Este artigo tem por objetivo apresentar o progresso do que tem sido feito para fazer com que se torne realidade a conquista da imortalidade dos seres humanos e eliminar a distopia representada pela inevitabilidade da morte dos seres humanos. Existe há muito tempo a obsessão humana de vencer a morte. Na era contemporânea, passou-se a acreditar que seria possível vencer a morte com o uso da ciência e da tecnologia. A crença de que, se não é possível vencer a morte, mas de que seria possível prolongar bastante a vida se apoia no fato de que a expectativa de vida do homem evoluiu de 30 anos em 1500, 37 anos em 1800, 45 anos em 1900, 46,5 anos em 1950 e 80 anos em 2012. A conquista de uma existência mais longa no século 20 resultou da melhoria das condições sanitárias nas cidades e com a criação de serviços públicos de saúde. Além disso, a ciência descobriu vacinas e antibióticos que possibilitaram a prevenção de doenças e o controle de epidemias. O aumento do nível educacional e de renda contribuiu também para melhorar a qualidade de vida e ampliar ainda mais a longevidade na terceira ou – talvez possamos dizer – quarta idade. Rumamos em direção à dificuldade de distinguir entre o que é orgânico e o que é máquina no futuro do ser humano. Na medicina, os arautos da imortalidade afirmam que ela nada mais é do que uma consequência real de uma revolução em curso que já faz disparar em velocidade sem precedentes o aumento da expectativa de vida humana. A substituição de órgãos doentes por outros, sadios, é outra das razões apontadas pelos cientistas para justificar a crença em uma vida espetacularmente longa. O envelhecimento é um processo biológico que pode perfeitamente vir a ser controlado, da mesma forma que a ciência já conseguiu combater muitas doenças que antes eram tidas como incuráveis. A ideia de alterar ou aumentar a capacidade do corpo humano através da tecnologia é tão antiga quanto a própria humanidade.
COMO FUNCIONAM A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E SEUS SOFTWARES E ALGORITMOS INTELI...
COMO TORNAR REALIDADE A UTOPIA DA CONQUISTA DA IMORTALIDADE DOS SERES HUMANOS.pdf
1. 1
COMO TORNAR REALIDADE A UTOPIA DA CONQUISTA DA
IMORTALIDADE DOS SERES HUMANOS
Fernando Alcoforado*
Este artigo representa a continuação do artigo cujo título é Como fazer com que as utopias
planetárias se realizem visando a construção de um mundo melhor [1]. Este artigo é o
décimo dos 12 artigos que abordam as 12 utopias planetárias que precisam ser realizadas
visando a construção de um mundo melhor e contribuir para a conquista da felicidade dos
seres humanos, individual e coletivamente. Este artigo tem por objetivo apresentar o que
tem sido feito para fazer com que a décima das utopias consideradas, a da conquista da
imortalidade dos seres humanos, se torne realidade para eliminar a distopia representada
pela inevitabilidade da morte dos seres humanos.
O artigo O homem em busca da imortalidade [2] informa que existe há muito tempo a
obsessão humana de vencer a morte. No passado, o homem procurava superar a morte
através das religiões. Na era contemporânea, passou-se a acreditar que seria possível
vencer a morte com o uso da ciência e da tecnologia. A crença de que, se não é possível
vencer a morte, mas de que seria possível prolongar bastante a vida se apoia no fato de
que a expectativa de vida do homem evoluiu de 30 anos em 1500, 37 anos em 1800, 45
anos em 1900, 46,5 anos em 1950 e 80 anos em 2012. O artigo Quem quer viver 1.000
anos? [3] informa que a conquista de uma existência mais longa no século 20 resultou da
melhoria das condições sanitárias nas cidades e com a criação de serviços públicos de
saúde. Além disso, a ciência descobriu vacinas e antibióticos que possibilitaram a
prevenção de doenças e o controle de epidemias. O aumento do nível educacional e de
renda contribuiu também para melhorar a qualidade de vida e ampliar ainda mais a
longevidade na terceira ou – talvez possamos dizer – quarta idade.
