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“ANDRÉ”,
Um exemplo de fé.
“Quero trazer à memória o que pode me dar esperança;
E a esperança é que:
Todo aquele que invocar o Nome do Senhor será salvo.”
Em memória de:
André Bianchi Machado
09/01/1998
 01/10/2006
Por João Braz Machado,
Pastor da Igreja Metodista Wesleyana.
Disse Jesus:
“Eu sou a ressurreição e a vida,
quem crê em mim, ainda que morra, viverá;
e todo o que vive e crê em mim não morrerá, eternamente”.
João 11:25,26.
“A PALAVRA MOVE,
MAS O EXEMPLO ARRASTA.”
Agradecimentos:
Ao meu Deus, Eterno e Soberano Senhor de toda criação, por ter sido Ele meu
principal Sustentador nos momentos mais tenebrosos de nossas vidas, por ter sido Ele
também que me possibilitou escrever este testemunho e mesmo em meio a muitas
lágrimas motivou-me a continuar colocando em meu coração a certeza de que o mesmo
produziria muitos frutos para o teu Reino e que eu deveria prosseguir;
“SOMENTE Á ELE TODA GLÓRIA ETERNAMENTE!”.
Á minha esposa Débora, pela dedicação especial para com a minha vida,
entendendo minhas muitas fragilidades, mas companheira fiel, amável e carinhosa,
sempre me incentivando continuar, mesmo derramando lágrimas juntamente comigo.
Aos meus filhos, Fillipe, Suellen e Mateus (Este último filho genro) pela garra, pela
bravura, pelo companheirismo, pela demonstração de carinho e amizade vividos em família
em momentos tão desafiadores e principalmente pelo amor, carinho e cuidados dedicados
ao Andrezinho em todo o tempo.
Também a minha filha Naiara (Filha nora, esposa do Fillipe) que embora tenha entrado para a
família após todos estes acontecimentos, tem compreendido bem de perto a nossa dor.
Vocês são muito especiais para mim, compreendo que tiveram que amadurecer e se
tornarem adultos forçadamente, talvez até mesmo antes do tempo, em meio a
circunstâncias da vida.
Aos parentes e amigos que também deram todo incentivo, entendendo que pra
mim era demasiadamente difícil relembrar fatos tão doídos, situações difíceis e
angustiantes, mas que em muito edificaria vidas, por isso, foram muitas as vezes que
ouvia alguém dizer: “A história do seu filho tem que ter um livro”, e nestas palavras
encontrei motivação para dar início à escrita deste testemunho, com o desejo de que ele
seja edificante e auxilie pessoas nos desafios da vida.
Aos irmãos das mais diversas Igrejas e amigos da cidade de Urupá (RO), onde meu filho
viveu seus últimos dias, obrigado a todos pelo carinho a nós dedicado, pelas ajudas concedidas,
vocês tem um espaço todo especial em meu coração, certamente que serão inesquecíveis em
nossa vida, pois, deram provas concretas de que o amor de Cristo habita em vós. OBRIGADO!
Ao meu irmão Joel e minha cunhada Eneidir, obrigado pelo acolhimento dentro da casa
de vocês, pelas lágrimas derramadas juntos com a gente, pelas orações, foi dentro da casa de
vocês que meu filho produziu muitos frutos para o Reino de Deus.
Um “muito obrigado” especial aos amigos da saúde do Hospital das Clínicas em Belo
Horizonte, pela dedicação e esforço observados em prol de todos os pacientes, vocês foram
muito mais do que profissionais durante todo o período que aí estivemos vocês serão
eternamente lembrados por mim e toda família, vocês não deram ao meu filho apenas
medicamentos ou ofereceram um tratamento formal da medicina, vocês ofereceram também
carinho, atenção, amor e amizade, demonstraram que não são apenas profissionais com um
curso universitário, mas são, acima de tudo, gente como a gente que muitas vezes, embora com
um conhecimento maior, sentem-se limitados diante de desafios tão grandes, solidarizando-se
conosco e compartilhando, além dos conhecimentos acadêmicos, a dor da perda, vocês não
são apenas agentes da saúde, mas acima de tudo também grandes agentes de amor, que
o Eterno e Poderoso Deus os abençoe sempre!
Com eterna gratidão,
João Braz Machado
Prefácio:
Um dos valores mais importantes agregados à vida de alguém é a família que porventura
ele tenha conseguido constituir, e de um modo muito especial, os filhos que gerou – os
filhos que Deus lhe deu.
Como é belo e venturoso a um pai poder acompanhar o desenvolvimento de seu filho,
um ser tão frágil e dependente durante suas primeiras semanas de vida.
Fragilidade que, pela ordem natural das coisas, se estende e atenua na medida em que
ele vai se desenvolvendo.
Muitas preocupações e sustos assaltam o coração dos pais durante esse período em
especial; mas a verdade é que tais medos e sensações concernentes aos filhos,
geralmente acompanham os pais ao longo de toda a sua vida.
Estou tendo a honra, o privilégio de prefaciar uma obra que, longe de ser um
trabalho formal de cunho biográfico ou pedagógico, consegue transpirar em cada uma
de suas páginas saudade, amor e sentimento de profunda gratidão a Deus; e tudo isso
como um memorial, devido a uma frágil vida que, durante o curto tempo de sua
existência, conseguiu um feito que poucos têm conseguido ao longo de uma vida inteira:
“Transmitir um testemunho brilhante em meio à dor, uma fé concreta e realista em meio
às incertezas que circundavam o seu mundo limitado, devido à evolução de uma cruel
enfermidade que resistia a todas as tentativas feitas por especialistas habilidosos, no
sentido de debelá-la do seu corpinho enfraquecido pelo agravamento intermitente do
seu quadro de saúde.”
Não tive convivência pessoal com André, nem mesmo participei com ele de seus
derradeiros dias. Todavia, mediante tudo o que li sobre sua jornada de dor nesta obra e
o que ouvi dos lábios de seu pai sobre sua vida e morte, me convenceram que André
Bianchi Machado foi uma criança cheia de vida, enriquecida por uma fé bíblica
extraordinária, com uma incrível capacidade de fazer feliz qualquer que se interpusesse
em seu caminho.
Era o orgulho de seus pais – João Braz e Débora, seus irmãos – Fillipe, Suellen e
Mateus, seu cunhado, e seus familiares; além de todos os que o conheciam de perto.
Sua vida revelava traços de inteligência acima da média e uma habilidade especial para
se comunicar e impressionar aqueles que conversavam com ele.
Poderia ser alguém com uma longa e próspera carreira pela frente.
No entanto, seus dias estavam contados.
Na ampulheta da vida, os grãos de areia que determinavam o seu tempo de existência
entre nós já não eram muitos.
Teria sido André um pequeno profeta, de curta existência, mas capaz de deixar
marcas indeléveis produzidas por seu brilhante testemunho? Ou um dedicado
evangelista sendo impedido de cumprir plenamente sua missão devido à morte precoce?
Não sei ao certo. Todavia, de uma coisa tenho plena certeza: era um menino que amava
a Deus e que por Deus era amado. Isso ficou claramente demonstrado nas frases soltas
que produzia, ao terminar a quimioterapia:
“Já, mãe? Que beleza! Ir pra casa é bom demais! Mas, melhor ainda é ir pro
Céu!”.
Nas orações que proferia e no modo como encarava a sua própria dor, parecia
entender o “por que” de tamanho sofrimento.
A iniciativa do seu dedicado pai, João Braz, pastor da Igreja Metodista Wesleyana
em Divinópolis-MG, em publicar esta obra, não é apenas um tributo à memória do seu
querido filho, mas também um legado aos que necessitam aspirar o perfume exalado
pelo testemunho de “André um exemplo de fé” – uma contribuição valiosíssima a todos
os que passam por drama semelhante.
Belo Horizonte, 31 de janeiro de 2009.
Bispo Calegari
Superintendente da 2ª e 4ª Região Eclesiástica
Igreja Metodista Wesleyana
Introdução:
Deus é soberano, quanto a isso não existe controvérsia!
Mas o que levaria Deus, a permitir situações muitas vezes traumáticas na vida de seus
Servos?
Como uma criança tão pequena e de tanta fé, com toda certeza de que Deus o havia
curado de sua enfermidade vem a falecer totalmente cega e pedindo a Deus que
restaurasse a sua visão? Como tantas pessoas que não tem Jesus podem ser edificadas e
obterem desejo de segui-lo uma vez que contemplam tanto sofrimento em meio aqueles
que depositam Nele total confiança? Estas e muitas outras perguntas às vezes pairam na
minha mente, são indagações que em momento algum refletem inconformidade com o
que Deus faz, mas sem dúvida deixam-nos a refletir. Pobre homem que sou! Quanta
limitação para indagar coisas às vezes inexplicáveis que somente a eternidade nos
revelará, se assim for a vontade do soberano Deus.
Pensando nestas coisas tomei a iniciativa de escrever este testemunho ocorrido com
meu filho André que não precisou de muitos anos para marcar a sua história, apenas oito
aninhos foram o suficiente para deixar recordações inesquecíveis.
Dizem que lembrar o passado é sofrer duas vezes, em algumas situações posso até
concordar com essa expressão, mas no que diz respeito ao Andrezinho, lembrar-se do
passado é adquirir lições de vida que nos deixam mais próximos de Deus, lembrar-se de
uma criança totalmente cega com tumores espalhados pelo seu lindo rostinho e,
contudo isso permanecer louvando a Deus pelo que Deus É, e não somente pelo que Ele
faz é com certeza uma característica nata de um verdadeiro “Obreiro Aprovado”.
Estas coisas fazem com que enxerguemos que às vezes somos ingratos com Deus,
quando pensamos em desistir diante de problemas tão insignificantes em relação aos
que ele enfrentou, temos a certeza de que essa graduação de “Obreiro Aprovado” ele
não perdeu, levou consigo para a sepultura esta medalha.
A saudade é muita, a dor é intensa e sem remédio, mas também não poderia ser
diferente, pois “SAUDADE É O AMOR QUE FICA”.
Lembrar-se de tudo que passamos dói muito, contudo não posso de maneira
alguma me calar diante de um grande testemunho de fé, que será sem dúvida edificante
para sua vida, reconheço perfeitamente que o maior testemunho para conduzir as
pessoas á Cristo, é a sua própria morte no calvário, se isso não for o suficiente nada mais
o será, no entanto insisto em compartilhar com você o que Deus fez e tem feito em
nossa vida, espero poder ajudá-lo para a glória de DEUS PAI.
Agradeço a Deus pela oportunidade que Ele me concede de escrever um pouco da
história de meu filho querido e amado, que mesmo tendo uma morte prematura nos
ensinou o que é ser um verdadeiro servo do Senhor, sua morte deixou claro uma coisa:
“O amor verdadeiro, nem a morte pode destruir, a prova disso é que ele não esta mais
no nosso meio, mas será eterno em nossos corações” (Frase de Fillipe Bianchi irmão do
Andrezinho).
Relutei muito para não escrever este livro, tentei por algumas vezes esquecer todo
passado, na verdade não estava disposto a relatar coisas que mexem com nossas
emoções, causam saudades e nos fazem chorar, mas o desejo de ser útil a alguém, e
acima de tudo engrandecer e exaltar o nome de Deus venceu-me, e fez com que eu
anulasse minha própria vontade. Portanto se este livro puder ajudá-lo em sua
caminhada, serei profundamente grato a Deus e compreenderei então que conseguimos
êxito em extrair alguma benção do sofrimento, das lágrimas e da morte de meu tão
amado filho André, estou certo de que a enfermidade, e a vida do Andrezinho tornaram
este livro possível, e a sua morte o tornou necessário, imagino que relatando essa
história de fé e heroísmo de uma criança, e acima de tudo o cuidado de Deus para com
ela, estarei de alguma forma contribuindo para conduzir as pessoas a uma Viva
Esperança, a um caminho de fé, coragem, confiança e determinação, este foi o caminho
que o Andrezinho percorreu confiantemente em toda sua jornada, uma criança de
apenas 5 aninhos que com determinação, coragem, confiança e fé ensinava a todos que
estavam ao seu lado a ver sempre o lado bom em tudo e extrair coisas positivas em
momentos aparentemente tão negativos, conforme dizia a sua médica: “Ele arrancava
gargalhadas em momentos que só pediam lágrimas.” (Dra. Raquel Baumgratz - HC - BH).
Este livro não pretende explicar Deus, suas ações e seus propósitos, e mesmo que
fosse esta a pretensão certamente jamais conseguiria, ele também não pretende
fornecer princípios de autoajuda para transpor problemas, acerca desta matéria já
existem prateleiras e mais prateleiras lotadas em bibliotecas e livrarias de nossas cidades
e, no entanto a humanidade continua prosseguindo sem vida, sem esperanças e sem
soluções, o objetivo deste livro, então, talvez venha fugir de tudo aquilo que quem sabe
você gostaria de ler, não é um livro de “autoajuda”, mas um livro que aponta para a
“AJUDA DO ALTO” é do alto que vem o socorro no momento da dor, angústia e
sofrimento. Relato uma história real que nos trouxe muitas lágrimas, dores e sofrimento;
apesar disto não é de meu interesse narrar uma desgraça de uma família e de uma
criança, pois entendo perfeitamente de que escrever um livro que contaria as pessoas o
quanto sofremos não faria bem a ninguém, entendo, portanto de que este livro tem que
ser uma afirmação de VIDA E ESPERANÇA. Ele tem de dizer que ninguém nunca nos
prometeu uma vida livre de dor e desapontamentos, no entanto temos uma promessa
fiel de nosso Senhor Jesus de que não estaríamos sós em nossa dor e que poderíamos
obter ajuda sobrenatural do Senhor Todo Poderoso, dando-nos a força e a coragem que
necessitamos para sobreviver às tragédias e às iniquidades da vida, e ainda fazendo-nos
crescer em meio a estes momentos tão indesejáveis por todos nós, portanto relato nesse
livro um testemunho real da ação poderosa de Deus em momentos tão difíceis, hoje sou
uma pessoa mais sensível, um Pastor mais amoroso, um Conselheiro mais compreensível
um Analista mais eficiente por causa da vida, enfermidade e morte do meu André,
entretanto confesso que eu renunciaria a todos esses ganhos em um segundo se
pudesse ter o meu filho de volta, e continuar sendo pai de um garoto brilhante e feliz,
porém não posso escolher o que Deus fez em sua infinita bondade e sabedoria está feito,
não nos cabe lastimar e permitir que sejamos dominados pela dor da perda e da
saudade, só nos resta nos colocarmos a disposição do Senhor para que no final de tudo
seja farta a colheita de almas para o Reino de Deus, contudo o que passamos e temos
passado resta dizer: DEUS SEJA LOUVADO! DEUS É BOM EM TODO TEMPO, E EM TODO
TEMPO DEUS É BOM.
Por que escrevi este livro:
Este livro é a história de uma criança que mantinha uma VIVA ESPERANÇA EM
JESUS, acima de qualquer situação, em certo sentido o escrevi ao longo de três anos e
três meses desde o dia em que ouvi a palavra “Leucemia” e que aprendi o seu
significado, eu sabia que acabaria tendo de enfrentar o declínio e a morte do André caso
Deus não tivesse propósito em curá-lo, e sabia que, depois que ele morresse, eu sentiria
a necessidade de escrever um livro para partilhar com outras pessoas de como
conseguimos continuar acreditando em Deus e depositando fé incondicional após tão
profundos ferimentos, embora também mantivesse a esperança de podê-lo escrever
narrando uma cura Divina com meu filho ao meu lado, que aos nossos olhos seria
incomparavelmente melhor.
Mas este livro tem uma finalidade específica e certeira que é de conduzir você a um caminho
de uma Viva Esperança, conscientizá-lo de que em meio a dores, lágrimas e frustrações Deus
trabalha em função de sua própria vida, o apóstolo Paulo escrevendo aos Romanos diz que, a
tribulação produz perseverança, e a perseverança experiência e a experiência esperança.
”E não somente isso, mas também gloriemo-nos nas tribulações; sabendo que a
tribulação produz a perseverança, e a perseverança a experiência, e a experiência a
esperança; e a esperança não desaponta, porquanto o amor de Deus está derramado em
nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”. Rm 5:3-5. Como você pode ver
existe uma sequência de aprendizado que nos é oferecido em meio às tribulações, é
necessário, portanto que aprendamos as lições que a vida oferece-nos a oportunidade
para aprender. Também em Tiago 1: 2, 3 e 4, temos a seguinte recomendação:
“Irmãos tende por grande alegria ao passardes por várias provações, sabendo que a prova da
vossa fé desenvolve perseverança, ora a perseverança deve terminar a sua obra para que sejais
maduros e completos não tendo falta de coisa alguma''.
Nada acontece somente por uma fatalidade, em todas as coisas Deus tem o controle, Ele é o
Todo Poderoso e sempre quer nos ensinar, há um ano e meio aproximadamente, eu
pensava estar terminando este livro, já fazia as divisões de capítulos quando de repente
de forma involuntária, é claro, talvez devido ao excessivo cansaço de várias madrugadas
em claro, apaguei tudo sem condições de recuperação, tive meu trabalho totalmente
perdido depois de seis intensos meses de dedicação, horas e horas perdidas de sono pela
madrugada, lágrimas e lágrimas de dor e saudades rolando pela face, pensava eu estar
terminando todo trabalho escrito em meio às muitas lágrimas de sofrimento, saudade e
emoções.
Como em tudo Deus tem um propósito, na noite anterior eu havia pregado na igreja um
sermão exortativo, enfatizando que deveríamos sempre estar dispostos a recomeçar
nosso projeto de vida, sem desistir facilmente de nossos propósitos, recomeçando
sempre, quantas vezes fossem necessárias, entendi então que Deus estava agindo
naquele momento, e que o trabalho perdido era uma oportunidade que Ele estava me
dando de aperfeiçoá-lo, entendi que talvez Deus não estivesse preocupado com a escrita
de um livro grande, com muitas páginas, mas tão somente de um grande livro que
pudesse transmitir de forma clara, simples e objetiva, uma mensagem que edificaria
vidas para sempre em pouco tempo de leitura, para assim cumprir o verdadeiro
propósito de sua escrita, foi aí então que decidi recomeçar e agora, depois de uma longa
trajetória de recordações tristes e dolorosas, você tem nas mãos um grande testemunho
de fé.
Relato toda a história de uma criança que com apenas 5 aninhos iniciou corajosamente
uma luta contra a leucemia, sempre de cabeça erguida, nos dando de forma
sobrenatural um grande exemplo, através de gestos, palavras e com a sua própria vida, e
mesmo sentindo na pele infortúnios de uma terrível enfermidade demonstrou que é
perfeitamente possível louvar e engrandecer o nome de Deus em qualquer situação.
A história do pequeno-gigante André (pequeno em estatura e gigante na fé) que com a
convicção de que Deus é sempre fiel, lutou contra a leucemia durante 3 anos e 3 meses,
sem nunca negar a sua fé, passou por um doloroso e terrível transplante de medula
óssea, e sempre dizia: “Pai, mãe, vamos ter paciência que um dia tudo isso vai passar,
porque nada é eterno, Eterno é só Jesus, tudo passa só Jesus é que não passa, Ele é
eterno”. Em todo esse tempo, foi um exemplo de vida em obediência e temor a Deus,
por onde passou deixou marcas e lições extremamente profundas em seus
relacionamentos, ele não precisou de oitenta anos para nos ensinar grandes coisas, 8
aninhos foram suficientes para marcar as nossas vidas, registrar a sua história, cumprir
fielmente a sua missão e deixar saudades eternas. Meu guerreiro, vencedor e campeão,
amigo em todo tempo dedicado filho, brilhante criança cheia de humor e desejo de viver
foi transportado para a Nova Jerusalém no dia 1 de outubro de 2006 e como era o seu
maior desejo escrever um livro dando o seu próprio testemunho, Deus nos possibilitou
fazê-lo mesmo na sua ausência, o que não esta sendo fácil, mas cremos que veremos os
frutos deste penoso trabalho florescer, e então para a glória de Deus poderemos dizer
em alto e bom som: “Missão Cumprida, valeu o sofrimento as lágrimas e a morte do meu
filho, suas lágrimas, suas dores, suas angústias, seu sofrimento e a sua própria morte
produziram frutos para o Reino de Deus, aleluia, grande é o Senhor”.
A minha oração é que este testemunho seja edificante para a sua vida, se isso não
acontecer me sentirei frustrado no cumprimento de minha missão, e toda esta narrativa
não terá sentido, certamente que não terá valido a pena relembrar momentos e
recordações tão doídas que nos trouxeram tantas angústias, portanto desarme-se agora
de todo preconceito e, em nome de Jesus, deixe que o Espírito Santo de Deus fale ao seu
coração, se você passa por um momento difícil como eu e minha família passamos e
temos passado com a ausência do Andrezinho, o meu sincero desejo é que você também
possa experimentar o que nós temos experimentado: “O consolo que excede todo
entendimento”. Consolo esse que só vem da parte do Senhor, que nos dá força para
prosseguir para que também possamos consolar, veja o que diz a Bíblia em II Co. 1:3 e 4.
“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai de misericórdias e Deus de
toda consolação, é ele que nos conforta em toda nossa tribulação, para podermos
consolar os que estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que nós mesmos
somos contemplados por Deus”.
No encerramento do testemunho, nas últimas páginas você encontrará alguns
depoimentos de pessoas que conviveram com o André, alguns escritos antes de seu
falecimento, portanto estão na íntegra, não fiz absolutamente nenhuma alteração para
que você possa fazer a sua própria avaliação do testemunho que ele dava para as
pessoas ao seu redor durante sua enfermidade, você verá que ele consolava quando
precisava ser consolado.
Devo ainda lhe dizer que é totalmente permitido reproduzir, xerocar, copiar enfim
usar qualquer meio que facilite a divulgação deste livro gratuitamente, pois o meu
grande lucro é ver vidas sendo edificadas e almas rendendo aos pés de Jesus, para a
glória de Deus Pai, lembrando ainda de que este livro esta disponibilizado no meu blog:
www.gratidaodeadorador.blogspot.com – Peço que compartilhe, por favor, e juntos
cooperaremos com a edificação de muitas vidas para que Deus seja engrandecido,
exaltado, glorificado, louvado e honrado por sua fidelidade.
Com muita honra e orgulho de ter tido um filho tão valente com relação os
desafios deste mundo e ao mesmo instante extremamente temente ao DEUS ALTÍSSIMO,
carinhosamente te desejo uma boa leitura e que Deus te abençoe.
O Autor
João Braz Machado
“CAMPEÃO NÃO É
SOMENTE AQUELE
QUE SEMPRE VENCE,
MAS TAMBÉM
AQUELE QUE NUNCA
DESISTE DE LUTAR”.
Valeu filhão, tenho orgulho de ti!
Capítulo 1 - Como tudo começou
Era mês de julho de 2003 quando fomos surpreendidos com uma terrível enfermidade
na vida de meu filho André, na época com apenas cinco aninhos, era um lindo menino,
muito inteligente como todos os meus demais filhos, porém tinha características
diferentes, teve o privilégio de ter lindos olhos azuis, e cabelos loiros, éramos uma
família de cinco, eu, Débora minha esposa, Suellen, Fillipe e André, meus filhos queridos,
o bem mais precioso que Deus tem me dado, tudo ia muito bem dentro das
normalidades de qualquer família, quando de repente o que a princípio parecia ser algo
muito simples, tornou-se um grande pesadelo e mudou completamente a nossa vida,
para nós era apenas um inchaço facial devido à alguma intoxicação alimentar e que o uso
de um medicamento antialérgico resolveria o problema, mas não era tão simples assim e
naquele dia 1º de julho de 2003, pude entender literalmente a força da expressão: “O
mundo desabou sobre a minha cabeça e o chão se abriu”, frase frequentemente usada
em momentos de desespero e grandes desafios, após alguns exames no hospital
concluiu-se que o inchaço facial era devido a um tumor alojado entre o coração, pulmão
e veia aorta, com isso a circulação sanguínea do meu filho estava toda comprometida, as
veias estavam comprimidas pelo tumor impossibilitando assim a normalidade de toda
circulação, e como se tudo isso não bastasse, outro exame também indicava que 95%
das células da medula que foram pesquisadas estavam doentes, ou seja, apenas 5%
estavam sadias, o que nos parecia ser apenas uma intoxicação alimentar era
verdadeiramente um câncer no sangue, ou seja, a temível e terrível Leucemia, no
momento em que recebi a notícia parecia que o mundo havia desabado sobre mim,
como poderia o meu filho estar com um diagnóstico tão comprometedor? Eu que tinha
horror a hospital e nunca consegui ficar muito tempo dentro de um, ás vezes, fazia
visitas rápidas a alguém que precisasse, mas só o cheiro de hospital, as cenas ali vistas e
os gemidos dos pacientes sofrendo representavam para mim um quadro totalmente
insuportável, tudo isso teve que mudar, conceitos caíram por terra e de repente estava
diante de uma realidade nunca vivida por mim, totalmente imprevisível, um mundo de
sofrimento, mas também de grandes experiências com Deus haviam atingido totalmente
o nosso lar e toda família. A primeira maneira de querer me esquivar do quadro
assustador que estava diante de mim, foi não acreditar na veracidade dos exames,
acreditei piamente que os exames haviam sido trocados pelos de outro paciente, ou até
mesmo o aparelho responsável pela liberação dos resultados estava com defeito,
descartei definitivamente todas as possibilidades do meu filho estar doente, mas mesmo
diante destas possíveis hipóteses, saí da sala do médico com uma certeza: “Deus é
fiel”, e como uma flechada, meu coração foi invadido pelas palavras do salmista
narradas no salmo 108: “Firme esta o meu coração, ó Deus! Cantarei e entoarei louvores
de toda a minha alma”. E é bem verdade que as palavras deste salmo tem sido fonte de
consolo para mim e toda família, que, embora vivendo com a dor da saudade,
continuamos com nossos corações firmes, cantando e entoando louvores ao Deus que
tudo pode e que tudo faz segundo a sua boa, perfeita, agradável e soberana vontade.
