Este artigo tem o objetivo de apresentar as grandes invenções que ocorreram com os meios de transporte fluvial, lacustre e marítimo visando o transporte de pessoas e cargas ao longo da história e sua evolução futura. O uso de embarcações se constituíram em um dos primeiros meios de locomoção inventados pelo homem e foi crucial para o desenvolvimento da humanidade. Desde os tempos mais remotos, os barcos têm sido usados como meio de transporte. No início, eram utilizadas canoas para atividades de pesca e transporte de curta distância. As canoas são consideradas as primeiras embarcações utilizadas para o transporte de pessoas e de carga. Aproveitando a correnteza da água ou usando remos, os navegadores moviam as canoas, percorrendo pequenas distâncias. Com o tempo, foram inventados os barcos a vela, que se moviam impulsionados pela força do vento. O desenvolvimento das embarcações e a descoberta de novas técnicas de navegação tornaram possível aos seres humanos atravessar rios, mares e oceanos, vencendo longas distâncias no transporte de passageiros e de cargas, além de utilizá-las como armas de guerra. Das canoas de madeira às grandes embarcações, como os modernos transatlânticos, houve muitos progressos. No futuro, embarcações se beneficiarão de tecnologias cada vez mais sofisticadas. Navios inteligentes se tornarão parte integrante da realidade que nos cerca.
THE GREAT INVENTIONS OF LAND AND PIPELINE TRANSPORT IN HISTORY AND ITS FUTURE...
AS GRANDES INVENÇÕES NO TRANSPORTE HIDROVIÁRIO AO LONGO DA HISTÓRIA E SUA FUTURA EVOLUÇÃO.pdf
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AS GRANDES INVENÇÕES NO TRANSPORTE HIDROVIÁRIO AO LONGO
DA HISTÓRIA E SUA FUTURA EVOLUÇÃO
Fernando Alcoforado*
Este artigo tem o objetivo de apresentar as grandes invenções que ocorreram com os
meios de transporte fluvial, lacustre e marítimo visando o transporte de pessoas e cargas
ao longo da história e sua evolução futura. O uso de embarcações se constituíram em um
dos primeiros meios de locomoção inventados pelo homem e foi crucial para o
desenvolvimento da humanidade. Desde os tempos mais remotos, os barcos têm sido
usados como meio de transporte. No início, eram utilizadas canoas para atividades de
pesca e transporte de curta distância. As canoas são consideradas as primeiras
embarcações utilizadas para o transporte de pessoas e de carga. Aproveitando a correnteza
da água ou usando remos, os navegadores moviam as canoas, percorrendo pequenas
distâncias. Com o tempo, foram inventados os barcos a vela, que se moviam
impulsionados pela força do vento. O desenvolvimento das embarcações e a descoberta
de novas técnicas de navegação tornaram possível aos seres humanos atravessar rios,
mares e oceanos, vencendo longas distâncias no transporte de passageiros e de cargas,
além de utilizá-las como armas de guerra. Das canoas de madeira às grandes embarcações,
como os modernos transatlânticos, houve muitos progressos.
A invenção das primeiras canoas e dos barcos a vela
Há registros de embarcações encontradas em um acampamento primitivo com cerca de
40 mil anos e, descobertas em Creta na Grécia datadas há 130 mil anos atrás. As mais
antigas encontradas por arqueólogos, possuem de 7 a 10 mil anos. No museu Drents na
Holanda, é possível visitar um barco construído com tronco de pinus, entre 8.200 a 7.600
a.c. [1]. Os antigos egípcios se destacaram primeiro no desenvolvimento de embarcações
fluviais que, com o passar do tempo, vários tipos de barcos e navios foram
construídos para a pesca, comércio, transporte (especialmente de pedras para a construção
das pirâmides), procissões e viagens. O Rio Nilo proporcionou um excelente meio de
transporte. Todas as cidades e a região podiam ser alcançadas por barcos. Um barco dos
mais antigos do mundo, com cerca de 4.500 anos, foi encontrado na pirâmide
de Quéops. Alguns pesquisadores acreditam que o faraó pretendia usá-lo após sua
morte. Quando o barco de Quéops foi achado, ele foi desmontado. O barco tinha mais de
1.200 peças e a embarcação não utilizava nenhum tipo de metal para a sua
fixação. O primeiro registro de um navio a vela é retratado em um pote egípcio que
remonta a 3200 a.C. Um dos mais notáveis avanços na construção de barcos foi o uso de
peças de madeira que se encaixavam, e o uso de cordas para juntar as partes. Esses barcos
eram feitos de madeiras nativas ou coníferas do Líbano. O cedro era importante como
material de construção naval. Também usavam veleiros com vela quadrada [2].
