O documento resume 15 lições aprendidas sobre a barragem de Ilha Solteira no Brasil. As lições incluem: 1) o filtro suspenso não foi eficiente no controle da percolação, 2) a importância do monitoramento contínuo, 3) o impacto negativo do filtro suspenso na geração de energia.

1. Julho de 2023 1
BARRAGENS
Prof. Dr. Samuel França Amorim
15 LIÇÕES APRENDIDAS SOBRE
A BARRAGEM DE ILHA SOLTEIRA
Eduardo Figueirôa Silva
Igor Gustavo Santos de Almeida
Pedro Henrique Pancotti

2. Universidade Federal de Pernambuco 2
CORTE 1 - UHE ILHA SOLTEIRA

3. Universidade Federal de Pernambuco 3
CORTE 2 - UHE ILHA SOLTEIRA

4. Universidade Federal de Pernambuco 4
CORTE 3 - UHE ILHA SOLTEIRA

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LIÇÃO 1 - UHE ILHA SOLTEIRA
O filtro suspenso não foi eficiente no controle de percolação pela fundação, porque não era capaz de
fornecer uma barreira contínua contra a água.
O filtro era composto por uma camada de areia e cascalho, que não eram capazes de se manter juntos e
formarem uma barreira sólida. Além disso, o filtro não era suficientemente profundo para atingir a camada
de impermeabilização da fundação.
Como resultado, a água foi capaz de percolar através do filtro e causar danos à fundação.

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LIÇÃO 2 - UHE ILHA SOLTEIRA
Importante monitorar a barragem regularmente para identificar qualquer sinal de problemas. Isso ajudará a evitar que
problemas potenciais se tornem graves. Por exemplo, a barragem de Ilha Solteira o monitoramento da estrutura da
barragem, do solo e a água para identificar qualquer sinal de problemas, como foi essencial o uso de piezômetros
para a detecção de falha no sistema de filtro suspenso.

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LIÇÃO 3 - UHE ILHA SOLTEIRA
O filtro suspenso é uma camada de detritos que se acumula na superfície da água do reservatório,
dificultando o fluxo de água e a geração de energia.
O filtro suspenso tem um impacto negativo na usina hidrelétrica de Ilha Solteira, reduzindo a sua
capacidade de geração de energia e aumentando os custos de operação. O problema também tem um
impacto negativo no meio ambiente, reduzindo a qualidade da água do reservatório e afetando a vida
aquática.

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LIÇÃO 4 - UHE ILHA SOLTEIRA
É importante realizar uma investigação geotécnica abrangente antes de construir uma barragem. Isso
ajudará a identificar quaisquer riscos geotécnicos e a desenvolver medidas para mitigá-los. Por exemplo, a
barragem de Ilha Solteira foi construída em um local com solos relativamente fracos (solos expansivos).
Isso exigiu que os engenheiros usassem uma série de técnicas geotécnicas para garantir a estabilidade da
barragem, incluindo o uso de um núcleo de concreto e o reforço do solo com geossintéticos.

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LIÇÃO 5 - UHE ILHA SOLTEIRA
A construção da barragem de Ilha Solteira destaca a importância de priorizar a segurança dos
trabalhadores em projetos de grande porte. O caráter megalômano das obras e o ritmo acelerado
resultaram em acidentes fatais e negligência da empreiteira. A disciplina rígida e falta de diálogo também
contribuíram para um ambiente de trabalho perigoso, bem como a grande presença de mão de obra não
qualificada.

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LIÇÃO 6 - UHE ILHA SOLTEIRA
Em 2021 a barragem da Ilha Solteira apresentou um período de seca. O nível da água no reservatório caiu
para 319 metros, sendo o nível mais baixo desde sua construção em 1978.
A barragem da Ilha Solteira está localizada em uma região com clima semiárido, com pouca chuva e alta
evaporação. Isso significa que o reservatório da barragem está sujeito a um maior risco de seca do que um
reservatório localizado em uma região com clima mais úmido.
É possível que a escolha do local tenha sido um fator que contribuiu para o problema de seca.

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LIÇÃO 7 - UHE ILHA SOLTEIRA
Utilização de gelo em escama no concreto foi uma técnica pioneira utilizada na construção de barragens
(Brandi, 2020).
Essa medida foi adotada com o intuito de diminuir a temperatura de cura do concreto e consequentemente
a redução de fissuras e deformações no corpo da barragem. O método construtivo permitiu o aumento da
produtividade, permitindo uma maior taxa de lançamento e compactação.

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LIÇÃO 8 - UHE ILHA SOLTEIRA
Perda de habitat: a barragem inundou uma área de cerca de 2.500 km², o que incluiu florestas, campos
e rios. Isso levou à perda de habitat para uma grande variedade de plantas e animais, incluindo peixes,
aves, mamíferos e répteis.
Modificação do fluxo do rio: a barragem modificou o fluxo do rio Paraná, o que teve um impacto na vida
aquática e na ecologia da região. O fluxo do rio foi reduzido, o que levou à diminuição da quantidade
de oxigênio na água e à proliferação de algas. Isso tornou o rio menos adequado para a vida aquática e
para a recreação.
Aumento da erosão: a barragem aumentou a erosão do solo na região, o que levou à perda de terra e à
sedimentação dos rios. Isso teve um impacto negativo na agricultura e na ecologia da região.
A construção da barragem foi planejada e construída nos anos 1960 e 1970, quando o conhecimento sobre
os impactos ambientais das barragens era limitado. Como resultado, a barragem não levou em
consideração os impactos sobre a vida aquática, a ecologia e as comunidades locais.

