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RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência de uma estudante de Enfermagem em um consultório
especializado em tratamento de feridas
Report of an experience of a nursing student in a clinic specialized in treatment of wounds
Informe de una experiencia de estudiantes de enfermería en un especialista en el tratamiento
de la oficina de las heridas
Bruna Luana de Lima CAVALCANTE1
, Uirassú Tupinambá Silva de LIMA2
Relato de experiência de estágio curricular não obrigatório, realizado em um consultório de enfermagem
especializado em tratamento de feridas da cidade de Maceió, no período de abril a dezembro de 2010. Utilizou-
se das seguintes técnicas de coleta de dados: diário de estágio, observação estruturada (pesquisador
participante), consulta à ficha de atendimento clínico, participação nas atividades clínicas/gerenciais, análise
da estrutura física do consultório, consulta a órgãos públicos normatizadores e regulamentadores de serviços de
saúde. Este artigo tem como objetivo apresentar as experiências e as atividades vividas durante o estágio. Nos
resultados foi possível relatar a assistência do enfermeiro no consultório, o perfil clínico dos pacientes, citar as
diferentes formas de tratamento disponíveis e descrever alguns aspectos gerenciais da constituição e
implementação de um consultório de enfermagem. A experiência foi significativa, sinalizando que o cenário em
questão é muito importante como campo de dispersão para o alunado de enfermagem que busca ampliar seus
conhecimentos na área de dermatologia e da estomaterapia.
Descritores: relato de experiência; consultório de enfermagem; tratamento de feridas.
Experience report of probation is not mandatory, performed in a clinical nursing specialist in the treatment of
wounds of the city of Maceió, in the period April to December 2010. We used the following techniques of
data collection: diary stage, structured observation (research participant), refers to the form of clinical
service, participation in clinical activities / management, analysis of the physical structure of the clinic,
consults to government agencies and regulators normalizers health services. This article aims to present the
experiences and activities experienced during the internship. The results could report to assist the nurse in the
clinic, the clinical profile of patients, citing the different forms of treatment available and describe some
managerial aspects of the constitution and implementation of a nursing clinic. The experience was significant,
signaling that the scenario is very important as the stray field of nursing for the student body that seeks to
expand their knowledge in the field of dermatology and stomal.
Descriptors: Experience report; Nursing clinic; Wounds treatment.
Relato de experiencia de la libertad condicional no es obligatoria, realizada en un especialista en enfermería
clínica en el tratamiento de las heridas de la ciudad de Maceió, en el período de abril a diciembre de 2010. Se
utilizaron las seguientes técnicas de recolección de datos: la etapa del diário, la observación estructurada
(participante de la investigación), se refiere a la forma de la atención odontológica, la participación en las
actividades clínicas y la gestión, el análisis de la estructura física de la clínica, consulta a los organismos
gubernamentales y reguladores normalizadores servicios de salud. Este artículo tiene como objetivo presentar
1
Graduanda do Curso de Enfermagem da FCBS/CESMAC. E-mail: bruna_cavalcante1@hotmail.com
2
Professor do Curso de Enfermagem da FCBS/CESMAC. E-mail: uirassulima@yahoo.com.br
RESUMO
ABSTRACT
RESUMEN
2
Cavalcante BLL, Lima UTS. Relato de experiência de uma estudante de Enfermagem em um consultório
especializado em tratamento de feridas. J Nurs Health, Pelotas (RS) 2012 jan/jun;1(2):94-103.
las experiencias y actividades con experiencia en su práctica. Los resultados podrían ayudar a informar a la
enfermera en la clínica, El perfil clínico de los pacientes, citando a las diferentes formas de tratamiento
disponibles y se describen algunos aspectos de gestión de la constituición y puesta en práctica de una clínica de
enfermería. La experiencia fue significativa, lo que indica que ese cenario es muy importante como el campo de
dispersión de enfermería para ela lumnado que busca ampliar sus conocimientos en el campo de la
dermatología y del estoma.
Descriptores: Experiencia informe; Enfermería oficina; Cuidado de heridas.
INTRODUÇÃO
No Brasil, as feridas acometem a
população de forma geral, independente de
sexo, idade ou etnia, determinando um alto
índice de pessoas com alterações na
integridade da pele, causando elevados
custos financeiros, tanto ao indivíduo
acometido, quanto à instituição de saúde,
sendo assim, um problema de saúde
pública.1
Há algum tempo, o tratamento das
lesões deixou de ser apenas enfocado na
realização da técnica de curativo, incorpo-
rando toda a metodologia da assistência
que o enfermeiro presta, com avaliação do
estado geral do paciente, exame físico di-
recionado de acordo com a etiologia da
lesão, escolha do tratamento e da cober-
tura a ser utilizada, além do registro de
enfermagem e projeção prognóstica.2
O cuidado do enfermeiro com o pa-
ciente que possui esse perfil, requer dos
profissionais, muito além da prática do cu-
rativo, abordagem também, da compreen-
são da fisiologia da pele, fisiologia da cica-
trização, conhecimento científico e conhe-
cimento sobre os tipos de coberturas exis-
tentes no mercado.3
Sem esse conhecimento, é impossível que se
possa fazer um diagnóstico correto do tipo de
lesão e realizar a indicação do produto
adequado para a prevenção ou tratamento da
lesão.4:281
A ferida é algo que fragiliza, podendo,
em muitas das vezes, incapacitar o
paciente de desenvolver suas atividades
diárias. A pessoa que tem uma lesão car-
rega consigo a origem dessa lesão: queima-
dura, trauma, doença crônica, complica-
ções após um procedimento cirúrgico, en-
tre outros.5
A prevenção e tratamento de
feridas devem ser realizados em clínicas,
unidades básicas de saúde da família, con-
sultórios, ou seja, ambientes que tenham
uma equipe multidisciplinar com profissio-
nais da saúde, capacitada para esta finali-
dade, seja ela de iniciativa pública ou pri-
vada, dispondo também de materiais ade-
quados.
Ao longo dos últimos anos, a enfer-
magem e outros profissionais da saúde vêm
buscando, na literatura, conhecimentos
relativos à prevenção de danos teciduais e
do tratamento e cuidados com feridas que
possam melhorar sua práxis neste sentido.
No Brasil, a dermatologia na perspectiva da
enfermagem, atualmente vem se desenvol-
vendo através da atuação da assistência
direta do enfermeiro ao paciente em uni-
dades ambulatoriais, domiciliares e hospi-
talares.
Para focar este contexto assistencial,
a coautora deste trabalho realizou um
estágio curricular não obrigatório em um
consultório de enfermagem com a supervi-
são direta de uma enfermeira preceptora
possibilitando a construção do presente
artigo, capaz de compartilhar alguns aspec-
tos teóricos e práticos do momento vivido
pela autora neste singular ambiente de as-
sistência a pessoas fragilizadas pela quebra
de sua integridade cutânea.
Diante das reflexões aqui iniciadas, o
presente estudo teve como objetivo apre-
sentar as experiências e as atividades vivi-
95
3
Cavalcante BLL, Lima UTS. Relato de experiência de uma estudante de Enfermagem em um consultório
especializado em tratamento de feridas. J Nurs Health, Pelotas (RS) 2012 jan/jun;1(2):94-103.
das por uma estudante de enfermagem du-
rante um estágio em consultório especiali-
zado em tratamento de feridas, desta-
cando-se a assistência de enfermagem ao
portador de lesão cutânea, manejo com os
diferentes tipos de coberturas, caracteriza-
ção do perfil da clientela e relato de alguns
aspectos gerenciais da constituição e im-
plementação de um consultório de enfer-
magem.
MATERIAIS E MÉTODOS
Esta pesquisa consistiu em um relato
de experiência que descreve aspectos
vivenciados pela autora, na oportunidade
de um estágio curricular não obrigatório em
um consultório de enfermagem especiali-
zado em tratamento de feridas. Trata-se de
um olhar qualitativo, que abordou a
problemática desenhada a partir de
métodos descritivos e observacionais.
O relato de experiência é uma fer-
ramenta da pesquisa descritiva que apre-
senta uma reflexão sobre uma ação ou um
conjunto de ações que abordam uma situa-
ção vivenciada no âmbito profissional de
interesse da comunidade científica. O está-
gio que resultou na redação deste relato
aconteceu de abril a dezembro de 2010 em
um consultório de enfermagem situado na
cidade de Maceió, após a autorização da
enfermeira responsável técnica, especia-
lista em enfermagem dermatológica.
O projeto desta pesquisa foi subme-
tido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Fa-
culdade de Ciências Biológicas e da Saúde
(CEP – FCBS/CESMAC), na qual foi emitido
um parecer com Protocolo no
1.183/11 in-
formando que a partir das diretrizes para
pesquisas definidas pela resolução CNS/MS
196/96 e suas complementares, a pesquisa
não necessitou da submissão para aprecia-
ção ética, por se tratar de relato de expe-
riência da própria coautora, com anuência
do local onde ocorreu o estágio curricular
não obrigatório e garantias de confidencia-
lidade dos dados.