Três tipos de barcos para diferentes fins foram feitos no antigo Egito. As jangadas de
junco simples, foram usadas principalmente para caçar em pântanos. Eventualmente,
barcos de madeira mais fortes foram usados para longas excursões oceânicas, bem como
para transportar blocos de pedras na construção de monumentos como as pirâmides
pesando muitas toneladas. Para uso na construção de seus navios oceânicos, os egípcios
importaram cedro das áreas costeiras do Líbano ou da Síria. O terceiro tipo de barco era
feito com papiro. Os barcos foram usados para atividades diárias como caça ou
cerimônias religiosas. Eram feitos de feixes de juncos de papiro unidos. A marinha
egípcia participou da guerra e apoiou forças terrestres durante os tempos de expansão do
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império, como contra os Hittitas. Uma combinação de leme de direção, remos e velas
quadradas tornaram os navios de guerra egípcios altamente manobráveis. Os projetos de
casco incluíam armas levantadas para se defender contra arqueiros inimigos, plataformas
elevadas para disparar setas e garras dianteiras para afundar navios inimigos. Os
marinheiros egípcios tiveram que confiar nas estrelas ao penetrar no mar. Por volta de
2.500 a.C., barcos egípcios estabeleceram o comércio entre a foz do Rio Nilo e a Terra
de Canaã, enquanto a civilização Suméria navegava entre os Rios Eufrates e Tigre, saindo
do Golfo Pérsico e estabelecendo comércio com a Índia. Em 800 a.C. os Fenícios
estabeleciam colônias na Espanha e no norte da África [2].
A utilização dos barcos a vela tornou possível navegar distâncias maiores do que aquelas
percorridas pelos barcos a remo. Galés, inicialmente movidas a remo, ganharam uma vela
quadrada em um único mastro. Podiam assim velejar a favor do vento [4]. Técnicas de
orientação e navegação pela observação das estrelas já eram comuns no início do
cristianismo. Estas técnicas foram perdidas pelos europeus durante a Idade Média, mas
conservadas pela civilização árabe e reaprendidas pelos portugueses e espanhóis na era
dos descobrimentos. O desenvolvimento da astronomia, da geometria esférica pelos
gregos e a demonstração da esfericidade da Terra por Eratósthenes, possibilitaram o
desenvolvimento de conceitos de latitude e longitude. No início da Idade Média, as
embarcações se tornaram maiores, mais robustas e mais engenhosas. A navegação,
na Idade Média sem o estímulo do comércio, pouco evoluiu. Com o Renascimento, que
teve origem no século XIV na Itália e se espalhou para o resto da Europa e esteve em
vigor até o século XVI, e com a Revolução Comercial, que transferiu o antigo eixo
econômico existente no Mar Mediterrâneo para o Oceano Atlântico e representou um
grande período de transformações ocorridas na Europa entre o século XVI e XVIII,
começa a idade de ouro dos veleiros. O aperfeiçoamento dos barcos a vela deu origem às
caravelas [5]. Elas foram inventadas pelos portugueses há cerca de 600 anos. As caravelas
eram embarcações mais ágeis e velozes, e possibilitaram a realização de grandes viagens
marítimas. A caravela portuguesa é um dos primeiros exemplos de um navio pequeno,
mas altamente confiável para viagens oceânicas, que permite o início da expansão
marítima e a descoberta do resto do mundo pelos europeus. Foi a bordo de caravelas que
ocorreram as viagens do descobrimento da América com Cristóvão Colombo, de Vasco
da Gama às Índias e do descobrimento do Brasil por Pedro Álvares Cabral. Com a
invenção do barco a vela e a utilização da força do vento tornou possível o deslocamento
de pessoas e mercadorias por distâncias cada vez maiores [3]. A travessia do Oceano
Atlântico só foi possível, entretanto, com a descoberta das correntes marítimas do
Atlântico Norte e do Atlântico Sul [20].
