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23/03/2015 Toxicologia de Medicamentos: O que é placebo?
data:text/html;charset=utf­8,%3Ch1%20style%3D%22border­width%3A%200px%200px%201px%3B%20border­bottom­style%3A%20solid%3B%20borde… 1/4
Toxicologia de Medicamentos: O que é placebo?
Segundo o dicionário eletrônico Caldas Aulete (http://www.aulete.com.br/placebo) placebo:
sm.
1. Med. Substância farmocologicamente neutra, cirurgia ou terapia simulada us. para controlar reações, ou administrada
a um paciente pelo seu possível efeito psicológico benéfico.
a.
2. Diz­se do efeito observável ou mensurável sobre uma pessoa ou grupo tratado com placebo.
Do ponto de vista etimológico, a palavra latina placebo é o futuro do indicativo do verbo Placere, agradar. A tradução
literal seria agradarei. O nome era dado a certas prescrições que o “médico” fazia para agradar ou comprazer o doente,
substância ou preparado de pouca ou nenhuma ação terapêutica¹.
O  efeito  placebo  ganha  destacada  importância  nos  mecanismos  cerebrais  que  trazem  consciência  aos  estímulos
nervosos atrelados à dor; sendo a sensação experimentada em grande parte dependente da forma como se pensa a
mesma. O efeito placebo pode ser capaz de aliviar ou suprimir por completo a sensação de dor, mesmo que o estímulo
doloroso continue a sensibilizar, com igual intensidade, as vias neuronais correspondentes.
Existem comprimidos “milagrosos” que na verdade não deveriam produzir efeito algum – estes são os placebos, que
vêm  em  diferentes  formas  e  tamanhos,  mas  sem  ingredientes  ativos.  Todavia,  surpreendentemente,  muitas  vezes
provocam algum tipo de efeito.
Desde algum tempo tem­se pesquisado bastante a respeito do como e do porquê essas pílulas sem princípios ativos
atuarem. Sabemos, por exemplo, que, em determinadas situações, elas podem ser muito eficazes no alívio da dor ou da
depressão. Mas há indicativos de que mesmo em patologias neurológicas talvez mais complexas, como a doença de
Parkinson, em que não há a produção adequada do neurotransmissor dopamina pelo cérebro, pode haver uma melhora
pelo uso de placebo²,³.
A Jon Stoessl ,  diretor  do  Centro  de  Pesquisa  de  Parkinson  do  Pacífico,  da  Universidade  de  British  Columbia,  em
Vancouver, Canadá, que estuda muito o assunto , acredita que o placebo pode, por vezes, minimizar os sintomas de
Parkinson, liberando o máximo de dopamina como em alguém com um sistema de dopamina saudável. Não se conhece
como, farmacodinamicamente, o placebo estimula o cérebro a produzir mais dopamina, uma vez que o Parkinson é
causado pela aparente incapacidade do cérebro de produzir o suficiente daquele neurotransmissor.
No entanto, de qualquer sorte, tal resposta favorável parece durar apenas por breve tempo, sinalizando que, enfim, o
placebo não induz uma cura milagrosa. Além do mais, ainda que induzisse, haveria um sério problema ético a ser
enfrentado,  posto  que  os  profissionais  de  saúde  não  poderiam  mentir  para  os  pacientes,  trocando  os  fármacos
verdadeiros, com princípios ativos estabelecidos farmacologicamente, por placebos.
Mas são cada vez maiores as evidências de que o placebo pode disparar a habilidade natural do cérebro de produzir os
mediadores químicos de que necessita. Assim, Tor D. Wager , da Universidade do Colorado , estuda o que ocorre no
cérebro  quando  as  pessoas  recebem  um  placebo  e  imaginam  tratar­se  de  um  analgésico:  dá­se  uma  liberação  de
opióides  endógenos,  uma  espécie  de  “morfina”  do  cérebro,  significando  que  o  efeito  placebo  está  se  utilizando  do
mesmo circuito de controle da dor que um medicamento opiáceo como a morfina .
