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1
Em memória de:
André Bianchi Machado
09/01/1998
 01/10/2006
Por João Braz Machado,
Pastor da Igreja Metodista Wesleyana.
2
Disse Jesus:
“Eu sou a ressurreição e a vida,
quem crê em mim, ainda que morra, viverá;
e todo o que vive e crê em mim não morrerá, eternamente”.
João 11:25,26.
3
“A PALAVRA MOVE,
MAS O EXEMPLO ARRASTA.”
4
SUMÁRIO
Agradecimentos.......................................................................05
Prefácio....................................................................................07
Introdução................................................................................11
Por que escrevi este livro..........................................................15
Capítulo 1 - Como tudo começou ............................................21
Capítulo 2 - No Hospital..........................................................29
Capítulo 3 - Consultas Ambulatoriais......................................37
Capítulo 4 - O Transplante ......................................................41
Capítulo 5 - A Recidiva............................................................52
Capítulo 6 - A Viagem..............................................................57
Capítulo 7 - Os dias em Urupá - RO............................................61
Capítulo 8 - A Partida para a Eternidade..................................74
Capítulo 9 - Entendendo o propósito de Deus.........................85
Capítulo 10 - Conclusão........;......................................................93
Poema para o Andrezinho............................................................99
Depoimentos...............................................................................100
5
Agradecimentos:
Ao meu Deus, Eterno e Soberano Senhor de toda criação,
por ter sido Ele meu principal Sustentador nos momentos mais
tenebrosos de nossas vidas, por ter sido Ele também que me
possibilitou escrever este testemunho e mesmo em meio a muitas
lágrimas motivou-me a continuar colocando em meu coração a
certeza de que o mesmo produziria muitos frutos para o teu
Reino e que eu deveria prosseguir;
“SOMENTE Á ELE TODA GLÓRIA ETERNAMENTE!”.
Á minha esposa Débora, pela dedicação especial para com a
minha vida, entendendo minhas muitas fragilidades, mas
companheira fiel, amável e carinhosa, sempre me incentivando
continuar, mesmo derramando lágrimas juntamente comigo.
Aos meus filhos, Fillipe, Suellen e Mateus (Este último filho
genro) pela garra, pela bravura, pelo companheirismo, pela
demonstração de carinho e amizade vividos em família em
momentos tão desafiadores e principalmente pelo amor, carinho e
cuidados dedicados ao Andrezinho em todo o tempo.
Também a minha filha Naiara (Filha nora, esposa do Fillipe) que
embora tenha entrado para a família após todos estes
acontecimentos, tem compreendido bem de perto a nossa dor.
Vocês são muito especiais para mim, compreendo que tiveram que
amadurecer e se tornarem adultos forçadamente, talvez até mesmo
antes do tempo, em meio a circunstâncias da vida.
Aos parentes e amigos que também deram todo incentivo,
entendendo que pra mim era demasiadamente difícil relembrar
fatos tão doídos, situações difíceis e angustiantes, mas que em
muito edificaria vidas, por isso, foram muitas as vezes que ouvia
6
alguém dizer: “A história do seu filho tem que ter um livro”, e
nestas palavras encontrei motivação para dar início à escrita
deste testemunho, com o desejo de que ele seja edificante e
auxilie pessoas nos desafios da vida.
Aos irmãos das mais diversas Igrejas e amigos da cidade de
Urupá (RO), onde meu filho viveu seus últimos dias. Obrigado a todos
pelo carinho a nós dedicado, pelas ajudas concedidas, vocês tem um
espaço todo especial em meu coração.
Ao meu irmão Joel e minha cunhada Eneidir, obrigado pelo
acolhimento dentro da casa de vocês, pelas lágrimas derramadas
juntos com a gente, pelas orações, foi dentro da casa de vocês que
meu filho produziu muitos frutos para o Reino de Deus.
Um “muito obrigado” especial aos amigos da saúde do Hospital
das Clínicas em Belo Horizonte, pela dedicação e esforço observados
em prol de todos os pacientes, vocês foram muito mais do que
profissionais durante todo o período que aí estivemos vocês serão
eternamente lembrados por mim e toda família, vocês não deram ao
meu filho apenas medicamentos ou ofereceram um tratamento
formal da medicina, vocês ofereceram também carinho, atenção,
amor e amizade, demonstraram que não são apenas profissionais
com um curso universitário, mas são, acima de tudo, gente como a
gente que muitas vezes, embora com um conhecimento maior,
sentem-se limitados diante de desafios tão grandes, solidarizando-se
conosco e compartilhando, além dos conhecimentos acadêmicos, a
dor da perda, vocês não são apenas agentes da saúde, mas acima
de tudo também grandes agentes de amor, que o Eterno e
Poderoso Deus os abençoe sempre!
João Braz Machado
7
Prefácio:
Um dos valores mais importantes agregados à vida de alguém é a
família que porventura ele tenha conseguido constituir, e de um
modo muito especial, os filhos que gerou – os filhos que Deus lhe
deu.
Como é belo e venturoso a um pai poder acompanhar o
desenvolvimento de seu filho, um ser tão frágil e dependente
durante suas primeiras semanas de vida.
Fragilidade que, pela ordem natural das coisas, se estende e
atenua na medida em que ele vai se desenvolvendo.
Muitas preocupações e sustos assaltam o coração dos pais
durante esse período em especial; mas a verdade é que tais
medos e sensações concernentes aos filhos, geralmente
acompanham os pais ao longo de toda a sua vida.
Estou tendo a honra, o privilégio de prefaciar uma obra que,
longe de ser um trabalho formal de cunho biográfico ou
pedagógico, consegue transpirar em cada uma de suas páginas
saudade, amor e sentimento de profunda gratidão a Deus; e tudo
isso como um memorial, devido a uma frágil vida que, durante o
curto tempo de sua existência, conseguiu um feito que poucos
têm conseguido ao longo de uma vida inteira:
“Transmitir um testemunho brilhante em meio à dor, uma fé
concreta e realista em meio às incertezas que circundavam o seu
mundo limitado, devido à evolução de uma cruel enfermidade que
resistia a todas as tentativas feitas por especialistas habilidosos,
no sentido de debelá-la do seu corpinho enfraquecido pelo
agravamento intermitente do seu quadro de saúde.”
8
Não tive convivência pessoal com André, nem mesmo
participei com ele de seus derradeiros dias. Todavia, mediante
tudo o que li sobre sua jornada de dor nesta obra e o que ouvi
dos lábios de seu pai sobre sua vida e morte, me convenceram
que André Bianchi Machado foi uma criança cheia de vida,
enriquecida por uma fé bíblica extraordinária, com uma incrível
capacidade de fazer feliz qualquer que se interpusesse em seu
caminho.
Era o orgulho de seus pais – João Braz e Débora, seus
irmãos – Fillipe, Suellen e Mateus, seu cunhado, e seus
familiares; além de todos os que o conheciam de perto.
Sua vida revelava traços de inteligência acima da média e uma
habilidade especial para se comunicar e impressionar aqueles que
conversavam com ele.
Poderia ser alguém com uma longa e próspera carreira pela
frente. No entanto, seus dias estavam contados.
Na ampulheta da vida, os grãos de areia que determinavam o seu
tempo de existência entre nós já não eram muitos.
Teria sido André um pequeno profeta, de curta existência,
mas capaz de deixar marcas indeléveis produzidas por seu
brilhante testemunho? Ou um dedicado evangelista sendo
impedido de cumprir plenamente sua missão devido à morte
precoce? Não sei ao certo. Todavia, de uma coisa tenho plena
certeza: era um menino que amava a Deus e que por Deus era
amado. Isso ficou claramente demonstrado nas frases soltas que
produzia, ao terminar a quimioterapia: “Já, mãe? Que beleza! Ir
pra casa é bom demais! Mas, melhor ainda é ir pro Céu!”. .
9
Nas orações que proferia e no modo como encarava a sua
própria dor, parecia entender o “por que” de tamanho sofrimento.
A iniciativa do seu dedicado pai, João Braz, pastor da Igreja
Metodista Wesleyana em Divinópolis-MG, em publicar esta obra,
não é apenas um tributo à memória do seu querido filho, mas
também um legado aos que necessitam aspirar o perfume
exalado pelo testemunho de “André um exemplo de fé” – uma
contribuição valiosíssima a todos os que passam por drama
semelhante.
Belo Horizonte, 31 de janeiro de 2009.
Bispo Calegari
Superintendente da 2ª e 4ª Região Eclesiástica
Igreja Metodista Wesleyana
10
11
Introdução:
Deus é soberano, quanto a isso não existe controvérsia!
Mas o que levaria Deus, a permitir situações muitas vezes
traumáticas na vida de seus Servos?
Como uma criança tão pequena e de tanta fé, com toda certeza
de que Deus o havia curado de sua enfermidade vem a falecer
totalmente cega e pedindo a Deus que restaurasse a sua visão?
Como tantas pessoas que não tem Jesus podem ser edificadas e
obterem desejo de segui-lo uma vez que contemplam tanto
sofrimento em meio aqueles que depositam Nele total confiança?
Estas e muitas outras perguntas às vezes pairam na minha
mente, são indagações que em momento algum refletem
inconformidade com o que Deus faz, mas sem dúvida deixam-nos
a refletir. Pobre homem que sou! Quanta limitação para indagar
coisas às vezes inexplicáveis que somente a eternidade nos
revelará, se assim for a vontade do soberano Deus.
Pensando nestas coisas tomei a iniciativa de escrever este
testemunho ocorrido com meu filho André que não precisou de
muitos anos para marcar a sua história, apenas oito aninhos
foram o suficiente para deixar recordações inesquecíveis.
Dizem que lembrar o passado é sofrer duas vezes, em algumas
situações posso até concordar com essa expressão, mas no que
diz respeito ao Andrezinho, lembrar-se do passado é adquirir
lições de vida que nos deixam mais próximos de Deus, lembrar-
se de uma criança totalmente cega com tumores espalhados pelo
seu lindo rostinho e, contudo isso permanecer louvando a Deus
pelo que Deus É, e não somente pelo que Ele faz é com certeza
uma característica nata de um verdadeiro “Obreiro Aprovado”.
12
Estas coisas fazem com que enxerguemos que às vezes somos
ingratos com Deus, quando pensamos em desistir diante de
problemas tão insignificantes em relação aos que ele enfrentou,
temos a certeza de que essa graduação de “Obreiro Aprovado”
ele não perdeu, levou consigo para a sepultura esta medalha.
A saudade é muita, a dor é intensa e sem remédio, mas também
não poderia ser diferente, pois “SAUDADE É O AMOR QUE FICA”.
Lembrar-se de tudo que passamos dói muito, contudo não
posso de maneira alguma me calar diante de um grande
testemunho de fé, que será sem dúvida edificante para sua vida,
reconheço perfeitamente que o maior testemunho para conduzir
as pessoas á Cristo, é a sua própria morte no calvário, se isso
não for o suficiente nada mais o será, no entanto insisto em
compartilhar com você o que Deus fez e tem feito em nossa vida,
espero poder ajudá-lo para a glória de DEUS PAI.
Agradeço a Deus pela oportunidade que Ele me concede de
escrever um pouco da história de meu filho querido e amado, que
mesmo tendo uma morte prematura nos ensinou o que é ser um
verdadeiro servo do Senhor, sua morte deixou claro uma coisa:
“O amor verdadeiro, nem a morte pode destruir, a prova disso é
que ele não esta mais no nosso meio, mas será eterno em nossos
corações” (Frase de Fillipe Bianchi irmão do Andrezinho).
Relutei muito para não escrever este livro, tentei por
algumas vezes esquecer todo passado, na verdade não estava
disposto a relatar coisas que mexem com nossas emoções,
causam saudades e nos fazem chorar, mas o desejo de ser útil a
alguém, e acima de tudo engrandecer e exaltar o nome de Deus
venceu-me, e fez com que eu anulasse minha própria vontade.
13
Portanto se este livro puder ajudá-lo em sua caminhada, serei
profundamente grato a Deus e compreenderei então que
conseguimos êxito em extrair alguma benção do sofrimento, das
lágrimas e da morte de meu tão amado filho André, estou certo
de que a enfermidade, e a vida do Andrezinho tornaram este livro
possível, e a sua morte o tornou necessário, imagino que
relatando essa história de fé e heroísmo de uma criança, e acima
de tudo o cuidado de Deus para com ela, estarei de alguma forma
contribuindo para conduzir as pessoas a uma Viva Esperança, a
um caminho de fé, coragem, confiança e determinação, este foi o
caminho que o Andrezinho percorreu confiantemente em toda sua
jornada, uma criança de apenas 5 aninhos que com
determinação, coragem, confiança e fé ensinava a todos que
estavam ao seu lado a ver sempre o lado bom em tudo e extrair
coisas positivas em momentos aparentemente tão negativos,
conforme dizia a sua médica: “Ele arrancava gargalhadas em
momentos que só pediam lágrimas.” (Dra. Raquel Baumgratz)
Este livro não pretende explicar Deus, suas ações e seus
propósitos, e mesmo que fosse esta a pretensão certamente
jamais conseguiria, ele também não pretende fornecer princípios
de autoajuda para transpor problemas, acerca desta matéria já
existem prateleiras e mais prateleiras lotadas em bibliotecas e
livrarias de nossas cidades e, no entanto a humanidade continua
prosseguindo sem vida, sem esperanças e sem soluções, o
objetivo deste livro, então, talvez venha fugir de tudo aquilo que
quem sabe você gostaria de ler, não é um livro de “autoajuda”,
mas um livro que aponta para a “AJUDA DO ALTO” é do alto que
vem o socorro no momento da dor, angústia e sofrimento.
14
Relato uma história real que nos trouxe muitas lágrimas, dores e
sofrimento; apesar disto não é de meu interesse narrar uma
desgraça de uma família e de uma criança, pois entendo
perfeitamente de que escrever um livro que contaria as pessoas o
quanto sofremos não faria bem a ninguém, entendo, portanto de
que este livro tem que ser uma afirmação de VIDA E ESPERANÇA.
Ele tem de dizer que ninguém nunca nos prometeu uma vida livre
de dor e desapontamentos, no entanto temos uma promessa fiel
de nosso Senhor Jesus de que não estaríamos sós em nossa dor e
que poderíamos obter ajuda sobrenatural do Senhor Todo
Poderoso, dando-nos a força e a coragem que necessitamos para
sobreviver às tragédias e às iniquidades da vida, e ainda fazendo-
nos crescer em meio a estes momentos tão indesejáveis por
todos nós, portanto relato nesse livro um testemunho real da
ação poderosa de Deus em momentos tão difíceis, hoje sou uma
pessoa mais sensível, um Pastor mais amoroso, um Conselheiro
mais compreensível um Analista mais eficiente por causa da vida,
enfermidade e morte do meu André, entretanto confesso que eu
renunciaria a todos esses ganhos em um segundo se pudesse ter
o meu filho de volta, e continuar sendo pai de um garoto
brilhante e feliz, porém não posso escolher o que Deus fez em
sua infinita bondade e sabedoria está feito, não nos cabe lastimar
e permitir que sejamos dominados pela dor da perda e da
saudade, só nos resta nos colocarmos a disposição do Senhor
para que no final de tudo seja farta a colheita de almas para o
Reino de Deus, contudo o que passamos e temos passado resta
dizer: DEUS SEJA LOUVADO! DEUS É BOM EM TODO TEMPO, E
EM TODO TEMPO DEUS É BOM.
15
Por que escrevi este livro:
Este livro é a história de uma criança que mantinha uma VIVA
ESPERANÇA EM JESUS, acima de qualquer situação, em certo
sentido o escrevi ao longo de três anos e três meses desde o dia em
que ouvi a palavra “Leucemia” e que aprendi o seu significado, eu
sabia que acabaria tendo de enfrentar o declínio e a morte do André
caso Deus não tivesse propósito em curá-lo, e sabia que, depois que
ele morresse, eu sentiria a necessidade de escrever um livro para
partilhar com outras pessoas de como conseguimos continuar
acreditando em Deus e depositando fé incondicional após tão
profundos ferimentos, embora também mantivesse a esperança de
podê-lo escrever narrando uma cura Divina com meu filho ao meu
lado, que aos nossos olhos seria incomparavelmente melhor.
Este livro tem uma finalidade específica e certeira que é de
conduzir você a um caminho de uma Viva Esperança, conscientizá-lo
de que em meio a dores, lágrimas e frustrações Deus trabalha em
função de sua própria vida, o apóstolo Paulo escrevendo aos
Romanos diz que, a tribulação produz perseverança, e a perseverança
experiência e a experiência esperança. ”E não somente isso, mas
também gloriemo-nos nas tribulações; sabendo que a tribulação
produz a perseverança, e a perseverança a experiência, e a
experiência a esperança; e a esperança não desaponta,
porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações
pelo Espírito Santo que nos foi dado”. Rm 5:3-5. Como você pode
ver existe uma sequência de aprendizado que nos é oferecido em
meio às tribulações, é necessário, portanto que aprendamos as
lições que a vida oferece-nos a oportunidade para aprender.
16
Também em Tiago 1: 2, 3 e 4, temos a seguinte recomendação:
“Irmãos tende por grande alegria ao passardes por várias provações,
sabendo que a prova da vossa fé desenvolve perseverança, ora a
perseverança deve terminar a sua obra para que sejais maduros e
completos não tendo falta de coisa alguma''.
Nada acontece somente por uma fatalidade, em todas as coisas Deus
tem o controle, Ele é o Todo Poderoso e sempre quer nos ensinar, há
um ano e meio aproximadamente, eu pensava estar terminando
este livro, já fazia as divisões de capítulos quando de repente de
forma involuntária, é claro, talvez devido ao excessivo cansaço de
várias madrugadas em claro, apaguei tudo sem condições de
recuperação, tive meu trabalho totalmente perdido depois de seis
intensos meses de dedicação, horas e horas perdidas de sono
pela madrugada, lágrimas e lágrimas de dor e saudades rolando
pela face, pensava eu estar terminando todo trabalho escrito em
meio às muitas lágrimas de sofrimento, saudade e emoções.
Como em tudo Deus tem um propósito, na noite anterior eu havia
pregado na igreja um sermão exortativo, enfatizando que
deveríamos sempre estar dispostos a recomeçar nosso projeto de
vida, sem desistir facilmente de nossos propósitos, recomeçando
sempre, quantas vezes fossem necessárias, entendi então que
Deus estava agindo naquele momento, e que o trabalho perdido
era uma oportunidade que Ele estava me dando de aperfeiçoá-lo,
entendi que talvez Deus não estivesse preocupado com a escrita
de um livro grande, com muitas páginas, mas tão somente de um
grande livro que pudesse transmitir de forma clara, simples e
objetiva, uma mensagem que edificaria vidas para sempre em
pouco tempo de leitura, para assim cumprir o verdadeiro
17
propósito de sua escrita, foi aí então que decidi recomeçar e
agora, depois de uma longa trajetória de recordações tristes e
dolorosas, você tem nas mãos um grande testemunho de fé.
Relato toda a história de uma criança que com apenas 5
aninhos iniciou corajosamente uma luta contra a leucemia,
sempre de cabeça erguida, nos dando de forma sobrenatural um
grande exemplo, através de gestos, palavras e com a sua própria
vida, e mesmo sentindo na pele infortúnios de uma terrível
enfermidade demonstrou que é perfeitamente possível louvar e
engrandecer o nome de Deus em qualquer situação.
A história do pequeno-gigante André (pequeno em estatura e
gigante na fé) que com a convicção de que Deus é sempre fiel,
lutou contra a leucemia durante 3 anos e 3 meses, sem nunca
negar a sua fé, passou por um doloroso e terrível transplante de
medula óssea, e sempre dizia: “Pai, mãe, vamos ter paciência
que um dia tudo isso vai passar, porque nada é eterno,
Eterno é só Jesus, tudo passa só Jesus é que não passa,
Ele é eterno.” Em todo esse tempo, foi um exemplo de vida em
obediência e temor a Deus, por onde passou deixou marcas e
lições extremamente profundas em seus relacionamentos, ele não
precisou de oitenta anos para nos ensinar grandes coisas, 8
aninhos foram suficientes para marcar as nossas vidas, registrar
a sua história, cumprir fielmente a sua missão e deixar saudades
eternas.
Meu guerreiro, vencedor e campeão, amigo em todo tempo
dedicado filho, brilhante criança cheia de humor e desejo de viver
foi transportado para a Nova Jerusalém no dia 1 de outubro de
2006 e como era o seu maior desejo escrever um livro dando o
18
seu próprio testemunho, Deus nos possibilitou fazê-lo mesmo na
sua ausência, o que não esta sendo fácil, mas cremos que
veremos os frutos deste penoso trabalho florescer, e então para a
glória de Deus poderemos dizer em alto e bom som: “Missão
Cumprida, valeu o sofrimento as lágrimas e a morte do meu filho,
suas lágrimas, suas dores, suas angústias, seu sofrimento e a sua
própria morte produziram frutos para o Reino de Deus, aleluia,
grande é o Senhor”.
A minha oração é que este testemunho seja edificante para
a sua vida, se isso não acontecer me sentirei frustrado no
cumprimento de minha missão, e toda esta narrativa não terá
sentido, certamente que não terá valido a pena relembrar
momentos e recordações tão doídas que nos trouxeram tantas
angústias, portanto desarme-se agora de todo preconceito e, em
nome de Jesus, deixe que o Espírito Santo de Deus fale ao seu
coração, se você passa por um momento difícil como eu e minha
família passamos e temos passado com a ausência do
Andrezinho, o meu sincero desejo é que você também possa
experimentar o que nós temos experimentado: “O consolo que
excede todo entendimento”. Consolo esse que só vem da parte
do Senhor, que nos dá força para prosseguir para que também
possamos consolar, veja o que diz a Bíblia em II Co. 1:3 e 4.
“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o
Pai de misericórdias e Deus de toda consolação, é ele que nos
conforta em toda nossa tribulação, para podermos consolar os
que estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que
nós mesmos somos contemplados por Deus”.
19
No encerramento do testemunho, nas últimas páginas você
encontrará alguns depoimentos de pessoas que conviveram com
o André, alguns escritos antes de seu falecimento, portanto estão
na íntegra, não fiz absolutamente nenhuma alteração para que
você possa fazer a sua própria avaliação do testemunho que ele
dava para as pessoas ao seu redor durante sua enfermidade,
você verá que ele consolava quando precisava ser consolado.
Devo ainda lhe dizer que é totalmente permitido reproduzir,
xerocar, copiar enfim usar qualquer meio que facilite a divulgação
deste livro gratuitamente, pois o meu grande lucro é ver vidas
sendo edificadas e almas rendendo aos pés de Jesus, para a
glória de Deus Pai, lembrando ainda de que este livro esta
disponibilizado no meu blog: gratidaodeadorador.blogspot.com –
Peço que compartilhe por favor e juntos cooperaremos com a
edificação de muitas vidas para que Deus seja engrandecido,
exaltado, glorificado, louvado e honrado por sua fidelidade.
Com muita honra e orgulho de ter tido um filho tão valente
com relação os desafios deste mundo e ao mesmo instante
extremamente temente ao DEUS ALTÍSSIMO, carinhosamente te
desejo uma boa leitura e que Deus te abençoe.
O Autor
João Braz Machado
20
“CAMPEÃO NÃO É SOMENTE AQUELE QUE SEMPRE VENCE,
MAS TAMBÉM AQUELE QUE NUNCA DESISTE DE LUTAR”.
Valeu filhão, tenho orgulho de ti!