O artigo A era dos homens imortais [4] informa que o ano de 2045 marcará o início de
uma era em que a medicina poderá oferecer à humanidade a possibilidade de viver por
um tempo jamais visto na história. Órgãos que não estejam funcionando poderão ser
trocados por outros, melhores, criados especialmente para nós. Partes do coração, do
pulmão e até o cérebro poderão ser substituídos. Minúsculos circuitos de computador
serão implantados no corpo para controlar reações químicas que ocorrem no interior das
células. Estaremos a poucos passos da imortalidade. Esta é a previsão de um grupo de
cientistas conhecidos por ocupar a vanguarda de pesquisas que permeiam temas como a
ciência da computação, a biologia e a biotecnologia. Entre eles, estão George Church,
professor da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, o gerontologista e biomédico
especializado em antienvelhecimento Aubrey de Grey e o engenheiro Raymond
Kurzweil, do Massachusetts Institute of Technology (MIT). Eles são os líderes de uma
espécie de nova filosofia, batizada de Singularidade.
Segundo o inventor e futurista Raymond Kurzweil, o “pai” do tão falado conceito de
Singularidade, rumamos em direção à dificuldade de distinguir entre o que é orgânico e
o que é máquina no futuro. A inteligência artificial evoluirá tanto que em 2025 será difícil
reconhecer um ser humano de um robô. Cabe observar que singularidade marca um ponto
de transição entre dois «domínios», ou dois «mundos», num ponto ou instante. Em
astronomia, singularidade significa um lugar no espaço (buraco negro) onde um corpo
não envelhece porque o tempo para. Na medicina, os arautos da imortalidade afirmam
que ela nada mais é do que uma consequência real de uma revolução em curso que já faz
disparar em velocidade sem precedentes o aumento da expectativa de vida humana.
Considerando a rapidez das inovações, uma pessoa nascida em 2050 terá 95% de chance
2. 2
de viver mil anos, segundo Aubrey de Grey. Neste momento, o grupo acima citado de
cientistas está envolvido no crescimento da Universidade da Singularidade, já instalada
no Vale do Silício, nos Estados Unidos. Fazendo analogia com bactérias unicelulares que
vivem há milhões de anos sem envelhecerem, os integrantes da Universidade da
Singularidade afirmam que nossas células germinativas, como óvulos e espermatozoides,
também podem viver indefinidamente os quais afirmam acreditar no maior
prolongamento da vida humana.
A certeza deste grupo de pesquisadores no sucesso de suas pesquisas está sustentada nos
avanços já obtidos e naqueles que certamente virão. Na opinião desses pesquisadores, a
partir dos recursos que temos atualmente, uma criança nascida hoje poderá viver pelo
menos até os 150 anos. Um dos campos nos quais os avanços foram mais notáveis é o das
células-tronco. Na área da cardiologia, experimentos com 16 portadores de insuficiência
cardíaca, todos eles tiveram parte do tecido do coração regenerado com células-tronco
retiradas do próprio órgão. A substituição de órgãos doentes por outros, sadios, é outra
das razões apontadas pelos cientistas para justificar a crença em uma vida
espetacularmente longa. Já se conseguiu criar e implantar em seres humanos traqueia,
bexiga, uretra e vasos sanguíneos. E há experiências de criação de mais órgãos, entre eles
o coração e o fígado.
O artigo A era dos homens imortais [4] informa que um dos fatores mais importantes
associados ao tempo de vida de um homem é sua genética. Seu DNA aponta qual será sua
vida média e também pode trazer alterações que o predispõe a doenças. Por isso, boa parte
dos esforços está concentrada em inventar recursos que interfiram no material genético
de cada pessoa. Evitar os possíveis danos que os alimentos podem causar ao DNA
também é um ponto de apoio da ciência que busca a imortalidade. Segundo o principal
representante da Singularidade, o engenheiro Raymond Kurzweil, uma dieta de restrição
calórica, com apenas os nutrientes necessários para a vida, pode nos levar a viver muito
mais. Esses são apenas exemplos dos instrumentos disponíveis atualmente para fazer com
que a raça humana ultrapasse limites da longevidade
Outro pesquisador que se dedica ao estudo da longevidade humana é Lawrence
Alexander, cirurgião, urologista e neurogeneticista, que apresentou, através do You Tube,
video filmado em 06 de outubro de 2012 sob o título O declínio da morte - a imortalidade
em um futuro próximo?[5], quando anunciou que a sequenciação do genoma permitirá
chegar à medicina personalizada, guiada por nossas características genéticas que, através
da modelagem realizada com computadores cada vez mais poderosos, poderemos
entender o corpo humano. Segundo Lawrence Alexander, o progresso se desenvolverá
em três ondas. Primeiro, com a eletrônica médica que já pode agora, através de implantes
no cérebro, tratar a doença de Parkinson, tratar a depressão e doença de Alzheimer. Em
seguida, vem a onda de bioengenharia e, finalmente, a nanomedicina, medicina em escala
microscópica. A partir de 2020, poderemos esperar décadas de vida extra. É possível
chegarmos, segundo Lawrence Alexander, a uma expectativa de vida que não podemos
imaginar hoje.