Reconhecidos e fortalecidos na mais plena convicção de que Ele fez o melhor na vida do
Andrezinho, não nos competindo discutir a maneira que Ele usou para fazê-lo,
prosseguimos para o alvo amando a Deus sobre todas as coisas e entregando nossas
vidas inteiramente aos cuidados do Mestre e Senhor, temos tomado como exemplo para
vivermos hoje o que o Andrezinho sempre viveu, pois nos momentos difíceis de seu
tratamento ele sempre nos dizia cheio de fé: “Não se preocupem com resultados dos
meus exames, eu estou nas mãos de Deus, e Deus não depende de exames para cuidar
de mim, quem depende de exames são os médicos, mas eu não estou nas mãos
deles”. Meu filho foi verdadeiramente um exemplo de fé, mostrou com sua própria vida
e não com uma cartilha de ensino, que é possível honrar a Deus durante as tempestades
da vida, viveu na própria pele infortúnios de uma enfermidade traiçoeira e de um
tratamento angustiante, sempre de cabeça erguida, arrancando gargalhadas em
momentos que só pediam lágrimas, fazendo com que lembrássemos continuamente das
palavras do apóstolo Paulo: “... porque aprendi a viver contente em toda e qualquer
situação”. (Fl.4:11b). E com ele, então, aprendemos que viver contente é uma questão
de aprendizado, o Andrezinho provou que podemos ter uma vida melhor
independentemente das circunstancias, basta reconhecer que Deus está no controle e
valorizar seus cuidados sobre nós, quantas vezes nos esquecemos do zelo de Deus para
conosco, temos a incrível mania de nos apegar em tão pequenas coisas e nos
esquecemos de tão grandes feitos do Senhor em nossa vida.
Quando tudo isso começou a acontecer, nos apegamos com mais firmeza ao Senhor,
lembro-me bem que quando cheguei em casa e compartilhei o diagnóstico do
Andrezinho com os familiares muitas lágrimas rolaram em cada face, porém foi em meio
a tantas lágrimas que DEUS deu uma linda canção ao meu cunhado Dalton que dizia:
“Não há nada que me faça afastar de ti,
Nem as lutas ou temores podem apagar
O desejo que eu tenho é de me esconder
Em teus braços, tão seguro, posso confiar.
Aos meus olhos os problemas não têm solução
Cada passo que eu dou parece ser em vão.
Quando penso em teu poder firmado esta minha fé
Em um DEUS que até os mortos pode levantar
Eu posso abrir meu coração e te adorar
Mesmo depois de a noite escura contemplar
O sol se abrir ao amanhecer
Na minha vida se renovaram as
misericórdias do Senhor.”
Esta canção que serviu de tanto conforto, esta gravada no 2º cd de meu cunhado
Josimar Bianchi intitulado “Quero te ver”.
Já éramos uma família evangélica, não imaginávamos ainda o caminho que
percorreríamos, não fazíamos nem idéia de como Deus manifestaria as suas grandezas
em todo aquele processo que estava só começando.
Não pensávamos que dentro do nosso lar, Deus enviaria alguém com uma missão tão
especial para exaltar e glorificar o seu Nome. “A Deus e somente a Ele toda glória”.
Mas antes de prosseguir entrando em mais detalhes, quero compartilhar um sonho que
minha esposa teve antes de todos estes acontecimentos, e mais ou menos uns 30 a 40
dias depois deste sonho, nosso lar foi bombardeado com a enfermidade do Andrezinho.
O SONHO DA DÉBORA:
Sonhou a minha esposa que: “Eu, ela e o André havíamos sido enviados a um local
para realizar uma missão que na verdade ela não teve definições claras durante o sonho,
o grande detalhe é que temos mais dois filhos, Suellen e Fillipe, mas no sonho minha
esposa só via o André junto conosco. Quando chegamos ao local a que fomos enviados,
minha esposa disse que encontramos pessoas entristecidas, revoltadas e sofrendo muito,
e no próprio sonho ela chegou a me dizer que era pra gente voltar pra casa, pois pensava
ela que as pessoas não gostavam de nós, tamanha era a tristeza estampada no rosto de
cada um, era um local com muitas árvores, uma grande avenida movimentada e um
parque de diversões bem próximo. Houve um dia que o André sumiu, procurávamos por
toda parte e não o encontrávamos, após muita busca sem sucesso retornamos para casa
e ao chegarmos ao portão contemplamos uma grande tragédia, pois a casa que
morávamos havia desmoronado, havia móveis despedaçados, cacos de vidros por todo
lado, toda a laje havia caído, mas as paredes permaneciam em pé, ficamos desesperados
tentando imaginar o que poderia ter acontecido, em meio a muito entulho começamos a
procurar o André imaginando que possivelmente estivesse ele soterrado pelo
desmoronamento e depois de alguns instantes de procura ela o encontrou dormindo
debaixo do entulho, porém totalmente ileso sem nenhum arranhão, ainda no sonho ela o
abraçou e disse: Glória a Deus que protegeu o meu filho”. Ao dizer isto acordou, e pela
manhã ela compartilhou comigo esse sonho, e eu disse que iríamos orar, porque não
tinha a mínima idéia do que pudesse ser, embora no fundo imaginasse sim que seria algo
não muito bom, hoje não tenho dúvidas que era tão somente uma comunicação Divina,
do que estaria por vir, de certa forma isso nos fortalece porque entendemos que já havia
uma permissão e um propósito de Deus em todas as coisas que estariam por acontecer
na vida de meu filho. Quando internamos o André esse sonho me veio à tona numa
madrugada lá no hospital, comecei então a entender de forma mais precisa o seu
significado, o local do sonho era com muitas árvores, avenida movimentada e um parque
de diversões próximo, para quem conhece o hospital das Clínicas em Belo Horizonte sabe
perfeitamente que toda descrição do sonho é característico da região, o local ali é
totalmente arborizado, a Avenida Alfredo Balena é extremamente movimentada e é bem
próxima ao Parque Municipal. E as pessoas entristecidas e revoltadas que apareciam no
sonho? Você já parou para pensar que em um hospital tristeza e revolta são
características notáveis na vida dos que ali estão? Também outro detalhe do sonho não
passou despercebido, o fato de que as paredes estavam em pé, demonstrando de que as
estruturas não foram abaladas, deu-nos a entender de que eu e a Débora estávamos
firmes em meio à catástrofe ocorrida, e foi exatamente desta forma, com certeza, que
Deus pela sua infinita misericórdia, nos manteve firmes durante todo o tratamento do
nosso filho. Não há dúvidas de que Deus ainda nos fala por meio de sonhos, porém
temos que ter cuidado, pois nem todo sonho é de Deus, nem todo sonho vem de Dele,
tem muito sonho de barriga cheia e de fruto de sua imaginação, contudo Deus é real, e
nem por isso ele deixa de falar. Ao tomar consciência da tarefa que estava sobre nossos
ombros não hesitamos, pois entendemos de que a obra de Deus a ser realizada era ali, e
urgente, sei que frutos foram produzidos pela misericórdia de Deus, através da minha
vida e da vida de minha esposa Débora e do meu filho André, e mesmo em meio às lutas
contra aquela enfermidade, não medíamos esforços para glorificar a Deus e falar do seu
poder e amor em qualquer situação, foram várias as vezes que o deixei no quarto
sozinho e ia orar por outras crianças que estavam na mesma situação que ele.
Algumas vezes, quando voltava o encontrava dormindo, ele nunca reclamou disso, muito
pelo contrário, sempre facilitava.
Muitas vezes eu é que ficava receoso de ir para não deixá-lo sozinho, mas ele dizia: “Vai
pai, pode ir que as pessoas estão precisando de oração”. Não consigo me lembrar destas
coisas sem ser tomado de emoções, meu filho sempre foi um guerreiro incansável, entendia
a obra que Deus havia nos confiado, e sabia convictamente que ele era imprescindível
integrante desta comissão, e porque não dizer, talvez o principal integrante, considerando de
que na verdade ele é quem sofria na pele as consequências da terrível, traiçoeira e drástica
enfermidade.
Todos nós sabemos que consolar não é fácil, pois consolar é levar vida, esperança e paz
em meio às situações mais difíceis, é apresentar uma saída quando parece estar tudo
perdido, o Andrezinho sabia fazer isso muito bem, com palavras, ações, gestos e com a
sua própria vida, ele é quem consolava quando precisava de consolo, ninguém pode
entender isso se Deus assim não o revelar, meu filho sempre foi extremamente usado
por Deus, portanto a Deus toda glória eternamente, foram dias de terríveis sofrimentos
para todos nós, mas ainda assim posso dizer que não vai valer a pena e sim VALEU A
PENA.
Capítulo 2 - No Hospital
Com muita educação, profissionalismo, carinho e respeito, uma equipe médica
nos instruiu acerca de quais recursos teriam disponíveis para o tratamento, lembro-me
com clareza quando indaguei de uma médica acerca de quanto tempo de vida, segundo
a medicina, meu filho teria com aquele diagnóstico, ela me olhou com firmeza e disse
que gostaria de ter resposta melhor para me dar, mas infelizmente não tinha, e que
somente Deus poderia me responder, disse-me ainda que o caso do Andrezinho era
muito grave e seria bom que estivéssemos preparados, pois nem mesmo eles sabiam
como ele ainda respirava sem ajuda do oxigênio, devido ao tumor alojado entre o
coração, pulmão e veia aorta, entendi então que nas entrelinhas talvez ela estivesse me
dizendo: “Na verdade pai, nem sabemos como o seu filho ainda esta vivo”. Pensei
comigo mesmo, se eles não entendem como o Andrezinho ainda esta respirando sem
ajuda do oxigênio, então é porque o milagre já foi feito glória a Deus, em seguida eles
nos informaram da agressividade da quimioterapia que se iniciaria e a possibilidade do
Andrezinho não resistir nem mesmo as primeiras sessões, contudo Deus o fez forte e
além de não haver grandes efeitos colaterais conforme previsto, o tumor desapareceu
quase todo em apenas uma sessão de quimioterapia, constataram isso porque após a
primeira seção o Andrezinho teve febre alta e foi necessário fazer um Raio-X do pulmão
para prevenirem contra um possível agravamento do quadro clínico, considerando de
que febre alta em pacientes após quimioterapia é um grande risco, pois, pode
representar um início de uma infecção grave e incontrolável.
Com o resultado do Raio-X, puderam então detectar uma considerável regressão do
tumor não esperada, uma vez que segundo os próprios médicos não era possível que
com apenas uma seção quimioterápica o tumor diminuísse tanto, e com 40 dias ele
desapareceu totalmente, em tudo víamos a boa mão do Senhor operando
maravilhosamente, Deus seja louvado! Ele é fiel! No entanto, mesmo sendo Deus fiel,
não nos poupou de alguns momentos terríveis naquele hospital, mesmo com todos seus
cuidados dispensados sobre o André com toda a certeza Ele estava tão somente
desejoso de nos proporcionar crescimento, conforme nos diz as sagradas
escrituras: “Muitas são as aflições do justo, mas o Senhor de todas o livra”. Sl.: 34, 19.
Nunca vou me esquecer dos primeiros contatos com os médicos, as primeiras
informações, primeiros exames, primeiros resultados, são coisas muito marcantes em
minha vida.
Conforme disse anteriormente, pensávamos ser uma intoxicação alimentar e, ainda em
casa, antes mesmo de levá-lo ao hospital, minha esposa tirou todos os alimentos de alta
caloria da alimentação do Andrezinho, o Toddy também entrou na lista é claro, ele
amava Toddy e quando já no hospital após resultados dos exames falamos pra ele que
não era intoxicação, ele abriu um lindo sorriso e disse: ”Eba, então eu posso continuar
tomando Toddy, ainda bem que é outra coisa, tá vendo, vocês me deixaram com
vontade a tôa”. Quanta pureza, quanta simplicidade, quanto ensino. Lembro-me sem
muito esforço dos primeiros dias de meu filho ali naquele hospital, foram dias que
marcaram a minha vida, a dele, e com certeza a de tantos outros que também ali
estavam, com apenas cinco aninhos já entrou ali evangelizando através da música, o dia
inteiro tocava um violãozinho de madeira que eu havia lhe dado e cantava uma canção
de um grupo musical evangélico chamado Metal Nobre que dizia:
“Quando os problemas invadem o teu ser,
e a solução já não consegue ver.
Amigos já não há que possam te ajudar
cansou de procurar sem encontrar
Já em teus olhos lágrimas não há
e os teus sonhos fogem da tuas mãos
sozinho a seguir sem uma direção
cansou de procurar sem encontrar
Louvai por sua vida,
louvai mesmo sem saída.
Louvai em qualquer situação,
Não, não vai entregar sua vida,
Deus tem sempre uma saída.
Seja qual for a situação”
Médicos e enfermeiras costumavam pedir para ele repetir algumas frases da
música porque não havia entendido bem, ele então repetia, com toda certeza Deus
aplicou sua mensagem.
Logo que ele foi internado, observou que as crianças eram carecas (efeito das
quimioterapias) e passou a não querer mais tomar banho, e ele sempre foi uma criança
extremamente higiênica e logo não querendo tomar banho, sua mãe indagou dele qual
seria a razão foi quando ele disse: “Eu já observei mamãe que todas as crianças aqui
são carecas, deve ser a água do chuveiro desse hospital, e eu não quero ficar
careca.” Ele era apaixonado com seu cabelinho loiro usava sempre o melhor shampoo e
sempre cheiroso.
Quanta inocência, e quantos ensinamentos obtiveram ali através da vida de meu filho
todos quantos estavam em seu redor, quanta fé, força e vontade de viver, quanto
testemunho do que é ser servo de verdade, mesmo em meio a uma série de exames
dolorosos ele sempre dizia: “Papai, não quero ver o senhor chorando, Jesus vai me
curar, dói muito mais ver o senhor chorando, dói mais que a própria dor do exame que
foi feito em mim”. Quantas saudades do meu filho! Ele me ensinou grandes coisas com
pequenos gestos e até mesmo sem gesto algum, apenas com seu olhar sincero e singelo
expressando sua total confiança em Deus, e sua simplicidade em servir ao Senhor.
Durante todo tempo do tratamento que teve, o Andrezinho pronunciava coisas
que muitas vezes nos deixavam apreensivos e ao mesmo tempo consolados,
compartilhava sonhos e às vezes ele próprio avaliava seu quadro clínico e em muitos
resultados preocupantes de exames ele sempre dizia: “Não se preocupem com esses
resultados, isso é apenas um exame, o importante é o que eu estou sentido, e Deus
está cuidando de mim”. Muitas foram às vezes em que Deus o usou para colocar paz no
meu coração, houve um dia no hospital que eu estava muito aflito, a situação dele não
era muito boa e ele começou a insistir comigo para providenciar uma luva descartável
para ele, aquelas luvas elásticas que médicos e enfermeiros usam, eu relutei um pouco
alegando que as luvas eram para o trabalho dos enfermeiros, mas pelo cansaço ele
acabou me convencendo, isso era bem comum entre nós e eu acabei providenciando a
luva, então ele pediu para que eu a enchesse de água e amarrasse, e eu enchi de água e
amarrei conforme o seu pedido e ficou aquela mão muito grande, eu não esperava tão
grande lição que aprenderia naquele momento, foi ai então que ele deitou, pegou a luva
da minha mão, colocou em seu peito, olhou para mim e disse: “Sabe o que é isso papai?
É a mão de Deus que esta sobre a minha vida”. Por estas e outras razões eu não posso
deixar de acreditar na fidelidade de Deus para conosco, algumas vezes ele me pegava de
surpresa com algumas indagações, e não adiantava dar qualquer resposta, tinha que ser
resposta lógica.
Houve um dia no hospital em que ele me perguntou onde se encontrava ouro, eu lhe
respondi, e por si próprio ele concluiu que ouro era difícil de conseguir, eu concordei
com ele dizendo que era difícil sim, então ele olhou para mim com certa admiração e
disse: “Ouro é difícil pai, mas todo mundo quer porque tem valor, e por ter valor às
pessoas não medem esforços para consegui-lo, assim são as coisas que fazemos para
Deus, pode ser difícil, mas temos que ir até o fim porque as coisas para Deus são mais
valiosas do que o ouro, então não podemos desistir delas”. Na verdade ele não sabia, e
eu não havia comentado com ninguém ainda, mas naqueles dias eu estava ponderando
tirar uma licença e me afastar temporariamente do exercício pastoral considerando de
que estava difícil conciliar os cuidados sobre a Igreja e o tratamento do Andrezinho que
tomava todo nosso tempo, muitas vezes eu saia do hospital e ia direto para a Igreja por
isso estava difícil. Não posso nunca, em momento algum deixar de dar á Deus toda glória
devida ao teu nome por essas palavras ungidas e exortativas que saíram da boca de meu
filho, incentivando a minha caminhada e mostrando que ele era um menino valente, e de
certa forma alertando-me de que a recompensa de Deus viria, era só uma questão de
tempo, mas era necessário permanecer sem desistir. Lembro-me com muita facilidade
também de um sonho que ele compartilhou comigo em uma de suas internações.
Disse ele que estava brincando com seus dois primos, Caio e Israel quando de repente
ele caiu em um buraco muito fundo e escuro, vieram então dois anjos, cada um de um
lado e seguraram em seus braços e o conduziu para um lugar muito bonito, ele me
contou o sonho e me perguntou o que significava, eu disse que iríamos orar e depois
falaria com ele, mas na verdade nunca tive coragem de dizer-lhe o que eu havia
entendido do sonho, pois perguntei a ele imediatamente se os anjos haviam retornado
com ele depois para continuar brincando com os primos e a resposta foi negativa, a
partir daquele dia Deus começou a trabalhar comigo a possibilidade de ter de encarar a
partida do Andrezinho para as Mansões Celestiais.
Muitas vezes, ao sair do hospital, ele todo feliz com a alta recebida ainda no
elevador dizia: “Ta vendo pai, pra tudo tem que ter paciência, o dia que eu cheguei aqui
eu chorei pra não ficar, agora já passou, tô indo embora, tem que saber esperar não é
mesmo, tem que ter paciência”.
Só mesmo uma criança com uma missão tão especial poderia compreender estas coisas,
por mais que eu escreva ainda vou me esquecer de muitas coisas edificantes que ele
dizia, pois na verdade não esperava escrever este testemunho em um momento tão
difícil com tantas saudades e só o faço porque sei que todo o tratamento do meu filho foi
para a glória de Deus, e assim a morte do meu filho também é e será sempre para a
glória de Deus, estou plenamente certo de que meu filho cumpriu sua missão com toda
fidelidade ao Senhor, e agora que aprouve ao Senhor recolhê-lo à Jerusalém Celestial,
tudo que ele passou tem que continuar com o objetivo fundamental de glorificar e
exaltar a Deus, se houvesse um meio de ele comunicar conosco eu sei que certamente
ele me pediria que eu continuasse firme com Deus e sem nunca desistir de anunciar as
suas maravilhas. Para ele não posso fazer mais nada, já não me pertence mais, nunca
mais ele poderá vir até a mim, mas eu irei até ele, estou certo disso em nome de Jesus, é
claro que o desejo que devemos ter de ir para o céu, não pode ser apenas o de encontrar
um ente querido lá, até porque essa questão de reconhecimento no céu é um assunto do
qual não se pode fechar questão, vamos nos ater apenas ao que Deus nos revela, mas
encontrar um ente querido pode ser uma complementação, no entanto a motivação
primordial de desejar o céu tem que ser o desejo de estar com Jesus, e apesar de não
poder fazer mais nada pelo Andrezinho, eu penso que posso fazer para Deus, sabendo
que através deste testemunho posso contribuir para edificação de vidas aos pés de
Jesus, pois não existe absolutamente nada neste mundo que seja tão gratificante do que
trabalhar em prol do Reino de Deus, por esta razão insisto em escrevê-lo mesmo em
meio à dor da saudade, Deus há de me recompensar, estou certo disso, serão
recompensas em nível muito mais elevado do que se possa imaginar, não recompensas
terrenas apenas, pois nos ensina o apóstolo Paulo de que não devemos esperar somente
nesta vida, nenhuma recompensa aqui é tão valiosa quanto a que Deus tem para nos
oferecer de maneira graciosa e fiel, minha recompensa está muito além desta terra, “Se
a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de
todos os homens.” 2º Coríntios 15:19.
Desta vida quero apenas o consolo de Deus pela perda de meu filho e trabalhar
incansavelmente para Jesus, autor e consumador da nossa fé, pois é preciso entender
que a morte de Jesus na cruz, não foi somente para nos salvar, claro foi esse o objetivo
principal, contudo Ele morreu também para que você não viva de uma forma egoística só
para você, veja o que diz o apóstolo Paulo: “E Ele morreu por todos, para que os que
vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e
ressuscitou.” (ll Co. 5:15). Tudo que Deus reservou de melhor para nós esta muito, além
disto, aqui, “Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração
humano, o que DEUS tem preparado para aqueles que o amam.” (l Coríntios 2;9). Esta
palavra fiel e verdadeira é a fonte de conforto para todos nós, sabemos que a salvação
do Andrezinho está garantida e ele já está seguro, onde almejamos chegar com a graça e
as misericórdias de Deus, temos muitas saudades, mas quem ama quer o melhor e o
melhor para o Andrezinho seria estar com Deus, e não em nossa campainha, por isso a
Deus toda Glória para sempre. A grande recompensa é o que Deus tem preparado,
portanto, fiquemos firmes, sem vacilar, pois Deus é fiel para cumprir todas as suas
promessas, como nos diz as Santas Escrituras:
“Deus não é homem, para que minta; Nem filho do homem para que se arrependa.
Porventura, tendo ele prometido, não o fará? Ou, tendo falado, não o
cumprirá?”. (Nm23:19.
Capítulo 3 - Consultas Ambulatoriais
Quando o Andrezinho não estava internado tínhamos constantes consultas no
ambulatório, quem faz esse tratamento ou acompanha alguém que faz conhece bem de
perto essa rotina. Lembro-me de certa vez que a consulta estava demorando muito e eu,
impaciente, não aguentava mais e comecei a questionar sobre a demora, porém,
entendendo perfeitamente que a demanda é bem maior do que os recursos disponíveis
aos profissionais da saúde para a execução do trabalho, aliás, eles fazem mais do que
podem, são mais do que profissionais da saúde, são agentes de carinho e compreensão.
Contudo devido a alguns comentários que fiz, sua mãe me disse que era para dar glória a
Deus, porque a consulta estava demorando, mas o Andrezinho estava bem,
imediatamente ao ouvir o que sua mãe disse olhou pra ela e retrucou dizendo:
“É assim mãe, dar glória a Deus porque eu estou bem? Fica sabendo que se eu não
estivesse bem tinha que dar glória a Deus também”.
Esse era o Andrezinho, a sua expressão não foi absolutamente nada além da palavra de
Deus que diz: “Em tudo dai graças!” (I Ts. 5:18). E hoje, mesmo na sua ausência, temos
aprendido a dar graças a Deus porque ele nos ensinou isso, verdadeiramente um servo em
qualquer situação, procurava ver sempre o lado bom das coisas e se apegava no positivo.