A China já era uma potência marítima muito antes dos portugueses e espanhóis
explorarem os oceanos. Os chineses dominavam a técnica de navegação e a construção
naval [19]. Seu maior expoente foi Zheng He (1371-1433). No período de 1405 até 1433,
navegou sete vezes para o Sudeste Asiático e Oceano Índico. Sua frota era a maior do
mundo na época. Consistia em mais de 200 navios e cerca de 27.800 marinheiros e
soldados. Os chineses a chamavam de “navios do tesouro”. Os navios usados em todo o
Oceano Índico, os juncos, refaziam algumas das mesmas rotas tomadas por Ibn Battuta
(chamado de o viajante do islamismo e o maior viajante dos tempos pré-modernos).
Marco Polo, também descreveu os juncos chineses afirmando que eram na maior parte
construídos da madeira que é chamada abeto ou pinho e possuíam um andar, chamada de
convés. Neste convés havia geralmente 60 quartos ou cabanas, e em alguns mais e em
outros menos e quatro mastros com velas, que frequentemente acrescentavam dois
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mastros, que eram levantados e guardados toda vez que desejavam, com duas velas, de
acordo com o estado do tempo. A Escola de Sagres em Portugal desenvolveu, também,
no século XV, a tecnologia de construção das caravelas bem como as técnicas de
marinharia e navegação, necessárias às grandes viagens dos descobrimentos [18]. Com o
advento da máquina a vapor, os navios não precisavam mais depender do vento e de
outras condições climáticas para fazerem suas viagens.
A invenção do navio a vapor
Depois das caravelas, vieram os primeiros navios a vapor, que surgiram há cerca de 200
anos com embarcações utilizando máquinas a vapor que foram desenvolvidas para mover
grandes navios. Um navio a vapor é uma embarcação propelida por um motor a vapor. O
funcionamento da máquina a vapor baseia-se no princípio de expansão do vapor que,
gerando diminuição na temperatura e energia interna, essa energia interna perdida pela
massa de gás reaparece na forma de energia mecânica, pela força exercida contra um
êmbolo. A queima do carvão era utilizada para promover a expansão do vapor d´água até
início do Século XX, quando o carvão foi substituído pelo óleo diesel. As primeiras
embarcações a vapor permitiram que as viagens marítimas ficassem mais rápidas e que o
comércio exterior fosse expandido. São tipicamente caracterizados por possuírem
grandes chaminés. A difusão da invenção da máquina a vapor desde James Watt,
propiciou o sonho de mover grandes embarcações sem depender dos ventos, o que é
normalmente associado a Robert Fulton e à sua viagem no rio Hudson em 1807
[6]. Modernamente, são utilizados nos navios motores movidos a diesel. Atualmente, os
navios de carga transportam uma grande quantidade dos mais variados produtos, desde
alimentos perecíveis até automóveis, minérios e petróleo.
Existem também os transatlânticos que navegam nos oceanos e se destinam ao transporte
de muitos passageiros. Um transatlântico é um navio que pode transportar carga ou
correio e ser usado para outros fins (como em cruzeiros de recreio, navios-hospital,
transporte de tropas etc.). As viagens transatlânticas começaram no século XIX. O
comércio intercontinental para distâncias cada vez maiores também tornou necessário
uma melhoria nas viagens. No começo do século XX, as viagens já estavam bem
desenvolvidas e com esse desenvolvimento veio a competição pela supremacia naval.
