em cidades, devido às altas densidades populacionais. Compostos químicos industriais são lançados nos corpos d’água ou se direcionam para a atmosfera. Atividades mineradoras causam degradação física e química para os ecossistemas adjacentes. Neste caso, não é difícil observar as alterações e efeitos à densidade populacional nas paisagens urbanas, especialmente nas grandes metrópoles. O crescimento populacional chegou a tal ponto em alguns centros urbanos que as áreas verdes se tornaram ilhas. Ilhas estas, categorizadas como espaços que necessitam ser ampliados para melhor qualidade de vida da população e oferta de serviços ecossistêmicos. Além disso, a expansão urbana sem o devido planejamento é responsável pela ocupação de áreas de risco e suas consequências. Entre os problemas desencadeados pela expansão urbana estão: a poluição sonora e visual, que criam transtornos para a população; descarte de resíduos; ilhas de calor, doenças respiratórias, chuva ácida, inversão térmica, causadas pelo lançamento de gases na atmosfera de fontes industriais e automóveis; déficit de saneamento básico, entre outros. Segundo Botkin e Keller (2011), no passado, o foco da ação ambiental era frequentemente nas regiões de mata nativa, nos animais selvagens, espécies ameaçadas de extinção e os efeitos da poluição fora das cidades. Nas décadas de 1960 e 1970, período do movimento ambiental moderno, era comum acreditar que o ambiente das cidades era ruim e o dos ambientes selvagens era bom. As cidades eram consideradas poluídas, sujas, com ausência de plantas nativas, de animais silvestres e bastante artificiais. Para os autores, a ecologia urbana recebeu pouco interesse público, sem contar que muitas pessoas residentes em ambientes urbanos viam as questões ambientais fora da sua área de interesse. Neste contexto é necessário analisar a cidade como um sistema ecológico de um tipo especial. Lembram que estudamos que os ecossistemas são sistemas abertos, com fluxos de matéria e energia? Botkin e Keller (2011) destacam que, como qualquer outro sistema de sustentação da vida, as cidades devem manter seu fluxo de energia, provendo recursos materiais necessários e trazendo meios de remover os resíduos. Mas, como essas funções do ecossistema são mantidas na cidade? Segundo os autores, pelo transporte e pela comunicação com áreas periféricas. A cidade não se configura um ecossistema independente, ela depende das demais cidades e das áreas rurais. Vejamos: a cidade assimila matérias-primas do meio rural próximo, como alimentos, água, madeira, energia, necessários para a sociedade humana. Por outro lado, a cidade produz e exporta bens materiais e, no caso de cidades grandes, exporta ideias, inovações, arte e espírito de civilização. Assim, a cidade não pode existir sem a área rural.
  • 37. TÓPICO 1 | ECOLOGIA E SISTEMAS ECOLÓGICOS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS 27 Observe a figura a seguir que apresenta as trocas realizadas pelos núcleos urbanos, onde ocorrem entradas e saídas de produtos primários ou acabados e resíduos e serviços (fluxos). FIGURA 9 - ENTRADAS E SAÍDAS DOS ECOSSISTEMAS URBANOS FONTE: Adaptado de Ribeiro (2000, p. 264) Observando a figura podemos ter uma noção de que meio ambiente e planejamento urbano devem andar juntos. Sobre planejamento urbano e meio ambiente, Botkin e Keller (2011) apontam um grande perigo no planejamento das cidades: a tendência de transformar as propriedades naturais de um centro urbano em propriedades artificiais, substituindo a grama e o solo por pavimentos e cascalhos; edifícios residenciais e comerciais, criando a impressão de que a civilização dominou o meio ambiente. Mas, apesar de uma cidade passar para seus habitantes a impressão de que cresce forte e independente, na verdade, torna-se frágil, pois torna-se mais dependente de sua zona rural. Então, o que fazer. Lembre-se, planejar é preciso! Neste contexto, os referidos autores destacam dois itens importantes: planejamento urbano para a defesa e beleza e o parque urbano.
