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Curso Completo de TÉCNICA VOCAL
Mini-Curso Básico de Técnica Vocal
Guia de introdução para o aperfeiçoamento da voz
Finalizado no dia 07/12/2001
Introdução:
Este mini curso tem como intuito auxiliar todas as pessoas que utilizam a voz
profissionalmente, sejam cantores (profissionais ou amadores), professores,
jornalistas, locutores, advogados, atores, vendedores, operadores de telemarketing,
telefonistas ou você que gosta de cantar no banheiro, em festinhas, em videokê,
enfim, todos aqueles que se interessarem em utilizar as técnicas apresentadas aqui
em prol da melhoria da sua qualidade vocal. Informamos que este curso não dispensa
as aulas de canto ou sessões de fonaudiologia, ao contrário, é o primeiro passo para
que você se conscientize do quão importante é a presença de um profissional para
acompanhar seu progresso. Vamos lá!
Daniela Menezes
Administradora do Curso
Capítulo 1: Dicas Iniciais
1ª Parte – Noções Básicas sobre a Produção do Som
Para que consigamos produzir o som através da nossa voz, recorremos a vários
órgãos do nosso corpo que trabalham conjuntamente para viabilizar este processo.
São eles: o Aparelho Respiratório, a laringe, as pregas vocais, os ressonadores, (como
a cavidade nasal, a cavidade craniana, a cavidade toráxica, a cavidade bucal e a
faringe), os articuladores (língua, lábios, palato duro (céu da boca), palato mole,
dentes e mandíbula.
A produção do som acontece quando o ar ao ser expirado, passa pelas pregas vocais
fazendo-as vibrar. Neste momento entram em ação os articuladores cuja função,
neste contexto, é levar o som para as cavidades de ressonância.
Como vemos, não cantamos ou falamos "pela garganta" como muitos pensam, e sim
com todo o conjunto de órgãos que se interligam são os responsáveis diretos pela
transformação do ar inspirado em som. A esse conjunto de órgãos poderemos chamar
de "Aparelho Fonador".
VOCÊ SABIA QUE...
* Pregas vocais é o nome correto e não "cordas vocais", pois tratam-se de pregas de
tecido fibro-elástico e muscular revestidas por uma mucosa.
* A pessoas que necessitam do uso mais intenso da voz, devem conscientizar-se que
há um considerável gasto de energia neste evento, sendo de grande importância a
ingestão de alimentos de fácil digestão antes das atividades vocais.
1ª Parte – Saúde Vocal
Neste capítulo iremos apresentar hábitos e alimentações saudáveis ou não para uma
boa higiene vocal. Prestem bastante atenção e vamos, desde já, procurar cuidar
bastante do nosso instrumento de trabalho que é precioso e único, nosso Aparelho
Vocal.
1
Curso Completo de TÉCNICA VOCAL
Permitido Evitar  Proibido
Beba bastante água em temperatura natural! (no mínimo 2 litros por dia) para

manter as pregas vocais hidratadas e em boa condição de vibração.
Coma maçã! A maçã possui propriedades adstringentes que auxiliam na limpeza da

boca e da faringe, favorecendo uma voz com melhor ressonância.
Beba suco de frutas! (Principalmente de frutas cítricas)

Evite usar roupas apertadas, principalmente nas regiões do abdômen, cintura,

peito e pescoço, pois isso poderá dificultar a respiração
Não use pastilhas, sprays, anestésicos sem orientação médica, pois para cada caso

existe uma medicação específica, portanto não se automedique nunca!
Evite alimentos gordurosos e "pesados" antes das apresentações, pois dificultam a

digestão.
Dê preferência aos alimentos leves e de fácil digestão (verduras, frutas, peixe,

frango)
Durma bem! Procure dormir, no mínimo, 8 horas por dia.

Não durma de estômago cheio pois pode provocar refluxo gastresofágico que é

altamente prejudicial às pregas vocais.
Não cante se estiver doente! Quando cantamos envolvemos todo o nosso corpo e

gastamos muita energia, então recupere-se antes de voltar a cantar.
Evite ficar exposto por muitas horas em ambiente que utiliza ar-condicionado pois

provoca o ressecamento das pregas vocais. Em casos onde isso não for possível,
procure estar sempre lubrificando as pregas vocais com água ou suco sem gelo.
Evite ambiente com mofo, poeira ou cheiros muito fortes, principalmente se você

for alérgico.
Evite a competição sonora, ou seja, falar ou cantar em lugares muito barulhentos.

Evite choques bruscos de temperatura

Evite bebidas geladas

Evite cochichar pois, ao contrário do que pensamos, no ato de cochichar

submentemos nossas pregas vocais a um grande esforço provocando um desgaste
muitas vezes maior do que se conversarmos normalmente.
É proibido gritar, pigarrear, falar durante muito tempo sem lubrificar as pregas