Alemães, britânicos e franceses competem entre si nos quesitos velocidade, luxo,
tamanho, e conforto. Durante a 1ª e 2ª Guerra Mundial, os transatlânticos foram usados
como transporte de tropas e navios-hospitais [7]
A invenção dos navios como armas de guerra
Navios foram e são utilizados, também, como armas de guerra. As mesmas embarcações
utilizadas para transporte pelo homem primitivo como balsas ou canoas, feitas com peles
de animais podem ter sido empregadas durante as guerras tribais.
Os cartagineses herdaram dos fenícios sua tradição naval e impuseram derrotas
aos romanos durante as chamadas Guerras Púnicas (264 a.C. – 146 a.C). Roma, uma
potência terrestre, leva a guerra da terra ao mar, adotando como tática preferencial a
abordagem do inimigo. Alguns navios romanos levavam catapultas a bordo [8].
Modernamente, um navio de guerra ou belonave é qualquer tipo de embarcação, fluvial
ou marítima que possa ser utilizada em combate. Normalmente eles pertencem às forças
armadas de um país. À medida que as civilizações vão se desenvolvendo, navios maiores
foram construídos e surgiram navios de guerra especializados, distintos daqueles usados
4. 4
para o comércio. O uso de canhões de carregar pela boca, inicialmente com balas de pedra
e posteriormente de metal e com o uso da pólvora dá um grande estímulo à expansão
europeia no século XV. Frotas pequenas, como a portuguesa, podem dominar o Oceano
Índico, enfrentando os veleiros locais menos desenvolvidos. O aperfeiçoamento dessas
embarcações, dos séculos XVI ao XIX, ocorreu com a construção de navios com quatro
ou cinco mastros armados com baterias de canhões nos bordos. Alguns deles tinham mais
de cem canhões. O desenvolvimento da propulsão a vapor, de canhões capazes de disparar
granadas explosivas e da construção de blindagem em ferro e aço revolucionaram a guerra
naval. A mudança se dá de modo gradual. Os primeiros navios “encouraçados” com
blindagem de ferro são empregados para atacar fortalezas em resposta à vulnerabilidade
dos navios de madeira altamente incendiáveis [8].
A invenção do submarino
A invenção do submarino, embarcação especializada para operar submersa, dá uma nova
dimensão à guerra naval. O submarino foi largamente usado pela primeira vez na 1ª
Guerra Mundial sendo empregada por todas as grandes marinhas atualmente. Submarinos
civis submergíveis são usados, também, com fins científicos tanto na água doce quanto na
água salgada para trabalhar em profundidades muito grandes. No século XV, o gênio
italiano Leonardo da Vinci, responsável pela criação de inúmeros inventos, desenvolveu
a ideia de uma nave submarina, além de uma série de outros projetos para exploração
aquática. Entretanto, foi o matemático inglês William Bourne o responsável por analisar
todos os aspectos práticos da utilização de tanque de lastro para a submersão, abrindo
caminho para a criação dos primeiros protótipos de uma embarcação capaz de operar de
forma submersa. Os submarinos usam tanques de lastro os quais são abertos e
completamente completados com água durante a submersão ou completamente
preenchidos com ar pressurizado para vir à tona. O primeiro modelo da história do
submarino foi criado em 1620, pelo holandês Cornelis Drebbel. Entre os anos de 1578 e
1801, vários projetos de aperfeiçoamento foram executados, como o USS Turtle e o
Nautilus. Por volta de 1890, com a criação do motor de combustão interna e do
aperfeiçoamento dos motores elétricos, o submarino teve um avanço vertiginoso. Os
submarinos englobam uma vasta gama de tamanho de embarcação, desde embarcações
de duas pessoas até os submarinos nucleares. Há também submarinos especializados em
resgate de submarinos e pequenos submarinos movidos por uma pessoa.
Submarinos alemães foram usados durante as duas guerras mundiais [9].