Utilizou-se das seguintes técnicas de
coleta de dados: diário de estágio, obser-
vação estruturada (pesquisador partici-
pante), consulta à ficha de atendimento
clínico, participação nas atividades clíni-
cas/gerenciais, análise da estrutura física
do consultório, consulta a órgãos públicos
normatizadores e regulamentadores de ser-
viços de saúde. Não foram utilizados dados
pessoais, apenas aqueles de interesse fisio-
patológico e/ou epidemiológico.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Assistência de enfermagem
O Consultório de enfermagem derma-
tológica em que decorreu o estágio foi
inaugurado no início do ano de 2010, sendo
o primeiro consultório de enfermagem em
Maceió-AL. Tem como foco o tratamento de
pacientes com lesões cutâneas, indepen-
dente de sua etiologia, procedentes de en-
caminhamento ou de livre procura. Os pa-
cientes, primeiramente, agendam sua con-
sulta diretamente com a enfermeira, ge-
ralmente por telefone.
Na primeira consulta foi feita anam-
nese, exame físico, sinais vitais e o preen-
chimento da ficha de atendimento à pessoa
portadora de ferida, contendo informações
necessárias de cada paciente. A consulta
de enfermagem fornece subsídios para o
diagnóstico e elaboração de um plano de
cuidados. Sua realização exige do
profissional enfermeiro uma série de
conhecimentos e constante treinamento
que o instrumentalize a desenvolver esta
prática.6
Após esse primeiro momento o paci-
ente foi levado à maca, onde foi inicial-
mente realizado o exame físico para detec-
ção de outras anormalidades e análise cri-
teriosa da lesão pela enfermeira. Esta aná-
lise é fundamental para detecção das ne-
cessidades da lesão e escolha da cobertura
que poderá ser utilizada como estratégia
terapêutica inicial.
96
4
Cavalcante BLL, Lima UTS. Relato de experiência de uma estudante de Enfermagem em um consultório
especializado em tratamento de feridas. J Nurs Health, Pelotas (RS) 2012 jan/jun;1(2):94-103.
Os curativos são uma forma de tratamento
das feridas cutâneas e sua escolha depende
de fatores intrínsecos e extrínsecos. O
tratamento das feridas cutâneas é dinâmico e
depende, a cada momento, da evolução das
fases de cicatrização.7:203
A partir da avaliação, a enfermeira
pode desenvolver o seu plano de cuidados,
embasado em conhecimento técnico-cientí-
fico sobre ferida. Os resultados esperados
foram estabelecidos e, a partir disto, a en-
fermeira planejou o uso de coberturas de
acordo com a gravidade, o tipo de ferida e
a presença de alguma condição que cau-
sasse complicação, como infecção, má nu-
trição, imunossupressão e diabetes, capaz
de afetar a cicatrização.
Antes de qualquer intervenção, o
paciente era informado sobre o procedi-
mento que iria ser realizado, sendo tran-
quilizado durante a técnica. Muitos se
apresentavam inseguros, e desacreditados,
pelo fato de estarem há muito tempo fra-
gilizados com a lesão e por terem passado
pela assistência de vários profissionais de
saúde e não terem obtido resultado.
É importante envolver o paciente em
todas as decisões sobre seu tratamento;
isso fará com que se tenha um relaciona-
mento baseado na confiança, deixando-o
mais à vontade.8
Durante as consultas, foi
visto que muitos estavam acompanhados de
algum familiar e solicitavam para que no
momento do procedimento do curativo eles
estivessem presentes, fazendo com que
amenizasse o medo e a angústia.
É preciso ter consciência de que o
paciente está em um momento muito deli-
cado de sua vida, já que dor e aparência da
lesão interfere na qualidade de vida desse
paciente, necessitando de muita dedicação
e apoio em seu tratamento.9
O procedimento do curativo se deu
primeiramente através da inspeção e aná-
lise da lesão. Após classificar a lesão
quanto as suas características para a esco-
lha da cobertura que iria ser utilizada, o
primeiro passo foi a limpeza com solução
fisiológica a 0,9% de cloreto de sódio em
temperatura ambiente e gaze esterilizada,
e depois a aplicação de uma solução anti-
microbiana de polihexametileno biguanida
(PHMB) que era deixada por 15 minutos.
Após a limpeza da lesão, se ainda assim
permanecesse tecido desvitalizado, o pró-
ximo passo seria promover o desbrida-
mento.
Há quatro tipos básicos de desbrida-
mento: cirúrgico, mecânico (inespecífico),
químico e autolítico. Dentre estes, no con-
sultório os mais comumente usados foram o
mecânico e o instrumental conservador,
onde era utilizada a força mecânica com
gaze e solução fisiológica no leito da ferida
para a retirada do tecido inviável; ou o pa-
cote de curativo com uma pinça de kelly,
uma dente de rato e uma pinça anatômica,
tornando o desbridamento seletivo, respec-
tivamente, a depender da melhor escolha
para cada paciente e do seu limiar de dor.
Mesmo que após estes desbridamen-
tos, permanecesse tecido inviável, havia
necessidade do auxílio de um desbridante
tópico ou da aplicação de uma cobertura
que favorecesse o desbridamento.
Sucedendo a escolha e realização do
curativo, o paciente e seus familiares sem-
pre eram orientados sobre o tipo de cober-
tura e tratamento que foi utilizado. Cada
escolha de cobertura tem a quantidade
máxima de dias que pode permanecer no
leito da ferida, a depender de cada lesão e
principalmente do exsudato.
Então, a enfermeira os orientava que
até o retorno da consulta, os dias em que
eram permitidos ficarem com o curativo,
que trocassem somente o curativo secundá-
rio e/ou terciário, caso o exsudato trans-
passasse (que geralmente eram as gazes e
atadura), não mexendo, em hipótese al-
guma, na cobertura primária, nem reali-
zando qualquer limpeza, permanecendo
assim até a próxima consulta.
Caso houvesse alguma intercorrência,
eles eram orientados a telefonar ime-
diatamente para a enfermeira, para ela
orientar da melhor maneira possível sobre
97
5
Cavalcante BLL, Lima UTS. Relato de experiência de uma estudante de Enfermagem em um consultório
especializado em tratamento de feridas. J Nurs Health, Pelotas (RS) 2012 jan/jun;1(2):94-103.
qual conduta seguir. Todos os pacientes
eram encorajados a este posicionamento,
quando em sua moradia, até o próximo re-
torno. Esta informação foi de grande im-
portância, já que, em sua maioria, o re-
torno variava de 3 a 7 dias.
As diferentes formas de tratamento de
lesões cutâneas
O consultório disponibilizava de um
protocolo de curativo estabelecido pela
enfermeira para auxiliar na escolha da
cobertura. Neste protocolo haviam vários
tipos de coberturas que poderiam ser
utilizados no paciente, a partir do
diagnóstico da enfermeira, seguido de
indicação, contraindicação, tempo de
permanência na ferida, princípio
ativo/composição e a forma que são
aplicados.
Antes da indicação da cobertura, era
feita uma análise criteriosa do paciente
como um todo. A doença de base (diagnós-
tico médico), perfil social do indivíduo
(como condição da moradia e perfil econô-
mico). O processo de seleção de curativo é
determinado por vários fatores, como ca-
racterística, localização da ferida e a varie-
dade de coberturas disponíveis.10
Essa análise foi feita porque houve
pacientes de variados níveis econômicos e
sociais, pacientes com deficiência de
acesso a transporte, principalmente os do
interior do Estado, que dificultava sua ida
ao consultório. A partir disto, a enfermeira
podia escolher a cobertura que iria se ade-
quar a esses critérios, ou seja, coberturas
que pudessem ficar mais tempo na ferida,
sem precisar que o paciente fosse mais ve-
zes ao consultório durante a semana, e que
tivesse uma relação custo/benefício, prin-
cipalmente.
Nos casos de lesão crônica ou infec-
cionadas, a ferida teve seu tratamento
iniciado com carvão ativado com prata até
desaparecerem ou diminuírem esses sinais,
e fosse novamente reavaliado e indicado
outro tipo de cobertura. Por ser de longa
permanência, a depender do exsudato, ele
dispõe de muita praticidade, minimizando
as trocas e a ida ao consultório. A segunda
escolha como tratamento de feridas infec-
tadas, foi a cobertura composta de fibras
de alginato com prata. A enfermeira optava
por esta cobertura, geralmente nos casos
onde, além da infecção, havia uma quanti-
dade moderada a alta de exsudato.