21
Capítulo 1 - Como tudo começou
Era mês de julho de 2003 quando fomos surpreendidos com
uma terrível enfermidade na vida de meu filho André, na época
com apenas cinco aninhos, era um lindo menino, muito
inteligente como todos os meus demais filhos, porém tinha
características diferentes, teve o privilégio de ter lindos olhos
azuis, e cabelos loiros, éramos uma família de cinco, eu, Débora
minha esposa, Suellen, Fillipe e André, meus filhos queridos, o
bem mais precioso que Deus tem me dado, tudo ia muito bem
dentro das normalidades de qualquer família, quando de repente
o que a princípio parecia ser algo muito simples, tornou-se um
grande pesadelo e mudou completamente a nossa vida, para nós
era apenas um inchaço facial devido à alguma intoxicação
alimentar e que o uso de um medicamento antialérgico resolveria
o problema, mas não era tão simples assim e naquele dia 1º de
julho de 2003, pude entender literalmente a força da expressão:
“O mundo desabou sobre a minha cabeça e o chão se abriu”,
frase frequentemente usada em momentos de desespero e
grandes desafios, após alguns exames no hospital concluiu-se
que o inchaço facial era devido a um tumor alojado entre o
coração, pulmão e veia aorta, com isso a circulação sanguínea do
meu filho estava toda comprometida, as veias estavam
comprimidas pelo tumor impossibilitando assim a normalidade de
toda circulação, e como se tudo isso não bastasse, outro exame
também indicava que 95% das células da medula que foram
pesquisadas estavam doentes, ou seja, apenas 5% estavam
sadias, o que nos parecia ser apenas uma intoxicação alimentar
22
era verdadeiramente um câncer no sangue, ou seja, a temível e
terrível Leucemia, no momento em que recebi a notícia parecia
que o mundo havia desabado sobre mim, como poderia o meu
filho estar com um diagnóstico tão comprometedor? Eu que tinha
horror a hospital e nunca consegui ficar muito tempo dentro de
um, ás vezes, fazia visitas rápidas a alguém que precisasse, mas
só o cheiro de hospital, as cenas ali vistas e os gemidos dos
pacientes sofrendo representavam para mim um quadro
totalmente insuportável, tudo isso teve que mudar, conceitos
caíram por terra e de repente estava diante de uma realidade
nunca vivida por mim, totalmente imprevisível, um mundo de
sofrimento, mas também de grandes experiências com Deus
haviam atingido totalmente o nosso lar e toda família.
A primeira maneira de querer me esquivar do quadro
assustador que estava diante de mim, foi não acreditar na
veracidade dos exames, acreditei piamente que os exames
haviam sido trocados pelos de outro paciente, ou até mesmo o
aparelho responsável pela liberação dos resultados estava com
defeito, descartei definitivamente todas as possibilidades do meu
filho estar doente, mas mesmo diante destas possíveis hipóteses,
saí da sala do médico com uma certeza: “Deus é fiel”, e como
uma flechada, meu coração foi invadido pelas palavras do
salmista narradas no salmo 108: “Firme esta o meu coração, ó
Deus! Cantarei e entoarei louvores de toda a minha alma”. E é
bem verdade que as palavras deste salmo tem sido fonte de
consolo para mim e toda família, que, embora vivendo com a dor
da saudade, continuamos com nossos corações firmes, cantando
e entoando louvores ao Deus que tudo pode e que tudo faz
23
segundo a sua boa, perfeita, agradável e soberana vontade.
Reconhecidos e fortalecidos na mais plena convicção de que Ele
fez o melhor na vida do Andrezinho, não nos competindo discutir
a maneira que Ele usou para fazê-lo, prosseguimos para o alvo
amando a Deus sobre todas as coisas e entregando nossas vidas
inteiramente aos cuidados do Mestre e Senhor, temos tomado
como exemplo para vivermos hoje o que o Andrezinho sempre
viveu, pois nos momentos difíceis de seu tratamento ele sempre
nos dizia cheio de fé: “Não se preocupem com resultados dos
meus exames, eu estou nas mãos de Deus, e Deus não
depende de exames para cuidar de mim, quem depende de
exames são os médicos, mas eu não estou nas mãos
deles”. Meu filho foi verdadeiramente um exemplo de fé,
mostrou com sua própria vida e não com uma cartilha de ensino,
que é possível honrar a Deus durante as tempestades da vida,
viveu na própria pele infortúnios de uma enfermidade traiçoeira e
de um tratamento angustiante, sempre de cabeça erguida,
arrancando gargalhadas em momentos que só pediam lágrimas,
fazendo com que lembrássemos continuamente das palavras do
apóstolo Paulo: “... porque aprendi a viver contente em toda e
qualquer situação”. (Fl.4:11b). E com ele, então, aprendemos
que viver contente é uma questão de aprendizado, o Andrezinho
provou que podemos ter uma vida melhor independentemente
das circunstancias, basta reconhecer que Deus está no controle e
valorizar seus cuidados sobre nós, quantas vezes nos
esquecemos do zelo de Deus para conosco, temos a incrível
mania de nos apegar em tão pequenas coisas e nos esquecemos
de tão grandes feitos do Senhor em nossa vida.
24
Quando tudo isso começou a acontecer, nos apegamos com mais
firmeza ao Senhor, lembro-me bem que quando cheguei em casa
e compartilhei o diagnóstico do Andrezinho com os familiares
muitas lágrimas rolaram em cada face, porém foi em meio a
tantas lágrimas que DEUS deu uma linda canção ao meu cunhado
Dalton que dizia:
“Não há nada que me faça afastar de ti,
Nem as lutas ou temores podem apagar
O desejo que eu tenho é de me esconder
Em teus braços, tão seguro, posso confiar.
Aos meus olhos os problemas não têm solução
Cada passo que eu dou parece ser em vão.
Quando penso em teu poder firmado esta minha fé
Em um DEUS que até os mortos pode levantar
Eu posso abrir meu coração e te adorar
Mesmo depois de a noite escura contemplar
O sol se abrir ao amanhecer
Na minha vida se renovaram as
misericórdias do Senhor.”
Esta canção que serviu de tanto conforto, esta gravada no
2º cd de meu cunhado Josimar Bianchi intitulado “Quero te ver”.
Já éramos uma família evangélica, não imaginávamos ainda o
caminho que percorreríamos, não fazíamos nem idéia de como
Deus manifestaria as suas grandezas em todo aquele processo
que estava só começando.
25
Não pensávamos que dentro do nosso lar, Deus enviaria alguém
com uma missão tão especial para exaltar e glorificar o seu
Nome. “A Deus e somente a Ele toda glória”.
Mas antes de prosseguir entrando em mais detalhes, quero
compartilhar um sonho que minha esposa teve antes de todos
estes acontecimentos, e mais ou menos uns 30 a 40 dias depois
deste sonho, nosso lar foi bombardeado com a enfermidade do
Andrezinho.
O SONHO DA DÉBORA:
Sonhou a minha esposa que: “Eu, ela e o André havíamos
sido enviados a um local para realizar uma missão que na
verdade ela não teve definições claras durante o sonho, o grande
detalhe é que temos mais dois filhos, Suellen e Fillipe, mas no
sonho minha esposa só via o André junto conosco.
Quando chegamos ao local a que fomos enviados, minha esposa
disse que encontramos pessoas entristecidas, revoltadas e
sofrendo muito, e no próprio sonho ela chegou a me dizer que era
pra gente voltar pra casa, pois pensava ela que as pessoas não
gostavam de nós, tamanha era a tristeza estampada no rosto de
cada um, era um local com muitas árvores, uma grande avenida
movimentada e um parque de diversões bem próximo.
Houve um dia que o André sumiu, procurávamos por toda parte e
não o encontrávamos, após muita busca sem sucesso retornamos
para casa e ao chegarmos ao portão contemplamos uma grande
tragédia, pois a casa que morávamos havia desmoronado, havia
móveis despedaçados, cacos de vidros por todo lado, toda a laje
havia caído, mas as paredes permaneciam em pé, ficamos
desesperados tentando imaginar o que poderia ter acontecido.
26
Em meio a muito entulho começamos a procurar o André
imaginando que possivelmente estivesse ele soterrado pelo
desmoronamento e depois de alguns instantes de procura ela o
encontrou dormindo debaixo do entulho, porém totalmente ileso
sem nenhum arranhão, ainda no sonho ela o abraçou e disse:
Glória a Deus que protegeu o meu filho”.
Ao dizer isto acordou, e pela manhã ela compartilhou comigo esse
sonho, e eu disse que iríamos orar, porque não tinha a mínima
idéia do que pudesse ser, embora no fundo imaginasse sim que
seria algo não muito bom, hoje não tenho dúvidas que era tão
somente uma comunicação Divina, do que estaria por vir, de
certa forma isso nos fortalece porque entendemos que já havia
uma permissão e um propósito de Deus em todas as coisas que
estariam por acontecer na vida de meu filho. Quando internamos
o André esse sonho me veio à tona numa madrugada lá no
hospital, comecei então a entender de forma mais precisa o seu
significado, o local do sonho era com muitas árvores, avenida
movimentada e um parque de diversões próximo, para quem
conhece o hospital das Clínicas em Belo Horizonte sabe
perfeitamente que toda descrição do sonho é característico da
região, o local ali é totalmente arborizado, a Avenida Alfredo
Balena é extremamente movimentada e é bem próxima ao
Parque Municipal. E as pessoas entristecidas e revoltadas que
apareciam no sonho? Você já parou para pensar que em um
hospital tristeza e revolta são características notáveis na vida dos
que ali estão? Também outro detalhe do sonho não passou
despercebido, o fato de que as paredes estavam em pé,
demonstrando de que as estruturas não foram abaladas, deu-nos
27
a entender de que eu e a Débora estávamos firmes em meio à
catástrofe ocorrida, e foi exatamente desta forma, com certeza,
que Deus pela sua infinita misericórdia, nos manteve firmes
durante todo o tratamento do nosso filho.
Não há dúvidas de que Deus ainda nos fala por meio de
sonhos, porém temos que ter cuidado, pois nem todo sonho é de
Deus, nem todo sonho vem de Dele, tem muito sonho de barriga
cheia e de fruto de sua imaginação, contudo Deus é real, e nem
por isso ele deixa de falar.
Ao tomar consciência da tarefa que estava sobre nossos ombros
não hesitamos, pois entendemos de que a obra de Deus a ser
realizada era ali, e urgente, sei que frutos foram produzidos pela
misericórdia de Deus, através da minha vida e da vida de minha
esposa Débora e do meu filho André, e mesmo em meio às lutas
contra aquela enfermidade, não medíamos esforços para glorificar
a Deus e falar do seu poder e amor em qualquer situação, foram
várias as vezes que o deixei no quarto sozinho e ia orar por
outras crianças que estavam na mesma situação que ele.
Algumas vezes, quando voltava o encontrava dormindo, ele
nunca reclamou disso, muito pelo contrário, sempre facilitava.
Muitas vezes eu é que ficava receoso de ir para não deixá-lo
sozinho, mas ele dizia: “Vai pai, pode ir que as pessoas estão
precisando de oração”. Não consigo me lembrar destas coisas
sem ser tomado de emoções, meu filho sempre foi um guerreiro
incansável, entendia a obra que Deus havia nos confiado, e sabia
convictamente que ele era imprescindível integrante desta
comissão, e porque não dizer, talvez o principal integrante,
considerando de que na verdade ele é quem sofria na pele as
28
consequências da terrível, traiçoeira e drástica enfermidade.
Todos nós sabemos que consolar não é fácil, pois consolar é levar
vida, esperança e paz em meio às situações mais difíceis, é
apresentar uma saída quando parece estar tudo perdido, o
Andrezinho sabia fazer isso muito bem, com palavras, ações,
gestos e com a sua própria vida, ele é quem consolava quando
precisava de consolo, ninguém pode entender isso se Deus assim
não o revelar, meu filho sempre foi extremamente usado por
Deus, portanto a Deus toda glória eternamente, foram dias de
terríveis sofrimentos para todos nós, mas ainda assim posso dizer
que não vai valer a pena e sim VALEU A PENA.
29
Capítulo 2 - No Hospital
Com muita educação, profissionalismo, carinho e respeito,
uma equipe médica nos instruiu acerca de quais recursos teriam
disponíveis para o tratamento, lembro-me com clareza quando
indaguei de uma médica acerca de quanto tempo de vida,
segundo a medicina, meu filho teria com aquele diagnóstico, ela
me olhou com firmeza e disse que gostaria de ter resposta
melhor para me dar, mas infelizmente não tinha, e que somente
Deus poderia me responder, disse-me ainda que o caso do
Andrezinho era muito grave e seria bom que estivéssemos
preparados, pois nem mesmo eles sabiam como ele ainda
respirava sem ajuda do oxigênio, devido ao tumor alojado entre o
coração, pulmão e veia aorta, entendi então que nas entrelinhas
talvez ela estivesse me dizendo: “Na verdade pai, nem sabemos
como o seu filho ainda esta vivo”. Pensei comigo mesmo, se eles
não entendem como o Andrezinho ainda esta respirando sem
ajuda do oxigênio, então é porque o milagre já foi feito glória a
Deus, em seguida eles nos informaram da agressividade da
quimioterapia que se iniciaria e a possibilidade do Andrezinho não
resistir nem mesmo as primeiras sessões, contudo Deus o fez
forte e além de não haver grandes efeitos colaterais conforme
previsto, o tumor desapareceu quase todo em apenas uma
sessão de quimioterapia, constataram isso porque após a
primeira seção o Andrezinho teve febre alta e foi necessário fazer
um Raio-X do pulmão para prevenirem contra um possível
agravamento do quadro clínico, considerando de que febre alta
em pacientes após quimioterapia é um grande risco, pois, pode
representar um início de uma infecção grave e incontrolável.
30
Com o resultado do Raio-X, puderam então detectar uma
considerável regressão do tumor não esperada, uma vez que
segundo os próprios médicos não era possível que com apenas
uma seção quimioterápica o tumor diminuísse tanto, e com 40
dias ele desapareceu totalmente, em tudo víamos a boa mão do
Senhor operando maravilhosamente, Deus seja louvado! Ele é
fiel! No entanto, mesmo sendo Deus fiel, não nos poupou de
alguns momentos terríveis naquele hospital, mesmo com todos
seus cuidados dispensados sobre o André com toda a certeza Ele
estava tão somente desejoso de nos proporcionar crescimento,
conforme nos diz as sagradas escrituras: “Muitas são as aflições
do justo, mas o Senhor de todas o livra”. Salmo: 34, 19.
Nunca vou me esquecer dos primeiros contatos com os médicos,
as primeiras informações, primeiros exames, primeiros
resultados, são coisas muito marcantes em minha vida.
Conforme disse anteriormente, pensávamos ser uma intoxicação
alimentar e, ainda em casa, antes mesmo de levá-lo ao hospital,
minha esposa tirou todos os alimentos de alta caloria da
alimentação do Andrezinho, o Toddy também entrou na lista é
claro, ele amava Toddy e quando já no hospital após resultados
dos exames falamos pra ele que não era intoxicação, ele abriu
um lindo sorriso e disse: ”Eba, então eu posso continuar
tomando Toddy, ainda bem que é outra coisa, tá vendo,
vocês me deixaram com vontade a tôa”. Quanta pureza,
quanta simplicidade, quanto ensino. Lembro-me sem muito
esforço dos primeiros dias de meu filho ali naquele hospital,
foram dias que marcaram a minha vida, a dele, e com certeza a
de tantos outros que também ali estavam, com apenas cinco
31
aninhos já entrou ali evangelizando através da música, o dia
inteiro tocava um violãozinho de madeira que eu havia lhe dado e
cantava uma canção de um grupo musical evangélico chamado
Metal Nobre que dizia:
“Quando os problemas invadem o teu ser,
e a solução já não consegue ver.
Amigos já não há que possam te ajudar
cansou de procurar sem encontrar
Já em teus olhos lágrimas não há
e os teus sonhos fogem da tuas mãos
sozinho a seguir sem uma direção
cansou de procurar sem encontrar
Louvai por sua vida,
louvai mesmo sem saída.
Louvai em qualquer situação,
Não, não vai entregar sua vida,
Deus tem sempre uma saída.
Seja qual for a situação”
Médicos e enfermeiras costumavam pedir para ele repetir
algumas frases da música porque não havia entendido bem, ele
então repetia, com toda certeza Deus aplicou sua mensagem.
Logo que ele foi internado, observou que as crianças eram
carecas (efeito das quimioterapias) e passou a não querer mais
tomar banho, e ele sempre foi uma criança extremamente
higiênica e logo não querendo tomar banho, sua mãe indagou
dele qual seria a razão foi quando ele disse: “Eu já observei
mamãe que todas as crianças aqui são carecas, deve ser a
água do chuveiro desse hospital, e eu não quero ficar
careca.” Ele era apaixonado com seu cabelinho loiro usava
sempre o melhor shampoo e sempre cheiroso.
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Quanta inocência, e quantos ensinamentos obtiveram ali através
da vida de meu filho todos quantos estavam em seu redor,
quanta fé, força e vontade de viver, quanto testemunho do que é
ser servo de verdade, mesmo em meio a uma série de exames
dolorosos ele sempre dizia: “Papai, não quero ver o senhor
chorando, Jesus vai me curar, dói muito mais ver o senhor
chorando, dói mais que a própria dor do exame que foi
feito em mim”. Quantas saudades do meu filho! Ele me ensinou
grandes coisas com pequenos gestos e até mesmo sem gesto
algum, apenas com seu olhar sincero e singelo expressando sua
total confiança em Deus, e sua simplicidade em servir ao Senhor.
Durante todo tempo do tratamento que teve, o Andrezinho
pronunciava coisas que muitas vezes nos deixavam apreensivos e
ao mesmo tempo consolados, compartilhava sonhos e às vezes
ele próprio avaliava seu quadro clínico e em muitos resultados
preocupantes de exames ele sempre dizia: “Não se preocupem
com esses resultados, isso é apenas um exame, o
importante é o que eu estou sentido, e Deus está cuidando
de mim”. Muitas foram às vezes em que Deus o usou para
colocar paz no meu coração, houve um dia no hospital que eu
estava muito aflito, a situação dele não era muito boa e ele
começou a insistir comigo para providenciar uma luva descartável
para ele, aquelas luvas elásticas que médicos e enfermeiros
usam, eu relutei um pouco alegando que as luvas eram para o
trabalho dos enfermeiros, mas pelo cansaço ele acabou me
convencendo, isso era bem comum entre nós e eu acabei
providenciando a luva, então ele pediu para que eu a enchesse de
água e amarrasse, e eu enchi de água e amarrei conforme o seu
33
pedido e ficou aquela mão muito grande, eu não esperava tão
grande lição que aprenderia naquele momento, foi ai então que
ele deitou, pegou a luva da minha mão, colocou em seu peito,
olhou para mim e disse: “Sabe o que é isso papai? É a mão de
Deus que esta sobre a minha vida”. Por estas e outras razões
eu não posso deixar de acreditar na fidelidade de Deus para
conosco, algumas vezes ele me pegava de surpresa com algumas
indagações, e não adiantava dar qualquer resposta, tinha que ser
resposta lógica.
Houve um dia no hospital em que ele me perguntou onde se
encontrava ouro, eu lhe respondi, e por si próprio ele concluiu
que ouro era difícil de conseguir, eu concordei com ele dizendo
que era difícil sim, então ele olhou para mim com certa
admiração e disse: “Ouro é difícil pai, mas todo mundo quer
porque tem valor, e por ter valor às pessoas não medem
esforços para consegui-lo, assim são as coisas que
fazemos para Deus, pode ser difícil, mas temos que ir até o
fim porque as coisas para Deus são mais valiosas do que o
ouro, então não podemos desistir delas”. Na verdade ele
não sabia, e eu não havia comentado com ninguém ainda, mas
naqueles dias eu estava ponderando tirar uma licença e me
afastar temporariamente do exercício pastoral considerando de
que estava difícil conciliar os cuidados sobre a Igreja e o
tratamento do Andrezinho que tomava todo nosso tempo, muitas
vezes eu saia do hospital e ia direto para a Igreja por isso estava
difícil. Não posso nunca, em momento algum deixar de dar á
Deus toda glória devida ao teu nome por essas palavras ungidas
e exortativas que saíram da boca de meu filho, incentivando a
34
minha caminhada e mostrando que ele era um menino valente, e
de certa forma alertando-me de que a recompensa de Deus viria,
era só uma questão de tempo, mas era necessário permanecer
sem desistir. Lembro-me com muita facilidade também de um
sonho que ele compartilhou comigo em uma de suas internações.
Disse ele que estava brincando com seus dois primos, Caio e
Israel quando de repente ele caiu em um buraco muito fundo e
escuro, vieram então dois anjos, cada um de um lado e
seguraram em seus braços e o conduziu para um lugar muito
bonito, ele me contou o sonho e me perguntou o que significava,
eu disse que iríamos orar e depois falaria com ele, mas na
verdade nunca tive coragem de dizer-lhe o que eu havia
entendido do sonho, pois perguntei a ele imediatamente se os
anjos haviam retornado com ele depois para continuar brincando
com os primos e a resposta foi negativa, a partir daquele dia
Deus começou a trabalhar comigo a possibilidade de ter de
encarar a partida do Andrezinho para as Mansões Celestiais.
Muitas vezes, ao sair do hospital, ele todo feliz com a alta
recebida ainda no elevador dizia: “Ta vendo pai, pra tudo tem
que ter paciência, o dia que eu cheguei aqui eu chorei pra
não ficar, agora já passou, tô indo embora, tem que saber
esperar não é mesmo, tem que ter paciência”.
Só mesmo uma criança com uma missão tão especial poderia
compreender estas coisas, por mais que eu escreva ainda vou me
esquecer de muitas coisas edificantes que ele dizia, pois na
verdade não esperava escrever este testemunho em um
momento tão difícil com tantas saudades e só o faço porque sei
que todo o tratamento do meu filho foi para a glória de Deus, e
35
assim a morte do meu filho também é e será sempre para a
glória de Deus, estou plenamente certo de que meu filho cumpriu
sua missão com toda fidelidade ao Senhor, e agora que aprouve
ao Senhor recolhê-lo à Jerusalém Celestial, tudo que ele passou
tem que continuar com o objetivo fundamental de glorificar e
exaltar a Deus, se houvesse um meio de ele comunicar conosco
eu sei que certamente ele me pediria que eu continuasse firme
com Deus e sem nunca desistir de anunciar as suas maravilhas.
Para ele não posso fazer mais nada, já não me pertence mais,
nunca mais ele poderá vir até a mim, mas eu irei até ele, estou
certo disso em nome de Jesus, é claro que o desejo que devemos
ter de ir para o céu, não pode ser apenas o de encontrar um ente
querido lá, até porque essa questão de reconhecimento no céu é
um assunto do qual não se pode fechar questão, vamos nos ater
apenas ao que Deus nos revela, mas encontrar um ente querido
pode ser uma complementação, no entanto a motivação
primordial de desejar o céu tem que ser o desejo de estar com
Jesus, e apesar de não poder fazer mais nada pelo Andrezinho,
eu penso que posso fazer para Deus, sabendo que através deste
testemunho posso contribuir para edificação de vidas aos pés de
Jesus, pois não existe absolutamente nada neste mundo que seja
tão gratificante do que trabalhar em prol do Reino de Deus, por
esta razão insisto em escrevê-lo mesmo em meio à dor da
saudade, Deus há de me recompensar, estou certo disso, serão
recompensas em nível muito mais elevado do que se possa
imaginar, não recompensas terrenas apenas, pois nos ensina o
apóstolo Paulo de que não devemos esperar somente nesta vida,
nenhuma recompensa aqui é tão valiosa quanto a que Deus tem
36
para nos oferecer de maneira graciosa e fiel, minha recompensa
está muito além desta terra, “Se a nossa esperança em Cristo se
limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os
homens.” 2º Coríntios 15:19.
Desta vida quero apenas o consolo de Deus pela perda de meu
filho e trabalhar incansavelmente para Jesus, autor e consumador
da nossa fé, pois é preciso entender que a morte de Jesus na
cruz, não foi somente para nos salvar, claro foi esse o objetivo
principal, contudo Ele morreu também para que você não viva de
uma forma egoística só para você, veja o que diz o apóstolo
Paulo: “E Ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam
mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e
ressuscitou.” (ll Co. 5:15). Tudo que Deus reservou de melhor
para nós esta muito, além disto, aqui, “Nem olhos viram, nem
ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano, o
que DEUS tem preparado para aqueles que o amam.” (l Coríntios
2;9). Esta palavra fiel e verdadeira é a fonte de conforto para
todos nós, sabemos que a salvação do Andrezinho está garantida
e ele já está seguro, onde almejamos chegar com a graça e as
misericórdias de Deus, temos muitas saudades, mas quem ama
quer o melhor e o melhor para o Andrezinho seria estar com
Deus, e não em nossa campainha, por isso a Deus toda Glória
para sempre. A grande recompensa é o que Deus tem preparado,
portanto, fiquemos firmes, sem vacilar, pois Deus é fiel para
cumprir todas as suas promessas, como nos diz as Santas
Escrituras: “Deus não é homem, para que minta; Nem filho do
homem para que se arrependa. Porventura, tendo ele prometido,
não o fará? Ou, tendo falado, não o cumprirá?”. (Nm23:19.