vocais, fumar, ingerir bebidas alcoólicas antes de cantar para "melhorar" a voz.
IMPORTANTE!!!
2
Curso Completo de TÉCNICA VOCAL
Se você utiliza sua voz profissionalmente, é indispensável a consulta com um médico
especialista para que ele possa fazer uma avaliação do seu aparelho vocal.
Não se esqueça de que o nosso "instrumento de trabalho" é único e merece toda a
nossa dedicação e atenção.
Nossas pregas vocais são a nossa identidade, são nosso registro pessoal, portanto
não se esforce para cantar músicas em tons que não lhes são confortáveis pois assim
você estará prejudicando-as.
Mini-Curso Básico de Técnica Vocal
Guia de introdução para o aperfeiçoamento da voz
Parte I
3ª Parte – A Postura Ideal
Devemos estar atentos a alguns aspectos relacionados à postura no canto:
- Os pés devem estar afastados na direção dos ombros
- Coluna reta Ombros e braços relaxados a fim de não tencionar o pescoço
- Queixo reto, olhando sempre para frente
- Não fixar o olhar em nenhum ponto para não perder a concentração
Podemos também cantar sentados observando:
- Sentar na ponta da cadeira sobre os ossos das nádegas (faça o movimento para os
lados, como uma canoa e verifique se está na posição correta)
- Manter a coluna e o queixo retos
- Braços e ombros relaxados
4ª Parte – A respiração "Respirando bem, cantamos bem"
Para uma boa projeção da voz no canto, é necessário obter o controle da respiração.
Para realizarmos uma respiração correta, devemos estar numa postura adequada,
pois a postura e a respiração andam juntas.
A inspiração deverá ser sempre nasal, pois o nariz funciona como um filtro de ar. Se
inspirarmos pela boca, estaremos inspirando todas as impurezas podendo ocasionar
doenças inflamatórias do aparelho respiratório.
Caso você não consiga respirar pelo nariz, sugiro que procure imediatamente um
médico especialista.
Utilizaremos para o canto a respiração chamada diafragmática, costo-diafragmática,
ou abdominal-intercostal.
1- Devemos inspirar pelo nariz e canalizarmos esse ar em direção à região abdominal
(enchendo a barriga de ar). É importante que os ombros e o peito não se movam.
2- Expire pela boca observando que enquanto o ar é expelido a barriga vai
esvaziando lentamente até chegar ao normal.
3
Curso Completo de TÉCNICA VOCAL
ATENÇÃO!!!
Cuidado para não utilizar o ar de reserva, ou seja, não pressione a barriga forçando-a
a se esvaziar mais depressa que o normal pois este feito poderá causar mal-estar.
EXERCÍCIO PARA CONTROLE DA RESPIRAÇÃO
1- Inspire lentamente (pelo nariz) até encher bastante as paredes abdominais.
2- Coloque o dorso da mão em frete à boca e expire lentamente .
3- Observe que o ar expirado estará quente
4- Repita este exercício por 15 vezes (3 seqüências de 5) em frente a um espelho (de
preferência vertical) para que você possa corrigir a postura e observar os ombros e
peito (que não deverão se movimentar)
5- Lembre-se de que ao término de cada sequência, você deverá relaxar, respirar
fundo, encher os pulmões e soltar o ar pela boca por 3 vezes para evitar mal-estar.
LEMBRE-SE:
Este tipo de respiração é uma novidade para muitos de vocês, sendo assim, não
deverá ser usada no dia-a-dia sem que haja necessidade.
Em caso de dúvidas, entre em contato comigo.
Estarei sempre pronta a ouvi-los.
Mini-Curso Básico de Técnica Vocal
Guia de introdução para o aperfeiçoamento da voz
Parte I
Capítulo 2: O Pré-Aquecimento Vocal
O que é pré-aquecimento vocal?
É, como o nome já diz, um aquecimento prévio da voz ou simplesmente a preparação
da voz para o seu uso por um tempo prolongado e intenso.
Podemos aquecer nossa voz através de sons que irão "massagear" nossas pregas
vocais (que são músculos) que como todo músculo precisam ser preparadas e
aquecidas antes de serem utilizadas na sua plenitude.
Lembrem-se que este pré aquecimento pode (e deve) ser feito não só pelos cantores
mas também por todos os profissionais da voz, ou seja, todas as pessoas que
trabalham falando.
EXERCÍCIO 1:
1) Inspire (armazenando o ar na região abdominal, como vocês já
aprenderam) até que a barriga esteja repleta de ar.
2) Agora solte o ar aos pouco utilizando o som:
4
Curso Completo de TÉCNICA VOCAL
Prrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr......
Observe que neste exercício a língua deve vibrar bastante!!!! Caso a sua língua não
vibre e você esteja forçando para emitir este som, PARE! Pois estará fazendo da forma
errada. Entre em contato comigo se surgir alguma dúvida, certo?
Mas se você conseguiu emitir o som com a vibração constante da língua, repita este
exercício todos os dias pelo menos durante 10 minutos.
Se for cantar em uma apresentação ou videokê ou ensaiar com sua banda por muito
tempo, pré-aqueça sua voz durante 20 minutos (no mínimo) antes de começar a
cantar.
Pode-se também utilizar outras consoantes que possibilitarão o mesmo efeito como,
por exemplo, o som:
Trrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr...
Como se você fosse imitar o som do telefone (' TRRRRRIM!!!), mas lembrando de
prolongar bastante os erres (RRRR...) até acabar o ar.
EXERCÍCIO 2:
Depois de já haver treinado bastante e já estar emitindo os sons PRRRR... e TRRRR...
Sem falhas ou interrupções, vamos repetir o exercício anterior com uma diferença:
No final de cada som iremos acrescentar as vogais A,E,I,O,U.
Exemplo1:
PrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÁ!!!!
PrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÉ!!!!
PrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÍ!!!!
PrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÓ!!!!
PrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÚ!!!!
Exemplo2:
TrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÁ!!!!
TrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÉ!!!!
TrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÍ!!!!
TrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÓ!!!!
5
Curso Completo de TÉCNICA VOCAL
TrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÚ!!!!
IMPORTANTE!!!
C Assim como nos exemplos acima, o som que você estiver produzindo para pré-
aquecer, deverá estar no mesmo volume, intensidade e tom.
= ***NÃO BRINQUE COM ESTE EXERCÍCIO FAZENDO SONS MUITO AGUDOS,
MUITO GRAVES OU MISTURANDO OS DOIS TONS.***
C Repita os exercício SEMPRE no seu tom natural.
Como fazer para identificar o seu tom natural?
É simples, o seu tom natural é aquele que você emite sem
"forçar a garganta", é um som natural que sai sem esforço nenhum, como se você
estivesse falando.
C Se você não conseguiu fazer estes exercícios até acabar o ar armazenado (sem
utilizar o ar de reserva, certo???), ou seja, você começou bem mas no meio do
exercício o som falhou,
Pare! Respire fundo por 3 vezes, relaxe um pouco e só então recomece.
É muito comum, no início, não conseguirmos emitir estes sons até o final, pois trata-
se de sons que nós não estamos habituados a produzir, mas com o treino diário, fica
cada vez mais fácil, acreditem!!!
Mini-Curso Básico de Técnica Vocal
Guia de introdução para o aperfeiçoamento da voz
Parte I
Capítulo 3: Dicas e Dúvidas iniciais para a função vocal
Postura de Cantor
A postura é muito importante para o cantor, pois apesar de termos que ficar bem à
vontade e descontraídos, temos também de observar alguns pontos importantes tais
como:
• Pés paralelos na direção dos ombros
• Braços e ombros relaxados
• Coluna reta
Observando também que como utilizamos a respiração diafragmática, devemos
deixar a região abdominal livre para que o diafragma funcione tranqüilamente.
Procurar seguir estes passos não significa que devamos ficar parados nesta posição
para que tenhamos um bom resultado, mas ficarmos soltos, relaxados e
principalmente nos sentirmos bem e à vontade quando estamos cantando, pois cantar
tem que ser sempre prazeroso.
6
Curso Completo de TÉCNICA VOCAL
Podemos também cantar sentados observando a postura reta deixando o diafragma
livre para funcionar bem.
Movimento das Pregas Vocais
As pregas vocais fazem o movimento abre-fecha, ou seja, quando estamos calados
elas estão abertas (momento da respiração) e quando falamos ou cantamos elas se
fecham (momento da fonação) infelizmente elas não fazem somente estes
movimentos mas também se chocam quando são submetidas a abusos vocais como:
gritos, pigarreios e tosses excessivos, utilizar tons graves ou agudos demais, praticar
esportes falando, competição sonora, etc... Estes choques pode prejudicar
demasiadamente as pregas vocais.
Eu cuido bem da minha voz???
Responda as questões a seguir como uma forma de auto-avaliação sobre o cuidado
que você tem com sua voz.
1. Você percebe se ao final de um dia de trabalho (ou apresentação)
sua voz está mais fraca?
2. Você canta em diversos tons?
3. Quando você canta, leciona ou fala em público, suas veias ou
músculos do pescoço saltam?
4. Você sente dores na região do pescoço?
5. Após cantar você sente dor de cabeça?
6. Quando você canta acompanhando um cd, por exemplo, você segue
sempre o tom do cantor?
7. Você canta freqüentemente?
8. Você canta ou ensaia durante horas seguidas?
9. Você tem resfriados freqüentes?
10. Você fuma?
11. Você pigarreia muito?
12. Você tem alergia das vias respiratórias?
13. Você tem faringite, amigdalite ou laringite freqüentes?
14. Você se auto-medica quando tem problemas na voz?
15. Você tem dificuldades digestivas? (azia, úlcera, refluxo
gastresofágico)
OBS:
• SE VOCÊ MARCOU MAIS QUE 4 ITENS FIQUE ATENTO E PROCURE
TOMAR ALGUMA PROVIDENCIA NO SENTIDO DE MODIFICAR SEUS
HÁBITOS.
• SE VOCÊ MARCOU MAIS DE 6 ITENS PROCURE UM ESPECIALISTA
PARA QUE ELE AVALIE O ESTADO DE SUAS PREGAS VOCAIS POIS COM
ESTES SINTOMAS VOCÊ JÁ TEM QUE FICAR ATENTO PARA QUE NÃO
OCORRA PROBLEMAS MAIORES FUTURAMENTE.
Quais as conseqüências que os abusos vocais podem me causar?
Estes abusos podem provocar alterações como:
o Calos vocais
7
Curso Completo de TÉCNICA VOCAL
o Nódulos
o Pólipos
o Edemas
o Fendas
Dentre outras alterações ocasionadas pelas constantes formas de abuso vocal.
Qual o primeiro passo a ser tomado para cuidar da minha voz?
A primeira providência a ser tomada é a consulta a um especialista, o
OTORRINOLARINGOLOGISTA, que é o médico que poderá detectar se há ou não
alguma alteração no seu aparelho fonador. À partir do diagnóstico feito pelo
Otorrinolaringologista, se necessário o médico indicará o tratamento para a correção
de tais alterações com outro especialista, o FONAUDIÓLOGO, que fará a correção
destes problemas através de exercícios.
Que tipo de exame é feito para detectar alterações no meu aparelho
fonador?
Um primeiro e importantíssimo exame a ser feito e que é rápido e indolor, é a
LARINGOSCOPIA, que é o exame médico das cordas vocais. À partir deste exame se o
médico julgar necessário, solicitará outros exames mais específicos.
Estes cuidados servem para todos ou apenas para os cantores?
" As normas de cuidados com a voz devem ser seguidas por todos, particularmente
por aqueles que utilizam mais a voz ou que apresentam tendências a alterações
vocais. Esses são chamados de Profissionais da Voz, ou seja, professores, atores,
cantores, locutores, apresentadores, advogados, telefonistas, telemarketing,
vendedores, palestristas, dentre outros. Entretanto muitos destes profissionais muitas
vezes por falta de tempo para se dedicar ao cuidado de sua voz, podem estar
cultivando um distúrbio vocal decorrente do abuso ou mal uso da voz".
Mini-Curso Básico de Técnica Vocal
Guia de introdução para o aperfeiçoamento da voz
Parte I
Capítulo 4: Classificação Vocal
Este assunto é muito importante pois muitas vezes acontece de não conseguirmos
alcançar tons muito agudos (finos) ou muito graves (grossos) sem saber que isso se
dá porque temos um naipe vocal característico.
Existem 3 classificações básicas para a voz masculina e para a voz feminina como
indicado abaixo:
HOMENS MULHERES
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Curso Completo de TÉCNICA VOCAL
BAIXO (Voz Grave) CONTRALTO (Voz Grave)
BARÍTONO (Voz Média) MEIO-SOPRANO ou MEZZO-SOPRANO (Voz
Média)
TENOR (Voz Aguda) SOPRANO (Voz Aguda)
Para saber a sua classificação vocal, você tem de ser avaliado por um professor de
Canto/Técnica Vocal que irá, através de exercícios vocais (vocalises) classificar sua
voz dentro das três opções acima.
Quase sempre nos espelhamos em algum canto/cantora/banda da qual somos fãs e
tentamos imita-los sem saber que podemos agredir nossas pregas vocais tentando
cantar numa extensão vocal que não é a nossa.
Podemos cantar qualquer música que quisermos desde que ela esteja no nosso tom.
O que significa a música estar no meu tom?
• Quer dizer que eu consigo cantá-la sem me esforçar demais até
minha garganta doer ou minha voz falhar ou até mesmo eu engasgar. Isso
acontece com muita freqüência por falta de informação e orientação.
Muitas vezes é difícil, principalmente para quem não toca nenhum instrumento,
identificar em que tom está a música que queremos cantar e mais ainda qual é o tom
confortável para mim.
Pois bem, vai aí uma dica:
Escolha uma música de sua preferência e cante junto com o cantor observando
alguns pontos:
o Não deixe que as veias do seu pescoço saltem
o Não se esforce até ficar vermelho
o Não se preocupe em imitar a voz do cantor, cante do seu jeito,
com sua voz natural.
o Não se preocupe se está desafinando, pense apenas em seguir
a música de uma forma bem confortável para você.
Se ao final da música você verificou que:
• Suas veias do pescoço não saltaram
• Você não ficou vermelho
• Não engasgou e sua voz não falhou em momento algum...
PARABÉNS!!!!!!
VOCÊ ACABA DE DESCOBRIR E CANTAR NO SEU TOM!!!!
AGORA É MOSTRAR PARA UM PROFESSOR DE MÚSICA OU ALGUM AMIGO SEU QUE
CONHEÇA A MÚSICA PARA TE DIZER EM QUE TOM VOCÊ CANTOU.
9
Curso Completo de TÉCNICA VOCAL
Agora é só criar o seu estilo para cantar pois devemos sim ter ídolos e nos
espelharmos neles mas à partir daí, devemos descobrir o nosso próprio modo de
cantar.
SEJA CRIATIVO SEMPRE!!!!
Mini-Curso Básico de Técnica Vocal
Guia de introdução para o aperfeiçoamento da voz
Parte I
Capítulo 5: Exercícios de Relaxamento
Faça esses exercícios com roupas confortáveis e ambiente tranqüilo.
DEITADO
• Deite-se de costas, certifique-se de que sua coluna esteja em
contato com o chão.
• Observe a oscilação natural de sua respiração, que se expande e
contrai, por meio de seu tórax e abdomem, e pelo ouvir atento dos sons
que emanam do interior.
• Apenas observe e ouça as ações de seu corpo. Não as manipule, não
as controle. Apenas respire e conscientize-se de sua respiração.
EM PÉ
• Fique ereto, com as pernas afastadas e na direção dos ombros.
• Distribua o peso igualmente.
• Imagine-se agora segurando uma bola de praia debaixo de cada
axila e sinta os espaços respiratórios que se abrem. (Isso o encorajará a
alongar os seus ombros e a abrir as suas axilas e, conseqüentemente,
expandir o volume de seu tórax para uma respiração mais profunda)
• Seu pescoço e cabeça devem estar alongados e livres.
• Matenha essa posição por um minuto ou mais.
• Desfrute a extensão de sua coluna dorsal, o espaço respiratório
extra e a sensação de equilíbrio adequado entre o estado de calmaria e o
de atenção.
EXERCÍCIOS DINÂMICOS
Os exercícios dinâmicos combinam o movimento com o controle da respiração.
RISO
Sorria para o mundo! Em círculos, movimente, vigorosamente, as suas mãos, braços,
pernas e pés. Permita-se alguns segundos de relaxamento entre cada rotação. Mas
continue sorrindo. Você pode fazer este exercício em pé, sentado ou deitado.
EQUILÍBRIO
O equilíbrio é importante. Tente estipular um horário para o exercício de
"comportamento modal" – o andar, o virar-se e o inclinar-se com livros sobre a
10
Curso Completo de TÉCNICA VOCAL
cabeça. Respire suave e conscientemente, em harmonia com os movimentos de seu
corpo. Isto encoraja a coordenação suave graciosa dos músculos.
EXERCÍCIOS DE RESPIRAÇÃO COMPLETA
1. Permaneça com seus pés confortavelmente dissociados dos
seus ombros, que apontam para cima; os braços e as mãos soltas
ao lado do corpo. Concentre-se em sim mesmo, confira a sua
postura.Inspire pelo nariz o mais demoradamente possível e expire
todo o ar também devagar e silenciosamente. Quando sentir-se
vazio de ar, tussa e mostre para você mesmo que ainda possui
reservas de ar escondidas. Tente tocar o solo com a ponta dos
dedos, curve os joelhos se necessário. Segure sua respiração por
alguns segundos.
2. Conforme você respira, silenciosamente, pelo nariz, você,
gradativamente, torna-se ereto. Estenda os braços como asas,
erguendo-as calma e suavemente, até equilibra-los
horizontalmente.
3. Assim que você completar o movimento e a inspiração,
coloque as mãos juntas acima da cabeça (como se estivesse em
oração). Lembre-se que as mãos postas devem estar acima do topo
de sua cabeça. Segure a inspiração.
4. Quando você estiver preparado, silenciosamente, expire pela
boca, e abaixe os seus braços, reta e vagarosamente, até que
estejam abaixo da horizontal. Rapidamente solte o ar que sobrou
em um suspiro forte e permita que a parte superior do seu corpo
caia pesadamente , curve o quadril para a frente, deixando a
cabeça pendente. Conscientemente libere todo o ar "usado", de que
você não mais precisa. Relaxe por algum tempo e repita o exercício
desde o início.
EXERCÍCIO DE LIBERAÇÃO DA VOZ
Algumas pessoas sentem-se incapazes de facilitar e de liberar as suas vocalizações.
Elas podem sentir sua voz natural, de alguma forma, bloqueada, amarrada ou
suprimida. Tente este exercício de liberação da voz como parte de seu programa
vocal.
Sente-se de cócoras, dobre e recurve o seu corpo em um nó, teso e compacto, de
braços e pernas; tente condensar-se em uma menor massa possível. Segure a sua
respiração e os órgãos vocalizadores no centro desta massa.
Como último esforço, respire e estique-se, rápida e vigorosamente. Solte a sua voz
num profundo "UGH", por meio do som mais profundo que você possa encontrar.
Maximize e aproveite o espreguiçamento.
Descanse por um minuto. Repita o exercício por até dez vezes. A cada vez, interiorize
mais, e projete sua voz relaxada mais forte e prolongue cada vez mais o som.
Observe que você envolve todo os seu corpo na vocalização, particularmente a pélvis
e o diafragma.
OBS: Exercícios extraídos do livro: "A cura pelo som" de Olivea Dewhurst-Maddock
11
Curso Completo de TÉCNICA VOCAL
12
Erimilson Lopes Pereira
Curso Completo de
TÉCNICA
VOCAL
Brinde do site:
www.erimilson.hpg.com.br
Curso Completo de TÉCNICA VOCAL
Curso Completo de
TÉCNICA VOCAL
Erimilson Lopes Pereira
São Paulo – SP
© 20002
13
Curso Completo de TÉCNICA VOCAL
brinde do site: www.erimilson.hpg.com.br
contato: erimilson@ibest.com.br
Como você estava planejando ler apenas este primeiro parágrafo de
introdução e pular imediatamente para o próximo capitulo – ninguém lê as
introduções dos livros --, vou começar alertando que a atenção que você deverá dar
ao treinamento é o fator principal e determinante para o seu êxito. Caso continue com
essa preguiça toda não chegará a lugar nenhum.
Você tem em mãos um trabalho extraído de muito suor. Portanto, faça jus
a ele e repasse-o para outros com dedicação de quem quer expandir a música e a
cultura para substituir toda essa ignorância e violência que prospera em nossos dias.
Este curso é dirigido àqueles que desejam deixar de incomodar os ouvidos
dos outros. Quer aprender ou aperfeiçoar a voz e o canto para enfeitar o mundo lá
fora. Esta é a sai chance de evoluir e até, quem sabe, impulsionar sua carreira
musical ou mesmo aumentar o número do coral da sua igreja. Se for um daqueles que
só canta dentro do banheiro – talvez temendo uma chuva de tomates --, há dois
caminhos; levar a banheira para o palco ou ler e seguir todo o conteúdo deste
material.
Talvez esteja se perguntando sobre sua condição atual. “Eu tenho voz? Eu
posso melhorar? Eu conseguirei chegar perto de um Pavarotti?”. A menos que seja
14
“A música é tão forte que, ainda
que as bocas se calem, as
ondas, as tempestades ou até
mesmo as pedras cantam”.
Erimilson Lopes Pereira
I
I - Introdução
Curso Completo de TÉCNICA VOCAL
mudo, tenha fumado tanto que o cigarro tenha comido suas entranhas ou esteja
muito bêbado, é provável que a resposta seja “SIM” para as duas primeiras
indagações. E quanto à terceira, eu creio que não dê a mínima para ópera. Ah, você é
gago? Dependendo do grau, não tem problema. Inclusive Nelson Gonçalves (uma das
vozes mais bonitas que já ouvi) era gago ao falar.
Será de extrema serventia se você tiver algum conhecimento em algum
instrumento musical. Caso contrário, sugiro que considere a possibilidade desde já. E
para sua sorte, destro desde curso você encontrará auxilio para sua iniciação.
Tomaremos por base três deles. A saber, teclado, violão e flauta doce. Não terá de
aprender a tocar como um Sivuca ou Hermetto Paschoal (dois excelentes
instrumentistas). Bastará apenas extrair algumas notas para medir com seu gogó.
Coisa muito simples. Mas eu não impediria que quisesse ser tão bom quantos os meus
colegas que citei.
Se você ainda estiver aí – e acordado -- leve em conta estas dicas para
melhor aproveitar este caderno:
 Leia tudo com calma e atenção.
 Se não tiver captado uma instrução, releia tantas vezes for preciso até que
fique claro.
 Reserve duas horas diárias para o treinamento.
 Procure um lugar adequado (com conforto, silencio e privacidade).
 Mantenha acessível um instrumento musical (sugerimos violão ou piano).
 Caso esteja estudando em grupo -- o que é uma boa idéia -- estabeleça um
comando e programação homogênea a todos.
 Tenha em mente que cigarro, bebida alcoólica e água gelada são seus inimigos.
 Seja obediente ao programa deste curso. Disciplina é uma grande virtude. Se
não ler tudo ou se abdicar dos exercícios propostos nada conseguirá.
Estou confiante que terá bom proveito deste curso. Será muito satisfatório
pra mim se receber seu e-mail dizendo do seu sucesso ou receber seu CD
autografado.
Que Deus te ilumine e conceda todo o que for favorável.
Erimilson Lopes Pereira
O autor
II-1 O templo humano
Se alguém lhe perguntar com que você canta, certamente você dirá que é
com a boca – e talvez nem responda a uma questão tão idiota. De fato a indagação é
pertinente, pois, não cantamos apenas com a boca, mas com o corpo e a mente.
Isso quer dizer que precisamos de uma boa condição física (não me refiro
aos músculos de Silvester Stallone ou a cintura de Giselle Büchen) e muita
concentração (quem sabe até igual ao um monge).
15
II
II – Voz; Corpo e mente
Curso Completo de TÉCNICA VOCAL
O bom estado do corpo é imprescindível para uma performance
satisfatória. Não apenas da garganta, mas todo o templo humano. A começar pela
postura. A coluna reta é uma exigência elementar. Um grande número de