As coberturas disponibilizadas no
consultório iam desde a prevenção de úlce-
ras e infecção, controle microbiano, ao
auxílio no seu total reparo. Para as feridas
com tecido desvitalizado, escara e fibrina,
havia vários meios para ajudar na remoção
do tecido desvitalizado, que é o que se
chama de desbridamento.
Para o desbridamento autolítico,
disponibilizava do hidrogel, um gel transpa-
rente e amorfo contendo alginato de sódio,
que pode permanecer na lesão por até 72
horas fazendo o desbridamento através da
promoção do meio úmido, estimulando a
migração dos leucócitos e ação de enzimas.
“O desbridamento autolítico é uma alterna-
tiva para o cliente que não pode tolerar um
desbridamento cirúrgico ou outros méto-
dos”.11:120
O desbridamento químico podia ser
oportunizado através da papaína, que é um
derivado do mamão carica papaya e é in-
dicado através de diferentes concentra-
ções, que variam de 2 % a 10 %. A escolha
de um deles pela enfermeira dependia não
só da necessidade da lesão, mas principal-
mente da classe social do paciente, pois
apesar de ambos atuarem como desbri-
dante, há diferença no custo e na forma de
agir, causando às vezes desconforto.
As coberturas aqui citadas foram
custeadas pelos pacientes, ou seja, além
da consulta que eles pagavam, havia tam-
bém os custos das coberturas que foram
utilizadas. Por isso que no consultório ha-
viam vários produtos com a mesma função,
porém de qualidade e preços distintos para
poder atender todos os pacientes de dife-
rentes classes econômicas.
98
6
Cavalcante BLL, Lima UTS. Relato de experiência de uma estudante de Enfermagem em um consultório
especializado em tratamento de feridas. J Nurs Health, Pelotas (RS) 2012 jan/jun;1(2):94-103.
Ao tratar a infecção, deixando a fe-
rida sem fatores que inibem a cicatrização,
o próximo passo foi auxiliar a fase de proli-
feração, promovendo um ambiente que
acelerasse o processo de granulação. No
consultório também haviam coberturas com
este propósito, compostas principalmente
de colágeno, e foram utilizadas em feridas
limpas, pouco exsudativas, com ausência
de tecido necrótico-fibrinoso e sem sinais
de infecção.
O colágeno atua na quimiotaxia para
elementos celulares envolvidos na cicatri-
zação (como os granulócitos, macrófagos e
fibroblastos), possibilitando maturação da
ferida por fornecerem um suporte para
uma transição mais rápida à produção de
colágeno maduro e a seu alinhamento.12
Nos casos em que persistiu dúvida
sobre a possibilidade de colonização no
leito da ferida, foi utilizada uma cobertura
composta de colágeno, celulose oxidada
regenerada e prata, tornando-o bacterios-
tático e muito bem atribuído a vários paci-
entes tratados no consultório. Esta cober-
tura atua também em feridas crônicas, já
que além de agilizar a formação de tecido
de granulação, atua também tratando e
prevenindo a colonização.
Esses tipos de coberturas à base de
colágeno aqui descritos, permaneciam no
leito da ferida por aproximadamente 72
horas, que é o tempo que precisavam para
interagir com o meio, formando um gel,
onde era absorvido completamente pelo
organismo, precisando de uma nova placa,
até sua total epitelização.
Como o processo cicatricial evolui
constantemente, certas coberturas podem
deixar de ser a melhor indicação após al-
guns dias. O acompanhamento adequado é
fundamental e deve ser feito pelo profis-
sional capacitado. Além disso, os pacientes
podem reagir de forma totalmente dife-
rente, mesmo apresentando feridas seme-
lhantes, precisando sempre de uma reava-
liação.7
Além das coberturas mencionadas que
trouxeram resultados muitos satisfatórios,
atualmente também vêm sendo usado no
consultório o laser de baixa frequência no
tratamento das lesões. Vale ressaltar que
essa modalidade de tratamento ainda se
encontra em teste científico de eficácia.
Porém, muitas pesquisas mostram que o
laser pode acelerar a taxa de cicatrização
de feridas pela irradiação sobre os fibro-
blastos, trazendo resultados bastante satis-
fatórios.13
Os avanços tecnológicos têm possibi-
litado a utilização destes produtos que,
indiscutivelmente, aceleram a cicatrização
das feridas, facilitando a vida do paciente.
O preço é um aspecto relevante a ser con-
siderado e alguns destes curativos são ca-
ros. A economia se fará, entretanto, pela
diminuição do tempo de recuperação e,
automaticamente, dos gastos embutidos
neste período.7
Aspectos gerenciais da constituição e
implementação do consultório de
enfermagem
O consultório de enfermagem que
respaldou este relato de experiência foi o
primeiro cadastrado nos órgãos públicos em
Maceió - AL, no ano de 2010. Para a sua
constituição foi preciso a realização de al-
guns procedimentos.
Primeiro, a inscrição da enfermeira no
Conselho Regional de Enfermagem de
Alagoas (COREN/AL), o registro na Prefei-
tura de Maceió com cópia dos documentos
pessoais (RG, CPF e COREN/AL) e o IPTU do
local para o cadastro como autônoma e
pessoa física, por se tratar de um consultó-
rio. O cadastro é realizado e o compro-
vante de inscrição e situação cadastral é
emitido no mesmo momento.
Após o cadastro na Prefeitura como
autônoma, por exigência legal (Lei Munici-
pal 4.486/96) todos aqueles que prestam
algum serviço presente na lista do anexo I
da referida Lei, neste caso, os serviços de
saúde incluso o de enfermagem, precisam
99
7
Cavalcante BLL, Lima UTS. Relato de experiência de uma estudante de Enfermagem em um consultório
especializado em tratamento de feridas. J Nurs Health, Pelotas (RS) 2012 jan/jun;1(2):94-103.
recolher o DAM (Documento de Arrecada-
ção Municipal) do ISS (Imposto Sobre Ser-
viço) um tributo municipal, que pode ser
pago anualmente.
Este imposto tem como fato gerador
a prestação de serviços constantes da lista
do anexo único da referida lei, passando o
profissional a ser contribuinte do municí-
pio, que serve para o mesmo atuar em sua
função. É importante enfatizar que esta Lei
fala sobre a redução de 50 % do DAM nos
primeiros cinco anos, a contar da data da
diplomação do profissional.
Na mesma oportunidade, foi solicitada
a autorização para emissão de notas fiscais.
No dia seguinte é gerada uma senha
juntamente com o login, onde a pessoa
pode acessar de onde estiver e emitir a sua
nota fiscal online
(www.smf.maceio.gov.br). Esta nota serve
para emissão a pessoa física (paciente) ou
para alguma Instituição (hospital, clínica),
em que o profissional não tenha vínculo
empregatício, porém presta serviço.
O paciente tem direito ao recibo,
conforme determina o Código de Proteção
do Consumidor (Lei 8.078/91, conhecida
como CDC). A lei considera consumidor
toda pessoa física ou jurídica que adquire
ou utiliza produto ou serviço como destina-
tário final.
A Lei Municipal 4.227 de 29/07/93
indica que os estabelecimentos de inte-
resse à saúde são sujeitos ao Cadastro Mu-
nicipal da Vigilância Sanitária (CMVS), tor-
nando obrigatória, também, a inscrição do
profissional de saúde na Vigilância Sanitária
(VISA) de cada município. Esta lei compete
à VISA exercer o controle e a fiscalização
dos serviços de saúde e das condições de
exercício de profissões que se dediquem à
promoção, proteção e recuperação da
saúde. Considera-se que, para efeitos desta
lei, se enquadram no cadastro os serviços
de enfermagem.
Portanto, CMVS deve ser feito por
todos os enfermeiros que realizam atendi-
mento em consultórios e clínicas, conside-
rados estabelecimentos de saúde. É preciso
consultar a VISA de cada região para verifi-
car o local e os documentos necessários
para realizar o cadastro, além de algumas
exigências relacionadas à adequação do
funcionamento de consultórios e clínicas de
saúde.
Segundo a VISA de Maceió, em con-
sulta pública, os documentos para a solici-
tação do Alvará de funcionamento são: RG
e CPF do proprietário, comprovante de re-
sidência do estabelecimento, certidão de
que o profissional está inscrito no respec-
tivo conselho de classe (COREN) e o preen-
chimento do requerimento padrão da VISA.
A segunda etapa do processo é aguardar a
visita da Vigilância Sanitária e a inspeção
do estabelecimento seguindo os critérios da
ficha de inspeção de consultório e clínica.
Em relação ao recolhimento do lixo
contaminado, houve o contrato com uma
empresa de tratamento de resíduos, na
qual os funcionários passavam semanal-
mente para o recolhimento do lixo em
bambonas de 20 litros. Após o contrato com
esta empresa, foi preciso levar o docu-
mento comprobatório para a VISA.