37
Capítulo 3 - Consultas Ambulatoriais
Quando o Andrezinho não estava internado tínhamos
constantes consultas no ambulatório, quem faz esse tratamento
ou acompanha alguém que faz conhece bem de perto essa rotina.
Lembro-me de certa vez que a consulta estava demorando muito
e eu, impaciente, não aguentava mais e comecei a questionar
sobre a demora, porém, entendendo perfeitamente que a
demanda é bem maior do que os recursos disponíveis aos
profissionais da saúde para a execução do trabalho, aliás, eles
fazem mais do que podem, são mais do que profissionais da
saúde, são agentes de carinho e compreensão.
Contudo devido a alguns comentários que fiz, sua mãe me disse
que era para dar glória a Deus, porque a consulta estava
demorando, mas o Andrezinho estava bem, imediatamente ao
ouvir o que sua mãe disse olhou pra ela e retrucou dizendo:
“É assim mãe, dar glória a Deus porque eu estou bem?
Fica sabendo que se eu não estivesse bem tinha que dar
glória a Deus também”.
Esse era o Andrezinho, a sua expressão não foi absolutamente
nada além da palavra de Deus que diz: “Em tudo dai graças!” (I
Ts. 5:18). E hoje, mesmo na sua ausência, temos aprendido a dar
graças a Deus porque ele nos ensinou isso, verdadeiramente um
servo em qualquer situação, procurava ver sempre o lado bom das
coisas e se apegava no positivo.
Às vezes chorava quando tinha que internar, é claro que isso é
natural, afinal ele era apenas uma criança e tinha suas limitações,
mas quando passava o momento de tristeza ele dizia:
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“Pai, ficar internado é ruim e é bom ao mesmo tempo. É ruim
porque a gente só fica preso dentro de um quarto e não pode
brincar a vontade, mas também é bom porque aqui eu estou
sendo tratado para viver mais.”
Ele sabia da gravidade de sua enfermidade, nunca escondemos
isso dele, mas sabia também de que a sua enfermidade era nada
aos olhos do Senhor, que poderia curá-lo.
Certo dia, após um exame chamado punção lombar, quando é
feita a retirada de um liquido na coluna e ao mesmo instante é
aplicado o medicamento para evitar comprometimento da
enfermidade no cérebro, o que na verdade é também uma
quimioterapia, após então esta aplicação o Andrezinho foi conduzido à
outra sala para uma quimioterapia endovenosa, chegando lá ainda
soluçando com dores do exame anterior, ele estendeu os dois braços
e disse a enfermeira: “Pode pegar qualquer veia, em qualquer
braço, porque meu sangue é bom, meu sangue é de primeira”.
Imediatamente eu olhei para a enfermeira que estava mais próximo
de mim e falei bem baixo para ele não ouvir: “Somente uma criança
pode agir assim, passando por um momento tão difícil sorrindo e bem
humorado”. Mesmo usando um tom de voz mais baixo ele ouviu o
que eu dissera e mais que depressa me respondeu assim: “Sabe por
que, que eu estou sempre sorrindo e bem humorado pai? É
que eu sou feliz, eu sou muito feliz”. O Silêncio permaneceu
alguns segundos dentro daquela sala, onde muitos estavam fazendo
quimioterapia, os pacientes e enfermeiros olharam entre si e alguém
quebrou o silêncio dizendo: “Que menino é esse? Isso não existe!”.
Naquele mesmo dia ele saiu com outra antes de ir embora,
quando sua mãe lhe disse que já havia terminado a quimioterapia
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ele se levantou e disse bem alto: “Já mãe? Que beleza! ir pra
casa é bom demais, mas melhor ainda é ir para o Céu”.
Sem dúvida isto alegra o meu coração porque com toda a certeza a
felicidade do Andrezinho não estava vinculada as circunstâncias que
o cercavam, mas acima de tudo na união que ele tinha com Cristo
Jesus, ele não dependia de momentos favoráveis para ser alegre,
ele tinha alegria constante por ter o fruto do Espírito, ele sabia da
presença contínua de Jesus com ele, e por esta razão vivia na
dimensão da fé e apropriava-se continuamente das conquistas de
Cristo na cruz do calvário em nosso favor, entendia literalmente e
guardava as palavras do apóstolo João: “Pois todo que é nascido de
Deus vence o mundo. Esta é a vitória que vence o mundo a nossa
fé.” (1ª João 5:3).
Lembro-me de certa vez que regressávamos do hospital,
após uma bateria de exames, passamos o dia inteiro no hospital e
já era noite quando retornávamos, ele estava no banco traseiro
do carro de uma forma pensativa, percebi o seu silêncio e logo
imaginei que alguma coisa muito especial e com certeza criativa
se passava naquela fértil mente, pois o conhecia muito bem e
aqueles lindos olhinhos brilhantes não me deixavam dúvidas de
naquela cabecinha alguma coisa estava sendo maquinada, não
hesitei e perguntei a ele o que estava pensando, sem muitas
palavras ele olhou para mim e disse: “Tô pensando aqui pai,
que ainda bem que o Fillipe e a Suellen (seus irmãos) não
tem essa doença, porque esse tratamento é osso”. Fiquei
deslumbrado com a bondade de meu filho em relação aos seus
irmãos, ele sabia que ninguém merecia sofrer tanto, mesmo
tendo mais ou menos 6 pra 7 anos nesta época, tão pequeno
40
sempre deixava claro que jamais desejaria que alguém passasse
o que ele estava passando, foi sempre um guerreiro vencedor,
encarando de cabeça erguida a realidade da vida de fato será
sempre um eterno campeão.
“E sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles
que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu
propósito”. Rm. 8:28 - Este versículo sempre foi uma grande
realidade em nossas vidas durante todo processo de
tratamento do Andrezinho, muitas foram as vezes que Deus
cuidou do meu filhinho de forma tão especial, era muito
comum a falta de medicamentos quimioterápicos e também a
falta de resultados de exames na data prevista, embora isto
trazia graves comprometimentos no tratamento e muitas
foram as vezes em que a Débora ficava tensa porque não
tinha medicamentos necessários e também resultados não
estavam sendo entregues a tantos pacientes, as pessoas
saiam nervosas e revoltadas criando um clima muito ruim,
enquanto isso eu e Débora orávamos e quando chegava a vez
do atendimento do Andrezinho sempre ouvíamos a seguinte
expressão dos atendentes: “Nossa como o Andrezinho é de
sorte, os exames dele foram os únicos que saíram e também
os medicamentos deles foram os únicos que vieram”. Em tudo
isto nós compreendíamos que era tão somente a mão de Deus
trabalhando em nosso favor, pois para o André nunca faltou o
que rotineiramente faltava aos demais pacientes inclusive
crianças, vale muito a pena servir ao Senhor, creio que a graça
de Deus nos capacita a entender estes cuidados especiais.
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Capítulo 4 - O Transplante
Foi um ano e meio de tratamento intensivo, quimioterapias,
consultas, exames, internações programadas outras imprevisíveis,
em meio a tanta turbulência crescemos muito na graça e no
conhecimento de Deus, grandes experiências o Senhor nos
concedeu durante todo esse tempo, hoje podemos dizer talvez como
disse Jó: “Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode
ser frustrado. Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos
te veem”. (Jó 42: 2 e 5.) Aliás, acerca desta história de Jó vale à
pena tecer um breve comentário para que você não se torture talvez
por estar passando por um momento difícil.
A Bíblia diz no capítulo 1, logo no início do livro, no versículo 1, diz
que Jó era homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava
do mal, mas mesmo com grandes virtudes não foi poupado de uma
situação conflitante, foi provado, não por ser injusto, mas por ser
justo, não por ser infiel, mas por ser fiel, foi um homem digno de
ser provado por Deus e tentado por satanás por uma única razão:
“Fidelidade para com o Senhor ”.
Portanto eu gostaria que você pensasse em tudo que tem passado,
pare de arrancar pecados do fundo do baú, achando que são eles os
causadores desta situação, pare também de revoltar-se com Deus,
isso só vai piorar as coisas, entenda que Deus não é seu adversário
neste momento e sim seu grande aliado.
Após todo esse período de um ano e meio, com tudo
correndo bem, havia grandes possibilidades de em breve,
encerrar o tratamento, a sua médica sempre dizia que ele estava
surpreendendo por sua resposta ao tratamento, mas como em
42
todas as coisas a vontade de Deus se revela, foi durante então
um simples exame de rotina que constatou mais uma vez que a
enfermidade estava se manifestando de forma muito agressiva,
com exceção do tumor que já havia desaparecido com apenas 40
dias de tratamento, agora um novo exame apontava que das
células da medula que foram pesquisadas, mais uma vez, 84%
estavam comprometidas, o mundo outra vez pareceu desabar
sobre nós, tínhamos que iniciar do zero, tudo de novo.
Foi ai então que a equipe médica chegou à conclusão que
somente o transplante de medula óssea poderia dar mais chance
de vida para meu filho, sinceramente ficamos transtornados,
teríamos que começar tudo de novo depois de um ano e meio,
contudo mais uma vez o Senhor renovou as nossas forças e,
certos da fidelidade de Deus, prosseguimos em busca da solução.
Começou-se então o procedimento para encontrar um
possível doador e, com a graça de Deus encontramos o mesmo
dentro da nossa própria casa, meu filho Fillipe, com 14 anos na
época, ele era 100% compatível. Glória a Deus! Quero aproveitar
este momento para dizer o quanto sou grato a Deus pela vida do
Fillipe, que também não mediu esforços na tentativa de salvar a
vida e proporcionar dias melhores para o seu maninho, não se
importando com possíveis consequências posteriores e de cabeça
erguida teve honra e orgulho de poder doar a medula para seu
irmãozinho demonstrando desta forma muita coragem, bravura e
acima de tudo um grande amor e desejo real de ver de perto o
restabelecimento da saúde e a tão esperada cura do Andrezinho,
graças a Deus o Fillipe esta conosco, mas o Andrezinho levou
consigo um pedacinho dele e de todos nós, valeu Fillipe você é
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um grande campeão, amo muito você meu filho! Obrigado por
acreditar que com a sua ajuda seu irmão poderia viver muito
mais e continuar conosco por mais tempo, obrigado meu filho por
ter feito sua parte com muito amor e dedicação, você nos
proporcionou esperança naqueles dias, estávamos certos de que
a cura do seu maninho estava mais perto do que pensávamos,
mas Deus fez de outra maneira e só nos resta agradecer a Ele por
sua bondade.
Após ter resolvido a questão do doador, fui então chamado para
uma reunião com a equipe de transplante, onde eles me
orientaram acerca dos benefícios e também das possíveis
complicações que poderiam ocorrer durante e pós-transplante,
mas confiante no Senhor eu disse aos médicos que com toda
certeza eles contemplariam o agir de Deus na vida do André
através daquele transplante, confesso que tive vontade de
desistir, de deixar que meu filho fosse submetido ao transplante,
mas eu não podia fazer isso, assinei então todos os papeis
autorizando, não desejo que ninguém viva o que eu vivi, era
como se a vida do meu filho estivesse em minhas mãos, só
assinei porque confiei plenamente no Senhor, cheguei a dizer aos
médicos de que meu filho faria o transplante porque eu confiava
em Deus, se eu não confiasse depois de tudo que ouvi deles eu
desistiria, quando cheguei ao quarto onde minha esposa e o
Andrezinho estavam, segundo a minha esposa eu estava até
pálido, pois, a conversa que tive com a equipe médica foi muita
franca e aberta, quem já passou por isso sabe exatamente do
que estou falando, eu disse á minha esposa que devíamos estar
preparados para o agir de Deus na vida do nosso filho, falei que
44
eu havia dito aos médicos que eles veriam a ação de Deus na
vida dele através do transplante, e alertei a ela que talvez os
médicos só entenderiam esta ação se a situação fugisse do
controle deles, caso contrário a minha fala não teria sentido, e
por esta razão Deus poderia permitir algo muito grave para a sua
Glória e deveríamos estar preparados, eu entendia muito bem
que somente com uma situação incontrolável que fugisse aos
recursos da medicina seria possível promover a glória de Deus,
porque numa situação normal a medicina tem seus recursos, sua
competência, seus louváveis métodos, os profissionais da saúde
têm sido instrumentos nas mãos de Deus. Aleluia.
Porém mesmo consciente de que uma situação agravante poderia
ocorrer para Deus manifestar o teu poder e assim promover a sua
glória, eu não imaginava que seria tanta prova. Meu Deus!
Eu sabia que poderia ser algo muito difícil, mas não com tanta
intensidade, foram dias de muita amargura, apreensão, medo
expectativas, e ás vezes até mesmo incertezas de vida para o
meu filho devido ao seu quadro de saúde cada vez mais
agravante, mas Deus esteve conosco a cada segundo,
confortando-nos e fazendo nos entender de que todo passo de fé
é acompanhado por uma prova de fogo, portanto conosco não
seria diferente, porém de uma coisa tenho certeza, a Glória de
Deus predominou naqueles dias, Deus seja louvado a Ele toda
glória! O Andrezinho foi transplantado no dia 13 de Abril de 2005
as 18:00 hs, lembro-me bem quando cheguei ao quarto dele,
após ter ficado com o Fillipe seu irmão doador, durante todo o
processo da retirada da medula que demorou 6 horas e 10
minutos em outro local, e ele sabia que o Fillipe estava fazendo
45
esse procedimento, assim que entrei em seu quarto ele olhou
para mim e disse euforicamente: “E ai pai, trouxe a medula do
Filipe pra pôr em mim? Eu tô esperando!”. Ao perguntar-me
se eu havia trago a medula, fiquei imaginando a simplicidade de
uma criança ao aguardar um transplante de medula óssea como
se estivesse esperando um chocolate.
Em meio a muita tensão o Senhor Eterno nos honrou de
muitas maneiras naqueles dias vitoriosos e exaustivos que ali
passamos, pelo fato de termos presenciado a ação de Deus
naqueles dias é que estou insistindo para escrever este
testemunho com muita luta objetivando tão somente glorificar o
nome de Deus, foram dias de muito sofrimento que não gostaria
de lembrar, mas você precisa saber que Deus é real e Fiel, Ele
agiu na vida de meu filho com muito poder e graça embora o
tenha transportado para Nova Jerusalém um ano e meio após o
transplante, mesmo assim Ele nunca deixou de agir, dando alívio
imediato de tantas dores e sofrimentos terríveis para o meu filho.
Querido leitor ou leitora, quero que você entenda que se Ele agiu
na vida do Andrezinho, pode perfeitamente agir na sua ou de
algum ente querido que esteja necessitando, basta tão somente
render-se inteiramente sem reservas aos pés do Senhor, Deus
sempre tem socorro para quem precisa ser socorrido, pode
acreditar.
Embora meu filho tivesse tido um doador 100% compatível ele
não escapou da temerosa rejeição pós-transplante, foi uma
rejeição intestinal nível três que era extremamente grave,
entramos em campanha de oração intensa nas igrejas, todo o
povo de Deus na região em que morávamos conhecia a história
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do Andrezinho, e depois de muita oração quando pensávamos
que as coisas estavam melhorando, o quadro teve uma alteração,
a rejeição que já era nível três agora passara para o nível quatro,
complicando muito mais a sua recuperação, é assim que nosso
Soberano Deus faz, ele às vezes nos coloca a prova para que
possamos crescer mais. Foram dias angustiantes e traumáticos
para todos nós, somente lágrimas derramavam de nossos olhos,
como estas que escorrem por meu rosto neste exato momento,
só de lembrar nos faz reviver intensamente o nosso sofrimento, a
dor, a angústia, e a tristeza de contemplar o sofrimento do
Andrezinho sem poder fazer nada por ele, tudo que ocorreu
naquele hospital nos dias após o transplante fez com que
enxergássemos com muito mais clareza, o quanto somos
limitados, ver alguém que amamos profundamente sofrendo e
sem poder ajudar, isso faz com que batemos de frente com a
nossa limitação e tudo isso então fez com que ficássemos cada
dia mais perto de Deus. Em crise, muitas vezes com dor intensa
ele vomitava evacuava, suava, gritava e pedia pra morrer.
Quanto sofrimento! Mesmo após tantas crises, assim que
melhorava, ele continuava com o mesmo humor de sempre,
como se nada tivesse acontecido, suas crises eram inexplicáveis,
a equipe de estudo da dor passou dias avaliando o caso dele por
entender que realmente a dor era fora do normal, nada,
absolutamente nada, fazia parar aquela maldita dor, já estava
sob o efeito de medicamentos pesados como morfina e tudo
mais, mas estes eram como água em suas veias. Em meio a
todas estas coisas contemplamos maravilhosamente o cuidado de
Deus e sua Soberania cumprindo assim a palavra que eu havia
47
dito aos médicos de que eles iriam ver a glória de Deus se
revelando através do transplante do meu filho, devido a esta
terrível dor fez se necessário a realização de uma endoscopia,
segundo o médico seria natural que todo o tecido intestinal do
meu filho estivesse todo ferido e cheio de muitas lesões, pois pelo
processo do transplante seria impossível não estar assim todo
machucado, seria um procedimento dentro da normalidade do
tratamento e uma reação totalmente natural pós transplante,
mas que a endoscopia era preciso para ver o tamanho das
feridas, não era para ver se tinha, pois a existência delas eram
certeiras, no entanto após a endoscopia o médico me chamou
meio que assustado e, foi logo dizendo: “Não sabemos o que
houve, mas o fato é que o intestino de seu filho está normal, sem
nenhuma ferida o tecido intestinal dele parece ser de um recém
nascido, com esta endoscopia a conclusão que se chega é que
seu filho nunca foi transplantado, pois isto que estou vendo é
impossível de acontecer, é impossível existir alguém
transplantado com um intestino perfeito como o do seu filho,
admito de que seu filho entrou para o livro de record neste
hospital com o resultado desta endoscopia e demais
acontecimentos que não se explicam ocorridos com ele”. Poderia
até colocar aqui o nome do médico que me falou isso, mas vou
preservar em respeito ao seu profissionalismo. Creio piamente
que Deus deu um intestino novo para o meu filho, e alguém
talvez pergunte, mas então porque Deus o levou e procuro
responder esta indagação da seguinte forma: “Porque para Deus
a morte também é uma forma de cura”. Deus curou meu filho
definitivamente, não tenho dúvidas deste seu cuidado com ele.
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Lembro-me que certa vez Deus nos deu uma experiência em uma
de suas crises, ele estava sentindo uma dor muito forte, estava
evacuando em suas roupas, suando muito e perdendo a
respiração gritava: “Eu sei que estou morrendo papai, não
tem mais jeito pra mim, essa dor esta mais forte do que eu
prefiro morrer.” O médico havia me chamado na porta do
quarto dizendo que não tinha mais o que fazer, eu voltei correndo
para dentro do quarto ajoelhei-me e clamei pela misericórdia de
Deus sobre a vida do meu filho, eu disse a Deus com muita
sinceridade que eu não queria negá-lo em toda a minha vida,
mas se visse o meu filho morrer daquela maneira eu não saberia
o que seria da minha fé, neste momento, tive uma experiência
nova com Deus, e até mesmo duvidosa para muitos cristãos, mas
eu estou falando de um testemunho vivo em minha vida, eu não
ouvi essa história, eu á vivi, eu jamais inventaria uma história em
meio a tanto sofrimento do meu filho, mas o fato é que Deus
orientou-me a repreender aquela dor e expulsá-la do corpo do
meu filho e assim eu o fiz, sem me importar com quem estava no
quarto, afinal era meu filho que estava sofrendo, poderiam me
questionar da maneira que quisessem, eu não me importaria,
alguns enfermeiros que ali estavam fazendo os procedimentos
contemplaram algo inexplicável, pois assim que orei a dor cessou
imediatamente, então fazendo uso de uma autoridade espiritual
que o Senhor me conferiu naquele momento, eu disse a eles que
se quisessem e se os médicos autorizassem poderiam tirar a
morfina do Andrezinho porque ele não precisaria mais dela, pois,
nunca mais ele sentiria aquela dor que o incomodava há mais de
trinta dias, e para a glória de Deus a partir daquele dia nunca
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mais a dor voltou, ela simplesmente desapareceu. Deus seja
louvado, a Ele toda glória eternamente! Nunca me esquecerei da
bondade de Deus naquele dia. Depois de angustiantes dias ali,
Deus entrou com a provisão da alta hospitalar para o André, só
de lembrar o que meu filho passou ali me faz chorar. Quantas
vezes ele olhava da janela do hospital e dizia: “Ô papai, será
que eu nasci pra sofrer? Olha quanta gente lá fora e eu
aqui só tomando agulhadas e ainda sentindo dores”. Mas,
graças a Deus, enfim chegou o dia 15 de junho de 2005, esse foi
o dia de sua alta, ele foi internado no dia 30 de março de 2005
com a previsão de ficar no máximo 30 dias, após então os
terríveis 75 dias de sua internação fomos para casa com muitas
expectativas, pois na verdade a alta foi um pouco forçada pelos
médicos, eu acredito que eles pensavam que o André não teria
grandes chances mesmo, então assim que ele deu uma
melhorada eles liberaram, talvez pensando que estariam dando a
ele ao menos a chance de ter um pouco mais de alegria na sua
própria casa, esse é um raciocínio meu, eles nunca me disseram
nada a respeito. Dois meses depois o Andrezinho teve que ser
novamente hospitalizado para combater dois tipos de bactéria
que havia contraído, nesta nova internação fui questionado por
um enfermeiro que estava no quarto naquele dia em que orei a
Deus pedindo socorro para o alívio da dor do meu filho, ele me
disse que nunca tinha visto nada parecido, e que já havia tentado
encontrar a resposta para aquele acontecimento em meio aos
seus familiares, na equipe de transplante, na faculdade e até
mesmo em sua religião, mas ninguém conseguiu respondê-lo a
contento, segundo ele, naquele mesmo dia ao término do seu
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plantão relatou o acontecido e deixou anotado na ficha do
Andrezinho que era para os próximos plantonistas observarem se
a dor retornaria, uma vez que ela já o incomodava há mais de
trinta dias, porém, para o espanto de todos a dor não voltou nem
naquele dia e nem nos seguintes, houve até uma enfermeira que
comentou que a dor do André da mesma forma que apareceu,
desapareceu, misteriosamente. Tive então a oportunidade de
falar para aquele enfermeiro do poder, do amor e da fidelidade de
Deus, tenho ainda em mente o seu nome e ainda oro por ele,
mas vou preservar sua identidade por uma questão de ética,
embora nunca mais o tenha visto, a semente do evangelho ficou
plantada naquele coração e com certeza quando ele estiver lendo
este livro poderá tirar suas próprias conclusões, para a glória de
Deus Pai. O caso estava tão grave que chegamos a obter
autorização especial para que os primos do Andrezinho, que
tinham a mesma idade dele pudessem visitá-lo, médicos e
responsáveis pela ala de transplante facilitaram o máximo para
proporcionar a ele dias melhores, louvado seja Deus também pela
vida daqueles profissionais da saúde, que a bem da verdade
foram muito além de profissionais, eu não tenho palavras para
agradecê-los pelo quanto fizeram pelo meu filho, que, aliás,
fazem para todos que lá se encontram, sei que alguns leitores
conhecem bem de perto esta história, mas quero mais uma vez
dizer “Muito obrigado! Vocês foram muito especiais na vida de
nosso filho e na nossa também.” Agradeço profundamente a Deus
pela vida de vocês. O Hospital das Clínicas (BH-MG) está de
parabéns por sua equipe de funcionários, em todos os momentos
fomos sempre bem atendidos, com atenção e carinho sem
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distinção, por parte dos médicos, enfermeiros, assistentes,
seguranças, pessoal da limpeza, laboratório, ambulatório, todos
enfim foram bênçãos na nossa vida durante os três anos que por
ali passamos. Algumas vezes ouvi dos médicos que não tinha
mais o que fazer que infelizmente a enfermidade do Andrezinho
já havia fugido do controle, e que agora era só uma questão de
tempo, contudo continuávamos crendo piamente na cura,
conscientes de que o nosso Deus é o Deus do impossível, em
momento algum duvidamos das palavras dos médicos, mas
aguardávamos ansiosamente por um milagre sabíamos que o
quadro descrito por eles era real, mas pensávamos que Deus o
mudaria. Todavia os planos de Deus não são nossos planos e os
Seus pensamentos não são os nossos pensamentos: “Porque os
meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os
vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor, porque, assim
como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus
caminhos mais altos que os vossos caminhos, e os meus
pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos”.