  • 38. UNIDADE 1 | RECURSOS NATURAIS E MEIO AMBIENTE 28 Na história mundial, muitas cidades cresceram sem planejamento consciente. Vestígios deste tipo de planejamento para novas cidades datam do século XV. A defesa e beleza são temas dominantes no planejamento formal das cidades. A ideia de cidades-fortaleza e cidades-parque influenciou o planejamento urbanonaAméricadoNorte(BOTKIN;KELLER,2011).Noqueserefereaosparques urbanos, segundo os autores, têm se tornado cada vez mais relevantes nas cidades. Nos Estados Unidos, o planejamento e construção do Central Park, em Nova York, foi um avanço para as cidades estadunidenses. O seu projetor foi Frederick Law Olmsted, um dos maiores especialistas modernos em planejamento de cidades. Para ele, o objetivo de um parque municipal era possibilitar alívio psicológico e fisiológico através do acesso à natureza. Botkin e Keller (2011), assim, concluem que esses pequenos paraísos verdes incrustados nas “selvas de pedra” encontrados em toda parte do mundo são cenários perfeitos para a prática de atividades físicas, para piqueniques, para contemplar a fauna e a flora etc. No Brasil existem belos parques urbanos. Considerando suas infraestruturas, atrações culturais e beleza natural, destacam-se: Parque Ibirapuera (SP), Parque da Independência (SP), Parque Lage (RJ), Jardim Botânico (RJ), Parque Tanguá (PR), Parque Farroupilha (RS), Parque Municipal de Belo Horizonte (BH), Parque das Nações Indígenas (MS), Parque Mangal das Garças (PA) e Parque das Dunas (RN). Ligado a este tema, vamos estudar a manutenção e restauração dos serviços ecossistêmicos, que podem ser urbanos ou áreas de vegetação nativa distantes das áreas urbanas. 3.5 MANUTENÇÃO E RESTAURAÇÃO DE SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS De acordo com Townsend, Begon e Harper (2010), os ecossistemas podem ser geralmente medidos em termos de “serviços ecossistêmicos” perdidos, o que torna relevante a avaliação dos ecossistemas. A avalição dos ecossistemas considera que os serviços ambientais, ou seja, os benefícios dos ecossistemas naturais, são efetivos para a manutenção do bem-estar da sociedade. Se observarmos bem, alguns filmes e desenhos infantis já retratam um mundo muito moderno, com pequeninas ilhas verdes que recebem um grande cuidado por serem remanescentes de uma rica biodiversidade em um passado distante. Aplicando o conceito de ecossistemas, que estudamos no Tópico 1, podemos, ao menos, esboçar resultados prováveis para uma intervenção mais agressiva em um determinado meio. Um exemplo da aplicação do conceito de serviços ecossistêmicos é o uso de métodos de mensuração de capacidade de carga em ecossistemas ameaçados, sejam naturais, mistos ou urbanos, ou seja, estabelecimento do número ideal de pessoas em uma determinada área e a frequência com que as visitações podem ser feitas sem que se exceda sua capacidade de resiliência ambiental (SPINELLI, et al., 2016).
  • 39. TÓPICO 1 | ECOLOGIA E SISTEMAS ECOLÓGICOS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS 29 Mas o que é resiliência? Resiliência é a capacidade de retorno à forma original ou a capacidade de adaptação frente às mudanças. Segundo Spinelli et al. (2016), a sociedade é uma peça básica no quebra- cabeças para enfrentar os problemas ambientais. Situação essa que leva à necessidade de investimento no processo de educação ambiental dos cidadãos, para a construção de nova racionalidade coletiva, voltada à proteção ambiental como forma de manutenção da qualidade de vida. Um exemplo de restauração de serviços ecossistêmicos no meio urbano foi a transformação de uma paisagem degradada em espaço de lazer, o Parque Villa-Lobos, em São Paulo. A paisagem do parque é totalmente diferente da paisagem no passado, como mostram as Figuras 9 e 10, pois o espaço funcionava como um depósito de resíduos, onde viviam precariamente aproximadamente 80 famílias que recolhiam embalagens e alimentos, além de ser um local que recebia entulho, resíduos da construção civil e material dragado do rio Pinheiros. FIGURA 10 - FOTO ANTIGA DO LOCAL ONDE HOJE É O PARQUE VILLA-LOBOS FONTE: Foto: José Jorge Monteiro. Disponível em: <http://blog.institutobrookfield. org.br/index.php/2012/11/parque-villa-lobos-a-transformacao-de-uma-area-urbana- degradada-em-parque/>. Acesso em:15 de jul. 2017.