Às vezes chorava quando tinha que internar, é claro que isso é natural, afinal ele era apenas
uma criança e tinha suas limitações, mas quando passava o momento de tristeza ele dizia:
“Pai, ficar internado é ruim e é bom ao mesmo tempo. É ruim porque a gente só fica preso
dentro de um quarto e não pode brincar a vontade, mas também é bom porque aqui eu estou
sendo tratado para viver mais.”
Ele sabia da gravidade de sua enfermidade, nunca escondemos isso dele, mas sabia
também de que a sua enfermidade era nada aos olhos do Senhor, que poderia curá-lo.
Certo dia, após um exame chamado punção lombar, quando é feita a retirada de um
liquido na coluna e ao mesmo instante é aplicado o medicamento para evitar
comprometimento da enfermidade no cérebro, o que na verdade é também uma
quimioterapia, após então esta aplicação o Andrezinho foi conduzido à outra sala para uma
quimioterapia endovenosa, chegando lá ainda soluçando com dores do exame anterior, ele
estendeu os dois braços e disse a enfermeira: “Pode pegar qualquer veia, em qualquer braço,
porque meu sangue é bom, meu sangue é de primeira”.
Imediatamente eu olhei para a enfermeira que estava mais próximo de mim e falei bem baixo
para ele não ouvir: “Somente uma criança pode agir assim, passando por um momento tão
difícil sorrindo e bem humorado”. Mesmo usando um tom de voz mais baixo ele ouviu o que eu
dissera e mais que depressa me respondeu assim: “Sabe por que, que eu estou sempre
sorrindo e bem humorado pai? É que eu sou feliz, eu sou muito feliz”. O Silêncio permaneceu
alguns segundos dentro daquela sala, onde muitos estavam fazendo quimioterapia, os
pacientes e enfermeiros olharam entre si e alguém quebrou o silêncio dizendo: “Que menino é
esse? Isso não existe!”.
Naquele mesmo dia ele saiu com outra antes de ir embora, quando sua mãe lhe
disse que já havia terminado a quimioterapia ele se levantou e disse bem alto: “Já mãe? Que
beleza! ir pra casa é bom demais, mas melhor ainda é ir para o Céu”.
Sem dúvida isto alegra o meu coração porque com toda a certeza a felicidade do Andrezinho
não estava vinculada as circunstâncias que o cercavam, mas acima de tudo na união que ele
tinha com Cristo Jesus, ele não dependia de momentos favoráveis para ser alegre, ele tinha
alegria constante por ter o fruto do Espírito, ele sabia da presença contínua de Jesus com ele,
e por esta razão vivia na dimensão da fé e apropriava-se continuamente das conquistas de
Cristo na cruz do calvário em nosso favor, entendia literalmente e guardava as palavras do
apóstolo João: “Pois todo que é nascido de Deus vence o mundo. Esta é a vitória que vence o
mundo a nossa fé.” (1ª João 5:3).
Lembro-me de certa vez que regressávamos do hospital, após uma bateria de
exames, passamos o dia inteiro no hospital e já era noite quando retornávamos, ele
estava no banco traseiro do carro de uma forma pensativa, percebi o seu silêncio e logo
imaginei que alguma coisa muito especial e com certeza criativa se passava naquela fértil
mente, pois o conhecia muito bem e aqueles lindos olhinhos brilhantes não me deixavam
dúvidas de naquela cabecinha alguma coisa estava sendo maquinada, não hesitei e
perguntei a ele o que estava pensando, sem muitas palavras ele olhou para mim e disse:
“Tô pensando aqui pai, que ainda bem que o Fillipe e a Suellen (seus irmãos) não tem
essa doença, porque esse tratamento é osso”.
Fiquei deslumbrado com a bondade de meu filho em relação aos seus irmãos, ele sabia
que ninguém merecia sofrer tanto, mesmo tendo mais ou menos 6 pra 7 anos nesta
época, tão pequeno sempre deixava claro que jamais desejaria que alguém passasse o
que ele estava passando, foi sempre um guerreiro vencedor, encarando de cabeça
erguida a realidade da vida de fato será sempre um eterno campeão.
“E sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus,
daqueles que são chamados segundo o seu propósito”. Rm. 8:28 -
Este versículo sempre foi uma grande realidade em nossas vidas durante todo processo
de tratamento do Andrezinho, muitas foram as vezes que Deus cuidou do meu filhinho
de forma tão especial, era muito comum a falta de medicamentos quimioterápicos e
também a falta de resultados de exames na data prevista, embora isto trazia graves
comprometimentos no tratamento e muitas foram as vezes em que a Débora ficava
tensa porque não tinha medicamentos necessários e também resultados não estavam
sendo entregues a tantos pacientes, as pessoas saiam nervosas e revoltadas criando um
clima muito ruim, enquanto isso eu e Débora orávamos e quando chegava a vez do
atendimento do Andrezinho sempre ouvíamos a seguinte expressão dos atendentes:
“Nossa como o Andrezinho é de sorte, os exames dele foram os únicos que saíram e
também os medicamentos deles foram os únicos que vieram”. Em tudo isto nós
compreendíamos que era tão somente a mão de Deus trabalhando em nosso favor, pois
para o André nunca faltou o que rotineiramente faltava aos demais pacientes inclusive
crianças, vale muito a pena servir ao Senhor, creio que a graça de Deus nos capacita a
entender estes cuidados especiais.
Capítulo 4 - O Transplante
Foi um ano e meio de tratamento intensivo, quimioterapias, consultas, exames, internações
programadas outras imprevisíveis, em meio a tanta turbulência crescemos muito na graça e
no conhecimento de Deus, grandes experiências o Senhor nos concedeu durante todo esse
tempo, hoje podemos dizer talvez como disse Jó: “Bem sei que tudo podes, e nenhum dos
teus planos pode ser frustrado. Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te
veem”. (Jó 42: 2 e 5.) Aliás, acerca desta história de Jó vale à pena tecer um breve
comentário para que você não se torture talvez por estar passando por um momento difícil.
A Bíblia diz no capítulo 1, logo no início do livro, no versículo 1, diz que Jó era homem íntegro
e reto, temente a Deus e que se desviava do mal, mas mesmo com grandes virtudes não foi
poupado de uma situação conflitante, foi provado, não por ser injusto, mas por ser justo, não
por ser infiel, mas por ser fiel, foi um homem digno de ser provado por Deus e tentado por
satanás por uma única razão: “Fidelidade para com o Senhor ”.
Portanto eu gostaria que você pensasse em tudo que tem passado, pare de arrancar pecados
do fundo do baú, achando que são eles os causadores desta situação, pare também de
revoltar-se com Deus, isso só vai piorar as coisas, entenda que Deus não é seu adversário
neste momento e sim seu grande aliado.
Após todo esse período de um ano e meio, com tudo correndo bem, havia
grandes possibilidades de em breve, encerrar o tratamento, a sua médica sempre dizia
que ele estava surpreendendo por sua resposta ao tratamento, mas como em todas as
coisas a vontade de Deus se revela, foi durante então um simples exame de rotina que
constatou mais uma vez que a enfermidade estava se manifestando de forma muito
agressiva, com exceção do tumor que já havia desaparecido com apenas 40 dias de
tratamento, agora um novo exame apontava que das células da medula que foram
pesquisadas, mais uma vez, 84% estavam comprometidas, o mundo outra vez pareceu
desabar sobre nós, tínhamos que iniciar do zero, tudo de novo.
Foi ai então que a equipe médica chegou à conclusão que somente o transplante de
medula óssea poderia dar mais chance de vida para meu filho, sinceramente ficamos
transtornados, teríamos que começar tudo de novo depois de um ano e meio, contudo
mais uma vez o Senhor renovou as nossas forças e, certos da fidelidade de Deus,
prosseguimos em busca da solução.
Começou-se então o procedimento para encontrar um possível doador e, com a
graça de Deus encontramos o mesmo dentro da nossa própria casa, meu filho Fillipe,
com 14 anos na época, ele era 100% compatível. Glória a Deus! Quero aproveitar este
momento para dizer o quanto sou grato a Deus pela vida do Fillipe, que também não
mediu esforços na tentativa de salvar a vida e proporcionar dias melhores para o seu
maninho, não se importando com possíveis consequências posteriores e de cabeça
erguida teve honra e orgulho de poder doar a medula para seu irmãozinho
demonstrando desta forma muita coragem, bravura e acima de tudo um grande amor e
desejo real de ver de perto o restabelecimento da saúde e a tão esperada cura do
Andrezinho, graças a Deus o Fillipe esta conosco, mas o Andrezinho levou consigo um
pedacinho dele e de todos nós, valeu Fillipe você é um grande campeão, amo muito você
meu filho! Obrigado por acreditar que com a sua ajuda seu irmão poderia viver muito
mais e continuar conosco por mais tempo, obrigado meu filho por ter feito sua parte
com muito amor e dedicação, você nos proporcionou esperança naqueles dias,
estávamos certos de que a cura do seu maninho estava mais perto do que pensávamos,
mas Deus fez de outra maneira e só nos resta agradecer a Ele por sua bondade.
Após ter resolvido a questão do doador, fui então chamado para uma reunião com a
equipe de transplante, onde eles me orientaram acerca dos benefícios e também das
possíveis complicações que poderiam ocorrer durante e pós-transplante, mas confiante
no Senhor eu disse aos médicos que com toda certeza eles contemplariam o agir de Deus
na vida do André através daquele transplante, confesso que tive vontade de desistir, de
deixar que meu filho fosse submetido ao transplante, mas eu não podia fazer isso,
assinei então todos os papeis autorizando, não desejo que ninguém viva o que eu vivi,
era como se a vida do meu filho estivesse em minhas mãos, só assinei porque confiei
plenamente no Senhor, cheguei a dizer aos médicos de que meu filho faria o transplante
porque eu confiava em Deus, se eu não confiasse depois de tudo que ouvi deles eu
desistiria, quando cheguei ao quarto onde minha esposa e o Andrezinho estavam,
segundo a minha esposa eu estava até pálido, pois, a conversa que tive com a equipe
médica foi muita franca e aberta, quem já passou por isso sabe exatamente do que estou
falando, eu disse á minha esposa que devíamos estar preparados para o agir de Deus na
vida do nosso filho, falei que eu havia dito aos médicos que eles veriam a ação de Deus
na vida dele através do transplante, e alertei a ela que talvez os médicos só entenderiam
esta ação se a situação fugisse do controle deles, caso contrário a minha fala não teria
sentido, e por esta razão Deus poderia permitir algo muito grave para a sua Glória e
deveríamos estar preparados, eu entendia muito bem que somente com uma situação
incontrolável que fugisse aos recursos da medicina seria possível promover a glória de
Deus, porque numa situação normal a medicina tem seus recursos, sua competência,
seus louváveis métodos, os profissionais da saúde têm sido instrumentos nas mãos de
Deus. Aleluia.
Porém mesmo consciente de que uma situação agravante poderia ocorrer para Deus
manifestar o teu poder e assim promover a sua glória, eu não imaginava que seria tanta
prova. Meu Deus!
Eu sabia que poderia ser algo muito difícil, mas não com tanta intensidade, foram dias de
muita amargura, apreensão, medo expectativas, e ás vezes até mesmo incertezas de vida
para o meu filho devido ao seu quadro de saúde cada vez mais agravante, mas Deus
esteve conosco a cada segundo, confortando-nos e fazendo nos entender de que todo
passo de fé é acompanhado por uma prova de fogo, portanto conosco não seria
diferente, porém de uma coisa tenho certeza, a Glória de Deus predominou naqueles
dias, Deus seja louvado a Ele toda glória! O Andrezinho foi transplantado no dia 13 de
Abril de 2005 as 18:00 hs, lembro-me bem quando cheguei ao quarto dele, após ter
ficado com o Fillipe seu irmão doador, durante todo o processo da retirada da medula
que demorou 6 horas e 10 minutos em outro local, e ele sabia que o Fillipe estava
fazendo esse procedimento, assim que entrei em seu quarto ele olhou para mim e disse
euforicamente: “E ai pai, trouxe a medula do Filipe pra pôr em mim? Eu tô
esperando!”. Ao perguntar-me se eu havia trago a medula, fiquei imaginando a
simplicidade de uma criança ao aguardar um transplante de medula óssea como se
estivesse esperando um chocolate.
Em meio a muita tensão o Senhor Eterno nos honrou de muitas maneiras
naqueles dias vitoriosos e exaustivos que ali passamos, pelo fato de termos presenciado
a ação de Deus naqueles dias é que estou insistindo para escrever este testemunho com
muita luta objetivando tão somente glorificar o nome de Deus, foram dias de muito
sofrimento que não gostaria de lembrar, mas você precisa saber que Deus é real e Fiel,
Ele agiu na vida de meu filho com muito poder e graça embora o tenha transportado
para Nova Jerusalém um ano e meio após o transplante, mesmo assim Ele nunca deixou
de agir, dando alívio imediato de tantas dores e sofrimentos terríveis para o meu filho.
Querido leitor ou leitora, quero que você entenda que se Ele agiu na vida do Andrezinho,
pode perfeitamente agir na sua ou de algum ente querido que esteja necessitando, basta
tão somente render-se inteiramente sem reservas aos pés do Senhor, Deus sempre tem
socorro para quem precisa ser socorrido, pode acreditar.
Embora meu filho tivesse tido um doador 100% compatível ele não escapou da temerosa
rejeição pós-transplante, foi uma rejeição intestinal nível três que era extremamente
grave, entramos em campanha de oração intensa nas igrejas, todo o povo de Deus na
região em que morávamos conhecia a história do Andrezinho, e depois de muita oração
quando pensávamos que as coisas estavam melhorando, o quadro teve uma alteração, a
rejeição que já era nível três agora passara para o nível quatro, complicando muito mais
a sua recuperação, é assim que nosso Soberano Deus faz, ele às vezes nos coloca a prova
para que possamos crescer mais. Foram dias angustiantes e traumáticos para todos nós,
somente lágrimas derramavam de nossos olhos, como estas que escorrem por meu rosto
neste exato momento, só de lembrar nos faz reviver intensamente o nosso sofrimento, a
dor, a angústia, e a tristeza de contemplar o sofrimento do Andrezinho sem poder fazer
nada por ele, tudo que ocorreu naquele hospital nos dias após o transplante fez com que
enxergássemos com muito mais clareza, o quanto somos limitados, ver alguém que
amamos profundamente sofrendo e sem poder ajudar, isso faz com que batemos de
frente com a nossa limitação e tudo isso então fez com que ficássemos cada dia mais
perto de Deus. Em crise, muitas vezes com dor intensa ele vomitava evacuava, suava,
gritava e pedia pra morrer. Quanto sofrimento! Mesmo após tantas crises, assim que
melhorava, ele continuava com o mesmo humor de sempre, como se nada tivesse
acontecido, suas crises eram inexplicáveis, a equipe de estudo da dor passou dias
avaliando o caso dele por entender que realmente a dor era fora do normal, nada,
absolutamente nada, fazia parar aquela maldita dor, já estava sob o efeito de
medicamentos pesados como morfina e tudo mais, mas estes eram como água em suas
veias. Em meio a todas estas coisas contemplamos maravilhosamente o cuidado de Deus
e sua Soberania cumprindo assim a palavra que eu havia dito aos médicos de que eles
iriam ver a glória de Deus se revelando através do transplante do meu filho, devido a
esta terrível dor fez se necessário a realização de uma endoscopia, segundo o médico
seria natural que todo o tecido intestinal do meu filho estivesse todo ferido e cheio de
muitas lesões, pois pelo processo do transplante seria impossível não estar assim todo
machucado, seria um procedimento dentro da normalidade do tratamento e uma reação
totalmente natural pós transplante, mas que a endoscopia era preciso para ver o
tamanho das feridas, não era para ver se tinha, pois a existência delas eram certeiras, no
entanto após a endoscopia o médico me chamou meio que assustado e, foi logo dizendo:
“Não sabemos o que houve, mas o fato é que o intestino de seu filho está normal, sem
nenhuma ferida o tecido intestinal dele parece ser de um recém nascido, com esta
endoscopia a conclusão que se chega é que seu filho nunca foi transplantado, pois isto
que estou vendo é impossível de acontecer, é impossível existir alguém transplantado
com um intestino perfeito como o do seu filho, admito de que seu filho entrou para o
livro de record neste hospital com o resultado desta endoscopia e demais
acontecimentos que não se explicam ocorridos com ele”. Poderia até colocar aqui o
nome do médico que me falou isso, mas vou preservar em respeito ao seu
profissionalismo. Creio piamente que Deus deu um intestino novo para o meu filho, e
alguém talvez pergunte, mas então porque Deus o levou e procuro responder esta
indagação da seguinte forma: “Porque para Deus a morte também é uma forma de
cura”. Deus curou meu filho definitivamente, não tenho dúvidas deste seu cuidado com
ele. Lembro-me que certa vez Deus nos deu uma experiência em uma de suas crises, ele
estava sentindo uma dor muito forte, estava evacuando em suas roupas, suando muito e
perdendo a respiração gritava: “Eu sei que estou morrendo papai, não tem mais jeito
pra mim, essa dor esta mais forte do que eu prefiro morrer.” O médico havia me
chamado na porta do quarto dizendo que não tinha mais o que fazer, eu voltei correndo
para dentro do quarto ajoelhei-me e clamei pela misericórdia de Deus sobre a vida do
meu filho, eu disse a Deus com muita sinceridade que eu não queria negá-lo em toda a
minha vida, mas se visse o meu filho morrer daquela maneira eu não saberia o que seria
da minha fé, neste momento, tive uma experiência nova com Deus, e até mesmo
duvidosa para muitos cristãos, mas eu estou falando de um testemunho vivo em minha
vida, eu não ouvi essa história, eu á vivi, eu jamais inventaria uma história em meio a
tanto sofrimento do meu filho, mas o fato é que Deus orientou-me a repreender aquela
dor e expulsá-la do corpo do meu filho e assim eu o fiz, sem me importar com quem
estava no quarto, afinal era meu filho que estava sofrendo, poderiam me questionar da
maneira que quisessem, eu não me importaria, alguns enfermeiros que ali estavam
fazendo os procedimentos contemplaram algo inexplicável, pois assim que orei a dor
cessou imediatamente, então fazendo uso de uma autoridade espiritual que o Senhor
me conferiu naquele momento, eu disse a eles que se quisessem e se os médicos
autorizassem poderiam tirar a morfina do Andrezinho porque ele não precisaria mais
dela, pois, nunca mais ele sentiria aquela dor que o incomodava há mais de trinta dias, e
para a glória de Deus a partir daquele dia nunca mais a dor voltou, ela simplesmente
desapareceu. Deus seja louvado, a Ele toda glória eternamente! Nunca me esquecerei da
bondade de Deus naquele dia. Depois de angustiantes dias ali, Deus entrou com a
provisão da alta hospitalar para o André, só de lembrar o que meu filho passou ali me faz
chorar. Quantas vezes ele olhava da janela do hospital e dizia: “Ô papai, será que eu
nasci pra sofrer? Olha quanta gente lá fora e eu aqui só tomando agulhadas e ainda
sentindo dores”. Mas, graças a Deus, enfim chegou o dia 15 de junho de 2005, esse foi o
dia de sua alta, ele foi internado no dia 30 de março de 2005 com a previsão de ficar no
máximo 30 dias, após então os terríveis 75 dias de sua internação fomos para casa com
muitas expectativas, pois na verdade a alta foi um pouco forçada pelos médicos, eu
acredito que eles pensavam que o André não teria grandes chances mesmo, então assim
que ele deu uma melhorada eles liberaram, talvez pensando que estariam dando a ele
ao menos a chance de ter um pouco mais de alegria na sua própria casa, esse é um
raciocínio meu, eles nunca me disseram nada a respeito. Dois meses depois o
Andrezinho teve que ser novamente hospitalizado para combater dois tipos de bactéria
que havia contraído, nesta nova internação fui questionado por um enfermeiro que
estava no quarto naquele dia em que orei a Deus pedindo socorro para o alívio da dor do
meu filho, ele me disse que nunca tinha visto nada parecido, e que já havia tentado
encontrar a resposta para aquele acontecimento em meio aos seus familiares, na equipe
de transplante, na faculdade e até mesmo em sua religião, mas ninguém conseguiu
respondê-lo a contento, segundo ele, naquele mesmo dia ao término do seu plantão
relatou o acontecido e deixou anotado na ficha do Andrezinho que era para os próximos
plantonistas observarem se a dor retornaria, uma vez que ela já o incomodava há mais
de trinta dias, porém, para o espanto de todos a dor não voltou nem naquele dia e nem
nos seguintes, houve até uma enfermeira que comentou que a dor do André da mesma
forma que apareceu, desapareceu, misteriosamente. Tive então a oportunidade de falar
para aquele enfermeiro do poder, do amor e da fidelidade de Deus, tenho ainda em
mente o seu nome e ainda oro por ele, mas vou preservar sua identidade por uma
questão de ética, embora nunca mais o tenha visto, a semente do evangelho ficou
plantada naquele coração e com certeza quando ele estiver lendo este livro poderá tirar
suas próprias conclusões, para a glória de Deus Pai. O caso estava tão grave que
chegamos a obter autorização especial para que os primos do Andrezinho, que tinham a
mesma idade dele pudessem visitá-lo, médicos e responsáveis pela ala de transplante
facilitaram o máximo para proporcionar a ele dias melhores, louvado seja Deus também
pela vida daqueles profissionais da saúde, que a bem da verdade foram muito além de
profissionais, eu não tenho palavras para agradecê-los pelo quanto fizeram pelo meu
filho, que, aliás, fazem para todos que lá se encontram, sei que alguns leitores conhecem
bem de perto esta história, mas quero mais uma vez dizer “Muito obrigado! Vocês foram
muito especiais na vida de nosso filho e na nossa também.” Agradeço profundamente a
Deus pela vida de vocês. O Hospital das Clínicas (BH-MG) está de parabéns por sua
equipe de funcionários, em todos os momentos fomos sempre bem atendidos, com
atenção e carinho sem distinção, por parte dos médicos, enfermeiros, assistentes,
seguranças, pessoal da limpeza, laboratório, ambulatório, todos enfim foram bênçãos na
nossa vida durante os três anos que por ali passamos. Algumas vezes ouvi dos médicos
que não tinha mais o que fazer que infelizmente a enfermidade do Andrezinho já havia
fugido do controle, e que agora era só uma questão de tempo, contudo continuávamos
crendo piamente na cura, conscientes de que o nosso Deus é o Deus do impossível, em
momento algum duvidamos das palavras dos médicos, mas aguardávamos ansiosamente
por um milagre sabíamos que o quadro descrito por eles era real, mas pensávamos que
Deus o mudaria. Todavia os planos de Deus não são nossos planos e os Seus
pensamentos não são os nossos pensamentos: “Porque os meus pensamentos não são os
vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor, porque,
assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais
altos que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos
pensamentos”. Is.55:8,9. Entendo perfeitamente que Deus sabia que nosso louvor a Ele e
a nossa gratidão não se resumia na cura do Andrezinho. Certamente continuaríamos fiéis
a Ele independente do resultado, pois um dia aprendemos que temos que adorar ao
Senhor pelo que ELE É, e não somente pelo que Ele faz, fazendo ou não fazendo o
milagre, ele continua sendo Deus, Ele é o Todo Poderoso, Ele não tem nada mais a fazer,
Ele já fez, pois, enviou seu filho ao mundo e nos garante uma morada eterna no céu,
onde não haverá lágrimas, dores, tristezas, angústias, morte, somente vida eterna.
Capítulo 5 - A Recidiva (O retorno da doença)
Depois de quase três meses no hospital recuperando do transplante, a equipe
médica deu alta conforme relatei anteriormente, apenas seis meses depois de sua alta
quando pensávamos estarmos começando a ter dias melhores apareceu um tumor bem
na sua testa centímetros acima de seu nariz, infelizmente, acredito que o tumor foi
causado por um forte medicamento que foi usado para combater a rejeição do
transplante, digo isso porque antes de aplicarem o medicamento fui informado deste
risco pelos médicos e tive que assinar um termo autorizando a aplicação, mas eu não
tinha alternativa a não ser autorizar, meu filho estava morrendo e os médicos me
disseram que era uma tentativa que poderia dar certo, mas se não desse poderia ser
comprometedor e causar outros danos, inclusive tumores pelo corpo, ninguém pode
imaginar o que passei tendo que autorizar algo que poderia matar o meu filho, confesso
que estou em lágrimas. Eu só queria o melhor pra ele!