músculos interage quando falamos ou cantamos. É preciso que eles tenham sido
preparados para um funcionamento extenso. Por esta razão nós adotaremos alguns
exercícios físicos para aquecimento muscular. Não desconsidere essa prática sob
pena de provocar tensão muscular e limitar seu rendimento.
Não é à toa que se ouve dizer que “o homem canta com a alma”. A
concentração é uma espécie de veneração, uma expressão sentimental. Difícil
imaginar alguém cantar sem emoção ou prazer. Com efeito, devemos estar
envolvidos com o canto assim como o ator está para o personagem que representa. A
nossa afinação depende muito dessa concentração.
II-2 O canal vocal
Você detesta aula de biologia? Eu também, mas...
Vamos viajar um pouco na teoria cientifica e saber sobre o canal vocal. O
som produzido é exteriorizado pela boca e ainda pelo nariz – sim, pelo nariz. O som é
produzido e qualificado por uma série de elementos em nosso corpo.
O ar da nossa respiração é uma espécie de matéria prima. É ele que
ecoa nossa voz através do esforço de alguns de nossos órgãos (diafragma, pulmões,
cordas vocais...). Para que tudo isso saia perfeito, necessário se faz que os órgãos
estejam com saúde.
É recomendável que se cante em pé e com a cabeça levemente erguida.
A explicação é que assim o diafragma trabalha melhor, ou seja, acomoda mais e
melhor, o oxigênio além do som sai reto pelo canal da garganta. Você já reparou isso
nos corais?
II-3 Respiração correta
Quem não ouviu aquela citação clássica de marcha “Barriga pra dentro e
peito pra fora” na hora respirar? Aí está o mal-entendido. Na hora de inspirar
(receber) o ar o sujeito estufa o peito e espreme as tripas fazendo com que o
diafragma se retraia impedindo que o oxigênio entre tranqüilamente. E depois para
expirar (soltar) o ar que mal entrou, ele incha a barriga de nada – sem contar a
careta que faz.
A forma correta de trabalhar a respiração é receber o ar (de preferência
pelo nariz) em boa quantidade. Na hora de soltar o ar, use o nariz (e a boca quando
for cantar).
O diafragma é um grande auxiliar para a respiração. Trata-se de um
músculo localizado próximo ao abdome que se estica e encolhe conforme nossos
impulsos. Ao relaxar, ele abre a caixa torácica para guardar o ar e a fecha ao se
encolher. O diafragma também movimenta os pulmões, que por sua vez elimina o
gás carbono do corpo junto com o ar. Na verdade, quando inchamos ou retraímos a
barriga por própria vontade, é com ele quem trabalhamos.
Portanto, na hora de inspirar, relaxe o diafragma para receber
bem o oxigênio e o encolha para expirar o ar velho.
16
Curso Completo de TÉCNICA VOCAL
II-4 Cadê o gogó?
E tem gente que acha que não tem gogó. O que ocorre é que a garganta é
um dos mais sensíveis lugares do corpo humano. Isso porque é por onde respiramos e
ingerimos comida e bebida – nem sempre com a qualidade desejada. Desta feita, a
qualidade do som dependerá bastante da condição física do seu gogó.
Cordas vocais são membranas (tecidos que envolvem os órgãos)
sustentadas pela laringe, que vibram e produzem e qualificam os sons no ato da
expiração. São elas que determinam o seu timbre vocal e a variação dos tons entre
grave (grosso) e agudo (fino).
Também os movimentos da faringe, língua e da boca dão características
aos sons. É preciso, portanto, ter um certo domínio sobre elas.
Cuide bem do seu gogó:
• Evite álcool para não ressecar os órgãos.
• Fuja de comidas ou bebidas muito quentes ou estupidamente geladas. Há um
limite de temperatura aceitável.
• Cigarro é inadmissível.
• Acidez dos alimentos pode prejudicar a parte bucal.
• Não grite jamais. A vibração desordenada das cordas vocais danifica seu
potencial.
• Mantenha sua boca sempre hidratada. A sede faz estragos.
• A ingestão de bons alimentos (especialmente frutas) ajuda a conservação
bucal.
• Um gargarejo de água e sal (uma pitadinha de nada) regularmente funciona
como soro. Atenção; nada de sal em excesso, conhaque ou vinagre. Caninha 51
também nem pensar.
II-5 Se liga nessa
O grande maestro do nosso corpo é o cérebro e dele parte todos os
impulsos (ordens) a serem obedecidos pelos órgãos. Conclusão, o estado de
espírito é fator determinante na hora de soltar a voz. Então, você terá dificuldades
em entrar no palco sabendo que seu cunhado bateu com seu carro. Do mesmo modo,
não faria melhor se soubesse que acertou o grande prêmio da mega-sena (e quem iria
ao palco depois de um prêmio desses?).
Como já dissemos, a concentração define a afinação. Isso porque a
distração faz o cérebro perder o controle da vibração das cordas vocais – que é coisa
muito sensível. Além do mais, se as cordas não forem bem adestradas não produzem
o som esperado. Por isso que tem gente que não tem afinação; não tem controle
sobre os órgãos.
Se você é um deles e quando quer cantar um “A” sai um “Ô”, esqueça seu
passado e se prepare para sua nova carreira.
17
Curso Completo de TÉCNICA VOCAL
Aquecimento físico
Você já conhece o valor do seu corpo para a voz. Por esta razão, iniciemos
a aula prática com exercícios de alongamento e relaxamento. Use roupas leves e
folgadas para não dificultar os movimentos.
1. Alongamento: de pé, levante os dois braços e vá se esticando suavemente para
cima como se quisesse alcançar uma corda que está um pouco acima de sua
cabeça. Mantenha os pés bem fixos no chão. De 1 a 3 minutos.
2. Relaxamento: movimente os braços e as pernas livre e suavemente para ativar
melhor a circulação sangüínea e aquecer a musculação (dê chutes curtos no vento
e simule natação, por exemplo). De 3 a 5 minutos.
3. Respiração: conforme os padrões teóricos aplicados anteriormente, trabalhe sua
respiração e aproveite para entrar em estado de concentração máxima. Procure
sentir o ar entrando e se espalhando em seu corpo através do sangue. Trabalhe os
impulsos cerebrais para as partes do seu corpo (como leves movimentos dos dedos
das mãos e pés). De 2 a 3 minutos.
4. Acorde o diafragma: se você leu todo o capitulo anterior (duvido) sabe da
relevância deste músculo. Portanto, vamos desenvolver ainda mais suas
atividades; inspire e expire rapidamente dando sopapos no diafragma como se
estivéssemos bombardeando o abdome. De 1 a 2 minutos.
5. Aquecimento muscular do pescoço: abaixe completamente a cabeça (coluna
reta, por gentileza) e comece a ergue-la vagarosamente até onde puder enquanto
inspira. Segure o ar por algum tempo e desça a cabeça e vá soltando o ar devagar.
Sincroniza o tempo do movimento com a respiração. Ou seja, o tempo do
movimento deve ser igual ao da respiração. Vá retardando o tempo do movimento
e da respiração aos poucos até alcançar a média de 30 segundos para levantar a
cabeça (e inspirar), 10 para prender o ar e 30 para abaixar a cabeça (e expirar o
ar). ATENÇÃO: observe sua capacidade. Se der para prolongar mais ainda o tempo,
faça-lo. Do contrário, diminua o limite. Execute de 5 a 10 vezes nesse sentido e
depois inverta a ordem do movimento e a respiração.
6. Aquecimento muscular do pescoço II: semelhante ao exercício acima,
sincronize a respiração de acordo com os movimentos do pescoço. Entretanto,
troque o movimento vertical pelo horizontal; ponha a cabeça no limite que ela se
move para um lado e vá virando para o outro trabalhando a respiração.
7. Acionamento bucal: faça movimentos com a boca (caretas mesmo) para acionar
a musculatura da boca; abrindo e fechando, esticando para os lados, etc.
Esses exercícios devem ser executados a cada aula prática ou de 2 a 3 vezes por
semana.
Cadê as aulas práticas de canto? Prometa na próxima.
18
Aula
Aula
Curso Completo de TÉCNICA VOCAL
III-1 Som e tonalidade
Som é tudo quanto podemos escutar – inclusive o estralo do cabo de
vassoura da mulher quando o cara chega tarde em casa. A voz humana quando
falada, o barulho de um motor ou um trovão são sons simples e puros. Mas existem
alguns sons com uma particularidade especial; tonalidade. Sons com uma variação
de tom tornam possível a existência da música. Sem a diferença de tons não há
melodia.
Quando falamos não emitimos tonalidade e, no entanto, cantamos ao
produzir sons com a variação de tons.
III-2 Timbre
É a identidade sonora. Ninguém é capaz de confundir o piano de um placa
de zinco sendo arrastada. Portanto, cada som teu seu timbre e ele é quem caracteriza
cada som.
O timbre é quem difere o som de uma guitarra de um violino, mesmo que
eles toquem o mesmo tom. Também serve para distinguir a voz de uma pessoa.
Considere ainda que, por parecidas que sejam duas vozes, há discriminação técnicas
entre elas. Não é à toa que existem muitos equipamentos de segurança por
reconhecimento da voz.
III-3 Clareza
Enquanto tem tanta gente querendo aprender a cantar há outras que, se
quer, sabem falar. Uma propriedade fundamental da voz é a clarividência. Se você
fala e por três vezes a outra pessoa não entende e pede para repetir não quer dizer
necessariamente que ela seja surda. Você pode não estar pronunciando bem o que
fala. Veja essa:
Dois sujeitos que não se entendiam se cruzaram:
-- Oi Fulano, tu vais pescar?
-- Não Cicrano, eu vou pescar.
-- Ah bom. Eu pensei que fosse pescar.
Se bem que nesse caso, os dois eram surdos mesmo.
19
III
III – Propriedades da Voz
Curso Completo de TÉCNICA VOCAL
III-4 Aprenda a falar
Dizem que carioca é tão preguiçoso que nem falam a palavra toda.
Discordo disso porque não são apenas os cariocas.
O fato é que devemos ter mais qualidade ao pronunciar os verbetes. Dê
atenção especial a todas as silabas para que fique claro o quer dizer. Enrolar a fala é
prática de quem esqueceu a letra da música na hora do show. No entanto, a clareza é
um dos quesitos avaliados os calouros.
Cuidado para não fazer a junção de duas ou mais palavras na hora de
falar. Isso pode deturpar o significado da mensagem. Espie essa clássica cantada (e
funciona):
“Ô, meu bem; meu coração por ti gela!”.
Pronuncie as ultimas palavras juntas e confira o resultado (um belo fora).
Atenção especial com palavras iniciadas vogal. No caso de “América”, pó
exemplo, separe bem o “A” de “me”. Já em “Ambrósio” é diferente; separe “Am” de
“bró”.
Palavras terminadas em “te” não são iguais que com “t”. No primeiro caso
o “e” deve soar bem, enquanto que no outro o som é rápido e quase imperceptível.
Exemplos; “carinhosamente” e “pierrot”. Aliás, letras consoantes como d, f, p, t, e v
isoladas no fim da sílaba não devem ser pronunciadas como são faladas no alfabeto.
No ABC lemos v como “vê”. Porém, na palavra Tchaikovsky seu som é um “v” rápido.
A onomatopéia (representação escrita dos sons) “zzzzzz” não deve ser lida como
“zêzêzê...”. Apenas como o som seco de z prolongadamente.
Em geral, respeitando a divisão silábica, procure falar mais ou menos
articuladamente. Ou melhor, ar-ti-cu-la-da-men-te. Isso vale para quando for cantar
também.
Palavrões (palavras enormes) devem ser ligeiramente divididos em duas
ou três silabas na hora de serem pronunciadas. Ex. “Tessalonicenses” pode lido com
uma divisão bem rápida em “Tessalo-nicenses”.
III-5 Volume
Quando dizemos “Fale mais alto” (não esqueça do “por favor”), estamos
pedindo para que o outra aumente o volume do som. Contudo, na música (com sons
variáveis de tonalidade) alto e baixo diz respeito a grave e agudo (veremos isso
mais tarde). Nesse caso devemos especificar “mais volume” ou “menos volume”.
O volume da voz esta atrelada diretamente à força com que jorramos o ar
boca a fora. Daí a necessidade de uma boa respiração e conservação dos órgãos
internos.
Cada um tem seu limite para o volume. Não force jamais o volume da
sua voz. Nem ao cantar, nem ao falar. Mas é possível dar mais consistência a ela
com o decorrer do treinamento adequado, buscando o que você tem e não
desenvolveu.
III-6 Variação do tom
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Curso Completo de TÉCNICA VOCAL
Em torno do som grave (grosso) e agudo (fino) construímos a
melodia, ou seja, a música em si. Existe, portanto, uma escala de tonalidades
representadas por notas musicais com padrão internacional a serem executadas por
instrumentos ou pela voz humana. Cantar consiste em representar fielmente
(não esqueça disso) as notas musicais estabelecidas na melodia. Para tanto, é
mister dominar a voz.
Para saber a importância dessa variação, pegue uma música (pode ser
“Parabéns pra você”) e cante numa nota só e veja se agrada – verifique se não tem
ninguém estranho por perto.
Aquecimento físico
Favor realizar os exercícios de aquecimento físico passados na aula
prática passada. Só após prossiga. Não seja teimoso!
Aquecimento vocal
Esse exercício serve para desenvolver o controle vocal dos sons. É
importantíssimo para o desenrolar da voz. Não ignore a boa postura e também
esteja bem hidratado (com água natural).
1. Moído: feche a boca e comece soando som “hummmmm” igual a uma vaca
preguiçosa. Note que o som (grave) fica armazenado na faringe (cavidade no
começo da garganta). Inicie com um tempo de 10 segundos para o som, pare,
respire fundo e recomece aumentando o tempo de execução do som. 10 vezes.
2. Fonfom: o mesmo exercício acima, desta vez, trazendo o som para o nariz.
3. Staccato: vamos repetir o exercício 1 e 2 em staccato (você não sabe o que é
staccato?). Quer dizer, som cortado em seqüências rápidas e fortes. “Hum... hum...
hum... hum”. Use o diafragma para impulsionar o som.
4. Pianinho: é semelhante ao staccato, mas com uma diferença; soe baixinho.
5. Exercício: agora de boca aberta, trabalhe nos moldes acima um “psiu” com o som
de “ssssssss”. 10 vezes normal e 10 staccato.
6. Exercício: ainda seguindo o modelo anterior, execute “Zzzzzzzzzzz”. 10 vezes
normal e 10 em staccato.
7. Exercício: vamos trabalhar o volume calculando o tempo de execução e dividindo
em dois; do zero para o mais alto possível e daí para o zero novamente. Ou seja,
vá aumentando o som e depois diminuindo. Faça duas vezes com cada som já
treinado.
8. Exercício: agora para relaxar, produza o som “Ffffffff” semelhante a um pneu
vazando ar. Em seguida, uma chuva; “Xxxxxxxxx” e finalmente, uma
21
Aula
Aula
Curso Completo de TÉCNICA VOCAL
metralhadora; “Rrrrrrrr”. Para este último, coloque e tremule a língua no céu da
boca. 5 vezes cada.
Exercício de fonologia
Procure pronunciar bem os textos a seguir:
“O sapo sabia que a sapa soube que se sabiá soubesse saber que ser seria
sabido será sábio”.
“Apapiru jadad irab ramát. E coso mular terbiá, ycalabjiady rifar teerã.
Mojerikitu raja caluberê ati jivá, e pot unire qal deliatibá”.
OBS: se algum vocábulo do ultimo texto for algum palavrão em algum idioma que
você conheça, leve em conta minha ignorância. Trará-se apenas de um jogo de
silabas criadas para trinar a articulação.
IV-1 Escala das notas
Notas musicais representam a tonalidade (variação grave-agudo) dos
sons. Para um vocalista profissional – ainda que tenha medo de instrumentos –
conhece-las é questão de fisiologismo. Ou aprende ou não é cantor que se preze.
O padrão internacional estabelece 7 notas chamadas de tom inteiro e
mais 5 semitons chamados de sustenidos e bemóis.
Para sua compreensão, comecemos com o que toda criança (exceto no
Afeganistão) sabe: as notas inteiras. Observe ainda a ordem da variação grave-
agudo:
Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si
GRAVE AGUDO
Comparando as tonalidades, vemos que Ré é mais agudo que Dó e mais
grave que Mi. Ou seja, na medida em que escala cresce cada nota seguida se torna
mais fina.
Só que ao invés de escrever o nome das notas, convencionou-se usar
letras para representação gráfica. Escrevemos as letras e lemos o nome original
delas. Veja abaixo, a tabela das letras, agora começando por Lá:
Lá Si Dó Ré Mi Fá Sol
A B C D E F G
22
IV
IV – Notas Musicais
Curso Completo de TÉCNICA VOCAL
Acontece que entre esses tons (notas) existem outros semitons. Eles
poderiam receber outros nomes (por exemplo, “Tá”, “Nó” ou quem sabe, meu nome).
Porém, os doutores da música preferiram associa-los às notas inteiras. Resultado;
surgiu o sustenido (#) (semitom relativo meio-tom à frente da nota inteira); e o
bemol (b) (semitom relativo meio-tom atrás da nota inteira).
Portanto, encontrando semitons entre as notas C e D, vamos chamá-los
de:
C C# Db D
Quer dizer que depois da nota C (Dó) vem o semitom C# (Dó sustenido).
Em seguida, Db (Ré bemol) que é o semitom antecessor de D (Ré).
Mesmo entre uma nota inteira e um semitom existe outra variação
sonora, mas foram ignoradas. Na verdade, os dois semitons (sustenido e bemol)
foram agrupados numa só nota. Existente entre dois tons inteiros. Elas recebem os
dois nomes relativos aos seus vizinhos. No caso anterior, C# e Db formam uma
mesma nota (entre C e D). Já não são mais dois semitons, mas uma nota tanto
sustenida (em relação à nota anterior) e ao mesmo tempo bemol (em relação à nota
seguinte).
Esqueça os outros semitons. Você só terá que aprender a escala completa
das notas. Observe abaixo:
Note
que a seqüência que termina em G (Sol) recomeça em A (Lá). Isso porque a escala é
contínua.
Existe uma tonalidade padrão para as notas. Desta forma, a altura de C
em um piano é a mesma em um violão ou na voz humana. Essa medida som padrão
de recebe o nome de diapasão. Também é chamado de diapasão um instrumento
que emite uma ou mais notas da altura padrão que serve como base para afinar um
outro instrumento (violão, por exemplo).
Diz-se que uma pessoa é dotada de diapasão quando ela tem em
mente e canta a tonalidade original da nota. Explicando melhor; ela canta F no som
padrão de F. Aprenderemos a guardar o diapasão de cabeça breve. No entanto, é
necessário ter de onde extrair o som que servirá como base. Para isso nós
estudaremos a estrutura das notas em alguns instrumentos.
IV-2 Teclado (ou piano)
Instrumentos de teclas emitem sons correspondentes a uma nota para
cada tecla. O teclado é composto por várias oitavas. Oitava é um conjunto de oito
notas inteiras (de 7um Dó a outro Dó) representas pelas teclas inferiores (brancas).
Repare:
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
A
A#
B C
C#
D
D#
E F
F#
G
G#
Bb Db Eb Gb Ab
23
Curso Completo de TÉCNICA VOCAL
As teclas superiores (pretas) são os sustenidos e bemóis. Assim, entre
as teclas de D e E tem a tecla do semitom D# e Eb. Observe a gravura:
Espie na figura abaixo a representação de um teclado de 4 oitavas:
Cada tecla tem então a sua identidade quanto a sua nota e quanto à
oitava. Então, o D depois do C2 é o Ré da 2a
oitava, ou seja, o segundo D2. Agora
você já sabe extrair as notas de um teclado.
Tocando nas teclas é possível identificar a diferença entre o som de cada
uma. Pela variação de tonalidade, o som vai ficando cada vez mais fino na ordem
crescente das notas. Então, cada tecla à direita é mais aguda que a anterior. O
mesmo acontece com as notas iguais; o C1 é mais grave que o C2.
IV-3 Violão
Além de ser o mais popular, o violão é de uma beleza acústica inigualável.
O som é executado a partir da vibração das cordas que selecionam as notas quando
pressionadas conforme a ordem das casas no braço do instrumento.
Olhando a figura ao lado, vemos a distribuição das cordas e das
casas do braço do violão.
As cordas são enumeradas de 1 a 6 começando de baixo pra cima –
das cordas mais finas para as mais grossas.
As casas são separadas pelos trastes e enumeradas na ordem da do
cabeçalho à boca do violão. As cordas tocadas soltas correspondem a
casa zero. Apertando-as depois do primeiro traste passam a ser da
primeira casa e assim sucessivamente. A tonalidade também segue
essa ordem. Quanto mais alta for a casa mais fino será o som.
ATENÇÃO: aperte as cordas com a cabeça do dedo e dentro casa e
não sobre o traste.
A distribuição das notas no violão começa das cordas soltas (casa zero) e
cresce com a numeração das casas. Exemplo; a primeira corda solta é E. Na casa 1
será F, na outra casa F#/Gb, depois G, G#/Ab, A e etc.
Veja a escala até a oitava casa ilustrada abaixo:
24
Curso Completo de TÉCNICA VOCAL
Repare que a ordem das notas é inversa. Ela cresce no agudo voltando
para a boca do violão. Note também que ficaram algumas casas sem notas. Pois fique
sabendo que elas têm notas sim e são os sustenidos e bemóis. Por exemplo, a nota da
corda 1 na casa 2 é F# e Gb.
Para simplificar a descrição de cada nota, vamos usar a letra da
nota e mais um número; o primeiro para a corda e o seguinte para a casa.
Combinado assim, a nota C35 será C na corda 3 e casa 5. A nota D da quarta
corda solta (casa zero) será D40.
Se você ainda não dormiu com a leitura, deve ter notado a grande
quantidade de notas que o violão tem. Só até a oitava casa – conforme a figura acima
--, encontramos 5 notas E. Mas isso não quer dizer que são tantas oitavas quanto é o
número de notas, pois, há notas iguais de uma mesma oitava em diferentes cordas.
Pra ser exato, começando da nota mais grave E60, seguimos até a
quinta casa e descemos para a corda abaixo. As notas, a partir desta casa, serão
semelhantes às casas da corda abaixo. Exemplo, A65 e A50, A#66 e A#51.
Seguindo nesta corda, alcançamos a nota D55 e descemos para D40 e assim por
diante.
Agora você também já sabe onde estão as notas no violão.
IV-4 Flauta Doce
Nem teclado nem violão? Tudo bem. Vamos de flauta doce. Fácil de tocar,
transportar e é encontrada até nas lojinhas de R$ 1,99. Veja como é a estrutura das
notas em flauta doce:
Veja o modelo
da flauta na
gravura acima e, ao lado, a simbologia de como se
comportam os buracos na representação das notas.
25
EQUIVALENCIA DE NOTAS ENTRE INSTRUMENTOS
Teclado = E2 F2 G2 A2 B2 C3 D3 E3 F3 G3 A3 B3 C4 D4 E4
F4 G4 A4
Violão = E60 F61 G63 A65 B52 C53 D55 E42 F43 G45 A32 B34 C21 D23 E25 F11
G13 A15
Ou = -- -- -- A50 B67 C68 D40 E57 F58 G30 A47 B20 C35 D37 E10 F26
Curso Completo de TÉCNICA VOCAL
À esquerda, olhe como usar as mãos para
apertar os orifícios do canudo musical. Perceba
também que o furo traseiro da flauta é
apertado (quando ordenado) pelo polegar
direito.
Agora conheça algumas notas na flauta.
IV-5 Melodia e acompanhamento
A melodia é a parte expressa da música. A parte cantada (voz principal) é
a expressão da própria musica, portanto, a melodia. Por sua vez, o
acompanhamento é o som de fundo feito com acordes. Acorde é uma união de
várias notas predeterminadas que formam uma posição. O acompanhamento pode
ser recheado de introdução, solo e arranjos.
Podemos citar um exemplo dessa separação na canção “COMO É GRANDE
O MEU AMOR POR VOCÊ” de Roberto Carlos. Ela tem um acompanhamento completo
(bateria, contra-baixo, guitarra, etc.) e se inicia com uma introdução em flauta. Em
seguida entra a melodia com a letra cantada sobre a seqüência de acordes do
acompanhamento. Durante a melodia, a flauta volta a aparecer com pequenos
arranjos. No fim da letra, vem o solo, também em flauta, isolado com o