No que diz respeito à esterilização dos
materiais, foi preciso adquirir uma au-
toclave sendo, todo material esterilizado
no próprio consultório. O cadastro foi reali-
zado junto à VISA do município por ser este
o órgão responsável pelos cuidados e fisca-
lização da área de saúde em geral. Quando
não há este órgão no município, a pessoa
deverá se informar na Secretaria de Saúde
se o cadastro poderá ser realizado neste
órgão, salientando que a licença sanitária
tem que ser renovada anualmente.
Em relação a sua organização
estrutural, o consultório dispõe de ambien-
tes planejados e equipados como a sala de
espera refrigerada, com assentos para os
pacientes, sala de consulta e procedimento
de curativo, banheiro adaptado para defi-
cientes e um espaço onde é realizada a
limpeza e esterilização de materiais.
100
8
Cavalcante BLL, Lima UTS. Relato de experiência de uma estudante de Enfermagem em um consultório
especializado em tratamento de feridas. J Nurs Health, Pelotas (RS) 2012 jan/jun;1(2):94-103.
Além dos materiais básicos para o
procedimento do curativo, a enfermeira
dispõe de um estoque com diferentes tipos
de coberturas através de uma consignação
feita com empresas distribuidoras de algu-
mas linhas de coberturas. Na qual ao final
do mês vai um funcionário da empresa fa-
zer a leitura do que foi consumido e emite
o valor a ser cobrado. Ou seja, o paciente
tem um custeio do valor da consulta que
pode ser acrescido do valor da cobertura
que a enfermeira utilizou.
A demanda, em geral, deu-se por in-
dicação médica dos que tinham conheci-
mento do consultório e do trabalho da en-
fermeira. A minoria dos clientes fora em
busca do tratamento através da demanda
livre (boca a boca e passagem pelo local).
Apesar do período em que houve a coleta
de dados não ocorrer indicação de paciente
por outros profissionais da área da saúde,
qualquer que seja ele poderá indicar, como
colegas enfermeiros, fisioterapeutas, ou-
tras especialidades médicas, nutricionistas,
entre outros.
Perfil da clientela assistida
Entre os 50 pacientes assistidos
durante o período do estágio, observou-se
proporção de pacientes do sexo masculino
e sexo feminino. Notórios são as caracte-
rísticas dessa demanda. Ao investigar a
faixa etária desta clientela, pode-se
observar pacientes com idade entre 40 a 86
anos, em sua maioria provenientes das
camadas carentes da população, com o
nível socioeconômico de classe média a
classe média baixa.
As profissões dos pacientes sugerem
sua baixa escolaridade e, consequente-
mente, a baixa renda. Sua grande minoria
possuía ensino superior, e os demais eram
analfabetos, aposentados, costureira, do-
méstica, mecânico, dona de casa, moto-
rista, policial, eletricista e exerciam ativi-
dades rurais, acentuando desconhecimento
relacionado ao processo de prevenção e
tratamento da lesão.
Com relação à naturalidade dos pa-
cientes assistidos, pode-se constatar uma
quantidade considerável de pacientes que
provinham do interior de Alagoas, enquanto
que sua maior clientela era oriunda da ca-
pital, Maceió. Esta demanda de pacientes
do interior fez com que houvesse uma
atenção maior na escolha da cobertura, já
que tinham muita deficiência de transporte
para a capital, dificultando o acesso do
paciente e, consequentemente, o trata-
mento.
Esse fato se tornou um importantís-
simo quesito quando se falou em escolha de
cobertura e resultados rápidos, fazendo
com que a enfermeira e o próprio paciente,
muitas vezes não dessem prioridade ao
custo da cobertura em si, mas sim à prati-
cidade de permanecer mais tempo na fe-
rida, trazendo mais conforto e resultados
satisfatórios.
Em relação aos aspectos clínicos que
foram identificados entre os pacientes, foi
visto que raros deles tinham Diabetes Melli-
tus (DM) tipo I, DM tipo II sem associação a
outras doenças, havendo frequência maior
em pacientes que apresentavam somente
Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e DM II
associada à HAS, e outros poucos não apre-
sentavam nenhuma doença crônica degene-
rativa. Quanto à variável tipo de ferida, foi
visto que todas elas eram lesões crônicas
com estágios de III e IV, apresentando com-
plicações.
Quanto à etiologia e localização mais
comum das lesões tratadas, os MMII foram
os acometidos apresentando lesões traumá-
ticas, úlcera venosa, úlcera mista (úlcera
venosa e arterial), ferida cirúrgica (compli-
cação após desbridamento cirúrgico), com-
plicação após amputação de algum seg-
mento corpóreo (pododáctilos, metatarsos,
pé, perna) e úlceras por pressão (trocanté-
rica, isquiática, sacral e calcâneo).
Os pacientes, em geral, apresenta-
vam complicações nas lesões e em seu qua-
dro clínico como um todo, por exemplo,
infecção e insuficiência vascular periférica.
101
9
Cavalcante BLL, Lima UTS. Relato de experiência de uma estudante de Enfermagem em um consultório
especializado em tratamento de feridas. J Nurs Health, Pelotas (RS) 2012 jan/jun;1(2):94-103.
Já os pacientes diabéticos apresentavam
complicações comuns da doença, neuropa-
tia, nefropatia e retinopatia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo oportunizou uma leitura e
uma releitura do papel do enfermeiro em
um consultório de tratamento de lesões,
uma melhor compreensão do perfil clínico
destes clientes nesta unidade assistencial,
como se desenvolve o plano de cuidados e
tratamento adequado e como funciona o
gerenciamento e a implementação de um
consultório.
Evidenciou-se que, atualmente,
quando se fala em assistência a pacientes
com lesões, a enfermagem vem buscando
algo muito além da prática do curativo,
como conhecimentos técnico-científicos e
materiais adequados para elaboração de
estratégias de prevenção e tratamento
para a promoção de condições que auxiliem
em uma cicatrização mais rápida e sem
maiores comprometimentos.
A ideia norteadora deste relato de
experiência foi a de que ele possa contri-
buir para discussões e reflexões sobre a
importância do profissional enfermeiro
para a saúde da população e, principal-
mente, para os portadores de lesões tegu-
mentares, testemunhando a evolução da
profissão através da assistência no consul-
tório, que parece ser a superação de uma
prática enclausurada no âmbito hospitalar,
que veio para aperfeiçoar os cuidados pres-
tados e prestar qualidade para a assistência
de enfermagem.
Fica a sugestão de que se possa, no
contexto acadêmico, pensar na constitui-
ção de consultórios de enfermagem que
também enfoquem a assistência a este
segmento de clientes durante a formação
generalista do profissional enfermeiro, tor-
nando o cenário em questão um campo
muito rico para dispersão. Além disso, en-
fatiza-se a necessidade de que novas pes-
quisas e programas de extensão universitá-
ria sejam desenvolvidos e outros reforçados
em torno do tema, com vistas a contribuir
para a visibilidade do trabalho autônomo
que o enfermeiro pode realizar.
REFERÊNCIAS
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instituições hospitalares da rede pública.
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102
10
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especializado em tratamento de feridas. J Nurs Health, Pelotas (RS) 2012 jan/jun;1(2):94-103.