Aquele lindo rostinho de olhos azuis começava a se deformar devido à impiedade da
doença mais uma vez, iniciamos então um novo tratamento com menos chance de ser
bem sucedido, considerando que sua medula tinha apenas seis meses de vida, mas o
Deus das causas impossíveis estava á nossa frente e de forma surpreendente Deus
renovou as forças do André e mais uma vez ele superou com a graça de Deus e quando
todos pensavam que poderia ser o fim devido a medula ter sido implantada
recentemente, mas o que aconteceu foi que em um espaço de 20 dias o tumor
desapareceu totalmente, sem deixar vestígios, ao contemplar estes feitos do Senhor,
cada vez mais a nossa fé era fortalecida e tínhamos plena convicção de que nosso filho
seria curado, e em muitas ocasiões de incertezas como esta ele firmemente dizia: “Pai
essa doença é terrível, mas ela não é mais forte do que eu, eu sim sou mais forte do
que ela”. Por esta e outras razões eu o chamava de “Meu grande campeão, o menino
valente” eu dizia sempre a ele que tinha maior orgulho de ser o seu pai, ele era uma
honra pra mim, nada absolutamente nada o fazia desistir, sua fé era surpreendente.
Infelizmente a nossa alegria durou muito pouco e nove meses depois, novamente,
outro tumor apareceu na mesma região, tudo começou com uma simples consulta de rotina,
inicialmente eram apenas os exames que estavam comprometendo, mas isso era tão
comum, exames alterados eram costumeiros sem maiores complicações, no entanto desta
vez foi diferente, fomos então orientados pela sua médica que novamente nos informou que
estávamos diante de uma situação não desejável, e totalmente irreversível, não havia mais
chances segundo a medicina para o meu filho viver, eram grandes as possibilidades de um
retorno imediato da enfermidade, e desta vez sem nenhuma chance de cura para o André,
segundo ela deveríamos estar preparados para o pior.
Devido ao fato dos exames estarem extremamente comprometidos havia já uma
internação programada para a próxima semana, e que segundo a médica ele não mais
retornaria para casa, não quero nunca que ninguém passe pelo que eu passei, a
internação estava programada para outra semana se caso não aparecesse nada de novo,
porque qualquer anormalidade não permitiria esperar a próxima semana, seria
necessário levá-lo imediatamente ao hospital.
A médica por sinal muito competente e atenciosa nos explicou que a medula funciona
como uma terra que esta sendo adubada para produzir, mas que naquele momento ela
não conseguia produzir e nem se defender mais, a medula do Andrezinho havia se
cansado. Ao sair do consultório naquele dia, o Andrezinho como de costume pediu um
chocolate, enquanto sua mãe segurava a sua mãozinha e atravessava a rua para
comprar, fiquei observando o meu filho tão feliz chutando as tampinhas ao atravessar a
rua. Fiquei imaginando que talvez pudesse ser o seu último chocolate. Entrei no carro e
comecei a chorar, tentei encontrar uma explicação para tudo àquilo que estava
acontecendo com meu filho, estava decidido a não voltar nunca mais naquele hospital.
Não ia expor o meu filho a tudo de novo, quando a Débora e ele entraram no carro, sem
ela saber o que eu havia pensado ela me disse que estava com vontade de não voltar
mais ali, no momento não comentei nada mais com ela, fomos para casa arrasados, com
a sensação de nadar, nadar e morrer na praia, não conseguíamos conter o choro, os
sinais fechados pareciam durar uma eternidade, as pessoas dos carros ao lado não
entendiam porque aquele casal com um menino tão bonito naquele carro chorava tanto,
e alguns até pareciam querer nos dizer alguma coisa, o caminho até nossa casa parecia
que havia multiplicado a sua distância muitas vezes mais. Mesmo com toda confiança em
Deus, sabíamos que poderia mesmo estar muito perto de perder o nosso filho. Oramos e
pedimos ao Senhor a direção do que fazer, ficamos transtornados e isso fez com que
optássemos para dar vida com qualidade ao Andrezinho, para nós não interessava mais
quanto tempo ele iria viver, mas como ele iria viver, era sua qualidade de vida que estava
em jogo, e não a quantidade de anos ou dias que ele teria pela frente, foi ai então que
em família tomamos uma decisão muito difícil e até hoje às vezes incompreendida por
muitos, decidimos ouvir o Andrezinho e fazer com ele a viagem de seus sonhos, era um
pedido antigo sempre na expectativa de realiza-lo quando terminasse o tratamento, mas
infelizmente vimos à impossibilidade de isto acontecer, e por nossa conta, sem nenhuma
orientação médica e sem a intenção de faltar com respeito aos profissionais da saúde,
optamos por fazer a última vontade dele, lembro-me bem que naquele mesmo dia
sentei-me com ele e toda a família para decidirmos o que fazer.
Queria tomar essa decisão em família para que ninguém fosse responsabilizado, caso
acontecesse algo indesejável como aconteceu, perguntei a ele se queria fazer a viagem
de seus sonhos, ele deu um pulo no sofá e disse: “Oba, vamos hoje?”. Indaguei dele
acerca do tratamento como iríamos fazer, ele olhou e disse com toda segurança: “Pai,
deixa esse tratamento pra lá, o Deus que cuida de mim aqui é o mesmo que vai cuidar
onde eu estiver, e além do mais se é Deus que cuida de mim, eu não preciso ficar em
hospital tomando agulhadas”. Claro que não foi fácil tomar esta iniciativa, pois sempre
respeitamos criteriosamente as orientações médicas, nunca fomos irresponsáveis com
todas as orientações que nos eram fornecidas, nunca espiritualizamos as coisas a ponto
de ignorar os conhecimentos da medicina através de seus profissionais, acreditávamos
sim, que Deus poderia curar o nossa filho, mas a situação era extremamente grave
conforme os médicos nunca esconderam de nós, e ainda como se não bastasse um dia
após a conversa com a médica, quando o Andrezinho acordou notamos uma elevação na
sua testa, no mesmo local do tumor anterior, infelizmente era o início de outro tumor no
mesmo local, repensamos a decisão da viagem, mas era tudo que ele queria como
poderíamos voltar atrás? Também não poderíamos levá-lo ao hospital porque com
certeza seria internado e não sairia mais de lá, sei que não suportaria ver meu filho
morrer dentro de um hospital, cheio de sonhos, isso eu jamais suportaria mesmo,
acreditei piamente que talvez Deus o curasse pela sua própria fé, ainda que a nossa fé
estivesse totalmente abalada, ele estava cheio dela e Deus o honraria, estávamos
conscientes de que nosso passo de fé poderia resultar em uma prova de fogo, mesmo
assim não hesitamos em fazer o que ele queria, começamos então a providenciar as
coisas necessárias para uma viagem longa e cada passo dado para fazer a tão esperada
viagem era um aperto em nossos corações.
Será mesmo que deveríamos ir?
Quem sabe desta vez vai dar mais certo?
Estas e outras perguntas eram feitas continuamente por nós mesmos, mas o Andrezinho
não abria mão de seu sonho, ele queria viajar a qualquer custo.
Quem teve que abrir mão foram seus irmãos, a Suellen abriu mão do emprego e de seu
noivo, tiveram que manter apenas contatos telefônicos, e o Fillipe abriu mão dos
estudos, todos enfim em função do André , ele merecia muito mais que isso, nosso
grande e eterno guerreiro campeão.
Capítulo 6 – A Viagem
Diante de tudo que o André passou até aqui tomamos a decisão deixá-lo viver longe de
hospital que era tudo que ele queria, sei que para muitos, isso é incompreensível, mas
depois de três anos dentro de um hospital vendo o final de muitos que por ali passavam
com o mesmo diagnóstico dele, decidimos que não iríamos vê-lo morrer sem deixá-lo
viver, e mesmo sem o consentimento dos médicos proporcionamos a ele a viagem que
ele mais almejava ir ao estado de Rondônia, onde seu avô paterno mora.
Quero deixar muito claro que o fato de ter ido sem autorização médica não significa falta
de respeito com a medicina, muito pelo contrário, são profissionais que merecem toda
atenção e confiança, sabem perfeitamente o que fazem e o que dizem, infelizmente com
raras exceções. Definitivamente não aconselho ninguém a fazer o que fiz, cada caso é
único, e de maneira alguma pode servir de exemplo para outro.
Com relação à viagem, o Andrezinho queria fazê-la de carro, seriam três dias na estrada,
mas ele queria aproveitar os mínimos detalhes, pedimos a Deus o seu amparo e cheios
de fé e coragem, conscientes da seriedade do que fazíamos partimos. Para nós era
apenas uma viagem, no entanto para o meu filho estava reservada uma grande missão
que até nós desconhecíamos, ele foi aproveitando o máximo, cantava o tempo inteiro,
demonstrava estar vivendo intensamente os dias mais felizes de sua vida, nas mínimas
coisas ele se ligava e tecia comentário, em seu rosto, além do tumor que crescia dia a
dia, estampava se também a alegria de estar realizando um grande sonho com todos
juntos, papai, mamãe e os irmãos Fillipe e Suellen, esta era uma grande virtude dele,
amava estar reunido em família e valorizava todos os momentos, ás vezes, quando
estava internado, falava que quando voltasse para casa queria um almoço ou um jantar
com todos juntos, avós, tias, tios e primos. Graças a Deus que sempre realizamos os seus
pedidos e isso nos deixa mais feliz hoje, sem nenhuma culpa ou frustração. Muitos eram
os comentários do Andrezinho a todo o tempo, mas alguns nos chamavam mais a
atenção, em certo momento da viagem ele disse: “Papai estamos indo pra Rondônia, e
é lá que eu vou ficar. Eu não volto nunca mais”.
Sua mãe o interrompeu dizendo: ”Meu filho você esta indo tão empolgado e se chegar lá
você não gostar?” Imediatamente ele respondeu: “Não importa mãe, gostando ou não
gostando, é lá que vou ficar, porque a única coisa que importa nessa vida é obedecer a
Deus”. Diálogos como esse hoje nos traz paz ao coração, sabemos que nosso filho tinha
plena consciência de sua tarefa como servo do Deus Altíssimo, entendia perfeitamente,
talvez mais do que nós, os planos de Deus na sua vida, e com disposição total para
realizá-los, não importando com o preço a ser pago, ele queria era ser útil para Deus, e
acredito que foi, até bem mais do que ele próprio imaginava.
Como disse no capítulo anterior na testa do Andrezinho estava iniciando outro
tumor que durante a viagem ele crescia assustadoramente, na primeira noite dormimos
na cidade de Uberlândia, pra ele foi uma festa porque nos hospedamos em uma pousada
chamada “Pousada da Tia Zilane”, e ele amava sua tia Josilane que era chamada de
Zilane, então ele ficou todo feliz e dizia que estava na pousada da tia dele, na verdade
conquistou a dona da pousada com seu carinho e seu humor.
Na segunda noite nos hospedamos em um hotel na cidade de Várzea Grande em MT, o
tumor em sua testa que havia iniciado a 2 dias antes da viagem já estava com uma
elevação bem mais intensa chamando assim a atenção dos hóspedes daquele hotel e um
deles chegou a me perguntar se ele havia caído e machucado a testa, eu disse que não,
mas que aquilo era um tumor, meio sem jeito ele me pediu desculpas e perguntou para
onde estávamos indo disse a ele que estávamos indo para Rondônia, e bastante
admirado com a tranquilidade com a qual eu havia lhe respondido, foi quando de
maneira muita assustada ele me perguntou o que eu estava indo fazer em Rondônia, um
lugar totalmente sem recurso com meu filho daquele jeito, respondi a ele que era uma
decisão do meu próprio filho e que eu estava realizando talvez o seu último desejo, disse
a ele que já a 3 anos estávamos tratando do meu filho sem muito êxito e que decidimos
deixar com que ele tivesse um pouco mais de qualidade de vida, e que eu não me
perdoaria nunca se meu filho morresse dentro de um hospital como vi muitos
coleguinhas dele morrer, não sei se ele entendeu minhas colocações, mas a grande
verdade era que pra mim isso pouco importava.
Dormimos ali, e no outro dia pela manhã quando tomávamos café para seguirmos
viagem, novamente aquele hóspede nos abordou interessado em saber mais do André, e
nesta oportunidade lhe falei da provisão de Deus em nossa vida, e que mesmo estando
meu filho naquele estado agravante eu louvava a Deus por sua bondade, considerando
os cuidados de Deus sobre ele, contei-lhe então de alguns testemunhos ocorridos no
hospital durante o tratamento, falei das muitas intervenções de Deus, e logo em seguida
nos despedimos e seguimos viagem, não me lembro para onde ele estava indo, só sei
que foi levando consigo um carinho extraordinário pelo Andrezinho, que conquistou seu
coração.
SAUDADES ETERNAS,
TE AMAREMOS POR TODA VIDA!
Capítulo 7 – Os dias em Urupá- Ro
Quanta felicidade quando ali chegamos, a alegria do reencontro com muitos
entes queridos se misturava com a incerteza de um final feliz devido ao
comprometimento da enfermidade, mas Deus nos deu graça para vivermos
estabelecendo prioridades e qualidade de vida pra ele, e sabíamos que ali o Andrezinho
teria, não medimos esforços para proporcionar a ele tudo o que queria inclusive no que
diz respeito à diversão, foram dias de tamanha alegria que ele jamais havia
experimentado até então. Banhos de cachoeiras, lagoas, futebol passeios em matas,
tudo que ele nunca havia desfrutado, em meio a momentos tão felizes dizia ele: “Adeus
Belo Horizonte, pra lá eu não volto nunca mais Papai é aqui que vou ficar, é aqui que
estou vivendo, acabou meu tratamento, pode escrever um livro”. Por mais que o tempo
passe palavras como estas ficarão eternamente gravadas em meu coração, tenho ainda a
sua última mensagem enviada a mim em meu celular no dia 14 de agosto de 2006, às
13:26:49: “Papai quero dizer que te amo”. Durante 15 dias, meu filho viveu
intensamente naquele lugar, mesmo com o tumor crescendo dia após dia e deformando
seu lindo rostinho, ele não dava espaço para tristeza, usufruiu de tudo que merecia, mas
após esse período a enfermidade não deu mais trégua, mesmo sendo uma criança de
apenas oito anos, tão alegre, feliz, inocente, puro, sem nenhuma maldade, ainda assim,
com todas essas virtudes o meu pequeno Andrezinho, cheio de carinho, não foi poupado
pela maldade da traiçoeira enfermidade, o maldito câncer não teve compaixão do meu
filhinho e sem nenhuma piedade aquele tumor alastrou-se de forma agressiva em sua
face, deixando o seu rostinho todo deformado e seus lindos olhos azuis sem nenhuma
luz, ele ficou totalmente cego, aqueles lindos olhos azuis não puderam mais ver a luz do
sol, as belezas da natureza e as pessoas tão amadas ao seu redor, suas forças foram
exauridas e ele ficou totalmente debilitado, mas mesmo diante deste quadro nunca se
entregou e jamais negou a sua fé em Deus dizia para nós que Jesus era lindo e cheio de
amor e que ele jamais iria desistir Dele, poderia acontecer qualquer coisa que ele não ia
desistir de sua cura e muito menos de sua fé em Deus, pois, ele tinha plena convicção de
que ao terminar a sua vida aqui nesta terra, iria começar a desfrutar das belezas do Céu.
Às vezes ficamos impressionados com tamanha inocência de uma criança, o
Andrezinho sabia que não poderia de forma alguma contrair infecções sabia que seu
organismo não tinha as defesas necessárias para combatê-las. Certo dia, quando já
estava cego, ouviu alguém dizer que eu estava com conjuntivite (aquela infecção no
olho). Ele então me chamou e disse:
“Papai, se o senhor estiver mesmo com conjuntivite, por favor, eu gosto muito do
senhor, mas não fica perto de mim, se não vai passar infecção para mim e quando Deus
me fizer enxergar de novo meus olhos vão ficar infeccionados.”
Quanta inocência, com um tumor maligno alojado na testa comprometendo toda a sua
visão e seu lindo rosto e ele com medo de contrair conjuntivite.
Para mim esta sendo muito difícil escrever tudo isso, mas sei que vidas serão edificadas,
por isto, como servo do Deus Altíssimo, sinto o dever de prosseguir, que o Eterno Pai me
dê forças, para concluir este testemunho de fé.
O grande André que de Andrezinho só tinha o apelido carinhoso que lhe demos, era um
verdadeiro servo de Deus e um gigante na fé, ele se foi e deixou-nos grandes lições de
vida.
Quando estava deprimido e muito triste por não poder enxergar, pedia ao Fillipe para
pegar o violão, chamava a todos para cantar ao seu lado, e louvava junto conosco,
soltava sua voz e do fundo do coração adorava a Deus, ainda que em meio a lágrimas,
fazia valer na sua vida as palavras do salmista: “Bendirei ao Senhor em todo o tempo, o
seu louvor estará sempre nos meus lábios.” Salmos 34: versículo 1.
Quando tinha alguma dor começava a orar dizendo:
“Deus, o Senhor sabe que estou sem forças até para conversar, mas me dê forças para
falar com o Senhor, pois é a única coisa que traz alegria ao meu coração”.
Desta forma uma criança de apenas 8 anos iniciava a sua oração que se estendia
por 30 a 40 minutos, enquanto ele orava às vezes algumas pessoas chegavam para nos
visitar, aliás, graças a Deus, a casa estava sempre cheia, e quando as pessoas o viam
orando começavam a chorar, me abraçavam e diziam que iam embora pois estavam
envergonhados diante de Deus em contemplar tanta fé, algumas diziam que jamais
saberiam orar como o Andrezinho pois diante de problemas bem mais insignificantes,
muitas vezes negavam sua fé em Deus e agora contemplavam esse quadro. Uma criança
de apenas 8 anos, passando por uma provação tão difícil, e continuava exercendo com
total confiança sua fé pura em Deus, uma fé incondicional, demonstrando a todos que
ele sabia perfeitamente quem era o seu Deus, “O Deus do impossível”.
Eu glorifico a Deus por ele ter sustentado o meu filho, e não ter permitido que ele
negasse sua fé, pois estou certo de que essa força vem do Senhor, não temos nenhum
mérito nisso, é Deus quem nos sustenta e que nos faz permanecer fiéis diante dos
embates da vida, entendemos perfeitamente que a própria perseverança vem do
Senhor, meu filho foi fonte de consolo para muitos, mesmo em momentos que
acreditávamos que ele precisava ser consolado. Com sua força aprendemos muito, ele
arrancava forças da fraqueza, aliás, fraqueza era uma palavra que não existia em seu
vocabulário. Ah! Que saudade do meu campeão como dói!
Houve uma época em que o Fillipe teve a idéia de passarmos a noite inteira
orando ao lado da cama do Andrezinho para que ele pudesse dormir melhor, então
resolvemos fazer um revezamento no período das 23 hs até as 6 hs, todos participavam
orando, cada um durante 1 hora ou mais, e desta forma ele estaria coberto de oração
por toda noite. Deste rodízio de oração participávamos, eu e Débora, é claro, Joelma sua
prima, Fillipe e Suellen seus irmãos, e seus tios Joel e Eneidir, eram madrugadas que
buscávamos a Deus intensamente pela cura do meu filho, mas aprouve ao Senhor
mesmo assim, recolhê-lo para a Glória, e confesso a vocês que apesar de toda dor da
saudade ainda que pudesse não traria de volta o meu filho a esse mundo, sim, não seria
tão injusto com ele a ponto de trazê-lo de volta, uma vez que deste mundo ele já ficou
livre para sempre, eu jamais poderia desejar a ele tamanha maldade.
Deus seja louvado! Tenho orgulho de ter sido o seu Pai e estou convicto de que ele
poderia dizer, sem sombras de dúvidas: “Combati o bom combate, acabei a carreira e
guardei a minha fé”. De fato a vida para ele não foi uma zona de conforto, não teve
facilidades, foi de fato um grande combate, mas Deus esteve ao seu lado. Ao Bom,
Eterno e Poderoso Deus seja toda glória!
Às vezes vivemos anos na igreja realizando apenas uma vida religiosa sem ensinar
nada a ninguém, o Andrezinho em tão pouco tempo nos ensinou muitas coisas, mas seu
principal ensinamento foi a fidelidade ao Senhor que ele demonstrou mesmo em meio a
lutas e provações.
A seguir compartilho algumas frases de suas orações que em momentos
angustiantes ele dizia, anotei todas elas porque eu sabia que mais cedo ou mais tarde eu
estaria escrevendo este testemunho, só esperava escrevê-lo com outro final, com meu
filho ao meu lado, no entanto, aprouve ao Senhor Deus da minha vida que eu escrevesse
sozinho tendo somente o auxílio e a renovação das minhas forças através do Espírito
Santo, que sem dúvida alguma é bem mais expressiva do que a própria presença dele
aqui fortificando muito mais a fidelidade deste Deus todo poderoso em minha vida.
Quero que você esteja analisando o teor destas orações que meu filho fazia, veja só
quanta confiança em Deus meu filho mantinha em momentos que só pediam lágrimas.
Quanta intimidade com o Senhor!
“Jesus, filho de Davi tem misericórdia de mim, eu sou apenas uma criança de 8 anos
não tenho forças eternas, eu quero ver”.
“Deus, eu sei que o Senhor é bom, pois se o
Senhor não fosse bom eu estaria sofrendo,
e eu não estou sofrendo. Obrigado Jesus! “.
“Deus eu sei que o Senhor pode me curar,
essa enfermidade não é nada para ti, mas se for o teu propósito me deixar cego e
doente para a glória do teu nome, pode deixar eu cego e doente, porque o que mais
importa nessa vida é a glória do nome do Senhor”.
“Deus, o Senhor fez o mundo em seis dias, o Senhor fez tanta coisa bonita só que
agora Deus, eu não posso ver mais nada do que o Senhor fez então Deus, tem
misericórdia de mim, e restaura a minha visão.”
“Deus esse mundo é tão grande e o Senhor fez ele em tão pouco tempo, porque o
Senhor é Eterno, então Deus tira essa enfermidade de mim é menos que um minuto,
me cura Deus.”
“DEUS, durante três anos de tratamento eu nunca desisti da minha cura, e agora estou
cego quero dizer uma coisa. Vendo ou não vendo eu jamais desistirei, porque sei que o
Senhor é Fiel.”
“Deus, o senhor é um Deus eterno, mas mesmo assim teve que descansar no sétimo dia
quando fez o mundo, e eu Deus sou uma criança de apenas oito anos, não tenho forças
eternas como o Senhor, então Deus tem misericórdia de mim, e me cura Deus”.
Sem dúvida alguma, nós precisamos aprender a orar assim, ás vezes quando estava com
muita dor ele pedia o óleo de fazer unção o que sempre tínhamos em casa e derramava
todo na sua cabeça e dizia: “Mamãe, agora é com Jesus não precisa se preocupar mais,
estou ungido”. De maneira alguma é minha intenção causar drama ou demonstrar show
de espiritualidade através destas declarações, até porque se trata de meu filho e eu
jamais faria uso dele para isso, mas o que pretendo é mostrar a você que é
perfeitamente possível servir a Deus e manter o nosso firme relacionamento com Ele e a
nossa fé em evidência mesmo nos momentos de turbulência da nossa vida, momentos
assim produzem com toda certeza efeitos positivos na nossa vida, a dor é produtiva,
através dela você poderá colher benefícios eternos ou consequências eternas para a sua
vida, tudo depende da maneira pela qual você passará por estes momentos e das
atitudes tomadas, tenha certeza que passar por esses momentos entendendo a
soberania de Deus é muito melhor, e produzirá grandes benefícios por toda sua vida.
Precisamos entender que Deus não tem nenhum prazer no sofrimento de seus filhos,
mas tem grande prazer na maneira pela qual seus filhos reagem diante do sofrimento,
isto faz toda diferença, portanto, não blasfeme, não murmure, não desista, honre a
Deus, haja o que houver creia somente, Deus é Fiel.
Eu nunca imaginei que uma criança de oito anos poderia ser tão direcionada por Deus
em tantas coisas, era de impressionar, ele chamou toda a família para um grande
conserto de vida com Deus antes de falecer, não se intimidava e falava cheio de
convicção e autoridade, chamou meus irmãos e outros membros da família que ele
achava que tinham algo a consertar com Deus e fez apelo para que mudassem de vida.
Telefonou para quem não poderia estar pessoalmente, devido à distância e também fez
um pedido para mudança de vida, e com todos usava sempre a mesma expressão para
destacar algo que talvez julgasse estar errado: “Isso não é de Deus”.