acompanhamento. Depois do solo, a melodia é repetida no verso “Nem mesmo o
céu...”.
Pois essa melodia é uma seqüência de notas que deve ser
executada junto com as palavras. Melhor dizendo, cantada.
Normalmente, cada silaba recebe uma nota. Veja:
“EU TE – NHO TAN – TO PRA LHE FA - LAR...”
B B D D C A C A C (Notas musicais)
Mas pode acontecer de duas ou mais silabas serem anexadas numa só nota.
Repare:
“CO – MO É GRAN - DE O MEU A - MOR...”
G E G E E G E D#
Ou ainda, que uma única silaba seja flexionada em duas ou mais notas. Tire a
prova cantando esse verso do clássico “ASA BRANCA” de Luiz Gonzaga:
“EU PER – GUN – TE - EI A DEUS DO CÉU UAI...”
26
Curso Completo de TÉCNICA VOCAL
G G A B D D B A G C
IV-6 Potencia vocal
Entre o homem e a mulher há mais diferenças do que o peito cabeludo e o
bigode. A voz natural do masculino é um ou duas oitavas mais baixa (grave) que a
delas. Podemos dizer que o eles cantam na faixa da primeira para a quarta oitava e
elas dentro da segunda para a quinta oitava, conforme a potencia de cada um.
Quando o homem tem a voz super grave, ele fatalmente se enquadra
dentro da categoria baixo. Para cantar, ele alcança em torno da primeira até a
segunda oitava. A categoria média é chamada de barítono. Os sopranos alcançam
entre a segunda à quarta oitava. A terceira classificação é o tenor. Neste caso, os
dotados dessa classe são mais agudos e cantam no tom semelhante aos das damas,
além de alcançarem também as oitavas dos barítonos.
A classificação das vozes femininas começa com contralto para aquelas
que tem voz de macho e fala grosso. Na hora de cantar, elas utilizam-se da segunda
para a terceira oitava. A categoria intermediária é conhecida como semi-soprano.
Nestas condições, as medianas cantam na faixa da terceira para quarta oitava. As
poderosas da terceira classe seguem a ordem do grau soprano. As cantoras desse
nível cantam da terceira para além da quinta oitava.
Cada categoria canta em torno de dezoito notas inteiras, o que é quase
três oitavas. Como uma melodia normalmente é escrita com notas que variam entre
duas oitavas, isso quer dizer que, adequadamente, uma pessoa pode cantar qualquer
música. Quando digo “adequadamente” me refiro a usar as notas apropriadas para
cada voz. Assim, se numa música, a mulher usar as notas C, D, E, F e G da quinta
oitava, a voz masculina fatalmente não conseguirá cantar essa melodia com este tom
tão agudo. Mas se ele pegar essas mesmas notas e transportar para uma oitava
menor ele certamente cantará a mesma música certinho.
Vamos tentar fazer isso; veja alguns versos da música “ASA BRANCA” com
as notas adequadas para cada sexo. Toque no instrumento e depois cante na oitava
apropriada:
“QUAN-DO O-LHEI A TER-RA AR-DEN-DO / QUÃO FO-GUEI-RA DE SÃO JOÃO”
C D E G G E F F C D E G G F E
Portanto, na prática, não importa ser barítono, tenor ou soprano. Em
qualquer situação você pode cantar corretamente as suas canções preferidas.
Também é verdade que existe tenha uma potencia extraordinária capaz
de se enquadrar em duas categorias ao mesmo tempo, trocando em miúdos, que
canta notas superiores a três oitavas. Com isso, ele tem condições de imitar vozes
masculinas e femininas perfeitamente. Mas não fique com inveja não porque isso não
é muita vantagem, se o quer é apenas cantar.
27
Aula
Aula
Curso Completo de TÉCNICA VOCAL
Aquecimento físico
Comece com o exercício de aquecimento físico descrito anteriormente.
Aquecimento vocal
Faça o aquecimento vocal que já aprendeu.
Qual é a sua potencia?
Qual é a capacidade da sua voz? Será que você é um Pavarotti ou um
Louis Armstrong? Sua voz é fina ou grossa? Que notas e que oitavas você alcança?
Façamos o teste com o auxílio de um instrumento (teclado ou violão).
PARA HOMEM
Toque e ouça bem a nota E (E3 teclado e E42 violão) e tente cantá-la. Soa
confortável? Ótimo. Agora vamos medir a sua capacidade até o limite mais grave.
Toque e cante diminuindo uma nota inteira, ou seja, engrossando uma nota. Meça e
anote até que nota grave você alcança -- sem forçar.
Teclado = E3 D3 C3 B2 A2 G2 F2 E2 D2 C2 B1
Violão = E42 D55 C53 B52 A65 G63 F61 E60
Agora vamos medir seu limite agudo aumentando uma nota inteira.
Teclado = E3 F3 G3 A3 B3 C4 D4 E4 F4 G4 A4 B4 C5 D6
Violão = E42 F43 G45 A32 B34 C21 D23 E25 F11 G13 A15 B17 C18
D20
PARA MULHER
Toque e ouça bem a nota B (B3 teclado e B34 violão) e tente cantá-la. Soa
confortável? Ótimo. Agora vamos medir a sua capacidade até o limite mais grave.
Toque e cante diminuindo uma nota inteira, ou seja, engrossando uma nota. Meça e
anote até que nota grave você alcança -- sem forçar.
Teclado = B3 A3 G3 F3 E3 D3 C3 B2
Violão = B34 A32 G45 F43 E42 D55 C53 B52
Agora vamos medir seu limite agudo aumentando uma nota inteira.
28
RESULTADO
Baixo alcança abaixo de F2 - F61 como limite grave e vai até os
agudos C4 – C21.
Barítono canta naturalmente entre os graves perto de B2 – B52
e topa no limite agudo próximo de A4 – A15.
Tenor começa perto da nota grave C3 - C53 e tem limite agudo
superior à C5 – C18.
Curso Completo de TÉCNICA VOCAL
Teclado = B3 C4 D4 E4 F4 G4 A4 B4 C5 D5 E5 F5 G5
Violão = B34 C21 D23 E25 F11 G13 A15 B17 C18 D20 E22 F23
Soando notas
Vamos soar uma seqüência de notas para começar a treinar a voz. Use a
oitava adequada para sua voz, começando pela mais grave. Por exemplo, o barítono
começa por C3 – C53 e a soprano por C4 – C21. Toque as notas, escute-as bem e
cante.
1a
Seqüência:
a) Toque as notas; C D E F E D C (aproximadamente 2 segundos para cada
nota).
b) Pegue o som “ê” e cante a seqüência de notas acima (com o mesmo tempo).
c) Agora repita a seqüência uma vez para cada estilo; normal, moído, fonfom,
staccato e pianinho.
Gostou? Então repita o exercício trocando o som de “ê” por “a”, “ô”, “ó”, “i”
e “u”.
2a
Seqüência:
Repita o exercício anterior, dessa vez trocando a seqüência descrita acima por
esta nova; D E F# G F# E D.
3a
Seqüência:
Do mesmo jeito, agora com a seqüência; E F# G# A G# F# E.
4a
Seqüência:
Idem com essa seqüência; F G A Bb A G F.
5a
Seqüência:
Novamente uma outra seqüência; G A B C B A G.
6a
Seqüência:
Está acabando; A B C# D C# B A.
7a
Seqüência:
29
RESULTADO:
Contralto alcança abaixo de E3 – E42 como limite grave e vai
até os agudos G4 – G13.
Semi-soprano canta naturalmente entre os graves perto de G3
– G45 e topa no limite agudo próximo de C5 – C18.
Soprano começa perto da nota grave A3 – A32 e tem limite
agudo superior à F5 – F23.
Curso Completo de TÉCNICA VOCAL
E a saidera; A B C# D C# B A.
V-1 Você é esperto?
Se você é uma pessoa atenciosa – e cumpre a recomendação de fazer
direitinho os exercícios --, deve ter percebido uma coisa interessante no último
exercício; as notas foram alteradas de uma seqüência a outra, mas o som conjunto da
seqüência (a melodia da seqüência) era muito parecido – ou melhor, igual. Apenas
havia uma pequena variação de tonalidade.
Por acaso se trocássemos o som das letras por um verso, teríamos uma
melodia de palavras cantadas. Vamos supor que a composição fosse:
“EU VOU PRA LÁ E PRA CÁ”
C D E F E D C
Se substituirmos a seqüência acima por todas as outras dadas na
derradeira aula prática, nós cantaríamos essa original letra com seqüências diferentes
– quer dizer, em várias tonalidades – e a melodia não seria alterada. Por quê?
Conclusão em breve.
V-2 Valor das notas
Para tocar uma nota num violão basta seguir a tabela das cordas e casas,
apertar e bater. No teclado, é só localizar a tecla e empurrar o dedo nela.
Mas tem mais. Cada nota, inclusive os semitons (sustenidos e bemóis),
tem um segredo a contar; elas são soadas a partir de um som de ondas repartidas em
pequenos pedaços que ninguém percebe de ouvido, como se fossem seminotas
inferiores. De fato, são três pedaços de ondas sonoras que formam uma nota.
Como não dá pra diferenciar essas ondas a ouvido nu – e nem nos interessa --, os
musicólogos resolverem elevar a potencia dessas seminotas inferiores a uma nota e a
união das notas correspondentes a um acorde.
Entendeu? Não? Mais uma vez; um fanático por música com olhar e
cabelos de cientista louco não tinha o que fazer e foi fuçar, fuçar e fuçar até que,
descobriu que a nota C era formada por três ondas sonora inferiores, respectivamente
semelhantes às notas C, E e G. Então, se a junção dessas ondas formava uma nota,
conseqüentemente a união de notas iguais formaria alguma coisa – que ele deu o
nome de acorde. Portanto, as notas C, E e G formam o acorde de C. Por isso, existem
as posições (cifras) para violão e teclado que tocam várias notas ao mesmo tempo.
Se estiver estudando em grupo, selecione três pessoas e determine para
cada uma voz as notas que formam o acorde de C para conferir a teoria.
30
V
V – Acordes
Curso Completo de TÉCNICA VOCAL
V-3 Acorde para os acordes
Depois de descobrir as notas de C, não houve obstáculo para achar as
demais. Na verdade, essa tabela de valores das notas foi tão levado a sério que
dela, surgiram novas propriedades da música. As descobertas mais relevantes foram
uma grande safra de acordes para cada nota; maiores, menores, com sétima, com
sétima menor, etc.
A seguir, a tabela de valores das notas para cada acorde, sendo que, cada
nota tem uma versão de acorde maior e acorde menor.
TABELA DE NOTAS PARA ACORDES
Acor
de
Not
a
1 2 3 4 5 6 7 8
A A B C# D E F# G# A
F#m F# G# A B C# D E F#
B B C# D# E F# G# A# N
G#m G# A# B C# D# E F# G#
C C D E F G A B C
Am A B C D E F G C
D D E F# G A B C# D
Bm B C# D E F# G A B
E E F# G# A B C# D# E
C#m C# D# E F# G# A B C#
F F G A Bb C D E F
Dm D E F G A Bb C D
G G A B C D E F# G
Em E F# G A B C D E
A# A# C D D# F G A A#
Gm G$ A A# C D D# F G#
C# C# D# F F# G# A# C C#
A#m A# C C# D# F F# G# A
D# D# F G G# A# C D D#
Cm C D D# F G G# A# C
F# F# G# A# B C# D# F F#
D#m D# F F# G# A$ B C# D#
G# G# A# C C# D# F G G#
Fm F G G# A# C C# D# F
Vamos estudar algumas propriedades usando a tabela acima.
a) Cada seqüência de notas é diferente entre os acordes.
b) O primeiro valor (nota 1) é sempre igual ao oitavo.
c) Usamos apenas a descrição dos sustenidos para os semitons. Entretanto,
subtende-se também que são bemóis. Por exemplo, é G# igual a Ab.
d) A tabela não acaba no oitavo valor, ela continua do nono a partir do segundo.
Assim, a nona nota é igual à nota 2 e o décimo valor é o mesmo que o terceiro,
etc.
e) As notas da tabela criam uma equivalência de valor das notas para cada
acorde. Isso significa que a nota F está para C assim como D# está para A#, pois
representam o quarto valor na tabela para os respectivos acordes.
31
Curso Completo de TÉCNICA VOCAL
f) Se as notas C, E e G formam o acorde de C (Dó maior), podemos concluir que
esse acorde maior é formado pelos valores 1, 3 e 5. Com isso, podemos determinar
que, valendo-se da relação de valores, eu posso formar todos os demais acordes
apenas selecionando as notas equivalentes. Por exemplo, o acorde D será formado
pela 1a
, 3a
e 5a
nota de sua seqüência. Consultando a tabela, verificamos então que
esse acorde será composto pelas notas D, F# e A.
g) Não precisamos aprofundar muito, mas vale adiantar que os acordes menores
também são formados pelas notas 1, 3 e 5 de suas escalas menores. Logo, o
acorde de Cm existirá com a soma das notas C, D# e G.
V-4 Acompanhando a melodia
Lembra-se quando falamos sobre melodia e acompanhamento? (ver IV-
5) pois não estávamos brincando. Por trás da melodia (cantada ou em forma de
arranjo instrumental) existe uma seqüência de acordes.
Como o que você quer é cantar e não aprender acompanhamento
instrumental, vale dizer que os acordes devem estar de acordo com a melodia. A
regra é clara; a nota da melodia deve coincidir com uma das notas do acorde e não
necessariamente com o próprio acorde. Com isso, o instrumento faz um único acorde
e dentro dele, poderão ser executadas várias notas para a melodia. Quando precisar
de notas diferentes para compor a melodia, altera-se o acorde.
V-5 Valor prático das notas
O interessante nisso tudo para quem quer cantar é ter em mente o valor
das notas de uma seqüência. Você toca a primeira nota e sabe soar as demais na
ordem e fora dela. Por exemplo, você canta as notas 1, 2, 3 e 4 e reconhece o valor
de cada uma delas nessa ordem e, com um pouco de prática, pode pular da nota 1
para a 4 sem ter que fazer a escadinha (tocar as notas entre elas). Aí você saberá o
valor que é a 1a
e a 4a
nota.
Quando tiver esses valores infiltrados na sua cuca, automaticamente você
saberá distinguir as notas de uma melodia assim que escutar pela primeira vez.
Também saberá transportar as notas de uma tonalidade para outra. Confira a seguir.
V-6 Transporte de tonalidades
Recorde o verso da música “ASA BRANCA” que cantamos em IV-5. Sua
seqüência de notas pertence à escala de G.
“CO – MO É GRAN - DE O MEU A – MOR POR VO - CÊ”
G E G E E G E F# D B G
Podemos dizer que as notas usadas G, E, F# e B na seqüência de G
corresponde respectivamente, aos valores 1, 6, 7 e 3.
Sabendo disso, podemos usar esses valores para transportar essa
melodia da escala de para qualquer outra. Vamos mostrar isso mudando a tonalidade
G de para B:
“CO – MO É GRAN - DE O MEU A – MOR POR VO - CÊ”
B G# B G# G# B G# A# F# A# B
32
Curso Completo de TÉCNICA VOCAL
De maneira similar, podemos fazer transposição de tonalidades
facilmente para um objetivo convincente; adequar a melodia à sua voz. Cante o verso
acima nas duas tonalidades (G e B) e repare em qual delas sua voz se adapta melhor.
Se nenhuma servir, procure outra.
Exercícios Básicos
Sabe aqueles exercícios chatos da aula prática passada? Trate de gostar
deles e comece esta – e todas as outras – por aí.
Reconhecimento de valores das notas
Esta aula visa treinar sua habilidade de reconhecimento de notas. Mais
precisamente, dos valores das notas em uma seqüência.
Vamos tomar por base a escala de C (Dó maior). Para tanto, procure a
nota C da oitava mais adequada à sua voz e cante a seguinte seqüência, procurando
compreender o valor de cada nota em relação a esta tonalidade.
1a
seqüência = escala completa com todos os valores:
C D E F G A B C
2a
seqüência = valores originais do acorde maior (1, 3 e 5):
C E G
3a
seqüência = 1 (a nota original) e 4:
C F C
4a
seqüência = escala completa com todos os valores:
C D E F G A B C
5a
seqüência = 1 (nota original) e 2:
C D C
33
Aula
Aula
Curso Completo de TÉCNICA VOCAL
6a
seqüência = 1 (nota original) e 7:
C B C
7a
seqüência = escala completa com todos os valores:
C D E F G A B C
8a
seqüência = 1 (nota original) e 5:
C G C
9a
seqüência = 1 (nota original) e 6:
C A C
10a
seqüência = escala completa com todos os valores:
C D E F G A B C
Cadê o ouvido? I
Deu pra pegar? Teste seu ouvido tocando notas sortidas sem olhar para o
instrumento, e procure descobrir que nota é.
Cadê o ouvido? II
Vamos pegar a música mais tocada no mundo como exemplo; “PARABÉNS
PRA VOCÊ” e cantá-la no acorde de C (procure a oitava de acordo com sua voz). Para
começar, vamos tocar no instrumento o primeiro verso e depois cantar.
“PA – RA - BÉNS PRA VO – CÊ / NES – AS DA – TA QUE – RI - DA”
G3 G3 A3 G3 C4 B3 G3 G3 A3 G3 D4 C4 C4
Moleza, não? Agora escreva o restante da letra da música com as
respectivas notas se valendo da sua voz e seu ouvido. Cante o verso e procure as
notas através da técnica dos valores das tonalidades.
Cadê o ouvido? III
Agora vai um truque infalível para você aprender a guardar na sua
cabeça, de uma vez por todas, o som original e padrão de cada nota. É como se você
instalasse um diapasão no seu ouvido.
Pegue uma música que você conhece e canta com freqüência. Cante-a na
tonalidade mais fiel à gravação original e procure descobrir no instrumento qual a
nota da primeira silaba cantada. Agora confira se você cantou a nota na mesma
tonalidade da gravação comparando as notas (a que escreveu depois que cantou e à
nota original no disco).
Se você cantou a nota corretamente é porque tem a tonalidade desta
música de cabeça. Logo, sabendo que nota é essa, você poderá chegar a toda a
escala comparando os valores das notas.
Eu, por exemplo, quando quero cantar as notas no tom original, procuro
me lembrar da música “UNCHAINED MELODY” (tema do Filme “Ghost – Do Outro lado
da Vida”) que é da tonalidade de C maior e começa também com uma nota C. A partir
dela eu calculo a altura das demais.
34
Curso Completo de TÉCNICA VOCAL
VI-1 Cadê a segunda voz?
A segunda voz se popularizou na música sertaneja e invadiu os espaços
de outros ritmos. Mas, existe mesmo segunda voz? Se é que sim, como isso funciona?
Existem sim, e não só a segunda como outras vozes que você poderá
enumerar de terceira, quarta, quinta, sábado ou raios que o partam.
Acontece que quando você tem um acompanhamento sobre a melodia,
você conta com uma série de notas que formam o acorde tocado. A melodia original
– a primeira voz -- terá que escolher uma das notas para cada tempo. Ficará então
uma brecha das outras notas que poderão ser cantadas por outras vozes.
Pegue este abaixo verso com sua melodia original e depois troque as
notas:
“PA – RA - BÉNS PRA VO – CÊ / NES – AS DA – TA QUE – RI - DA”
Original = G3 G3 A3 G3 C4 B3 G3 G3 A3 G3 D4 C4 C4
2a
Voz = E4 E4 E4 C4 E4 D4 D4 D4 D4 B3 B3 D4 E4
3a
Voz = C4 D4 E4 E4 D4 G4 G4 G4 B4 B4 A4 G4 G4
Com essa modificação radical, criou-se duas novas melodias para uma
mesma letra e acompanhamento.
A maneira mais prática de procurar uma nova voz para um
acompanhamento é observar as demais notas de um acorde. Se estiver cantando
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VI
VI – Vozes das notas
Curso Completo de TÉCNICA VOCAL
sobre o acorde de C, então você tem três notas originais que formam o acorde (C, E
e G) e mais as mesmas notas em oitavas diferentes.
Pegue três vozes (caso esteja em grupo) e sobre o acompanhamento de
C, cantem as três notas do acorde a letra abaixo, cada um na mesma nota:
“EU A – MO VO – CÊ”
1a
Voz = C
2a
Voz = E
3a
Voz = G
Sendo assim, você pode alterar qualquer melodia ou criar outras a partir
da original colocando outras notas correspondentes ao acompanhamento.
Reescrevendo vozes
Reescreva novas vozes para musicas de apenas uma melodia, que você
conhece e também procure as notas das vozes de músicas como “YOLANDA” de Chico
Buarque e Simone, “POBRE MENINA” de Leno e Lilia, “NÃO APRENDI DIZER ADEUS”
de Leandro e Leonardo que tem duas vozes bem definidas.
VII-1 Agrado musical
“Queria amanhã fosse, contudo amável. Aproximadamente vento vale
conjunto”.
A harmonia implica em agradar aos ouvidos com uma melodia bem
composta, sons congruentes e num compasso alinhado. Noutras palavras; a música
deve ter um sentido, suas notas devem ser harmônicas e combinar uma com as
outras.
Lendo a primeira linha deste tópico, diga-me; o que ele quer dizer? Nada,
nadinha mesmo! Em matéria literária diz-se de textos sem nexo, sem harmonia, sem
sentido. Embora junte palavras corretas, no geral, elas não dão um sentido a
nenhuma idéia.
É preciso, portanto, dar sentido à melodia executando-a fielmente de
acordo com os critérios técnicos que estudaremos a seguir.
VII-2 Afinação
36
Aula
Aula
VII
VII – Harmonia e estilo
Curso Completo de TÉCNICA VOCAL
Como já vimos, a escala padronizada apresenta sete notas inteiras e
mais cinco semitons que representam os sons em uma melodia. Porém, existe ainda
uma variação de tom entre uma nota e outra que produz uma dissonância, quer
dizer, um som desafinado.
O vocalista deve reproduzir o mais fiel possível, as notas dentro de uma
afinação que obedeça ao padrão internacional da música – o som original das notas.
A dica é imitar o instrumento. Toque uma nota ou uma seqüência delas e
procure reproduzir com a voz.
VII-3 Suavidade
Não há nada mais irritante aos ouvidos que choro de bebê e voz
estridente. Isso é típico de quem está forçando a garganta tentando dar o que não
tem, o que prejudica sensivelmente os órgãos fonológicos.
O som, ao contrário, deve sair suave, ainda que seja alto (agudo), sem
forçar o gogó. Além disso, a voz deve soar, de preferência, a partir de uma ligeira
elevação do volume. Também no final, deve-se tomar cuidado para não cortar a voz.
Na maioria das vezes, o som é encerrado com um declive no volume, como se fosse
sendo fechando o botão do volume. Entretanto, há casos em que o som é finalizado
com um corte brusco, semelhante ao staccato. Não se pode é deixar a impressão que
parou por falta de voz.
Para isso, é fundamental uma boa respiração. Encha bem os pulmões e vá
soltando o ar de acordo com o canto e sincronizando a resistência. Antes de puxar o
novo oxigênio, expulse o anterior para caber mais.
VII-4 Entre no compasso
Aposto que já viu essa cena antes; alguém vai cantar acompanhando o
instrumento tocado por outro e fica naquele jogo de olho como que perguntando “É
agora que eu entro?” Depois, ele começa a cantar tão apressado que enquanto o
músico toca a estrofe ele já está cantando o refrão. Após uma bronca – e quem sabe,
vaias – o vocalista dá uma maneirada exagerada e acaba demorando tanto que o cara
do instrumento sai pra tomar uma água até ele sair do primeiro verso.
É que esse elemento simplesmente não sabe o que é compasso. Não
tem noção do tempo certo de cantar.
De fato, isto não é raro e talvez você aí seja protagonista de episódios
idênticos – ou melhor, era. Com um bom treinamento é possível liquidar esse
problema. A chave do sucesso é atenção e um truque; usar sua bateria virtual.
Para aprender a acompanhar o ritmo certinho, inicialmente o melhor é
bater o pé, bater palmas ou estralar os dedos simulando a bateria. A batida do pedal
da bateria é geralmente o som mais forte, seguida de toques nas caixas e tambores.
De maneira igual se segue aqui. É muito difícil sair do ritmo assim, só que nem
sempre é possível – e apresentável – fazer esses movimentos. Com o tempo, eles
podem ser substituídos apenas por batidas imaginárias dentro da sua cabeça.
Também conheço quem imite a bateria com a boca.
VII-5 Interprete cantando
Você quer ser um cantor (cantora) ou um ator (atriz)? Que tal os dois?
Pois saiba que uma das coisas mais vistosas num espetáculo ao vivo é a expressão,
a forma de o cantor interpretar a letra fisicamente.
37
Curso Completo de TÉCNICA VOCAL
Combina cantar “MEU BEM QUERER” de Djavan dando saltos no palco? Ou
talvez dar risadas enquanto canta “GARÇOM” de Reginaldo Rossi? Dá pra imaginar
uma cara triste do cantor durante a execução de um enredo de escola de samba?
Claro que não. A feição deve combinar com o momento, a música em questão.
Cuidado com o excesso nos gestos para não pegar mania. Por exemplo,
Julio Iglesias canta apertando o estomago com a mão esquerda, José Rico, que faz
dupla com Milionário, só emite agudos se imprensar o ouvido.
VII-5 Volume uniforme
Independente da variação de tonalidade (grave ou agudo) o som deve, em
geral, se submeter a uma regularidade no volume.