Pelas observações parece ser plausível especular que o placebo gera resultados diferentes, dependendo daquilo que o
paciente espera(/deseja) que ele faça: estimular a liberação da dopamina, quando o paciente acredita que ele é um
medicamento para produzir exatamente tal efeito, ou aliviar a dor, se ele pensa se tratar o placebo de um analgésico.
Nosso cérebro parece se comportar como uma farmácia natural, liberando continuamente doses de agentes químicos,
que  agem  como  fármacos  internos,  seja  para  analgesiar  uma  dor,  seja  para,  ao  contrário,  fazer  com  que  melhor  a
percebamos, seja para nos fornecer energia, ou para nos acalmar. Os fármacos efetivos atuam porque, molecularmente
falando, as células cerebrais têm receptores específicos com os quais as moléculas destes fármacos interagem. Então,
existem também substâncias endogenamente biossintetizadas pelo cérebro, que receberam por missão agir sobre tais
receptores acarretando os efeitos como analgesia, euforia. Os receptores cerebrais evoluíram para poder responder a
esses mediadores químicos naturais ou originais. Os fármacos descobertos ou racionalmente planejados pelo homem
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23/03/2015 Toxicologia de Medicamentos: O que é placebo?
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fazem  imitar  aquelas  substâncias  agonistas  fisiológicas  produzidas  pelo  próprio  cérebro.  Portanto,  visto  sob  esse
aspecto, o cérebro poderia ser considerado como uma pequena farmácia natural, saliente­se, provendo, de um modo ou
outro, a dose contínua de “remédios” para sustar a dor ou para nos dar energia ou calma. E parece que esta farmácia
interna pode estimular ou ser estimulada pelo placebo.
E o que é nocebo?
O nocebo  é  a  imagem  negativa  do  placebo.  A  palavra,  também  de  origem  latina,  deriva  de  nocere,  que  pode  ser
entendida  como  produzir  dano.  Nocebo  seria  então  produzirei dano.  Tanto  o  efeito  placebo  quanto  o  nocebo  nos
atingem num ponto de muito difícil acesso e controle por nossa parte: em nosso inconsciente. O efeito placebo tem sido
profundamente pesquisado. Na biblioteca online da pasta da Saúde dos Estados Unidos registram­se quase 160 mil
entradas  para  essa  palavra.  Contrariamente,  a  palavra  “nocebo”  registra  na  mesma  fonte  apenas  180  entradas
(http://www.sertox.com.ar/modules.php?name=News&file=article&sid=5603).
Algumas referências bibliográficas recentes importantes são (por ordem cronológica decrescente):
Požgain, I., Požgain, Z., Degmečić, D. Placebo and nocebo effect: a mini­review. Psychiatr Danub. 2014; 26(2): 100­7.
Agid  O.,  Siu  C.O.,  Potkin  S.G.,  Kapur  S.,  Watsky  E.,  Vanderburg  D.  et  al.  Meta­regression  analysis  of  placebo
response in antipsychotic trials, 1970­2010. Am J Psychiatry 2013; 170:1335­44.
Benedetti, F. Placebo and the new physiology of the doctor­patient relationship. Physiol Rev 2013; 93: 1207­1246.
Data­Franco, J., Berk, M: The nocebo effect: a clinicians guide. Aust N Z J. Psychiatry 2013; 47: 617­23.
Jakšić, N., Aukst­Margetić, B., Jakovljević, M. Does personality play a relevant role in the placebo effect?Psychiatr
Danub. 2013; 25: 17­23.
Murray, D., Stoessl, A.J. Mechanisms and therapeutic implications of the placebo effect in neurological and psychiatric
conditions. Pharmacology & Therapeutics. 2013; 140: 306­318.
Brody,  H.,  Miller,  F.G.  Lessons  from  recent  research  about  the  placebo  effect:  from  art  to  science.  JAMA.  2011;
306(23): 2612­2613.
Colloca, L., Miller, F.G. The nocebo effect and its relevance for clinical practice. Psychosom Med. 2011; 73: 598­603.
Finniss,  D.G.,  Kaptchuk,  T.J.,  Miller,  F.,  Benedetti,  F.  Biological,  clinical,  and  ethical  advances  of  placebo
effects. Lancet. 2010; 375(9715): 686­695.