O André sempre nos surpreendeu mesmo no decorrer do tratamento ele sempre tinha
uma palavra de incentivo para todos, ainda que a situação não estivesse nada bem ele
não se prostrava, era um guerreiro e estará sempre nos nossos corações, na semana em
que ele faleceu disse a sua mãe:
”Mãe, eu sei que Deus pode me curar, mas eu tava pensando uma coisa, se Ele
me curar eu ainda vou continuar nesse mundo e esse mundo é tão cheio de problemas,
tristezas, outros tipos de sofrimentos, tanta coisa ruim, e aí Ele me cura da leucemia,
mas eu vou continuar tendo outros problemas, então eu acho que eu prefiro que Ele me
leve mesmo, se Ele me levar o meu sofrimento e o de vocês acaba, eu não vou sofrer
nunca mais e estarei sempre livre dos problemas, a única coisa ruim é que tenho medo
de sentir saudades de vocês”.
Diante da certeza de seu encontro com Deus que o Andrezinho tinha só me resta
dizer “Maranata, ora vem Senhor Jesus!”, não é fácil glorificar a Deus nestes momentos
de luto, mas é necessário, saudável e consolador para todos nós que sofremos com a dor
da perda. Um dia antes de falecer, no sábado dia 30 de setembro de 2006, ele estava
sozinho no quarto sua mãe entrou e ele estava cantando esta canção:
“Jesus que doce nome que transforma em alegria o meu triste coração, Jesus só
o teu nome é capaz de dar ao homem salvação”.
Esta foi sua última canção, estou certo de que agora ele integra um grande coral, agora
ele já faz parte de “Um dos Tais”, conforme diz um hino da harpa.
André, Um exemplo de fé.
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  • 1. “ANDRÉ”, Um exemplo de fé. “Quero trazer à memória o que pode me dar esperança; E a esperança é que: Todo aquele que invocar o Nome do Senhor será salvo.”
  • 2. Em memória de: André Bianchi Machado 09/01/1998  01/10/2006 Por João Braz Machado, Pastor da Igreja Metodista Wesleyana.
  • 3. Disse Jesus: “Eu sou a ressurreição e a vida, quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo o que vive e crê em mim não morrerá, eternamente”. João 11:25,26.
  • 4. “A PALAVRA MOVE, MAS O EXEMPLO ARRASTA.”
  • 5. Agradecimentos: Ao meu Deus, Eterno e Soberano Senhor de toda criação, por ter sido Ele meu principal Sustentador nos momentos mais tenebrosos de nossas vidas, por ter sido Ele também que me possibilitou escrever este testemunho e mesmo em meio a muitas lágrimas motivou-me a continuar colocando em meu coração a certeza de que o mesmo produziria muitos frutos para o teu Reino e que eu deveria prosseguir; “SOMENTE Á ELE TODA GLÓRIA ETERNAMENTE!”. Á minha esposa Débora, pela dedicação especial para com a minha vida, entendendo minhas muitas fragilidades, mas companheira fiel, amável e carinhosa, sempre me incentivando continuar, mesmo derramando lágrimas juntamente comigo. Aos meus filhos, Fillipe, Suellen e Mateus (Este último filho genro) pela garra, pela bravura, pelo companheirismo, pela demonstração de carinho e amizade vividos em família em momentos tão desafiadores e principalmente pelo amor, carinho e cuidados dedicados ao Andrezinho em todo o tempo. Também a minha filha Naiara (Filha nora, esposa do Fillipe) que embora tenha entrado para a família após todos estes acontecimentos, tem compreendido bem de perto a nossa dor. Vocês são muito especiais para mim, compreendo que tiveram que amadurecer e se tornarem adultos forçadamente, talvez até mesmo antes do tempo, em meio a circunstâncias da vida. Aos parentes e amigos que também deram todo incentivo, entendendo que pra mim era demasiadamente difícil relembrar fatos tão doídos, situações difíceis e angustiantes, mas que em muito edificaria vidas, por isso, foram muitas as vezes que ouvia alguém dizer: “A história do seu filho tem que ter um livro”, e nestas palavras encontrei motivação para dar início à escrita deste testemunho, com o desejo de que ele seja edificante e auxilie pessoas nos desafios da vida. Aos irmãos das mais diversas Igrejas e amigos da cidade de Urupá (RO), onde meu filho viveu seus últimos dias, obrigado a todos pelo carinho a nós dedicado, pelas ajudas concedidas, vocês tem um espaço todo especial em meu coração, certamente que serão inesquecíveis em nossa vida, pois, deram provas concretas de que o amor de Cristo habita em vós. OBRIGADO!
  • 6. Ao meu irmão Joel e minha cunhada Eneidir, obrigado pelo acolhimento dentro da casa de vocês, pelas lágrimas derramadas juntos com a gente, pelas orações, foi dentro da casa de vocês que meu filho produziu muitos frutos para o Reino de Deus. Um “muito obrigado” especial aos amigos da saúde do Hospital das Clínicas em Belo Horizonte, pela dedicação e esforço observados em prol de todos os pacientes, vocês foram muito mais do que profissionais durante todo o período que aí estivemos vocês serão eternamente lembrados por mim e toda família, vocês não deram ao meu filho apenas medicamentos ou ofereceram um tratamento formal da medicina, vocês ofereceram também carinho, atenção, amor e amizade, demonstraram que não são apenas profissionais com um curso universitário, mas são, acima de tudo, gente como a gente que muitas vezes, embora com um conhecimento maior, sentem-se limitados diante de desafios tão grandes, solidarizando-se conosco e compartilhando, além dos conhecimentos acadêmicos, a dor da perda, vocês não são apenas agentes da saúde, mas acima de tudo também grandes agentes de amor, que o Eterno e Poderoso Deus os abençoe sempre! Com eterna gratidão, João Braz Machado
  • 7. Prefácio: Um dos valores mais importantes agregados à vida de alguém é a família que porventura ele tenha conseguido constituir, e de um modo muito especial, os filhos que gerou – os filhos que Deus lhe deu. Como é belo e venturoso a um pai poder acompanhar o desenvolvimento de seu filho, um ser tão frágil e dependente durante suas primeiras semanas de vida. Fragilidade que, pela ordem natural das coisas, se estende e atenua na medida em que ele vai se desenvolvendo. Muitas preocupações e sustos assaltam o coração dos pais durante esse período em especial; mas a verdade é que tais medos e sensações concernentes aos filhos, geralmente acompanham os pais ao longo de toda a sua vida. Estou tendo a honra, o privilégio de prefaciar uma obra que, longe de ser um trabalho formal de cunho biográfico ou pedagógico, consegue transpirar em cada uma de suas páginas saudade, amor e sentimento de profunda gratidão a Deus; e tudo isso como um memorial, devido a uma frágil vida que, durante o curto tempo de sua existência, conseguiu um feito que poucos têm conseguido ao longo de uma vida inteira: “Transmitir um testemunho brilhante em meio à dor, uma fé concreta e realista em meio às incertezas que circundavam o seu mundo limitado, devido à evolução de uma cruel enfermidade que resistia a todas as tentativas feitas por especialistas habilidosos, no sentido de debelá-la do seu corpinho enfraquecido pelo agravamento intermitente do seu quadro de saúde.” Não tive convivência pessoal com André, nem mesmo participei com ele de seus derradeiros dias. Todavia, mediante tudo o que li sobre sua jornada de dor nesta obra e o que ouvi dos lábios de seu pai sobre sua vida e morte, me convenceram que André Bianchi Machado foi uma criança cheia de vida, enriquecida por uma fé bíblica extraordinária, com uma incrível capacidade de fazer feliz qualquer que se interpusesse em seu caminho. Era o orgulho de seus pais – João Braz e Débora, seus irmãos – Fillipe, Suellen e Mateus, seu cunhado, e seus familiares; além de todos os que o conheciam de perto.
  • 8. Sua vida revelava traços de inteligência acima da média e uma habilidade especial para se comunicar e impressionar aqueles que conversavam com ele. Poderia ser alguém com uma longa e próspera carreira pela frente. No entanto, seus dias estavam contados. Na ampulheta da vida, os grãos de areia que determinavam o seu tempo de existência entre nós já não eram muitos. Teria sido André um pequeno profeta, de curta existência, mas capaz de deixar marcas indeléveis produzidas por seu brilhante testemunho? Ou um dedicado evangelista sendo impedido de cumprir plenamente sua missão devido à morte precoce? Não sei ao certo. Todavia, de uma coisa tenho plena certeza: era um menino que amava a Deus e que por Deus era amado. Isso ficou claramente demonstrado nas frases soltas que produzia, ao terminar a quimioterapia: “Já, mãe? Que beleza! Ir pra casa é bom demais! Mas, melhor ainda é ir pro Céu!”. Nas orações que proferia e no modo como encarava a sua própria dor, parecia entender o “por que” de tamanho sofrimento. A iniciativa do seu dedicado pai, João Braz, pastor da Igreja Metodista Wesleyana em Divinópolis-MG, em publicar esta obra, não é apenas um tributo à memória do seu querido filho, mas também um legado aos que necessitam aspirar o perfume exalado pelo testemunho de “André um exemplo de fé” – uma contribuição valiosíssima a todos os que passam por drama semelhante. Belo Horizonte, 31 de janeiro de 2009. Bispo Calegari Superintendente da 2ª e 4ª Região Eclesiástica Igreja Metodista Wesleyana
  • 9. Introdução: Deus é soberano, quanto a isso não existe controvérsia! Mas o que levaria Deus, a permitir situações muitas vezes traumáticas na vida de seus Servos? Como uma criança tão pequena e de tanta fé, com toda certeza de que Deus o havia curado de sua enfermidade vem a falecer totalmente cega e pedindo a Deus que restaurasse a sua visão? Como tantas pessoas que não tem Jesus podem ser edificadas e obterem desejo de segui-lo uma vez que contemplam tanto sofrimento em meio aqueles que depositam Nele total confiança? Estas e muitas outras perguntas às vezes pairam na minha mente, são indagações que em momento algum refletem inconformidade com o que Deus faz, mas sem dúvida deixam-nos a refletir. Pobre homem que sou! Quanta limitação para indagar coisas às vezes inexplicáveis que somente a eternidade nos revelará, se assim for a vontade do soberano Deus. Pensando nestas coisas tomei a iniciativa de escrever este testemunho ocorrido com meu filho André que não precisou de muitos anos para marcar a sua história, apenas oito aninhos foram o suficiente para deixar recordações inesquecíveis. Dizem que lembrar o passado é sofrer duas vezes, em algumas situações posso até concordar com essa expressão, mas no que diz respeito ao Andrezinho, lembrar-se do passado é adquirir lições de vida que nos deixam mais próximos de Deus, lembrar-se de uma criança totalmente cega com tumores espalhados pelo seu lindo rostinho e, contudo isso permanecer louvando a Deus pelo que Deus É, e não somente pelo que Ele faz é com certeza uma característica nata de um verdadeiro “Obreiro Aprovado”. Estas coisas fazem com que enxerguemos que às vezes somos ingratos com Deus, quando pensamos em desistir diante de problemas tão insignificantes em relação aos que ele enfrentou, temos a certeza de que essa graduação de “Obreiro Aprovado” ele não perdeu, levou consigo para a sepultura esta medalha. A saudade é muita, a dor é intensa e sem remédio, mas também não poderia ser diferente, pois “SAUDADE É O AMOR QUE FICA”.
  • 10. Lembrar-se de tudo que passamos dói muito, contudo não posso de maneira alguma me calar diante de um grande testemunho de fé, que será sem dúvida edificante para sua vida, reconheço perfeitamente que o maior testemunho para conduzir as pessoas á Cristo, é a sua própria morte no calvário, se isso não for o suficiente nada mais o será, no entanto insisto em compartilhar com você o que Deus fez e tem feito em nossa vida, espero poder ajudá-lo para a glória de DEUS PAI. Agradeço a Deus pela oportunidade que Ele me concede de escrever um pouco da história de meu filho querido e amado, que mesmo tendo uma morte prematura nos ensinou o que é ser um verdadeiro servo do Senhor, sua morte deixou claro uma coisa: “O amor verdadeiro, nem a morte pode destruir, a prova disso é que ele não esta mais no nosso meio, mas será eterno em nossos corações” (Frase de Fillipe Bianchi irmão do Andrezinho). Relutei muito para não escrever este livro, tentei por algumas vezes esquecer todo passado, na verdade não estava disposto a relatar coisas que mexem com nossas emoções, causam saudades e nos fazem chorar, mas o desejo de ser útil a alguém, e acima de tudo engrandecer e exaltar o nome de Deus venceu-me, e fez com que eu anulasse minha própria vontade. Portanto se este livro puder ajudá-lo em sua caminhada, serei profundamente grato a Deus e compreenderei então que conseguimos êxito em extrair alguma benção do sofrimento, das lágrimas e da morte de meu tão amado filho André, estou certo de que a enfermidade, e a vida do Andrezinho tornaram este livro possível, e a sua morte o tornou necessário, imagino que relatando essa história de fé e heroísmo de uma criança, e acima de tudo o cuidado de Deus para com ela, estarei de alguma forma contribuindo para conduzir as pessoas a uma Viva Esperança, a um caminho de fé, coragem, confiança e determinação, este foi o caminho que o Andrezinho percorreu confiantemente em toda sua jornada, uma criança de apenas 5 aninhos que com determinação, coragem, confiança e fé ensinava a todos que estavam ao seu lado a ver sempre o lado bom em tudo e extrair coisas positivas em momentos aparentemente tão negativos, conforme dizia a sua médica: “Ele arrancava gargalhadas em momentos que só pediam lágrimas.” (Dra. Raquel Baumgratz - HC - BH).
  • 11. Este livro não pretende explicar Deus, suas ações e seus propósitos, e mesmo que fosse esta a pretensão certamente jamais conseguiria, ele também não pretende fornecer princípios de autoajuda para transpor problemas, acerca desta matéria já existem prateleiras e mais prateleiras lotadas em bibliotecas e livrarias de nossas cidades e, no entanto a humanidade continua prosseguindo sem vida, sem esperanças e sem soluções, o objetivo deste livro, então, talvez venha fugir de tudo aquilo que quem sabe você gostaria de ler, não é um livro de “autoajuda”, mas um livro que aponta para a “AJUDA DO ALTO” é do alto que vem o socorro no momento da dor, angústia e sofrimento. Relato uma história real que nos trouxe muitas lágrimas, dores e sofrimento; apesar disto não é de meu interesse narrar uma desgraça de uma família e de uma criança, pois entendo perfeitamente de que escrever um livro que contaria as pessoas o quanto sofremos não faria bem a ninguém, entendo, portanto de que este livro tem que ser uma afirmação de VIDA E ESPERANÇA. Ele tem de dizer que ninguém nunca nos prometeu uma vida livre de dor e desapontamentos, no entanto temos uma promessa fiel de nosso Senhor Jesus de que não estaríamos sós em nossa dor e que poderíamos obter ajuda sobrenatural do Senhor Todo Poderoso, dando-nos a força e a coragem que necessitamos para sobreviver às tragédias e às iniquidades da vida, e ainda fazendo-nos crescer em meio a estes momentos tão indesejáveis por todos nós, portanto relato nesse livro um testemunho real da ação poderosa de Deus em momentos tão difíceis, hoje sou uma pessoa mais sensível, um Pastor mais amoroso, um Conselheiro mais compreensível um Analista mais eficiente por causa da vida, enfermidade e morte do meu André, entretanto confesso que eu renunciaria a todos esses ganhos em um segundo se pudesse ter o meu filho de volta, e continuar sendo pai de um garoto brilhante e feliz, porém não posso escolher o que Deus fez em sua infinita bondade e sabedoria está feito, não nos cabe lastimar e permitir que sejamos dominados pela dor da perda e da saudade, só nos resta nos colocarmos a disposição do Senhor para que no final de tudo seja farta a colheita de almas para o Reino de Deus, contudo o que passamos e temos passado resta dizer: DEUS SEJA LOUVADO! DEUS É BOM EM TODO TEMPO, E EM TODO TEMPO DEUS É BOM.
  • 12. Por que escrevi este livro: Este livro é a história de uma criança que mantinha uma VIVA ESPERANÇA EM JESUS, acima de qualquer situação, em certo sentido o escrevi ao longo de três anos e três meses desde o dia em que ouvi a palavra “Leucemia” e que aprendi o seu significado, eu sabia que acabaria tendo de enfrentar o declínio e a morte do André caso Deus não tivesse propósito em curá-lo, e sabia que, depois que ele morresse, eu sentiria a necessidade de escrever um livro para partilhar com outras pessoas de como conseguimos continuar acreditando em Deus e depositando fé incondicional após tão profundos ferimentos, embora também mantivesse a esperança de podê-lo escrever narrando uma cura Divina com meu filho ao meu lado, que aos nossos olhos seria incomparavelmente melhor. Mas este livro tem uma finalidade específica e certeira que é de conduzir você a um caminho de uma Viva Esperança, conscientizá-lo de que em meio a dores, lágrimas e frustrações Deus trabalha em função de sua própria vida, o apóstolo Paulo escrevendo aos Romanos diz que, a tribulação produz perseverança, e a perseverança experiência e a experiência esperança. ”E não somente isso, mas também gloriemo-nos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a perseverança, e a perseverança a experiência, e a experiência a esperança; e a esperança não desaponta, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”. Rm 5:3-5. Como você pode ver existe uma sequência de aprendizado que nos é oferecido em meio às tribulações, é necessário, portanto que aprendamos as lições que a vida oferece-nos a oportunidade para aprender. Também em Tiago 1: 2, 3 e 4, temos a seguinte recomendação: “Irmãos tende por grande alegria ao passardes por várias provações, sabendo que a prova da vossa fé desenvolve perseverança, ora a perseverança deve terminar a sua obra para que sejais maduros e completos não tendo falta de coisa alguma''.
  • 13. Nada acontece somente por uma fatalidade, em todas as coisas Deus tem o controle, Ele é o Todo Poderoso e sempre quer nos ensinar, há um ano e meio aproximadamente, eu pensava estar terminando este livro, já fazia as divisões de capítulos quando de repente de forma involuntária, é claro, talvez devido ao excessivo cansaço de várias madrugadas em claro, apaguei tudo sem condições de recuperação, tive meu trabalho totalmente perdido depois de seis intensos meses de dedicação, horas e horas perdidas de sono pela madrugada, lágrimas e lágrimas de dor e saudades rolando pela face, pensava eu estar terminando todo trabalho escrito em meio às muitas lágrimas de sofrimento, saudade e emoções. Como em tudo Deus tem um propósito, na noite anterior eu havia pregado na igreja um sermão exortativo, enfatizando que deveríamos sempre estar dispostos a recomeçar nosso projeto de vida, sem desistir facilmente de nossos propósitos, recomeçando sempre, quantas vezes fossem necessárias, entendi então que Deus estava agindo naquele momento, e que o trabalho perdido era uma oportunidade que Ele estava me dando de aperfeiçoá-lo, entendi que talvez Deus não estivesse preocupado com a escrita de um livro grande, com muitas páginas, mas tão somente de um grande livro que pudesse transmitir de forma clara, simples e objetiva, uma mensagem que edificaria vidas para sempre em pouco tempo de leitura, para assim cumprir o verdadeiro propósito de sua escrita, foi aí então que decidi recomeçar e agora, depois de uma longa trajetória de recordações tristes e dolorosas, você tem nas mãos um grande testemunho de fé. Relato toda a história de uma criança que com apenas 5 aninhos iniciou corajosamente uma luta contra a leucemia, sempre de cabeça erguida, nos dando de forma sobrenatural um grande exemplo, através de gestos, palavras e com a sua própria vida, e mesmo sentindo na pele infortúnios de uma terrível enfermidade demonstrou que é perfeitamente possível louvar e engrandecer o nome de Deus em qualquer situação. A história do pequeno-gigante André (pequeno em estatura e gigante na fé) que com a convicção de que Deus é sempre fiel, lutou contra a leucemia durante 3 anos e 3 meses, sem nunca negar a sua fé, passou por um doloroso e terrível transplante de medula
  • 14. óssea, e sempre dizia: “Pai, mãe, vamos ter paciência que um dia tudo isso vai passar, porque nada é eterno, Eterno é só Jesus, tudo passa só Jesus é que não passa, Ele é eterno”. Em todo esse tempo, foi um exemplo de vida em obediência e temor a Deus, por onde passou deixou marcas e lições extremamente profundas em seus relacionamentos, ele não precisou de oitenta anos para nos ensinar grandes coisas, 8 aninhos foram suficientes para marcar as nossas vidas, registrar a sua história, cumprir fielmente a sua missão e deixar saudades eternas. Meu guerreiro, vencedor e campeão, amigo em todo tempo dedicado filho, brilhante criança cheia de humor e desejo de viver foi transportado para a Nova Jerusalém no dia 1 de outubro de 2006 e como era o seu maior desejo escrever um livro dando o seu próprio testemunho, Deus nos possibilitou fazê-lo mesmo na sua ausência, o que não esta sendo fácil, mas cremos que veremos os frutos deste penoso trabalho florescer, e então para a glória de Deus poderemos dizer em alto e bom som: “Missão Cumprida, valeu o sofrimento as lágrimas e a morte do meu filho, suas lágrimas, suas dores, suas angústias, seu sofrimento e a sua própria morte produziram frutos para o Reino de Deus, aleluia, grande é o Senhor”. A minha oração é que este testemunho seja edificante para a sua vida, se isso não acontecer me sentirei frustrado no cumprimento de minha missão, e toda esta narrativa não terá sentido, certamente que não terá valido a pena relembrar momentos e recordações tão doídas que nos trouxeram tantas angústias, portanto desarme-se agora de todo preconceito e, em nome de Jesus, deixe que o Espírito Santo de Deus fale ao seu coração, se você passa por um momento difícil como eu e minha família passamos e temos passado com a ausência do Andrezinho, o meu sincero desejo é que você também possa experimentar o que nós temos experimentado: “O consolo que excede todo entendimento”. Consolo esse que só vem da parte do Senhor, que nos dá força para prosseguir para que também possamos consolar, veja o que diz a Bíblia em II Co. 1:3 e 4. “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai de misericórdias e Deus de toda consolação, é ele que nos conforta em toda nossa tribulação, para podermos consolar os que estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que nós mesmos somos contemplados por Deus”.
  • 15. No encerramento do testemunho, nas últimas páginas você encontrará alguns depoimentos de pessoas que conviveram com o André, alguns escritos antes de seu falecimento, portanto estão na íntegra, não fiz absolutamente nenhuma alteração para que você possa fazer a sua própria avaliação do testemunho que ele dava para as pessoas ao seu redor durante sua enfermidade, você verá que ele consolava quando precisava ser consolado. Devo ainda lhe dizer que é totalmente permitido reproduzir, xerocar, copiar enfim usar qualquer meio que facilite a divulgação deste livro gratuitamente, pois o meu grande lucro é ver vidas sendo edificadas e almas rendendo aos pés de Jesus, para a glória de Deus Pai, lembrando ainda de que este livro esta disponibilizado no meu blog: www.gratidaodeadorador.blogspot.com – Peço que compartilhe, por favor, e juntos cooperaremos com a edificação de muitas vidas para que Deus seja engrandecido, exaltado, glorificado, louvado e honrado por sua fidelidade. Com muita honra e orgulho de ter tido um filho tão valente com relação os desafios deste mundo e ao mesmo instante extremamente temente ao DEUS ALTÍSSIMO, carinhosamente te desejo uma boa leitura e que Deus te abençoe. O Autor João Braz Machado “CAMPEÃO NÃO É SOMENTE AQUELE QUE SEMPRE VENCE, MAS TAMBÉM AQUELE QUE NUNCA DESISTE DE LUTAR”. Valeu filhão, tenho orgulho de ti!