  • 40. UNIDADE 1 | RECURSOS NATURAIS E MEIO AMBIENTE 30 FIGURA 11 - PARQUINHO DA FIGUEIRA, NO PARQUE VILLA-LOBOS FONTE: Evandro Pedro Calado. Disponível em:<http://blog.institutobrookfield.org.br/ index.php/2012/11/parque-villa-lobos-a-transformacao-de-uma-area-urbana-degradada -em-parque/>. Acesso em:15 de jul. 2017. Segundo Andrade e Romeiro (2009), a particularidade do capital natural depara-se com o fato de que seus benefícios são, em grande parte, insubstituíveis, justificandoapreocupaçãodateoriaeconômicacomautilizaçãodosativos naturais (valores patrimoniais naturais positivos). Um conceito amplo de capital natural considera todos os fluxos de benefícios tangíveis e intangíveis derivados de todos os recursos naturais apropriáveis pelo homem de forma direta ou indireta. Por benefícios tangíveis compreende-se os fluxos de recursos naturais, como madeira e alimentos, por exemplo, e intangíveis aqueles que têm como característica a amenidade, como beleza e regulação do clima. Dessa forma, para Berkes e Folke (1994), citados por Andrade e Romeiro (2009), o capital natural possui caráter multidimensional, em que dimensões ecológica, econômica e sociocultural estão relacionadas e se interagem promovendo o bem-estar humano. Segundo Hueting et al. (1998), tais benefícios provenientes do capital natural podem ser classificados numa definição ampla de serviços ecossistêmicos. Os autores destacam que as chamadas funções ecossistêmicas derivam das complexas interações entre os elementos do capital natural, reconceitualizadas como serviços ecossistêmicos, na medida em que trazem implícita a ideia de valor humano. Para o referido autor, uma função passa a ser apreciada como um serviço ecossistêmico quando oferece possibilidade/ potencial de ser utilizada para fins humanos. Exemplos de iniciativas de restauração, os bens intangíveis são observados em países como Alemanha, França, Bélgica, que vêm transformando sistemas de drenagem urbana, em áreas verdes, mais próximas possíveis dos canais originais, despoluição de rios etc. Sem contar o uso de infraestruturas verdes implementadas
  • 41. TÓPICO 1 | ECOLOGIA E SISTEMAS ECOLÓGICOS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS 31 em países como Noruega, Finlândia, Austrália, Estados Unidos e Canadá. Entre as finalidades do emprego dessas infraestruturas, encontram-se a ampliação dos espaços verdes e provimento de amenidades para a população. Neste contexto há que se colocar em pauta a importância de manutenção e restauração destes ecossistemas. Para Andrade e Romeiro (2009), apesar do relativo consenso de que o sistema econômico vem afetando de modo irreparável os ecossistemas e sua capacidade de provisão de serviços, a conciliação do sistema econômico e os sistemas naturais que o suportam tem recebido pouca atenção. Neste sentido, convém mostrar os critérios apontados por Costanza et al. (2000), como estratégia a ser adotada para a preservação do capital natural: • necessidade de seguro: no caso do capital natural, significa criar reservas de prevenção do capital natural; • proteçãodocapitalnatural:manterintactooestoquedessecapital,possibilitando a contínua provisão de serviços ecossistêmicos; • contenção nos riscos tomados: visto que a maioria dos benefícios fornecidos pelo capital natural é insubstituível, deve-se tomar cuidado com o risco; • diversificação de investimentos: preservar o capital natural de forma que seja vista como um hedge (cobertura) contra outros tipos de investimento, como a mudança tecnológica. Vamos ver agora alguns exemplos de cidades que adotaram estratégias de transformação do ambiente urbano. O conceito de cidades verdes está diretamente relacionado com a sustentabilidade, em que o ambiental, o social e o econômico se integrem para não prejudicar as gerações futuras, suportando suas atividades e mantendo a qualidade de vida dos habitantes. Em 2015, a BBC