Rodriguez­Raecke, R., Doganci, B., Breimhorst, M. et al. Insular cortex activity is associated with effects of negative
expectation on nociceptive long­term habituation. J Neurosci. 2010; 30(34): 11363­11368.
Varelmann, D., Pancaro, C., Cappiello, E.C., Camann, W.R. Nocebo­induced hyperalgesia during local anesthetic
injection. Anesth Analg. 2010; 110(3): 868­870.
Colloca, L., Sigaudo, M., Benedetti, F. The role of learning in nocebo and placebo effects. Pain. 2008; 136(1­2): 211­
218.
Mondaini, N., Gontero, P., Giubilei, G. et al. Finasteride 5 mg and sexual side effects: how many of these are related to
a nocebo phenomenon? J Sex Med. 2007; 4(6): 1708­1712.
Kaptchuk, T.J., Stason, W.B., Davis, R.B. et al. Sham device v inert pill: randomised controlled trial of two placebo
treatments. BMJ. 2006; 332(7538): 391­397.
Colloca, L., Lopiano, L., Lanotte, M., Benedetti, F. Overt versus covert treatment for pain, anxiety, and Parkinson’s
disease. Lancet Neurol. 2004; 3(11): 679­684.
Nocebo diz respeito ao que de indesejável se pode verificar no paciente quando este é submetido a um excesso de
informações a respeito do fármaco (remédio) ou do tratamento. Poder­se­ia dizer que saber informações em demasia,
sobretudo  a  respeito  dos  possíveis  efeitos  colaterais,  dispara  processos  quiçá  insconscientes  capazes  de  gerar
enfermidade justamente pela expectativa da sobrevinda exatamente da colateralidade.
Um  paciente  oncológico  que  se  convenceu  que  tem  apenas  poucos  meses  de  vida,  talvez  venha  a  óbito  mais
rapidamente (independentemente do crescimento de seu tumor) do que um outro paciente em condições equivalentes
mas que não acredita que esteja prestes a morrer. Eis aí, novamente, o efeito Nocebo, conforme advoga o neurologista
alemão  Magnus  Heier  em  seu  livro  Nocebo:  Wer's  glaubt  wird  krank,  com  o  subtítulo.  Wie  man  trotz  Gentests,
Beipackzetteln und Röntgenbildern gesund bleibt (2012, editora Hirzel:http://www.hirzel.de/titel/59047.html). Heier assim
diz: “Os pacientes de câncer começam a sentir fortes náuseas quando entram nas salas de  quimioterapia porque intuem
a nível inconciente que sentirão essas náuseas depois”.
O nocebo é deflagrado principalmente pelo excesso de informações que não se pode ordenar de maneira adequada,
especialmente quando se procuram enfermidades ou síntomas na internet, ou mesmo pela bula do medicamento, que
23/03/2015 Toxicologia de Medicamentos: O que é placebo?
data:text/html;charset=utf­8,%3Ch1%20style%3D%22border­width%3A%200px%200px%201px%3B%20border­bottom­style%3A%20solid%3B%20borde… 3/4
discrimina a gama possível dos efeitos secundários, uma obrigação legal, mesmo que alguns tenham estatística muito
baixa de ocorrência, como 1:10.000 pacientes.
Luana  Colloca  e  Damien  Finniss,  no  artigo  Nocebo  Effects,  Patient­Clinician  Communication,  and  Therapeutic
Outcomes  [JAMA.  2012;  307(6):  567­568  http://jama.jamanetwork.com/article.aspx?articleid=1104968],  dizem  que
atualmente  se  admite  a  existência  dos  efeitos  nocebo  que  surgem  durante  tratamentos  de  rotina,  afetando
negativamente os resultados clínicos, apesar de não se haver administrado placebo. E vão além: “Os efeitos nocebo e
os  efeitos  placebo  são  o  resultado  direto  do  contexto  psicossocial  ou  do  meio  ambiente  terapêutico  na  mente  do
paciente, o cérebro e o corpo. Ambos os fenômenos podem ser produzidos por múltiplos fatores, como as sugestões
verbais e a experiência passada”. Em outra parte destacam: “Tal como acontece com o seu homólogo, o placebo, as
respostas  nocebo  mostram  a  forte  interação  entre  o  contexto  terapêutico  e  a  interação  entre  mente  e  cérebro  do
paciente. Esse fenômeno tem sido demonstrado em estudos bem elaborados que mostram como a informação verbal
negativa pode converter um estímulo não­nociceptivo em uma experiência estimulante de dor, notadamente do mesmo
nível que a causada por um estímulo doloroso”. Mencionam os autores que informar aos pacientes a interrupção do uso
da morfina num momento determinado do tratamento pode se associar a um aumento significativo da percepção de dor
comparado à suspensão deste fármaco sem informação prévia.