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LIÇÃO 9 - UHE ILHA SOLTEIRA
Através de estudos, foram coletados dados sobre a quantidade de sedimentos que chegam ao reservatório
e a velocidade de deposição no fundo. Isso incluiu a medição das taxas de sedimentação em diferentes
pontos do reservatório e ao longo do tempo, permitindo entender o comportamento do assoreamento ao
longo das estações do ano e ao longo dos anos.
Com base nos dados coletados, os engenheiros puderam calcular o impacto do assoreamento na
capacidade de armazenamento da represa. A quantidade de sedimentos acumulados pode reduzir a área
útil do reservatório, afetando sua função de armazenar água para a geração de energia, portanto foram
criadas estratégias para a redução do impacto na geração.

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LIÇÃO 10 - UHE ILHA SOLTEIRA
A UHE Ilha Solteira é a sexta maior produtora de energia do país. A usina é de fundamental importância
para o controle da tensão e frequência do Sistema Interligado Nacional. Além disso, tem uma posição
privilegiada, pois está localizada próxima das regiões que mais consomem energia no Brasil, facilitando na
construção das linhas de transmissões interligadas.

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LIÇÃO 11 - UHE ILHA SOLTEIRA
Durante o enchimento do reservatório houve a surgência de água no talude a jusante. Foi instalado 1 metro de
areia e compactaram 2 metros de solo.
Porém, a passagem de água permanecia. O problema só foi solucionado com a instalação de poços de alívio no
pé da barragem e as leituras piezométricas confirmaram a sua eficácia.

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LIÇÃO 12 - UHE ILHA SOLTEIRA
A segmentação socioespacial observada em Ilha Solteira, com a divisão entre a zona Norte ocupada pelos
operários da obra e a zona Sul pelos moradores de cargos considerados mais importantes, demonstra as
consequências negativas de uma abordagem que não considera devidamente as necessidades e direitos de
todos os envolvidos.
Ao não levar em conta a equidade e inclusão social, os projetos podem perpetuar desigualdades e divisões na
comunidade. Isso pode prejudicar a coesão social ao longo do tempo, além de afetar a qualidade de vida e o
bem-estar das pessoas envolvidas.
Vista aérea da Vila Piloto

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LIÇÃO 13 - UHE ILHA SOLTEIRA
A construção de diques ao longo do rio Paraná para proteger a margem do rio da erosão.
A instalação de um sistema de drenagem para remover a água da área ao redor da barragem.
A realização de inspeções regulares na fundação da barragem para identificar qualquer problema potencial.
A barragem está localizada no rio Paraná, que é um rio com muita sedimentação, as estações chuvosas causam o
aumento no nível da água do rio, podendo levar à erosão das margens do rio e à perda de areia.
Se tornando um problema para a Barragem de Ilha Solteira porque pode causar a inundação da área ao redor da
barragem, podendo comprometer a segurança da barragem.
A Companhia Energética de São Paulo (CESP), que é a empresa responsável pela Barragem de Ilha Solteira, está
tomando medidas para mitigar o problema da perda de areia. Essas medidas incluem:

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LIÇÃO 14 - UHE ILHA SOLTEIRA
A realização de estudos físicos, químicos e biológicos das águas e sedimentos da
barragem é fundamental para identificar e prever possíveis impactos ambientais. No caso
da barragem de Ilha Solteira, o estudo de toxicidade com o microcrustáceo Daphnia similis
revelou resultados preocupantes em um ponto amostrado próximo a uma indústria de
laticínios.
Portanto, a lição aprendida é que a falta de monitoramento ambiental adequado pode
levar a danos aos ecossistemas e à saúde dos corpos hídricos, além de ameaçar a
sustentabilidade da região. O monitoramento contínuo da qualidade da água, são
essenciais para garantir a proteção ambiental e a sustentabilidade da barragem em
questão.

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LIÇÃO 15 - UHE ILHA SOLTEIRA
A ombreira direita da Barragem de Ilha Solteira apresenta uma seção homogênea de terra apoiada em fundação
de colúvio poroso. Este é um avanço significativo para a engenharia de barragens, pois permite a construção de
barragens mais altas e mais seguras.
Antes da construção da Barragem de Ilha Solteira, as barragens eram geralmente construídas com uma seção
heterogênea de terra, com diferentes tipos de solo sendo usados em diferentes partes da barragem. Isso tornava
as barragens menos seguras, pois era mais difícil controlar a permeabilidade do solo e evitar a erosão.
A Barragem de Ilha Solteira foi construída com uma seção homogênea de terra, o que tornou mais fácil controlar
a permeabilidade do solo e evitar a erosão. Isso tornou a barragem mais segura e permitiu a sua construção mais
alta do que as barragens anteriores.

20. OBRIGADO!
Eduardo Figueirôa Silva
Igor Gustavo Santos de Almeida
Pedro Henrique Pancotti
Universidade Federal de Pernambuco