Brasil publicou uma matéria com o ranking de cidades mais 'verdes' do mundo. A análise foi realizada pelo Siemens Green City Index, da Grã-Bretanha. Os pontos foram atribuídos nos quesitos emissões de gases poluentes, alternativas de transporte, gerenciamento de recursos hídricos e do lixo, e políticas ambientais. Segundo o Siemens Index, San Francisco, na Califórnia, é a cidade mais ecológica da América do Norte, contando com uma longa história de consciência ambiental, que vem desde o século XIX. De acordo com a reportagem, a cidade apresentava uma taxa de reciclagem de 77%, uma das mais altas do mundo, favorecida pela obrigatoriedade de se separar o lixo comum do reciclável. Além disso, os moradores de San Francisco têm interesse em saber como e onde seu alimento é produzido e procuram sempre consumir ingredientes produzidos localmente. Muitos bairros têm feiras onde os produtores são também os
  • 42. UNIDADE 1 | RECURSOS NATURAIS E MEIO AMBIENTE 32 vendedores. Cada uma possui características diferentes. Tem bairro cujo mercado funciona o ano todo e outros que oferecem feiras sazonais. No ranking se destacaram ainda Copenhague, na Dinamarca; Vancouver, no Canadá; Curitiba, no Brasil; e Cidade do Cabo, na África do Sul. Vamos saber por que Copenhague, apesar de ser seguida de perto pelas capitais escandinavas Oslo e Estocolmo, tem mantido a posição de cidade mais ecológica da Europa? Ainda de acordo com a BBC, na cidade de Copenhague, quase todos os seus moradores vivem a 350 metros do transporte público e mais de 50% usam a bicicleta como meio de transporte. Outro destaque mencionado e resultado positivo para a cidade são as baixas emissões de poluentes para uma cidade de seu tamanho, sendo que alguns de seus bairros são muito comprometidos com o ciclismo. Segundo relatos de moradores da capital dinamarquesa, o investimento nacriaçãoda'ViaVerde'foimuitoalto,resultandonumafaixadenovequilômetros para pedestres e ciclistas.As vantagens vão além da redução de poluentes, destaca o jornal: a via serve para auxiliar na circulação de pessoas pela cidade passando por um lindo cenário, um caminho cheio de parques, playgrounds e bancos para sentar e contemplar a paisagem. Além de os habitantes de Copenhague adorarem pedalar, ressalta o jornal, os moradores da cidade são apaixonados por reciclagem e fabricação de adubo orgânico, e também são conhecidos por arquitetar meios de economizar eletricidade e calor. Se pensarmos bem, podemos adotar algumas práticas que são benéficas para nossa saúde e também para o meio ambiente. Já conhecemos algumas particularidades de São Francisco e Copenhague que as colocaram no ranking das cidades mais ‘verdes’ do mundo, agora vamos conhecer algumas das particularidades da cidade de Curitiba. De acordo com a matéria, de todas as cidades latino-americanas listadas no Siemens Index, somente Curitiba possui uma contagem de pontos acima da média. Após ter construído um dos primeiros grandes sistemas de corredores de ônibus do mundo, na década de 1960, e ter desenvolvido um programa precursor de reciclagem na década de 1980, a capital do Paraná continua a pensar no meio ambiente. O uso do transporte público por uma grande quantidade de pessoas faz de Curitiba uma das cidades com os melhores índices de qualidade do ar do ranking. Contudo, a cidade ainda carece de revitalização. Há planos para a construção de um metrô e mais 300 quilômetros de ciclovias. Prolongando-se um pouco mais sobre os serviços ecossistêmicos, vamos entender por que são importantes para o planejamento do desenvolvimento? Essa é uma pergunta levantada pelo BMZ (2012), instituição alemã comprometida com a integração de serviços ecossistêmicos e planejamento do desenvolvimento. Os parágrafos a seguir apresentam um resumo de abordagens do manual que orientam para integração de serviços ecossistêmicos e para o planejamento do desenvolvimento.