Pegue a canção “CANTEIROS” de Fagner e mande qualquer pé-rapado
cantar o primeiro verso e ele vai cantar “Quando penso em você, fecho os olhos de...”
num certo volume e em “... saudaaaaaaades” ele vai se rasgar todo.
É um erro alterar o volume em proporções acentuadas. Isto acontece
justamente no momento mais desnecessário; nas notas mais altas. Se a tonalidade é
aguda, menos força será requisitada. Em contrapartida, no tom mais grave, onde o
som é naturalmente mais baixo, requer-se mais esforço da voz para equilibrar o
volume.
VII-5 Microfone – o terror
Ainda tem gente nesse mundo que odeia microfones. Que estupidez!
Realmente há diferença entre cantar ao ar livre e cantar ao microfone. No primeiro
caso, você se livra de acidentalmente engolir o objeto e no segundo, você pode cantar
ou falar suavemente e ser escutado por milhares de pessoas.
Ao cantar ao microfone, mantenha a voz nos mesmos moldes como se
estivesse sem ele. Não precisa alterar o volume. Quem tem o trabalho de amplificar
sua voz é ele. Também, não ponha o microfone dentro da sua boca. Mantenha uma
distancia razoável (meio palmo aproximadamente) e regular. Esteja certo ainda que a
qualidade da sua voz ao microfone dependerá tanto do equipamento e seus ajustes
quanto de você. Daí, a necessidade de um agente externo. É indispensável ter som de
retorno para que também escute sua voz.
Cuidado também com ruídos e sons indesejáveis. O som da respiração ou
um mastigado da boca podem ser captados pelo microfone. Também podem ser
flagrantes alguns sopapos provocados no ato de falar ou cantar silabas com “p” ou
“t”. Ou ainda, chiados prolongados com o uso de “s” ou “ce”.
Conclusão
Agora é hora de soltar a voz pondo em prática toda a técnica estudada
aqui. Não esqueça as recomendações principais:
• Postura
• Aquecimento corporal
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Aula
Aula
Curso Completo de TÉCNICA VOCAL
• Aquecimento vocal
• Respiração adequada
• Afinação
• Suavidade na voz
• Compasso
• Volume uniforme
• Expressão
Se tiver aprendido tudo isso e conseguir por em prática, certamente
estará pronto para encarar o palco. Do contrário, volte para o seu banheiro e fique por
lá.
# = Símbolo de sustenido.
A = Letra que representa a nota de Lá e o acorde de Lá Maior.
Acompanhamento = Fundo musical que preenche a melodia. Ver; Efeitos de
acompanhamento.
Acorde = União de notas musicais para acompanhar a melodia. Cada tonalidade tem
uma série de acordes que podem ser maiores, menores ou relativos.
Afinação = Harmonia entre os sons.
Agudo = Variável da tonalidade do som para fino e alto. Oposto de grave.
Arranjo = Efeito que se aplica sobre o acompanhamento da música.
B = Letra que representa a nota de Si e o acorde de Si Maior.
b = Símbolo de bemol.
Baixo = Voz masculina mais grave. Cantor dotado dessa voz.
Barítono = Voz masculina intermediária entre Baixo e Tenor. Cantor dotado dessa
voz.
C = Letra que representa a nota de Dó e o acorde de Dó Maior.
Cifra = Representação gráfica de nota e acorde.
Compasso = Organização do ritmo. Tempo de execução da melodia.
Contralto = A voz feminina mais grave. Cantora dotada dessa voz.
D = Letra que representa a nota de Ré e o acorde de Ré Maior.
Desafinado = Sem harmonia entre os sons. Dissonante.
Dissonância = Falta de harmonia e afinação entre os sons. Desafinação.
Dó = Primeira nota musical. É representada pela letra C.
E = Letra que representa a nota de Mi e o acorde de Mi Maior.
Efeitos de acompanhamento = Ver; Arranjo, Introdução, Solo.
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VIII
VIII – Vocabulário musical
Curso Completo de TÉCNICA VOCAL
Escala = Relação de notas ou acordes com determinada ordem e valores.
Expressão = Interpretação física.
F = Letra que representa a nota de Fá e o acorde de Fá Maior.
Fá = Quarta nota musical. É representada pela letra F.
G = Letra que representa a nota de Sol e o acorde de Sol Maior.
Grave = Variável da tonalidade do som para grosso e baixo. Oposto de agudo.
Harmonia = Afinação entre os sons.
Introdução = Efeito de acompanhamento que precede a melodia.
Lá = Sexta nota musical. É representada pela letra A.
Melodia = Seqüência de notas que define a música e é cantada ou tocada em
destaque nas músicas instrumentais.
Mi = Terceira nota musical. É representada pela letra E.
Nota musical = Representação dos sons preestabelecidos num escala com ordem e
valores. As notas inteiras são sete; dó, ré, mi, fá, sol, lá e si. Completam a escala das
notas os semitons sustenidos e bemóis.
Oitava = Conjunto de notas inteiras entre o intervalo de duas notas iguais. Por
exemplo, de um C1 a C2.
Pianinho = Estilo de cantar soando as notas baixinho.
Ré= Segunda nota musical. É representada pela letra D.
Seminotas = Originalmente, eram sons intermediários entre as notas musicais.
Posteriormente, tornaram-se notas representadas pelos sustenidos e bemóis.
Si = Sétima nota musical. É representada pela letra B.
Sol = Quinta nota musical. É representada pela letra G.
Solo = Efeito instrumental executado no decorrer do acompanhamento.
Soprano = A mais aguda voz humana. Cantor ou cantora dotados dessa voz.
Staccato = Estilo de cantar soando as notas rapidamente e forte.
Tenor = Voz masculina mais aguda. Cantor dotado dessa voz.
Timbre = Identidade natural de cada som que permite sua distinção.
Tom = Ver; Tonalidade.
Tonalidade = Variação do som entre grave e agudo que estabelece as notas e
acordes.
Volume = Intensidade do som.
Voz = Seqüência de notas que compõem uma melodia.
40
Curso Completo de TÉCNICA VOCAL
3. Articulação e Clareza do Som
Cantar é um elemento da articulação. As palavras da música devem ser muito claras
e objetivas, para causar um processo de ação e reação imediata. Para que isto
aconteça, deve-se levar em conta dois processos:
• Articulação: processo pelo qual os órgãos da fala moldam o som vocal em sons
reconhecíveis da fala.
• Interpretação: processo pelo qual se carrega o espírito ou significado da
música através do modo como se executa.
O primeiro passo para uma boa interpretação é o domínio de uma boa articulação.
Tanto no canto, quanto na fala (a muitas pessoas), os movimentos articulares devem
ser mais acentuados do que na conversação usual.
Os elementos na figura acima estão intimamente envolvidos no que se refere à
articulação e clareza do som. Qualquer alteração no funcionamento deles irá interferir
no som emitido.
Lábios
41
Curso Completo de TÉCNICA VOCAL
Há pessoas que possuem um problema de excessiva tensão labial, o que impede a
boa mobilidade e flexibilidade. Por outro lado, existem pessoas que possuem um
tônus labial baixo, ou seja, flácido.
A posição ideal para os lábios, é aquela que ajuda o rosto a Ter uma expressão
agradável, feliz. Deve-se evitar puxá-los exageradamente para os cantos ou para
frente quando se estiver cantando ou falando, pois isto pode modificar a qualidade
sonora.
Para aqueles com problema de tensão ou flacidez labial, existe um procedimento
muito simples e bastante eficaz, sugerido pelo fisioterapeuta e fonoaudiólogo Noélio
Duarte. Primeiramente, deve-se visualizar a boca e seus pontos-chave:
Quem tem excessiva tensão, deve relaxar os lábios, apertando com o indicador e o
polegar nos pontos indicados acima, seguindo a ordem numérica referida. Deve
apertar cada ponto com firmeza, no entanto, sem exageros, durante 5 a 10 segundos.
Pode ser incômodo, mas, ao final, os resultados vão valer à pena.
Já quem tem lábios flácidos, precisa de tonificação. O procedimento é o mesmo, só
que ao invés de apertar demoradamente, dá-se ligeiros apertões (apertando e
soltando imediatamente) no mesmo sentido numérico do esquema. Estas pessoas
também podem fazer exercícios do "i" ou do "u", torcendo a boca para um lado e para
o outro.
De um modo em geral, neste exercício das vogais, pode-se utilizar o "p" e o "b" para
treino labial, pois estas consoantes são totalmente dependentes dos lábios.
Língua
A língua é o principal órgão da articulação, pois interfere na formação das vogais e
consoantes. Em média, a língua trabalha numa velocidade de 370 movimentos por
minuto.
Cerca de 90% dos problemas que envolvem a língua são de tensão. Isso causa o
ressecamento da boca pela retração constante da língua. Este posicionamento não
estimula muito a produção de saliva em termos fisiológicos, e também interfere
consideravelmente na emissão do som, por razões explicadas mais adiante quando
falarmos da faringe.
Existem, também, aqueles que precisam tonificar a língua, sendo caracterizados pelo
acúmulo excessivo de saliva.
42
Curso Completo de TÉCNICA VOCAL
A língua deve permanecer numa determinada posição, chamada de "posição de
repouso", ao longo do "assoalho" da boca tocando os dentes inferiores. Veja os
seguintes exercícios de relaxamento.
- colocar a língua um pouco para fora da boca e morder levemente a
pontinha da língua
- pressionar a língua fortemente contra os dentes fechados
por 5 segundos;
Em seguida, deve-se associar os dois exercícios lentamente. Alguns problemas da
pronúncia do "S" podem ser resolvidos com a colocação da língua na posição de
repouso.
Maxilar
A tensão é um grande fator limitante da boa atuação dos maxilares. Pode-se perceber
a tensão existente ao se fechar os dentes e engolir a saliva. Quando se canta de boca
fechada ocorre isto. Por isso, aparecem dores após o ensaio ou apresentação, ou
mesmo após a fala.
O maxilar interfere nos músculos da face, modificando o poder de contração.
Portanto, deve-se relaxar esses músculos, facilitando a abertura e a flexibilidade da
boca e liberando os músculos da garganta.
Nunca se deve usar posições forçadas, tais como empurrar o maxilar para frente,
puxá-lo para trás ou trancá-lo numa posição. A sonoridade vai depender, em parte, da
abertura que for dada ao maxilar. Em relação à tensão ao maxilar inferior, pode-se
realizar alguns exercícios, lembrando que devem ter maior cuidado ao realizá-los
aqueles com tendência à luxação do maxilar.
1. Lateralização
Abrindo a boca e movimentando o maxilar para a direita e
para a esquerda.
2. Abertura total
Abrindo bem a boca por alguns
segundos.
3. Projeção anterior
Com a língua na posição de repouso, projetando-se o maxilar para a frente,
permanecendo assim por alguns segundos.
4. Projeção posterior
Com a ajuda de um dedo, fazendo-se um recuo do maxilar por alguns
segundos.
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Curso Completo de TÉCNICA VOCAL
Faringe
A faringe tem a função de ampliar o som, e embora não seja essencial para a
articulação, está intimamente ligada à posição assumida pela língua. Seu melhor
desempenho dependerá do comportamento da língua.
A ampliação do som será tanto melhor quanto melhor for o espaço que o som puder
ocupar dentro da boca.
Como se pode ver neste esquema, a voz terá uma melhor ampliação na posição 1, a
qual tem o dobro do tamanho da posição 2. Deve-se notar como o hábito tão comum
da posição 3 diminui consideravelmente o espaço para a ampliação da voz.
Existem exercícios que facilitam a aquisição do hábito da posição 1:
- sabe-se que ao se fazer o movimento de engolir, a língua inicialmente sobe e em
seguida, sua parte posterior desce. Então, com o dedo indicador e o polegar em cada
extremo do maxilar inferior, faz-se o movimento de engolir. Quando a parte posterior
da língua estiver descendo, mantém-se uma pressão para baixo, forçando os dedos,
sem esquecer que a ponta da língua deve estar no padrão de repouso.
- pode-se escolher um tom médio, e com as vogais "a", "o", e "u" as pessoas podem
cantar variando 0 padrão de língua na posição 2 (representado pela vogal em
minúsculo) e posição 1 (representada pela vogal em maiúsculo).
Palato
O palato se divide em 2 partes: o palato duro (céu da boca) e o palato mole (úvula,
conhecida como campainha).
O palato duro está envolvido com a projeção da voz, e o palato mole com a formação
de sons orais e nasais.
O som, na verdade, é formado por ondas. As ondas só se propagam em linha reta, daí
a importância do palato duro aliado a uma boa postura da cabeça:
Sabe-se que as narinas são responsáveis pela ressonância nasal. Porém, o som nasal
só será emitido com a "permissão" do palato mole (a úvula).
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Sons nasais
Sons orais
Para emitir esses sons nasais, a úvula desce. Caso suba, os sons emitidos serão orais.
O excesso ou a falta de nasalidade podem representar sérios problemas de voz,
afastando-se da normalidade e modificando o som original que deveria ser produzido.
A origem dos problemas pode estar no hábito de colocação errada da voz, até
problemas mais sérios, como tumores, sinusite, adenóide e excesso de muco.
. O Mau Uso da Voz
Deve-se ter em mente que o mau uso da voz não começa ao se cantar de forma
errada, mas sim ao se falar de forma errada. Os cantores estão duplamente expostos
a ter problemas nas cordas vocais. Por isso, é necessário saber como preservar a voz
tanto ao se falar quanto ao se cantar.
O início dos problemas nas cordas vocais pode ser sutil, uma rouquidão aqui, uma
dorzinha ali. No entanto, este é um assunto extremamente imporfante para ser
ignorado, pois, às vezes, o descaso pode levar à perda completa da voz.
Ao menor sinal de que algo não vai bem com as cordas vocais, ou em qualquer outro
órgão envolvido com a fonação, deve-se procurar um especialista, o fonoaudiólogo.
Um dos problemas comuns é sentir gosto de sangue na boca após uma apresentação
musìcal, ou se falar muito. Apesar de o ferimento ser minúsculo, gotículas de sangue
são jogadas pelo ar na boca, causando essa sensação. Outra sensação comum é o de
areia. As dores, geralmente, são em pontadas. Com o tempo, uma simples lesão
podese tornar em uma espécie de cicatriz chamada fibrose, apresentar vários cistos,
calos e até mesmo se tornar em um tumor.
Timbre
Um erro comum, porém muito grave, é em relação ao timbre. O timbre é o fato
determinante do tipo de voz: soprano, mezzo soprano, contralto, tenor, barítono e
baixo. O timbre de uma pessoa não é escolhido aleatoriamente, ele existe por razões
anatômicas: o tamanho da laringe. Por exemplo, os homens que têm o "gogó"
pronunciado ou pontiagudo têm maior facilidade de ressonância, e
consequentemente voz mais grave.
O desconhecimento disto é muito sério e pode destruir a voz de uma pessoa. Muitas
pessoas com características de voz grave têm cantado por aí com uma voz aguda e
vice-versa. Alguns deles até com uma voz "linda". Porém, esta voz "linda" foi apenas
fabricada, e não vai durar muito.
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Em quase 100% das pessoas existe um padrão anatômico determinante do timbre.
Diz-se que as pessoas com pescoço comprido e "gogó" proeminente possuem timbre
grave (baixo e contralto); pessoas com pescoço de tamanho médio com pouca
proeminêncìa possuem timbre médio (barítono e mezzo); e pessoas com pescoço
mais curfo, praticamente sem saliência possuem um timbre agudo (tenor e soprano).
Cantar e falar fora do próprio timbre natural pode provocar um destimbramento vocal,
ou seja, uma descaracterização da voz com perda da qualidade.
Tensão da Corda Vocal
Em relação à tensão da corda vocal, podem ocorrer 3 tipos de problemas:
1. Frouxidão completa
2. Excesso de compressão
3. Desequilíbrio no funcionamento
Na Frouxidão completa, as cordas não se fecham totalmente, resultando em um som
soprado, pois uma dose excessiva de ar está fluindo, e devido a esta interferência na
voz, a pessoa fará mais esforço para produzir sons.
Quando há excesso de compressão, as cordas vocais ficam muito apertadas. Isto
pode ser devido a tensões, falta de orientação técnica, e resulta em um som difícil,
tenso, irritante, estrangulado ("taquara rachada"), forçado, provocando tensão nos
outros músculos associados na produção vocal.
Havendo Desequilíbrio no funcionamento das cordas vocais (ora tensas, ora
relaxadas), ocorrerão mudanças sensíveis na produção do som vocal.
O ideal é que a corda fique num meio termo, suficientemente contraída para não
deixar o ar escapar rapidamente.
Sustentação e Força
Os problemas de sustentação de nota e também a falta de força sonora (voz de pouco
alcance, volume), tem sua origem nos produtores (elemento do aparelho fonador), ou
mesmo em razões pessoais, como o medo de soltar a voz, talvez não por falta de
capacidade, mas por não ter aprendido a usá-la. Então, é necessário um trabalho de
conscientização de voz orientada por um professor de canto.
Por outro lado, a pessoa que tem o hábito de falar alto demais, não pronunciando
bem as palavras, correm um alto risco de apresentar calos de corda vocal, além de
outros problemas como dor de cabeça, sinusite, faringite, e até mesmo cáries pelo
desgaste do esmalte.
Perda de Tons
A perda de tons, não é, necessariamente, um problema vocal. Esta é uma questão
mais ligada a um fator hormonal. As crianças possuem timbres muito semelhantes,
não sendo distintos os timbres de meninos ou meninas. Porém, por volta dos 10 -12
anos, o corpo começa a receber uma descarga de hormônios, e os rapazes passam
por um processo de transição de voz mais significativo que as moças, pois podem
chegar a perder até 7 tons, enquanto que as moças apenas cerca de 3 tons.
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Outra situação que isto acontece é nas mulheres após os 45 anos, devido a perda
de hormônios, com uma perda de cerca de 3 tons. Isto pode ser remediado com a
reposição hormonal, sob prescrição médica, evidentemente. Nos homens, após 50-55
anos, ocorre o oposto, pois têm sua voz agudizada, também por questões hormonais.
Quando se cuida bem da voz, as mudanças são mais sutis, não provocando nenhum
distúrbio vocal.
5. Mitologia Vocal
A maioria das pessoas acredita em certas formas de terapia para tratar a voz. Essas
crendices são infundadas, portanto incorretas.
Voz Cansada
Alguns dizem que a voz cansada é uma coisa natural ou normal depois de uma fala
prolongada, ou mesmo fala leve. Falando assim, fica parecendo que os músculos da
laringe e faringe (músculos que produzem voz) se cansassem e aceitassem a
rouquidão, a ardência ou mesmo a perda parcial da voz, faringite e até laringite como
algo plenamente normal.
Outros acreditam que algumas pessoas nascem com garganta débil, ou com voz
insuficiente, e que sempre tenderão a transtornos vocais.
Isto tudo não é verdade, e sim coisa de gente mal informada, pois a voz bem
empregada não se cansa, não produz sintomas negativos e nem esforços extras para
falar. O uso constante em si não leva a problemas de voz; o que causa esses
problemas é o uso indevido, mal administrado, abusivo e vocalização incorreta.
A voz bem definida (tom apropriado, entonação e ritmo corretos) pode ser usada
durante jornadas de trabalho de até 8 horas diárias. No entanto, deve-se lembrar que
o cansaço físico acarreta cansaço vocal, assim como a saúde geral do indivíduo deve
ser levada em conta.
O que deve acontecer é identificar o problema e procurar o especialista, seja médico,
fonoaudiólogo, professor de canto, e não sair por aí fazendo as receitinhas caseiras
aleatoriamente, pois além de não trazer benefícios, podem, algumas vezes, constituir
riscos em potencial.
É comum se confundir faringe e laringe ao se pensar nesses preparados e receitas. É
importante se ter em mente que nenhum desses xaropes, chás e gargarejos chegam
até as cordas vocais. Basta conhecer a anatomia para verificar este fato:
À menor gota ou farelo tocar as cordas vocais, desencadeia-se um processo muito
desagradável de tosse, desespero, falta de ar.
Alguns especialistas acreditam que não se deve fazer o gargarejo com o objetivo de
medicar as cordas vocais, uma vez que o líquido não chega efetivamente até elas.
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Alguns métodos caseiros podem ser até úteis, porém durante períodos limitados,
apenas mascarando os sintomas verdadeiros sem eliminar a causa do problema, que
pode ser uma vocalização incorreta ou uso abusivo da voz, ou até problemas como
faringite.
Problema Central
Um erro freqüente é a não focalização no problema central causador da doença.
Assim, muitas pessoas chegam a trocar de profissão para usar menos a voz, ou fazer
um repouso vocal exagerado (que não é significativo nas terapias da voz), e até
mesmo, alguns se utilizam de tranqüilizantes por tempo indefinido. Os relaxamentos
(ioga, meditação transcendental, regressões psíquicas...) não devem ser tentados
como resolução do problema vocal. A pessoa deve procurar um especialista.
Educação Vocal
Um grande mito é que só se educa a voz para o canto. A voz falada merece tanta
atenção quanto a voz cantada, pois uma pode acabar interferindo na outra.
Há casos de pessoas que perdem completamente sua voz devido ao modo de falar
errado, sendo às vezes necessário uma cirurgia para a retirada das cordas vocais.
Existem "dicas" para "melhorar" a voz que são tão fora da realidade que chegam a
agredir a inteligência. Algumas destas são o uso de lápis ou
bolinhas na boca durante a fala; fazer massagem com álcool canforado na garganta;
fazer vocalizes com grande intensidade, de madrugada, para aumentar a extensão
vocal...
Diante de tais afirmações, é preciso usar o bom senso e perceber que se deve
trabalhar os órgãos envolvidos na produção do som com sensibilidade,
conscientização, percepção. Algumas "receitas" podem ser perigosas, podendo causar
até queimaduras. E alguns vocalises feitos com grande intensidade levam à Parafonia
Hipercinética (distensão das cordas vocais).
Aquecimento Vocal
A laringe é muito sensível, e é um dos primeiros órgãos a ser afetado diante do
estresse, emoções, cansaço e outros. Isso faz com que haja modificação na voz, e
muitas vezes, a situação obriga às pessoas a forçarem seu "instrumento ". E, algumas
vezes, a situação se torna pior, pois "soltam" a voz de qualquer jeito , sem um
aquecimento prévio.
O aquecimento vocal é tão importante para o cantor quanto o aquecimento físico é
para um jogador de futebol, por exemplo; pois pode evitar lesões importantes. Por
outro lado, não é correto gastar tempo demais "esquentando" a voz. Há pessoas que
passam 30 minutos neste processo, e ao final, em vez de terem "aquecido", terão é
mesmo "fervido" a voz. Isto resulta em pouca produtividade durante o período que se
segue.
O ideal é que o vocalise não exceda 5 minutos. Existe uma técnica elaborada por um
pesquisador fonoaudiólogo chamada "Manipulação da Laringe". Ainda há
controvérsias quanto ao uso deste método, mas aparentemente não há nenhum
efeito colateral maléfico. Ele consiste em o que seria uma "massagem" na laringe, em
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Curso completo técnica vocal guia aperfeiçoamento