Požgain et al. publicaram uma revisão [Placebo and nocebo effect: a mini­review. Psychiatr Danub. 2014 Jun;26(2):100­
7]  sobre  os  efeitos  placebo  e  nocebo,  discutindo  diversas  teorias  de  fenômenos  neurobiológicos  e  do  campo  da
psiquiatria,  já  que  estes  efeitos  parecem  exercer  substancial  papel  em  diversas  condições  psiquiátricas,  tais  quais,
depressão, ansiedade e esquizofrenia.
Portanto, do ponto de vista do mecanismo, os efeitos placebo e nocebo parecem envolver componentes psicológicos
(autossugestão, traços de otimismo ou pessimismo, efeitos de expectativas pessoais, dinâmica interpessoal na relação
profissional de saúde­paciente, traços de personalidade farmacofílica ou farmacofóbica); neurobiológicos (mecanismos
de ativação corpo­mente relacionadas com patogênese/salutogênese ou sistema punição/recompensa, sensibilização
ou mecanismos de habituação através de mediadores químicos e neurotransmissores (ex: atividade serotoninérgica,
noradrenérgica, dopaminérgica etc), bem como respostas hormonais e imunológicas.
Colloca  e  Finniss  realçam  que  a  investigação  dos  efeitos  nocebo  importantes  alerta  sobre  a  maneira  pela  qual  se
revelam os possíveis efeitos adversos aos pacientes na atenção clínica de rotina. Tal maneira pode afetar não apenas o
risco de percepção por parte do paciente, mas também, e mais importante, os próprios resultados clínicos. Ademais, a
informação deve ajustar­se a cada paciente e levar em conta aquilo que o paciente deseja saber e o que já aprendeu
sobre  o  tratamento  e  sua  condição,  devido  o  acesso  generalizado  à  informação  dos  tratamentos  e  de  seus  efeitos
adversos.
Por fim, estas discussões nos remetem a tantas outras reflexões no contexto dos serviços de saúde, que, muitas vezes,
pela forma em que se encontram estruturados, podem exercer efeitos negativos e deletérios à saúde, que, ainda que
muito distante do que se vê na prática, é definida como o estado de bem estar biopsicossocial.
Referências
Notas e referências:
1.Ver http://www.dicionarioetimologico.com.br/placebo/; http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?
lingua=portugues­portugues&palavra=placebo
2.Ver http://www.neuroscience.ubc.ca/stoessl.htm
3.Lidstone,S.C.,Schulzer,M.,Dinelle,K.,Mak,E.,Sossi,V.,Ruth,T.J.,Fuente­Fernández,R.,Phillips,A.G.,A Jon
Stoessl.Effectsofexpectationonplacebo­induced dopaminereleaseinParkinsondisease.Arch Gen Psychiatry67:8.857­
865,Aug 2010.
4.http://ca.linkedin.com/pub/a­jon­stoessl/2a/46a/530
5. http://publicationslist.org/jstoessl
6. http://www.colorado.edu/neuroscienceprogram/wager.html
7.http://wagerlab.colorado.edu/
23/03/2015 Toxicologia de Medicamentos: O que é placebo?
data:text/html;charset=utf­8,%3Ch1%20style%3D%22border­width%3A%200px%200px%201px%3B%20border­bottom­style%3A%20solid%3B%20borde… 4/4
8.Wager, T.D., Atlas, L.Y., Leotti, L.A., & Rilling, J.K. Predicting Individual Differences in Placebo Analgesia: Contributions
of Brain Activity During Anticipation and Pain Experience. Journal of Neuroscience, 31(2): 439­452,
2011. http://www.jneurosci.org/content/31/2/439.full

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Toxicologia de Medicamentos: O que é placebo?