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matrizes de colágeno utilizadas no
tratamento de feridas planas induzidas em
pele de rato [dissertação]. São Carlos (SP):
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Instituto de Química de São Carlos da
Universidade de São Paulo; 2005 [acesso
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/82/82131/tde-25072006-094136/publico/
TDE_RaquelCeciliaGoyGirardi.pdf
13. Libanore DZ. Efeitos da terapia a laser
de baixa intensidade (685 e 830nm) na taxa
de proliferação bacteriana e na
cicatrização de feridas cutâneas em modelo
animal [dissertação]. São Carlos (SP):
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto e
Instituto de Química de São Carlos da
Universidade de São Paulo; 2005 [acesso
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/82/82131/tde-20062008-154129/publico/
TDE_DanielZucchiLibanore.pdf
Data da submissão: 2011-11-28
Aceito: 2012-06-15
Publicação: 2012-06-30
103

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  • 1. RELATO DE EXPERIÊNCIA Relato de experiência de uma estudante de Enfermagem em um consultório especializado em tratamento de feridas Report of an experience of a nursing student in a clinic specialized in treatment of wounds Informe de una experiencia de estudiantes de enfermería en un especialista en el tratamiento de la oficina de las heridas Bruna Luana de Lima CAVALCANTE1 , Uirassú Tupinambá Silva de LIMA2 Relato de experiência de estágio curricular não obrigatório, realizado em um consultório de enfermagem especializado em tratamento de feridas da cidade de Maceió, no período de abril a dezembro de 2010. Utilizou- se das seguintes técnicas de coleta de dados: diário de estágio, observação estruturada (pesquisador participante), consulta à ficha de atendimento clínico, participação nas atividades clínicas/gerenciais, análise da estrutura física do consultório, consulta a órgãos públicos normatizadores e regulamentadores de serviços de saúde. Este artigo tem como objetivo apresentar as experiências e as atividades vividas durante o estágio. Nos resultados foi possível relatar a assistência do enfermeiro no consultório, o perfil clínico dos pacientes, citar as diferentes formas de tratamento disponíveis e descrever alguns aspectos gerenciais da constituição e implementação de um consultório de enfermagem. A experiência foi significativa, sinalizando que o cenário em questão é muito importante como campo de dispersão para o alunado de enfermagem que busca ampliar seus conhecimentos na área de dermatologia e da estomaterapia. Descritores: relato de experiência; consultório de enfermagem; tratamento de feridas. Experience report of probation is not mandatory, performed in a clinical nursing specialist in the treatment of wounds of the city of Maceió, in the period April to December 2010. We used the following techniques of data collection: diary stage, structured observation (research participant), refers to the form of clinical service, participation in clinical activities / management, analysis of the physical structure of the clinic, consults to government agencies and regulators normalizers health services. This article aims to present the experiences and activities experienced during the internship. The results could report to assist the nurse in the clinic, the clinical profile of patients, citing the different forms of treatment available and describe some managerial aspects of the constitution and implementation of a nursing clinic. The experience was significant, signaling that the scenario is very important as the stray field of nursing for the student body that seeks to expand their knowledge in the field of dermatology and stomal. Descriptors: Experience report; Nursing clinic; Wounds treatment. Relato de experiencia de la libertad condicional no es obligatoria, realizada en un especialista en enfermería clínica en el tratamiento de las heridas de la ciudad de Maceió, en el período de abril a diciembre de 2010. Se utilizaron las seguientes técnicas de recolección de datos: la etapa del diário, la observación estructurada (participante de la investigación), se refiere a la forma de la atención odontológica, la participación en las actividades clínicas y la gestión, el análisis de la estructura física de la clínica, consulta a los organismos gubernamentales y reguladores normalizadores servicios de salud. Este artículo tiene como objetivo presentar 1 Graduanda do Curso de Enfermagem da FCBS/CESMAC. E-mail: bruna_cavalcante1@hotmail.com 2 Professor do Curso de Enfermagem da FCBS/CESMAC. E-mail: uirassulima@yahoo.com.br RESUMO ABSTRACT RESUMEN
  • 2. 2 Cavalcante BLL, Lima UTS. Relato de experiência de uma estudante de Enfermagem em um consultório especializado em tratamento de feridas. J Nurs Health, Pelotas (RS) 2012 jan/jun;1(2):94-103. las experiencias y actividades con experiencia en su práctica. Los resultados podrían ayudar a informar a la enfermera en la clínica, El perfil clínico de los pacientes, citando a las diferentes formas de tratamiento disponibles y se describen algunos aspectos de gestión de la constituición y puesta en práctica de una clínica de enfermería. La experiencia fue significativa, lo que indica que ese cenario es muy importante como el campo de dispersión de enfermería para ela lumnado que busca ampliar sus conocimientos en el campo de la dermatología y del estoma. Descriptores: Experiencia informe; Enfermería oficina; Cuidado de heridas. INTRODUÇÃO No Brasil, as feridas acometem a população de forma geral, independente de sexo, idade ou etnia, determinando um alto índice de pessoas com alterações na integridade da pele, causando elevados custos financeiros, tanto ao indivíduo acometido, quanto à instituição de saúde, sendo assim, um problema de saúde pública.1 Há algum tempo, o tratamento das lesões deixou de ser apenas enfocado na realização da técnica de curativo, incorpo- rando toda a metodologia da assistência que o enfermeiro presta, com avaliação do estado geral do paciente, exame físico di- recionado de acordo com a etiologia da lesão, escolha do tratamento e da cober- tura a ser utilizada, além do registro de enfermagem e projeção prognóstica.2 O cuidado do enfermeiro com o pa- ciente que possui esse perfil, requer dos profissionais, muito além da prática do cu- rativo, abordagem também, da compreen- são da fisiologia da pele, fisiologia da cica- trização, conhecimento científico e conhe- cimento sobre os tipos de coberturas exis- tentes no mercado.3 Sem esse conhecimento, é impossível que se possa fazer um diagnóstico correto do tipo de lesão e realizar a indicação do produto adequado para a prevenção ou tratamento da lesão.4:281 A ferida é algo que fragiliza, podendo, em muitas das vezes, incapacitar o paciente de desenvolver suas atividades diárias. A pessoa que tem uma lesão car- rega consigo a origem dessa lesão: queima- dura, trauma, doença crônica, complica- ções após um procedimento cirúrgico, en- tre outros.5 A prevenção e tratamento de feridas devem ser realizados em clínicas, unidades básicas de saúde da família, con- sultórios, ou seja, ambientes que tenham uma equipe multidisciplinar com profissio- nais da saúde, capacitada para esta finali- dade, seja ela de iniciativa pública ou pri- vada, dispondo também de materiais ade- quados. Ao longo dos últimos anos, a enfer- magem e outros profissionais da saúde vêm buscando, na literatura, conhecimentos relativos à prevenção de danos teciduais e do tratamento e cuidados com feridas que possam melhorar sua práxis neste sentido. No Brasil, a dermatologia na perspectiva da enfermagem, atualmente vem se desenvol- vendo através da atuação da assistência direta do enfermeiro ao paciente em uni- dades ambulatoriais, domiciliares e hospi- talares. Para focar este contexto assistencial, a coautora deste trabalho realizou um estágio curricular não obrigatório em um consultório de enfermagem com a supervi- são direta de uma enfermeira preceptora possibilitando a construção do presente artigo, capaz de compartilhar alguns aspec- tos teóricos e práticos do momento vivido pela autora neste singular ambiente de as- sistência a pessoas fragilizadas pela quebra de sua integridade cutânea. Diante das reflexões aqui iniciadas, o presente estudo teve como objetivo apre- sentar as experiências e as atividades vivi- 95