Is.55:8,9. Entendo perfeitamente que Deus sabia que nosso
louvor a Ele e a nossa gratidão não se resumia na cura do
Andrezinho. Certamente continuaríamos fiéis a Ele independente
do resultado, pois um dia aprendemos que temos que adorar ao
Senhor pelo que ELE É, e não somente pelo que Ele faz, fazendo
ou não fazendo o milagre, ele continua sendo Deus, Ele é o Todo
Poderoso, Ele não tem nada mais a fazer, Ele já fez, pois, enviou
seu filho ao mundo e nos garante uma morada eterna no céu,
onde não haverá lágrimas, dores, tristezas, angústias, morte,
somente vida eterna.
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Capítulo 5 - A Recidiva
Depois de quase três meses no hospital recuperando do
transplante, a equipe médica deu alta conforme relatei
anteriormente, apenas seis meses depois de sua alta quando
pensávamos estarmos começando a ter dias melhores apareceu
um tumor bem na sua testa centímetros acima de seu nariz,
infelizmente, acredito que o tumor foi causado por um forte
medicamento que foi usado para combater a rejeição do
transplante, digo isso porque antes de aplicarem o medicamento
fui informado deste risco pelos médicos e tive que assinar um
termo autorizando a aplicação, mas eu não tinha alternativa a
não ser autorizar, meu filho estava morrendo e os médicos me
disseram que era uma tentativa que poderia dar certo, mas se
não desse poderia ser comprometedor e causar outros danos,
inclusive tumores pelo corpo, ninguém pode imaginar o que
passei tendo que autorizar algo que poderia matar o meu filho,
confesso que estou em lágrimas. Eu só queria o melhor pra ele!
Aquele lindo rostinho de olhos azuis começava a se deformar
devido à impiedade da doença mais uma vez, iniciamos então um
novo tratamento com menos chance de ser bem sucedido,
considerando que sua medula tinha apenas seis meses de vida,
mas o Deus das causas impossíveis estava á nossa frente e de
forma surpreendente Deus renovou as forças do André e mais
uma vez ele superou com a graça de Deus e quando todos
pensavam que poderia ser o fim devido a medula ter sido
implantada recentemente, mas o que aconteceu foi que em um
espaço de 20 dias o tumor desapareceu totalmente, sem deixar
vestígios, ao contemplar estes feitos do Senhor, cada vez mais a
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nossa fé era fortalecida e tínhamos plena convicção de que nosso
filho seria curado, e em muitas ocasiões de incertezas como esta
ele firmemente dizia: “Pai essa doença é terrível, mas ela não
é mais forte do que eu, eu sim sou mais forte do que ela”.
Por esta e outras razões eu o chamava de “Meu grande campeão,
o menino valente” eu dizia sempre a ele que tinha maior orgulho
de ser o seu pai, ele era uma honra pra mim, nada
absolutamente nada o fazia desistir, sua fé era surpreendente.
Infelizmente a nossa alegria durou muito pouco e nove meses
depois, novamente, outro tumor apareceu na mesma região, tudo
começou com uma simples consulta de rotina, inicialmente eram
apenas os exames que estavam comprometendo, mas isso era tão
comum, exames alterados eram costumeiros sem maiores
complicações, no entanto desta vez foi diferente, fomos então
orientados pela sua médica que novamente nos informou que
estávamos diante de uma situação não desejável, e totalmente
irreversível, não havia mais chances segundo a medicina para o
meu filho viver, eram grandes as possibilidades de um retorno
imediato da enfermidade, e desta vez sem nenhuma chance de cura
para o André, segundo ela deveríamos estar preparados para o pior.
Devido ao fato dos exames estarem extremamente
comprometidos havia já uma internação programada para a
próxima semana, e que segundo a médica ele não mais retornaria
para casa, não quero nunca que ninguém passe pelo que eu
passei, a internação estava programada para outra semana se
caso não aparecesse nada de novo, porque qualquer
anormalidade não permitiria esperar a próxima semana, seria
necessário levá-lo imediatamente ao hospital.
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A médica por sinal muito competente e atenciosa nos explicou
que a medula funciona como uma terra que esta sendo adubada
para produzir, mas que naquele momento ela não conseguia
produzir e nem se defender mais, a medula do Andrezinho havia
se cansado. Ao sair do consultório naquele dia, o Andrezinho
como de costume pediu um chocolate, enquanto sua mãe
segurava a sua mãozinha e atravessava a rua para comprar,
fiquei observando o meu filho tão feliz chutando as tampinhas ao
atravessar a rua. Fiquei imaginando que talvez pudesse ser o seu
último chocolate. Entrei no carro e comecei a chorar, tentei
encontrar uma explicação para tudo àquilo que estava
acontecendo com meu filho, estava decidido a não voltar nunca
mais naquele hospital. Não ia expor o meu filho a tudo de novo,
quando a Débora e ele entraram no carro, sem ela saber o que eu
havia pensado ela me disse que estava com vontade de não
voltar mais ali, no momento não comentei nada mais com ela,
fomos para casa arrasados, com a sensação de nadar, nadar e
morrer na praia, não conseguíamos conter o choro, os sinais
fechados pareciam durar uma eternidade, as pessoas dos carros
ao lado não entendiam porque aquele casal com um menino tão
bonito naquele carro chorava tanto, e alguns até pareciam querer
nos dizer alguma coisa, o caminho até nossa casa parecia que
havia multiplicado a sua distância muitas vezes mais. Mesmo com
toda confiança em Deus, sabíamos que poderia mesmo estar
muito perto de perder o nosso filho. Oramos e pedimos ao Senhor
a direção do que fazer, ficamos transtornados e isso fez com que
optássemos para dar vida com qualidade ao Andrezinho, para nós
não interessava mais quanto tempo ele iria viver, mas como ele
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iria viver, era sua qualidade de vida que estava em jogo, e não a
quantidade de anos ou dias que ele teria pela frente, foi ai então
que em família tomamos uma decisão muito difícil e até hoje às
vezes incompreendida por muitos, decidimos ouvir o Andrezinho
e fazer com ele a viagem de seus sonhos, era um pedido antigo
sempre na expectativa de realiza-lo quando terminasse o
tratamento, mas infelizmente vimos à impossibilidade de isto
acontecer, e por nossa conta, sem nenhuma orientação médica e
sem a intenção de faltar com respeito aos profissionais da saúde,
optamos por fazer a última vontade dele, lembro-me bem que
naquele mesmo dia sentei-me com ele e toda a família para
decidirmos o que fazer.
Queria tomar essa decisão em família para que ninguém fosse
responsabilizado, caso acontecesse algo indesejável como
aconteceu, perguntei a ele se queria fazer a viagem de seus
sonhos, ele deu um pulo no sofá e disse: “Oba, vamos hoje?”.
Indaguei dele acerca do tratamento como iríamos fazer, ele olhou
e disse com toda segurança: “Pai, deixa esse tratamento pra
lá, o Deus que cuida de mim aqui é o mesmo que vai cuidar
onde eu estiver, e além do mais se é Deus que cuida de
mim, eu não preciso ficar em hospital tomando
agulhadas”. Claro que não foi fácil tomar esta iniciativa, pois
sempre respeitamos criteriosamente as orientações médicas,
nunca fomos irresponsáveis com todas as orientações que nos
eram fornecidas, nunca espiritualizamos as coisas a ponto de
ignorar os conhecimentos da medicina através de seus
profissionais, acreditávamos sim, que Deus poderia curar o nossa
filho, mas a situação era extremamente grave conforme os
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médicos nunca esconderam de nós, e ainda como se não
bastasse um dia após a conversa com a médica, quando o
Andrezinho acordou notamos uma elevação na sua testa, no
mesmo local do tumor anterior, infelizmente era o início de outro
tumor no mesmo local, repensamos a decisão da viagem, mas
era tudo que ele queria como poderíamos voltar atrás? Também
não poderíamos levá-lo ao hospital porque com certeza seria
internado e não sairia mais de lá, sei que não suportaria ver meu
filho morrer dentro de um hospital, cheio de sonhos, isso eu
jamais suportaria mesmo, acreditei piamente que talvez Deus o
curasse pela sua própria fé, ainda que a nossa fé estivesse
totalmente abalada, ele estava cheio dela e Deus o honraria,
estávamos conscientes de que nosso passo de fé poderia resultar
em uma prova de fogo, mesmo assim não hesitamos em fazer o
que ele queria, começamos então a providenciar as coisas
necessárias para uma viagem longa e cada passo dado para fazer
a tão esperada viagem era um aperto em nossos corações.
Será mesmo que deveríamos ir?
Quem sabe desta vez vai dar mais certo?
Estas e outras perguntas eram feitas continuamente por nós
mesmos, mas o Andrezinho não abria mão de seu sonho, ele
queria viajar a qualquer custo.
Quem teve que abrir mão foram seus irmãos, a Suellen abriu mão
do emprego e de seu noivo, tiveram que manter apenas contatos
telefônicos, e o Fillipe abriu mão dos estudos, todos enfim em
função do André , ele merecia muito mais que isso, nosso grande
e eterno guerreiro campeão.
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Capítulo 6 – A Viagem
Diante de tudo que o André passou até aqui tomamos a decisão
deixá-lo viver longe de hospital que era tudo que ele queria, sei
que para muitos, isso é incompreensível, mas depois de três anos
dentro de um hospital vendo o final de muitos que por ali
passavam com o mesmo diagnóstico dele, decidimos que não
iríamos vê-lo morrer sem deixá-lo viver, e mesmo sem o
consentimento dos médicos proporcionamos a ele a viagem que
ele mais almejava ir ao estado de Rondônia, onde seu avô
paterno mora.
Quero deixar muito claro que o fato de ter ido sem autorização
médica não significa falta de respeito com a medicina, muito pelo
contrário, são profissionais que merecem toda atenção e
confiança, sabem perfeitamente o que fazem e o que dizem,
infelizmente com raras exceções. Definitivamente não aconselho
ninguém a fazer o que fiz, cada caso é único, e de maneira
alguma pode servir de exemplo para outro.
Com relação à viagem, o Andrezinho queria fazê-la de
carro, seriam três dias na estrada, mas ele queria aproveitar os
mínimos detalhes, pedimos a Deus o seu amparo e cheios de fé e
coragem, conscientes da seriedade do que fazíamos partimos.
Para nós era apenas uma viagem, no entanto para o meu filho
estava reservada uma grande missão que até nós
desconhecíamos, ele foi aproveitando o máximo, cantava o tempo
inteiro, demonstrava estar vivendo intensamente os dias mais
felizes de sua vida, nas mínimas coisas ele se ligava e tecia
comentário, em seu rosto, além do tumor que crescia dia a dia,
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estampava se também a alegria de estar realizando um grande
sonho com todos juntos, papai, mamãe e os irmãos Fillipe e
Suellen, esta era uma grande virtude dele, amava estar reunido
em família e valorizava todos os momentos, ás vezes, quando
estava internado, falava que quando voltasse para casa queria
um almoço ou um jantar com todos juntos, avós, tias, tios e
primos. Graças a Deus que sempre realizamos os seus pedidos e
isso nos deixa mais feliz hoje, sem nenhuma culpa ou frustração.
Muitos eram os comentários do Andrezinho a todo o tempo,
mas alguns nos chamavam mais a atenção, em certo momento
da viagem ele disse: “Papai estamos indo pra Rondônia, e é
lá que eu vou ficar. Eu não volto nunca mais”.
Sua mãe o interrompeu dizendo: ”Meu filho você esta indo tão
empolgado e se chegar lá você não gostar?” Imediatamente ele
respondeu: “Não importa mãe, gostando ou não gostando, é
lá que vou ficar, porque a única coisa que importa nessa
vida é obedecer a Deus”. Diálogos como esse hoje nos traz paz
ao coração, sabemos que nosso filho tinha plena consciência de
sua tarefa como servo do Deus Altíssimo, entendia perfeitamente,
talvez mais do que nós, os planos de Deus na sua vida, e com
disposição total para realizá-los, não importando com o preço a
ser pago, ele queria era ser útil para Deus, e acredito que foi, até
bem mais do que ele próprio imaginava.
Como disse no capítulo anterior na testa do Andrezinho
estava iniciando outro tumor que durante a viagem ele crescia
assustadoramente, na primeira noite dormimos na cidade de
Uberlândia, pra ele foi uma festa porque nos hospedamos em
uma pousada chamada “Pousada da Tia Zilane”, e ele amava sua
59
tia Josilane que era chamada de Zilane, então ele ficou todo feliz
e dizia que estava na pousada da tia dele, na verdade conquistou
a dona da pousada com seu carinho e seu humor.
Na segunda noite nos hospedamos em um hotel na cidade de
Várzea Grande em MT, o tumor em sua testa que havia iniciado a
2 dias antes da viagem já estava com uma elevação bem mais
intensa chamando assim a atenção dos hóspedes daquele hotel e
um deles chegou a me perguntar se ele havia caído e machucado
a testa, eu disse que não, mas que aquilo era um tumor, meio
sem jeito ele me pediu desculpas e perguntou para onde
estávamos indo disse a ele que estávamos indo para Rondônia, e
bastante admirado com a tranquilidade com a qual eu havia lhe
respondido, foi quando de maneira muita assustada ele me
perguntou o que eu estava indo fazer em Rondônia, um lugar
totalmente sem recurso com meu filho daquele jeito, respondi a
ele que era uma decisão do meu próprio filho e que eu estava
realizando talvez o seu último desejo, disse a ele que já a 3 anos
estávamos tratando do meu filho sem muito êxito e que
decidimos deixar com que ele tivesse um pouco mais de
qualidade de vida, e que eu não me perdoaria nunca se meu filho
morresse dentro de um hospital como vi muitos coleguinhas dele
morrer, não sei se ele entendeu minhas colocações, mas a grande
verdade era que pra mim isso pouco importava. Dormimos ali, e
no outro dia pela manhã quando tomávamos café para seguirmos
viagem, novamente aquele hóspede nos abordou interessado em
saber mais do André, e nesta oportunidade lhe falei da provisão
de Deus em nossa vida, e que mesmo estando meu filho naquele
estado agravante eu louvava a Deus por sua bondade,
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considerando os cuidados de Deus sobre ele, contei-lhe então de
alguns testemunhos ocorridos no hospital durante o tratamento,
falei das muitas intervenções de Deus, e logo em seguida nos
despedimos e seguimos viagem, não me lembro para onde ele
estava indo, só sei que foi levando consigo um carinho
extraordinário pelo Andrezinho, que conquistou seu coração.
SAUDADES ETERNAS,
TE AMAREMOS POR TODA VIDA!
61
Capítulo 7 – Os dias em Urupá- Ro
Quanta felicidade quando ali chegamos, a alegria do
reencontro com muitos entes queridos se misturava com a
incerteza de um final feliz devido ao comprometimento da
enfermidade, mas Deus nos deu graça para vivermos
estabelecendo prioridades e qualidade de vida pra ele, e
sabíamos que ali o Andrezinho teria, não medimos esforços para
proporcionar a ele tudo o que queria inclusive no que diz respeito
à diversão, foram dias de tamanha alegria que ele jamais havia
experimentado até então. Banhos de cachoeiras, lagoas, futebol
passeios em matas, tudo que ele nunca havia desfrutado, em
meio a momentos tão felizes dizia ele: “Adeus Belo Horizonte,
pra lá eu não volto nunca mais Papai é aqui que vou ficar,
é aqui que estou vivendo, acabou meu tratamento, pode
escrever um livro”. Por mais que o tempo passe palavras como
estas ficarão eternamente gravadas em meu coração, tenho
ainda a sua última mensagem enviada a mim em meu celular no
dia 14 de agosto de 2006, às 13:26:49: “Papai quero dizer que
te amo”. Durante 15 dias, meu filho viveu intensamente naquele
lugar, mesmo com o tumor crescendo dia após dia e deformando
seu lindo rostinho, ele não dava espaço para tristeza, usufruiu de
tudo que merecia, mas após esse período a enfermidade não deu
mais trégua, mesmo sendo uma criança de apenas oito anos, tão
alegre, feliz, inocente, puro, sem nenhuma maldade, ainda assim,
com todas essas virtudes o meu pequeno Andrezinho, cheio de
carinho, não foi poupado pela maldade da traiçoeira enfermidade,
O maldito câncer não teve compaixão do meu filhinho e sem
nenhuma piedade aquele tumor alastrou-se de forma agressiva
62
em sua face, deixando o seu rostinho todo deformado e seus
lindos olhos azuis sem nenhuma luz, ele ficou totalmente cego,
aqueles lindos olhos azuis não puderam mais ver a luz do sol, as
belezas da natureza e as pessoas tão amadas ao seu redor, suas
forças foram exauridas e ele ficou totalmente debilitado, mas
mesmo diante deste quadro nunca se entregou e jamais negou a
sua fé em Deus dizia para nós que Jesus era lindo e cheio de
amor e que ele jamais iria desistir Dele, poderia acontecer
qualquer coisa que ele não ia desistir de sua cura e muito menos
de sua fé em Deus.
Às vezes ficamos impressionados com tamanha inocência de
uma criança, o Andrezinho sabia que não poderia de forma
alguma contrair infecções sabia que seu organismo não tinha as
defesas necessárias para combatê-las. Certo dia, quando já
estava cego, ouviu alguém dizer que eu estava com conjuntivite
(aquela infecção no olho). Ele então me chamou e disse:
“Papai, se o senhor estiver mesmo com conjuntivite, por
favor, eu gosto muito do senhor, mas não fica perto de
mim, se não vai passar infecção para mim e quando Deus
me fizer enxergar de novo meus olhos vão ficar
infeccionados.”
Quanta inocência, com um tumor maligno alojado na testa
comprometendo toda a sua visão e seu lindo rosto e ele com
medo de contrair conjuntivite.
Para mim esta sendo muito difícil escrever tudo isso, mas sei que
vidas serão edificadas, por isto, como servo do Deus Altíssimo,
sinto o dever de prosseguir, que o Eterno Pai me dê forças, para
concluir este testemunho de fé.
63
O grande André que de Andrezinho só tinha o apelido carinhoso
que lhe demos, era um verdadeiro servo de Deus e um gigante
na fé, ele se foi e deixou-nos grandes lições de vida.
Quando estava deprimido e muito triste por não poder enxergar,
pedia ao Fillipe para pegar o violão, chamava a todos para cantar
ao seu lado, e louvava junto conosco, soltava sua voz e do fundo
do coração adorava a Deus, ainda que em meio a lágrimas, fazia
valer na sua vida as palavras do salmista: “Bendirei ao Senhor
em todo o tempo, o seu louvor estará sempre nos meus lábios.”
Salmos 34: versículo 1.
Quando tinha alguma dor começava a orar dizendo:
“Deus, o Senhor sabe que estou sem forças até para
conversar, mas me dê forças para falar com o Senhor, pois
é a única coisa que traz alegria ao meu coração”.
Desta forma uma criança de apenas 8 anos iniciava a sua
oração que se estendia por 30 a 40 minutos, enquanto ele orava
às vezes algumas pessoas chegavam para nos visitar, aliás,
graças a Deus, a casa estava sempre cheia, e quando as pessoas
o viam orando começavam a chorar, me abraçavam e diziam que
iam embora pois estavam envergonhados diante de Deus em
contemplar tanta fé, algumas diziam que jamais saberiam orar
como o Andrezinho pois diante de problemas bem mais
insignificantes, muitas vezes negavam sua fé em Deus e agora
contemplavam esse quadro. Uma criança de apenas 8 anos,
passando por uma provação tão difícil, e continuava exercendo
com total confiança sua fé pura em Deus, uma fé incondicional,
demonstrando a todos que ele sabia perfeitamente quem era o
seu Deus, “O Deus do impossível”.
64
Eu glorifico a Deus por ele ter sustentado o meu filho, e não ter
permitido que ele negasse sua fé, pois estou certo de que essa
força vem do Senhor, não temos nenhum mérito nisso, é Deus
quem nos sustenta e que nos faz permanecer fiéis diante dos
embates da vida, entendemos perfeitamente que a própria
perseverança vem do Senhor, meu filho foi fonte de consolo para
muitos, mesmo em momentos que acreditávamos que ele
precisava ser consolado. Com sua força aprendemos muito, ele
arrancava forças da fraqueza, aliás, fraqueza era uma palavra
que não existia em seu vocabulário.
Ah! Que saudade do meu campeão como dói!
Houve uma época em que o Fillipe teve a idéia de
passarmos a noite inteira orando ao lado da cama do Andrezinho
para que ele pudesse dormir melhor, então resolvemos fazer um
revezamento no período das 23 hs até as 6 hs, todos
participavam orando, cada um durante 1 hora ou mais, e desta
forma ele estaria coberto de oração por toda noite.
Deste rodízio de oração participávamos, eu e Débora, é claro,
Joelma sua prima, Fillipe e Suellen seus irmãos, e seus tios Joel e
Eneidir, eram madrugadas que buscávamos a Deus intensamente
pela cura do meu filho, mas aprouve ao Senhor mesmo assim,
recolhê-lo para a Glória, e confesso a vocês que apesar de toda
dor da saudade ainda que pudesse não traria de volta o meu filho
a esse mundo, sim, não seria tão injusto com ele a ponto de
trazê-lo de volta, uma vez que deste mundo ele já ficou livre para
sempre, eu jamais poderia desejar a ele tamanha maldade.
Deus seja louvado! Tenho orgulho de ter sido o seu Pai e estou
convicto de que ele poderia dizer, sem sombras de dúvidas:
65
“Combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a minha
fé”. De fato a vida para ele não foi uma zona de conforto, não
teve facilidades, foi de fato um grande combate, mas Deus esteve
ao seu lado. Ao Bom, Eterno e Poderoso Deus seja toda glória!
Às vezes vivemos anos na igreja realizando apenas uma
vida religiosa sem ensinar nada a ninguém, o Andrezinho em tão
pouco tempo nos ensinou muitas coisas, mas seu principal
ensinamento foi a fidelidade ao Senhor que ele demonstrou
mesmo em meio a lutas e provações.
A seguir compartilho algumas frases de suas orações que
em momentos angustiantes ele dizia, anotei todas elas porque eu
sabia que mais cedo ou mais tarde eu estaria escrevendo este
testemunho, só esperava escrevê-lo com outro final, com meu
filho ao meu lado, no entanto, aprouve ao Senhor Deus da minha
vida que eu escrevesse sozinho tendo somente o auxílio e a
renovação das minhas forças através do Espírito Santo, que sem
dúvida alguma é bem mais expressiva do que a própria presença
dele aqui fortificando muito mais a fidelidade deste Deus todo
poderoso em minha vida. Quero que você esteja analisando o
teor destas orações que meu filho fazia, veja só quanta confiança
em Deus meu filho mantinha em momentos que só pediam
lágrimas. Quanta intimidade com o Senhor!
“Jesus, filho de Davi tem misericórdia de mim, eu sou
apenas uma criança de 8 anos não tenho forças eternas, eu
quero ver”.
“Deus, eu sei que o Senhor é bom, pois se o
Senhor não fosse bom eu estaria sofrendo,
e eu não estou sofrendo. Obrigado Jesus! “.
66
“Deus eu sei que o Senhor pode me curar,
essa enfermidade não é nada para ti, mas se for o teu
propósito me deixar cego e doente para a glória do teu
nome, pode deixar eu cego e doente, porque o que mais
importa nessa vida é a glória do nome do Senhor”.
“Deus, o Senhor fez o mundo em seis dias, o
Senhor fez tanta coisa bonita só que agora Deus, eu
não posso ver mais nada do que o Senhor fez então
Deus, tem misericórdia de mim, e restaura a minha
visão.”
“Deus esse mundo é tão grande e o Senhor fez ele em tão
pouco tempo, porque o Senhor é Eterno, então Deus tira
essa enfermidade de mim é menos que um minuto, me
cura Deus.”
“DEUS, durante três anos de tratamento eu nunca
desisti da minha cura, e agora estou cego quero dizer
uma coisa. Vendo ou não vendo eu jamais desistirei,
porque sei que o Senhor é Fiel.”
“Deus, o senhor é um Deus eterno, mas mesmo assim
teve que descansar no sétimo dia quando fez o
mundo, e eu Deus sou uma criança de apenas oito
anos, não tenho forças eternas como o Senhor, então
Deus tem misericórdia de mim, e me cura Deus”.