  • 1. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL Mini-Curso Básico de Técnica Vocal Guia de introdução para o aperfeiçoamento da voz Finalizado no dia 07/12/2001 Introdução: Este mini curso tem como intuito auxiliar todas as pessoas que utilizam a voz profissionalmente, sejam cantores (profissionais ou amadores), professores, jornalistas, locutores, advogados, atores, vendedores, operadores de telemarketing, telefonistas ou você que gosta de cantar no banheiro, em festinhas, em videokê, enfim, todos aqueles que se interessarem em utilizar as técnicas apresentadas aqui em prol da melhoria da sua qualidade vocal. Informamos que este curso não dispensa as aulas de canto ou sessões de fonaudiologia, ao contrário, é o primeiro passo para que você se conscientize do quão importante é a presença de um profissional para acompanhar seu progresso. Vamos lá! Daniela Menezes Administradora do Curso Capítulo 1: Dicas Iniciais 1ª Parte – Noções Básicas sobre a Produção do Som Para que consigamos produzir o som através da nossa voz, recorremos a vários órgãos do nosso corpo que trabalham conjuntamente para viabilizar este processo. São eles: o Aparelho Respiratório, a laringe, as pregas vocais, os ressonadores, (como a cavidade nasal, a cavidade craniana, a cavidade toráxica, a cavidade bucal e a faringe), os articuladores (língua, lábios, palato duro (céu da boca), palato mole, dentes e mandíbula. A produção do som acontece quando o ar ao ser expirado, passa pelas pregas vocais fazendo-as vibrar. Neste momento entram em ação os articuladores cuja função, neste contexto, é levar o som para as cavidades de ressonância. Como vemos, não cantamos ou falamos "pela garganta" como muitos pensam, e sim com todo o conjunto de órgãos que se interligam são os responsáveis diretos pela transformação do ar inspirado em som. A esse conjunto de órgãos poderemos chamar de "Aparelho Fonador". VOCÊ SABIA QUE... * Pregas vocais é o nome correto e não "cordas vocais", pois tratam-se de pregas de tecido fibro-elástico e muscular revestidas por uma mucosa. * A pessoas que necessitam do uso mais intenso da voz, devem conscientizar-se que há um considerável gasto de energia neste evento, sendo de grande importância a ingestão de alimentos de fácil digestão antes das atividades vocais. 1ª Parte – Saúde Vocal Neste capítulo iremos apresentar hábitos e alimentações saudáveis ou não para uma boa higiene vocal. Prestem bastante atenção e vamos, desde já, procurar cuidar bastante do nosso instrumento de trabalho que é precioso e único, nosso Aparelho Vocal. 1
  • 2. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL Permitido Evitar  Proibido Beba bastante água em temperatura natural! (no mínimo 2 litros por dia) para  manter as pregas vocais hidratadas e em boa condição de vibração. Coma maçã! A maçã possui propriedades adstringentes que auxiliam na limpeza da  boca e da faringe, favorecendo uma voz com melhor ressonância. Beba suco de frutas! (Principalmente de frutas cítricas)  Evite usar roupas apertadas, principalmente nas regiões do abdômen, cintura,  peito e pescoço, pois isso poderá dificultar a respiração Não use pastilhas, sprays, anestésicos sem orientação médica, pois para cada caso  existe uma medicação específica, portanto não se automedique nunca! Evite alimentos gordurosos e "pesados" antes das apresentações, pois dificultam a  digestão. Dê preferência aos alimentos leves e de fácil digestão (verduras, frutas, peixe,  frango) Durma bem! Procure dormir, no mínimo, 8 horas por dia.  Não durma de estômago cheio pois pode provocar refluxo gastresofágico que é  altamente prejudicial às pregas vocais. Não cante se estiver doente! Quando cantamos envolvemos todo o nosso corpo e  gastamos muita energia, então recupere-se antes de voltar a cantar. Evite ficar exposto por muitas horas em ambiente que utiliza ar-condicionado pois  provoca o ressecamento das pregas vocais. Em casos onde isso não for possível, procure estar sempre lubrificando as pregas vocais com água ou suco sem gelo. Evite ambiente com mofo, poeira ou cheiros muito fortes, principalmente se você  for alérgico. Evite a competição sonora, ou seja, falar ou cantar em lugares muito barulhentos.  Evite choques bruscos de temperatura  Evite bebidas geladas  Evite cochichar pois, ao contrário do que pensamos, no ato de cochichar  submentemos nossas pregas vocais a um grande esforço provocando um desgaste muitas vezes maior do que se conversarmos normalmente. É proibido gritar, pigarrear, falar durante muito tempo sem lubrificar as pregas  vocais, fumar, ingerir bebidas alcoólicas antes de cantar para "melhorar" a voz. IMPORTANTE!!! 2
  • 3. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL Se você utiliza sua voz profissionalmente, é indispensável a consulta com um médico especialista para que ele possa fazer uma avaliação do seu aparelho vocal. Não se esqueça de que o nosso "instrumento de trabalho" é único e merece toda a nossa dedicação e atenção. Nossas pregas vocais são a nossa identidade, são nosso registro pessoal, portanto não se esforce para cantar músicas em tons que não lhes são confortáveis pois assim você estará prejudicando-as. Mini-Curso Básico de Técnica Vocal Guia de introdução para o aperfeiçoamento da voz Parte I 3ª Parte – A Postura Ideal Devemos estar atentos a alguns aspectos relacionados à postura no canto: - Os pés devem estar afastados na direção dos ombros - Coluna reta Ombros e braços relaxados a fim de não tencionar o pescoço - Queixo reto, olhando sempre para frente - Não fixar o olhar em nenhum ponto para não perder a concentração Podemos também cantar sentados observando: - Sentar na ponta da cadeira sobre os ossos das nádegas (faça o movimento para os lados, como uma canoa e verifique se está na posição correta) - Manter a coluna e o queixo retos - Braços e ombros relaxados 4ª Parte – A respiração "Respirando bem, cantamos bem" Para uma boa projeção da voz no canto, é necessário obter o controle da respiração. Para realizarmos uma respiração correta, devemos estar numa postura adequada, pois a postura e a respiração andam juntas. A inspiração deverá ser sempre nasal, pois o nariz funciona como um filtro de ar. Se inspirarmos pela boca, estaremos inspirando todas as impurezas podendo ocasionar doenças inflamatórias do aparelho respiratório. Caso você não consiga respirar pelo nariz, sugiro que procure imediatamente um médico especialista. Utilizaremos para o canto a respiração chamada diafragmática, costo-diafragmática, ou abdominal-intercostal. 1- Devemos inspirar pelo nariz e canalizarmos esse ar em direção à região abdominal (enchendo a barriga de ar). É importante que os ombros e o peito não se movam. 2- Expire pela boca observando que enquanto o ar é expelido a barriga vai esvaziando lentamente até chegar ao normal. 3
  • 4. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL ATENÇÃO!!! Cuidado para não utilizar o ar de reserva, ou seja, não pressione a barriga forçando-a a se esvaziar mais depressa que o normal pois este feito poderá causar mal-estar. EXERCÍCIO PARA CONTROLE DA RESPIRAÇÃO 1- Inspire lentamente (pelo nariz) até encher bastante as paredes abdominais. 2- Coloque o dorso da mão em frete à boca e expire lentamente . 3- Observe que o ar expirado estará quente 4- Repita este exercício por 15 vezes (3 seqüências de 5) em frente a um espelho (de preferência vertical) para que você possa corrigir a postura e observar os ombros e peito (que não deverão se movimentar) 5- Lembre-se de que ao término de cada sequência, você deverá relaxar, respirar fundo, encher os pulmões e soltar o ar pela boca por 3 vezes para evitar mal-estar. LEMBRE-SE: Este tipo de respiração é uma novidade para muitos de vocês, sendo assim, não deverá ser usada no dia-a-dia sem que haja necessidade. Em caso de dúvidas, entre em contato comigo. Estarei sempre pronta a ouvi-los. Mini-Curso Básico de Técnica Vocal Guia de introdução para o aperfeiçoamento da voz Parte I Capítulo 2: O Pré-Aquecimento Vocal O que é pré-aquecimento vocal? É, como o nome já diz, um aquecimento prévio da voz ou simplesmente a preparação da voz para o seu uso por um tempo prolongado e intenso. Podemos aquecer nossa voz através de sons que irão "massagear" nossas pregas vocais (que são músculos) que como todo músculo precisam ser preparadas e aquecidas antes de serem utilizadas na sua plenitude. Lembrem-se que este pré aquecimento pode (e deve) ser feito não só pelos cantores mas também por todos os profissionais da voz, ou seja, todas as pessoas que trabalham falando. EXERCÍCIO 1: 1) Inspire (armazenando o ar na região abdominal, como vocês já aprenderam) até que a barriga esteja repleta de ar. 2) Agora solte o ar aos pouco utilizando o som: 4
  • 5. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL Prrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr...... Observe que neste exercício a língua deve vibrar bastante!!!! Caso a sua língua não vibre e você esteja forçando para emitir este som, PARE! Pois estará fazendo da forma errada. Entre em contato comigo se surgir alguma dúvida, certo? Mas se você conseguiu emitir o som com a vibração constante da língua, repita este exercício todos os dias pelo menos durante 10 minutos. Se for cantar em uma apresentação ou videokê ou ensaiar com sua banda por muito tempo, pré-aqueça sua voz durante 20 minutos (no mínimo) antes de começar a cantar. Pode-se também utilizar outras consoantes que possibilitarão o mesmo efeito como, por exemplo, o som: Trrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr... Como se você fosse imitar o som do telefone (' TRRRRRIM!!!), mas lembrando de prolongar bastante os erres (RRRR...) até acabar o ar. EXERCÍCIO 2: Depois de já haver treinado bastante e já estar emitindo os sons PRRRR... e TRRRR... Sem falhas ou interrupções, vamos repetir o exercício anterior com uma diferença: No final de cada som iremos acrescentar as vogais A,E,I,O,U. Exemplo1: PrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÁ!!!! PrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÉ!!!! PrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÍ!!!! PrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÓ!!!! PrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÚ!!!! Exemplo2: TrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÁ!!!! TrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÉ!!!! TrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÍ!!!! TrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÓ!!!! 5
  • 6. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL TrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÚ!!!! IMPORTANTE!!! C Assim como nos exemplos acima, o som que você estiver produzindo para pré- aquecer, deverá estar no mesmo volume, intensidade e tom. = ***NÃO BRINQUE COM ESTE EXERCÍCIO FAZENDO SONS MUITO AGUDOS, MUITO GRAVES OU MISTURANDO OS DOIS TONS.*** C Repita os exercício SEMPRE no seu tom natural. Como fazer para identificar o seu tom natural? É simples, o seu tom natural é aquele que você emite sem "forçar a garganta", é um som natural que sai sem esforço nenhum, como se você estivesse falando. C Se você não conseguiu fazer estes exercícios até acabar o ar armazenado (sem utilizar o ar de reserva, certo???), ou seja, você começou bem mas no meio do exercício o som falhou, Pare! Respire fundo por 3 vezes, relaxe um pouco e só então recomece. É muito comum, no início, não conseguirmos emitir estes sons até o final, pois trata- se de sons que nós não estamos habituados a produzir, mas com o treino diário, fica cada vez mais fácil, acreditem!!! Mini-Curso Básico de Técnica Vocal Guia de introdução para o aperfeiçoamento da voz Parte I Capítulo 3: Dicas e Dúvidas iniciais para a função vocal Postura de Cantor A postura é muito importante para o cantor, pois apesar de termos que ficar bem à vontade e descontraídos, temos também de observar alguns pontos importantes tais como: • Pés paralelos na direção dos ombros • Braços e ombros relaxados • Coluna reta Observando também que como utilizamos a respiração diafragmática, devemos deixar a região abdominal livre para que o diafragma funcione tranqüilamente. Procurar seguir estes passos não significa que devamos ficar parados nesta posição para que tenhamos um bom resultado, mas ficarmos soltos, relaxados e principalmente nos sentirmos bem e à vontade quando estamos cantando, pois cantar tem que ser sempre prazeroso. 6
  • 7. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL Podemos também cantar sentados observando a postura reta deixando o diafragma livre para funcionar bem. Movimento das Pregas Vocais As pregas vocais fazem o movimento abre-fecha, ou seja, quando estamos calados elas estão abertas (momento da respiração) e quando falamos ou cantamos elas se fecham (momento da fonação) infelizmente elas não fazem somente estes movimentos mas também se chocam quando são submetidas a abusos vocais como: gritos, pigarreios e tosses excessivos, utilizar tons graves ou agudos demais, praticar esportes falando, competição sonora, etc... Estes choques pode prejudicar demasiadamente as pregas vocais. Eu cuido bem da minha voz??? Responda as questões a seguir como uma forma de auto-avaliação sobre o cuidado que você tem com sua voz. 1. Você percebe se ao final de um dia de trabalho (ou apresentação) sua voz está mais fraca? 2. Você canta em diversos tons? 3. Quando você canta, leciona ou fala em público, suas veias ou músculos do pescoço saltam? 4. Você sente dores na região do pescoço? 5. Após cantar você sente dor de cabeça? 6. Quando você canta acompanhando um cd, por exemplo, você segue sempre o tom do cantor? 7. Você canta freqüentemente? 8. Você canta ou ensaia durante horas seguidas? 9. Você tem resfriados freqüentes? 10. Você fuma? 11. Você pigarreia muito? 12. Você tem alergia das vias respiratórias? 13. Você tem faringite, amigdalite ou laringite freqüentes? 14. Você se auto-medica quando tem problemas na voz? 15. Você tem dificuldades digestivas? (azia, úlcera, refluxo gastresofágico) OBS: • SE VOCÊ MARCOU MAIS QUE 4 ITENS FIQUE ATENTO E PROCURE TOMAR ALGUMA PROVIDENCIA NO SENTIDO DE MODIFICAR SEUS HÁBITOS. • SE VOCÊ MARCOU MAIS DE 6 ITENS PROCURE UM ESPECIALISTA PARA QUE ELE AVALIE O ESTADO DE SUAS PREGAS VOCAIS POIS COM ESTES SINTOMAS VOCÊ JÁ TEM QUE FICAR ATENTO PARA QUE NÃO OCORRA PROBLEMAS MAIORES FUTURAMENTE. Quais as conseqüências que os abusos vocais podem me causar? Estes abusos podem provocar alterações como: o Calos vocais 7
  • 8. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL o Nódulos o Pólipos o Edemas o Fendas Dentre outras alterações ocasionadas pelas constantes formas de abuso vocal. Qual o primeiro passo a ser tomado para cuidar da minha voz? A primeira providência a ser tomada é a consulta a um especialista, o OTORRINOLARINGOLOGISTA, que é o médico que poderá detectar se há ou não alguma alteração no seu aparelho fonador. À partir do diagnóstico feito pelo Otorrinolaringologista, se necessário o médico indicará o tratamento para a correção de tais alterações com outro especialista, o FONAUDIÓLOGO, que fará a correção destes problemas através de exercícios. Que tipo de exame é feito para detectar alterações no meu aparelho fonador? Um primeiro e importantíssimo exame a ser feito e que é rápido e indolor, é a LARINGOSCOPIA, que é o exame médico das cordas vocais. À partir deste exame se o médico julgar necessário, solicitará outros exames mais específicos. Estes cuidados servem para todos ou apenas para os cantores? " As normas de cuidados com a voz devem ser seguidas por todos, particularmente por aqueles que utilizam mais a voz ou que apresentam tendências a alterações vocais. Esses são chamados de Profissionais da Voz, ou seja, professores, atores, cantores, locutores, apresentadores, advogados, telefonistas, telemarketing, vendedores, palestristas, dentre outros. Entretanto muitos destes profissionais muitas vezes por falta de tempo para se dedicar ao cuidado de sua voz, podem estar cultivando um distúrbio vocal decorrente do abuso ou mal uso da voz". Mini-Curso Básico de Técnica Vocal Guia de introdução para o aperfeiçoamento da voz Parte I Capítulo 4: Classificação Vocal Este assunto é muito importante pois muitas vezes acontece de não conseguirmos alcançar tons muito agudos (finos) ou muito graves (grossos) sem saber que isso se dá porque temos um naipe vocal característico. Existem 3 classificações básicas para a voz masculina e para a voz feminina como indicado abaixo: HOMENS MULHERES 8
  • 9. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL BAIXO (Voz Grave) CONTRALTO (Voz Grave) BARÍTONO (Voz Média) MEIO-SOPRANO ou MEZZO-SOPRANO (Voz Média) TENOR (Voz Aguda) SOPRANO (Voz Aguda) Para saber a sua classificação vocal, você tem de ser avaliado por um professor de Canto/Técnica Vocal que irá, através de exercícios vocais (vocalises) classificar sua voz dentro das três opções acima. Quase sempre nos espelhamos em algum canto/cantora/banda da qual somos fãs e tentamos imita-los sem saber que podemos agredir nossas pregas vocais tentando cantar numa extensão vocal que não é a nossa. Podemos cantar qualquer música que quisermos desde que ela esteja no nosso tom. O que significa a música estar no meu tom? • Quer dizer que eu consigo cantá-la sem me esforçar demais até minha garganta doer ou minha voz falhar ou até mesmo eu engasgar. Isso acontece com muita freqüência por falta de informação e orientação. Muitas vezes é difícil, principalmente para quem não toca nenhum instrumento, identificar em que tom está a música que queremos cantar e mais ainda qual é o tom confortável para mim. Pois bem, vai aí uma dica: Escolha uma música de sua preferência e cante junto com o cantor observando alguns pontos: o Não deixe que as veias do seu pescoço saltem o Não se esforce até ficar vermelho o Não se preocupe em imitar a voz do cantor, cante do seu jeito, com sua voz natural. o Não se preocupe se está desafinando, pense apenas em seguir a música de uma forma bem confortável para você. Se ao final da música você verificou que: • Suas veias do pescoço não saltaram • Você não ficou vermelho • Não engasgou e sua voz não falhou em momento algum... PARABÉNS!!!!!! VOCÊ ACABA DE DESCOBRIR E CANTAR NO SEU TOM!!!! AGORA É MOSTRAR PARA UM PROFESSOR DE MÚSICA OU ALGUM AMIGO SEU QUE CONHEÇA A MÚSICA PARA TE DIZER EM QUE TOM VOCÊ CANTOU. 9
  • 10. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL Agora é só criar o seu estilo para cantar pois devemos sim ter ídolos e nos espelharmos neles mas à partir daí, devemos descobrir o nosso próprio modo de cantar. SEJA CRIATIVO SEMPRE!!!! Mini-Curso Básico de Técnica Vocal Guia de introdução para o aperfeiçoamento da voz Parte I Capítulo 5: Exercícios de Relaxamento Faça esses exercícios com roupas confortáveis e ambiente tranqüilo. DEITADO • Deite-se de costas, certifique-se de que sua coluna esteja em contato com o chão. • Observe a oscilação natural de sua respiração, que se expande e contrai, por meio de seu tórax e abdomem, e pelo ouvir atento dos sons que emanam do interior. • Apenas observe e ouça as ações de seu corpo. Não as manipule, não as controle. Apenas respire e conscientize-se de sua respiração. EM PÉ • Fique ereto, com as pernas afastadas e na direção dos ombros. • Distribua o peso igualmente. • Imagine-se agora segurando uma bola de praia debaixo de cada axila e sinta os espaços respiratórios que se abrem. (Isso o encorajará a alongar os seus ombros e a abrir as suas axilas e, conseqüentemente, expandir o volume de seu tórax para uma respiração mais profunda) • Seu pescoço e cabeça devem estar alongados e livres. • Matenha essa posição por um minuto ou mais. • Desfrute a extensão de sua coluna dorsal, o espaço respiratório extra e a sensação de equilíbrio adequado entre o estado de calmaria e o de atenção. EXERCÍCIOS DINÂMICOS Os exercícios dinâmicos combinam o movimento com o controle da respiração. RISO Sorria para o mundo! Em círculos, movimente, vigorosamente, as suas mãos, braços, pernas e pés. Permita-se alguns segundos de relaxamento entre cada rotação. Mas continue sorrindo. Você pode fazer este exercício em pé, sentado ou deitado. EQUILÍBRIO O equilíbrio é importante. Tente estipular um horário para o exercício de "comportamento modal" – o andar, o virar-se e o inclinar-se com livros sobre a 10
  • 11. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL cabeça. Respire suave e conscientemente, em harmonia com os movimentos de seu corpo. Isto encoraja a coordenação suave graciosa dos músculos. EXERCÍCIOS DE RESPIRAÇÃO COMPLETA 1. Permaneça com seus pés confortavelmente dissociados dos seus ombros, que apontam para cima; os braços e as mãos soltas ao lado do corpo. Concentre-se em sim mesmo, confira a sua postura.Inspire pelo nariz o mais demoradamente possível e expire todo o ar também devagar e silenciosamente. Quando sentir-se vazio de ar, tussa e mostre para você mesmo que ainda possui reservas de ar escondidas. Tente tocar o solo com a ponta dos dedos, curve os joelhos se necessário. Segure sua respiração por alguns segundos. 2. Conforme você respira, silenciosamente, pelo nariz, você, gradativamente, torna-se ereto. Estenda os braços como asas, erguendo-as calma e suavemente, até equilibra-los horizontalmente. 3. Assim que você completar o movimento e a inspiração, coloque as mãos juntas acima da cabeça (como se estivesse em oração). Lembre-se que as mãos postas devem estar acima do topo de sua cabeça. Segure a inspiração. 4. Quando você estiver preparado, silenciosamente, expire pela boca, e abaixe os seus braços, reta e vagarosamente, até que estejam abaixo da horizontal. Rapidamente solte o ar que sobrou em um suspiro forte e permita que a parte superior do seu corpo caia pesadamente , curve o quadril para a frente, deixando a cabeça pendente. Conscientemente libere todo o ar "usado", de que você não mais precisa. Relaxe por algum tempo e repita o exercício desde o início. EXERCÍCIO DE LIBERAÇÃO DA VOZ Algumas pessoas sentem-se incapazes de facilitar e de liberar as suas vocalizações. Elas podem sentir sua voz natural, de alguma forma, bloqueada, amarrada ou suprimida. Tente este exercício de liberação da voz como parte de seu programa vocal. Sente-se de cócoras, dobre e recurve o seu corpo em um nó, teso e compacto, de braços e pernas; tente condensar-se em uma menor massa possível. Segure a sua respiração e os órgãos vocalizadores no centro desta massa. Como último esforço, respire e estique-se, rápida e vigorosamente. Solte a sua voz num profundo "UGH", por meio do som mais profundo que você possa encontrar. Maximize e aproveite o espreguiçamento. Descanse por um minuto. Repita o exercício por até dez vezes. A cada vez, interiorize mais, e projete sua voz relaxada mais forte e prolongue cada vez mais o som. Observe que você envolve todo os seu corpo na vocalização, particularmente a pélvis e o diafragma. OBS: Exercícios extraídos do livro: "A cura pelo som" de Olivea Dewhurst-Maddock 11
  • 12. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL 12 Erimilson Lopes Pereira Curso Completo de TÉCNICA VOCAL Brinde do site: www.erimilson.hpg.com.br
  • 13. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL Curso Completo de TÉCNICA VOCAL Erimilson Lopes Pereira São Paulo – SP © 20002 13
  • 14. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL brinde do site: www.erimilson.hpg.com.br contato: erimilson@ibest.com.br Como você estava planejando ler apenas este primeiro parágrafo de introdução e pular imediatamente para o próximo capitulo – ninguém lê as introduções dos livros --, vou começar alertando que a atenção que você deverá dar ao treinamento é o fator principal e determinante para o seu êxito. Caso continue com essa preguiça toda não chegará a lugar nenhum. Você tem em mãos um trabalho extraído de muito suor. Portanto, faça jus a ele e repasse-o para outros com dedicação de quem quer expandir a música e a cultura para substituir toda essa ignorância e violência que prospera em nossos dias. Este curso é dirigido àqueles que desejam deixar de incomodar os ouvidos dos outros. Quer aprender ou aperfeiçoar a voz e o canto para enfeitar o mundo lá fora. Esta é a sai chance de evoluir e até, quem sabe, impulsionar sua carreira musical ou mesmo aumentar o número do coral da sua igreja. Se for um daqueles que só canta dentro do banheiro – talvez temendo uma chuva de tomates --, há dois caminhos; levar a banheira para o palco ou ler e seguir todo o conteúdo deste material. Talvez esteja se perguntando sobre sua condição atual. “Eu tenho voz? Eu posso melhorar? Eu conseguirei chegar perto de um Pavarotti?”. A menos que seja 14 “A música é tão forte que, ainda que as bocas se calem, as ondas, as tempestades ou até mesmo as pedras cantam”. Erimilson Lopes Pereira I I - Introdução
  • 15. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL mudo, tenha fumado tanto que o cigarro tenha comido suas entranhas ou esteja muito bêbado, é provável que a resposta seja “SIM” para as duas primeiras indagações. E quanto à terceira, eu creio que não dê a mínima para ópera. Ah, você é gago? Dependendo do grau, não tem problema. Inclusive Nelson Gonçalves (uma das vozes mais bonitas que já ouvi) era gago ao falar. Será de extrema serventia se você tiver algum conhecimento em algum instrumento musical. Caso contrário, sugiro que considere a possibilidade desde já. E para sua sorte, destro desde curso você encontrará auxilio para sua iniciação. Tomaremos por base três deles. A saber, teclado, violão e flauta doce. Não terá de aprender a tocar como um Sivuca ou Hermetto Paschoal (dois excelentes instrumentistas). Bastará apenas extrair algumas notas para medir com seu gogó. Coisa muito simples. Mas eu não impediria que quisesse ser tão bom quantos os meus colegas que citei. Se você ainda estiver aí – e acordado -- leve em conta estas dicas para melhor aproveitar este caderno:  Leia tudo com calma e atenção.  Se não tiver captado uma instrução, releia tantas vezes for preciso até que fique claro.  Reserve duas horas diárias para o treinamento.  Procure um lugar adequado (com conforto, silencio e privacidade).  Mantenha acessível um instrumento musical (sugerimos violão ou piano).  Caso esteja estudando em grupo -- o que é uma boa idéia -- estabeleça um comando e programação homogênea a todos.  Tenha em mente que cigarro, bebida alcoólica e água gelada são seus inimigos.  Seja obediente ao programa deste curso. Disciplina é uma grande virtude. Se não ler tudo ou se abdicar dos exercícios propostos nada conseguirá. Estou confiante que terá bom proveito deste curso. Será muito satisfatório pra mim se receber seu e-mail dizendo do seu sucesso ou receber seu CD autografado. Que Deus te ilumine e conceda todo o que for favorável. Erimilson Lopes Pereira O autor II-1 O templo humano Se alguém lhe perguntar com que você canta, certamente você dirá que é com a boca – e talvez nem responda a uma questão tão idiota. De fato a indagação é pertinente, pois, não cantamos apenas com a boca, mas com o corpo e a mente. Isso quer dizer que precisamos de uma boa condição física (não me refiro aos músculos de Silvester Stallone ou a cintura de Giselle Büchen) e muita concentração (quem sabe até igual ao um monge). 15 II II – Voz; Corpo e mente
  • 16. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL O bom estado do corpo é imprescindível para uma performance satisfatória. Não apenas da garganta, mas todo o templo humano. A começar pela postura. A coluna reta é uma exigência elementar. Um grande número de músculos interage quando falamos ou cantamos. É preciso que eles tenham sido preparados para um funcionamento extenso. Por esta razão nós adotaremos alguns exercícios físicos para aquecimento muscular. Não desconsidere essa prática sob pena de provocar tensão muscular e limitar seu rendimento. Não é à toa que se ouve dizer que “o homem canta com a alma”. A concentração é uma espécie de veneração, uma expressão sentimental. Difícil imaginar alguém cantar sem emoção ou prazer. Com efeito, devemos estar envolvidos com o canto assim como o ator está para o personagem que representa. A nossa afinação depende muito dessa concentração. II-2 O canal vocal Você detesta aula de biologia? Eu também, mas... Vamos viajar um pouco na teoria cientifica e saber sobre o canal vocal. O som produzido é exteriorizado pela boca e ainda pelo nariz – sim, pelo nariz. O som é produzido e qualificado por uma série de elementos em nosso corpo. O ar da nossa respiração é uma espécie de matéria prima. É ele que ecoa nossa voz através do esforço de alguns de nossos órgãos (diafragma, pulmões, cordas vocais...). Para que tudo isso saia perfeito, necessário se faz que os órgãos estejam com saúde. É recomendável que se cante em pé e com a cabeça levemente erguida. A explicação é que assim o diafragma trabalha melhor, ou seja, acomoda mais e melhor, o oxigênio além do som sai reto pelo canal da garganta. Você já reparou isso nos corais? II-3 Respiração correta Quem não ouviu aquela citação clássica de marcha “Barriga pra dentro e peito pra fora” na hora respirar? Aí está o mal-entendido. Na hora de inspirar (receber) o ar o sujeito estufa o peito e espreme as tripas fazendo com que o diafragma se retraia impedindo que o oxigênio entre tranqüilamente. E depois para expirar (soltar) o ar que mal entrou, ele incha a barriga de nada – sem contar a careta que faz. A forma correta de trabalhar a respiração é receber o ar (de preferência pelo nariz) em boa quantidade. Na hora de soltar o ar, use o nariz (e a boca quando for cantar). O diafragma é um grande auxiliar para a respiração. Trata-se de um músculo localizado próximo ao abdome que se estica e encolhe conforme nossos impulsos. Ao relaxar, ele abre a caixa torácica para guardar o ar e a fecha ao se encolher. O diafragma também movimenta os pulmões, que por sua vez elimina o gás carbono do corpo junto com o ar. Na verdade, quando inchamos ou retraímos a barriga por própria vontade, é com ele quem trabalhamos. Portanto, na hora de inspirar, relaxe o diafragma para receber bem o oxigênio e o encolha para expirar o ar velho. 16
  • 17. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL II-4 Cadê o gogó? E tem gente que acha que não tem gogó. O que ocorre é que a garganta é um dos mais sensíveis lugares do corpo humano. Isso porque é por onde respiramos e ingerimos comida e bebida – nem sempre com a qualidade desejada. Desta feita, a qualidade do som dependerá bastante da condição física do seu gogó. Cordas vocais são membranas (tecidos que envolvem os órgãos) sustentadas pela laringe, que vibram e produzem e qualificam os sons no ato da expiração. São elas que determinam o seu timbre vocal e a variação dos tons entre grave (grosso) e agudo (fino). Também os movimentos da faringe, língua e da boca dão características aos sons. É preciso, portanto, ter um certo domínio sobre elas. Cuide bem do seu gogó: • Evite álcool para não ressecar os órgãos. • Fuja de comidas ou bebidas muito quentes ou estupidamente geladas. Há um limite de temperatura aceitável. • Cigarro é inadmissível. • Acidez dos alimentos pode prejudicar a parte bucal. • Não grite jamais. A vibração desordenada das cordas vocais danifica seu potencial. • Mantenha sua boca sempre hidratada. A sede faz estragos. • A ingestão de bons alimentos (especialmente frutas) ajuda a conservação bucal. • Um gargarejo de água e sal (uma pitadinha de nada) regularmente funciona como soro. Atenção; nada de sal em excesso, conhaque ou vinagre. Caninha 51 também nem pensar. II-5 Se liga nessa O grande maestro do nosso corpo é o cérebro e dele parte todos os impulsos (ordens) a serem obedecidos pelos órgãos. Conclusão, o estado de espírito é fator determinante na hora de soltar a voz. Então, você terá dificuldades em entrar no palco sabendo que seu cunhado bateu com seu carro. Do mesmo modo, não faria melhor se soubesse que acertou o grande prêmio da mega-sena (e quem iria ao palco depois de um prêmio desses?). Como já dissemos, a concentração define a afinação. Isso porque a distração faz o cérebro perder o controle da vibração das cordas vocais – que é coisa muito sensível. Além do mais, se as cordas não forem bem adestradas não produzem o som esperado. Por isso que tem gente que não tem afinação; não tem controle sobre os órgãos. Se você é um deles e quando quer cantar um “A” sai um “Ô”, esqueça seu passado e se prepare para sua nova carreira. 17