  • 3. 3 Cavalcante BLL, Lima UTS. Relato de experiência de uma estudante de Enfermagem em um consultório especializado em tratamento de feridas. J Nurs Health, Pelotas (RS) 2012 jan/jun;1(2):94-103. das por uma estudante de enfermagem du- rante um estágio em consultório especiali- zado em tratamento de feridas, desta- cando-se a assistência de enfermagem ao portador de lesão cutânea, manejo com os diferentes tipos de coberturas, caracteriza- ção do perfil da clientela e relato de alguns aspectos gerenciais da constituição e im- plementação de um consultório de enfer- magem. MATERIAIS E MÉTODOS Esta pesquisa consistiu em um relato de experiência que descreve aspectos vivenciados pela autora, na oportunidade de um estágio curricular não obrigatório em um consultório de enfermagem especiali- zado em tratamento de feridas. Trata-se de um olhar qualitativo, que abordou a problemática desenhada a partir de métodos descritivos e observacionais. O relato de experiência é uma fer- ramenta da pesquisa descritiva que apre- senta uma reflexão sobre uma ação ou um conjunto de ações que abordam uma situa- ção vivenciada no âmbito profissional de interesse da comunidade científica. O está- gio que resultou na redação deste relato aconteceu de abril a dezembro de 2010 em um consultório de enfermagem situado na cidade de Maceió, após a autorização da enfermeira responsável técnica, especia- lista em enfermagem dermatológica. O projeto desta pesquisa foi subme- tido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Fa- culdade de Ciências Biológicas e da Saúde (CEP – FCBS/CESMAC), na qual foi emitido um parecer com Protocolo no 1.183/11 in- formando que a partir das diretrizes para pesquisas definidas pela resolução CNS/MS 196/96 e suas complementares, a pesquisa não necessitou da submissão para aprecia- ção ética, por se tratar de relato de expe- riência da própria coautora, com anuência do local onde ocorreu o estágio curricular não obrigatório e garantias de confidencia- lidade dos dados. Utilizou-se das seguintes técnicas de coleta de dados: diário de estágio, obser- vação estruturada (pesquisador partici- pante), consulta à ficha de atendimento clínico, participação nas atividades clíni- cas/gerenciais, análise da estrutura física do consultório, consulta a órgãos públicos normatizadores e regulamentadores de ser- viços de saúde. Não foram utilizados dados pessoais, apenas aqueles de interesse fisio- patológico e/ou epidemiológico. RESULTADOS E DISCUSSÕES Assistência de enfermagem O Consultório de enfermagem derma- tológica em que decorreu o estágio foi inaugurado no início do ano de 2010, sendo o primeiro consultório de enfermagem em Maceió-AL. Tem como foco o tratamento de pacientes com lesões cutâneas, indepen- dente de sua etiologia, procedentes de en- caminhamento ou de livre procura. Os pa- cientes, primeiramente, agendam sua con- sulta diretamente com a enfermeira, ge- ralmente por telefone. Na primeira consulta foi feita anam- nese, exame físico, sinais vitais e o preen- chimento da ficha de atendimento à pessoa portadora de ferida, contendo informações necessárias de cada paciente. A consulta de enfermagem fornece subsídios para o diagnóstico e elaboração de um plano de cuidados. Sua realização exige do profissional enfermeiro uma série de conhecimentos e constante treinamento que o instrumentalize a desenvolver esta prática.6 Após esse primeiro momento o paci- ente foi levado à maca, onde foi inicial- mente realizado o exame físico para detec- ção de outras anormalidades e análise cri- teriosa da lesão pela enfermeira. Esta aná- lise é fundamental para detecção das ne- cessidades da lesão e escolha da cobertura que poderá ser utilizada como estratégia terapêutica inicial. 96
  • 4. 4 Cavalcante BLL, Lima UTS. Relato de experiência de uma estudante de Enfermagem em um consultório especializado em tratamento de feridas. J Nurs Health, Pelotas (RS) 2012 jan/jun;1(2):94-103. Os curativos são uma forma de tratamento das feridas cutâneas e sua escolha depende de fatores intrínsecos e extrínsecos. O tratamento das feridas cutâneas é dinâmico e depende, a cada momento, da evolução das fases de cicatrização.7:203 A partir da avaliação, a enfermeira pode desenvolver o seu plano de cuidados, embasado em conhecimento técnico-cientí- fico sobre ferida. Os resultados esperados foram estabelecidos e, a partir disto, a en- fermeira planejou o uso de coberturas de acordo com a gravidade, o tipo de ferida e a presença de alguma condição que cau- sasse complicação, como infecção, má nu- trição, imunossupressão e diabetes, capaz de afetar a cicatrização. Antes de qualquer intervenção, o paciente era informado sobre o procedi- mento que iria ser realizado, sendo tran- quilizado durante a técnica. Muitos se apresentavam inseguros, e desacreditados, pelo fato de estarem há muito tempo fra- gilizados com a lesão e por terem passado pela assistência de vários profissionais de saúde e não terem obtido resultado. É importante envolver o paciente em todas as decisões sobre seu tratamento; isso fará com que se tenha um relaciona- mento baseado na confiança, deixando-o mais à vontade.8 Durante as consultas, foi visto que muitos estavam acompanhados de algum familiar e solicitavam para que no momento do procedimento do curativo eles estivessem presentes, fazendo com que amenizasse o medo e a angústia. É preciso ter consciência de que o paciente está em um momento muito deli- cado de sua vida, já que dor e aparência da lesão interfere na qualidade de vida desse paciente, necessitando de muita dedicação e apoio em seu tratamento.9 O procedimento do curativo se deu primeiramente através da inspeção e aná- lise da lesão. Após classificar a lesão quanto as suas características para a esco- lha da cobertura que iria ser utilizada, o primeiro passo foi a limpeza com solução fisiológica a 0,9% de cloreto de sódio em temperatura ambiente e gaze esterilizada, e depois a aplicação de uma solução anti- microbiana de polihexametileno biguanida (PHMB) que era deixada por 15 minutos. Após a limpeza da lesão, se ainda assim permanecesse tecido desvitalizado, o pró- ximo passo seria promover o desbrida- mento. Há quatro tipos básicos de desbrida- mento: cirúrgico, mecânico (inespecífico), químico e autolítico. Dentre estes, no con- sultório os mais comumente usados foram o mecânico e o instrumental conservador, onde era utilizada a força mecânica com gaze e solução fisiológica no leito da ferida para a retirada do tecido inviável; ou o pa- cote de curativo com uma pinça de kelly, uma dente de rato e uma pinça anatômica, tornando o desbridamento seletivo, respec- tivamente, a depender da melhor escolha para cada paciente e do seu limiar de dor. Mesmo que após estes desbridamen- tos, permanecesse tecido inviável, havia necessidade do auxílio de um desbridante tópico ou da aplicação de uma cobertura que favorecesse o desbridamento. Sucedendo a escolha e realização do curativo, o paciente e seus familiares sem- pre eram orientados sobre o tipo de cober- tura e tratamento que foi utilizado. Cada escolha de cobertura tem a quantidade máxima de dias que pode permanecer no leito da ferida, a depender de cada lesão e principalmente do exsudato. Então, a enfermeira os orientava que até o retorno da consulta, os dias em que eram permitidos ficarem com o curativo, que trocassem somente o curativo secundá- rio e/ou terciário, caso o exsudato trans- passasse (que geralmente eram as gazes e atadura), não mexendo, em hipótese al- guma, na cobertura primária, nem reali- zando qualquer limpeza, permanecendo assim até a próxima consulta. Caso houvesse alguma intercorrência, eles eram orientados a telefonar ime- diatamente para a enfermeira, para ela orientar da melhor maneira possível sobre 97
  • 5. 5 Cavalcante BLL, Lima UTS. Relato de experiência de uma estudante de Enfermagem em um consultório especializado em tratamento de feridas. J Nurs Health, Pelotas (RS) 2012 jan/jun;1(2):94-103. qual conduta seguir. Todos os pacientes eram encorajados a este posicionamento, quando em sua moradia, até o próximo re- torno. Esta informação foi de grande im- portância, já que, em sua maioria, o re- torno variava de 3 a 7 dias. As diferentes formas de tratamento de lesões cutâneas O consultório disponibilizava de um protocolo de curativo estabelecido pela enfermeira para auxiliar na escolha da cobertura. Neste protocolo haviam vários tipos de coberturas que poderiam ser utilizados no paciente, a partir do diagnóstico da enfermeira, seguido de indicação, contraindicação, tempo de permanência na ferida, princípio ativo/composição e a forma que são aplicados. Antes da indicação da cobertura, era feita uma análise criteriosa do paciente como um todo. A doença de base (diagnós- tico médico), perfil social do indivíduo (como condição da moradia e perfil econô- mico). O processo de seleção de curativo é determinado por vários fatores, como ca- racterística, localização da ferida e a varie- dade de coberturas disponíveis.10 Essa análise foi feita porque houve pacientes de variados níveis econômicos e sociais, pacientes com deficiência de acesso a transporte, principalmente os do interior do Estado, que dificultava sua ida ao consultório. A partir disto, a enfermeira podia escolher a cobertura que iria se ade- quar a esses critérios, ou seja, coberturas que pudessem ficar mais tempo na ferida, sem precisar que o paciente fosse mais ve- zes ao consultório durante a semana, e que tivesse uma relação custo/benefício, prin- cipalmente. Nos casos de lesão crônica ou infec- cionadas, a ferida teve seu tratamento iniciado com carvão ativado com prata até desaparecerem ou diminuírem esses sinais, e fosse novamente reavaliado e indicado outro tipo de cobertura. Por ser de longa permanência, a depender do exsudato, ele dispõe de muita praticidade, minimizando as trocas e a ida ao consultório. A segunda escolha como tratamento de feridas infec- tadas, foi a cobertura composta de fibras de alginato com prata. A enfermeira optava por esta cobertura, geralmente nos casos onde, além da infecção, havia uma quanti- dade moderada a alta de exsudato. As coberturas disponibilizadas no consultório iam desde a prevenção de úlce- ras e infecção, controle microbiano, ao auxílio no seu total reparo. Para as feridas com tecido desvitalizado, escara e fibrina, havia vários meios para ajudar na remoção do tecido desvitalizado, que é o que se chama de desbridamento. Para o desbridamento autolítico, disponibilizava do hidrogel, um gel transpa- rente e amorfo contendo alginato de sódio, que pode permanecer na lesão por até 72 horas fazendo o desbridamento através da promoção do meio úmido, estimulando a migração dos leucócitos e ação de enzimas. “O desbridamento autolítico é uma alterna- tiva para o cliente que não pode tolerar um desbridamento cirúrgico ou outros méto- dos”.11:120 O desbridamento químico podia ser oportunizado através da papaína, que é um derivado do mamão carica papaya e é in- dicado através de diferentes concentra- ções, que variam de 2 % a 10 %. A escolha de um deles pela enfermeira dependia não só da necessidade da lesão, mas principal- mente da classe social do paciente, pois apesar de ambos atuarem como desbri- dante, há diferença no custo e na forma de agir, causando às vezes desconforto. As coberturas aqui citadas foram custeadas pelos pacientes, ou seja, além da consulta que eles pagavam, havia tam- bém os custos das coberturas que foram utilizadas. Por isso que no consultório ha- viam vários produtos com a mesma função, porém de qualidade e preços distintos para poder atender todos os pacientes de dife- rentes classes econômicas. 98