  • 1. 23/03/2015 Toxicologia de Medicamentos: O que é placebo? data:text/html;charset=utf­8,%3Ch1%20style%3D%22border­width%3A%200px%200px%201px%3B%20border­bottom­style%3A%20solid%3B%20borde… 1/4 Toxicologia de Medicamentos: O que é placebo? Segundo o dicionário eletrônico Caldas Aulete (http://www.aulete.com.br/placebo) placebo: sm. 1. Med. Substância farmocologicamente neutra, cirurgia ou terapia simulada us. para controlar reações, ou administrada a um paciente pelo seu possível efeito psicológico benéfico. a. 2. Diz­se do efeito observável ou mensurável sobre uma pessoa ou grupo tratado com placebo. Do ponto de vista etimológico, a palavra latina placebo é o futuro do indicativo do verbo Placere, agradar. A tradução literal seria agradarei. O nome era dado a certas prescrições que o “médico” fazia para agradar ou comprazer o doente, substância ou preparado de pouca ou nenhuma ação terapêutica¹. O  efeito  placebo  ganha  destacada  importância  nos  mecanismos  cerebrais  que  trazem  consciência  aos  estímulos nervosos atrelados à dor; sendo a sensação experimentada em grande parte dependente da forma como se pensa a mesma. O efeito placebo pode ser capaz de aliviar ou suprimir por completo a sensação de dor, mesmo que o estímulo doloroso continue a sensibilizar, com igual intensidade, as vias neuronais correspondentes. Existem comprimidos “milagrosos” que na verdade não deveriam produzir efeito algum – estes são os placebos, que vêm  em  diferentes  formas  e  tamanhos,  mas  sem  ingredientes  ativos.  Todavia,  surpreendentemente,  muitas  vezes provocam algum tipo de efeito. Desde algum tempo tem­se pesquisado bastante a respeito do como e do porquê essas pílulas sem princípios ativos atuarem. Sabemos, por exemplo, que, em determinadas situações, elas podem ser muito eficazes no alívio da dor ou da depressão. Mas há indicativos de que mesmo em patologias neurológicas talvez mais complexas, como a doença de Parkinson, em que não há a produção adequada do neurotransmissor dopamina pelo cérebro, pode haver uma melhora pelo uso de placebo²,³. A Jon Stoessl ,  diretor  do  Centro  de  Pesquisa  de  Parkinson  do  Pacífico,  da  Universidade  de  British  Columbia,  em Vancouver, Canadá, que estuda muito o assunto , acredita que o placebo pode, por vezes, minimizar os sintomas de Parkinson, liberando o máximo de dopamina como em alguém com um sistema de dopamina saudável. Não se conhece como, farmacodinamicamente, o placebo estimula o cérebro a produzir mais dopamina, uma vez que o Parkinson é causado pela aparente incapacidade do cérebro de produzir o suficiente daquele neurotransmissor. No entanto, de qualquer sorte, tal resposta favorável parece durar apenas por breve tempo, sinalizando que, enfim, o placebo não induz uma cura milagrosa. Além do mais, ainda que induzisse, haveria um sério problema ético a ser enfrentado,  posto  que  os  profissionais  de  saúde  não  poderiam  mentir  para  os  pacientes,  trocando  os  fármacos verdadeiros, com princípios ativos estabelecidos farmacologicamente, por placebos. Mas são cada vez maiores as evidências de que o placebo pode disparar a habilidade natural do cérebro de produzir os mediadores químicos de que necessita. Assim, Tor D. Wager , da Universidade do Colorado , estuda o que ocorre no cérebro  quando  as  pessoas  recebem  um  placebo  e  imaginam  tratar­se  de  um  analgésico:  dá­se  uma  liberação  de opióides  endógenos,  uma  espécie  de  “morfina”  do  cérebro,  significando  que  o  efeito  placebo  está  se  utilizando  do mesmo circuito de controle da dor que um