A partir de 1955, surgiram os primeiros submarinos nucleares, realidade que mudou
significativamente a forma de funcionamento dos mesmos. Se antes precisavam voltar à
atmosfera com frequência, agora seriam capazes de permanecer debaixo d’água por
vários anos seguidos. O uso da propulsão nuclear traz grandes vantagens nestes tipos de
embarcação pois possibilita que o submarino permaneça por longos períodos de tempo
totalmente submerso, o que não é possível quando é movido pelo sistema diesel-
elétrico pela necessidade de ar ou movido a energia elétrica pois as baterias não têm longa
duração. Existem mais submarinos militares em operação do que civis. Os submarinos
são úteis militarmente porque são difíceis de serem localizados e, quando abaixo da
superfície, são difíceis de se destruir. Um grande esforço é empregado no projeto de um
submarino para possibilitá-los atravessar a água tão silenciosamente quanto seja possível,
de forma a impedir sua detecção. Todo submarino tem condições de flutuação positiva,
pesando menos do que a água que ele desloca. Para submergir hidrostaticamente, um
navio deve ganhar uma flutuação negativa, ou aumentando seu próprio peso ou
diminuindo o deslocamento de água. Para controlar seu peso, os submarinos são
5. 5
equipados com tanque de lastro o qual pode ser preenchido com água ou esvaziado com ar
pressurizado [17].
A invenção dos porta-aviões
Um porta-aviões é um navio de guerra projetado com o objetivo principal de enviar e
recepcionar aeronaves funcionando como uma base militar em alto-mar. Com o invento
de aviões foi pensada a possibilidade deles decolarem e aterrissarem com segurança em
embarcações. Em 1910, aconteceu a primeira decolagem experimental de um avião a
partir do deque de uma embarcação, o cruzador norte-americano USS Birmingham, e a
primeira aterrissagem aconteceu em 1911. A primeira vez que um avião decolou de um
navio em alto mar foi em 1912 usando o navio inglês HMS Hibernia. O primeiro ataque
realizado a partir de um porta-aviões aconteceu em 19 de Julho de 1918, quando sete
aeronaves decolaram do navio americano HMS Furious. Durante a década de 1920, várias
nações começaram a encomendar e construir navios de guerra desenhados para atuar
como porta-aviões. Isso permitiu que o casco dessas embarcações fosse especializado
nesse novo papel, resultando em navios superiores a aqueles que eram resultados de
conversões [10].
No fim da década de 1930, os porta-aviões já eram capazes de empregar três tipos de
aviões: torpedeiros, bombardeiros e caças, que eram usados principalmente para defesa
aérea da esquadra e a escolta dos bombardeiros. Por causa do pouquíssimo espaço
disponível nesses porta-aviões, os aviões eram pequenos, geralmente com asas dobráveis,
úteis para otimizar o uso de espaço na embarcação. Durante a 2ª Guerra Mundial, estes
navios se tornariam a espinha dorsal das forças navais norte-americanas, britânicas e
japonesas, dando origem às esquadras de porta-aviões. Geralmente, o porta-aviões
permite à força naval enviar suporte aéreo a qualquer ponto do mundo, sem depender de
bases locais para preparar operações aéreas. Atualmente, qualquer país que planeja
exercer algum tipo de influência estratégica no mundo necessita de porta-aviões. Por não
terem o poder de fogo de outros navios de guerra, os porta-aviões são considerados
bastante vulneráveis ao ataque direto de outras embarcações, aeronaves ou submarinos.
Por isso, os porta-aviões são escoltados por outros navios que têm a missão de protegê-lo
[10].
As embarcações do futuro
No futuro, navios se beneficiarão de tecnologias cada vez mais sofisticadas. Navios
inteligentes se tornarão parte integrante da realidade que nos cerca. Navios disporão de
sonar sofisticado para impedir colisões com icebergs ou de meios que propiciam melhor
utilização de energia. Navios como esses usarão melhor as correntes marítimas e pode
mesmo evitar maiores danos para o ecossistema [16]. A indústria naval vem estudando
inovações que colocarão a navegação, inevitavelmente, em um patamar mais sustentável.