67
Sem dúvida alguma, nós precisamos aprender a orar assim, ás
vezes quando estava com muita dor ele pedia o óleo de fazer
unção o que sempre tínhamos em casa e derramava todo na sua
cabeça e dizia: “Mamãe, agora é com Jesus não precisa se
preocupar mais, estou ungido”. De maneira alguma é minha
intenção causar drama ou demonstrar show de espiritualidade
através destas declarações, até porque se trata de meu filho e eu
jamais faria uso dele para isso, mas o que pretendo é mostrar a
você que é perfeitamente possível servir a Deus e manter o nosso
firme relacionamento com Ele e a nossa fé em evidência mesmo
nos momentos de turbulência da nossa vida, momentos assim
produzem com toda certeza efeitos positivos na nossa vida, a dor
é produtiva, através dela você poderá colher benefícios eternos
ou consequências eternas para a sua vida, tudo depende da
maneira pela qual você passará por estes momentos e das
atitudes tomadas, tenha certeza que passar por esses momentos
entendendo a soberania de Deus é muito melhor, e produzirá
grandes benefícios por toda sua vida. Precisamos entender que
Deus não tem nenhum prazer no sofrimento de seus filhos, mas
tem grande prazer na maneira pela qual seus filhos reagem
diante do sofrimento, isto faz toda diferença, portanto, não
blasfeme, não murmure, não desista, honre a Deus, haja o que
houver creia somente, Deus é Fiel.
Eu nunca imaginei que uma criança de oito anos poderia ser tão
direcionada por Deus em tantas coisas, era de impressionar, ele
chamou toda a família para um grande conserto de vida com
Deus antes de falecer, não se intimidava e falava cheio de
convicção e autoridade, chamou meus irmãos e outros membros
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A fé de André: um testemunho de esperança na dor

  • 1. 1 Em memória de: André Bianchi Machado 09/01/1998  01/10/2006 Por João Braz Machado, Pastor da Igreja Metodista Wesleyana.
  • 2. 2 Disse Jesus: “Eu sou a ressurreição e a vida, quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo o que vive e crê em mim não morrerá, eternamente”. João 11:25,26.
  • 3. 3 “A PALAVRA MOVE, MAS O EXEMPLO ARRASTA.”
  • 4. 4 SUMÁRIO Agradecimentos.......................................................................05 Prefácio....................................................................................07 Introdução................................................................................11 Por que escrevi este livro..........................................................15 Capítulo 1 - Como tudo começou ............................................21 Capítulo 2 - No Hospital..........................................................29 Capítulo 3 - Consultas Ambulatoriais......................................37 Capítulo 4 - O Transplante ......................................................41 Capítulo 5 - A Recidiva............................................................52 Capítulo 6 - A Viagem..............................................................57 Capítulo 7 - Os dias em Urupá - RO............................................61 Capítulo 8 - A Partida para a Eternidade..................................74 Capítulo 9 - Entendendo o propósito de Deus.........................85 Capítulo 10 - Conclusão........;......................................................93 Poema para o Andrezinho............................................................99 Depoimentos...............................................................................100
  • 5. 5 Agradecimentos: Ao meu Deus, Eterno e Soberano Senhor de toda criação, por ter sido Ele meu principal Sustentador nos momentos mais tenebrosos de nossas vidas, por ter sido Ele também que me possibilitou escrever este testemunho e mesmo em meio a muitas lágrimas motivou-me a continuar colocando em meu coração a certeza de que o mesmo produziria muitos frutos para o teu Reino e que eu deveria prosseguir; “SOMENTE Á ELE TODA GLÓRIA ETERNAMENTE!”. Á minha esposa Débora, pela dedicação especial para com a minha vida, entendendo minhas muitas fragilidades, mas companheira fiel, amável e carinhosa, sempre me incentivando continuar, mesmo derramando lágrimas juntamente comigo. Aos meus filhos, Fillipe, Suellen e Mateus (Este último filho genro) pela garra, pela bravura, pelo companheirismo, pela demonstração de carinho e amizade vividos em família em momentos tão desafiadores e principalmente pelo amor, carinho e cuidados dedicados ao Andrezinho em todo o tempo. Também a minha filha Naiara (Filha nora, esposa do Fillipe) que embora tenha entrado para a família após todos estes acontecimentos, tem compreendido bem de perto a nossa dor. Vocês são muito especiais para mim, compreendo que tiveram que amadurecer e se tornarem adultos forçadamente, talvez até mesmo antes do tempo, em meio a circunstâncias da vida. Aos parentes e amigos que também deram todo incentivo, entendendo que pra mim era demasiadamente difícil relembrar fatos tão doídos, situações difíceis e angustiantes, mas que em muito edificaria vidas, por isso, foram muitas as vezes que ouvia
  • 6. 6 alguém dizer: “A história do seu filho tem que ter um livro”, e nestas palavras encontrei motivação para dar início à escrita deste testemunho, com o desejo de que ele seja edificante e auxilie pessoas nos desafios da vida. Aos irmãos das mais diversas Igrejas e amigos da cidade de Urupá (RO), onde meu filho viveu seus últimos dias. Obrigado a todos pelo carinho a nós dedicado, pelas ajudas concedidas, vocês tem um espaço todo especial em meu coração. Ao meu irmão Joel e minha cunhada Eneidir, obrigado pelo acolhimento dentro da casa de vocês, pelas lágrimas derramadas juntos com a gente, pelas orações, foi dentro da casa de vocês que meu filho produziu muitos frutos para o Reino de Deus. Um “muito obrigado” especial aos amigos da saúde do Hospital das Clínicas em Belo Horizonte, pela dedicação e esforço observados em prol de todos os pacientes, vocês foram muito mais do que profissionais durante todo o período que aí estivemos vocês serão eternamente lembrados por mim e toda família, vocês não deram ao meu filho apenas medicamentos ou ofereceram um tratamento formal da medicina, vocês ofereceram também carinho, atenção, amor e amizade, demonstraram que não são apenas profissionais com um curso universitário, mas são, acima de tudo, gente como a gente que muitas vezes, embora com um conhecimento maior, sentem-se limitados diante de desafios tão grandes, solidarizando-se conosco e compartilhando, além dos conhecimentos acadêmicos, a dor da perda, vocês não são apenas agentes da saúde, mas acima de tudo também grandes agentes de amor, que o Eterno e Poderoso Deus os abençoe sempre! João Braz Machado
  • 7. 7 Prefácio: Um dos valores mais importantes agregados à vida de alguém é a família que porventura ele tenha conseguido constituir, e de um modo muito especial, os filhos que gerou – os filhos que Deus lhe deu. Como é belo e venturoso a um pai poder acompanhar o desenvolvimento de seu filho, um ser tão frágil e dependente durante suas primeiras semanas de vida. Fragilidade que, pela ordem natural das coisas, se estende e atenua na medida em que ele vai se desenvolvendo. Muitas preocupações e sustos assaltam o coração dos pais durante esse período em especial; mas a verdade é que tais medos e sensações concernentes aos filhos, geralmente acompanham os pais ao longo de toda a sua vida. Estou tendo a honra, o privilégio de prefaciar uma obra que, longe de ser um trabalho formal de cunho biográfico ou pedagógico, consegue transpirar em cada uma de suas páginas saudade, amor e sentimento de profunda gratidão a Deus; e tudo isso como um memorial, devido a uma frágil vida que, durante o curto tempo de sua existência, conseguiu um feito que poucos têm conseguido ao longo de uma vida inteira: “Transmitir um testemunho brilhante em meio à dor, uma fé concreta e realista em meio às incertezas que circundavam o seu mundo limitado, devido à evolução de uma cruel enfermidade que resistia a todas as tentativas feitas por especialistas habilidosos, no sentido de debelá-la do seu corpinho enfraquecido pelo agravamento intermitente do seu quadro de saúde.”
  • 8. 8 Não tive convivência pessoal com André, nem mesmo participei com ele de seus derradeiros dias. Todavia, mediante tudo o que li sobre sua jornada de dor nesta obra e o que ouvi dos lábios de seu pai sobre sua vida e morte, me convenceram que André Bianchi Machado foi uma criança cheia de vida, enriquecida por uma fé bíblica extraordinária, com uma incrível capacidade de fazer feliz qualquer que se interpusesse em seu caminho. Era o orgulho de seus pais – João Braz e Débora, seus irmãos – Fillipe, Suellen e Mateus, seu cunhado, e seus familiares; além de todos os que o conheciam de perto. Sua vida revelava traços de inteligência acima da média e uma habilidade especial para se comunicar e impressionar aqueles que conversavam com ele. Poderia ser alguém com uma longa e próspera carreira pela frente. No entanto, seus dias estavam contados. Na ampulheta da vida, os grãos de areia que determinavam o seu tempo de existência entre nós já não eram muitos. Teria sido André um pequeno profeta, de curta existência, mas capaz de deixar marcas indeléveis produzidas por seu brilhante testemunho? Ou um dedicado evangelista sendo impedido de cumprir plenamente sua missão devido à morte precoce? Não sei ao certo. Todavia, de uma coisa tenho plena certeza: era um menino que amava a Deus e que por Deus era amado. Isso ficou claramente demonstrado nas frases soltas que produzia, ao terminar a quimioterapia: “Já, mãe? Que beleza! Ir pra casa é bom demais! Mas, melhor ainda é ir pro Céu!”. .
  • 9. 9 Nas orações que proferia e no modo como encarava a sua própria dor, parecia entender o “por que” de tamanho sofrimento. A iniciativa do seu dedicado pai, João Braz, pastor da Igreja Metodista Wesleyana em Divinópolis-MG, em publicar esta obra, não é apenas um tributo à memória do seu querido filho, mas também um legado aos que necessitam aspirar o perfume exalado pelo testemunho de “André um exemplo de fé” – uma contribuição valiosíssima a todos os que passam por drama semelhante. Belo Horizonte, 31 de janeiro de 2009. Bispo Calegari Superintendente da 2ª e 4ª Região Eclesiástica Igreja Metodista Wesleyana
  • 10. 10
  • 11. 11 Introdução: Deus é soberano, quanto a isso não existe controvérsia! Mas o que levaria Deus, a permitir situações muitas vezes traumáticas na vida de seus Servos? Como uma criança tão pequena e de tanta fé, com toda certeza de que Deus o havia curado de sua enfermidade vem a falecer totalmente cega e pedindo a Deus que restaurasse a sua visão? Como tantas pessoas que não tem Jesus podem ser edificadas e obterem desejo de segui-lo uma vez que contemplam tanto sofrimento em meio aqueles que depositam Nele total confiança? Estas e muitas outras perguntas às vezes pairam na minha mente, são indagações que em momento algum refletem inconformidade com o que Deus faz, mas sem dúvida deixam-nos a refletir. Pobre homem que sou! Quanta limitação para indagar coisas às vezes inexplicáveis que somente a eternidade nos revelará, se assim for a vontade do soberano Deus. Pensando nestas coisas tomei a iniciativa de escrever este testemunho ocorrido com meu filho André que não precisou de muitos anos para marcar a sua história, apenas oito aninhos foram o suficiente para deixar recordações inesquecíveis. Dizem que lembrar o passado é sofrer duas vezes, em algumas situações posso até concordar com essa expressão, mas no que diz respeito ao Andrezinho, lembrar-se do passado é adquirir lições de vida que nos deixam mais próximos de Deus, lembrar- se de uma criança totalmente cega com tumores espalhados pelo seu lindo rostinho e, contudo isso permanecer louvando a Deus pelo que Deus É, e não somente pelo que Ele faz é com certeza uma característica nata de um verdadeiro “Obreiro Aprovado”.
  • 12. 12 Estas coisas fazem com que enxerguemos que às vezes somos ingratos com Deus, quando pensamos em desistir diante de problemas tão insignificantes em relação aos que ele enfrentou, temos a certeza de que essa graduação de “Obreiro Aprovado” ele não perdeu, levou consigo para a sepultura esta medalha. A saudade é muita, a dor é intensa e sem remédio, mas também não poderia ser diferente, pois “SAUDADE É O AMOR QUE FICA”. Lembrar-se de tudo que passamos dói muito, contudo não posso de maneira alguma me calar diante de um grande testemunho de fé, que será sem dúvida edificante para sua vida, reconheço perfeitamente que o maior testemunho para conduzir as pessoas á Cristo, é a sua própria morte no calvário, se isso não for o suficiente nada mais o será, no entanto insisto em compartilhar com você o que Deus fez e tem feito em nossa vida, espero poder ajudá-lo para a glória de DEUS PAI. Agradeço a Deus pela oportunidade que Ele me concede de escrever um pouco da história de meu filho querido e amado, que mesmo tendo uma morte prematura nos ensinou o que é ser um verdadeiro servo do Senhor, sua morte deixou claro uma coisa: “O amor verdadeiro, nem a morte pode destruir, a prova disso é que ele não esta mais no nosso meio, mas será eterno em nossos corações” (Frase de Fillipe Bianchi irmão do Andrezinho). Relutei muito para não escrever este livro, tentei por algumas vezes esquecer todo passado, na verdade não estava disposto a relatar coisas que mexem com nossas emoções, causam saudades e nos fazem chorar, mas o desejo de ser útil a alguém, e acima de tudo engrandecer e exaltar o nome de Deus venceu-me, e fez com que eu anulasse minha própria vontade.
  • 13. 13 Portanto se este livro puder ajudá-lo em sua caminhada, serei profundamente grato a Deus e compreenderei então que conseguimos êxito em extrair alguma benção do sofrimento, das lágrimas e da morte de meu tão amado filho André, estou certo de que a enfermidade, e a vida do Andrezinho tornaram este livro possível, e a sua morte o tornou necessário, imagino que relatando essa história de fé e heroísmo de uma criança, e acima de tudo o cuidado de Deus para com ela, estarei de alguma forma contribuindo para conduzir as pessoas a uma Viva Esperança, a um caminho de fé, coragem, confiança e determinação, este foi o caminho que o Andrezinho percorreu confiantemente em toda sua jornada, uma criança de apenas 5 aninhos que com determinação, coragem, confiança e fé ensinava a todos que estavam ao seu lado a ver sempre o lado bom em tudo e extrair coisas positivas em momentos aparentemente tão negativos, conforme dizia a sua médica: “Ele arrancava gargalhadas em momentos que só pediam lágrimas.” (Dra. Raquel Baumgratz) Este livro não pretende explicar Deus, suas ações e seus propósitos, e mesmo que fosse esta a pretensão certamente jamais conseguiria, ele também não pretende fornecer princípios de autoajuda para transpor problemas, acerca desta matéria já existem prateleiras e mais prateleiras lotadas em bibliotecas e livrarias de nossas cidades e, no entanto a humanidade continua prosseguindo sem vida, sem esperanças e sem soluções, o objetivo deste livro, então, talvez venha fugir de tudo aquilo que quem sabe você gostaria de ler, não é um livro de “autoajuda”, mas um livro que aponta para a “AJUDA DO ALTO” é do alto que vem o socorro no momento da dor, angústia e sofrimento.
  • 14. 14 Relato uma história real que nos trouxe muitas lágrimas, dores e sofrimento; apesar disto não é de meu interesse narrar uma desgraça de uma família e de uma criança, pois entendo perfeitamente de que escrever um livro que contaria as pessoas o quanto sofremos não faria bem a ninguém, entendo, portanto de que este livro tem que ser uma afirmação de VIDA E ESPERANÇA. Ele tem de dizer que ninguém nunca nos prometeu uma vida livre de dor e desapontamentos, no entanto temos uma promessa fiel de nosso Senhor Jesus de que não estaríamos sós em nossa dor e que poderíamos obter ajuda sobrenatural do Senhor Todo Poderoso, dando-nos a força e a coragem que necessitamos para sobreviver às tragédias e às iniquidades da vida, e ainda fazendo- nos crescer em meio a estes momentos tão indesejáveis por todos nós, portanto relato nesse livro um testemunho real da ação poderosa de Deus em momentos tão difíceis, hoje sou uma pessoa mais sensível, um Pastor mais amoroso, um Conselheiro mais compreensível um Analista mais eficiente por causa da vida, enfermidade e morte do meu André, entretanto confesso que eu renunciaria a todos esses ganhos em um segundo se pudesse ter o meu filho de volta, e continuar sendo pai de um garoto brilhante e feliz, porém não posso escolher o que Deus fez em sua infinita bondade e sabedoria está feito, não nos cabe lastimar e permitir que sejamos dominados pela dor da perda e da saudade, só nos resta nos colocarmos a disposição do Senhor para que no final de tudo seja farta a colheita de almas para o Reino de Deus, contudo o que passamos e temos passado resta dizer: DEUS SEJA LOUVADO! DEUS É BOM EM TODO TEMPO, E EM TODO TEMPO DEUS É BOM.
  • 15. 15 Por que escrevi este livro: Este livro é a história de uma criança que mantinha uma VIVA ESPERANÇA EM JESUS, acima de qualquer situação, em certo sentido o escrevi ao longo de três anos e três meses desde o dia em que ouvi a palavra “Leucemia” e que aprendi o seu significado, eu sabia que acabaria tendo de enfrentar o declínio e a morte do André caso Deus não tivesse propósito em curá-lo, e sabia que, depois que ele morresse, eu sentiria a necessidade de escrever um livro para partilhar com outras pessoas de como conseguimos continuar acreditando em Deus e depositando fé incondicional após tão profundos ferimentos, embora também mantivesse a esperança de podê-lo escrever narrando uma cura Divina com meu filho ao meu lado, que aos nossos olhos seria incomparavelmente melhor. Este livro tem uma finalidade específica e certeira que é de conduzir você a um caminho de uma Viva Esperança, conscientizá-lo de que em meio a dores, lágrimas e frustrações Deus trabalha em função de sua própria vida, o apóstolo Paulo escrevendo aos Romanos diz que, a tribulação produz perseverança, e a perseverança experiência e a experiência esperança. ”E não somente isso, mas também gloriemo-nos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a perseverança, e a perseverança a experiência, e a experiência a esperança; e a esperança não desaponta, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”. Rm 5:3-5. Como você pode ver existe uma sequência de aprendizado que nos é oferecido em meio às tribulações, é necessário, portanto que aprendamos as lições que a vida oferece-nos a oportunidade para aprender.
  • 16. 16 Também em Tiago 1: 2, 3 e 4, temos a seguinte recomendação: “Irmãos tende por grande alegria ao passardes por várias provações, sabendo que a prova da vossa fé desenvolve perseverança, ora a perseverança deve terminar a sua obra para que sejais maduros e completos não tendo falta de coisa alguma''. Nada acontece somente por uma fatalidade, em todas as coisas Deus tem o controle, Ele é o Todo Poderoso e sempre quer nos ensinar, há um ano e meio aproximadamente, eu pensava estar terminando este livro, já fazia as divisões de capítulos quando de repente de forma involuntária, é claro, talvez devido ao excessivo cansaço de várias madrugadas em claro, apaguei tudo sem condições de recuperação, tive meu trabalho totalmente perdido depois de seis intensos meses de dedicação, horas e horas perdidas de sono pela madrugada, lágrimas e lágrimas de dor e saudades rolando pela face, pensava eu estar terminando todo trabalho escrito em meio às muitas lágrimas de sofrimento, saudade e emoções. Como em tudo Deus tem um propósito, na noite anterior eu havia pregado na igreja um sermão exortativo, enfatizando que deveríamos sempre estar dispostos a recomeçar nosso projeto de vida, sem desistir facilmente de nossos propósitos, recomeçando sempre, quantas vezes fossem necessárias, entendi então que Deus estava agindo naquele momento, e que o trabalho perdido era uma oportunidade que Ele estava me dando de aperfeiçoá-lo, entendi que talvez Deus não estivesse preocupado com a escrita de um livro grande, com muitas páginas, mas tão somente de um grande livro que pudesse transmitir de forma clara, simples e objetiva, uma mensagem que edificaria vidas para sempre em pouco tempo de leitura, para assim cumprir o verdadeiro
  • 17. 17 propósito de sua escrita, foi aí então que decidi recomeçar e agora, depois de uma longa trajetória de recordações tristes e dolorosas, você tem nas mãos um grande testemunho de fé. Relato toda a história de uma criança que com apenas 5 aninhos iniciou corajosamente uma luta contra a leucemia, sempre de cabeça erguida, nos dando de forma sobrenatural um grande exemplo, através de gestos, palavras e com a sua própria vida, e mesmo sentindo na pele infortúnios de uma terrível enfermidade demonstrou que é perfeitamente possível louvar e engrandecer o nome de Deus em qualquer situação. A história do pequeno-gigante André (pequeno em estatura e gigante na fé) que com a convicção de que Deus é sempre fiel, lutou contra a leucemia durante 3 anos e 3 meses, sem nunca negar a sua fé, passou por um doloroso e terrível transplante de medula óssea, e sempre dizia: “Pai, mãe, vamos ter paciência que um dia tudo isso vai passar, porque nada é eterno, Eterno é só Jesus, tudo passa só Jesus é que não passa, Ele é eterno.” Em todo esse tempo, foi um exemplo de vida em obediência e temor a Deus, por onde passou deixou marcas e lições extremamente profundas em seus relacionamentos, ele não precisou de oitenta anos para nos ensinar grandes coisas, 8 aninhos foram suficientes para marcar as nossas vidas, registrar a sua história, cumprir fielmente a sua missão e deixar saudades eternas. Meu guerreiro, vencedor e campeão, amigo em todo tempo dedicado filho, brilhante criança cheia de humor e desejo de viver foi transportado para a Nova Jerusalém no dia 1 de outubro de 2006 e como era o seu maior desejo escrever um livro dando o
  • 18. 18 seu próprio testemunho, Deus nos possibilitou fazê-lo mesmo na sua ausência, o que não esta sendo fácil, mas cremos que veremos os frutos deste penoso trabalho florescer, e então para a glória de Deus poderemos dizer em alto e bom som: “Missão Cumprida, valeu o sofrimento as lágrimas e a morte do meu filho, suas lágrimas, suas dores, suas angústias, seu sofrimento e a sua própria morte produziram frutos para o Reino de Deus, aleluia, grande é o Senhor”. A minha oração é que este testemunho seja edificante para a sua vida, se isso não acontecer me sentirei frustrado no cumprimento de minha missão, e toda esta narrativa não terá sentido, certamente que não terá valido a pena relembrar momentos e recordações tão doídas que nos trouxeram tantas angústias, portanto desarme-se agora de todo preconceito e, em nome de Jesus, deixe que o Espírito Santo de Deus fale ao seu coração, se você passa por um momento difícil como eu e minha família passamos e temos passado com a ausência do Andrezinho, o meu sincero desejo é que você também possa experimentar o que nós temos experimentado: “O consolo que excede todo entendimento”. Consolo esse que só vem da parte do Senhor, que nos dá força para prosseguir para que também possamos consolar, veja o que diz a Bíblia em II Co. 1:3 e 4. “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai de misericórdias e Deus de toda consolação, é ele que nos conforta em toda nossa tribulação, para podermos consolar os que estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que nós mesmos somos contemplados por Deus”.
  • 19. 19 No encerramento do testemunho, nas últimas páginas você encontrará alguns depoimentos de pessoas que conviveram com o André, alguns escritos antes de seu falecimento, portanto estão na íntegra, não fiz absolutamente nenhuma alteração para que você possa fazer a sua própria avaliação do testemunho que ele dava para as pessoas ao seu redor durante sua enfermidade, você verá que ele consolava quando precisava ser consolado. Devo ainda lhe dizer que é totalmente permitido reproduzir, xerocar, copiar enfim usar qualquer meio que facilite a divulgação deste livro gratuitamente, pois o meu grande lucro é ver vidas sendo edificadas e almas rendendo aos pés de Jesus, para a glória de Deus Pai, lembrando ainda de que este livro esta disponibilizado no meu blog: gratidaodeadorador.blogspot.com – Peço que compartilhe por favor e juntos cooperaremos com a edificação de muitas vidas para que Deus seja engrandecido, exaltado, glorificado, louvado e honrado por sua fidelidade. Com muita honra e orgulho de ter tido um filho tão valente com relação os desafios deste mundo e ao mesmo instante extremamente temente ao DEUS ALTÍSSIMO, carinhosamente te desejo uma boa leitura e que Deus te abençoe. O Autor João Braz Machado
  • 20. 20 “CAMPEÃO NÃO É SOMENTE AQUELE QUE SEMPRE VENCE, MAS TAMBÉM AQUELE QUE NUNCA DESISTE DE LUTAR”. Valeu filhão, tenho orgulho de ti!