  • 18. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL Aquecimento físico Você já conhece o valor do seu corpo para a voz. Por esta razão, iniciemos a aula prática com exercícios de alongamento e relaxamento. Use roupas leves e folgadas para não dificultar os movimentos. 1. Alongamento: de pé, levante os dois braços e vá se esticando suavemente para cima como se quisesse alcançar uma corda que está um pouco acima de sua cabeça. Mantenha os pés bem fixos no chão. De 1 a 3 minutos. 2. Relaxamento: movimente os braços e as pernas livre e suavemente para ativar melhor a circulação sangüínea e aquecer a musculação (dê chutes curtos no vento e simule natação, por exemplo). De 3 a 5 minutos. 3. Respiração: conforme os padrões teóricos aplicados anteriormente, trabalhe sua respiração e aproveite para entrar em estado de concentração máxima. Procure sentir o ar entrando e se espalhando em seu corpo através do sangue. Trabalhe os impulsos cerebrais para as partes do seu corpo (como leves movimentos dos dedos das mãos e pés). De 2 a 3 minutos. 4. Acorde o diafragma: se você leu todo o capitulo anterior (duvido) sabe da relevância deste músculo. Portanto, vamos desenvolver ainda mais suas atividades; inspire e expire rapidamente dando sopapos no diafragma como se estivéssemos bombardeando o abdome. De 1 a 2 minutos. 5. Aquecimento muscular do pescoço: abaixe completamente a cabeça (coluna reta, por gentileza) e comece a ergue-la vagarosamente até onde puder enquanto inspira. Segure o ar por algum tempo e desça a cabeça e vá soltando o ar devagar. Sincroniza o tempo do movimento com a respiração. Ou seja, o tempo do movimento deve ser igual ao da respiração. Vá retardando o tempo do movimento e da respiração aos poucos até alcançar a média de 30 segundos para levantar a cabeça (e inspirar), 10 para prender o ar e 30 para abaixar a cabeça (e expirar o ar). ATENÇÃO: observe sua capacidade. Se der para prolongar mais ainda o tempo, faça-lo. Do contrário, diminua o limite. Execute de 5 a 10 vezes nesse sentido e depois inverta a ordem do movimento e a respiração. 6. Aquecimento muscular do pescoço II: semelhante ao exercício acima, sincronize a respiração de acordo com os movimentos do pescoço. Entretanto, troque o movimento vertical pelo horizontal; ponha a cabeça no limite que ela se move para um lado e vá virando para o outro trabalhando a respiração. 7. Acionamento bucal: faça movimentos com a boca (caretas mesmo) para acionar a musculatura da boca; abrindo e fechando, esticando para os lados, etc. Esses exercícios devem ser executados a cada aula prática ou de 2 a 3 vezes por semana. Cadê as aulas práticas de canto? Prometa na próxima. 18 Aula Aula
  • 19. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL III-1 Som e tonalidade Som é tudo quanto podemos escutar – inclusive o estralo do cabo de vassoura da mulher quando o cara chega tarde em casa. A voz humana quando falada, o barulho de um motor ou um trovão são sons simples e puros. Mas existem alguns sons com uma particularidade especial; tonalidade. Sons com uma variação de tom tornam possível a existência da música. Sem a diferença de tons não há melodia. Quando falamos não emitimos tonalidade e, no entanto, cantamos ao produzir sons com a variação de tons. III-2 Timbre É a identidade sonora. Ninguém é capaz de confundir o piano de um placa de zinco sendo arrastada. Portanto, cada som teu seu timbre e ele é quem caracteriza cada som. O timbre é quem difere o som de uma guitarra de um violino, mesmo que eles toquem o mesmo tom. Também serve para distinguir a voz de uma pessoa. Considere ainda que, por parecidas que sejam duas vozes, há discriminação técnicas entre elas. Não é à toa que existem muitos equipamentos de segurança por reconhecimento da voz. III-3 Clareza Enquanto tem tanta gente querendo aprender a cantar há outras que, se quer, sabem falar. Uma propriedade fundamental da voz é a clarividência. Se você fala e por três vezes a outra pessoa não entende e pede para repetir não quer dizer necessariamente que ela seja surda. Você pode não estar pronunciando bem o que fala. Veja essa: Dois sujeitos que não se entendiam se cruzaram: -- Oi Fulano, tu vais pescar? -- Não Cicrano, eu vou pescar. -- Ah bom. Eu pensei que fosse pescar. Se bem que nesse caso, os dois eram surdos mesmo. 19 III III – Propriedades da Voz
  • 20. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL III-4 Aprenda a falar Dizem que carioca é tão preguiçoso que nem falam a palavra toda. Discordo disso porque não são apenas os cariocas. O fato é que devemos ter mais qualidade ao pronunciar os verbetes. Dê atenção especial a todas as silabas para que fique claro o quer dizer. Enrolar a fala é prática de quem esqueceu a letra da música na hora do show. No entanto, a clareza é um dos quesitos avaliados os calouros. Cuidado para não fazer a junção de duas ou mais palavras na hora de falar. Isso pode deturpar o significado da mensagem. Espie essa clássica cantada (e funciona): “Ô, meu bem; meu coração por ti gela!”. Pronuncie as ultimas palavras juntas e confira o resultado (um belo fora). Atenção especial com palavras iniciadas vogal. No caso de “América”, pó exemplo, separe bem o “A” de “me”. Já em “Ambrósio” é diferente; separe “Am” de “bró”. Palavras terminadas em “te” não são iguais que com “t”. No primeiro caso o “e” deve soar bem, enquanto que no outro o som é rápido e quase imperceptível. Exemplos; “carinhosamente” e “pierrot”. Aliás, letras consoantes como d, f, p, t, e v isoladas no fim da sílaba não devem ser pronunciadas como são faladas no alfabeto. No ABC lemos v como “vê”. Porém, na palavra Tchaikovsky seu som é um “v” rápido. A onomatopéia (representação escrita dos sons) “zzzzzz” não deve ser lida como “zêzêzê...”. Apenas como o som seco de z prolongadamente. Em geral, respeitando a divisão silábica, procure falar mais ou menos articuladamente. Ou melhor, ar-ti-cu-la-da-men-te. Isso vale para quando for cantar também. Palavrões (palavras enormes) devem ser ligeiramente divididos em duas ou três silabas na hora de serem pronunciadas. Ex. “Tessalonicenses” pode lido com uma divisão bem rápida em “Tessalo-nicenses”. III-5 Volume Quando dizemos “Fale mais alto” (não esqueça do “por favor”), estamos pedindo para que o outra aumente o volume do som. Contudo, na música (com sons variáveis de tonalidade) alto e baixo diz respeito a grave e agudo (veremos isso mais tarde). Nesse caso devemos especificar “mais volume” ou “menos volume”. O volume da voz esta atrelada diretamente à força com que jorramos o ar boca a fora. Daí a necessidade de uma boa respiração e conservação dos órgãos internos. Cada um tem seu limite para o volume. Não force jamais o volume da sua voz. Nem ao cantar, nem ao falar. Mas é possível dar mais consistência a ela com o decorrer do treinamento adequado, buscando o que você tem e não desenvolveu. III-6 Variação do tom 20
  • 21. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL Em torno do som grave (grosso) e agudo (fino) construímos a melodia, ou seja, a música em si. Existe, portanto, uma escala de tonalidades representadas por notas musicais com padrão internacional a serem executadas por instrumentos ou pela voz humana. Cantar consiste em representar fielmente (não esqueça disso) as notas musicais estabelecidas na melodia. Para tanto, é mister dominar a voz. Para saber a importância dessa variação, pegue uma música (pode ser “Parabéns pra você”) e cante numa nota só e veja se agrada – verifique se não tem ninguém estranho por perto. Aquecimento físico Favor realizar os exercícios de aquecimento físico passados na aula prática passada. Só após prossiga. Não seja teimoso! Aquecimento vocal Esse exercício serve para desenvolver o controle vocal dos sons. É importantíssimo para o desenrolar da voz. Não ignore a boa postura e também esteja bem hidratado (com água natural). 1. Moído: feche a boca e comece soando som “hummmmm” igual a uma vaca preguiçosa. Note que o som (grave) fica armazenado na faringe (cavidade no começo da garganta). Inicie com um tempo de 10 segundos para o som, pare, respire fundo e recomece aumentando o tempo de execução do som. 10 vezes. 2. Fonfom: o mesmo exercício acima, desta vez, trazendo o som para o nariz. 3. Staccato: vamos repetir o exercício 1 e 2 em staccato (você não sabe o que é staccato?). Quer dizer, som cortado em seqüências rápidas e fortes. “Hum... hum... hum... hum”. Use o diafragma para impulsionar o som. 4. Pianinho: é semelhante ao staccato, mas com uma diferença; soe baixinho. 5. Exercício: agora de boca aberta, trabalhe nos moldes acima um “psiu” com o som de “ssssssss”. 10 vezes normal e 10 staccato. 6. Exercício: ainda seguindo o modelo anterior, execute “Zzzzzzzzzzz”. 10 vezes normal e 10 em staccato. 7. Exercício: vamos trabalhar o volume calculando o tempo de execução e dividindo em dois; do zero para o mais alto possível e daí para o zero novamente. Ou seja, vá aumentando o som e depois diminuindo. Faça duas vezes com cada som já treinado. 8. Exercício: agora para relaxar, produza o som “Ffffffff” semelhante a um pneu vazando ar. Em seguida, uma chuva; “Xxxxxxxxx” e finalmente, uma 21 Aula Aula
  • 22. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL metralhadora; “Rrrrrrrr”. Para este último, coloque e tremule a língua no céu da boca. 5 vezes cada. Exercício de fonologia Procure pronunciar bem os textos a seguir: “O sapo sabia que a sapa soube que se sabiá soubesse saber que ser seria sabido será sábio”. “Apapiru jadad irab ramát. E coso mular terbiá, ycalabjiady rifar teerã. Mojerikitu raja caluberê ati jivá, e pot unire qal deliatibá”. OBS: se algum vocábulo do ultimo texto for algum palavrão em algum idioma que você conheça, leve em conta minha ignorância. Trará-se apenas de um jogo de silabas criadas para trinar a articulação. IV-1 Escala das notas Notas musicais representam a tonalidade (variação grave-agudo) dos sons. Para um vocalista profissional – ainda que tenha medo de instrumentos – conhece-las é questão de fisiologismo. Ou aprende ou não é cantor que se preze. O padrão internacional estabelece 7 notas chamadas de tom inteiro e mais 5 semitons chamados de sustenidos e bemóis. Para sua compreensão, comecemos com o que toda criança (exceto no Afeganistão) sabe: as notas inteiras. Observe ainda a ordem da variação grave- agudo: Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si GRAVE AGUDO Comparando as tonalidades, vemos que Ré é mais agudo que Dó e mais grave que Mi. Ou seja, na medida em que escala cresce cada nota seguida se torna mais fina. Só que ao invés de escrever o nome das notas, convencionou-se usar letras para representação gráfica. Escrevemos as letras e lemos o nome original delas. Veja abaixo, a tabela das letras, agora começando por Lá: Lá Si Dó Ré Mi Fá Sol A B C D E F G 22 IV IV – Notas Musicais
  • 23. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL Acontece que entre esses tons (notas) existem outros semitons. Eles poderiam receber outros nomes (por exemplo, “Tá”, “Nó” ou quem sabe, meu nome). Porém, os doutores da música preferiram associa-los às notas inteiras. Resultado; surgiu o sustenido (#) (semitom relativo meio-tom à frente da nota inteira); e o bemol (b) (semitom relativo meio-tom atrás da nota inteira). Portanto, encontrando semitons entre as notas C e D, vamos chamá-los de: C C# Db D Quer dizer que depois da nota C (Dó) vem o semitom C# (Dó sustenido). Em seguida, Db (Ré bemol) que é o semitom antecessor de D (Ré). Mesmo entre uma nota inteira e um semitom existe outra variação sonora, mas foram ignoradas. Na verdade, os dois semitons (sustenido e bemol) foram agrupados numa só nota. Existente entre dois tons inteiros. Elas recebem os dois nomes relativos aos seus vizinhos. No caso anterior, C# e Db formam uma mesma nota (entre C e D). Já não são mais dois semitons, mas uma nota tanto sustenida (em relação à nota anterior) e ao mesmo tempo bemol (em relação à nota seguinte). Esqueça os outros semitons. Você só terá que aprender a escala completa das notas. Observe abaixo: Note que a seqüência que termina em G (Sol) recomeça em A (Lá). Isso porque a escala é contínua. Existe uma tonalidade padrão para as notas. Desta forma, a altura de C em um piano é a mesma em um violão ou na voz humana. Essa medida som padrão de recebe o nome de diapasão. Também é chamado de diapasão um instrumento que emite uma ou mais notas da altura padrão que serve como base para afinar um outro instrumento (violão, por exemplo). Diz-se que uma pessoa é dotada de diapasão quando ela tem em mente e canta a tonalidade original da nota. Explicando melhor; ela canta F no som padrão de F. Aprenderemos a guardar o diapasão de cabeça breve. No entanto, é necessário ter de onde extrair o som que servirá como base. Para isso nós estudaremos a estrutura das notas em alguns instrumentos. IV-2 Teclado (ou piano) Instrumentos de teclas emitem sons correspondentes a uma nota para cada tecla. O teclado é composto por várias oitavas. Oitava é um conjunto de oito notas inteiras (de 7um Dó a outro Dó) representas pelas teclas inferiores (brancas). Repare: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 A A# B C C# D D# E F F# G G# Bb Db Eb Gb Ab 23
  • 24. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL As teclas superiores (pretas) são os sustenidos e bemóis. Assim, entre as teclas de D e E tem a tecla do semitom D# e Eb. Observe a gravura: Espie na figura abaixo a representação de um teclado de 4 oitavas: Cada tecla tem então a sua identidade quanto a sua nota e quanto à oitava. Então, o D depois do C2 é o Ré da 2a oitava, ou seja, o segundo D2. Agora você já sabe extrair as notas de um teclado. Tocando nas teclas é possível identificar a diferença entre o som de cada uma. Pela variação de tonalidade, o som vai ficando cada vez mais fino na ordem crescente das notas. Então, cada tecla à direita é mais aguda que a anterior. O mesmo acontece com as notas iguais; o C1 é mais grave que o C2. IV-3 Violão Além de ser o mais popular, o violão é de uma beleza acústica inigualável. O som é executado a partir da vibração das cordas que selecionam as notas quando pressionadas conforme a ordem das casas no braço do instrumento. Olhando a figura ao lado, vemos a distribuição das cordas e das casas do braço do violão. As cordas são enumeradas de 1 a 6 começando de baixo pra cima – das cordas mais finas para as mais grossas. As casas são separadas pelos trastes e enumeradas na ordem da do cabeçalho à boca do violão. As cordas tocadas soltas correspondem a casa zero. Apertando-as depois do primeiro traste passam a ser da primeira casa e assim sucessivamente. A tonalidade também segue essa ordem. Quanto mais alta for a casa mais fino será o som. ATENÇÃO: aperte as cordas com a cabeça do dedo e dentro casa e não sobre o traste. A distribuição das notas no violão começa das cordas soltas (casa zero) e cresce com a numeração das casas. Exemplo; a primeira corda solta é E. Na casa 1 será F, na outra casa F#/Gb, depois G, G#/Ab, A e etc. Veja a escala até a oitava casa ilustrada abaixo: 24
  • 25. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL Repare que a ordem das notas é inversa. Ela cresce no agudo voltando para a boca do violão. Note também que ficaram algumas casas sem notas. Pois fique sabendo que elas têm notas sim e são os sustenidos e bemóis. Por exemplo, a nota da corda 1 na casa 2 é F# e Gb. Para simplificar a descrição de cada nota, vamos usar a letra da nota e mais um número; o primeiro para a corda e o seguinte para a casa. Combinado assim, a nota C35 será C na corda 3 e casa 5. A nota D da quarta corda solta (casa zero) será D40. Se você ainda não dormiu com a leitura, deve ter notado a grande quantidade de notas que o violão tem. Só até a oitava casa – conforme a figura acima --, encontramos 5 notas E. Mas isso não quer dizer que são tantas oitavas quanto é o número de notas, pois, há notas iguais de uma mesma oitava em diferentes cordas. Pra ser exato, começando da nota mais grave E60, seguimos até a quinta casa e descemos para a corda abaixo. As notas, a partir desta casa, serão semelhantes às casas da corda abaixo. Exemplo, A65 e A50, A#66 e A#51. Seguindo nesta corda, alcançamos a nota D55 e descemos para D40 e assim por diante. Agora você também já sabe onde estão as notas no violão. IV-4 Flauta Doce Nem teclado nem violão? Tudo bem. Vamos de flauta doce. Fácil de tocar, transportar e é encontrada até nas lojinhas de R$ 1,99. Veja como é a estrutura das notas em flauta doce: Veja o modelo da flauta na gravura acima e, ao lado, a simbologia de como se comportam os buracos na representação das notas. 25 EQUIVALENCIA DE NOTAS ENTRE INSTRUMENTOS Teclado = E2 F2 G2 A2 B2 C3 D3 E3 F3 G3 A3 B3 C4 D4 E4 F4 G4 A4 Violão = E60 F61 G63 A65 B52 C53 D55 E42 F43 G45 A32 B34 C21 D23 E25 F11 G13 A15 Ou = -- -- -- A50 B67 C68 D40 E57 F58 G30 A47 B20 C35 D37 E10 F26
  • 26. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL À esquerda, olhe como usar as mãos para apertar os orifícios do canudo musical. Perceba também que o furo traseiro da flauta é apertado (quando ordenado) pelo polegar direito. Agora conheça algumas notas na flauta. IV-5 Melodia e acompanhamento A melodia é a parte expressa da música. A parte cantada (voz principal) é a expressão da própria musica, portanto, a melodia. Por sua vez, o acompanhamento é o som de fundo feito com acordes. Acorde é uma união de várias notas predeterminadas que formam uma posição. O acompanhamento pode ser recheado de introdução, solo e arranjos. Podemos citar um exemplo dessa separação na canção “COMO É GRANDE O MEU AMOR POR VOCÊ” de Roberto Carlos. Ela tem um acompanhamento completo (bateria, contra-baixo, guitarra, etc.) e se inicia com uma introdução em flauta. Em seguida entra a melodia com a letra cantada sobre a seqüência de acordes do acompanhamento. Durante a melodia, a flauta volta a aparecer com pequenos arranjos. No fim da letra, vem o solo, também em flauta, isolado com o acompanhamento. Depois do solo, a melodia é repetida no verso “Nem mesmo o céu...”. Pois essa melodia é uma seqüência de notas que deve ser executada junto com as palavras. Melhor dizendo, cantada. Normalmente, cada silaba recebe uma nota. Veja: “EU TE – NHO TAN – TO PRA LHE FA - LAR...” B B D D C A C A C (Notas musicais) Mas pode acontecer de duas ou mais silabas serem anexadas numa só nota. Repare: “CO – MO É GRAN - DE O MEU A - MOR...” G E G E E G E D# Ou ainda, que uma única silaba seja flexionada em duas ou mais notas. Tire a prova cantando esse verso do clássico “ASA BRANCA” de Luiz Gonzaga: “EU PER – GUN – TE - EI A DEUS DO CÉU UAI...” 26
  • 27. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL G G A B D D B A G C IV-6 Potencia vocal Entre o homem e a mulher há mais diferenças do que o peito cabeludo e o bigode. A voz natural do masculino é um ou duas oitavas mais baixa (grave) que a delas. Podemos dizer que o eles cantam na faixa da primeira para a quarta oitava e elas dentro da segunda para a quinta oitava, conforme a potencia de cada um. Quando o homem tem a voz super grave, ele fatalmente se enquadra dentro da categoria baixo. Para cantar, ele alcança em torno da primeira até a segunda oitava. A categoria média é chamada de barítono. Os sopranos alcançam entre a segunda à quarta oitava. A terceira classificação é o tenor. Neste caso, os dotados dessa classe são mais agudos e cantam no tom semelhante aos das damas, além de alcançarem também as oitavas dos barítonos. A classificação das vozes femininas começa com contralto para aquelas que tem voz de macho e fala grosso. Na hora de cantar, elas utilizam-se da segunda para a terceira oitava. A categoria intermediária é conhecida como semi-soprano. Nestas condições, as medianas cantam na faixa da terceira para quarta oitava. As poderosas da terceira classe seguem a ordem do grau soprano. As cantoras desse nível cantam da terceira para além da quinta oitava. Cada categoria canta em torno de dezoito notas inteiras, o que é quase três oitavas. Como uma melodia normalmente é escrita com notas que variam entre duas oitavas, isso quer dizer que, adequadamente, uma pessoa pode cantar qualquer música. Quando digo “adequadamente” me refiro a usar as notas apropriadas para cada voz. Assim, se numa música, a mulher usar as notas C, D, E, F e G da quinta oitava, a voz masculina fatalmente não conseguirá cantar essa melodia com este tom tão agudo. Mas se ele pegar essas mesmas notas e transportar para uma oitava menor ele certamente cantará a mesma música certinho. Vamos tentar fazer isso; veja alguns versos da música “ASA BRANCA” com as notas adequadas para cada sexo. Toque no instrumento e depois cante na oitava apropriada: “QUAN-DO O-LHEI A TER-RA AR-DEN-DO / QUÃO FO-GUEI-RA DE SÃO JOÃO” C D E G G E F F C D E G G F E Portanto, na prática, não importa ser barítono, tenor ou soprano. Em qualquer situação você pode cantar corretamente as suas canções preferidas. Também é verdade que existe tenha uma potencia extraordinária capaz de se enquadrar em duas categorias ao mesmo tempo, trocando em miúdos, que canta notas superiores a três oitavas. Com isso, ele tem condições de imitar vozes masculinas e femininas perfeitamente. Mas não fique com inveja não porque isso não é muita vantagem, se o quer é apenas cantar. 27 Aula Aula
  • 28. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL Aquecimento físico Comece com o exercício de aquecimento físico descrito anteriormente. Aquecimento vocal Faça o aquecimento vocal que já aprendeu. Qual é a sua potencia? Qual é a capacidade da sua voz? Será que você é um Pavarotti ou um Louis Armstrong? Sua voz é fina ou grossa? Que notas e que oitavas você alcança? Façamos o teste com o auxílio de um instrumento (teclado ou violão). PARA HOMEM Toque e ouça bem a nota E (E3 teclado e E42 violão) e tente cantá-la. Soa confortável? Ótimo. Agora vamos medir a sua capacidade até o limite mais grave. Toque e cante diminuindo uma nota inteira, ou seja, engrossando uma nota. Meça e anote até que nota grave você alcança -- sem forçar. Teclado = E3 D3 C3 B2 A2 G2 F2 E2 D2 C2 B1 Violão = E42 D55 C53 B52 A65 G63 F61 E60 Agora vamos medir seu limite agudo aumentando uma nota inteira. Teclado = E3 F3 G3 A3 B3 C4 D4 E4 F4 G4 A4 B4 C5 D6 Violão = E42 F43 G45 A32 B34 C21 D23 E25 F11 G13 A15 B17 C18 D20 PARA MULHER Toque e ouça bem a nota B (B3 teclado e B34 violão) e tente cantá-la. Soa confortável? Ótimo. Agora vamos medir a sua capacidade até o limite mais grave. Toque e cante diminuindo uma nota inteira, ou seja, engrossando uma nota. Meça e anote até que nota grave você alcança -- sem forçar. Teclado = B3 A3 G3 F3 E3 D3 C3 B2 Violão = B34 A32 G45 F43 E42 D55 C53 B52 Agora vamos medir seu limite agudo aumentando uma nota inteira. 28 RESULTADO Baixo alcança abaixo de F2 - F61 como limite grave e vai até os agudos C4 – C21. Barítono canta naturalmente entre os graves perto de B2 – B52 e topa no limite agudo próximo de A4 – A15. Tenor começa perto da nota grave C3 - C53 e tem limite agudo superior à C5 – C18.
  • 29. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL Teclado = B3 C4 D4 E4 F4 G4 A4 B4 C5 D5 E5 F5 G5 Violão = B34 C21 D23 E25 F11 G13 A15 B17 C18 D20 E22 F23 Soando notas Vamos soar uma seqüência de notas para começar a treinar a voz. Use a oitava adequada para sua voz, começando pela mais grave. Por exemplo, o barítono começa por C3 – C53 e a soprano por C4 – C21. Toque as notas, escute-as bem e cante. 1a Seqüência: a) Toque as notas; C D E F E D C (aproximadamente 2 segundos para cada nota). b) Pegue o som “ê” e cante a seqüência de notas acima (com o mesmo tempo). c) Agora repita a seqüência uma vez para cada estilo; normal, moído, fonfom, staccato e pianinho. Gostou? Então repita o exercício trocando o som de “ê” por “a”, “ô”, “ó”, “i” e “u”. 2a Seqüência: Repita o exercício anterior, dessa vez trocando a seqüência descrita acima por esta nova; D E F# G F# E D. 3a Seqüência: Do mesmo jeito, agora com a seqüência; E F# G# A G# F# E. 4a Seqüência: Idem com essa seqüência; F G A Bb A G F. 5a Seqüência: Novamente uma outra seqüência; G A B C B A G. 6a Seqüência: Está acabando; A B C# D C# B A. 7a Seqüência: 29 RESULTADO: Contralto alcança abaixo de E3 – E42 como limite grave e vai até os agudos G4 – G13. Semi-soprano canta naturalmente entre os graves perto de G3 – G45 e topa no limite agudo próximo de C5 – C18. Soprano começa perto da nota grave A3 – A32 e tem limite agudo superior à F5 – F23.
  • 30. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL E a saidera; A B C# D C# B A. V-1 Você é esperto? Se você é uma pessoa atenciosa – e cumpre a recomendação de fazer direitinho os exercícios --, deve ter percebido uma coisa interessante no último exercício; as notas foram alteradas de uma seqüência a outra, mas o som conjunto da seqüência (a melodia da seqüência) era muito parecido – ou melhor, igual. Apenas havia uma pequena variação de tonalidade. Por acaso se trocássemos o som das letras por um verso, teríamos uma melodia de palavras cantadas. Vamos supor que a composição fosse: “EU VOU PRA LÁ E PRA CÁ” C D E F E D C Se substituirmos a seqüência acima por todas as outras dadas na derradeira aula prática, nós cantaríamos essa original letra com seqüências diferentes – quer dizer, em várias tonalidades – e a melodia não seria alterada. Por quê? Conclusão em breve. V-2 Valor das notas Para tocar uma nota num violão basta seguir a tabela das cordas e casas, apertar e bater. No teclado, é só localizar a tecla e empurrar o dedo nela. Mas tem mais. Cada nota, inclusive os semitons (sustenidos e bemóis), tem um segredo a contar; elas são soadas a partir de um som de ondas repartidas em pequenos pedaços que ninguém percebe de ouvido, como se fossem seminotas inferiores. De fato, são três pedaços de ondas sonoras que formam uma nota. Como não dá pra diferenciar essas ondas a ouvido nu – e nem nos interessa --, os musicólogos resolverem elevar a potencia dessas seminotas inferiores a uma nota e a união das notas correspondentes a um acorde. Entendeu? Não? Mais uma vez; um fanático por música com olhar e cabelos de cientista louco não tinha o que fazer e foi fuçar, fuçar e fuçar até que, descobriu que a nota C era formada por três ondas sonora inferiores, respectivamente semelhantes às notas C, E e G. Então, se a junção dessas ondas formava uma nota, conseqüentemente a união de notas iguais formaria alguma coisa – que ele deu o nome de acorde. Portanto, as notas C, E e G formam o acorde de C. Por isso, existem as posições (cifras) para violão e teclado que tocam várias notas ao mesmo tempo. Se estiver estudando em grupo, selecione três pessoas e determine para cada uma voz as notas que formam o acorde de C para conferir a teoria. 30 V V – Acordes
  • 31. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL V-3 Acorde para os acordes Depois de descobrir as notas de C, não houve obstáculo para achar as demais. Na verdade, essa tabela de valores das notas foi tão levado a sério que dela, surgiram novas propriedades da música. As descobertas mais relevantes foram uma grande safra de acordes para cada nota; maiores, menores, com sétima, com sétima menor, etc. A seguir, a tabela de valores das notas para cada acorde, sendo que, cada nota tem uma versão de acorde maior e acorde menor. TABELA DE NOTAS PARA ACORDES Acor de Not a 1 2 3 4 5 6 7 8 A A B C# D E F# G# A F#m F# G# A B C# D E F# B B C# D# E F# G# A# N G#m G# A# B C# D# E F# G# C C D E F G A B C Am A B C D E F G C D D E F# G A B C# D Bm B C# D E F# G A B E E F# G# A B C# D# E C#m C# D# E F# G# A B C# F F G A Bb C D E F Dm D E F G A Bb C D G G A B C D E F# G Em E F# G A B C D E A# A# C D D# F G A A# Gm G$ A A# C D D# F G# C# C# D# F F# G# A# C C# A#m A# C C# D# F F# G# A D# D# F G G# A# C D D# Cm C D D# F G G# A# C F# F# G# A# B C# D# F F# D#m D# F F# G# A$ B C# D# G# G# A# C C# D# F G G# Fm F G G# A# C C# D# F Vamos estudar algumas propriedades usando a tabela acima. a) Cada seqüência de notas é diferente entre os acordes. b) O primeiro valor (nota 1) é sempre igual ao oitavo. c) Usamos apenas a descrição dos sustenidos para os semitons. Entretanto, subtende-se também que são bemóis. Por exemplo, é G# igual a Ab. d) A tabela não acaba no oitavo valor, ela continua do nono a partir do segundo. Assim, a nona nota é igual à nota 2 e o décimo valor é o mesmo que o terceiro, etc. e) As notas da tabela criam uma equivalência de valor das notas para cada acorde. Isso significa que a nota F está para C assim como D# está para A#, pois representam o quarto valor na tabela para os respectivos acordes. 31
  • 32. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL f) Se as notas C, E e G formam o acorde de C (Dó maior), podemos concluir que esse acorde maior é formado pelos valores 1, 3 e 5. Com isso, podemos determinar que, valendo-se da relação de valores, eu posso formar todos os demais acordes apenas selecionando as notas equivalentes. Por exemplo, o acorde D será formado pela 1a , 3a e 5a nota de sua seqüência. Consultando a tabela, verificamos então que esse acorde será composto pelas notas D, F# e A. g) Não precisamos aprofundar muito, mas vale adiantar que os acordes menores também são formados pelas notas 1, 3 e 5 de suas escalas menores. Logo, o acorde de Cm existirá com a soma das notas C, D# e G. V-4 Acompanhando a melodia Lembra-se quando falamos sobre melodia e acompanhamento? (ver IV- 5) pois não estávamos brincando. Por trás da melodia (cantada ou em forma de arranjo instrumental) existe uma seqüência de acordes. Como o que você quer é cantar e não aprender acompanhamento instrumental, vale dizer que os acordes devem estar de acordo com a melodia. A regra é clara; a nota da melodia deve coincidir com uma das notas do acorde e não necessariamente com o próprio acorde. Com isso, o instrumento faz um único acorde e dentro dele, poderão ser executadas várias notas para a melodia. Quando precisar de notas diferentes para compor a melodia, altera-se o acorde. V-5 Valor prático das notas O interessante nisso tudo para quem quer cantar é ter em mente o valor das notas de uma seqüência. Você toca a primeira nota e sabe soar as demais na ordem e fora dela. Por exemplo, você canta as notas 1, 2, 3 e 4 e reconhece o valor de cada uma delas nessa ordem e, com um pouco de prática, pode pular da nota 1 para a 4 sem ter que fazer a escadinha (tocar as notas entre elas). Aí você saberá o valor que é a 1a e a 4a nota. Quando tiver esses valores infiltrados na sua cuca, automaticamente você saberá distinguir as notas de uma melodia assim que escutar pela primeira vez. Também saberá transportar as notas de uma tonalidade para outra. Confira a seguir. V-6 Transporte de tonalidades Recorde o verso da música “ASA BRANCA” que cantamos em IV-5. Sua seqüência de notas pertence à escala de G. “CO – MO É GRAN - DE O MEU A – MOR POR VO - CÊ” G E G E E G E F# D B G Podemos dizer que as notas usadas G, E, F# e B na seqüência de G corresponde respectivamente, aos valores 1, 6, 7 e 3. Sabendo disso, podemos usar esses valores para transportar essa melodia da escala de para qualquer outra. Vamos mostrar isso mudando a tonalidade G de para B: “CO – MO É GRAN - DE O MEU A – MOR POR VO - CÊ” B G# B G# G# B G# A# F# A# B 32