Espera-se que nos próximos 10, 20 ou 30 anos, surjam embarcações movidas a energia
solar, já que existe um grande avanço nos estudos desta tecnologia e sua aplicabilidade
em grande escala. Haverá, até mesmo, o uso civil da energia nuclear como fonte de
propulsão e de portos inteligentes [15].
Novas tecnologias poderão ser agregadas às infraestruturas portuárias, baseadas no
conceito da indústria 4.0 na automatização e digitalização dos portos por meio de
robótica, big data, internet das coisas (IoT), blockchain e inteligência artificial. Os navios
6. 6
cargueiros utilizarão baterias que serão alimentadas por energia solar e eólica através de
acordos com empresas que operam perto dos portos onde os barcos serão atracados. Ali
eles poderão ser recarregados e ter suas baterias substituídas. Os navios cargueiros serão
supridos por baterias que serão alimentadas por energia solar e eólica através de acordos
com empresas que operam perto dos portos onde os barcos serão atracados [11].
Além dos carros autônomos, poderá chegar a vez dos navios autônomos. Um novo navio
cargueiro porta-contêineres elétrico e sem tripulação está sendo construído na Noruega
por duas empresas. O navio cargueiro elétrico, para transporte marítimo de curta
distância, contará no início com uma tripulação ainda presente, mas, em 2022, o navio
passará para o funcionamento autônomo (caso obtenha as autorizações necessárias). Este
navio chamado “Tesla dos mares” será dirigida a partir de um centro de controle a bordo
durante as primeiras viagens. Depois será controlado de forma autônoma via GPS. As
possíveis colisões serão evitadas usando uma combinação de sensores [12].
O primeiro navio de carga autônomo e totalmente elétrico foi construído na Noruega em
2021. O Yara Birkeland vai viajar de Herøya a Brevik com apenas três centros de controle
remoto vigiando a viagem. O Yara desenvolveu o conceito pela primeira vez em 2017 e
planejava zarpar em 2020, mas a pandemia do COVID-19 atrasou a viagem. Não é o
primeiro navio sem tripulação de qualquer tipo a se aventurar, mas é o primeiro modelo
totalmente elétrico. É uma embarcação com uma velocidade máxima de 13 nós de seus
dois sistemas de propulsão de 900 kW e é importante dizer que sua bateria gigante de 7
MWh levará um certo tempo para carregar. No entanto, Yara valerá a pena pelos ganhos
ambientais [13].
Os grandes navios queimam óleo pesado, um combustível com alto teor de enxofre que
produz uma grande quantidade de óxido de enxofre e compostos de óxido de azoto.
A emissão de CO2 de um grande navio equivale a mais de 83 mil automóveis. Como
existem 100.000 navios, eles poluem tanto quanto 830 milhões de automóveis. Para evitar
este problema, a empresa de transporte marítimo global Maersk programa instalar “velas
de rotor” para seus petroleiros, como uma forma de reduzir os custos de combustível e as
emissões de carbono. A empresa por trás da tecnologia, a Norsepower, finlandesa, diz
que este é o primeiro sistema de retrofit de energia eólica num petroleiro [14].
Cabe destacar os grandes avanços na aplicabilidade dos ventos ou da energia eólica na
propulsão de navios. A energia eólica, com a instalação de velas de rotores, gera energia
limpa e renovável como fonte auxiliar de propulsão, trazendo mais sustentabilidade ao
setor naval em um futuro próximo. Grandes avanços na redução de consumo de
combustível são atingidos, também, graças aos sistemas de recuperação de calor mais
eficientes, tipos de pintura, e até profundas mudanças no design dos cascos dos navios,
todas gerando menos emissões de gases de efeito estufa na atmosfera.
Grande expansão haverá com a propulsão de navios por GNL (Gás Natural Liquefeito).