  • 43. TÓPICO 1 | ECOLOGIA E SISTEMAS ECOLÓGICOS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS 33 Nos dias atuais, a transformação dos recursos ambientais tem contribuído para ganhos substanciais em bem-estar humano e desenvolvimento econômico, pelo menos para alguns, e, ao mesmo tempo, tem causado perdas econômicas substanciais. Os danos aos ecossistemas naturais estão minando sua capacidade de fornecer bens e serviços vitais, porém somente agora, muitos dos custos associados à degradação dos ecossistemas estão se tornando mais evidentes. Considerando que todos os ecossistemas naturais produzem serviços de valor econômico, como produção de alimentos, de medicamentos, regulação do clima, fornecimento de solos produtivos, água potável, recreação, entre outros (BMZ, 2012). A Figura 11 apresenta ilustrações e descrições de diferentes ecossistemas e seus serviços. FIGURA 12 - ECOSSISTEMAS E SEUS SERVIÇOS FONTE: Adaptado de: BMZ (2012) Em áreas montanhosas, a proteção de bacias hidrográficas e a prevenção da erosão do solo são ainda mais importantes do que em áreas planas. Geralmente, estes ecossistemas são frágeis e, portanto, a degradação ocorre mais rapidamente. Os lagos fornecem peixes e água que pode ser usada para a irrigação e recreação, e para o resfriamento de instalações industriais, enquanto os rios fornecem eletricidade e levam os resíduos. Muitas vezes, não se leva em conta que as várzeas e lagos funcionam como reservatórios de água doce e tampões contra inundações. Eles também desempenham um papel importante na purificação de água. No entanto, muitos destes serviços são mutuamente exclusivos; um rio poluído terá menos peixes e não fornecerá água potável. Os pastos servem de apoio para diversos animais silvestres e para o a pecuária. Quando intactos, protegem contra a erosão e a degradação dos solos, e sequestram carbono, um serviço que é especialmente proeminente em turfeiras. As paisagens fortemente modificadas, com as áreas urbanas, ainda podem fornecer vários dos serviços ecossistêmicos descritos acima. Os parques podem melhorar o microclima de uma cidade, oferecer serviços de saúde e de lazer para os moradores e oferecer um habitat para uma quantidade crescente de animais selvagens que estão se adaptando à vida nas cidades. As zonas costeiras contém diferentes ecossistemas, como manguezais, dunas, recifes de corais ou estuários. Estes ecossistemas protegem o litoral contra tempestades e inundações, podem proporcionar locais de desova para peixes e caranguejos, e habitat para espécies migratórias. Muitas vezes, fornecem outros produtos, como madeira, alimentação animal, ou materiais de construção e desempenham um papel importante par a recreação e o turismo. Os sistemas marinhos abrigam peixes e muitas outras espécies. MONTANHAS LAGOS E RIOS PASTOS CIDADES COSTAS
  • 44. UNIDADE 1 | RECURSOS NATURAIS E MEIO AMBIENTE 34 De acordo com a referida instituição, existem poucos grupos ou setores que, de alguma forma, não dependem dos ecossistemas. Os indivíduos, as famílias, as empresas e indústrias, dependem dos serviços ecossistêmicos para o seu bem-estar e desenvolvimento, os efeitos nocivos da degradação ambiental tendem a afetar de forma desproporcional os mais pobres, pelas dificuldades de acesso aos serviços ecossistêmicos ou mesmo por ter que pagar por alternativas pela perda destes serviços. Contribui, dessa forma, para crescentes desigualdades e disparidades entre os grupos e, inclusive, pode ser o principal fator por trás da pobreza e conflito social, sendo fundamental garantir que os serviços ecossistêmicos estejam presentes no planejamento do desenvolvimento. Segundo o BMZ (2012), isso ocorre por duas razões: • primeira, eles são essenciais para o crescimento e o desenvolvimento mais igualitários e sustentáveis; • segunda, a maioria das pessoas e mesmo os governos não podem arcar com os custos econômicos e sociais de longo prazo pertinentes à degradação e perda dos ecossistemas. Um grande desafio é fazer com que os serviços ecossistêmicos recebam o devido valor na tomada de decisões. Tanto os custos quanto os benefícios associados à sua conservação e degradação têm sido excluídos das políticas econômicas; dos mercados e preços que moldam a produção e o consumo; das escolhas de investimento; das práticas de uso da terra; e gestão de recursos. Bem pontuado pelo BMZ (2012) é o fato do valor dos serviços ecossistêmicos serem subestimados em termos econômicos, o que significa que muitas decisões foram adotadas com base em informações