  • 33. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL De maneira similar, podemos fazer transposição de tonalidades facilmente para um objetivo convincente; adequar a melodia à sua voz. Cante o verso acima nas duas tonalidades (G e B) e repare em qual delas sua voz se adapta melhor. Se nenhuma servir, procure outra. Exercícios Básicos Sabe aqueles exercícios chatos da aula prática passada? Trate de gostar deles e comece esta – e todas as outras – por aí. Reconhecimento de valores das notas Esta aula visa treinar sua habilidade de reconhecimento de notas. Mais precisamente, dos valores das notas em uma seqüência. Vamos tomar por base a escala de C (Dó maior). Para tanto, procure a nota C da oitava mais adequada à sua voz e cante a seguinte seqüência, procurando compreender o valor de cada nota em relação a esta tonalidade. 1a seqüência = escala completa com todos os valores: C D E F G A B C 2a seqüência = valores originais do acorde maior (1, 3 e 5): C E G 3a seqüência = 1 (a nota original) e 4: C F C 4a seqüência = escala completa com todos os valores: C D E F G A B C 5a seqüência = 1 (nota original) e 2: C D C 33 Aula Aula
  • 34. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL 6a seqüência = 1 (nota original) e 7: C B C 7a seqüência = escala completa com todos os valores: C D E F G A B C 8a seqüência = 1 (nota original) e 5: C G C 9a seqüência = 1 (nota original) e 6: C A C 10a seqüência = escala completa com todos os valores: C D E F G A B C Cadê o ouvido? I Deu pra pegar? Teste seu ouvido tocando notas sortidas sem olhar para o instrumento, e procure descobrir que nota é. Cadê o ouvido? II Vamos pegar a música mais tocada no mundo como exemplo; “PARABÉNS PRA VOCÊ” e cantá-la no acorde de C (procure a oitava de acordo com sua voz). Para começar, vamos tocar no instrumento o primeiro verso e depois cantar. “PA – RA - BÉNS PRA VO – CÊ / NES – AS DA – TA QUE – RI - DA” G3 G3 A3 G3 C4 B3 G3 G3 A3 G3 D4 C4 C4 Moleza, não? Agora escreva o restante da letra da música com as respectivas notas se valendo da sua voz e seu ouvido. Cante o verso e procure as notas através da técnica dos valores das tonalidades. Cadê o ouvido? III Agora vai um truque infalível para você aprender a guardar na sua cabeça, de uma vez por todas, o som original e padrão de cada nota. É como se você instalasse um diapasão no seu ouvido. Pegue uma música que você conhece e canta com freqüência. Cante-a na tonalidade mais fiel à gravação original e procure descobrir no instrumento qual a nota da primeira silaba cantada. Agora confira se você cantou a nota na mesma tonalidade da gravação comparando as notas (a que escreveu depois que cantou e à nota original no disco). Se você cantou a nota corretamente é porque tem a tonalidade desta música de cabeça. Logo, sabendo que nota é essa, você poderá chegar a toda a escala comparando os valores das notas. Eu, por exemplo, quando quero cantar as notas no tom original, procuro me lembrar da música “UNCHAINED MELODY” (tema do Filme “Ghost – Do Outro lado da Vida”) que é da tonalidade de C maior e começa também com uma nota C. A partir dela eu calculo a altura das demais. 34
  • 35. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL VI-1 Cadê a segunda voz? A segunda voz se popularizou na música sertaneja e invadiu os espaços de outros ritmos. Mas, existe mesmo segunda voz? Se é que sim, como isso funciona? Existem sim, e não só a segunda como outras vozes que você poderá enumerar de terceira, quarta, quinta, sábado ou raios que o partam. Acontece que quando você tem um acompanhamento sobre a melodia, você conta com uma série de notas que formam o acorde tocado. A melodia original – a primeira voz -- terá que escolher uma das notas para cada tempo. Ficará então uma brecha das outras notas que poderão ser cantadas por outras vozes. Pegue este abaixo verso com sua melodia original e depois troque as notas: “PA – RA - BÉNS PRA VO – CÊ / NES – AS DA – TA QUE – RI - DA” Original = G3 G3 A3 G3 C4 B3 G3 G3 A3 G3 D4 C4 C4 2a Voz = E4 E4 E4 C4 E4 D4 D4 D4 D4 B3 B3 D4 E4 3a Voz = C4 D4 E4 E4 D4 G4 G4 G4 B4 B4 A4 G4 G4 Com essa modificação radical, criou-se duas novas melodias para uma mesma letra e acompanhamento. A maneira mais prática de procurar uma nova voz para um acompanhamento é observar as demais notas de um acorde. Se estiver cantando 35 Visite regularmente o site: www.erimilson.hpg.com.br Tem uma porção de novidades a cada atualização. Aproveite também para mandar sua mensagem com critica, sugestão ou dúvida. Contato: erimilson@ibest.com.br VI VI – Vozes das notas
  • 36. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL sobre o acorde de C, então você tem três notas originais que formam o acorde (C, E e G) e mais as mesmas notas em oitavas diferentes. Pegue três vozes (caso esteja em grupo) e sobre o acompanhamento de C, cantem as três notas do acorde a letra abaixo, cada um na mesma nota: “EU A – MO VO – CÊ” 1a Voz = C 2a Voz = E 3a Voz = G Sendo assim, você pode alterar qualquer melodia ou criar outras a partir da original colocando outras notas correspondentes ao acompanhamento. Reescrevendo vozes Reescreva novas vozes para musicas de apenas uma melodia, que você conhece e também procure as notas das vozes de músicas como “YOLANDA” de Chico Buarque e Simone, “POBRE MENINA” de Leno e Lilia, “NÃO APRENDI DIZER ADEUS” de Leandro e Leonardo que tem duas vozes bem definidas. VII-1 Agrado musical “Queria amanhã fosse, contudo amável. Aproximadamente vento vale conjunto”. A harmonia implica em agradar aos ouvidos com uma melodia bem composta, sons congruentes e num compasso alinhado. Noutras palavras; a música deve ter um sentido, suas notas devem ser harmônicas e combinar uma com as outras. Lendo a primeira linha deste tópico, diga-me; o que ele quer dizer? Nada, nadinha mesmo! Em matéria literária diz-se de textos sem nexo, sem harmonia, sem sentido. Embora junte palavras corretas, no geral, elas não dão um sentido a nenhuma idéia. É preciso, portanto, dar sentido à melodia executando-a fielmente de acordo com os critérios técnicos que estudaremos a seguir. VII-2 Afinação 36 Aula Aula VII VII – Harmonia e estilo
  • 37. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL Como já vimos, a escala padronizada apresenta sete notas inteiras e mais cinco semitons que representam os sons em uma melodia. Porém, existe ainda uma variação de tom entre uma nota e outra que produz uma dissonância, quer dizer, um som desafinado. O vocalista deve reproduzir o mais fiel possível, as notas dentro de uma afinação que obedeça ao padrão internacional da música – o som original das notas. A dica é imitar o instrumento. Toque uma nota ou uma seqüência delas e procure reproduzir com a voz. VII-3 Suavidade Não há nada mais irritante aos ouvidos que choro de bebê e voz estridente. Isso é típico de quem está forçando a garganta tentando dar o que não tem, o que prejudica sensivelmente os órgãos fonológicos. O som, ao contrário, deve sair suave, ainda que seja alto (agudo), sem forçar o gogó. Além disso, a voz deve soar, de preferência, a partir de uma ligeira elevação do volume. Também no final, deve-se tomar cuidado para não cortar a voz. Na maioria das vezes, o som é encerrado com um declive no volume, como se fosse sendo fechando o botão do volume. Entretanto, há casos em que o som é finalizado com um corte brusco, semelhante ao staccato. Não se pode é deixar a impressão que parou por falta de voz. Para isso, é fundamental uma boa respiração. Encha bem os pulmões e vá soltando o ar de acordo com o canto e sincronizando a resistência. Antes de puxar o novo oxigênio, expulse o anterior para caber mais. VII-4 Entre no compasso Aposto que já viu essa cena antes; alguém vai cantar acompanhando o instrumento tocado por outro e fica naquele jogo de olho como que perguntando “É agora que eu entro?” Depois, ele começa a cantar tão apressado que enquanto o músico toca a estrofe ele já está cantando o refrão. Após uma bronca – e quem sabe, vaias – o vocalista dá uma maneirada exagerada e acaba demorando tanto que o cara do instrumento sai pra tomar uma água até ele sair do primeiro verso. É que esse elemento simplesmente não sabe o que é compasso. Não tem noção do tempo certo de cantar. De fato, isto não é raro e talvez você aí seja protagonista de episódios idênticos – ou melhor, era. Com um bom treinamento é possível liquidar esse problema. A chave do sucesso é atenção e um truque; usar sua bateria virtual. Para aprender a acompanhar o ritmo certinho, inicialmente o melhor é bater o pé, bater palmas ou estralar os dedos simulando a bateria. A batida do pedal da bateria é geralmente o som mais forte, seguida de toques nas caixas e tambores. De maneira igual se segue aqui. É muito difícil sair do ritmo assim, só que nem sempre é possível – e apresentável – fazer esses movimentos. Com o tempo, eles podem ser substituídos apenas por batidas imaginárias dentro da sua cabeça. Também conheço quem imite a bateria com a boca. VII-5 Interprete cantando Você quer ser um cantor (cantora) ou um ator (atriz)? Que tal os dois? Pois saiba que uma das coisas mais vistosas num espetáculo ao vivo é a expressão, a forma de o cantor interpretar a letra fisicamente. 37
  • 38. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL Combina cantar “MEU BEM QUERER” de Djavan dando saltos no palco? Ou talvez dar risadas enquanto canta “GARÇOM” de Reginaldo Rossi? Dá pra imaginar uma cara triste do cantor durante a execução de um enredo de escola de samba? Claro que não. A feição deve combinar com o momento, a música em questão. Cuidado com o excesso nos gestos para não pegar mania. Por exemplo, Julio Iglesias canta apertando o estomago com a mão esquerda, José Rico, que faz dupla com Milionário, só emite agudos se imprensar o ouvido. VII-5 Volume uniforme Independente da variação de tonalidade (grave ou agudo) o som deve, em geral, se submeter a uma regularidade no volume. Pegue a canção “CANTEIROS” de Fagner e mande qualquer pé-rapado cantar o primeiro verso e ele vai cantar “Quando penso em você, fecho os olhos de...” num certo volume e em “... saudaaaaaaades” ele vai se rasgar todo. É um erro alterar o volume em proporções acentuadas. Isto acontece justamente no momento mais desnecessário; nas notas mais altas. Se a tonalidade é aguda, menos força será requisitada. Em contrapartida, no tom mais grave, onde o som é naturalmente mais baixo, requer-se mais esforço da voz para equilibrar o volume. VII-5 Microfone – o terror Ainda tem gente nesse mundo que odeia microfones. Que estupidez! Realmente há diferença entre cantar ao ar livre e cantar ao microfone. No primeiro caso, você se livra de acidentalmente engolir o objeto e no segundo, você pode cantar ou falar suavemente e ser escutado por milhares de pessoas. Ao cantar ao microfone, mantenha a voz nos mesmos moldes como se estivesse sem ele. Não precisa alterar o volume. Quem tem o trabalho de amplificar sua voz é ele. Também, não ponha o microfone dentro da sua boca. Mantenha uma distancia razoável (meio palmo aproximadamente) e regular. Esteja certo ainda que a qualidade da sua voz ao microfone dependerá tanto do equipamento e seus ajustes quanto de você. Daí, a necessidade de um agente externo. É indispensável ter som de retorno para que também escute sua voz. Cuidado também com ruídos e sons indesejáveis. O som da respiração ou um mastigado da boca podem ser captados pelo microfone. Também podem ser flagrantes alguns sopapos provocados no ato de falar ou cantar silabas com “p” ou “t”. Ou ainda, chiados prolongados com o uso de “s” ou “ce”. Conclusão Agora é hora de soltar a voz pondo em prática toda a técnica estudada aqui. Não esqueça as recomendações principais: • Postura • Aquecimento corporal 38 Aula Aula
  • 39. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL • Aquecimento vocal • Respiração adequada • Afinação • Suavidade na voz • Compasso • Volume uniforme • Expressão Se tiver aprendido tudo isso e conseguir por em prática, certamente estará pronto para encarar o palco. Do contrário, volte para o seu banheiro e fique por lá. # = Símbolo de sustenido. A = Letra que representa a nota de Lá e o acorde de Lá Maior. Acompanhamento = Fundo musical que preenche a melodia. Ver; Efeitos de acompanhamento. Acorde = União de notas musicais para acompanhar a melodia. Cada tonalidade tem uma série de acordes que podem ser maiores, menores ou relativos. Afinação = Harmonia entre os sons. Agudo = Variável da tonalidade do som para fino e alto. Oposto de grave. Arranjo = Efeito que se aplica sobre o acompanhamento da música. B = Letra que representa a nota de Si e o acorde de Si Maior. b = Símbolo de bemol. Baixo = Voz masculina mais grave. Cantor dotado dessa voz. Barítono = Voz masculina intermediária entre Baixo e Tenor. Cantor dotado dessa voz. C = Letra que representa a nota de Dó e o acorde de Dó Maior. Cifra = Representação gráfica de nota e acorde. Compasso = Organização do ritmo. Tempo de execução da melodia. Contralto = A voz feminina mais grave. Cantora dotada dessa voz. D = Letra que representa a nota de Ré e o acorde de Ré Maior. Desafinado = Sem harmonia entre os sons. Dissonante. Dissonância = Falta de harmonia e afinação entre os sons. Desafinação. Dó = Primeira nota musical. É representada pela letra C. E = Letra que representa a nota de Mi e o acorde de Mi Maior. Efeitos de acompanhamento = Ver; Arranjo, Introdução, Solo. 39 VIII VIII – Vocabulário musical
  • 40. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL Escala = Relação de notas ou acordes com determinada ordem e valores. Expressão = Interpretação física. F = Letra que representa a nota de Fá e o acorde de Fá Maior. Fá = Quarta nota musical. É representada pela letra F. G = Letra que representa a nota de Sol e o acorde de Sol Maior. Grave = Variável da tonalidade do som para grosso e baixo. Oposto de agudo. Harmonia = Afinação entre os sons. Introdução = Efeito de acompanhamento que precede a melodia. Lá = Sexta nota musical. É representada pela letra A. Melodia = Seqüência de notas que define a música e é cantada ou tocada em destaque nas músicas instrumentais. Mi = Terceira nota musical. É representada pela letra E. Nota musical = Representação dos sons preestabelecidos num escala com ordem e valores. As notas inteiras são sete; dó, ré, mi, fá, sol, lá e si. Completam a escala das notas os semitons sustenidos e bemóis. Oitava = Conjunto de notas inteiras entre o intervalo de duas notas iguais. Por exemplo, de um C1 a C2. Pianinho = Estilo de cantar soando as notas baixinho. Ré= Segunda nota musical. É representada pela letra D. Seminotas = Originalmente, eram sons intermediários entre as notas musicais. Posteriormente, tornaram-se notas representadas pelos sustenidos e bemóis. Si = Sétima nota musical. É representada pela letra B. Sol = Quinta nota musical. É representada pela letra G. Solo = Efeito instrumental executado no decorrer do acompanhamento. Soprano = A mais aguda voz humana. Cantor ou cantora dotados dessa voz. Staccato = Estilo de cantar soando as notas rapidamente e forte. Tenor = Voz masculina mais aguda. Cantor dotado dessa voz. Timbre = Identidade natural de cada som que permite sua distinção. Tom = Ver; Tonalidade. Tonalidade = Variação do som entre grave e agudo que estabelece as notas e acordes. Volume = Intensidade do som. Voz = Seqüência de notas que compõem uma melodia. 40
  • 41. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL 3. Articulação e Clareza do Som Cantar é um elemento da articulação. As palavras da música devem ser muito claras e objetivas, para causar um processo de ação e reação imediata. Para que isto aconteça, deve-se levar em conta dois processos: • Articulação: processo pelo qual os órgãos da fala moldam o som vocal em sons reconhecíveis da fala. • Interpretação: processo pelo qual se carrega o espírito ou significado da música através do modo como se executa. O primeiro passo para uma boa interpretação é o domínio de uma boa articulação. Tanto no canto, quanto na fala (a muitas pessoas), os movimentos articulares devem ser mais acentuados do que na conversação usual. Os elementos na figura acima estão intimamente envolvidos no que se refere à articulação e clareza do som. Qualquer alteração no funcionamento deles irá interferir no som emitido. Lábios 41
  • 42. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL Há pessoas que possuem um problema de excessiva tensão labial, o que impede a boa mobilidade e flexibilidade. Por outro lado, existem pessoas que possuem um tônus labial baixo, ou seja, flácido. A posição ideal para os lábios, é aquela que ajuda o rosto a Ter uma expressão agradável, feliz. Deve-se evitar puxá-los exageradamente para os cantos ou para frente quando se estiver cantando ou falando, pois isto pode modificar a qualidade sonora. Para aqueles com problema de tensão ou flacidez labial, existe um procedimento muito simples e bastante eficaz, sugerido pelo fisioterapeuta e fonoaudiólogo Noélio Duarte. Primeiramente, deve-se visualizar a boca e seus pontos-chave: Quem tem excessiva tensão, deve relaxar os lábios, apertando com o indicador e o polegar nos pontos indicados acima, seguindo a ordem numérica referida. Deve apertar cada ponto com firmeza, no entanto, sem exageros, durante 5 a 10 segundos. Pode ser incômodo, mas, ao final, os resultados vão valer à pena. Já quem tem lábios flácidos, precisa de tonificação. O procedimento é o mesmo, só que ao invés de apertar demoradamente, dá-se ligeiros apertões (apertando e soltando imediatamente) no mesmo sentido numérico do esquema. Estas pessoas também podem fazer exercícios do "i" ou do "u", torcendo a boca para um lado e para o outro. De um modo em geral, neste exercício das vogais, pode-se utilizar o "p" e o "b" para treino labial, pois estas consoantes são totalmente dependentes dos lábios. Língua A língua é o principal órgão da articulação, pois interfere na formação das vogais e consoantes. Em média, a língua trabalha numa velocidade de 370 movimentos por minuto. Cerca de 90% dos problemas que envolvem a língua são de tensão. Isso causa o ressecamento da boca pela retração constante da língua. Este posicionamento não estimula muito a produção de saliva em termos fisiológicos, e também interfere consideravelmente na emissão do som, por razões explicadas mais adiante quando falarmos da faringe. Existem, também, aqueles que precisam tonificar a língua, sendo caracterizados pelo acúmulo excessivo de saliva. 42
  • 43. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL A língua deve permanecer numa determinada posição, chamada de "posição de repouso", ao longo do "assoalho" da boca tocando os dentes inferiores. Veja os seguintes exercícios de relaxamento. - colocar a língua um pouco para fora da boca e morder levemente a pontinha da língua - pressionar a língua fortemente contra os dentes fechados por 5 segundos; Em seguida, deve-se associar os dois exercícios lentamente. Alguns problemas da pronúncia do "S" podem ser resolvidos com a colocação da língua na posição de repouso. Maxilar A tensão é um grande fator limitante da boa atuação dos maxilares. Pode-se perceber a tensão existente ao se fechar os dentes e engolir a saliva. Quando se canta de boca fechada ocorre isto. Por isso, aparecem dores após o ensaio ou apresentação, ou mesmo após a fala. O maxilar interfere nos músculos da face, modificando o poder de contração. Portanto, deve-se relaxar esses músculos, facilitando a abertura e a flexibilidade da boca e liberando os músculos da garganta. Nunca se deve usar posições forçadas, tais como empurrar o maxilar para frente, puxá-lo para trás ou trancá-lo numa posição. A sonoridade vai depender, em parte, da abertura que for dada ao maxilar. Em relação à tensão ao maxilar inferior, pode-se realizar alguns exercícios, lembrando que devem ter maior cuidado ao realizá-los aqueles com tendência à luxação do maxilar. 1. Lateralização Abrindo a boca e movimentando o maxilar para a direita e para a esquerda. 2. Abertura total Abrindo bem a boca por alguns segundos. 3. Projeção anterior Com a língua na posição de repouso, projetando-se o maxilar para a frente, permanecendo assim por alguns segundos. 4. Projeção posterior Com a ajuda de um dedo, fazendo-se um recuo do maxilar por alguns segundos. 43
  • 44. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL Faringe A faringe tem a função de ampliar o som, e embora não seja essencial para a articulação, está intimamente ligada à posição assumida pela língua. Seu melhor desempenho dependerá do comportamento da língua. A ampliação do som será tanto melhor quanto melhor for o espaço que o som puder ocupar dentro da boca. Como se pode ver neste esquema, a voz terá uma melhor ampliação na posição 1, a qual tem o dobro do tamanho da posição 2. Deve-se notar como o hábito tão comum da posição 3 diminui consideravelmente o espaço para a ampliação da voz. Existem exercícios que facilitam a aquisição do hábito da posição 1: - sabe-se que ao se fazer o movimento de engolir, a língua inicialmente sobe e em seguida, sua parte posterior desce. Então, com o dedo indicador e o polegar em cada extremo do maxilar inferior, faz-se o movimento de engolir. Quando a parte posterior da língua estiver descendo, mantém-se uma pressão para baixo, forçando os dedos, sem esquecer que a ponta da língua deve estar no padrão de repouso. - pode-se escolher um tom médio, e com as vogais "a", "o", e "u" as pessoas podem cantar variando 0 padrão de língua na posição 2 (representado pela vogal em minúsculo) e posição 1 (representada pela vogal em maiúsculo). Palato O palato se divide em 2 partes: o palato duro (céu da boca) e o palato mole (úvula, conhecida como campainha). O palato duro está envolvido com a projeção da voz, e o palato mole com a formação de sons orais e nasais. O som, na verdade, é formado por ondas. As ondas só se propagam em linha reta, daí a importância do palato duro aliado a uma boa postura da cabeça: Sabe-se que as narinas são responsáveis pela ressonância nasal. Porém, o som nasal só será emitido com a "permissão" do palato mole (a úvula). 44
  • 45. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL Sons nasais Sons orais Para emitir esses sons nasais, a úvula desce. Caso suba, os sons emitidos serão orais. O excesso ou a falta de nasalidade podem representar sérios problemas de voz, afastando-se da normalidade e modificando o som original que deveria ser produzido. A origem dos problemas pode estar no hábito de colocação errada da voz, até problemas mais sérios, como tumores, sinusite, adenóide e excesso de muco. . O Mau Uso da Voz Deve-se ter em mente que o mau uso da voz não começa ao se cantar de forma errada, mas sim ao se falar de forma errada. Os cantores estão duplamente expostos a ter problemas nas cordas vocais. Por isso, é necessário saber como preservar a voz tanto ao se falar quanto ao se cantar. O início dos problemas nas cordas vocais pode ser sutil, uma rouquidão aqui, uma dorzinha ali. No entanto, este é um assunto extremamente imporfante para ser ignorado, pois, às vezes, o descaso pode levar à perda completa da voz. Ao menor sinal de que algo não vai bem com as cordas vocais, ou em qualquer outro órgão envolvido com a fonação, deve-se procurar um especialista, o fonoaudiólogo. Um dos problemas comuns é sentir gosto de sangue na boca após uma apresentação musìcal, ou se falar muito. Apesar de o ferimento ser minúsculo, gotículas de sangue são jogadas pelo ar na boca, causando essa sensação. Outra sensação comum é o de areia. As dores, geralmente, são em pontadas. Com o tempo, uma simples lesão podese tornar em uma espécie de cicatriz chamada fibrose, apresentar vários cistos, calos e até mesmo se tornar em um tumor. Timbre Um erro comum, porém muito grave, é em relação ao timbre. O timbre é o fato determinante do tipo de voz: soprano, mezzo soprano, contralto, tenor, barítono e baixo. O timbre de uma pessoa não é escolhido aleatoriamente, ele existe por razões anatômicas: o tamanho da laringe. Por exemplo, os homens que têm o "gogó" pronunciado ou pontiagudo têm maior facilidade de ressonância, e consequentemente voz mais grave. O desconhecimento disto é muito sério e pode destruir a voz de uma pessoa. Muitas pessoas com características de voz grave têm cantado por aí com uma voz aguda e vice-versa. Alguns deles até com uma voz "linda". Porém, esta voz "linda" foi apenas fabricada, e não vai durar muito. 45
  • 46. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL Em quase 100% das pessoas existe um padrão anatômico determinante do timbre. Diz-se que as pessoas com pescoço comprido e "gogó" proeminente possuem timbre grave (baixo e contralto); pessoas com pescoço de tamanho médio com pouca proeminêncìa possuem timbre médio (barítono e mezzo); e pessoas com pescoço mais curfo, praticamente sem saliência possuem um timbre agudo (tenor e soprano). Cantar e falar fora do próprio timbre natural pode provocar um destimbramento vocal, ou seja, uma descaracterização da voz com perda da qualidade. Tensão da Corda Vocal Em relação à tensão da corda vocal, podem ocorrer 3 tipos de problemas: 1. Frouxidão completa 2. Excesso de compressão 3. Desequilíbrio no funcionamento Na Frouxidão completa, as cordas não se fecham totalmente, resultando em um som soprado, pois uma dose excessiva de ar está fluindo, e devido a esta interferência na voz, a pessoa fará mais esforço para produzir sons. Quando há excesso de compressão, as cordas vocais ficam muito apertadas. Isto pode ser devido a tensões, falta de orientação técnica, e resulta em um som difícil, tenso, irritante, estrangulado ("taquara rachada"), forçado, provocando tensão nos outros músculos associados na produção vocal. Havendo Desequilíbrio no funcionamento das cordas vocais (ora tensas, ora relaxadas), ocorrerão mudanças sensíveis na produção do som vocal. O ideal é que a corda fique num meio termo, suficientemente contraída para não deixar o ar escapar rapidamente. Sustentação e Força Os problemas de sustentação de nota e também a falta de força sonora (voz de pouco alcance, volume), tem sua origem nos produtores (elemento do aparelho fonador), ou mesmo em razões pessoais, como o medo de soltar a voz, talvez não por falta de capacidade, mas por não ter aprendido a usá-la. Então, é necessário um trabalho de conscientização de voz orientada por um professor de canto. Por outro lado, a pessoa que tem o hábito de falar alto demais, não pronunciando bem as palavras, correm um alto risco de apresentar calos de corda vocal, além de outros problemas como dor de cabeça, sinusite, faringite, e até mesmo cáries pelo desgaste do esmalte. Perda de Tons A perda de tons, não é, necessariamente, um problema vocal. Esta é uma questão mais ligada a um fator hormonal. As crianças possuem timbres muito semelhantes, não sendo distintos os timbres de meninos ou meninas. Porém, por volta dos 10 -12 anos, o corpo começa a receber uma descarga de hormônios, e os rapazes passam por um processo de transição de voz mais significativo que as moças, pois podem chegar a perder até 7 tons, enquanto que as moças apenas cerca de 3 tons. 46
  • 47. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL Outra situação que isto acontece é nas mulheres após os 45 anos, devido a perda de hormônios, com uma perda de cerca de 3 tons. Isto pode ser remediado com a reposição hormonal, sob prescrição médica, evidentemente. Nos homens, após 50-55 anos, ocorre o oposto, pois têm sua voz agudizada, também por questões hormonais. Quando se cuida bem da voz, as mudanças são mais sutis, não provocando nenhum distúrbio vocal. 5. Mitologia Vocal A maioria das pessoas acredita em certas formas de terapia para tratar a voz. Essas crendices são infundadas, portanto incorretas. Voz Cansada Alguns dizem que a voz cansada é uma coisa natural ou normal depois de uma fala prolongada, ou mesmo fala leve. Falando assim, fica parecendo que os músculos da laringe e faringe (músculos que produzem voz) se cansassem e aceitassem a rouquidão, a ardência ou mesmo a perda parcial da voz, faringite e até laringite como algo plenamente normal. Outros acreditam que algumas pessoas nascem com garganta débil, ou com voz insuficiente, e que sempre tenderão a transtornos vocais. Isto tudo não é verdade, e sim coisa de gente mal informada, pois a voz bem empregada não se cansa, não produz sintomas negativos e nem esforços extras para falar. O uso constante em si não leva a problemas de voz; o que causa esses problemas é o uso indevido, mal administrado, abusivo e vocalização incorreta. A voz bem definida (tom apropriado, entonação e ritmo corretos) pode ser usada durante jornadas de trabalho de até 8 horas diárias. No entanto, deve-se lembrar que o cansaço físico acarreta cansaço vocal, assim como a saúde geral do indivíduo deve ser levada em conta. O que deve acontecer é identificar o problema e procurar o especialista, seja médico, fonoaudiólogo, professor de canto, e não sair por aí fazendo as receitinhas caseiras aleatoriamente, pois além de não trazer benefícios, podem, algumas vezes, constituir riscos em potencial. É comum se confundir faringe e laringe ao se pensar nesses preparados e receitas. É importante se ter em mente que nenhum desses xaropes, chás e gargarejos chegam até as cordas vocais. Basta conhecer a anatomia para verificar este fato: À menor gota ou farelo tocar as cordas vocais, desencadeia-se um processo muito desagradável de tosse, desespero, falta de ar. Alguns especialistas acreditam que não se deve fazer o gargarejo com o objetivo de medicar as cordas vocais, uma vez que o líquido não chega efetivamente até elas. 47
  • 48. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL Alguns métodos caseiros podem ser até úteis, porém durante períodos limitados, apenas mascarando os sintomas verdadeiros sem eliminar a causa do problema, que pode ser uma vocalização incorreta ou uso abusivo da voz, ou até problemas como faringite. Problema Central Um erro freqüente é a não focalização no problema central causador da doença. Assim, muitas pessoas chegam a trocar de profissão para usar menos a voz, ou fazer um repouso vocal exagerado (que não é significativo nas terapias da voz), e até mesmo, alguns se utilizam de tranqüilizantes por tempo indefinido. Os relaxamentos (ioga, meditação transcendental, regressões psíquicas...) não devem ser tentados como resolução do problema vocal. A pessoa deve procurar um especialista. Educação Vocal Um grande mito é que só se educa a voz para o canto. A voz falada merece tanta atenção quanto a voz cantada, pois uma pode acabar interferindo na outra. Há casos de pessoas que perdem completamente sua voz devido ao modo de falar errado, sendo às vezes necessário uma cirurgia para a retirada das cordas vocais. Existem "dicas" para "melhorar" a voz que são tão fora da realidade que chegam a agredir a inteligência. Algumas destas são o uso de lápis ou bolinhas na boca durante a fala; fazer massagem com álcool canforado na garganta; fazer vocalizes com grande intensidade, de madrugada, para aumentar a extensão vocal... Diante de tais afirmações, é preciso usar o bom senso e perceber que se deve trabalhar os órgãos envolvidos na produção do som com sensibilidade, conscientização, percepção. Algumas "receitas" podem ser perigosas, podendo causar até queimaduras. E alguns vocalises feitos com grande intensidade levam à Parafonia Hipercinética (distensão das cordas vocais). Aquecimento Vocal A laringe é muito sensível, e é um dos primeiros órgãos a ser afetado diante do estresse, emoções, cansaço e outros. Isso faz com que haja modificação na voz, e muitas vezes, a situação obriga às pessoas a forçarem seu "instrumento ". E, algumas vezes, a situação se torna pior, pois "soltam" a voz de qualquer jeito , sem um aquecimento prévio. O aquecimento vocal é tão importante para o cantor quanto o aquecimento físico é para um jogador de futebol, por exemplo; pois pode evitar lesões importantes. Por outro lado, não é correto gastar tempo demais "esquentando" a voz. Há pessoas que passam 30 minutos neste processo, e ao final, em vez de terem "aquecido", terão é mesmo "fervido" a voz. Isto resulta em pouca produtividade durante o período que se segue. O ideal é que o vocalise não exceda 5 minutos. Existe uma técnica elaborada por um pesquisador fonoaudiólogo chamada "Manipulação da Laringe". Ainda há controvérsias quanto ao uso deste método, mas aparentemente não há nenhum efeito colateral maléfico. Ele consiste em o que seria uma "massagem" na laringe, em 48