medicamento opiáceo como a morfina . Pelas observações parece ser plausível especular que o placebo gera resultados diferentes, dependendo daquilo que o paciente espera(/deseja) que ele faça: estimular a liberação da dopamina, quando o paciente acredita que ele é um medicamento para produzir exatamente tal efeito, ou aliviar a dor, se ele pensa se tratar o placebo de um analgésico. Nosso cérebro parece se comportar como uma farmácia natural, liberando continuamente doses de agentes químicos, que  agem  como  fármacos  internos,  seja  para  analgesiar  uma  dor,  seja  para,  ao  contrário,  fazer  com  que  melhor  a percebamos, seja para nos fornecer energia, ou para nos acalmar. Os fármacos efetivos atuam porque, molecularmente falando, as células cerebrais têm receptores específicos com os quais as moléculas destes fármacos interagem. Então, existem também substâncias endogenamente biossintetizadas pelo cérebro, que receberam por missão agir sobre tais receptores acarretando os efeitos como analgesia, euforia. Os receptores cerebrais evoluíram para poder responder a esses mediadores químicos naturais ou originais. Os fármacos descobertos ou racionalmente planejados pelo homem 4 5 6 7 8
  • 2. 23/03/2015 Toxicologia de Medicamentos: O que é placebo? data:text/html;charset=utf­8,%3Ch1%20style%3D%22border­width%3A%200px%200px%201px%3B%20border­bottom­style%3A%20solid%3B%20borde… 2/4 fazem  imitar  aquelas  substâncias  agonistas  fisiológicas  produzidas  pelo  próprio  cérebro.  Portanto,  visto  sob  esse aspecto, o cérebro poderia ser considerado como uma pequena farmácia natural, saliente­se, provendo, de um modo ou outro, a dose contínua de “remédios” para sustar a dor ou para nos dar energia ou calma. E parece que esta farmácia interna pode estimular ou ser estimulada pelo placebo. E o que é nocebo? O nocebo  é  a  imagem  negativa  do  placebo.  A  palavra,  também  de  origem  latina,  deriva  de  nocere,  que  pode  ser entendida  como  produzir  dano.  Nocebo  seria  então  produzirei dano.  Tanto  o  efeito  placebo  quanto  o  nocebo  nos atingem num ponto de muito difícil acesso e controle por nossa parte: em nosso inconsciente. O efeito placebo tem sido profundamente pesquisado. Na biblioteca online da pasta da Saúde dos Estados Unidos registram­se quase 160 mil entradas  para  essa  palavra.  Contrariamente,  a  palavra  “nocebo”  registra  na  mesma  fonte  apenas  180  entradas (http://www.sertox.com.ar/modules.php?name=News&file=article&sid=5603). Algumas referências bibliográficas recentes importantes são (por ordem cronológica decrescente): Požgain, I., Požgain, Z., Degmečić, D. Placebo and nocebo effect: a mini­review. Psychiatr Danub. 2014; 26(2): 100­7. Agid  O.,  Siu  C.O.,  Potkin  S.G.,  Kapur  S.,  Watsky  E.,  Vanderburg  D.  et  al.  Meta­regression  analysis  of  placebo response in antipsychotic trials, 1970­2010. Am J Psychiatry 2013; 170:1335­44. Benedetti, F. Placebo and the new physiology of the doctor­patient relationship. Physiol Rev 2013; 93: 1207­1246. Data­Franco, J., Berk, M: The nocebo effect: a clinicians guide. Aust N Z J. Psychiatry 2013; 47: 617­23. Jakšić, N., Aukst­Margetić, B., Jakovljević, M. Does personality play a relevant role in the placebo effect?Psychiatr Danub. 2013; 25: 17­23. Murray, D., Stoessl, A.J. Mechanisms and therapeutic implications of the placebo effect in neurological and psychiatric conditions. Pharmacology & Therapeutics. 2013; 140: 306­318. Brody,  H.,  Miller,  F.G.  Lessons  from  recent  research  about  the  placebo  effect:  from  art  to  science.  