  • 21. 21 Capítulo 1 - Como tudo começou Era mês de julho de 2003 quando fomos surpreendidos com uma terrível enfermidade na vida de meu filho André, na época com apenas cinco aninhos, era um lindo menino, muito inteligente como todos os meus demais filhos, porém tinha características diferentes, teve o privilégio de ter lindos olhos azuis, e cabelos loiros, éramos uma família de cinco, eu, Débora minha esposa, Suellen, Fillipe e André, meus filhos queridos, o bem mais precioso que Deus tem me dado, tudo ia muito bem dentro das normalidades de qualquer família, quando de repente o que a princípio parecia ser algo muito simples, tornou-se um grande pesadelo e mudou completamente a nossa vida, para nós era apenas um inchaço facial devido à alguma intoxicação alimentar e que o uso de um medicamento antialérgico resolveria o problema, mas não era tão simples assim e naquele dia 1º de julho de 2003, pude entender literalmente a força da expressão: “O mundo desabou sobre a minha cabeça e o chão se abriu”, frase frequentemente usada em momentos de desespero e grandes desafios, após alguns exames no hospital concluiu-se que o inchaço facial era devido a um tumor alojado entre o coração, pulmão e veia aorta, com isso a circulação sanguínea do meu filho estava toda comprometida, as veias estavam comprimidas pelo tumor impossibilitando assim a normalidade de toda circulação, e como se tudo isso não bastasse, outro exame também indicava que 95% das células da medula que foram pesquisadas estavam doentes, ou seja, apenas 5% estavam sadias, o que nos parecia ser apenas uma intoxicação alimentar
  • 22. 22 era verdadeiramente um câncer no sangue, ou seja, a temível e terrível Leucemia, no momento em que recebi a notícia parecia que o mundo havia desabado sobre mim, como poderia o meu filho estar com um diagnóstico tão comprometedor? Eu que tinha horror a hospital e nunca consegui ficar muito tempo dentro de um, ás vezes, fazia visitas rápidas a alguém que precisasse, mas só o cheiro de hospital, as cenas ali vistas e os gemidos dos pacientes sofrendo representavam para mim um quadro totalmente insuportável, tudo isso teve que mudar, conceitos caíram por terra e de repente estava diante de uma realidade nunca vivida por mim, totalmente imprevisível, um mundo de sofrimento, mas também de grandes experiências com Deus haviam atingido totalmente o nosso lar e toda família. A primeira maneira de querer me esquivar do quadro assustador que estava diante de mim, foi não acreditar na veracidade dos exames, acreditei piamente que os exames haviam sido trocados pelos de outro paciente, ou até mesmo o aparelho responsável pela liberação dos resultados estava com defeito, descartei definitivamente todas as possibilidades do meu filho estar doente, mas mesmo diante destas possíveis hipóteses, saí da sala do médico com uma certeza: “Deus é fiel”, e como uma flechada, meu coração foi invadido pelas palavras do salmista narradas no salmo 108: “Firme esta o meu coração, ó Deus! Cantarei e entoarei louvores de toda a minha alma”. E é bem verdade que as palavras deste salmo tem sido fonte de consolo para mim e toda família, que, embora vivendo com a dor da saudade, continuamos com nossos corações firmes, cantando e entoando louvores ao Deus que tudo pode e que tudo faz
  • 23. 23 segundo a sua boa, perfeita, agradável e soberana vontade. Reconhecidos e fortalecidos na mais plena convicção de que Ele fez o melhor na vida do Andrezinho, não nos competindo discutir a maneira que Ele usou para fazê-lo, prosseguimos para o alvo amando a Deus sobre todas as coisas e entregando nossas vidas inteiramente aos cuidados do Mestre e Senhor, temos tomado como exemplo para vivermos hoje o que o Andrezinho sempre viveu, pois nos momentos difíceis de seu tratamento ele sempre nos dizia cheio de fé: “Não se preocupem com resultados dos meus exames, eu estou nas mãos de Deus, e Deus não depende de exames para cuidar de mim, quem depende de exames são os médicos, mas eu não estou nas mãos deles”. Meu filho foi verdadeiramente um exemplo de fé, mostrou com sua própria vida e não com uma cartilha de ensino, que é possível honrar a Deus durante as tempestades da vida, viveu na própria pele infortúnios de uma enfermidade traiçoeira e de um tratamento angustiante, sempre de cabeça erguida, arrancando gargalhadas em momentos que só pediam lágrimas, fazendo com que lembrássemos continuamente das palavras do apóstolo Paulo: “... porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação”. (Fl.4:11b). E com ele, então, aprendemos que viver contente é uma questão de aprendizado, o Andrezinho provou que podemos ter uma vida melhor independentemente das circunstancias, basta reconhecer que Deus está no controle e valorizar seus cuidados sobre nós, quantas vezes nos esquecemos do zelo de Deus para conosco, temos a incrível mania de nos apegar em tão pequenas coisas e nos esquecemos de tão grandes feitos do Senhor em nossa vida.
  • 24. 24 Quando tudo isso começou a acontecer, nos apegamos com mais firmeza ao Senhor, lembro-me bem que quando cheguei em casa e compartilhei o diagnóstico do Andrezinho com os familiares muitas lágrimas rolaram em cada face, porém foi em meio a tantas lágrimas que DEUS deu uma linda canção ao meu cunhado Dalton que dizia: “Não há nada que me faça afastar de ti, Nem as lutas ou temores podem apagar O desejo que eu tenho é de me esconder Em teus braços, tão seguro, posso confiar. Aos meus olhos os problemas não têm solução Cada passo que eu dou parece ser em vão. Quando penso em teu poder firmado esta minha fé Em um DEUS que até os mortos pode levantar Eu posso abrir meu coração e te adorar Mesmo depois de a noite escura contemplar O sol se abrir ao amanhecer Na minha vida se renovaram as misericórdias do Senhor.” Esta canção que serviu de tanto conforto, esta gravada no 2º cd de meu cunhado Josimar Bianchi intitulado “Quero te ver”. Já éramos uma família evangélica, não imaginávamos ainda o caminho que percorreríamos, não fazíamos nem idéia de como Deus manifestaria as suas grandezas em todo aquele processo que estava só começando.
  • 25. 25 Não pensávamos que dentro do nosso lar, Deus enviaria alguém com uma missão tão especial para exaltar e glorificar o seu Nome. “A Deus e somente a Ele toda glória”. Mas antes de prosseguir entrando em mais detalhes, quero compartilhar um sonho que minha esposa teve antes de todos estes acontecimentos, e mais ou menos uns 30 a 40 dias depois deste sonho, nosso lar foi bombardeado com a enfermidade do Andrezinho. O SONHO DA DÉBORA: Sonhou a minha esposa que: “Eu, ela e o André havíamos sido enviados a um local para realizar uma missão que na verdade ela não teve definições claras durante o sonho, o grande detalhe é que temos mais dois filhos, Suellen e Fillipe, mas no sonho minha esposa só via o André junto conosco. Quando chegamos ao local a que fomos enviados, minha esposa disse que encontramos pessoas entristecidas, revoltadas e sofrendo muito, e no próprio sonho ela chegou a me dizer que era pra gente voltar pra casa, pois pensava ela que as pessoas não gostavam de nós, tamanha era a tristeza estampada no rosto de cada um, era um local com muitas árvores, uma grande avenida movimentada e um parque de diversões bem próximo. Houve um dia que o André sumiu, procurávamos por toda parte e não o encontrávamos, após muita busca sem sucesso retornamos para casa e ao chegarmos ao portão contemplamos uma grande tragédia, pois a casa que morávamos havia desmoronado, havia móveis despedaçados, cacos de vidros por todo lado, toda a laje havia caído, mas as paredes permaneciam em pé, ficamos desesperados tentando imaginar o que poderia ter acontecido.
  • 26. 26 Em meio a muito entulho começamos a procurar o André imaginando que possivelmente estivesse ele soterrado pelo desmoronamento e depois de alguns instantes de procura ela o encontrou dormindo debaixo do entulho, porém totalmente ileso sem nenhum arranhão, ainda no sonho ela o abraçou e disse: Glória a Deus que protegeu o meu filho”. Ao dizer isto acordou, e pela manhã ela compartilhou comigo esse sonho, e eu disse que iríamos orar, porque não tinha a mínima idéia do que pudesse ser, embora no fundo imaginasse sim que seria algo não muito bom, hoje não tenho dúvidas que era tão somente uma comunicação Divina, do que estaria por vir, de certa forma isso nos fortalece porque entendemos que já havia uma permissão e um propósito de Deus em todas as coisas que estariam por acontecer na vida de meu filho. Quando internamos o André esse sonho me veio à tona numa madrugada lá no hospital, comecei então a entender de forma mais precisa o seu significado, o local do sonho era com muitas árvores, avenida movimentada e um parque de diversões próximo, para quem conhece o hospital das Clínicas em Belo Horizonte sabe perfeitamente que toda descrição do sonho é característico da região, o local ali é totalmente arborizado, a Avenida Alfredo Balena é extremamente movimentada e é bem próxima ao Parque Municipal. E as pessoas entristecidas e revoltadas que apareciam no sonho? Você já parou para pensar que em um hospital tristeza e revolta são características notáveis na vida dos que ali estão? Também outro detalhe do sonho não passou despercebido, o fato de que as paredes estavam em pé, demonstrando de que as estruturas não foram abaladas, deu-nos
  • 27. 27 a entender de que eu e a Débora estávamos firmes em meio à catástrofe ocorrida, e foi exatamente desta forma, com certeza, que Deus pela sua infinita misericórdia, nos manteve firmes durante todo o tratamento do nosso filho. Não há dúvidas de que Deus ainda nos fala por meio de sonhos, porém temos que ter cuidado, pois nem todo sonho é de Deus, nem todo sonho vem de Dele, tem muito sonho de barriga cheia e de fruto de sua imaginação, contudo Deus é real, e nem por isso ele deixa de falar. Ao tomar consciência da tarefa que estava sobre nossos ombros não hesitamos, pois entendemos de que a obra de Deus a ser realizada era ali, e urgente, sei que frutos foram produzidos pela misericórdia de Deus, através da minha vida e da vida de minha esposa Débora e do meu filho André, e mesmo em meio às lutas contra aquela enfermidade, não medíamos esforços para glorificar a Deus e falar do seu poder e amor em qualquer situação, foram várias as vezes que o deixei no quarto sozinho e ia orar por outras crianças que estavam na mesma situação que ele. Algumas vezes, quando voltava o encontrava dormindo, ele nunca reclamou disso, muito pelo contrário, sempre facilitava. Muitas vezes eu é que ficava receoso de ir para não deixá-lo sozinho, mas ele dizia: “Vai pai, pode ir que as pessoas estão precisando de oração”. Não consigo me lembrar destas coisas sem ser tomado de emoções, meu filho sempre foi um guerreiro incansável, entendia a obra que Deus havia nos confiado, e sabia convictamente que ele era imprescindível integrante desta comissão, e porque não dizer, talvez o principal integrante, considerando de que na verdade ele é quem sofria na pele as
  • 28. 28 consequências da terrível, traiçoeira e drástica enfermidade. Todos nós sabemos que consolar não é fácil, pois consolar é levar vida, esperança e paz em meio às situações mais difíceis, é apresentar uma saída quando parece estar tudo perdido, o Andrezinho sabia fazer isso muito bem, com palavras, ações, gestos e com a sua própria vida, ele é quem consolava quando precisava de consolo, ninguém pode entender isso se Deus assim não o revelar, meu filho sempre foi extremamente usado por Deus, portanto a Deus toda glória eternamente, foram dias de terríveis sofrimentos para todos nós, mas ainda assim posso dizer que não vai valer a pena e sim VALEU A PENA.
  • 29. 29 Capítulo 2 - No Hospital Com muita educação, profissionalismo, carinho e respeito, uma equipe médica nos instruiu acerca de quais recursos teriam disponíveis para o tratamento, lembro-me com clareza quando indaguei de uma médica acerca de quanto tempo de vida, segundo a medicina, meu filho teria com aquele diagnóstico, ela me olhou com firmeza e disse que gostaria de ter resposta melhor para me dar, mas infelizmente não tinha, e que somente Deus poderia me responder, disse-me ainda que o caso do Andrezinho era muito grave e seria bom que estivéssemos preparados, pois nem mesmo eles sabiam como ele ainda respirava sem ajuda do oxigênio, devido ao tumor alojado entre o coração, pulmão e veia aorta, entendi então que nas entrelinhas talvez ela estivesse me dizendo: “Na verdade pai, nem sabemos como o seu filho ainda esta vivo”. Pensei comigo mesmo, se eles não entendem como o Andrezinho ainda esta respirando sem ajuda do oxigênio, então é porque o milagre já foi feito glória a Deus, em seguida eles nos informaram da agressividade da quimioterapia que se iniciaria e a possibilidade do Andrezinho não resistir nem mesmo as primeiras sessões, contudo Deus o fez forte e além de não haver grandes efeitos colaterais conforme previsto, o tumor desapareceu quase todo em apenas uma sessão de quimioterapia, constataram isso porque após a primeira seção o Andrezinho teve febre alta e foi necessário fazer um Raio-X do pulmão para prevenirem contra um possível agravamento do quadro clínico, considerando de que febre alta em pacientes após quimioterapia é um grande risco, pois, pode representar um início de uma infecção grave e incontrolável.
  • 30. 30 Com o resultado do Raio-X, puderam então detectar uma considerável regressão do tumor não esperada, uma vez que segundo os próprios médicos não era possível que com apenas uma seção quimioterápica o tumor diminuísse tanto, e com 40 dias ele desapareceu totalmente, em tudo víamos a boa mão do Senhor operando maravilhosamente, Deus seja louvado! Ele é fiel! No entanto, mesmo sendo Deus fiel, não nos poupou de alguns momentos terríveis naquele hospital, mesmo com todos seus cuidados dispensados sobre o André com toda a certeza Ele estava tão somente desejoso de nos proporcionar crescimento, conforme nos diz as sagradas escrituras: “Muitas são as aflições do justo, mas o Senhor de todas o livra”. Salmo: 34, 19. Nunca vou me esquecer dos primeiros contatos com os médicos, as primeiras informações, primeiros exames, primeiros resultados, são coisas muito marcantes em minha vida. Conforme disse anteriormente, pensávamos ser uma intoxicação alimentar e, ainda em casa, antes mesmo de levá-lo ao hospital, minha esposa tirou todos os alimentos de alta caloria da alimentação do Andrezinho, o Toddy também entrou na lista é claro, ele amava Toddy e quando já no hospital após resultados dos exames falamos pra ele que não era intoxicação, ele abriu um lindo sorriso e disse: ”Eba, então eu posso continuar tomando Toddy, ainda bem que é outra coisa, tá vendo, vocês me deixaram com vontade a tôa”. Quanta pureza, quanta simplicidade, quanto ensino. Lembro-me sem muito esforço dos primeiros dias de meu filho ali naquele hospital, foram dias que marcaram a minha vida, a dele, e com certeza a de tantos outros que também ali estavam, com apenas cinco
  • 31. 31 aninhos já entrou ali evangelizando através da música, o dia inteiro tocava um violãozinho de madeira que eu havia lhe dado e cantava uma canção de um grupo musical evangélico chamado Metal Nobre que dizia: “Quando os problemas invadem o teu ser, e a solução já não consegue ver. Amigos já não há que possam te ajudar cansou de procurar sem encontrar Já em teus olhos lágrimas não há e os teus sonhos fogem da tuas mãos sozinho a seguir sem uma direção cansou de procurar sem encontrar Louvai por sua vida, louvai mesmo sem saída. Louvai em qualquer situação, Não, não vai entregar sua vida, Deus tem sempre uma saída. Seja qual for a situação” Médicos e enfermeiras costumavam pedir para ele repetir algumas frases da música porque não havia entendido bem, ele então repetia, com toda certeza Deus aplicou sua mensagem. Logo que ele foi internado, observou que as crianças eram carecas (efeito das quimioterapias) e passou a não querer mais tomar banho, e ele sempre foi uma criança extremamente higiênica e logo não querendo tomar banho, sua mãe indagou dele qual seria a razão foi quando ele disse: “Eu já observei mamãe que todas as crianças aqui são carecas, deve ser a água do chuveiro desse hospital, e eu não quero ficar careca.” Ele era apaixonado com seu cabelinho loiro usava sempre o melhor shampoo e sempre cheiroso.
  • 32. 32 Quanta inocência, e quantos ensinamentos obtiveram ali através da vida de meu filho todos quantos estavam em seu redor, quanta fé, força e vontade de viver, quanto testemunho do que é ser servo de verdade, mesmo em meio a uma série de exames dolorosos ele sempre dizia: “Papai, não quero ver o senhor chorando, Jesus vai me curar, dói muito mais ver o senhor chorando, dói mais que a própria dor do exame que foi feito em mim”. Quantas saudades do meu filho! Ele me ensinou grandes coisas com pequenos gestos e até mesmo sem gesto algum, apenas com seu olhar sincero e singelo expressando sua total confiança em Deus, e sua simplicidade em servir ao Senhor. Durante todo tempo do tratamento que teve, o Andrezinho pronunciava coisas que muitas vezes nos deixavam apreensivos e ao mesmo tempo consolados, compartilhava sonhos e às vezes ele próprio avaliava seu quadro clínico e em muitos resultados preocupantes de exames ele sempre dizia: “Não se preocupem com esses resultados, isso é apenas um exame, o importante é o que eu estou sentido, e Deus está cuidando de mim”. Muitas foram às vezes em que Deus o usou para colocar paz no meu coração, houve um dia no hospital que eu estava muito aflito, a situação dele não era muito boa e ele começou a insistir comigo para providenciar uma luva descartável para ele, aquelas luvas elásticas que médicos e enfermeiros usam, eu relutei um pouco alegando que as luvas eram para o trabalho dos enfermeiros, mas pelo cansaço ele acabou me convencendo, isso era bem comum entre nós e eu acabei providenciando a luva, então ele pediu para que eu a enchesse de água e amarrasse, e eu enchi de água e amarrei conforme o seu
  • 33. 33 pedido e ficou aquela mão muito grande, eu não esperava tão grande lição que aprenderia naquele momento, foi ai então que ele deitou, pegou a luva da minha mão, colocou em seu peito, olhou para mim e disse: “Sabe o que é isso papai? É a mão de Deus que esta sobre a minha vida”. Por estas e outras razões eu não posso deixar de acreditar na fidelidade de Deus para conosco, algumas vezes ele me pegava de surpresa com algumas indagações, e não adiantava dar qualquer resposta, tinha que ser resposta lógica. Houve um dia no hospital em que ele me perguntou onde se encontrava ouro, eu lhe respondi, e por si próprio ele concluiu que ouro era difícil de conseguir, eu concordei com ele dizendo que era difícil sim, então ele olhou para mim com certa admiração e disse: “Ouro é difícil pai, mas todo mundo quer porque tem valor, e por ter valor às pessoas não medem esforços para consegui-lo, assim são as coisas que fazemos para Deus, pode ser difícil, mas temos que ir até o fim porque as coisas para Deus são mais valiosas do que o ouro, então não podemos desistir delas”. Na verdade ele não sabia, e eu não havia comentado com ninguém ainda, mas naqueles dias eu estava ponderando tirar uma licença e me afastar temporariamente do exercício pastoral considerando de que estava difícil conciliar os cuidados sobre a Igreja e o tratamento do Andrezinho que tomava todo nosso tempo, muitas vezes eu saia do hospital e ia direto para a Igreja por isso estava difícil. Não posso nunca, em momento algum deixar de dar á Deus toda glória devida ao teu nome por essas palavras ungidas e exortativas que saíram da boca de meu filho, incentivando a
  • 34. 34 minha caminhada e mostrando que ele era um menino valente, e de certa forma alertando-me de que a recompensa de Deus viria, era só uma questão de tempo, mas era necessário permanecer sem desistir. Lembro-me com muita facilidade também de um sonho que ele compartilhou comigo em uma de suas internações. Disse ele que estava brincando com seus dois primos, Caio e Israel quando de repente ele caiu em um buraco muito fundo e escuro, vieram então dois anjos, cada um de um lado e seguraram em seus braços e o conduziu para um lugar muito bonito, ele me contou o sonho e me perguntou o que significava, eu disse que iríamos orar e depois falaria com ele, mas na verdade nunca tive coragem de dizer-lhe o que eu havia entendido do sonho, pois perguntei a ele imediatamente se os anjos haviam retornado com ele depois para continuar brincando com os primos e a resposta foi negativa, a partir daquele dia Deus começou a trabalhar comigo a possibilidade de ter de encarar a partida do Andrezinho para as Mansões Celestiais. Muitas vezes, ao sair do hospital, ele todo feliz com a alta recebida ainda no elevador dizia: “Ta vendo pai, pra tudo tem que ter paciência, o dia que eu cheguei aqui eu chorei pra não ficar, agora já passou, tô indo embora, tem que saber esperar não é mesmo, tem que ter paciência”. Só mesmo uma criança com uma missão tão especial poderia compreender estas coisas, por mais que eu escreva ainda vou me esquecer de muitas coisas edificantes que ele dizia, pois na verdade não esperava escrever este testemunho em um momento tão difícil com tantas saudades e só o faço porque sei que todo o tratamento do meu filho foi para a glória de Deus, e
  • 35. 35 assim a morte do meu filho também é e será sempre para a glória de Deus, estou plenamente certo de que meu filho cumpriu sua missão com toda fidelidade ao Senhor, e agora que aprouve ao Senhor recolhê-lo à Jerusalém Celestial, tudo que ele passou tem que continuar com o objetivo fundamental de glorificar e exaltar a Deus, se houvesse um meio de ele comunicar conosco eu sei que certamente ele me pediria que eu continuasse firme com Deus e sem nunca desistir de anunciar as suas maravilhas. Para ele não posso fazer mais nada, já não me pertence mais, nunca mais ele poderá vir até a mim, mas eu irei até ele, estou certo disso em nome de Jesus, é claro que o desejo que devemos ter de ir para o céu, não pode ser apenas o de encontrar um ente querido lá, até porque essa questão de reconhecimento no céu é um assunto do qual não se pode fechar questão, vamos nos ater apenas ao que Deus nos revela, mas encontrar um ente querido pode ser uma complementação, no entanto a motivação primordial de desejar o céu tem que ser o desejo de estar com Jesus, e apesar de não poder fazer mais nada pelo Andrezinho, eu penso que posso fazer para Deus, sabendo que através deste testemunho posso contribuir para edificação de vidas aos pés de Jesus, pois não existe absolutamente nada neste mundo que seja tão gratificante do que trabalhar em prol do Reino de Deus, por esta razão insisto em escrevê-lo mesmo em meio à dor da saudade, Deus há de me recompensar, estou certo disso, serão recompensas em nível muito mais elevado do que se possa imaginar, não recompensas terrenas apenas, pois nos ensina o apóstolo Paulo de que não devemos esperar somente nesta vida, nenhuma recompensa aqui é tão valiosa quanto a que Deus tem
  • 36. 36 para nos oferecer de maneira graciosa e fiel, minha recompensa está muito além desta terra, “Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens.” 2º Coríntios 15:19. Desta vida quero apenas o consolo de Deus pela perda de meu filho e trabalhar incansavelmente para Jesus, autor e consumador da nossa fé, pois é preciso entender que a morte de Jesus na cruz, não foi somente para nos salvar, claro foi esse o objetivo principal, contudo Ele morreu também para que você não viva de uma forma egoística só para você, veja o que diz o apóstolo Paulo: “E Ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.” (ll Co. 5:15). Tudo que Deus reservou de melhor para nós esta muito, além disto, aqui, “Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano, o que DEUS tem preparado para aqueles que o amam.” (l Coríntios 2;9). Esta palavra fiel e verdadeira é a fonte de conforto para todos nós, sabemos que a salvação do Andrezinho está garantida e ele já está seguro, onde almejamos chegar com a graça e as misericórdias de Deus, temos muitas saudades, mas quem ama quer o melhor e o melhor para o Andrezinho seria estar com Deus, e não em nossa campainha, por isso a Deus toda Glória para sempre. A grande recompensa é o que Deus tem preparado, portanto, fiquemos firmes, sem vacilar, pois Deus é fiel para cumprir todas as suas promessas, como nos diz as Santas Escrituras: “Deus não é homem, para que minta; Nem filho do homem para que se arrependa. Porventura, tendo ele prometido, não o fará? Ou, tendo falado, não o cumprirá?”. (Nm23:19.