parciais, comprometendo, dessa forma, as metas de desenvolvimento sustentável e igualitário. De acordo com a (BMZ, 2012), os serviços ecossistêmicos são importantes em um “contexto mais amplo” por que: • apoiam o desenvolvimento sustentável; • promovem a redução da pobreza; • trazem bons resultados setoriais; e • trazem bons desempenhos nos negócios. A manutenção da qualidade e quantidade apropriadas de serviços ecossistêmicos exerce um papel primordial no processo do desenvolvimento sustentável, que estudaremos na próxima unidade, pois o desenvolvimento sustentável demanda que as sociedades utilizem os recursos naturais somente na mesma medida em que eles possam se reabastecer naturalmente. Observe a tira de Calvin e Haroldo. Vamos refletir juntos?
  • 45. TÓPICO 1 | ECOLOGIA E SISTEMAS ECOLÓGICOS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS 35 Os impactos da degradação da biodiversidade e dos ecossistemas são mais graves para as pessoas que vivem na pobreza, uma vez que têm poucas opções de subsistência. Portanto, o uso sustentável dos serviços ecossitêmicos e da biodiversidade pelos pobres e a disponibilidade desses serviços para esta população são de relevância direta para os esforços de redução da pobreza. • 70% dos pobres do mundo vivem em áreas rurais e dependem diretamente da diversidade biológica para a sua subsistência. A biodiversidade serve como uma importante fonte de alimento e renda para as famílias rurais. • Mais de 3 bilhões de pessoas dependem da biodiversidade marinha e costeira para sua subistência, enquanto mais de 1,6 bilhão de pessoas, incluindo 1 bilhão que vive na pobreza, dependem de florestas e produtos florestais não madeireiros. Asflorestasabrigam80%dabiodiversidadeterrestre remanescente e também protegem os recursos hídricos e reduzem o risco de desastres naturais. FIGURA 13 - TIRA DE CALVIN E HAROLDO FONTE: Disponível em: <http://pvtribosemcena.blogspot.com.br/2015/06/tirinha-de-conscientiz acao.html>. Acesso em: 30 de jul. 2017. Embora os serviços ecossistêmicos tendam a ser importantes para a sobrevivência dos pobres, sua perda e degradação podem ter efeitos tanto sobre o bem-estar dos pobres quanto sobre o empenho para redução da pobreza. Mas, por que os serviços ecossistêmicos e da biodiversidade são importantes para o desenvolvimento e a redução da pobreza? (Figura 13) O estudo realizado pela BMZ responde da seguinte forma: FIGURA 13 - A IMPORTÂNCIA DOS SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS E DA BIODIVERSIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO E A REDUÇÃO DA POBREZA FONTE: https://cdlvca.com.br/2012/08/16/quase-metade-das-agencias-de-eventos-ja-apostam- em-atitudes-sustentaveis/
  • 46. UNIDADE 1 | RECURSOS NATURAIS E MEIO AMBIENTE 36 A preocupação com a redução da pobreza e melhoria do bem-estar humano figura como Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), que visavam reduzir a pobreza e melhorar o bem-estar humano até 2015. Este acordo foi feito por todos os 193 estados membros das Nações Unidas, na Cúpula do Milênio, em Nova York, no ano 2000, que representam um forte compromisso de tratar questões de pobreza. Passados dois anos, podemos observar que muito há que ser feito. Muitos processos de desenvolvimento buscam contribuir para os ODM, ou possuem objetivos estabelecidos com base nos ODM, e os serviços ecossistêmicos oferecem um apoio para muitos dos ODM, enquanto a degradação e perda de ecossistemas representam um empecilho para a consecução dos objetivos acordados. Entre os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e os serviços ecossistêmicos, encontra-se o ODM 1. QUADRO 2 – ODM 1 ODM Serviços ecossistêmicos ligados aos objetivos ODM 1: Erradicar a pobreza extrema e a fome A disponibilidade de alimentos, lenha, água e biodiversidade influencia diretamente o padrão de vida mínimo das pessoas e, portanto, a incidência da pobreza e da fome. FONTE: Adaptado de BMZ (2012) Quase todas as funções setoriais dependem de alguma forma dos serviços ecossistêmicos, seja direta ou indiretamente (BMZ, 2012). Segundo a instituição, essas relações são evidentes para os setores ligados aos recursos naturais baseados em serviços de aprovisionamento, como silvicultura, pesca ou agricultura, e são igualmente relevantes para setores industriais ou de serviços, como saúde, água e saneamento, energia, ou desenvolvimento urbano. Para refletir um pouco mais sobre as intervenções humanas no meio ambiente, observe mais uma tira de Calvin e Haroldo na figura a seguir.