JAMA.  2011; 306(23): 2612­2613. Colloca, L., Miller, F.G. The nocebo effect and its relevance for clinical practice. Psychosom Med. 2011; 73: 598­603. Finniss,  D.G.,  Kaptchuk,  T.J.,  Miller,  F.,  Benedetti,  F.  Biological,  clinical,  and  ethical  advances  of  placebo effects. Lancet. 2010; 375(9715): 686­695. Rodriguez­Raecke, R., Doganci, B., Breimhorst, M. et al. Insular cortex activity is associated with effects of negative expectation on nociceptive long­term habituation. J Neurosci. 2010; 30(34): 11363­11368. Varelmann, D., Pancaro, C., Cappiello, E.C., Camann, W.R. Nocebo­induced hyperalgesia during local anesthetic injection. Anesth Analg. 2010; 110(3): 868­870. Colloca, L., Sigaudo, M., Benedetti, F. The role of learning in nocebo and placebo effects. Pain. 2008; 136(1­2): 211­ 218. Mondaini, N., Gontero, P., Giubilei, G. et al. Finasteride 5 mg and sexual side effects: how many of these are related to a nocebo phenomenon? J Sex Med. 2007; 4(6): 1708­1712. Kaptchuk, T.J., Stason, W.B., Davis, R.B. et al. Sham device v inert pill: randomised controlled trial of two placebo treatments. BMJ. 2006; 332(7538): 391­397. Colloca, L., Lopiano, L., Lanotte, M., Benedetti, F. Overt versus covert treatment for pain, anxiety, and Parkinson’s disease. Lancet Neurol. 2004; 3(11): 679­684. Nocebo diz respeito ao que de indesejável se pode verificar no paciente quando este é submetido a um excesso de informações a respeito do fármaco (remédio) ou do tratamento. Poder­se­ia dizer que saber informações em demasia, sobretudo  a  respeito  dos  possíveis  efeitos  colaterais,  dispara  processos  quiçá  insconscientes  capazes  de  gerar enfermidade justamente pela expectativa da sobrevinda exatamente da colateralidade. Um  paciente  oncológico  que  se  convenceu  que  tem  apenas  poucos  meses  de  vida,  talvez  venha  a  óbito  mais rapidamente (independentemente do crescimento de seu tumor) do que um outro paciente em condições equivalentes mas que não acredita que esteja prestes a morrer. Eis aí, novamente, o efeito Nocebo, conforme advoga o neurologista alemão  Magnus  Heier  em  seu  livro  Nocebo:  Wer's  glaubt  wird  krank,  com  o  subtítulo.  Wie  man  trotz  Gentests, Beipackzetteln und Röntgenbildern gesund bleibt (2012, editora Hirzel:http://www.hirzel.de/titel/59047.html). Heier assim diz: “Os pacientes de câncer começam a sentir fortes náuseas quando entram nas salas de  quimioterapia porque intuem a nível inconciente que sentirão essas náuseas depois”. O nocebo é deflagrado principalmente pelo excesso de informações que não se pode ordenar de maneira adequada, especialmente quando se procuram enfermidades ou síntomas na internet, ou mesmo pela bula do medicamento, que
  • 3. 23/03/2015 Toxicologia de Medicamentos: O que é placebo? data:text/html;charset=utf­8,%3Ch1%20style%3D%22border­width%3A%200px%200px%201px%3B%20border­bottom­style%3A%20solid%3B%20borde… 3/4 discrimina a gama possível dos efeitos secundários, uma obrigação legal, mesmo que alguns tenham estatística muito baixa de ocorrência, como 1:10.000 pacientes. Luana  Colloca  e  Damien  Finniss,  no  artigo  Nocebo  Effects,  Patient­Clinician  Communication,  and  Therapeutic Outcomes  [JAMA.  2012;  307(6):  567­568  http://jama.jamanetwork.com/article.aspx?articleid=1104968],  dizem  que atualmente  se  admite  a  existência  dos  efeitos  nocebo  que  surgem  durante  tratamentos  de  rotina,  afetando negativamente os resultados clínicos, apesar de não se haver administrado placebo. E vão além: “Os efeitos nocebo e os  efeitos  placebo  são  o  resultado  direto  