Este artigo tem por objetivo apresentar como construir cidades inteligentes e sustentáveis para proporcionar sua gestão racional, a melhoria da qualidade de vida para toda a população, o desenvolvimento sustentável da cidade e a democratização das decisões do governo com a participação de toda a população. Toda cidade alcança a condição de cidade inteligente quando seus gestores a consideram como um sistema e fazem o uso da tecnologia da informação em seu processo de planejamento e controle contando com o efetivo apoio de sua população. Toda cidade inteligente requer o uso da tecnologia da informação com o uso de vários dispositivos conectados à rede IoT (Internet das coisas) para gerir as operações e serviços da cidade de forma racional e conectar-se com seus cidadãos. A tecnologia da informação permite que os gestores da cidade interajam diretamente com seus órgãos executores e com a população e monitorem o que está acontecendo na cidade e como a cidade está evoluindo em tempo real. A tecnologia da informação deve ser usada para melhorar a qualidade, o desempenho e a interatividade dos serviços urbanos, reduzir custos e o consumo de recursos e aumentar o contato entre os cidadãos e o governo. Uma cidade inteligente pode estar mais preparada para responder aos desafios enfrentados pelos seus gestores e por sua população. Toda cidade alcançará a condição de cidade inteligente quando forem conquistados os objetivos de humanização da cidade com a melhoria da qualidade de vida para toda a população, de desenvolvimento sustentável da cidade e de democratização das decisões do governo com a participação de toda a população.
LA GENÈSE DE LA RICHESSE ET DE LA PAUVRETÉ À L'ÉPOQUE CONTEMPORAINE
COMO CONSTRUIR CIDADES INTELIGENTES E SUSTENTÁVEIS
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COMO CONSTRUIR CIDADES INTELIGENTES E SUSTENTÁVEIS
Fernando Alcoforado*
Este artigo tem por objetivo apresentar como construir cidades inteligentes e sustentáveis
para proporcionar sua gestão racional, a melhoria da qualidade de vida para toda a
população, o desenvolvimento sustentável da cidade e a democratização das decisões do
governo com a participação de toda a população. Toda cidade alcança a condição de
cidade inteligente quando seus gestores a consideram como um sistema e fazem o uso da
tecnologia da informação em seu processo de planejamento e controle contando com o
efetivo apoio de sua população. Toda cidade inteligente requer o uso da tecnologia da
informação com o uso de vários dispositivos conectados à rede IoT (Internet das coisas)
para gerir as operações e serviços da cidade de forma racional e conectar-se com seus
cidadãos [1].
A Internet das Coisas (IoT, em inglês) se refere a uma revolução tecnológica que tem como
objetivo conectar os itens usados do dia a dia à rede mundial de computadores e é uma das
principais tendências globais seu uso na administração de uma cidade porque é aplicável
em soluções que vão desde o monitoramento da iluminação pública, ao de pedestres,
ciclistas, de veículos automotores, do transporte público, dos serviços de educação e
saúde, entre outros. As aplicações da Internet das Coisas são quase infinitas. Além disso,
a IoT vai levar a uma redução dos desperdícios de recursos públicos nas cidades.
Impulsionada pela ascensão da Internet 5G, os dispositivos IoT podem trazer benefícios
para pessoas, empresas e setor público. Mas vale ressaltar que, para ser considerada uma
solução IoT, o sistema de administração de uma cidade precisa ter três características: 1)
receber dados digitais originado em sensores; 2) se conectar com uma rede externa; e, 3)
processar informações de forma automática, ou seja, sem intervenção humana [5].
Um nova revolução nos meios de comunicação está para ocorrer com o uso da Internet
5G em todo o mundo, representando até o momento o maior avanço nas
comunicações após um longo processo histórico de evolução tecnológica [4]. A
Internet 5G produzirá gigantescos impactos na economia e na sociedade. Trata-se de uma
plataforma de comunicações absolutamente inovadora e com características que
permitem a comunicação máquina a máquina (M2M) com grande eficiência, eficácia,
confiabilidade e segurança. Nesse sentido, é desenvolvida para a internet das coisas (IoT),
ou seja para aplicações pessoais, mas também servem de plataforma de comunicações
para o desenvolvimento de novas e revolucionárias aplicações para a indústria, para as
cidades, para a agricultura, o transporte e os serviços. A Internet 5G será grande
impulsionador para o desenvolvimento da Indústria 4.0 e o advento das cidades
inteligentes porque tende a acelerar o desenvolvimento de tecnologias, como a Internet
das Coisas (IoT), inteligência artificial e machine learning (aprendizado de máquina) cujo
potencial não consistirá apenas em melhorar a conectividade para as pessoas, mas permitir
a comunicação entre os objetos, o que pode transformar decisivamente os serviços e
espaços urbanos.