Embarcações que utilizam este combustível fóssil, um dos mais limpos, já são uma
realidade e sua aplicabilidade vem aumentando ano após ano. O uso do GNL proporciona
não somente uma redução de custos ao armador, principalmente relativos à manutenção,
mas principalmente o ganho ambiental. Em comparação com os motores tradicionais,
representa uma redução de 99% na emissão de dióxido de enxofre, 85% de dióxido de
nitrogênio e 20% de dióxido de carbono. Os avanços na substituição do óleo pesado pelo
7. 7
GNL na propulsão de navios permitirá alcançar a meta da Organização Marítima
Internacional (IMO) de redução de 40% na emissão de gases causadores de efeito estufa
até 2050 [15].
Uma das mais sustentáveis tecnologias em estudo é a de cargueiros sem tanques de lastro
que visam proporcionar a estabilidade dos navios evitando a descarga da água salgada de
lastro que ao esvaziá-lo podem acarretar sérios impactos ambientais devido à inserção de
microrganismos não-nativos, como, por exemplo, surtos de cólera e a propagação do
mexilhão-dourado, que causa sérios problemas de incrustação em embarcações,
tubulações e até hidrelétricas. Os regulamentos para descarte de tais águas vêm se
tornando cada vez mais restritivos e, em um horizonte de mudanças, embarcações que
utilizam tanques de lastro serão penalizados. Cabe observar que os navios utilizam
atualmente água nos tanques de lastro para manter a estabilidade, segurança e eficiência
operacional, especialmente quando o navio não está carregado. A mudança nos cargueiros
sem tanques de lastro consiste na substituição dos tanques de lastro por “tubos”
longitudinais estruturais, com admissão na proa e descarga na popa, que criam um fluxo
constante de água salgada local e promovem a pressão necessária para gerar a estabilidade
do navio, de acordo com a carga embarcada. A eventual implementação de tal tecnologia
na construção naval poderá trazer impactos positivos para o meio ambiente e para o custo
operacional da embarcação, uma vez que não serão necessárias uma série de medidas e
equipamentos que hoje são utilizados para mitigar os riscos de despejo de microrganismos
em outras áreas [15].
REFERÊNCIAS
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2. MESQUITA, João Lara. Egípcios e a navegação, potência marítima ao tempo dos
faraós. Disponível no website <https://marsemfim.com.br/egipcios-e-a-
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no website <http://xingu.fisica.ufmg.br:8087/oap/public/pas2401.htm>.
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<https://treinamento24.com/library/lecture/read/182223-como-foi-a-evolucao-das-
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8. WIKIPEDIA. Navio de guerra. Disponível no website
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Navio_de_guerra#:~:text=Um%20navio%20de%20guerr
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11. DIÁRIO DO PORTO. Navegação 4.0 é o futuro da marinha comercial. Disponível no
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12. MESQUITA, João Lara. Navios movidos a novas tecnologias, conheça algumas.
Disponível no website <https://marsemfim.com.br/navios-movidos-a-novas-tecnologias-
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13. PEREIRA, Adilson. Primeiro navio de carga elétrico sem tripulação começa sua
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<https://www.maistecnologia.com/primeiro-navio-de-carga-eletrico-sem-tripulacao-
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<https://www.historiadetudo.com/submarino>.
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18. UFMG - O OBSERVATÓRIO ASTRONÔMICO FREI ROSÁRIO. Velejando contra
o vento: A Física do barco à vela. Disponível no website
<http://xingu.fisica.ufmg.br:8087/oap/public/pas2401.htm>.
19. MESQUITA, João Lara. China potência marítima do século XV. Disponível no
website <https://marsemfim.com.br/china-potencia-maritima/>. 1 de maio de 2018.
20. BRASIL ESCOLA. Grandes Navegações. Disponível no website
<https://brasilescola.uol.com.br/historiab/grandes-navegacoes.htm>.
* Fernando Alcoforado, 82, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema
CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em Planejamento
Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor
nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de
sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC-
O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil
(Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de
doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003),
Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI
ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary
Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr.
Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe
Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável-
Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio
Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora
CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no
Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que
Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba,
2017), Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-
autoria), Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019) e A humanidade
ameaçada e as estratégias para sua sobrevivência (Editora Dialética, São Paulo, 2021).