do  contexto  psicossocial  ou  do  meio  ambiente  terapêutico  na  mente  do paciente, o cérebro e o corpo. Ambos os fenômenos podem ser produzidos por múltiplos fatores, como as sugestões verbais e a experiência passada”. Em outra parte destacam: “Tal como acontece com o seu homólogo, o placebo, as respostas  nocebo  mostram  a  forte  interação  entre  o  contexto  terapêutico  e  a  interação  entre  mente  e  cérebro  do paciente. Esse fenômeno tem sido demonstrado em estudos bem elaborados que mostram como a informação verbal negativa pode converter um estímulo não­nociceptivo em uma experiência estimulante de dor, notadamente do mesmo nível que a causada por um estímulo doloroso”. Mencionam os autores que informar aos pacientes a interrupção do uso da morfina num momento determinado do tratamento pode se associar a um aumento significativo da percepção de dor comparado à suspensão deste fármaco sem informação prévia. Požgain et al. publicaram uma revisão [Placebo and nocebo effect: a mini­review. Psychiatr Danub. 2014 Jun;26(2):100­ 7]  sobre  os  efeitos  placebo  e  nocebo,  discutindo  diversas  teorias  de  fenômenos  neurobiológicos  e  do  campo  da psiquiatria,  já  que  estes  efeitos  parecem  exercer  substancial  papel  em  diversas  condições  psiquiátricas,  tais  quais, depressão, ansiedade e esquizofrenia. Portanto, do ponto de vista do mecanismo, os efeitos placebo e nocebo parecem envolver componentes psicológicos (autossugestão, traços de otimismo ou pessimismo, efeitos de expectativas pessoais, dinâmica interpessoal na relação profissional de saúde­paciente, traços de personalidade farmacofílica ou farmacofóbica); neurobiológicos (mecanismos de ativação corpo­mente relacionadas com patogênese/salutogênese ou sistema punição/recompensa, sensibilização ou mecanismos de habituação através de mediadores químicos e neurotransmissores (ex: atividade serotoninérgica, noradrenérgica, dopaminérgica etc), bem como respostas hormonais e imunológicas. Colloca  e  Finniss  realçam  que  a  investigação  dos  efeitos  nocebo  importantes  alerta  sobre  a  maneira  pela  qual  se revelam os possíveis efeitos adversos aos pacientes na atenção clínica de rotina. Tal maneira pode afetar não apenas o risco de percepção por parte do paciente, mas também, e mais importante, os próprios resultados clínicos. Ademais, a informação deve ajustar­se a cada paciente e levar em conta aquilo que o paciente deseja saber e o que já aprendeu sobre  o  tratamento  e  sua  condição,  devido  o  acesso  generalizado  à  informação  dos  tratamentos  e  de  seus  efeitos adversos. Por fim, estas discussões nos remetem a tantas outras reflexões no contexto dos serviços de saúde, que, muitas vezes, pela forma em que se encontram estruturados, podem exercer efeitos negativos e deletérios à saúde, que, ainda que muito distante do que se vê na prática, é definida como o estado de bem estar biopsicossocial. Referências Notas e referências: 1.Ver http://www.dicionarioetimologico.com.br/placebo/; http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php? lingua=portugues­portugues&palavra=placebo 2.Ver http://www.neuroscience.ubc.ca/stoessl.htm 3.Lidstone,S.C.,Schulzer,M.,Dinelle,K.,Mak,E.,Sossi,V.,Ruth,T.J.,Fuente­Fernández,R.,Phillips,A.G.,A Jon Stoessl.Effectsofexpectationonplacebo­induced dopaminereleaseinParkinsondisease.Arch Gen Psychiatry67:8.857­ 865,Aug 2010. 4.http://ca.linkedin.com/pub/a­jon­stoessl/2a/46a/530 5. http://publicationslist.org/jstoessl 6. http://www.colorado.edu/neuroscienceprogram/wager.html 7.http://wagerlab.colorado.edu/