A tecnologia da informação permite que os gestores da cidade interajam diretamente com
seus órgãos executores e com a população e monitorem o que está acontecendo na cidade
e como a cidade está evoluindo em tempo real. A tecnologia da informação deve ser usada
para melhorar a qualidade, o desempenho e a interatividade dos serviços urbanos, reduzir
custos e o consumo de recursos e aumentar o contato entre os cidadãos e o
governo. Uma cidade inteligente pode estar mais preparada para responder aos desafios
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enfrentados pelos seus gestores e por sua população. Toda cidade alcançará a condição
de cidade inteligente quando forem conquistados os objetivos de humanização da cidade
com a melhoria da qualidade de vida para toda a população, de desenvolvimento
sustentável da cidade e de democratização das decisões do governo com a participação
de toda a população.
A melhoria da qualidade de vida da população depende das condições de sua existência
quanto à oferta de emprego, à moradia, ao saneamento básico, à infraestrutura urbana, à
mobilidade urbana e ao acesso aos serviços de educação, cultura, saúde e lazer. O
desenvolvimento sustentável de uma cidade só será alcançado quando for evitada a
degradação dos recursos naturais e existirem políticas claras e abrangentes para
saneamento, coleta e tratamento de lixo, gestão da água, com coleta, tratamento,
economia e reuso, sistemas de transporte que privilegiem o transporte de massa com
qualidade e segurança, ações que preservem e ampliem áreas verdes, o uso de energias
limpas e renováveis e, sobretudo, administração pública transparente e compartilhada
com a sociedade civil organizada. Por sua vez, a democratização das decisões do governo
com a participação de toda a população só existirá quando ela se envolver não apenas no
fornecimento de dados, mas também, decidir sobre os rumos da cidade.
Entre as cidades inteligentes do mundo destacam-se: 1) Amsterdã, que possui, desde
2009, uma plataforma interconectada através de dispositivos sem fio para aprimorar as
habilidades de tomada de decisão da cidade em tempo real, reduzir o tráfego, economizar
energia e melhorar a segurança pública; 2) Copenhague, que, em 2014, conquistou o
prestigioso World Smart Cities Award por sua estratégia de desenvolvimento de cidade
inteligente voltada para a melhoria da qualidade do ar, da habitabilidade e do fluxo de
tráfego; 3) Dubai, que tem projeto para torná-la cidade inteligente em 2030, com
iniciativas em transporte que inclui veículos sem motorista, digitalização de transações
do governo, negócios e clientes; e, 4) Estocolmo, que visa criar uma estrutura de TI verde
para reduzir o impacto ambiental, aumentar a eficiência energética dos edifícios e
monitoramento do tráfego, entre outros objetivos [1].
É uma necessidade imperiosa tornar as cidades inteligentes porque a cidade se tornou o
principal habitat da humanidade. Pela primeira vez na história humana, mais da metade
da população vive nas cidades. Este número, 3,3 bilhões de pessoas, deverá ultrapassar a
marca de 5 bilhões até 2030. No início do século XX, a população urbana não excedeu
220 milhões de pessoas. O acesso a empregos, serviços, instalações públicas e maior bem-
estar econômico e social é o seu maior atrativo para todos os que para ela se dirigem [3].
Grande parte dos problemas ambientais globais tem origem nas cidades o que faz com
que dificilmente se possa atingir a sustentabilidade ao nível global sem torná-las
inteligentes.
O processo de urbanização ocorreu de forma significativa inicialmente nos países do
continente europeu, com o surgimento e desenvolvimento das indústrias durante o século
XVIII. A partir de 1950, esse processo tomou grandes proporções em escala global. O
processo de industrialização se expandiu por vários países, atraindo cada vez mais pessoas
para as cidades. Porém, a urbanização sem um devido planejamento tem como
consequência vários problemas de ordem ambiental e social. A maioria das cidades ao
redor do mundo cresce de forma desordenada e caótica. O inchaço das cidades, provocado
pelo acúmulo de pessoas, e a falta de uma infraestrutura adequada gera transtornos para
a população urbana comprometendo sua qualidade de vida. O crescimento descontrolado
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das cidades ao redor do mundo ressalta muitas vezes a falta de planejamento urbano,
gerando impactos irreversíveis nesses territórios, refletidos em sua qualidade ambiental.
Impactos significativos no meio ambiente ocorrem devido aos modos de produção e
consumo nos espaços urbanizados. Poluições, engarrafamentos, violência, desemprego,
etc., são comuns nas cidades. A poluição da água é causada principalmente pela liberação
de efluentes industriais e domésticos não tratados. A poluição do ar é um grande problema
detectado nas cidades que resulta da liberação de gases tóxicos para a atmosfera. O fluxo
intenso de carros e indústrias é o principal responsável por esse tipo de poluição. Outros
problemas ambientais resultantes da urbanização são impermeabilização do solo,
poluição visual, poluição sonora, mudança climática, chuva ácida, ausência de
saneamento ambiental, falta de adequada destinação e tratamento de resíduos sólidos,
efeito estufa, entre outros. A falta de planejamento urbano eficaz compromete a qualidade
de vida da população urbana. O crescimento desordenado das cidades gera a ocupação de
lugares impróprios para habitação de populações de baixa renda, como aqueles de elevada
declividade, fundos do vale, entre outros.