  • 37. 37 Capítulo 3 - Consultas Ambulatoriais Quando o Andrezinho não estava internado tínhamos constantes consultas no ambulatório, quem faz esse tratamento ou acompanha alguém que faz conhece bem de perto essa rotina. Lembro-me de certa vez que a consulta estava demorando muito e eu, impaciente, não aguentava mais e comecei a questionar sobre a demora, porém, entendendo perfeitamente que a demanda é bem maior do que os recursos disponíveis aos profissionais da saúde para a execução do trabalho, aliás, eles fazem mais do que podem, são mais do que profissionais da saúde, são agentes de carinho e compreensão. Contudo devido a alguns comentários que fiz, sua mãe me disse que era para dar glória a Deus, porque a consulta estava demorando, mas o Andrezinho estava bem, imediatamente ao ouvir o que sua mãe disse olhou pra ela e retrucou dizendo: “É assim mãe, dar glória a Deus porque eu estou bem? Fica sabendo que se eu não estivesse bem tinha que dar glória a Deus também”. Esse era o Andrezinho, a sua expressão não foi absolutamente nada além da palavra de Deus que diz: “Em tudo dai graças!” (I Ts. 5:18). E hoje, mesmo na sua ausência, temos aprendido a dar graças a Deus porque ele nos ensinou isso, verdadeiramente um servo em qualquer situação, procurava ver sempre o lado bom das coisas e se apegava no positivo. Às vezes chorava quando tinha que internar, é claro que isso é natural, afinal ele era apenas uma criança e tinha suas limitações, mas quando passava o momento de tristeza ele dizia:
  • 38. 38 “Pai, ficar internado é ruim e é bom ao mesmo tempo. É ruim porque a gente só fica preso dentro de um quarto e não pode brincar a vontade, mas também é bom porque aqui eu estou sendo tratado para viver mais.” Ele sabia da gravidade de sua enfermidade, nunca escondemos isso dele, mas sabia também de que a sua enfermidade era nada aos olhos do Senhor, que poderia curá-lo. Certo dia, após um exame chamado punção lombar, quando é feita a retirada de um liquido na coluna e ao mesmo instante é aplicado o medicamento para evitar comprometimento da enfermidade no cérebro, o que na verdade é também uma quimioterapia, após então esta aplicação o Andrezinho foi conduzido à outra sala para uma quimioterapia endovenosa, chegando lá ainda soluçando com dores do exame anterior, ele estendeu os dois braços e disse a enfermeira: “Pode pegar qualquer veia, em qualquer braço, porque meu sangue é bom, meu sangue é de primeira”. Imediatamente eu olhei para a enfermeira que estava mais próximo de mim e falei bem baixo para ele não ouvir: “Somente uma criança pode agir assim, passando por um momento tão difícil sorrindo e bem humorado”. Mesmo usando um tom de voz mais baixo ele ouviu o que eu dissera e mais que depressa me respondeu assim: “Sabe por que, que eu estou sempre sorrindo e bem humorado pai? É que eu sou feliz, eu sou muito feliz”. O Silêncio permaneceu alguns segundos dentro daquela sala, onde muitos estavam fazendo quimioterapia, os pacientes e enfermeiros olharam entre si e alguém quebrou o silêncio dizendo: “Que menino é esse? Isso não existe!”. Naquele mesmo dia ele saiu com outra antes de ir embora, quando sua mãe lhe disse que já havia terminado a quimioterapia
  • 39. 39 ele se levantou e disse bem alto: “Já mãe? Que beleza! ir pra casa é bom demais, mas melhor ainda é ir para o Céu”. Sem dúvida isto alegra o meu coração porque com toda a certeza a felicidade do Andrezinho não estava vinculada as circunstâncias que o cercavam, mas acima de tudo na união que ele tinha com Cristo Jesus, ele não dependia de momentos favoráveis para ser alegre, ele tinha alegria constante por ter o fruto do Espírito, ele sabia da presença contínua de Jesus com ele, e por esta razão vivia na dimensão da fé e apropriava-se continuamente das conquistas de Cristo na cruz do calvário em nosso favor, entendia literalmente e guardava as palavras do apóstolo João: “Pois todo que é nascido de Deus vence o mundo. Esta é a vitória que vence o mundo a nossa fé.” (1ª João 5:3). Lembro-me de certa vez que regressávamos do hospital, após uma bateria de exames, passamos o dia inteiro no hospital e já era noite quando retornávamos, ele estava no banco traseiro do carro de uma forma pensativa, percebi o seu silêncio e logo imaginei que alguma coisa muito especial e com certeza criativa se passava naquela fértil mente, pois o conhecia muito bem e aqueles lindos olhinhos brilhantes não me deixavam dúvidas de naquela cabecinha alguma coisa estava sendo maquinada, não hesitei e perguntei a ele o que estava pensando, sem muitas palavras ele olhou para mim e disse: “Tô pensando aqui pai, que ainda bem que o Fillipe e a Suellen (seus irmãos) não tem essa doença, porque esse tratamento é osso”. Fiquei deslumbrado com a bondade de meu filho em relação aos seus irmãos, ele sabia que ninguém merecia sofrer tanto, mesmo tendo mais ou menos 6 pra 7 anos nesta época, tão pequeno
  • 40. 40 sempre deixava claro que jamais desejaria que alguém passasse o que ele estava passando, foi sempre um guerreiro vencedor, encarando de cabeça erguida a realidade da vida de fato será sempre um eterno campeão. “E sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”. Rm. 8:28 - Este versículo sempre foi uma grande realidade em nossas vidas durante todo processo de tratamento do Andrezinho, muitas foram as vezes que Deus cuidou do meu filhinho de forma tão especial, era muito comum a falta de medicamentos quimioterápicos e também a falta de resultados de exames na data prevista, embora isto trazia graves comprometimentos no tratamento e muitas foram as vezes em que a Débora ficava tensa porque não tinha medicamentos necessários e também resultados não estavam sendo entregues a tantos pacientes, as pessoas saiam nervosas e revoltadas criando um clima muito ruim, enquanto isso eu e Débora orávamos e quando chegava a vez do atendimento do Andrezinho sempre ouvíamos a seguinte expressão dos atendentes: “Nossa como o Andrezinho é de sorte, os exames dele foram os únicos que saíram e também os medicamentos deles foram os únicos que vieram”. Em tudo isto nós compreendíamos que era tão somente a mão de Deus trabalhando em nosso favor, pois para o André nunca faltou o que rotineiramente faltava aos demais pacientes inclusive crianças, vale muito a pena servir ao Senhor, creio que a graça de Deus nos capacita a entender estes cuidados especiais.
  • 41. 41 Capítulo 4 - O Transplante Foi um ano e meio de tratamento intensivo, quimioterapias, consultas, exames, internações programadas outras imprevisíveis, em meio a tanta turbulência crescemos muito na graça e no conhecimento de Deus, grandes experiências o Senhor nos concedeu durante todo esse tempo, hoje podemos dizer talvez como disse Jó: “Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado. Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem”. (Jó 42: 2 e 5.) Aliás, acerca desta história de Jó vale à pena tecer um breve comentário para que você não se torture talvez por estar passando por um momento difícil. A Bíblia diz no capítulo 1, logo no início do livro, no versículo 1, diz que Jó era homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal, mas mesmo com grandes virtudes não foi poupado de uma situação conflitante, foi provado, não por ser injusto, mas por ser justo, não por ser infiel, mas por ser fiel, foi um homem digno de ser provado por Deus e tentado por satanás por uma única razão: “Fidelidade para com o Senhor ”. Portanto eu gostaria que você pensasse em tudo que tem passado, pare de arrancar pecados do fundo do baú, achando que são eles os causadores desta situação, pare também de revoltar-se com Deus, isso só vai piorar as coisas, entenda que Deus não é seu adversário neste momento e sim seu grande aliado. Após todo esse período de um ano e meio, com tudo correndo bem, havia grandes possibilidades de em breve, encerrar o tratamento, a sua médica sempre dizia que ele estava surpreendendo por sua resposta ao tratamento, mas como em
  • 42. 42 todas as coisas a vontade de Deus se revela, foi durante então um simples exame de rotina que constatou mais uma vez que a enfermidade estava se manifestando de forma muito agressiva, com exceção do tumor que já havia desaparecido com apenas 40 dias de tratamento, agora um novo exame apontava que das células da medula que foram pesquisadas, mais uma vez, 84% estavam comprometidas, o mundo outra vez pareceu desabar sobre nós, tínhamos que iniciar do zero, tudo de novo. Foi ai então que a equipe médica chegou à conclusão que somente o transplante de medula óssea poderia dar mais chance de vida para meu filho, sinceramente ficamos transtornados, teríamos que começar tudo de novo depois de um ano e meio, contudo mais uma vez o Senhor renovou as nossas forças e, certos da fidelidade de Deus, prosseguimos em busca da solução. Começou-se então o procedimento para encontrar um possível doador e, com a graça de Deus encontramos o mesmo dentro da nossa própria casa, meu filho Fillipe, com 14 anos na época, ele era 100% compatível. Glória a Deus! Quero aproveitar este momento para dizer o quanto sou grato a Deus pela vida do Fillipe, que também não mediu esforços na tentativa de salvar a vida e proporcionar dias melhores para o seu maninho, não se importando com possíveis consequências posteriores e de cabeça erguida teve honra e orgulho de poder doar a medula para seu irmãozinho demonstrando desta forma muita coragem, bravura e acima de tudo um grande amor e desejo real de ver de perto o restabelecimento da saúde e a tão esperada cura do Andrezinho, graças a Deus o Fillipe esta conosco, mas o Andrezinho levou consigo um pedacinho dele e de todos nós, valeu Fillipe você é
  • 43. 43 um grande campeão, amo muito você meu filho! Obrigado por acreditar que com a sua ajuda seu irmão poderia viver muito mais e continuar conosco por mais tempo, obrigado meu filho por ter feito sua parte com muito amor e dedicação, você nos proporcionou esperança naqueles dias, estávamos certos de que a cura do seu maninho estava mais perto do que pensávamos, mas Deus fez de outra maneira e só nos resta agradecer a Ele por sua bondade. Após ter resolvido a questão do doador, fui então chamado para uma reunião com a equipe de transplante, onde eles me orientaram acerca dos benefícios e também das possíveis complicações que poderiam ocorrer durante e pós-transplante, mas confiante no Senhor eu disse aos médicos que com toda certeza eles contemplariam o agir de Deus na vida do André através daquele transplante, confesso que tive vontade de desistir, de deixar que meu filho fosse submetido ao transplante, mas eu não podia fazer isso, assinei então todos os papeis autorizando, não desejo que ninguém viva o que eu vivi, era como se a vida do meu filho estivesse em minhas mãos, só assinei porque confiei plenamente no Senhor, cheguei a dizer aos médicos de que meu filho faria o transplante porque eu confiava em Deus, se eu não confiasse depois de tudo que ouvi deles eu desistiria, quando cheguei ao quarto onde minha esposa e o Andrezinho estavam, segundo a minha esposa eu estava até pálido, pois, a conversa que tive com a equipe médica foi muita franca e aberta, quem já passou por isso sabe exatamente do que estou falando, eu disse á minha esposa que devíamos estar preparados para o agir de Deus na vida do nosso filho, falei que
  • 44. 44 eu havia dito aos médicos que eles veriam a ação de Deus na vida dele através do transplante, e alertei a ela que talvez os médicos só entenderiam esta ação se a situação fugisse do controle deles, caso contrário a minha fala não teria sentido, e por esta razão Deus poderia permitir algo muito grave para a sua Glória e deveríamos estar preparados, eu entendia muito bem que somente com uma situação incontrolável que fugisse aos recursos da medicina seria possível promover a glória de Deus, porque numa situação normal a medicina tem seus recursos, sua competência, seus louváveis métodos, os profissionais da saúde têm sido instrumentos nas mãos de Deus. Aleluia. Porém mesmo consciente de que uma situação agravante poderia ocorrer para Deus manifestar o teu poder e assim promover a sua glória, eu não imaginava que seria tanta prova. Meu Deus! Eu sabia que poderia ser algo muito difícil, mas não com tanta intensidade, foram dias de muita amargura, apreensão, medo expectativas, e ás vezes até mesmo incertezas de vida para o meu filho devido ao seu quadro de saúde cada vez mais agravante, mas Deus esteve conosco a cada segundo, confortando-nos e fazendo nos entender de que todo passo de fé é acompanhado por uma prova de fogo, portanto conosco não seria diferente, porém de uma coisa tenho certeza, a Glória de Deus predominou naqueles dias, Deus seja louvado a Ele toda glória! O Andrezinho foi transplantado no dia 13 de Abril de 2005 as 18:00 hs, lembro-me bem quando cheguei ao quarto dele, após ter ficado com o Fillipe seu irmão doador, durante todo o processo da retirada da medula que demorou 6 horas e 10 minutos em outro local, e ele sabia que o Fillipe estava fazendo
  • 45. 45 esse procedimento, assim que entrei em seu quarto ele olhou para mim e disse euforicamente: “E ai pai, trouxe a medula do Filipe pra pôr em mim? Eu tô esperando!”. Ao perguntar-me se eu havia trago a medula, fiquei imaginando a simplicidade de uma criança ao aguardar um transplante de medula óssea como se estivesse esperando um chocolate. Em meio a muita tensão o Senhor Eterno nos honrou de muitas maneiras naqueles dias vitoriosos e exaustivos que ali passamos, pelo fato de termos presenciado a ação de Deus naqueles dias é que estou insistindo para escrever este testemunho com muita luta objetivando tão somente glorificar o nome de Deus, foram dias de muito sofrimento que não gostaria de lembrar, mas você precisa saber que Deus é real e Fiel, Ele agiu na vida de meu filho com muito poder e graça embora o tenha transportado para Nova Jerusalém um ano e meio após o transplante, mesmo assim Ele nunca deixou de agir, dando alívio imediato de tantas dores e sofrimentos terríveis para o meu filho. Querido leitor ou leitora, quero que você entenda que se Ele agiu na vida do Andrezinho, pode perfeitamente agir na sua ou de algum ente querido que esteja necessitando, basta tão somente render-se inteiramente sem reservas aos pés do Senhor, Deus sempre tem socorro para quem precisa ser socorrido, pode acreditar. Embora meu filho tivesse tido um doador 100% compatível ele não escapou da temerosa rejeição pós-transplante, foi uma rejeição intestinal nível três que era extremamente grave, entramos em campanha de oração intensa nas igrejas, todo o povo de Deus na região em que morávamos conhecia a história
  • 46. 46 do Andrezinho, e depois de muita oração quando pensávamos que as coisas estavam melhorando, o quadro teve uma alteração, a rejeição que já era nível três agora passara para o nível quatro, complicando muito mais a sua recuperação, é assim que nosso Soberano Deus faz, ele às vezes nos coloca a prova para que possamos crescer mais. Foram dias angustiantes e traumáticos para todos nós, somente lágrimas derramavam de nossos olhos, como estas que escorrem por meu rosto neste exato momento, só de lembrar nos faz reviver intensamente o nosso sofrimento, a dor, a angústia, e a tristeza de contemplar o sofrimento do Andrezinho sem poder fazer nada por ele, tudo que ocorreu naquele hospital nos dias após o transplante fez com que enxergássemos com muito mais clareza, o quanto somos limitados, ver alguém que amamos profundamente sofrendo e sem poder ajudar, isso faz com que batemos de frente com a nossa limitação e tudo isso então fez com que ficássemos cada dia mais perto de Deus. Em crise, muitas vezes com dor intensa ele vomitava evacuava, suava, gritava e pedia pra morrer. Quanto sofrimento! Mesmo após tantas crises, assim que melhorava, ele continuava com o mesmo humor de sempre, como se nada tivesse acontecido, suas crises eram inexplicáveis, a equipe de estudo da dor passou dias avaliando o caso dele por entender que realmente a dor era fora do normal, nada, absolutamente nada, fazia parar aquela maldita dor, já estava sob o efeito de medicamentos pesados como morfina e tudo mais, mas estes eram como água em suas veias. Em meio a todas estas coisas contemplamos maravilhosamente o cuidado de Deus e sua Soberania cumprindo assim a palavra que eu havia
  • 47. 47 dito aos médicos de que eles iriam ver a glória de Deus se revelando através do transplante do meu filho, devido a esta terrível dor fez se necessário a realização de uma endoscopia, segundo o médico seria natural que todo o tecido intestinal do meu filho estivesse todo ferido e cheio de muitas lesões, pois pelo processo do transplante seria impossível não estar assim todo machucado, seria um procedimento dentro da normalidade do tratamento e uma reação totalmente natural pós transplante, mas que a endoscopia era preciso para ver o tamanho das feridas, não era para ver se tinha, pois a existência delas eram certeiras, no entanto após a endoscopia o médico me chamou meio que assustado e, foi logo dizendo: “Não sabemos o que houve, mas o fato é que o intestino de seu filho está normal, sem nenhuma ferida o tecido intestinal dele parece ser de um recém nascido, com esta endoscopia a conclusão que se chega é que seu filho nunca foi transplantado, pois isto que estou vendo é impossível de acontecer, é impossível existir alguém transplantado com um intestino perfeito como o do seu filho, admito de que seu filho entrou para o livro de record neste hospital com o resultado desta endoscopia e demais acontecimentos que não se explicam ocorridos com ele”. Poderia até colocar aqui o nome do médico que me falou isso, mas vou preservar em respeito ao seu profissionalismo. Creio piamente que Deus deu um intestino novo para o meu filho, e alguém talvez pergunte, mas então porque Deus o levou e procuro responder esta indagação da seguinte forma: “Porque para Deus a morte também é uma forma de cura”. Deus curou meu filho definitivamente, não tenho dúvidas deste seu cuidado com ele.
  • 48. 48 Lembro-me que certa vez Deus nos deu uma experiência em uma de suas crises, ele estava sentindo uma dor muito forte, estava evacuando em suas roupas, suando muito e perdendo a respiração gritava: “Eu sei que estou morrendo papai, não tem mais jeito pra mim, essa dor esta mais forte do que eu prefiro morrer.” O médico havia me chamado na porta do quarto dizendo que não tinha mais o que fazer, eu voltei correndo para dentro do quarto ajoelhei-me e clamei pela misericórdia de Deus sobre a vida do meu filho, eu disse a Deus com muita sinceridade que eu não queria negá-lo em toda a minha vida, mas se visse o meu filho morrer daquela maneira eu não saberia o que seria da minha fé, neste momento, tive uma experiência nova com Deus, e até mesmo duvidosa para muitos cristãos, mas eu estou falando de um testemunho vivo em minha vida, eu não ouvi essa história, eu á vivi, eu jamais inventaria uma história em meio a tanto sofrimento do meu filho, mas o fato é que Deus orientou-me a repreender aquela dor e expulsá-la do corpo do meu filho e assim eu o fiz, sem me importar com quem estava no quarto, afinal era meu filho que estava sofrendo, poderiam me questionar da maneira que quisessem, eu não me importaria, alguns enfermeiros que ali estavam fazendo os procedimentos contemplaram algo inexplicável, pois assim que orei a dor cessou imediatamente, então fazendo uso de uma autoridade espiritual que o Senhor me conferiu naquele momento, eu disse a eles que se quisessem e se os médicos autorizassem poderiam tirar a morfina do Andrezinho porque ele não precisaria mais dela, pois, nunca mais ele sentiria aquela dor que o incomodava há mais de trinta dias, e para a glória de Deus a partir daquele dia nunca
  • 49. 49 mais a dor voltou, ela simplesmente desapareceu. Deus seja louvado, a Ele toda glória eternamente! Nunca me esquecerei da bondade de Deus naquele dia. Depois de angustiantes dias ali, Deus entrou com a provisão da alta hospitalar para o André, só de lembrar o que meu filho passou ali me faz chorar. Quantas vezes ele olhava da janela do hospital e dizia: “Ô papai, será que eu nasci pra sofrer? Olha quanta gente lá fora e eu aqui só tomando agulhadas e ainda sentindo dores”. Mas, graças a Deus, enfim chegou o dia 15 de junho de 2005, esse foi o dia de sua alta, ele foi internado no dia 30 de março de 2005 com a previsão de ficar no máximo 30 dias, após então os terríveis 75 dias de sua internação fomos para casa com muitas expectativas, pois na verdade a alta foi um pouco forçada pelos médicos, eu acredito que eles pensavam que o André não teria grandes chances mesmo, então assim que ele deu uma melhorada eles liberaram, talvez pensando que estariam dando a ele ao menos a chance de ter um pouco mais de alegria na sua própria casa, esse é um raciocínio meu, eles nunca me disseram nada a respeito. Dois meses depois o Andrezinho teve que ser novamente hospitalizado para combater dois tipos de bactéria que havia contraído, nesta nova internação fui questionado por um enfermeiro que estava no quarto naquele dia em que orei a Deus pedindo socorro para o alívio da dor do meu filho, ele me disse que nunca tinha visto nada parecido, e que já havia tentado encontrar a resposta para aquele acontecimento em meio aos seus familiares, na equipe de transplante, na faculdade e até mesmo em sua religião, mas ninguém conseguiu respondê-lo a contento, segundo ele, naquele mesmo dia ao término do seu
  • 50. 50 plantão relatou o acontecido e deixou anotado na ficha do Andrezinho que era para os próximos plantonistas observarem se a dor retornaria, uma vez que ela já o incomodava há mais de trinta dias, porém, para o espanto de todos a dor não voltou nem naquele dia e nem nos seguintes, houve até uma enfermeira que comentou que a dor do André da mesma forma que apareceu, desapareceu, misteriosamente. Tive então a oportunidade de falar para aquele enfermeiro do poder, do amor e da fidelidade de Deus, tenho ainda em mente o seu nome e ainda oro por ele, mas vou preservar sua identidade por uma questão de ética, embora nunca mais o tenha visto, a semente do evangelho ficou plantada naquele coração e com certeza quando ele estiver lendo este livro poderá tirar suas próprias conclusões, para a glória de Deus Pai. O caso estava tão grave que chegamos a obter autorização especial para que os primos do Andrezinho, que tinham a mesma idade dele pudessem visitá-lo, médicos e responsáveis pela ala de transplante facilitaram o máximo para proporcionar a ele dias melhores, louvado seja Deus também pela vida daqueles profissionais da saúde, que a bem da verdade foram muito além de profissionais, eu não tenho palavras para agradecê-los pelo quanto fizeram pelo meu filho, que, aliás, fazem para todos que lá se encontram, sei que alguns leitores conhecem bem de perto esta história, mas quero mais uma vez dizer “Muito obrigado! Vocês foram muito especiais na vida de nosso filho e na nossa também.” Agradeço profundamente a Deus pela vida de vocês. O Hospital das Clínicas (BH-MG) está de parabéns por sua equipe de funcionários, em todos os momentos fomos sempre bem atendidos, com atenção e carinho sem
  • 51. 51 distinção, por parte dos médicos, enfermeiros, assistentes, seguranças, pessoal da limpeza, laboratório, ambulatório, todos enfim foram bênçãos na nossa vida durante os três anos que por ali passamos. Algumas vezes ouvi dos médicos que não tinha mais o que fazer que infelizmente a enfermidade do Andrezinho já havia fugido do controle, e que agora era só uma questão de tempo, contudo continuávamos crendo piamente na cura, conscientes de que o nosso Deus é o Deus do impossível, em momento algum duvidamos das palavras dos médicos, mas aguardávamos ansiosamente por um milagre sabíamos que o quadro descrito por eles era real, mas pensávamos que Deus o mudaria. Todavia os planos de Deus não são nossos planos e os Seus pensamentos não são os nossos pensamentos: “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor, porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos”. Is.55:8,9. Entendo perfeitamente que Deus sabia que nosso louvor a Ele e a nossa gratidão não se resumia na cura do Andrezinho. Certamente continuaríamos fiéis a Ele independente do resultado, pois um dia aprendemos que temos que adorar ao Senhor pelo que ELE É, e não somente pelo que Ele faz, fazendo ou não fazendo o milagre, ele continua sendo Deus, Ele é o Todo Poderoso, Ele não tem nada mais a fazer, Ele já fez, pois, enviou seu filho ao mundo e nos garante uma morada eterna no céu, onde não haverá lágrimas, dores, tristezas, angústias, morte, somente vida eterna.