  • 6. 6 Cavalcante BLL, Lima UTS. Relato de experiência de uma estudante de Enfermagem em um consultório especializado em tratamento de feridas. J Nurs Health, Pelotas (RS) 2012 jan/jun;1(2):94-103. Ao tratar a infecção, deixando a fe- rida sem fatores que inibem a cicatrização, o próximo passo foi auxiliar a fase de proli- feração, promovendo um ambiente que acelerasse o processo de granulação. No consultório também haviam coberturas com este propósito, compostas principalmente de colágeno, e foram utilizadas em feridas limpas, pouco exsudativas, com ausência de tecido necrótico-fibrinoso e sem sinais de infecção. O colágeno atua na quimiotaxia para elementos celulares envolvidos na cicatri- zação (como os granulócitos, macrófagos e fibroblastos), possibilitando maturação da ferida por fornecerem um suporte para uma transição mais rápida à produção de colágeno maduro e a seu alinhamento.12 Nos casos em que persistiu dúvida sobre a possibilidade de colonização no leito da ferida, foi utilizada uma cobertura composta de colágeno, celulose oxidada regenerada e prata, tornando-o bacterios- tático e muito bem atribuído a vários paci- entes tratados no consultório. Esta cober- tura atua também em feridas crônicas, já que além de agilizar a formação de tecido de granulação, atua também tratando e prevenindo a colonização. Esses tipos de coberturas à base de colágeno aqui descritos, permaneciam no leito da ferida por aproximadamente 72 horas, que é o tempo que precisavam para interagir com o meio, formando um gel, onde era absorvido completamente pelo organismo, precisando de uma nova placa, até sua total epitelização. Como o processo cicatricial evolui constantemente, certas coberturas podem deixar de ser a melhor indicação após al- guns dias. O acompanhamento adequado é fundamental e deve ser feito pelo profis- sional capacitado. Além disso, os pacientes podem reagir de forma totalmente dife- rente, mesmo apresentando feridas seme- lhantes, precisando sempre de uma reava- liação.7 Além das coberturas mencionadas que trouxeram resultados muitos satisfatórios, atualmente também vêm sendo usado no consultório o laser de baixa frequência no tratamento das lesões. Vale ressaltar que essa modalidade de tratamento ainda se encontra em teste científico de eficácia. Porém, muitas pesquisas mostram que o laser pode acelerar a taxa de cicatrização de feridas pela irradiação sobre os fibro- blastos, trazendo resultados bastante satis- fatórios.13 Os avanços tecnológicos têm possibi- litado a utilização destes produtos que, indiscutivelmente, aceleram a cicatrização das feridas, facilitando a vida do paciente. O preço é um aspecto relevante a ser con- siderado e alguns destes curativos são ca- ros. A economia se fará, entretanto, pela diminuição do tempo de recuperação e, automaticamente, dos gastos embutidos neste período.7 Aspectos gerenciais da constituição e implementação do consultório de enfermagem O consultório de enfermagem que respaldou este relato de experiência foi o primeiro cadastrado nos órgãos públicos em Maceió - AL, no ano de 2010. Para a sua constituição foi preciso a realização de al- guns procedimentos. Primeiro, a inscrição da enfermeira no Conselho Regional de Enfermagem de Alagoas (COREN/AL), o registro na Prefei- tura de Maceió com cópia dos documentos pessoais (RG, CPF e COREN/AL) e o IPTU do local para o cadastro como autônoma e pessoa física, por se tratar de um consultó- rio. O cadastro é realizado e o compro- vante de inscrição e situação cadastral é emitido no mesmo momento. Após o cadastro na Prefeitura como autônoma, por exigência legal (Lei Munici- pal 4.486/96) todos aqueles que prestam algum serviço presente na lista do anexo I da referida Lei, neste caso, os serviços de saúde incluso o de enfermagem, precisam 99
  • 7. 7 Cavalcante BLL, Lima UTS. Relato de experiência de uma estudante de Enfermagem em um consultório especializado em tratamento de feridas. J Nurs Health, Pelotas (RS) 2012 jan/jun;1(2):94-103. recolher o DAM (Documento de Arrecada- ção Municipal) do ISS (Imposto Sobre Ser- viço) um tributo municipal, que pode ser pago anualmente. Este imposto tem como fato gerador a prestação de serviços constantes da lista do anexo único da referida lei, passando o profissional a ser contribuinte do municí- pio, que serve para o mesmo atuar em sua função. É importante enfatizar que esta Lei fala sobre a redução de 50 % do DAM nos primeiros cinco anos, a contar da data da diplomação do profissional. Na mesma oportunidade, foi solicitada a autorização para emissão de notas fiscais. No dia seguinte é gerada uma senha juntamente com o login, onde a pessoa pode acessar de onde estiver e emitir a sua nota fiscal online (www.smf.maceio.gov.br). Esta nota serve para emissão a pessoa física (paciente) ou para alguma Instituição (hospital, clínica), em que o profissional não tenha vínculo empregatício, porém presta serviço. O paciente tem direito ao recibo, conforme determina o Código de Proteção do Consumidor (Lei 8.078/91, conhecida como CDC). A lei considera consumidor toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destina- tário final. A Lei Municipal 4.227 de 29/07/93 indica que os estabelecimentos de inte- resse à saúde são sujeitos ao Cadastro Mu- nicipal da Vigilância Sanitária (CMVS), tor- nando obrigatória, também, a inscrição do profissional de saúde na Vigilância Sanitária (VISA) de cada município. Esta lei compete à VISA exercer o controle e a fiscalização dos serviços de saúde e das condições de exercício de profissões que se dediquem à promoção, proteção e recuperação da saúde. Considera-se que, para efeitos desta lei, se enquadram no cadastro os serviços de enfermagem. Portanto, CMVS deve ser feito por todos os enfermeiros que realizam atendi- mento em consultórios e clínicas, conside- rados estabelecimentos de saúde. É preciso consultar a VISA de cada região para verifi- car o local e os documentos necessários para realizar o cadastro, além de algumas exigências relacionadas à adequação do funcionamento de consultórios e clínicas de saúde. Segundo a VISA de Maceió, em con- sulta pública, os documentos para a solici- tação do Alvará de funcionamento são: RG e CPF do proprietário, comprovante de re- sidência do estabelecimento, certidão de que o profissional está inscrito no respec- tivo conselho de classe (COREN) e o preen- chimento do requerimento padrão da VISA. A segunda etapa do processo é aguardar a visita da Vigilância Sanitária e a inspeção do estabelecimento seguindo os critérios da ficha de inspeção de consultório e clínica. Em relação ao recolhimento do lixo contaminado, houve o contrato com uma empresa de tratamento de resíduos, na qual os funcionários passavam semanal- mente para o recolhimento do lixo em bambonas de 20 litros. Após o contrato com esta empresa, foi preciso levar o docu- mento comprobatório para a VISA. No que diz respeito à esterilização dos materiais, foi preciso adquirir uma au- toclave sendo, todo material esterilizado no próprio consultório. O cadastro foi reali- zado junto à VISA do município por ser este o órgão responsável pelos cuidados e fisca- lização da área de saúde em geral. Quando não há este órgão no município, a pessoa deverá se informar na Secretaria de Saúde se o cadastro poderá ser realizado neste órgão, salientando que a licença sanitária tem que ser renovada anualmente. Em relação a sua organização estrutural, o consultório dispõe de ambien- tes planejados e equipados como a sala de espera refrigerada, com assentos para os pacientes, sala de consulta e procedimento de curativo, banheiro adaptado para defi- cientes e um espaço onde é realizada a limpeza e esterilização de materiais. 100
