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Relógios e eternidade na poesia de Mário Quintana
1. AH! OS RELÓGIOS AH, WATCHES!
O nosso velhinho Mario Quintana e suas belas poesias não existem fora do mundo lusófono. A minha intenção
é abrir-lhes as portas para que o resto do mundo, através de traduções em inglês, o idioma internacional,
tenha também o privilégio de conhecer a obra de Quintana.
John D. Godinho
AH! OS RELÓGIOS
Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...
Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.
Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.
E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são...
Autor: Mário Quintana - A Cor do Invisível
AH, WATCHES!
(Ah, os Relógios!)
Friends, to consult your watches will be useless
when, someday, I am gone from your lives
so lost in solving futile problems to survive
they seem to be obituaries in progress.
For time is an invention of death;
it is unknown to life, true life, that is,
when a single moment of poetry
is enough to give us all of eternity.
All of it, yes, because eternal life
can only by itself be divided;
it cannot be apportioned, bit by bit.
And the Angels trade looks of bewilderment
when someone -himself again, in the afterlife- happens
to ask them: "What time is it?".
Autor: Mário Quintana - Ah, Watches! in The Color of
the Invisible
(Translated by John D. Godinho)