  • 47. TÓPICO 1 | ECOLOGIA E SISTEMAS ECOLÓGICOS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS 37 FIGURA 14 - TIRA DE CALVIN E HAROLDO FONTE: Disponível em: <https://proffernandaciencias.wordpress.com/2013/04/27/calvin-haroldo- meio-ambiente/>. Acesso em: 26 jun. 2017.
  • 48. 38 Neste tópico, você estudou: • Os conceitos, fundamentos e uma breve história da ecologia, ciência marcada no campo da Biologia, mas fundamental para a área ambiental, que importa muitos dos seus conceitos. • O conceito de ecossistemas e a importância da sua compreensão e aplicação na solução de problemas ambientais. • A degradação dos habitats, via cultivos agrícolas, geração de energia e seus efeitos, degradação das paisagens urbanas e industriais e manutenção e restauração dos serviços ecossistêmicos. RESUMO DO TÓPICO 1
  • 49. 39 1 Em um diálogo travado entre os personagens Calvin e Haroldo, Haroldo ressalta que, às vezes, se orgulha de não ser humano. Baseado no contexto da conversa, discorra sobre o posicionamento da personagem e posicione-se sobre o tipo de intervenção humana retratada no diálogo. 2 Como vimos neste tópico, o crescimento da população em alguns centros urbanos foi tamanho que as áreas verdes se tornaram “ilhas”. Segundo alguns estudos, essas ilhas são categorizadas como espaços que necessitam ser ampliados. Discorra sobre a importância da ampliação de áreas verdes nos centros urbanos e cite um exemplo de aplicação que tenha trazido resultados positivos. 3 Uma reportagem de jornal, categorizado como uma mídia alternativa, noticiando sobre o crescimento desordenado das cidades, trouxe à reflexão que tal crescimento, somado ao descaso do poder público e à falta de consciência da população, fazem com que uma parte considerável dos rios urbanos do Brasil mais pareça a extensão das lixeiras, ou poderíamos dizer, depósito de rejeitos. Entre os grandes vilões estão a falta de tratamento de esgoto e o descarte de poluentes industriais. Seguindo a linha de modelos não convencionais de drenagem urbana e de recuperação de serviços ecossistêmicos, figura como melhor método de recuperação de cursos com tais características: I- Canalizar e concretar o curso, impedindo que a poluição das águas não prejudique os habitantes e visitantes que tenham contato visual com as águas do local. II- Formação de um novo leito fluvial, recuperando os canais artificiais, que além de amenizar problemas com inundações, oferece melhor qualidade de vida para a sociedade do entorno. III- Tratamento dos resíduos antes do lançamento no curso d’água, pois além de ser a ação correta, propicia um ambiente saudável para a vida aquática, e funciona como área de contemplação. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Apenas a alternativa I está correta. b) ( ) Apenas a alternativa II está correta. c) ( ) As alternativas I e II estão corretas. d) ( ) As alternativas II e III estão corretas. AUTOATIVIDADE
  • 50. 40