  • 8. 8 Cavalcante BLL, Lima UTS. Relato de experiência de uma estudante de Enfermagem em um consultório especializado em tratamento de feridas. J Nurs Health, Pelotas (RS) 2012 jan/jun;1(2):94-103. Além dos materiais básicos para o procedimento do curativo, a enfermeira dispõe de um estoque com diferentes tipos de coberturas através de uma consignação feita com empresas distribuidoras de algu- mas linhas de coberturas. Na qual ao final do mês vai um funcionário da empresa fa- zer a leitura do que foi consumido e emite o valor a ser cobrado. Ou seja, o paciente tem um custeio do valor da consulta que pode ser acrescido do valor da cobertura que a enfermeira utilizou. A demanda, em geral, deu-se por in- dicação médica dos que tinham conheci- mento do consultório e do trabalho da en- fermeira. A minoria dos clientes fora em busca do tratamento através da demanda livre (boca a boca e passagem pelo local). Apesar do período em que houve a coleta de dados não ocorrer indicação de paciente por outros profissionais da área da saúde, qualquer que seja ele poderá indicar, como colegas enfermeiros, fisioterapeutas, ou- tras especialidades médicas, nutricionistas, entre outros. Perfil da clientela assistida Entre os 50 pacientes assistidos durante o período do estágio, observou-se proporção de pacientes do sexo masculino e sexo feminino. Notórios são as caracte- rísticas dessa demanda. Ao investigar a faixa etária desta clientela, pode-se observar pacientes com idade entre 40 a 86 anos, em sua maioria provenientes das camadas carentes da população, com o nível socioeconômico de classe média a classe média baixa. As profissões dos pacientes sugerem sua baixa escolaridade e, consequente- mente, a baixa renda. Sua grande minoria possuía ensino superior, e os demais eram analfabetos, aposentados, costureira, do- méstica, mecânico, dona de casa, moto- rista, policial, eletricista e exerciam ativi- dades rurais, acentuando desconhecimento relacionado ao processo de prevenção e tratamento da lesão. Com relação à naturalidade dos pa- cientes assistidos, pode-se constatar uma quantidade considerável de pacientes que provinham do interior de Alagoas, enquanto que sua maior clientela era oriunda da ca- pital, Maceió. Esta demanda de pacientes do interior fez com que houvesse uma atenção maior na escolha da cobertura, já que tinham muita deficiência de transporte para a capital, dificultando o acesso do paciente e, consequentemente, o trata- mento. Esse fato se tornou um importantís- simo quesito quando se falou em escolha de cobertura e resultados rápidos, fazendo com que a enfermeira e o próprio paciente, muitas vezes não dessem prioridade ao custo da cobertura em si, mas sim à prati- cidade de permanecer mais tempo na fe- rida, trazendo mais conforto e resultados satisfatórios. Em relação aos aspectos clínicos que foram identificados entre os pacientes, foi visto que raros deles tinham Diabetes Melli- tus (DM) tipo I, DM tipo II sem associação a outras doenças, havendo frequência maior em pacientes que apresentavam somente Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e DM II associada à HAS, e outros poucos não apre- sentavam nenhuma doença crônica degene- rativa. Quanto à variável tipo de ferida, foi visto que todas elas eram lesões crônicas com estágios de III e IV, apresentando com- plicações. Quanto à etiologia e localização mais comum das lesões tratadas, os MMII foram os acometidos apresentando lesões traumá- ticas, úlcera venosa, úlcera mista (úlcera venosa e arterial), ferida cirúrgica (compli- cação após desbridamento cirúrgico), com- plicação após amputação de algum seg- mento corpóreo (pododáctilos, metatarsos, pé, perna) e úlceras por pressão (trocanté- rica, isquiática, sacral e calcâneo). Os pacientes, em geral, apresenta- vam complicações nas lesões e em seu qua- dro clínico como um todo, por exemplo, infecção e insuficiência vascular periférica. 101
  • 9. 9 Cavalcante BLL, Lima UTS. Relato de experiência de uma estudante de Enfermagem em um consultório especializado em tratamento de feridas. J Nurs Health, Pelotas (RS) 2012 jan/jun;1(2):94-103. Já os pacientes diabéticos apresentavam complicações comuns da doença, neuropa- tia, nefropatia e retinopatia. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo oportunizou uma leitura e uma releitura do papel do enfermeiro em um consultório de tratamento de lesões, uma melhor compreensão do perfil clínico destes clientes nesta unidade assistencial, como se desenvolve o plano de cuidados e tratamento adequado e como funciona o gerenciamento e a implementação de um consultório. Evidenciou-se que, atualmente, quando se fala em assistência a pacientes com lesões, a enfermagem vem buscando algo muito além da prática do curativo, como conhecimentos técnico-científicos e materiais adequados para elaboração de estratégias de prevenção e tratamento para a promoção de condições que auxiliem em uma cicatrização mais rápida e sem maiores comprometimentos. A ideia norteadora deste relato de experiência foi a de que ele possa contri- buir para discussões e reflexões sobre a importância do profissional enfermeiro para a saúde da população e, principal- mente, para os portadores de lesões tegu- mentares, testemunhando a evolução da profissão através da assistência no consul- tório, que parece ser a superação de uma prática enclausurada no âmbito hospitalar, que veio para aperfeiçoar os cuidados pres- tados e prestar qualidade para a assistência de enfermagem. Fica a sugestão de que se possa, no contexto acadêmico, pensar na constitui- ção de consultórios de enfermagem que também enfoquem a assistência a este segmento de clientes durante a formação generalista do profissional enfermeiro, tor- nando o cenário em questão um campo muito rico para dispersão. Além disso, en- fatiza-se a necessidade de que novas pes- quisas e programas de extensão universitá- ria sejam desenvolvidos e outros reforçados em torno do tema, com vistas a contribuir para a visibilidade do trabalho autônomo que o enfermeiro pode realizar. REFERÊNCIAS 1. Morais GFC, Oliveira SHS, Soares MJGO. Avaliação de feridas pelos enfermeiros de instituições hospitalares da rede pública. Texto & contexto enferm. [internet]. 2008 Jan/Mar [acesso em 2011 Fev 20];17(1):98- 105. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104 -07072008000100011&script=sci_arttext 2. Carmo SS, Castro CD, Rios VS, Sarquis MGA. Atualidades na assistência de enfermagem a portadores de úlcera venosa. Rev eletr enf [internet]. 2007 [acesso em 2010 Out 20];9(2):506-17. Disponível em: http://www.fen.ufg.br/revista/v9/n2/v9n2 a17.htm 3. Dealey C. Cuidando de feridas: um guia para as enfermeiras. 3a ed. São Paulo: Atheneu; 2008. 4. Salomé GM. Avaliando lesão: práticas e conhecimentos dos enfermeiros que prestam assistência ao indivíduo com ferida. Saude coletiva. [internet]. 2009 [acesso em 2010 Out 20];35(6):280-7. Disponível em: http://redalyc.uaemex.mx/pdf/842/84212 201006.pdf 5. Cunha NA. Sistematização da assistência de enfermagem no tratamento de feridas crônicas [projeto]. [Olinda (PE)]: Associação Brasileira de Enfermagem – Seção Pernambuco; 2006. 33 p. Web site para programa disponível em: http://www.abenpe.com.br/diversos/sae_ tfc.pdf 6. Carvalho SC, Silva CP, Ferreira LS, Corrêa SA. Reflexo da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) na consulta de enfermagem. Rev rede cuid saude [internet]. 2008 [acesso em 2011 Fev 15];2(2):1-8. Disponível em: 102
  • 10. 10 Cavalcante BLL, Lima UTS. Relato de experiência de uma estudante de Enfermagem em um consultório especializado em tratamento de feridas. J Nurs Health, Pelotas (RS) 2012 jan/jun;1(2):94-103. http://publicacoes.unigranrio.edu.br/index .php/rcs/article/view/91 7. Franco D, Gonçalves LF. Feridas Cutâneas: a escolha do curativo adequado. Rev col bras cir. [internet]. 2008 Mai/Jun [acesso em 2011 Fev 24];35(3):203-6. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rcbc/v35n3/a13 v35n3.pdf 8. Poletti NAA. Caliri MHL, Simão CSR, Juliani KB, Tácito VE. Feridas malignas: uma revisão de literatura. Rev bras cancerol. [internet]. 2002 [acesso em 2011 Mar 1];48(3):411-7. Disponível em: http://www.inca.gov.br/rbc/n_48/v03/pdf /revisao2.pdf 9. Kroetz FM, Cslusniak GD. Alterações bucais e condutas terapêuticas em pacientes infanto-juvenis submetidos a tratamentos anti-neoplásicos [internet]. Publ UEPG ci biol saude. 2003 Jun [acesso em 2001 Mar 14];9(2):41-8. Disponível em: http://www.revistas2.uepg.br/index.php/b iologica/article/viewFile/363/371 10. Borges EL, Castro BFL, Souza RL, Lima VLAN. O enfermeiro frente ao paciente com lesão por hidradenite: relato de experiên- cia. 8º Encontro de Extensão da UFMG; Out 3-5; Belo Horizonte, MG. Belo Horizonte: Editora UFMG; 2005. 11. Irion G. Feridas: novas abordagens, manejo clínico e atlas em cores. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2005. 12. Girardi RCG. Comportamento de matrizes de colágeno utilizadas no tratamento de feridas planas induzidas em pele de rato [dissertação]. São Carlos (SP): Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto e Instituto de Química de São Carlos da Universidade de São Paulo; 2005 [acesso 2011 Mar 20]. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis /82/82131/tde-25072006-094136/publico/ TDE_RaquelCeciliaGoyGirardi.pdf 13. Libanore DZ. Efeitos da terapia a laser de baixa intensidade (685 e 830nm) na taxa de proliferação bacteriana e na cicatrização de feridas cutâneas em modelo animal [dissertação]. São Carlos (SP): Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto e Instituto de Química de São Carlos da Universidade de São Paulo; 2005 [acesso em 2011 Mar 23]. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis /82/82131/tde-20062008-154129/publico/ TDE_DanielZucchiLibanore.pdf Data da submissão: 2011-11-28 Aceito: 2012-06-15 Publicação: 2012-06-30 103