O artigo Quem quer viver 1.000 anos? [3] informa que o biogerontologista inglês Aubrey
de Grey ligado à Universidade da Singularidade está convencido de que o envelhecimento
é um processo biológico que pode perfeitamente vir a ser controlado, da mesma forma
que a ciência já conseguiu combater muitas doenças que antes eram tidas como
incuráveis. De Grey, que é formado em ciência da computação, mas se tornou um dos
principais teóricos do mundo em longevidade humana comparou o corpo humano a um
3. 3
carro. Com manutenção periódica e adequada – conserta um defeito aqui, põe um
lubrificante ali, troca uma peça velha acolá –, dá para aumentar significativamente a vida
útil de um carro. Embora o corpo humano seja muito mais complexo do que um carro,
De Grey acredita que é possível fazer o mesmo, combatendo regularmente os processos
que levam ao envelhecimento e à morte das células. É difícil encontrar na comunidade
científica quem concorde com as previsões mirabolantes de De Grey. A opinião
predominante na comunidade científica é a de que, a despeito de toda a tecnologia, não
deverá haver avanços significativos na longevidade humana em um futuro próximo.
Sobre o assunto, cientistas reunidos em um painel promovido há alguns anos pela revista
Scientific American não deram motivos para muito otimismo considerando todas as
conquistas iminentes, como a terapia gênica e a possibilidade de substituição de quase
todos os órgãos naturais, e mesmo a hibernação humana, a expectativa de vida no planeta
alcançará, quando muito, 140 anos em 2500.
O artigo Mundo rumo à singularidade humana [6] apresenta a grande revolução
representada pela singularidade humana que poderá ocorrer no futuro. O que é
Singularidade? Trata-se da característica daquilo que é singular, isto é, pouco frequente,
fora do comum ou extraordinário. Singularidade é um termo que se refere a algo ou
alguém que possui característica única. A ideia de singularidade pode ser utilizada para
apresentar características físicas e comportamentos dos seres humanos que se distinguem
do que é considerado padrão. Singularidade humana diz respeito ao uso da ciência e da
tecnologia para criar uma nova categoria de seres humanos mais evoluídos. Singularidade
humana significa fazer com que os seres humanos desafiem os limites impostos pela
natureza. A singularidade humana é alcançada com o transhumanismo que é uma filosofia
que tem como objetivo melhorar a condição humana a partir do uso de ciência e da
tecnologia (biotecnologia, nanotecnologia e neurotecnologia) para aumentar a capacidade
cognitiva e superar limitações físicas e psicológicas dos seres humanos.
A ideia de alterar ou aumentar a capacidade do corpo humano através da tecnologia é tão
antiga quanto a própria humanidade. Desde o momento em que os humanos criaram
ferramentas e aprenderam a usar o fogo, a humanidade ultrapassou suas limitações
biológicas. A evolução deu à humanidade a inteligência mais sofisticada do que qualquer
animal do planeta e os humanos têm usado essa inteligência para superar seus déficits
biológicos. O transhumanismo fala sobre usar essa dinâmica para não apenas impactar o
mundo ao nosso redor, mas também, para aumentar ou mesmo substituir nossa biologia
por tecnologia. Enquanto a humanidade corrigiu a visão deficiente com lentes corretivas,
endireitou os dentes de uma pessoa com aparelhos, ou incontáveis outros exemplos de
seres humanos alterando corpos ou sentidos através da tecnologia, o transhumanista
quer substituir o olho inteiramente ou fazer transferências mentais. Um transhumano,
então, é alguém que deu esse passo e atualizou seu corpo de uma maneira que não apenas
corrige uma parte deficiente para se comportar como comumente esperado, mas substitui
algo que funciona perfeitamente bem para fazer algo mais do que é biologicamente
possível.