  • 52. 52 Capítulo 5 - A Recidiva Depois de quase três meses no hospital recuperando do transplante, a equipe médica deu alta conforme relatei anteriormente, apenas seis meses depois de sua alta quando pensávamos estarmos começando a ter dias melhores apareceu um tumor bem na sua testa centímetros acima de seu nariz, infelizmente, acredito que o tumor foi causado por um forte medicamento que foi usado para combater a rejeição do transplante, digo isso porque antes de aplicarem o medicamento fui informado deste risco pelos médicos e tive que assinar um termo autorizando a aplicação, mas eu não tinha alternativa a não ser autorizar, meu filho estava morrendo e os médicos me disseram que era uma tentativa que poderia dar certo, mas se não desse poderia ser comprometedor e causar outros danos, inclusive tumores pelo corpo, ninguém pode imaginar o que passei tendo que autorizar algo que poderia matar o meu filho, confesso que estou em lágrimas. Eu só queria o melhor pra ele! Aquele lindo rostinho de olhos azuis começava a se deformar devido à impiedade da doença mais uma vez, iniciamos então um novo tratamento com menos chance de ser bem sucedido, considerando que sua medula tinha apenas seis meses de vida, mas o Deus das causas impossíveis estava á nossa frente e de forma surpreendente Deus renovou as forças do André e mais uma vez ele superou com a graça de Deus e quando todos pensavam que poderia ser o fim devido a medula ter sido implantada recentemente, mas o que aconteceu foi que em um espaço de 20 dias o tumor desapareceu totalmente, sem deixar vestígios, ao contemplar estes feitos do Senhor, cada vez mais a
  • 53. 53 nossa fé era fortalecida e tínhamos plena convicção de que nosso filho seria curado, e em muitas ocasiões de incertezas como esta ele firmemente dizia: “Pai essa doença é terrível, mas ela não é mais forte do que eu, eu sim sou mais forte do que ela”. Por esta e outras razões eu o chamava de “Meu grande campeão, o menino valente” eu dizia sempre a ele que tinha maior orgulho de ser o seu pai, ele era uma honra pra mim, nada absolutamente nada o fazia desistir, sua fé era surpreendente. Infelizmente a nossa alegria durou muito pouco e nove meses depois, novamente, outro tumor apareceu na mesma região, tudo começou com uma simples consulta de rotina, inicialmente eram apenas os exames que estavam comprometendo, mas isso era tão comum, exames alterados eram costumeiros sem maiores complicações, no entanto desta vez foi diferente, fomos então orientados pela sua médica que novamente nos informou que estávamos diante de uma situação não desejável, e totalmente irreversível, não havia mais chances segundo a medicina para o meu filho viver, eram grandes as possibilidades de um retorno imediato da enfermidade, e desta vez sem nenhuma chance de cura para o André, segundo ela deveríamos estar preparados para o pior. Devido ao fato dos exames estarem extremamente comprometidos havia já uma internação programada para a próxima semana, e que segundo a médica ele não mais retornaria para casa, não quero nunca que ninguém passe pelo que eu passei, a internação estava programada para outra semana se caso não aparecesse nada de novo, porque qualquer anormalidade não permitiria esperar a próxima semana, seria necessário levá-lo imediatamente ao hospital.
  • 54. 54 A médica por sinal muito competente e atenciosa nos explicou que a medula funciona como uma terra que esta sendo adubada para produzir, mas que naquele momento ela não conseguia produzir e nem se defender mais, a medula do Andrezinho havia se cansado. Ao sair do consultório naquele dia, o Andrezinho como de costume pediu um chocolate, enquanto sua mãe segurava a sua mãozinha e atravessava a rua para comprar, fiquei observando o meu filho tão feliz chutando as tampinhas ao atravessar a rua. Fiquei imaginando que talvez pudesse ser o seu último chocolate. Entrei no carro e comecei a chorar, tentei encontrar uma explicação para tudo àquilo que estava acontecendo com meu filho, estava decidido a não voltar nunca mais naquele hospital. Não ia expor o meu filho a tudo de novo, quando a Débora e ele entraram no carro, sem ela saber o que eu havia pensado ela me disse que estava com vontade de não voltar mais ali, no momento não comentei nada mais com ela, fomos para casa arrasados, com a sensação de nadar, nadar e morrer na praia, não conseguíamos conter o choro, os sinais fechados pareciam durar uma eternidade, as pessoas dos carros ao lado não entendiam porque aquele casal com um menino tão bonito naquele carro chorava tanto, e alguns até pareciam querer nos dizer alguma coisa, o caminho até nossa casa parecia que havia multiplicado a sua distância muitas vezes mais. Mesmo com toda confiança em Deus, sabíamos que poderia mesmo estar muito perto de perder o nosso filho. Oramos e pedimos ao Senhor a direção do que fazer, ficamos transtornados e isso fez com que optássemos para dar vida com qualidade ao Andrezinho, para nós não interessava mais quanto tempo ele iria viver, mas como ele
  • 55. 55 iria viver, era sua qualidade de vida que estava em jogo, e não a quantidade de anos ou dias que ele teria pela frente, foi ai então que em família tomamos uma decisão muito difícil e até hoje às vezes incompreendida por muitos, decidimos ouvir o Andrezinho e fazer com ele a viagem de seus sonhos, era um pedido antigo sempre na expectativa de realiza-lo quando terminasse o tratamento, mas infelizmente vimos à impossibilidade de isto acontecer, e por nossa conta, sem nenhuma orientação médica e sem a intenção de faltar com respeito aos profissionais da saúde, optamos por fazer a última vontade dele, lembro-me bem que naquele mesmo dia sentei-me com ele e toda a família para decidirmos o que fazer. Queria tomar essa decisão em família para que ninguém fosse responsabilizado, caso acontecesse algo indesejável como aconteceu, perguntei a ele se queria fazer a viagem de seus sonhos, ele deu um pulo no sofá e disse: “Oba, vamos hoje?”. Indaguei dele acerca do tratamento como iríamos fazer, ele olhou e disse com toda segurança: “Pai, deixa esse tratamento pra lá, o Deus que cuida de mim aqui é o mesmo que vai cuidar onde eu estiver, e além do mais se é Deus que cuida de mim, eu não preciso ficar em hospital tomando agulhadas”. Claro que não foi fácil tomar esta iniciativa, pois sempre respeitamos criteriosamente as orientações médicas, nunca fomos irresponsáveis com todas as orientações que nos eram fornecidas, nunca espiritualizamos as coisas a ponto de ignorar os conhecimentos da medicina através de seus profissionais, acreditávamos sim, que Deus poderia curar o nossa filho, mas a situação era extremamente grave conforme os
  • 56. 56 médicos nunca esconderam de nós, e ainda como se não bastasse um dia após a conversa com a médica, quando o Andrezinho acordou notamos uma elevação na sua testa, no mesmo local do tumor anterior, infelizmente era o início de outro tumor no mesmo local, repensamos a decisão da viagem, mas era tudo que ele queria como poderíamos voltar atrás? Também não poderíamos levá-lo ao hospital porque com certeza seria internado e não sairia mais de lá, sei que não suportaria ver meu filho morrer dentro de um hospital, cheio de sonhos, isso eu jamais suportaria mesmo, acreditei piamente que talvez Deus o curasse pela sua própria fé, ainda que a nossa fé estivesse totalmente abalada, ele estava cheio dela e Deus o honraria, estávamos conscientes de que nosso passo de fé poderia resultar em uma prova de fogo, mesmo assim não hesitamos em fazer o que ele queria, começamos então a providenciar as coisas necessárias para uma viagem longa e cada passo dado para fazer a tão esperada viagem era um aperto em nossos corações. Será mesmo que deveríamos ir? Quem sabe desta vez vai dar mais certo? Estas e outras perguntas eram feitas continuamente por nós mesmos, mas o Andrezinho não abria mão de seu sonho, ele queria viajar a qualquer custo. Quem teve que abrir mão foram seus irmãos, a Suellen abriu mão do emprego e de seu noivo, tiveram que manter apenas contatos telefônicos, e o Fillipe abriu mão dos estudos, todos enfim em função do André , ele merecia muito mais que isso, nosso grande e eterno guerreiro campeão.
  • 57. 57 Capítulo 6 – A Viagem Diante de tudo que o André passou até aqui tomamos a decisão deixá-lo viver longe de hospital que era tudo que ele queria, sei que para muitos, isso é incompreensível, mas depois de três anos dentro de um hospital vendo o final de muitos que por ali passavam com o mesmo diagnóstico dele, decidimos que não iríamos vê-lo morrer sem deixá-lo viver, e mesmo sem o consentimento dos médicos proporcionamos a ele a viagem que ele mais almejava ir ao estado de Rondônia, onde seu avô paterno mora. Quero deixar muito claro que o fato de ter ido sem autorização médica não significa falta de respeito com a medicina, muito pelo contrário, são profissionais que merecem toda atenção e confiança, sabem perfeitamente o que fazem e o que dizem, infelizmente com raras exceções. Definitivamente não aconselho ninguém a fazer o que fiz, cada caso é único, e de maneira alguma pode servir de exemplo para outro. Com relação à viagem, o Andrezinho queria fazê-la de carro, seriam três dias na estrada, mas ele queria aproveitar os mínimos detalhes, pedimos a Deus o seu amparo e cheios de fé e coragem, conscientes da seriedade do que fazíamos partimos. Para nós era apenas uma viagem, no entanto para o meu filho estava reservada uma grande missão que até nós desconhecíamos, ele foi aproveitando o máximo, cantava o tempo inteiro, demonstrava estar vivendo intensamente os dias mais felizes de sua vida, nas mínimas coisas ele se ligava e tecia comentário, em seu rosto, além do tumor que crescia dia a dia,
  • 58. 58 estampava se também a alegria de estar realizando um grande sonho com todos juntos, papai, mamãe e os irmãos Fillipe e Suellen, esta era uma grande virtude dele, amava estar reunido em família e valorizava todos os momentos, ás vezes, quando estava internado, falava que quando voltasse para casa queria um almoço ou um jantar com todos juntos, avós, tias, tios e primos. Graças a Deus que sempre realizamos os seus pedidos e isso nos deixa mais feliz hoje, sem nenhuma culpa ou frustração. Muitos eram os comentários do Andrezinho a todo o tempo, mas alguns nos chamavam mais a atenção, em certo momento da viagem ele disse: “Papai estamos indo pra Rondônia, e é lá que eu vou ficar. Eu não volto nunca mais”. Sua mãe o interrompeu dizendo: ”Meu filho você esta indo tão empolgado e se chegar lá você não gostar?” Imediatamente ele respondeu: “Não importa mãe, gostando ou não gostando, é lá que vou ficar, porque a única coisa que importa nessa vida é obedecer a Deus”. Diálogos como esse hoje nos traz paz ao coração, sabemos que nosso filho tinha plena consciência de sua tarefa como servo do Deus Altíssimo, entendia perfeitamente, talvez mais do que nós, os planos de Deus na sua vida, e com disposição total para realizá-los, não importando com o preço a ser pago, ele queria era ser útil para Deus, e acredito que foi, até bem mais do que ele próprio imaginava. Como disse no capítulo anterior na testa do Andrezinho estava iniciando outro tumor que durante a viagem ele crescia assustadoramente, na primeira noite dormimos na cidade de Uberlândia, pra ele foi uma festa porque nos hospedamos em uma pousada chamada “Pousada da Tia Zilane”, e ele amava sua
  • 59. 59 tia Josilane que era chamada de Zilane, então ele ficou todo feliz e dizia que estava na pousada da tia dele, na verdade conquistou a dona da pousada com seu carinho e seu humor. Na segunda noite nos hospedamos em um hotel na cidade de Várzea Grande em MT, o tumor em sua testa que havia iniciado a 2 dias antes da viagem já estava com uma elevação bem mais intensa chamando assim a atenção dos hóspedes daquele hotel e um deles chegou a me perguntar se ele havia caído e machucado a testa, eu disse que não, mas que aquilo era um tumor, meio sem jeito ele me pediu desculpas e perguntou para onde estávamos indo disse a ele que estávamos indo para Rondônia, e bastante admirado com a tranquilidade com a qual eu havia lhe respondido, foi quando de maneira muita assustada ele me perguntou o que eu estava indo fazer em Rondônia, um lugar totalmente sem recurso com meu filho daquele jeito, respondi a ele que era uma decisão do meu próprio filho e que eu estava realizando talvez o seu último desejo, disse a ele que já a 3 anos estávamos tratando do meu filho sem muito êxito e que decidimos deixar com que ele tivesse um pouco mais de qualidade de vida, e que eu não me perdoaria nunca se meu filho morresse dentro de um hospital como vi muitos coleguinhas dele morrer, não sei se ele entendeu minhas colocações, mas a grande verdade era que pra mim isso pouco importava. Dormimos ali, e no outro dia pela manhã quando tomávamos café para seguirmos viagem, novamente aquele hóspede nos abordou interessado em saber mais do André, e nesta oportunidade lhe falei da provisão de Deus em nossa vida, e que mesmo estando meu filho naquele estado agravante eu louvava a Deus por sua bondade,
  • 60. 60 considerando os cuidados de Deus sobre ele, contei-lhe então de alguns testemunhos ocorridos no hospital durante o tratamento, falei das muitas intervenções de Deus, e logo em seguida nos despedimos e seguimos viagem, não me lembro para onde ele estava indo, só sei que foi levando consigo um carinho extraordinário pelo Andrezinho, que conquistou seu coração. SAUDADES ETERNAS, TE AMAREMOS POR TODA VIDA!
  • 61. 61 Capítulo 7 – Os dias em Urupá- Ro Quanta felicidade quando ali chegamos, a alegria do reencontro com muitos entes queridos se misturava com a incerteza de um final feliz devido ao comprometimento da enfermidade, mas Deus nos deu graça para vivermos estabelecendo prioridades e qualidade de vida pra ele, e sabíamos que ali o Andrezinho teria, não medimos esforços para proporcionar a ele tudo o que queria inclusive no que diz respeito à diversão, foram dias de tamanha alegria que ele jamais havia experimentado até então. Banhos de cachoeiras, lagoas, futebol passeios em matas, tudo que ele nunca havia desfrutado, em meio a momentos tão felizes dizia ele: “Adeus Belo Horizonte, pra lá eu não volto nunca mais Papai é aqui que vou ficar, é aqui que estou vivendo, acabou meu tratamento, pode escrever um livro”. Por mais que o tempo passe palavras como estas ficarão eternamente gravadas em meu coração, tenho ainda a sua última mensagem enviada a mim em meu celular no dia 14 de agosto de 2006, às 13:26:49: “Papai quero dizer que te amo”. Durante 15 dias, meu filho viveu intensamente naquele lugar, mesmo com o tumor crescendo dia após dia e deformando seu lindo rostinho, ele não dava espaço para tristeza, usufruiu de tudo que merecia, mas após esse período a enfermidade não deu mais trégua, mesmo sendo uma criança de apenas oito anos, tão alegre, feliz, inocente, puro, sem nenhuma maldade, ainda assim, com todas essas virtudes o meu pequeno Andrezinho, cheio de carinho, não foi poupado pela maldade da traiçoeira enfermidade, O maldito câncer não teve compaixão do meu filhinho e sem nenhuma piedade aquele tumor alastrou-se de forma agressiva
  • 62. 62 em sua face, deixando o seu rostinho todo deformado e seus lindos olhos azuis sem nenhuma luz, ele ficou totalmente cego, aqueles lindos olhos azuis não puderam mais ver a luz do sol, as belezas da natureza e as pessoas tão amadas ao seu redor, suas forças foram exauridas e ele ficou totalmente debilitado, mas mesmo diante deste quadro nunca se entregou e jamais negou a sua fé em Deus dizia para nós que Jesus era lindo e cheio de amor e que ele jamais iria desistir Dele, poderia acontecer qualquer coisa que ele não ia desistir de sua cura e muito menos de sua fé em Deus. Às vezes ficamos impressionados com tamanha inocência de uma criança, o Andrezinho sabia que não poderia de forma alguma contrair infecções sabia que seu organismo não tinha as defesas necessárias para combatê-las. Certo dia, quando já estava cego, ouviu alguém dizer que eu estava com conjuntivite (aquela infecção no olho). Ele então me chamou e disse: “Papai, se o senhor estiver mesmo com conjuntivite, por favor, eu gosto muito do senhor, mas não fica perto de mim, se não vai passar infecção para mim e quando Deus me fizer enxergar de novo meus olhos vão ficar infeccionados.” Quanta inocência, com um tumor maligno alojado na testa comprometendo toda a sua visão e seu lindo rosto e ele com medo de contrair conjuntivite. Para mim esta sendo muito difícil escrever tudo isso, mas sei que vidas serão edificadas, por isto, como servo do Deus Altíssimo, sinto o dever de prosseguir, que o Eterno Pai me dê forças, para concluir este testemunho de fé.
  • 63. 63 O grande André que de Andrezinho só tinha o apelido carinhoso que lhe demos, era um verdadeiro servo de Deus e um gigante na fé, ele se foi e deixou-nos grandes lições de vida. Quando estava deprimido e muito triste por não poder enxergar, pedia ao Fillipe para pegar o violão, chamava a todos para cantar ao seu lado, e louvava junto conosco, soltava sua voz e do fundo do coração adorava a Deus, ainda que em meio a lágrimas, fazia valer na sua vida as palavras do salmista: “Bendirei ao Senhor em todo o tempo, o seu louvor estará sempre nos meus lábios.” Salmos 34: versículo 1. Quando tinha alguma dor começava a orar dizendo: “Deus, o Senhor sabe que estou sem forças até para conversar, mas me dê forças para falar com o Senhor, pois é a única coisa que traz alegria ao meu coração”. Desta forma uma criança de apenas 8 anos iniciava a sua oração que se estendia por 30 a 40 minutos, enquanto ele orava às vezes algumas pessoas chegavam para nos visitar, aliás, graças a Deus, a casa estava sempre cheia, e quando as pessoas o viam orando começavam a chorar, me abraçavam e diziam que iam embora pois estavam envergonhados diante de Deus em contemplar tanta fé, algumas diziam que jamais saberiam orar como o Andrezinho pois diante de problemas bem mais insignificantes, muitas vezes negavam sua fé em Deus e agora contemplavam esse quadro. Uma criança de apenas 8 anos, passando por uma provação tão difícil, e continuava exercendo com total confiança sua fé pura em Deus, uma fé incondicional, demonstrando a todos que ele sabia perfeitamente quem era o seu Deus, “O Deus do impossível”.
  • 64. 64 Eu glorifico a Deus por ele ter sustentado o meu filho, e não ter permitido que ele negasse sua fé, pois estou certo de que essa força vem do Senhor, não temos nenhum mérito nisso, é Deus quem nos sustenta e que nos faz permanecer fiéis diante dos embates da vida, entendemos perfeitamente que a própria perseverança vem do Senhor, meu filho foi fonte de consolo para muitos, mesmo em momentos que acreditávamos que ele precisava ser consolado. Com sua força aprendemos muito, ele arrancava forças da fraqueza, aliás, fraqueza era uma palavra que não existia em seu vocabulário. Ah! Que saudade do meu campeão como dói! Houve uma época em que o Fillipe teve a idéia de passarmos a noite inteira orando ao lado da cama do Andrezinho para que ele pudesse dormir melhor, então resolvemos fazer um revezamento no período das 23 hs até as 6 hs, todos participavam orando, cada um durante 1 hora ou mais, e desta forma ele estaria coberto de oração por toda noite. Deste rodízio de oração participávamos, eu e Débora, é claro, Joelma sua prima, Fillipe e Suellen seus irmãos, e seus tios Joel e Eneidir, eram madrugadas que buscávamos a Deus intensamente pela cura do meu filho, mas aprouve ao Senhor mesmo assim, recolhê-lo para a Glória, e confesso a vocês que apesar de toda dor da saudade ainda que pudesse não traria de volta o meu filho a esse mundo, sim, não seria tão injusto com ele a ponto de trazê-lo de volta, uma vez que deste mundo ele já ficou livre para sempre, eu jamais poderia desejar a ele tamanha maldade. Deus seja louvado! Tenho orgulho de ter sido o seu Pai e estou convicto de que ele poderia dizer, sem sombras de dúvidas:
  • 65. 65 “Combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a minha fé”. De fato a vida para ele não foi uma zona de conforto, não teve facilidades, foi de fato um grande combate, mas Deus esteve ao seu lado. Ao Bom, Eterno e Poderoso Deus seja toda glória! Às vezes vivemos anos na igreja realizando apenas uma vida religiosa sem ensinar nada a ninguém, o Andrezinho em tão pouco tempo nos ensinou muitas coisas, mas seu principal ensinamento foi a fidelidade ao Senhor que ele demonstrou mesmo em meio a lutas e provações. A seguir compartilho algumas frases de suas orações que em momentos angustiantes ele dizia, anotei todas elas porque eu sabia que mais cedo ou mais tarde eu estaria escrevendo este testemunho, só esperava escrevê-lo com outro final, com meu filho ao meu lado, no entanto, aprouve ao Senhor Deus da minha vida que eu escrevesse sozinho tendo somente o auxílio e a renovação das minhas forças através do Espírito Santo, que sem dúvida alguma é bem mais expressiva do que a própria presença dele aqui fortificando muito mais a fidelidade deste Deus todo poderoso em minha vida. Quero que você esteja analisando o teor destas orações que meu filho fazia, veja só quanta confiança em Deus meu filho mantinha em momentos que só pediam lágrimas. Quanta intimidade com o Senhor! “Jesus, filho de Davi tem misericórdia de mim, eu sou apenas uma criança de 8 anos não tenho forças eternas, eu quero ver”. “Deus, eu sei que o Senhor é bom, pois se o Senhor não fosse bom eu estaria sofrendo, e eu não estou sofrendo. Obrigado Jesus! “.
  • 66. 66 “Deus eu sei que o Senhor pode me curar, essa enfermidade não é nada para ti, mas se for o teu propósito me deixar cego e doente para a glória do teu nome, pode deixar eu cego e doente, porque o que mais importa nessa vida é a glória do nome do Senhor”. “Deus, o Senhor fez o mundo em seis dias, o Senhor fez tanta coisa bonita só que agora Deus, eu não posso ver mais nada do que o Senhor fez então Deus, tem misericórdia de mim, e restaura a minha visão.” “Deus esse mundo é tão grande e o Senhor fez ele em tão pouco tempo, porque o Senhor é Eterno, então Deus tira essa enfermidade de mim é menos que um minuto, me cura Deus.” “DEUS, durante três anos de tratamento eu nunca desisti da minha cura, e agora estou cego quero dizer uma coisa. Vendo ou não vendo eu jamais desistirei, porque sei que o Senhor é Fiel.” “Deus, o senhor é um Deus eterno, mas mesmo assim teve que descansar no sétimo dia quando fez o mundo, e eu Deus sou uma criança de apenas oito anos, não tenho forças eternas como o Senhor, então Deus tem misericórdia de mim, e me cura Deus”.
  • 67. 67 Sem dúvida alguma, nós precisamos aprender a orar assim, ás vezes quando estava com muita dor ele pedia o óleo de fazer unção o que sempre tínhamos em casa e derramava todo na sua cabeça e dizia: “Mamãe, agora é com Jesus não precisa se preocupar mais, estou ungido”. De maneira alguma é minha intenção causar drama ou demonstrar show de espiritualidade através destas declarações, até porque se trata de meu filho e eu jamais faria uso dele para isso, mas o que pretendo é mostrar a você que é perfeitamente possível servir a Deus e manter o nosso firme relacionamento com Ele e a nossa fé em evidência mesmo nos momentos de turbulência da nossa vida, momentos assim produzem com toda certeza efeitos positivos na nossa vida, a dor é produtiva, através dela você poderá colher benefícios eternos ou consequências eternas para a sua vida, tudo depende da maneira pela qual você passará por estes momentos e das atitudes tomadas, tenha certeza que passar por esses momentos entendendo a soberania de Deus é muito melhor, e produzirá grandes benefícios por toda sua vida. Precisamos entender que Deus não tem nenhum prazer no sofrimento de seus filhos, mas tem grande prazer na maneira pela qual seus filhos reagem diante do sofrimento, isto faz toda diferença, portanto, não blasfeme, não murmure, não desista, honre a Deus, haja o que houver creia somente, Deus é Fiel. Eu nunca imaginei que uma criança de oito anos poderia ser tão direcionada por Deus em tantas coisas, era de impressionar, ele chamou toda a família para um grande conserto de vida com Deus antes de falecer, não se intimidava e falava cheio de convicção e autoridade, chamou meus irmãos e outros membros