A acelerada urbanização e crescimento das cidades, especialmente a partir de meados do
século XX, promoveu mudanças fisionômicas no planeta, mais do que qualquer outra
atividade humana. É nas cidades que as dimensões sociais, econômicas e ambientais do
desenvolvimento sustentável convergem mais intensamente, fazendo com que se torne
necessário estruturar cidades inteligentes que sejam pensadas, gerenciadas e planejadas
de acordo com o modelo de desenvolvimento sustentável que tem por objetivo atender as
necessidades atuais da população da Terra sem comprometer seus recursos naturais,
legando-os às gerações futuras. Significa dizer que o modelo de desenvolvimento
inteligente e sustentável nas cidades deve ser adotado objetivando a compatibilização dos
fatores econômico e social com o meio ambiente.
Na era contemporânea, quando os problemas do aquecimento global podem levar à
mudança climática catastrófica em escala planetária, cada cidade precisa ter um plano de
adaptação às mudanças climáticas, especialmente aquelas sujeitas a eventos extremos. As
cidades costeiras, por exemplo, devem ter planejamento contra o aumento previsível do
nível dos oceanos e se preocupar com deslizamentos de terra nas encostas, inundações,
etc., resultantes de chuvas inclementes. Em suma, elas devem ter flexibilidade e
adaptabilidade aos novos requisitos climáticos. É necessário redesenhar o crescimento
urbano das cidades para integrá-lo ao ambiente natural e recuperar suas praias e seus rios
agora comprometidos com o lançamento de esgotos, para que as cidades não recebam
uma resposta hostil do meio ambiente natural.
Para fazer frente a eventos climáticos extremos nas cidades, é preciso que seja realizado
o controle de inundações. O controle de inundação diz respeito a todos os métodos usados
para reduzir ou impedir os efeitos prejudiciais da ação das águas. Tem sido recorrente a
ocorrência de inundações nas cidades. Os desastres relacionados com a água representam
90% de todos os desastres em número de pessoas afetadas em todo o mundo [2]. As
medidas de correção e prevenção para minimizar os danos causados pelas inundações são
classificadas, de acordo com sua natureza, em medidas estruturais e não estruturais. As
medidas estruturais correspondem aos trabalhos de engenharia que podem ser
implementados visando a correção e / ou prevenção de problemas decorrentes de
inundações. Medidas não estruturais são aquelas que buscam prevenir e / ou reduzir os
danos e consequências das inundações, não por meio do trabalho de engenharia, mas pela
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introdução de normas, regulamentos e programas que visam, por exemplo, disciplinar o
uso e ocupação do solo, implementar sistemas de alerta e conscientizar a população.
Afinal, o que caracteriza uma cidade inteligente e sustentável? É a cidade ser gerida
racionalmente com o apoio da população com o uso da tecnologia da informação, que
assegura o direito da população à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à
infraestrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para a
atual e futuras gerações e que assegura o direito da população a decidir sobre o destino
de sua cidade. Transformar uma cidade em cidade inteligente significa usar a tecnologia
da informação para facilitar a gestão da cidade com a colaboração da população e contar
com sua participação nas tomadas de decisão. O futuro das cidades e de suas populações
depende, portanto, do que seja realizado no sentido de adotar um novo modelo de gestão
com o uso da tecnologia da informação, promover a melhoria da qualidade de vida para
toda a população, promover o desenvolvimento sustentável da cidade e promover a
democratização das decisões do governo com a participação de toda a população.
REFERÊNCIAS
1. WIKIPEDIA. Cidade inteligente. Disponível no website
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Cidade_inteligente>.
2. RUSSI, A. Catástrofes relacionadas à água causaram perdas mundiais de US$ 306 bi
em 2017. Disponível no website
<https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/forummundialdaagua/2018/03/20/in
terna_forum_mundial_agua,667251/catastrofes-relacionados-a-agua-causaram-perdas-
de-us-306-bilhoes.shtml>, 2018.
3. BEAUJEU-GARNIER, J. Geografia Urbana. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian,
1980.
4. ALCOFORADO, Fernando. As revoluções nas comunicações desde a escrita na pré-
história à internet 5G na era contemporânea. Disponível no website <
https://www.academia.edu/59298940/AS_REVOLU%C3%87%C3%95ES_NAS_COM
UNICA%C3%87%C3%95ES_DESDE_A_ESCRITA_NA_PR%C3%89_HIST%C3%9
3RIA_%C3%80_INTERNET_5G_NA_ERA_CONTEMPOR%C3%82NEA>.
5. TECHTUDO. ‘Internet das Coisas’: entenda o conceito e o que muda com a tecnologia.
Disponível no website <https://www.techtudo.com.br/noticias/2014/08/internet-das-
coisas-entenda-o-conceito-e-o-que-muda-com-tecnologia.ghtml>, 2014.
* Fernando Alcoforado, 81, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema
CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em Planejamento
Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, Ex- Secretário do Planejamento
de Salvador, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento
empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização
(Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora
Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes
do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de
Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora
Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos
na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social
Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG,
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Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica,
Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate
ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores
Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no
Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba,
2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV,
Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017), Esquerda x Direita e a sua
convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-autoria), Como inventar o futuro
para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019) e A humanidade ameaçada e as estratégias para sua
sobrevivência (Editora Dialética, São Paulo, 2021).