À medida que as tecnologias da computação avançam ao lado da biotecnologia, há uma
crescente convergência entre as duas na forma de interfaces neurais que no futuro podem
abrir a porta para conectar a mente humana diretamente a uma Inteligência Artificial, a
fim de facilitar maior aprendizado, transferência mental e superar condições
neurológicas. Como fazer o ser humano melhorar significativamente em questão de
décadas, ou mesmo de alguns anos? A resposta é o transhumanismo, movimento
determinado a usar tecnologias revolucionárias para transformar a humanidade em algo
4. 4
superior. Alguns autores acreditam que a humanidade já seria transhumana, porque o
progresso da medicina nos últimos séculos alteraram significativamente a espécie
humana. No entanto, ela não se realizou de forma consciente e, portanto, transhumanista.
Uma característica comum do transhumanismo e o pós-humanismo filosófico é a futura
visão de uma nova espécie inteligente, em que a humanidade vai evoluir e, eventualmente,
irá complementar ou substituir. O Transhumanismo sublinha a perspectiva evolucionária,
incluindo, por vezes, a criação de uma espécie animal altamente inteligente por meio de
melhoria cognitiva (ou seja, elevação biológica), mas se apega a um "futuro pós-humano",
como o objetivo final da evolução.
REFERÊNCIAS
1. ALCOFORADO. Fernando. Como fazer com que as utopias planetárias se
realizem visando a construção de um mundo melhor. Disponível no website
<https://www.academia.edu/104881861/COMO_FAZER_COM_QUE_AS_UTOPI
AS_PLANET%C3%81RIAS_SE_REALIZEM_VISANDO_A_CONSTRU%C3%8
7%C3%83O_DE_UM_MUNDO_MELHOR>.
2. ALCOFORADO, Fernando. O homem em busca da imortalidade. Disponível no
website
<https://www.academia.edu/10435699/O_HOMEM_EM_BUSCA_DA_IMORTAL
IDADE>.
3. DEMARCHI, Celia. Quem quer viver 1000 anos? Disponível no website
<http://super.abril.com.br/saude/quem-quer-viver-1-000-anos-445501.shtml>.
4. OLIVEIRA, Monique. A era dos homens imortais. Disponível no website
<http://www.istoe.com.br/reportagens/paginar/192193_A+ERA+DOS+HOMENS+I
MORTAIS/1>.
5. ALEXANDER, Lawrence. O declínio da morte - a imortalidade em um futuro
próximo? Disponível no website <http://www.youtube.com/watch?featur>.
6. ALCOFORADO, Fernando. Mundo rumo à singularidade humana. Disponível no
website
<https://www.academia.edu/43517794/MUNDO_RUMO_%C3%80_SINGULARI
DADE_HUMANA>.
* Fernando Alcoforado, 83, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema
CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, da SBPC- Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência e do IPB- Instituto Politécnico da Bahia, engenheiro pela Escola Politécnica da UFBA
e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona,
professor universitário (Engenharia, Economia e Administração) e consultor nas áreas de planejamento
estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, foi
Assessor do Vice-Presidente de Engenharia e Tecnologia da LIGHT S.A. Electric power distribution
company do Rio de Janeiro, Coordenador de Planejamento Estratégico do CEPED- Centro de Pesquisa e
Desenvolvimento da Bahia, Subsecretário de Energia do Estado da Bahia, Secretário do Planejamento de
Salvador, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a
Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São
Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade
de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento
(Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos
Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic
and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft &
Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e
Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e
combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os
Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia
5. 5
no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba,
2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV,
Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017), Esquerda x Direita e a sua
convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-autoria), Como inventar o futuro
para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019), A humanidade ameaçada e as estratégias para sua
sobrevivência (Editora Dialética, São Paulo, 2021), A escalada da ciência e da tecnologia ao longo da
história e sua contribuição ao progresso e à sobrevivência da humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2022),
de capítulo do livro Flood Handbook (CRC Press, Boca Raton, Florida, United States, 2022) e How to
protect human beings from threats to their existence and avoid the extinction of humanity (Generis
Publishing, Europe, Republic of Moldova, Chișinău, 2023).