  • 16. Capítulo 1 - Como tudo começou Era mês de julho de 2003 quando fomos surpreendidos com uma terrível enfermidade na vida de meu filho André, na época com apenas cinco aninhos, era um lindo menino, muito inteligente como todos os meus demais filhos, porém tinha características diferentes, teve o privilégio de ter lindos olhos azuis, e cabelos loiros, éramos uma família de cinco, eu, Débora minha esposa, Suellen, Fillipe e André, meus filhos queridos, o bem mais precioso que Deus tem me dado, tudo ia muito bem dentro das normalidades de qualquer família, quando de repente o que a princípio parecia ser algo muito simples, tornou-se um grande pesadelo e mudou completamente a nossa vida, para nós era apenas um inchaço facial devido à alguma intoxicação alimentar e que o uso de um medicamento antialérgico resolveria o problema, mas não era tão simples assim e naquele dia 1º de julho de 2003, pude entender literalmente a força da expressão: “O mundo desabou sobre a minha cabeça e o chão se abriu”, frase frequentemente usada em momentos de desespero e grandes desafios, após alguns exames no hospital concluiu-se que o inchaço facial era devido a um tumor alojado entre o coração, pulmão e veia aorta, com isso a circulação sanguínea do meu filho estava toda comprometida, as veias estavam comprimidas pelo tumor impossibilitando assim a normalidade de toda circulação, e como se tudo isso não bastasse, outro exame também indicava que 95% das células da medula que foram pesquisadas estavam doentes, ou seja, apenas 5% estavam sadias, o que nos parecia ser apenas uma intoxicação alimentar era verdadeiramente um câncer no sangue, ou seja, a temível e terrível Leucemia, no momento em que recebi a notícia parecia que o mundo havia desabado sobre mim, como poderia o meu filho estar com um diagnóstico tão comprometedor? Eu que tinha horror a hospital e nunca consegui ficar muito tempo dentro de um, ás vezes, fazia visitas rápidas a alguém que precisasse, mas só o cheiro de hospital, as cenas ali vistas e os gemidos dos pacientes sofrendo representavam para mim um quadro totalmente insuportável, tudo isso teve que mudar, conceitos caíram por terra e de repente estava diante de uma realidade nunca vivida por mim, totalmente imprevisível, um mundo de sofrimento, mas também de grandes experiências com Deus haviam atingido totalmente
  • 17. o nosso lar e toda família. A primeira maneira de querer me esquivar do quadro assustador que estava diante de mim, foi não acreditar na veracidade dos exames, acreditei piamente que os exames haviam sido trocados pelos de outro paciente, ou até mesmo o aparelho responsável pela liberação dos resultados estava com defeito, descartei definitivamente todas as possibilidades do meu filho estar doente, mas mesmo diante destas possíveis hipóteses, saí da sala do médico com uma certeza: “Deus é fiel”, e como uma flechada, meu coração foi invadido pelas palavras do salmista narradas no salmo 108: “Firme esta o meu coração, ó Deus! Cantarei e entoarei louvores de toda a minha alma”. E é bem verdade que as palavras deste salmo tem sido fonte de consolo para mim e toda família, que, embora vivendo com a dor da saudade, continuamos com nossos corações firmes, cantando e entoando louvores ao Deus que tudo pode e que tudo faz segundo a sua boa, perfeita, agradável e soberana vontade. Reconhecidos e fortalecidos na mais plena convicção de que Ele fez o melhor na vida do Andrezinho, não nos competindo discutir a maneira que Ele usou para fazê-lo, prosseguimos para o alvo amando a Deus sobre todas as coisas e entregando nossas vidas inteiramente aos cuidados do Mestre e Senhor, temos tomado como exemplo para vivermos hoje o que o Andrezinho sempre viveu, pois nos momentos difíceis de seu tratamento ele sempre nos dizia cheio de fé: “Não se preocupem com resultados dos meus exames, eu estou nas mãos de Deus, e Deus não depende de exames para cuidar de mim, quem depende de exames são os médicos, mas eu não estou nas mãos deles”. Meu filho foi verdadeiramente um exemplo de fé, mostrou com sua própria vida e não com uma cartilha de ensino, que é possível honrar a Deus durante as tempestades da vida, viveu na própria pele infortúnios de uma enfermidade traiçoeira e de um tratamento angustiante, sempre de cabeça erguida, arrancando gargalhadas em momentos que só pediam lágrimas, fazendo com que lembrássemos continuamente das palavras do apóstolo Paulo: “... porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação”. (Fl.4:11b). E com ele, então, aprendemos que viver contente é uma questão de aprendizado, o Andrezinho provou que podemos ter uma vida melhor
  • 18. independentemente das circunstancias, basta reconhecer que Deus está no controle e valorizar seus cuidados sobre nós, quantas vezes nos esquecemos do zelo de Deus para conosco, temos a incrível mania de nos apegar em tão pequenas coisas e nos esquecemos de tão grandes feitos do Senhor em nossa vida. Quando tudo isso começou a acontecer, nos apegamos com mais firmeza ao Senhor, lembro-me bem que quando cheguei em casa e compartilhei o diagnóstico do Andrezinho com os familiares muitas lágrimas rolaram em cada face, porém foi em meio a tantas lágrimas que DEUS deu uma linda canção ao meu cunhado Dalton que dizia: “Não há nada que me faça afastar de ti, Nem as lutas ou temores podem apagar O desejo que eu tenho é de me esconder Em teus braços, tão seguro, posso confiar. Aos meus olhos os problemas não têm solução Cada passo que eu dou parece ser em vão. Quando penso em teu poder firmado esta minha fé Em um DEUS que até os mortos pode levantar Eu posso abrir meu coração e te adorar Mesmo depois de a noite escura contemplar O sol se abrir ao amanhecer Na minha vida se renovaram as misericórdias do Senhor.” Esta canção que serviu de tanto conforto, esta gravada no 2º cd de meu cunhado Josimar Bianchi intitulado “Quero te ver”.
  • 19. Já éramos uma família evangélica, não imaginávamos ainda o caminho que percorreríamos, não fazíamos nem idéia de como Deus manifestaria as suas grandezas em todo aquele processo que estava só começando. Não pensávamos que dentro do nosso lar, Deus enviaria alguém com uma missão tão especial para exaltar e glorificar o seu Nome. “A Deus e somente a Ele toda glória”. Mas antes de prosseguir entrando em mais detalhes, quero compartilhar um sonho que minha esposa teve antes de todos estes acontecimentos, e mais ou menos uns 30 a 40 dias depois deste sonho, nosso lar foi bombardeado com a enfermidade do Andrezinho. O SONHO DA DÉBORA: Sonhou a minha esposa que: “Eu, ela e o André havíamos sido enviados a um local para realizar uma missão que na verdade ela não teve definições claras durante o sonho, o grande detalhe é que temos mais dois filhos, Suellen e Fillipe, mas no sonho minha esposa só via o André junto conosco. Quando chegamos ao local a que fomos enviados, minha esposa disse que encontramos pessoas entristecidas, revoltadas e sofrendo muito, e no próprio sonho ela chegou a me dizer que era pra gente voltar pra casa, pois pensava ela que as pessoas não gostavam de nós, tamanha era a tristeza estampada no rosto de cada um, era um local com muitas árvores, uma grande avenida movimentada e um parque de diversões bem próximo. Houve um dia que o André sumiu, procurávamos por toda parte e não o encontrávamos, após muita busca sem sucesso retornamos para casa e ao chegarmos ao portão contemplamos uma grande tragédia, pois a casa que morávamos havia desmoronado, havia móveis despedaçados, cacos de vidros por todo lado, toda a laje havia caído, mas as paredes permaneciam em pé, ficamos desesperados tentando imaginar o que poderia ter acontecido, em meio a muito entulho começamos a procurar o André imaginando que possivelmente estivesse ele soterrado pelo desmoronamento e depois de alguns instantes de procura ela o encontrou dormindo debaixo do entulho, porém totalmente ileso sem nenhum arranhão, ainda no sonho ela o abraçou e disse: Glória a Deus que protegeu o meu filho”. Ao dizer isto acordou, e pela manhã ela compartilhou comigo esse sonho, e eu disse que iríamos orar, porque não
  • 20. tinha a mínima idéia do que pudesse ser, embora no fundo imaginasse sim que seria algo não muito bom, hoje não tenho dúvidas que era tão somente uma comunicação Divina, do que estaria por vir, de certa forma isso nos fortalece porque entendemos que já havia uma permissão e um propósito de Deus em todas as coisas que estariam por acontecer na vida de meu filho. Quando internamos o André esse sonho me veio à tona numa madrugada lá no hospital, comecei então a entender de forma mais precisa o seu significado, o local do sonho era com muitas árvores, avenida movimentada e um parque de diversões próximo, para quem conhece o hospital das Clínicas em Belo Horizonte sabe perfeitamente que toda descrição do sonho é característico da região, o local ali é totalmente arborizado, a Avenida Alfredo Balena é extremamente movimentada e é bem próxima ao Parque Municipal. E as pessoas entristecidas e revoltadas que apareciam no sonho? Você já parou para pensar que em um hospital tristeza e revolta são características notáveis na vida dos que ali estão? Também outro detalhe do sonho não passou despercebido, o fato de que as paredes estavam em pé, demonstrando de que as estruturas não foram abaladas, deu-nos a entender de que eu e a Débora estávamos firmes em meio à catástrofe ocorrida, e foi exatamente desta forma, com certeza, que Deus pela sua infinita misericórdia, nos manteve firmes durante todo o tratamento do nosso filho. Não há dúvidas de que Deus ainda nos fala por meio de sonhos, porém temos que ter cuidado, pois nem todo sonho é de Deus, nem todo sonho vem de Dele, tem muito sonho de barriga cheia e de fruto de sua imaginação, contudo Deus é real, e nem por isso ele deixa de falar. Ao tomar consciência da tarefa que estava sobre nossos ombros não hesitamos, pois entendemos de que a obra de Deus a ser realizada era ali, e urgente, sei que frutos foram produzidos pela misericórdia de Deus, através da minha vida e da vida de minha esposa Débora e do meu filho André, e mesmo em meio às lutas contra aquela enfermidade, não medíamos esforços para glorificar a Deus e falar do seu poder e amor em qualquer situação, foram várias as vezes que o deixei no quarto sozinho e ia orar por outras crianças que estavam na mesma situação que ele. Algumas vezes, quando voltava o encontrava dormindo, ele nunca reclamou disso, muito pelo contrário, sempre facilitava.
  • 21. Muitas vezes eu é que ficava receoso de ir para não deixá-lo sozinho, mas ele dizia: “Vai pai, pode ir que as pessoas estão precisando de oração”. Não consigo me lembrar destas coisas sem ser tomado de emoções, meu filho sempre foi um guerreiro incansável, entendia a obra que Deus havia nos confiado, e sabia convictamente que ele era imprescindível integrante desta comissão, e porque não dizer, talvez o principal integrante, considerando de que na verdade ele é quem sofria na pele as consequências da terrível, traiçoeira e drástica enfermidade. Todos nós sabemos que consolar não é fácil, pois consolar é levar vida, esperança e paz em meio às situações mais difíceis, é apresentar uma saída quando parece estar tudo perdido, o Andrezinho sabia fazer isso muito bem, com palavras, ações, gestos e com a sua própria vida, ele é quem consolava quando precisava de consolo, ninguém pode entender isso se Deus assim não o revelar, meu filho sempre foi extremamente usado por Deus, portanto a Deus toda glória eternamente, foram dias de terríveis sofrimentos para todos nós, mas ainda assim posso dizer que não vai valer a pena e sim VALEU A PENA.
  • 22. Capítulo 2 - No Hospital Com muita educação, profissionalismo, carinho e respeito, uma equipe médica nos instruiu acerca de quais recursos teriam disponíveis para o tratamento, lembro-me com clareza quando indaguei de uma médica acerca de quanto tempo de vida, segundo a medicina, meu filho teria com aquele diagnóstico, ela me olhou com firmeza e disse que gostaria de ter resposta melhor para me dar, mas infelizmente não tinha, e que somente Deus poderia me responder, disse-me ainda que o caso do Andrezinho era muito grave e seria bom que estivéssemos preparados, pois nem mesmo eles sabiam como ele ainda respirava sem ajuda do oxigênio, devido ao tumor alojado entre o coração, pulmão e veia aorta, entendi então que nas entrelinhas talvez ela estivesse me dizendo: “Na verdade pai, nem sabemos como o seu filho ainda esta vivo”. Pensei comigo mesmo, se eles não entendem como o Andrezinho ainda esta respirando sem ajuda do oxigênio, então é porque o milagre já foi feito glória a Deus, em seguida eles nos informaram da agressividade da quimioterapia que se iniciaria e a possibilidade do Andrezinho não resistir nem mesmo as primeiras sessões, contudo Deus o fez forte e além de não haver grandes efeitos colaterais conforme previsto, o tumor desapareceu quase todo em apenas uma sessão de quimioterapia, constataram isso porque após a primeira seção o Andrezinho teve febre alta e foi necessário fazer um Raio-X do pulmão para prevenirem contra um possível agravamento do quadro clínico, considerando de que febre alta em pacientes após quimioterapia é um grande risco, pois, pode representar um início de uma infecção grave e incontrolável. Com o resultado do Raio-X, puderam então detectar uma considerável regressão do tumor não esperada, uma vez que segundo os próprios médicos não era possível que com apenas uma seção quimioterápica o tumor diminuísse tanto, e com 40 dias ele desapareceu totalmente, em tudo víamos a boa mão do Senhor operando maravilhosamente, Deus seja louvado! Ele é fiel! No entanto, mesmo sendo Deus fiel, não nos poupou de alguns momentos terríveis naquele hospital, mesmo com todos seus cuidados dispensados sobre o André com toda a certeza Ele estava tão somente
  • 23. desejoso de nos proporcionar crescimento, conforme nos diz as sagradas escrituras: “Muitas são as aflições do justo, mas o Senhor de todas o livra”. Sl.: 34, 19. Nunca vou me esquecer dos primeiros contatos com os médicos, as primeiras informações, primeiros exames, primeiros resultados, são coisas muito marcantes em minha vida. Conforme disse anteriormente, pensávamos ser uma intoxicação alimentar e, ainda em casa, antes mesmo de levá-lo ao hospital, minha esposa tirou todos os alimentos de alta caloria da alimentação do Andrezinho, o Toddy também entrou na lista é claro, ele amava Toddy e quando já no hospital após resultados dos exames falamos pra ele que não era intoxicação, ele abriu um lindo sorriso e disse: ”Eba, então eu posso continuar tomando Toddy, ainda bem que é outra coisa, tá vendo, vocês me deixaram com vontade a tôa”. Quanta pureza, quanta simplicidade, quanto ensino. Lembro-me sem muito esforço dos primeiros dias de meu filho ali naquele hospital, foram dias que marcaram a minha vida, a dele, e com certeza a de tantos outros que também ali estavam, com apenas cinco aninhos já entrou ali evangelizando através da música, o dia inteiro tocava um violãozinho de madeira que eu havia lhe dado e cantava uma canção de um grupo musical evangélico chamado Metal Nobre que dizia: “Quando os problemas invadem o teu ser, e a solução já não consegue ver. Amigos já não há que possam te ajudar cansou de procurar sem encontrar Já em teus olhos lágrimas não há e os teus sonhos fogem da tuas mãos sozinho a seguir sem uma direção cansou de procurar sem encontrar Louvai por sua vida, louvai mesmo sem saída. Louvai em qualquer situação, Não, não vai entregar sua vida, Deus tem sempre uma saída. Seja qual for a situação”
  • 24. Médicos e enfermeiras costumavam pedir para ele repetir algumas frases da música porque não havia entendido bem, ele então repetia, com toda certeza Deus aplicou sua mensagem. Logo que ele foi internado, observou que as crianças eram carecas (efeito das quimioterapias) e passou a não querer mais tomar banho, e ele sempre foi uma criança extremamente higiênica e logo não querendo tomar banho, sua mãe indagou dele qual seria a razão foi quando ele disse: “Eu já observei mamãe que todas as crianças aqui são carecas, deve ser a água do chuveiro desse hospital, e eu não quero ficar careca.” Ele era apaixonado com seu cabelinho loiro usava sempre o melhor shampoo e sempre cheiroso. Quanta inocência, e quantos ensinamentos obtiveram ali através da vida de meu filho todos quantos estavam em seu redor, quanta fé, força e vontade de viver, quanto testemunho do que é ser servo de verdade, mesmo em meio a uma série de exames dolorosos ele sempre dizia: “Papai, não quero ver o senhor chorando, Jesus vai me curar, dói muito mais ver o senhor chorando, dói mais que a própria dor do exame que foi feito em mim”. Quantas saudades do meu filho! Ele me ensinou grandes coisas com pequenos gestos e até mesmo sem gesto algum, apenas com seu olhar sincero e singelo expressando sua total confiança em Deus, e sua simplicidade em servir ao Senhor. Durante todo tempo do tratamento que teve, o Andrezinho pronunciava coisas que muitas vezes nos deixavam apreensivos e ao mesmo tempo consolados, compartilhava sonhos e às vezes ele próprio avaliava seu quadro clínico e em muitos resultados preocupantes de exames ele sempre dizia: “Não se preocupem com esses resultados, isso é apenas um exame, o importante é o que eu estou sentido, e Deus está cuidando de mim”. Muitas foram às vezes em que Deus o usou para colocar paz no meu coração, houve um dia no hospital que eu estava muito aflito, a situação dele não era muito boa e ele começou a insistir comigo para providenciar uma luva descartável para ele, aquelas luvas elásticas que médicos e enfermeiros usam, eu relutei um pouco alegando que as luvas eram para o trabalho dos enfermeiros, mas pelo cansaço ele acabou me convencendo, isso era bem comum entre nós e eu acabei providenciando a
  • 25. luva, então ele pediu para que eu a enchesse de água e amarrasse, e eu enchi de água e amarrei conforme o seu pedido e ficou aquela mão muito grande, eu não esperava tão grande lição que aprenderia naquele momento, foi ai então que ele deitou, pegou a luva da minha mão, colocou em seu peito, olhou para mim e disse: “Sabe o que é isso papai? É a mão de Deus que esta sobre a minha vida”. Por estas e outras razões eu não posso deixar de acreditar na fidelidade de Deus para conosco, algumas vezes ele me pegava de surpresa com algumas indagações, e não adiantava dar qualquer resposta, tinha que ser resposta lógica. Houve um dia no hospital em que ele me perguntou onde se encontrava ouro, eu lhe respondi, e por si próprio ele concluiu que ouro era difícil de conseguir, eu concordei com ele dizendo que era difícil sim, então ele olhou para mim com certa admiração e disse: “Ouro é difícil pai, mas todo mundo quer porque tem valor, e por ter valor às pessoas não medem esforços para consegui-lo, assim são as coisas que fazemos para Deus, pode ser difícil, mas temos que ir até o fim porque as coisas para Deus são mais valiosas do que o ouro, então não podemos desistir delas”. Na verdade ele não sabia, e eu não havia comentado com ninguém ainda, mas naqueles dias eu estava ponderando tirar uma licença e me afastar temporariamente do exercício pastoral considerando de que estava difícil conciliar os cuidados sobre a Igreja e o tratamento do Andrezinho que tomava todo nosso tempo, muitas vezes eu saia do hospital e ia direto para a Igreja por isso estava difícil. Não posso nunca, em momento algum deixar de dar á Deus toda glória devida ao teu nome por essas palavras ungidas e exortativas que saíram da boca de meu filho, incentivando a minha caminhada e mostrando que ele era um menino valente, e de certa forma alertando-me de que a recompensa de Deus viria, era só uma questão de tempo, mas era necessário permanecer sem desistir. Lembro-me com muita facilidade também de um sonho que ele compartilhou comigo em uma de suas internações. Disse ele que estava brincando com seus dois primos, Caio e Israel quando de repente ele caiu em um buraco muito fundo e escuro, vieram então dois anjos, cada um de um lado e seguraram em seus braços e o conduziu para um lugar muito bonito, ele me contou o sonho e me perguntou o que significava, eu disse que iríamos orar e depois
  • 26. falaria com ele, mas na verdade nunca tive coragem de dizer-lhe o que eu havia entendido do sonho, pois perguntei a ele imediatamente se os anjos haviam retornado com ele depois para continuar brincando com os primos e a resposta foi negativa, a partir daquele dia Deus começou a trabalhar comigo a possibilidade de ter de encarar a partida do Andrezinho para as Mansões Celestiais. Muitas vezes, ao sair do hospital, ele todo feliz com a alta recebida ainda no elevador dizia: “Ta vendo pai, pra tudo tem que ter paciência, o dia que eu cheguei aqui eu chorei pra não ficar, agora já passou, tô indo embora, tem que saber esperar não é mesmo, tem que ter paciência”. Só mesmo uma criança com uma missão tão especial poderia compreender estas coisas, por mais que eu escreva ainda vou me esquecer de muitas coisas edificantes que ele dizia, pois na verdade não esperava escrever este testemunho em um momento tão difícil com tantas saudades e só o faço porque sei que todo o tratamento do meu filho foi para a glória de Deus, e assim a morte do meu filho também é e será sempre para a glória de Deus, estou plenamente certo de que meu filho cumpriu sua missão com toda fidelidade ao Senhor, e agora que aprouve ao Senhor recolhê-lo à Jerusalém Celestial, tudo que ele passou tem que continuar com o objetivo fundamental de glorificar e exaltar a Deus, se houvesse um meio de ele comunicar conosco eu sei que certamente ele me pediria que eu continuasse firme com Deus e sem nunca desistir de anunciar as suas maravilhas. Para ele não posso fazer mais nada, já não me pertence mais, nunca mais ele poderá vir até a mim, mas eu irei até ele, estou certo disso em nome de Jesus, é claro que o desejo que devemos ter de ir para o céu, não pode ser apenas o de encontrar um ente querido lá, até porque essa questão de reconhecimento no céu é um assunto do qual não se pode fechar questão, vamos nos ater apenas ao que Deus nos revela, mas encontrar um ente querido pode ser uma complementação, no entanto a motivação primordial de desejar o céu tem que ser o desejo de estar com Jesus, e apesar de não poder fazer mais nada pelo Andrezinho, eu penso que posso fazer para Deus, sabendo que através deste testemunho posso contribuir para edificação de vidas aos pés de Jesus, pois não existe absolutamente nada neste mundo que seja tão gratificante do que
  • 27. trabalhar em prol do Reino de Deus, por esta razão insisto em escrevê-lo mesmo em meio à dor da saudade, Deus há de me recompensar, estou certo disso, serão recompensas em nível muito mais elevado do que se possa imaginar, não recompensas terrenas apenas, pois nos ensina o apóstolo Paulo de que não devemos esperar somente nesta vida, nenhuma recompensa aqui é tão valiosa quanto a que Deus tem para nos oferecer de maneira graciosa e fiel, minha recompensa está muito além desta terra, “Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens.” 2º Coríntios 15:19. Desta vida quero apenas o consolo de Deus pela perda de meu filho e trabalhar incansavelmente para Jesus, autor e consumador da nossa fé, pois é preciso entender que a morte de Jesus na cruz, não foi somente para nos salvar, claro foi esse o objetivo principal, contudo Ele morreu também para que você não viva de uma forma egoística só para você, veja o que diz o apóstolo Paulo: “E Ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.” (ll Co. 5:15). Tudo que Deus reservou de melhor para nós esta muito, além disto, aqui, “Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano, o que DEUS tem preparado para aqueles que o amam.” (l Coríntios 2;9). Esta palavra fiel e verdadeira é a fonte de conforto para todos nós, sabemos que a salvação do Andrezinho está garantida e ele já está seguro, onde almejamos chegar com a graça e as misericórdias de Deus, temos muitas saudades, mas quem ama quer o melhor e o melhor para o Andrezinho seria estar com Deus, e não em nossa campainha, por isso a Deus toda Glória para sempre. A grande recompensa é o que Deus tem preparado, portanto, fiquemos firmes, sem vacilar, pois Deus é fiel para cumprir todas as suas promessas, como nos diz as Santas Escrituras: “Deus não é homem, para que minta; Nem filho do homem para que se arrependa. Porventura, tendo ele prometido, não o fará? Ou, tendo falado, não o cumprirá?”. (Nm23:19.
  • 28. Capítulo 3 - Consultas Ambulatoriais Quando o Andrezinho não estava internado tínhamos constantes consultas no ambulatório, quem faz esse tratamento ou acompanha alguém que faz conhece bem de perto essa rotina. Lembro-me de certa vez que a consulta estava demorando muito e eu, impaciente, não aguentava mais e comecei a questionar sobre a demora, porém, entendendo perfeitamente que a demanda é bem maior do que os recursos disponíveis aos profissionais da saúde para a execução do trabalho, aliás, eles fazem mais do que podem, são mais do que profissionais da saúde, são agentes de carinho e compreensão. Contudo devido a alguns comentários que fiz, sua mãe me disse que era para dar glória a Deus, porque a consulta estava demorando, mas o Andrezinho estava bem, imediatamente ao ouvir o que sua mãe disse olhou pra ela e retrucou dizendo: “É assim mãe, dar glória a Deus porque eu estou bem? Fica sabendo que se eu não estivesse bem tinha que dar glória a Deus também”. Esse era o Andrezinho, a sua expressão não foi absolutamente nada além da palavra de Deus que diz: “Em tudo dai graças!” (I Ts. 5:18). E hoje, mesmo na sua ausência, temos aprendido a dar graças a Deus porque ele nos ensinou isso, verdadeiramente um servo em qualquer situação, procurava ver sempre o lado bom das coisas e se apegava no positivo. Às vezes chorava quando tinha que internar, é claro que isso é natural, afinal ele era apenas uma criança e tinha suas limitações, mas quando passava o momento de tristeza ele dizia: “Pai, ficar internado é ruim e é bom ao mesmo tempo. É ruim porque a gente só fica preso dentro de um quarto e não pode brincar a vontade, mas também é bom porque aqui eu estou sendo tratado para viver mais.” Ele sabia da gravidade de sua enfermidade, nunca escondemos isso dele, mas sabia também de que a sua enfermidade era nada aos olhos do Senhor, que poderia curá-lo. Certo dia, após um exame chamado punção lombar, quando é feita a retirada de um liquido na coluna e ao mesmo instante é aplicado o medicamento para evitar comprometimento da enfermidade no cérebro, o que na verdade é também uma quimioterapia, após então esta aplicação o Andrezinho foi conduzido à outra sala para uma quimioterapia endovenosa, chegando lá ainda soluçando com dores do exame anterior, ele
  • 29. estendeu os dois braços e disse a enfermeira: “Pode pegar qualquer veia, em qualquer braço, porque meu sangue é bom, meu sangue é de primeira”. Imediatamente eu olhei para a enfermeira que estava mais próximo de mim e falei bem baixo para ele não ouvir: “Somente uma criança pode agir assim, passando por um momento tão difícil sorrindo e bem humorado”. Mesmo usando um tom de voz mais baixo ele ouviu o que eu dissera e mais que depressa me respondeu assim: “Sabe por que, que eu estou sempre sorrindo e bem humorado pai? É que eu sou feliz, eu sou muito feliz”. O Silêncio permaneceu alguns segundos dentro daquela sala, onde muitos estavam fazendo quimioterapia, os pacientes e enfermeiros olharam entre si e alguém quebrou o silêncio dizendo: “Que menino é esse? Isso não existe!”. Naquele mesmo dia ele saiu com outra antes de ir embora, quando sua mãe lhe disse que já havia terminado a quimioterapia ele se levantou e disse bem alto: “Já mãe? Que beleza! ir pra casa é bom demais, mas melhor ainda é ir para o Céu”. Sem dúvida isto alegra o meu coração porque com toda a certeza a felicidade do Andrezinho não estava vinculada as circunstâncias que o cercavam, mas acima de tudo na união que ele tinha com Cristo Jesus, ele não dependia de momentos favoráveis para ser alegre, ele tinha alegria constante por ter o fruto do Espírito, ele sabia da presença contínua de Jesus com ele, e por esta razão vivia na dimensão da fé e apropriava-se continuamente das conquistas de Cristo na cruz do calvário em nosso favor, entendia literalmente e guardava as palavras do apóstolo João: “Pois todo que é nascido de Deus vence o mundo. Esta é a vitória que vence o mundo a nossa fé.” (1ª João 5:3). Lembro-me de certa vez que regressávamos do hospital, após uma bateria de exames, passamos o dia inteiro no hospital e já era noite quando retornávamos, ele estava no banco traseiro do carro de uma forma pensativa, percebi o seu silêncio e logo imaginei que alguma coisa muito especial e com certeza criativa se passava naquela fértil mente, pois o conhecia muito bem e aqueles lindos olhinhos brilhantes não me deixavam dúvidas de naquela cabecinha alguma coisa estava sendo maquinada, não hesitei e perguntei a ele o que estava pensando, sem muitas palavras ele olhou para mim e disse:
  • 30. “Tô pensando aqui pai, que ainda bem que o Fillipe e a Suellen (seus irmãos) não tem essa doença, porque esse tratamento é osso”. Fiquei deslumbrado com a bondade de meu filho em relação aos seus irmãos, ele sabia que ninguém merecia sofrer tanto, mesmo tendo mais ou menos 6 pra 7 anos nesta época, tão pequeno sempre deixava claro que jamais desejaria que alguém passasse o que ele estava passando, foi sempre um guerreiro vencedor, encarando de cabeça erguida a realidade da vida de fato será sempre um eterno campeão. “E sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”. Rm. 8:28 - Este versículo sempre foi uma grande realidade em nossas vidas durante todo processo de tratamento do Andrezinho, muitas foram as vezes que Deus cuidou do meu filhinho de forma tão especial, era muito comum a falta de medicamentos quimioterápicos e também a falta de resultados de exames na data prevista, embora isto trazia graves comprometimentos no tratamento e muitas foram as vezes em que a Débora ficava tensa porque não tinha medicamentos necessários e também resultados não estavam sendo entregues a tantos pacientes, as pessoas saiam nervosas e revoltadas criando um clima muito ruim, enquanto isso eu e Débora orávamos e quando chegava a vez do atendimento do Andrezinho sempre ouvíamos a seguinte expressão dos atendentes: “Nossa como o Andrezinho é de sorte, os exames dele foram os únicos que saíram e também os medicamentos deles foram os únicos que vieram”. Em tudo isto nós compreendíamos que era tão somente a mão de Deus trabalhando em nosso favor, pois para o André nunca faltou o que rotineiramente faltava aos demais pacientes inclusive crianças, vale muito a pena servir ao Senhor, creio que a graça de Deus nos capacita a entender estes cuidados especiais.
  • 31. Capítulo 4 - O Transplante Foi um ano e meio de tratamento intensivo, quimioterapias, consultas, exames, internações programadas outras imprevisíveis, em meio a tanta turbulência crescemos muito na graça e no conhecimento de Deus, grandes experiências o Senhor nos concedeu durante todo esse tempo, hoje podemos dizer talvez como disse Jó: “Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado. Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem”. (Jó 42: 2 e 5.) Aliás, acerca desta história de Jó vale à pena tecer um breve comentário para que você não se torture talvez por estar passando por um momento difícil. A Bíblia diz no capítulo 1, logo no início do livro, no versículo 1, diz que Jó era homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal, mas mesmo com grandes virtudes não foi poupado de uma situação conflitante, foi provado, não por ser injusto, mas por ser justo, não por ser infiel, mas por ser fiel, foi um homem digno de ser provado por Deus e tentado por satanás por uma única razão: “Fidelidade para com o Senhor ”. Portanto eu gostaria que você pensasse em tudo que tem passado, pare de arrancar pecados do fundo do baú, achando que são eles os causadores desta situação, pare também de revoltar-se com Deus, isso só vai piorar as coisas, entenda que Deus não é seu adversário neste momento e sim seu grande aliado. Após todo esse período de um ano e meio, com tudo correndo bem, havia grandes possibilidades de em breve, encerrar o tratamento, a sua médica sempre dizia que ele estava surpreendendo por sua resposta ao tratamento, mas como em todas as coisas a vontade de Deus se revela, foi durante então um simples exame de rotina que constatou mais uma vez que a enfermidade estava se manifestando de forma muito agressiva, com exceção do tumor que já havia desaparecido com apenas 40 dias de tratamento, agora um novo exame apontava que das células da medula que foram pesquisadas, mais uma vez, 84% estavam comprometidas, o mundo outra vez pareceu desabar sobre nós, tínhamos que iniciar do zero, tudo de novo. Foi ai então que a equipe médica chegou à conclusão que somente o transplante de medula óssea poderia dar mais chance de vida para meu filho, sinceramente ficamos transtornados, teríamos que começar tudo de novo depois de um ano e meio, contudo
  • 32. mais uma vez o Senhor renovou as nossas forças e, certos da fidelidade de Deus, prosseguimos em busca da solução. Começou-se então o procedimento para encontrar um possível doador e, com a graça de Deus encontramos o mesmo dentro da nossa própria casa, meu filho Fillipe, com 14 anos na época, ele era 100% compatível. Glória a Deus! Quero aproveitar este momento para dizer o quanto sou grato a Deus pela vida do Fillipe, que também não mediu esforços na tentativa de salvar a vida e proporcionar dias melhores para o seu maninho, não se importando com possíveis consequências posteriores e de cabeça erguida teve honra e orgulho de poder doar a medula para seu irmãozinho demonstrando desta forma muita coragem, bravura e acima de tudo um grande amor e desejo real de ver de perto o restabelecimento da saúde e a tão esperada cura do Andrezinho, graças a Deus o Fillipe esta conosco, mas o Andrezinho levou consigo um pedacinho dele e de todos nós, valeu Fillipe você é um grande campeão, amo muito você meu filho! Obrigado por acreditar que com a sua ajuda seu irmão poderia viver muito mais e continuar conosco por mais tempo, obrigado meu filho por ter feito sua parte com muito amor e dedicação, você nos proporcionou esperança naqueles dias, estávamos certos de que a cura do seu maninho estava mais perto do que pensávamos, mas Deus fez de outra maneira e só nos resta agradecer a Ele por sua bondade. Após ter resolvido a questão do doador, fui então chamado para uma reunião com a equipe de transplante, onde eles me orientaram acerca dos benefícios e também das possíveis complicações que poderiam ocorrer durante e pós-transplante, mas confiante no Senhor eu disse aos médicos que com toda certeza eles contemplariam o agir de Deus na vida do André através daquele transplante, confesso que tive vontade de desistir, de deixar que meu filho fosse submetido ao transplante, mas eu não podia fazer isso, assinei então todos os papeis autorizando, não desejo que ninguém viva o que eu vivi, era como se a vida do meu filho estivesse em minhas mãos, só assinei porque confiei plenamente no Senhor, cheguei a dizer aos médicos de que meu filho faria o transplante porque eu confiava em Deus, se eu não confiasse depois de tudo que ouvi deles eu desistiria, quando cheguei ao quarto onde minha esposa e o Andrezinho estavam,
  • 33. segundo a minha esposa eu estava até pálido, pois, a conversa que tive com a equipe médica foi muita franca e aberta, quem já passou por isso sabe exatamente do que estou falando, eu disse á minha esposa que devíamos estar preparados para o agir de Deus na vida do nosso filho, falei que eu havia dito aos médicos que eles veriam a ação de Deus na vida dele através do transplante, e alertei a ela que talvez os médicos só entenderiam esta ação se a situação fugisse do controle deles, caso contrário a minha fala não teria sentido, e por esta razão Deus poderia permitir algo muito grave para a sua Glória e deveríamos estar preparados, eu entendia muito bem que somente com uma situação incontrolável que fugisse aos recursos da medicina seria possível promover a glória de Deus, porque numa situação normal a medicina tem seus recursos, sua competência, seus louváveis métodos, os profissionais da saúde têm sido instrumentos nas mãos de Deus. Aleluia. Porém mesmo consciente de que uma situação agravante poderia ocorrer para Deus manifestar o teu poder e assim promover a sua glória, eu não imaginava que seria tanta prova. Meu Deus! Eu sabia que poderia ser algo muito difícil, mas não com tanta intensidade, foram dias de muita amargura, apreensão, medo expectativas, e ás vezes até mesmo incertezas de vida para o meu filho devido ao seu quadro de saúde cada vez mais agravante, mas Deus esteve conosco a cada segundo, confortando-nos e fazendo nos entender de que todo passo de fé é acompanhado por uma prova de fogo, portanto conosco não seria diferente, porém de uma coisa tenho certeza, a Glória de Deus predominou naqueles dias, Deus seja louvado a Ele toda glória! O Andrezinho foi transplantado no dia 13 de Abril de 2005 as 18:00 hs, lembro-me bem quando cheguei ao quarto dele, após ter ficado com o Fillipe seu irmão doador, durante todo o processo da retirada da medula que demorou 6 horas e 10 minutos em outro local, e ele sabia que o Fillipe estava fazendo esse procedimento, assim que entrei em seu quarto ele olhou para mim e disse euforicamente: “E ai pai, trouxe a medula do Filipe pra pôr em mim? Eu tô esperando!”. Ao perguntar-me se eu havia trago a medula, fiquei imaginando a
  • 34. simplicidade de uma criança ao aguardar um transplante de medula óssea como se estivesse esperando um chocolate. Em meio a muita tensão o Senhor Eterno nos honrou de muitas maneiras naqueles dias vitoriosos e exaustivos que ali passamos, pelo fato de termos presenciado a ação de Deus naqueles dias é que estou insistindo para escrever este testemunho com muita luta objetivando tão somente glorificar o nome de Deus, foram dias de muito sofrimento que não gostaria de lembrar, mas você precisa saber que Deus é real e Fiel, Ele agiu na vida de meu filho com muito poder e graça embora o tenha transportado para Nova Jerusalém um ano e meio após o transplante, mesmo assim Ele nunca deixou de agir, dando alívio imediato de tantas dores e sofrimentos terríveis para o meu filho. Querido leitor ou leitora, quero que você entenda que se Ele agiu na vida do Andrezinho, pode perfeitamente agir na sua ou de algum ente querido que esteja necessitando, basta tão somente render-se inteiramente sem reservas aos pés do Senhor, Deus sempre tem socorro para quem precisa ser socorrido, pode acreditar. Embora meu filho tivesse tido um doador 100% compatível ele não escapou da temerosa rejeição pós-transplante, foi uma rejeição intestinal nível três que era extremamente grave, entramos em campanha de oração intensa nas igrejas, todo o povo de Deus na região em que morávamos conhecia a história do Andrezinho, e depois de muita oração quando pensávamos que as coisas estavam melhorando, o quadro teve uma alteração, a rejeição que já era nível três agora passara para o nível quatro, complicando muito mais a sua recuperação, é assim que nosso Soberano Deus faz, ele às vezes nos coloca a prova para que possamos crescer mais. Foram dias angustiantes e traumáticos para todos nós, somente lágrimas derramavam de nossos olhos, como estas que escorrem por meu rosto neste exato momento, só de lembrar nos faz reviver intensamente o nosso sofrimento, a dor, a angústia, e a tristeza de contemplar o sofrimento do Andrezinho sem poder fazer nada por ele, tudo que ocorreu naquele hospital nos dias após o transplante fez com que enxergássemos com muito mais clareza, o quanto somos limitados, ver alguém que amamos profundamente sofrendo e sem poder ajudar, isso faz com que batemos de frente com a nossa limitação e tudo isso então fez com que ficássemos cada dia mais
  • 35. perto de Deus. Em crise, muitas vezes com dor intensa ele vomitava evacuava, suava, gritava e pedia pra morrer. Quanto sofrimento! Mesmo após tantas crises, assim que melhorava, ele continuava com o mesmo humor de sempre, como se nada tivesse acontecido, suas crises eram inexplicáveis, a equipe de estudo da dor passou dias avaliando o caso dele por entender que realmente a dor era fora do normal, nada, absolutamente nada, fazia parar aquela maldita dor, já estava sob o efeito de medicamentos pesados como morfina e tudo mais, mas estes eram como água em suas veias. Em meio a todas estas coisas contemplamos maravilhosamente o cuidado de Deus e sua Soberania cumprindo assim a palavra que eu havia dito aos médicos de que eles iriam ver a glória de Deus se revelando através do transplante do meu filho, devido a esta terrível dor fez se necessário a realização de uma endoscopia, segundo o médico seria natural que todo o tecido intestinal do meu filho estivesse todo ferido e cheio de muitas lesões, pois pelo processo do transplante seria impossível não estar assim todo machucado, seria um procedimento dentro da normalidade do tratamento e uma reação totalmente natural pós transplante, mas que a endoscopia era preciso para ver o tamanho das feridas, não era para ver se tinha, pois a existência delas eram certeiras, no entanto após a endoscopia o médico me chamou meio que assustado e, foi logo dizendo: “Não sabemos o que houve, mas o fato é que o intestino de seu filho está normal, sem nenhuma ferida o tecido intestinal dele parece ser de um recém nascido, com esta endoscopia a conclusão que se chega é que seu filho nunca foi transplantado, pois isto que estou vendo é impossível de acontecer, é impossível existir alguém transplantado com um intestino perfeito como o do seu filho, admito de que seu filho entrou para o livro de record neste hospital com o resultado desta endoscopia e demais acontecimentos que não se explicam ocorridos com ele”. Poderia até colocar aqui o nome do médico que me falou isso, mas vou preservar em respeito ao seu profissionalismo. Creio piamente que Deus deu um intestino novo para o meu filho, e alguém talvez pergunte, mas então porque Deus o levou e procuro responder esta indagação da seguinte forma: “Porque para Deus a morte também é uma forma de cura”. Deus curou meu filho definitivamente, não tenho dúvidas deste seu cuidado com
  • 36. ele. Lembro-me que certa vez Deus nos deu uma experiência em uma de suas crises, ele estava sentindo uma dor muito forte, estava evacuando em suas roupas, suando muito e perdendo a respiração gritava: “Eu sei que estou morrendo papai, não tem mais jeito pra mim, essa dor esta mais forte do que eu prefiro morrer.” O médico havia me chamado na porta do quarto dizendo que não tinha mais o que fazer, eu voltei correndo para dentro do quarto ajoelhei-me e clamei pela misericórdia de Deus sobre a vida do meu filho, eu disse a Deus com muita sinceridade que eu não queria negá-lo em toda a minha vida, mas se visse o meu filho morrer daquela maneira eu não saberia o que seria da minha fé, neste momento, tive uma experiência nova com Deus, e até mesmo duvidosa para muitos cristãos, mas eu estou falando de um testemunho vivo em minha vida, eu não ouvi essa história, eu á vivi, eu jamais inventaria uma história em meio a tanto sofrimento do meu filho, mas o fato é que Deus orientou-me a repreender aquela dor e expulsá-la do corpo do meu filho e assim eu o fiz, sem me importar com quem estava no quarto, afinal era meu filho que estava sofrendo, poderiam me questionar da maneira que quisessem, eu não me importaria, alguns enfermeiros que ali estavam fazendo os procedimentos contemplaram algo inexplicável, pois assim que orei a dor cessou imediatamente, então fazendo uso de uma autoridade espiritual que o Senhor me conferiu naquele momento, eu disse a eles que se quisessem e se os médicos autorizassem poderiam tirar a morfina do Andrezinho porque ele não precisaria mais dela, pois, nunca mais ele sentiria aquela dor que o incomodava há mais de trinta dias, e para a glória de Deus a partir daquele dia nunca mais a dor voltou, ela simplesmente desapareceu. Deus seja louvado, a Ele toda glória eternamente! Nunca me esquecerei da bondade de Deus naquele dia. Depois de angustiantes dias ali, Deus entrou com a provisão da alta hospitalar para o André, só de lembrar o que meu filho passou ali me faz chorar. Quantas vezes ele olhava da janela do hospital e dizia: “Ô papai, será que eu nasci pra sofrer? Olha quanta gente lá fora e eu aqui só tomando agulhadas e ainda sentindo dores”. Mas, graças a Deus, enfim chegou o dia 15 de junho de 2005, esse foi o dia de sua alta, ele foi internado no dia 30 de março de 2005 com a previsão de ficar no máximo 30 dias, após então os terríveis 75 dias de sua internação fomos para casa com
  • 37. muitas expectativas, pois na verdade a alta foi um pouco forçada pelos médicos, eu acredito que eles pensavam que o André não teria grandes chances mesmo, então assim que ele deu uma melhorada eles liberaram, talvez pensando que estariam dando a ele ao menos a chance de ter um pouco mais de alegria na sua própria casa, esse é um raciocínio meu, eles nunca me disseram nada a respeito. Dois meses depois o Andrezinho teve que ser novamente hospitalizado para combater dois tipos de bactéria que havia contraído, nesta nova internação fui questionado por um enfermeiro que estava no quarto naquele dia em que orei a Deus pedindo socorro para o alívio da dor do meu filho, ele me disse que nunca tinha visto nada parecido, e que já havia tentado encontrar a resposta para aquele acontecimento em meio aos seus familiares, na equipe de transplante, na faculdade e até mesmo em sua religião, mas ninguém conseguiu respondê-lo a contento, segundo ele, naquele mesmo dia ao término do seu plantão relatou o acontecido e deixou anotado na ficha do Andrezinho que era para os próximos plantonistas observarem se a dor retornaria, uma vez que ela já o incomodava há mais de trinta dias, porém, para o espanto de todos a dor não voltou nem naquele dia e nem nos seguintes, houve até uma enfermeira que comentou que a dor do André da mesma forma que apareceu, desapareceu, misteriosamente. Tive então a oportunidade de falar para aquele enfermeiro do poder, do amor e da fidelidade de Deus, tenho ainda em mente o seu nome e ainda oro por ele, mas vou preservar sua identidade por uma questão de ética, embora nunca mais o tenha visto, a semente do evangelho ficou plantada naquele coração e com certeza quando ele estiver lendo este livro poderá tirar suas próprias conclusões, para a glória de Deus Pai. O caso estava tão grave que chegamos a obter autorização especial para que os primos do Andrezinho, que tinham a mesma idade dele pudessem visitá-lo, médicos e responsáveis pela ala de transplante facilitaram o máximo para proporcionar a ele dias melhores, louvado seja Deus também pela vida daqueles profissionais da saúde, que a bem da verdade foram muito além de profissionais, eu não tenho palavras para agradecê-los pelo quanto fizeram pelo meu filho, que, aliás, fazem para todos que lá se encontram, sei que alguns leitores conhecem bem de perto esta história, mas quero mais uma vez dizer “Muito obrigado! Vocês foram
  • 38. muito especiais na vida de nosso filho e na nossa também.” Agradeço profundamente a Deus pela vida de vocês. O Hospital das Clínicas (BH-MG) está de parabéns por sua equipe de funcionários, em todos os momentos fomos sempre bem atendidos, com atenção e carinho sem distinção, por parte dos médicos, enfermeiros, assistentes, seguranças, pessoal da limpeza, laboratório, ambulatório, todos enfim foram bênçãos na nossa vida durante os três anos que por ali passamos. Algumas vezes ouvi dos médicos que não tinha mais o que fazer que infelizmente a enfermidade do Andrezinho já havia fugido do controle, e que agora era só uma questão de tempo, contudo continuávamos crendo piamente na cura, conscientes de que o nosso Deus é o Deus do impossível, em momento algum duvidamos das palavras dos médicos, mas aguardávamos ansiosamente por um milagre sabíamos que o quadro descrito por eles era real, mas pensávamos que Deus o mudaria. Todavia os planos de Deus não são nossos planos e os Seus pensamentos não são os nossos pensamentos: “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor, porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos”. Is.55:8,9. Entendo perfeitamente que Deus sabia que nosso louvor a Ele e a nossa gratidão não se resumia na cura do Andrezinho. Certamente continuaríamos fiéis a Ele independente do resultado, pois um dia aprendemos que temos que adorar ao Senhor pelo que ELE É, e não somente pelo que Ele faz, fazendo ou não fazendo o milagre, ele continua sendo Deus, Ele é o Todo Poderoso, Ele não tem nada mais a fazer, Ele já fez, pois, enviou seu filho ao mundo e nos garante uma morada eterna no céu, onde não haverá lágrimas, dores, tristezas, angústias, morte, somente vida eterna.
  • 39. Capítulo 5 - A Recidiva (O retorno da doença) Depois de quase três meses no hospital recuperando do transplante, a equipe médica deu alta conforme relatei anteriormente, apenas seis meses depois de sua alta quando pensávamos estarmos começando a ter dias melhores apareceu um tumor bem na sua testa centímetros acima de seu nariz, infelizmente, acredito que o tumor foi causado por um forte medicamento que foi usado para combater a rejeição do transplante, digo isso porque antes de aplicarem o medicamento fui informado deste risco pelos médicos e tive que assinar um termo autorizando a aplicação, mas eu não tinha alternativa a não ser autorizar, meu filho estava morrendo e os médicos me disseram que era uma tentativa que poderia dar certo, mas se não desse poderia ser comprometedor e causar outros danos, inclusive tumores pelo corpo, ninguém pode imaginar o que passei tendo que autorizar algo que poderia matar o meu filho, confesso que estou em lágrimas. Eu só queria o melhor pra ele! Aquele lindo rostinho de olhos azuis começava a se deformar devido à impiedade da doença mais uma vez, iniciamos então um novo tratamento com menos chance de ser bem sucedido, considerando que sua medula tinha apenas seis meses de vida, mas o Deus das causas impossíveis estava á nossa frente e de forma surpreendente Deus renovou as forças do André e mais uma vez ele superou com a graça de Deus e quando todos pensavam que poderia ser o fim devido a medula ter sido implantada recentemente, mas o que aconteceu foi que em um espaço de 20 dias o tumor desapareceu totalmente, sem deixar vestígios, ao contemplar estes feitos do Senhor, cada vez mais a nossa fé era fortalecida e tínhamos plena convicção de que nosso filho seria curado, e em muitas ocasiões de incertezas como esta ele firmemente dizia: “Pai essa doença é terrível, mas ela não é mais forte do que eu, eu sim sou mais forte do que ela”. Por esta e outras razões eu o chamava de “Meu grande campeão, o menino valente” eu dizia sempre a ele que tinha maior orgulho de ser o seu pai, ele era uma honra pra mim, nada absolutamente nada o fazia desistir, sua fé era surpreendente. Infelizmente a nossa alegria durou muito pouco e nove meses depois, novamente, outro tumor apareceu na mesma região, tudo começou com uma simples consulta de rotina, inicialmente eram apenas os exames que estavam comprometendo, mas isso era tão
  • 40. comum, exames alterados eram costumeiros sem maiores complicações, no entanto desta vez foi diferente, fomos então orientados pela sua médica que novamente nos informou que estávamos diante de uma situação não desejável, e totalmente irreversível, não havia mais chances segundo a medicina para o meu filho viver, eram grandes as possibilidades de um retorno imediato da enfermidade, e desta vez sem nenhuma chance de cura para o André, segundo ela deveríamos estar preparados para o pior. Devido ao fato dos exames estarem extremamente comprometidos havia já uma internação programada para a próxima semana, e que segundo a médica ele não mais retornaria para casa, não quero nunca que ninguém passe pelo que eu passei, a internação estava programada para outra semana se caso não aparecesse nada de novo, porque qualquer anormalidade não permitiria esperar a próxima semana, seria necessário levá-lo imediatamente ao hospital. A médica por sinal muito competente e atenciosa nos explicou que a medula funciona como uma terra que esta sendo adubada para produzir, mas que naquele momento ela não conseguia produzir e nem se defender mais, a medula do Andrezinho havia se cansado. Ao sair do consultório naquele dia, o Andrezinho como de costume pediu um chocolate, enquanto sua mãe segurava a sua mãozinha e atravessava a rua para comprar, fiquei observando o meu filho tão feliz chutando as tampinhas ao atravessar a rua. Fiquei imaginando que talvez pudesse ser o seu último chocolate. Entrei no carro e comecei a chorar, tentei encontrar uma explicação para tudo àquilo que estava acontecendo com meu filho, estava decidido a não voltar nunca mais naquele hospital. Não ia expor o meu filho a tudo de novo, quando a Débora e ele entraram no carro, sem ela saber o que eu havia pensado ela me disse que estava com vontade de não voltar mais ali, no momento não comentei nada mais com ela, fomos para casa arrasados, com a sensação de nadar, nadar e morrer na praia, não conseguíamos conter o choro, os sinais fechados pareciam durar uma eternidade, as pessoas dos carros ao lado não entendiam porque aquele casal com um menino tão bonito naquele carro chorava tanto, e alguns até pareciam querer nos dizer alguma coisa, o caminho até nossa casa parecia que havia multiplicado a sua distância muitas vezes mais. Mesmo com toda confiança em
  • 41. Deus, sabíamos que poderia mesmo estar muito perto de perder o nosso filho. Oramos e pedimos ao Senhor a direção do que fazer, ficamos transtornados e isso fez com que optássemos para dar vida com qualidade ao Andrezinho, para nós não interessava mais quanto tempo ele iria viver, mas como ele iria viver, era sua qualidade de vida que estava em jogo, e não a quantidade de anos ou dias que ele teria pela frente, foi ai então que em família tomamos uma decisão muito difícil e até hoje às vezes incompreendida por muitos, decidimos ouvir o Andrezinho e fazer com ele a viagem de seus sonhos, era um pedido antigo sempre na expectativa de realiza-lo quando terminasse o tratamento, mas infelizmente vimos à impossibilidade de isto acontecer, e por nossa conta, sem nenhuma orientação médica e sem a intenção de faltar com respeito aos profissionais da saúde, optamos por fazer a última vontade dele, lembro-me bem que naquele mesmo dia sentei-me com ele e toda a família para decidirmos o que fazer. Queria tomar essa decisão em família para que ninguém fosse responsabilizado, caso acontecesse algo indesejável como aconteceu, perguntei a ele se queria fazer a viagem de seus sonhos, ele deu um pulo no sofá e disse: “Oba, vamos hoje?”. Indaguei dele acerca do tratamento como iríamos fazer, ele olhou e disse com toda segurança: “Pai, deixa esse tratamento pra lá, o Deus que cuida de mim aqui é o mesmo que vai cuidar onde eu estiver, e além do mais se é Deus que cuida de mim, eu não preciso ficar em hospital tomando agulhadas”. Claro que não foi fácil tomar esta iniciativa, pois sempre respeitamos criteriosamente as orientações médicas, nunca fomos irresponsáveis com todas as orientações que nos eram fornecidas, nunca espiritualizamos as coisas a ponto de ignorar os conhecimentos da medicina através de seus profissionais, acreditávamos sim, que Deus poderia curar o nossa filho, mas a situação era extremamente grave conforme os médicos nunca esconderam de nós, e ainda como se não bastasse um dia após a conversa com a médica, quando o Andrezinho acordou notamos uma elevação na sua testa, no mesmo local do tumor anterior, infelizmente era o início de outro tumor no mesmo local, repensamos a decisão da viagem, mas era tudo que ele queria como poderíamos voltar atrás? Também não poderíamos levá-lo ao hospital porque com certeza seria internado e não sairia mais de lá, sei que não suportaria ver meu filho
  • 42. morrer dentro de um hospital, cheio de sonhos, isso eu jamais suportaria mesmo, acreditei piamente que talvez Deus o curasse pela sua própria fé, ainda que a nossa fé estivesse totalmente abalada, ele estava cheio dela e Deus o honraria, estávamos conscientes de que nosso passo de fé poderia resultar em uma prova de fogo, mesmo assim não hesitamos em fazer o que ele queria, começamos então a providenciar as coisas necessárias para uma viagem longa e cada passo dado para fazer a tão esperada viagem era um aperto em nossos corações. Será mesmo que deveríamos ir? Quem sabe desta vez vai dar mais certo? Estas e outras perguntas eram feitas continuamente por nós mesmos, mas o Andrezinho não abria mão de seu sonho, ele queria viajar a qualquer custo. Quem teve que abrir mão foram seus irmãos, a Suellen abriu mão do emprego e de seu noivo, tiveram que manter apenas contatos telefônicos, e o Fillipe abriu mão dos estudos, todos enfim em função do André , ele merecia muito mais que isso, nosso grande e eterno guerreiro campeão.
  • 43. Capítulo 6 – A Viagem Diante de tudo que o André passou até aqui tomamos a decisão deixá-lo viver longe de hospital que era tudo que ele queria, sei que para muitos, isso é incompreensível, mas depois de três anos dentro de um hospital vendo o final de muitos que por ali passavam com o mesmo diagnóstico dele, decidimos que não iríamos vê-lo morrer sem deixá-lo viver, e mesmo sem o consentimento dos médicos proporcionamos a ele a viagem que ele mais almejava ir ao estado de Rondônia, onde seu avô paterno mora. Quero deixar muito claro que o fato de ter ido sem autorização médica não significa falta de respeito com a medicina, muito pelo contrário, são profissionais que merecem toda atenção e confiança, sabem perfeitamente o que fazem e o que dizem, infelizmente com raras exceções. Definitivamente não aconselho ninguém a fazer o que fiz, cada caso é único, e de maneira alguma pode servir de exemplo para outro. Com relação à viagem, o Andrezinho queria fazê-la de carro, seriam três dias na estrada, mas ele queria aproveitar os mínimos detalhes, pedimos a Deus o seu amparo e cheios de fé e coragem, conscientes da seriedade do que fazíamos partimos. Para nós era apenas uma viagem, no entanto para o meu filho estava reservada uma grande missão que até nós desconhecíamos, ele foi aproveitando o máximo, cantava o tempo inteiro, demonstrava estar vivendo intensamente os dias mais felizes de sua vida, nas mínimas coisas ele se ligava e tecia comentário, em seu rosto, além do tumor que crescia dia a dia, estampava se também a alegria de estar realizando um grande sonho com todos juntos, papai, mamãe e os irmãos Fillipe e Suellen, esta era uma grande virtude dele, amava estar reunido em família e valorizava todos os momentos, ás vezes, quando estava internado, falava que quando voltasse para casa queria um almoço ou um jantar com todos juntos, avós, tias, tios e primos. Graças a Deus que sempre realizamos os seus pedidos e isso nos deixa mais feliz hoje, sem nenhuma culpa ou frustração. Muitos eram os comentários do Andrezinho a todo o tempo, mas alguns nos chamavam mais a atenção, em certo momento da viagem ele disse: “Papai estamos indo pra Rondônia, e é lá que eu vou ficar. Eu não volto nunca mais”.
  • 44. Sua mãe o interrompeu dizendo: ”Meu filho você esta indo tão empolgado e se chegar lá você não gostar?” Imediatamente ele respondeu: “Não importa mãe, gostando ou não gostando, é lá que vou ficar, porque a única coisa que importa nessa vida é obedecer a Deus”. Diálogos como esse hoje nos traz paz ao coração, sabemos que nosso filho tinha plena consciência de sua tarefa como servo do Deus Altíssimo, entendia perfeitamente, talvez mais do que nós, os planos de Deus na sua vida, e com disposição total para realizá-los, não importando com o preço a ser pago, ele queria era ser útil para Deus, e acredito que foi, até bem mais do que ele próprio imaginava. Como disse no capítulo anterior na testa do Andrezinho estava iniciando outro tumor que durante a viagem ele crescia assustadoramente, na primeira noite dormimos na cidade de Uberlândia, pra ele foi uma festa porque nos hospedamos em uma pousada chamada “Pousada da Tia Zilane”, e ele amava sua tia Josilane que era chamada de Zilane, então ele ficou todo feliz e dizia que estava na pousada da tia dele, na verdade conquistou a dona da pousada com seu carinho e seu humor. Na segunda noite nos hospedamos em um hotel na cidade de Várzea Grande em MT, o tumor em sua testa que havia iniciado a 2 dias antes da viagem já estava com uma elevação bem mais intensa chamando assim a atenção dos hóspedes daquele hotel e um deles chegou a me perguntar se ele havia caído e machucado a testa, eu disse que não, mas que aquilo era um tumor, meio sem jeito ele me pediu desculpas e perguntou para onde estávamos indo disse a ele que estávamos indo para Rondônia, e bastante admirado com a tranquilidade com a qual eu havia lhe respondido, foi quando de maneira muita assustada ele me perguntou o que eu estava indo fazer em Rondônia, um lugar totalmente sem recurso com meu filho daquele jeito, respondi a ele que era uma decisão do meu próprio filho e que eu estava realizando talvez o seu último desejo, disse a ele que já a 3 anos estávamos tratando do meu filho sem muito êxito e que decidimos deixar com que ele tivesse um pouco mais de qualidade de vida, e que eu não me perdoaria nunca se meu filho morresse dentro de um hospital como vi muitos coleguinhas dele morrer, não sei se ele entendeu minhas colocações, mas a grande verdade era que pra mim isso pouco importava.
  • 45. Dormimos ali, e no outro dia pela manhã quando tomávamos café para seguirmos viagem, novamente aquele hóspede nos abordou interessado em saber mais do André, e nesta oportunidade lhe falei da provisão de Deus em nossa vida, e que mesmo estando meu filho naquele estado agravante eu louvava a Deus por sua bondade, considerando os cuidados de Deus sobre ele, contei-lhe então de alguns testemunhos ocorridos no hospital durante o tratamento, falei das muitas intervenções de Deus, e logo em seguida nos despedimos e seguimos viagem, não me lembro para onde ele estava indo, só sei que foi levando consigo um carinho extraordinário pelo Andrezinho, que conquistou seu coração. SAUDADES ETERNAS, TE AMAREMOS POR TODA VIDA!
  • 46. Capítulo 7 – Os dias em Urupá- Ro Quanta felicidade quando ali chegamos, a alegria do reencontro com muitos entes queridos se misturava com a incerteza de um final feliz devido ao comprometimento da enfermidade, mas Deus nos deu graça para vivermos estabelecendo prioridades e qualidade de vida pra ele, e sabíamos que ali o Andrezinho teria, não medimos esforços para proporcionar a ele tudo o que queria inclusive no que diz respeito à diversão, foram dias de tamanha alegria que ele jamais havia experimentado até então. Banhos de cachoeiras, lagoas, futebol passeios em matas, tudo que ele nunca havia desfrutado, em meio a momentos tão felizes dizia ele: “Adeus Belo Horizonte, pra lá eu não volto nunca mais Papai é aqui que vou ficar, é aqui que estou vivendo, acabou meu tratamento, pode escrever um livro”. Por mais que o tempo passe palavras como estas ficarão eternamente gravadas em meu coração, tenho ainda a sua última mensagem enviada a mim em meu celular no dia 14 de agosto de 2006, às 13:26:49: “Papai quero dizer que te amo”. Durante 15 dias, meu filho viveu intensamente naquele lugar, mesmo com o tumor crescendo dia após dia e deformando seu lindo rostinho, ele não dava espaço para tristeza, usufruiu de tudo que merecia, mas após esse período a enfermidade não deu mais trégua, mesmo sendo uma criança de apenas oito anos, tão alegre, feliz, inocente, puro, sem nenhuma maldade, ainda assim, com todas essas virtudes o meu pequeno Andrezinho, cheio de carinho, não foi poupado pela maldade da traiçoeira enfermidade, o maldito câncer não teve compaixão do meu filhinho e sem nenhuma piedade aquele tumor alastrou-se de forma agressiva em sua face, deixando o seu rostinho todo deformado e seus lindos olhos azuis sem nenhuma luz, ele ficou totalmente cego, aqueles lindos olhos azuis não puderam mais ver a luz do sol, as belezas da natureza e as pessoas tão amadas ao seu redor, suas forças foram exauridas e ele ficou totalmente debilitado, mas mesmo diante deste quadro nunca se entregou e jamais negou a sua fé em Deus dizia para nós que Jesus era lindo e cheio de amor e que ele jamais iria desistir Dele, poderia acontecer qualquer coisa que ele não ia desistir de sua cura e muito menos de sua fé em Deus, pois, ele tinha plena convicção de que ao terminar a sua vida aqui nesta terra, iria começar a desfrutar das belezas do Céu.
  • 47. Às vezes ficamos impressionados com tamanha inocência de uma criança, o Andrezinho sabia que não poderia de forma alguma contrair infecções sabia que seu organismo não tinha as defesas necessárias para combatê-las. Certo dia, quando já estava cego, ouviu alguém dizer que eu estava com conjuntivite (aquela infecção no olho). Ele então me chamou e disse: “Papai, se o senhor estiver mesmo com conjuntivite, por favor, eu gosto muito do senhor, mas não fica perto de mim, se não vai passar infecção para mim e quando Deus me fizer enxergar de novo meus olhos vão ficar infeccionados.” Quanta inocência, com um tumor maligno alojado na testa comprometendo toda a sua visão e seu lindo rosto e ele com medo de contrair conjuntivite. Para mim esta sendo muito difícil escrever tudo isso, mas sei que vidas serão edificadas, por isto, como servo do Deus Altíssimo, sinto o dever de prosseguir, que o Eterno Pai me dê forças, para concluir este testemunho de fé. O grande André que de Andrezinho só tinha o apelido carinhoso que lhe demos, era um verdadeiro servo de Deus e um gigante na fé, ele se foi e deixou-nos grandes lições de vida. Quando estava deprimido e muito triste por não poder enxergar, pedia ao Fillipe para pegar o violão, chamava a todos para cantar ao seu lado, e louvava junto conosco, soltava sua voz e do fundo do coração adorava a Deus, ainda que em meio a lágrimas, fazia valer na sua vida as palavras do salmista: “Bendirei ao Senhor em todo o tempo, o seu louvor estará sempre nos meus lábios.” Salmos 34: versículo 1. Quando tinha alguma dor começava a orar dizendo: “Deus, o Senhor sabe que estou sem forças até para conversar, mas me dê forças para falar com o Senhor, pois é a única coisa que traz alegria ao meu coração”. Desta forma uma criança de apenas 8 anos iniciava a sua oração que se estendia por 30 a 40 minutos, enquanto ele orava às vezes algumas pessoas chegavam para nos visitar, aliás, graças a Deus, a casa estava sempre cheia, e quando as pessoas o viam orando começavam a chorar, me abraçavam e diziam que iam embora pois estavam envergonhados diante de Deus em contemplar tanta fé, algumas diziam que jamais
  • 48. saberiam orar como o Andrezinho pois diante de problemas bem mais insignificantes, muitas vezes negavam sua fé em Deus e agora contemplavam esse quadro. Uma criança de apenas 8 anos, passando por uma provação tão difícil, e continuava exercendo com total confiança sua fé pura em Deus, uma fé incondicional, demonstrando a todos que ele sabia perfeitamente quem era o seu Deus, “O Deus do impossível”. Eu glorifico a Deus por ele ter sustentado o meu filho, e não ter permitido que ele negasse sua fé, pois estou certo de que essa força vem do Senhor, não temos nenhum mérito nisso, é Deus quem nos sustenta e que nos faz permanecer fiéis diante dos embates da vida, entendemos perfeitamente que a própria perseverança vem do Senhor, meu filho foi fonte de consolo para muitos, mesmo em momentos que acreditávamos que ele precisava ser consolado. Com sua força aprendemos muito, ele arrancava forças da fraqueza, aliás, fraqueza era uma palavra que não existia em seu vocabulário. Ah! Que saudade do meu campeão como dói! Houve uma época em que o Fillipe teve a idéia de passarmos a noite inteira orando ao lado da cama do Andrezinho para que ele pudesse dormir melhor, então resolvemos fazer um revezamento no período das 23 hs até as 6 hs, todos participavam orando, cada um durante 1 hora ou mais, e desta forma ele estaria coberto de oração por toda noite. Deste rodízio de oração participávamos, eu e Débora, é claro, Joelma sua prima, Fillipe e Suellen seus irmãos, e seus tios Joel e Eneidir, eram madrugadas que buscávamos a Deus intensamente pela cura do meu filho, mas aprouve ao Senhor mesmo assim, recolhê-lo para a Glória, e confesso a vocês que apesar de toda dor da saudade ainda que pudesse não traria de volta o meu filho a esse mundo, sim, não seria tão injusto com ele a ponto de trazê-lo de volta, uma vez que deste mundo ele já ficou livre para sempre, eu jamais poderia desejar a ele tamanha maldade. Deus seja louvado! Tenho orgulho de ter sido o seu Pai e estou convicto de que ele poderia dizer, sem sombras de dúvidas: “Combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a minha fé”. De fato a vida para ele não foi uma zona de conforto, não teve facilidades, foi de fato um grande combate, mas Deus esteve ao seu lado. Ao Bom, Eterno e Poderoso Deus seja toda glória!
  • 49. Às vezes vivemos anos na igreja realizando apenas uma vida religiosa sem ensinar nada a ninguém, o Andrezinho em tão pouco tempo nos ensinou muitas coisas, mas seu principal ensinamento foi a fidelidade ao Senhor que ele demonstrou mesmo em meio a lutas e provações. A seguir compartilho algumas frases de suas orações que em momentos angustiantes ele dizia, anotei todas elas porque eu sabia que mais cedo ou mais tarde eu estaria escrevendo este testemunho, só esperava escrevê-lo com outro final, com meu filho ao meu lado, no entanto, aprouve ao Senhor Deus da minha vida que eu escrevesse sozinho tendo somente o auxílio e a renovação das minhas forças através do Espírito Santo, que sem dúvida alguma é bem mais expressiva do que a própria presença dele aqui fortificando muito mais a fidelidade deste Deus todo poderoso em minha vida. Quero que você esteja analisando o teor destas orações que meu filho fazia, veja só quanta confiança em Deus meu filho mantinha em momentos que só pediam lágrimas. Quanta intimidade com o Senhor! “Jesus, filho de Davi tem misericórdia de mim, eu sou apenas uma criança de 8 anos não tenho forças eternas, eu quero ver”. “Deus, eu sei que o Senhor é bom, pois se o Senhor não fosse bom eu estaria sofrendo, e eu não estou sofrendo. Obrigado Jesus! “. “Deus eu sei que o Senhor pode me curar, essa enfermidade não é nada para ti, mas se for o teu propósito me deixar cego e doente para a glória do teu nome, pode deixar eu cego e doente, porque o que mais importa nessa vida é a glória do nome do Senhor”. “Deus, o Senhor fez o mundo em seis dias, o Senhor fez tanta coisa bonita só que agora Deus, eu não posso ver mais nada do que o Senhor fez então Deus, tem misericórdia de mim, e restaura a minha visão.”
  • 50. “Deus esse mundo é tão grande e o Senhor fez ele em tão pouco tempo, porque o Senhor é Eterno, então Deus tira essa enfermidade de mim é menos que um minuto, me cura Deus.” “DEUS, durante três anos de tratamento eu nunca desisti da minha cura, e agora estou cego quero dizer uma coisa. Vendo ou não vendo eu jamais desistirei, porque sei que o Senhor é Fiel.” “Deus, o senhor é um Deus eterno, mas mesmo assim teve que descansar no sétimo dia quando fez o mundo, e eu Deus sou uma criança de apenas oito anos, não tenho forças eternas como o Senhor, então Deus tem misericórdia de mim, e me cura Deus”. Sem dúvida alguma, nós precisamos aprender a orar assim, ás vezes quando estava com muita dor ele pedia o óleo de fazer unção o que sempre tínhamos em casa e derramava todo na sua cabeça e dizia: “Mamãe, agora é com Jesus não precisa se preocupar mais, estou ungido”. De maneira alguma é minha intenção causar drama ou demonstrar show de espiritualidade através destas declarações, até porque se trata de meu filho e eu jamais faria uso dele para isso, mas o que pretendo é mostrar a você que é perfeitamente possível servir a Deus e manter o nosso firme relacionamento com Ele e a nossa fé em evidência mesmo nos momentos de turbulência da nossa vida, momentos assim produzem com toda certeza efeitos positivos na nossa vida, a dor é produtiva, através dela você poderá colher benefícios eternos ou consequências eternas para a sua vida, tudo depende da maneira pela qual você passará por estes momentos e das atitudes tomadas, tenha certeza que passar por esses momentos entendendo a soberania de Deus é muito melhor, e produzirá grandes benefícios por toda sua vida. Precisamos entender que Deus não tem nenhum prazer no sofrimento de seus filhos, mas tem grande prazer na maneira pela qual seus filhos reagem diante do sofrimento, isto faz toda diferença, portanto, não blasfeme, não murmure, não desista, honre a Deus, haja o que houver creia somente, Deus é Fiel.
  • 51. Eu nunca imaginei que uma criança de oito anos poderia ser tão direcionada por Deus em tantas coisas, era de impressionar, ele chamou toda a família para um grande conserto de vida com Deus antes de falecer, não se intimidava e falava cheio de convicção e autoridade, chamou meus irmãos e outros membros da família que ele achava que tinham algo a consertar com Deus e fez apelo para que mudassem de vida. Telefonou para quem não poderia estar pessoalmente, devido à distância e também fez um pedido para mudança de vida, e com todos usava sempre a mesma expressão para destacar algo que talvez julgasse estar errado: “Isso não é de Deus”. O André sempre nos surpreendeu mesmo no decorrer do tratamento ele sempre tinha uma palavra de incentivo para todos, ainda que a situação não estivesse nada bem ele não se prostrava, era um guerreiro e estará sempre nos nossos corações, na semana em que ele faleceu disse a sua mãe: ”Mãe, eu sei que Deus pode me curar, mas eu tava pensando uma coisa, se Ele me curar eu ainda vou continuar nesse mundo e esse mundo é tão cheio de problemas, tristezas, outros tipos de sofrimentos, tanta coisa ruim, e aí Ele me cura da leucemia, mas eu vou continuar tendo outros problemas, então eu acho que eu prefiro que Ele me leve mesmo, se Ele me levar o meu sofrimento e o de vocês acaba, eu não vou sofrer nunca mais e estarei sempre livre dos problemas, a única coisa ruim é que tenho medo de sentir saudades de vocês”. Diante da certeza de seu encontro com Deus que o Andrezinho tinha só me resta dizer “Maranata, ora vem Senhor Jesus!”, não é fácil glorificar a Deus nestes momentos de luto, mas é necessário, saudável e consolador para todos nós que sofremos com a dor da perda. Um dia antes de falecer, no sábado dia 30 de setembro de 2006, ele estava sozinho no quarto sua mãe entrou e ele estava cantando esta canção: “Jesus que doce nome que transforma em alegria o meu triste coração, Jesus só o teu nome é capaz de dar ao homem salvação”. Esta foi sua última canção, estou certo de que agora ele integra um grande coral, agora ele já faz parte de “Um dos Tais”, conforme diz um hino da harpa.