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I N V E S T M A I S42
C O M O F U N C I O N A
A ESCOLHA DOS ATIVOS
E O EFEITO ZIP-ZAP
p o r C L Á U D I A A U G E L L I
Escolhi a dedo o assunto deste meu primeiro texto aqui
na InvestMais: análise quantitativa (estatística), que
consideroseressencialparaosucessodequalquerinvestidor.
A análise estatística deve permear a escolha (da combina-
ção) dos ativos que irão formar uma carteira, é a base da
diversificação. A diversificação não é nenhuma novidade,
provavelmente sua avó já dizia que não é prudente colocar
todasasfichasnamesmaaposta,outodososovosnamesma
cesta,justificandoque,sevocêperderaaposta,perdetudo;
se a cesta cair no chão... lá se vão todos os ovos.
Há quem defenda a teoria da concentração; explico,
alguns acreditam que, se o investidor tiver muitos ativos
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R$10milemdezaçõesdecompanhiasdistintas−supondo
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Diversificar não é “entupir” a carteira de ativos como
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Sefosseassim,umacarteiracom50ativosseriamelhorque
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ativos de diferentes riscos.
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de fato, devemos entender que um ativo é composto de
dois tipos de risco:
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versificável, é o risco próprio ou individual do ativo,
está associado a fatores que afetam um setor ou uma
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ativos que compõem uma carteira (conforme você
pode observar na figura da página seguinte).
2. Risco sistemático, ou não diversificável, é de natu-
reza geral e macroeconômica. Ocorre em função
de fatores que afetam a economia como um todo −
taxa de juros, inflação, câmbio, guerras, catástrofes
naturais, etc. Essa categoria de risco não pode ser
compensada mediante diversificação.
J U L 1 1 43
Cláudia Augelli é sócia-fundadora da
Eugênio Invest e agente autônoma de in-
vestimentos certificada pela CVM. Possui
especialização em finanças (Yale School
of Management) e em corporate finance
(New York University), MBA em mercado
de capitais e derivativos pela BM&F, graduou-se com
honras em administração, é palestrante e professora
de finanças e gestão de custos no Ibmec.
Perguntas, comentários ou sugestões através do Twitter:
@eugenioinvest
*A quantidade de ativos é apenas um exemplo e não indica regra.
Risco da carteira
de investimentos
Risco diversi•cável
*Quantidade
de ativos
5 10 15 20
Risco sistemático
Risco
total
Riscos da carteira de investimentos
- risco + risco
! < 1 ! = 1 ! > 1
Termômetro de risco da carteira
Código
do ativo
Preço Quant.
Finan.
(R$)
Peso (%) Beta
ABCD4 57,40 700 40.180,00 44,32 1,78
XPTO3 27,37 1.000 27.370,00 30,19 0,96
WTZY5 46,20 500 23.100,00
23.100,00
90.650,00
0,40
Beta da carteira: 1,18
CÁLCULO DO BETA DA CARTEIRA
O risco sistemático pode ser quantificado pelo
coeficiente beta (representado pela letra grega b), que
indica a variação dos retornos de uma ação ou cartei-
ra em oposição aos retornos do mercado (Ibovespa).
Lembrando que o beta do mercado é sempre 1; no caso
de um ativo com beta igual a 2, se o Ibovespa subir
1%, o ativo sobe 2%. Que ótimo, então sobe mais que
o índice! Porém, se o Ibovespa cair 1%, o ativo cai 2%,
bem mais que o índice também. Portanto, ativos com
beta > 1 são considerados agressivos.
Já os ativos que apresentam beta < 1 são considerados
defensores. Imagine um ativo com beta igual a 0,5. Se
o Ibovespa subir 1%, o ativo sobe apenas 0,5%. Mas,
se o Ibovespa cair 1%, ele só cai 0,5%. Ativos com beta
igual a 1 se comportam igual ao mercado e, por isso,
são considerados moderados. Diversificar é misturar
ativos com betas diferentes. O ideal é que o investidor
ajuste sua carteira de acordo com o cenário macro:
carteiras agressivas para bolsa altista e defensivas para
bolsa baixista.
mantenham relação inversa entre si − efeito zip-zap.
Isto é, quando um sobe, o outro cai.
O beta pode ser calculado por meio da relação de
covariância entre o ativo e a carteira de mercado com a
variância da carteira de mercado (b = Cov x,y ÷ Var x).
Parece complicado, mas é bem simples, principalmente
com a ajuda do Excel ou dos softwares que existem por
aí. O risco de um ativo mantido fora de uma carteira é
diferente de seu risco quando incluído numa carteira.
O risco de uma carteira depende da forma como seus
elementos se relacionam (covariam) entre si. E a sua
redução pode ser promovida pela seleção de ativos que
Interpretação: o beta é um indicador de risco dos
ativos (ações/carteiras), indica como o ativo se comporta
em relação ao mercado.
Quanto > o beta, mais arriscada é sua ação/carteira.
Quanto < o beta, mais defensiva é sua ação/carteira.
A base de comparação é a carteira de mercado, que
possui beta = 1.
Vale lembrar que, quanto maior é o risco, maior
é a possibilidade de perda ou retorno.
É muito raro encontrarmos ativos que apresentem
correlação negativa se comparados ao Ibovespa − como
ouro,a Selic eodólar−,que,paraefeitodediversificação,
formamcombinações“mágicas”comoutrosativosdentro
de nossas carteiras. Observe os movimentos opostos no
gráfico, fica bem nítido:
Fonte:Economática,elaboradoporCláudiaAugelli.
Ibovespa x dólar x ouro x Selic
20
15
10
5
0
-5
-10
-15
-20
-25
201020092008200720062005
Ibovespa
Dólar
Ouro
Selic
Não se esqueça de ver no site da InvestMais o beta dos
papeis que compõem o Ibovespa!

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  • 1. I N V E S T M A I S42 C O M O F U N C I O N A A ESCOLHA DOS ATIVOS E O EFEITO ZIP-ZAP p o r C L Á U D I A A U G E L L I Escolhi a dedo o assunto deste meu primeiro texto aqui na InvestMais: análise quantitativa (estatística), que consideroseressencialparaosucessodequalquerinvestidor. A análise estatística deve permear a escolha (da combina- ção) dos ativos que irão formar uma carteira, é a base da diversificação. A diversificação não é nenhuma novidade, provavelmente sua avó já dizia que não é prudente colocar todasasfichasnamesmaaposta,outodososovosnamesma cesta,justificandoque,sevocêperderaaposta,perdetudo; se a cesta cair no chão... lá se vão todos os ovos. Há quem defenda a teoria da concentração; explico, alguns acreditam que, se o investidor tiver muitos ativos na carteira, não vai conseguir capturar a valorização no casodealtaeobterbonsganhos.Porexemplo,sealocarmos R$10milemdezaçõesdecompanhiasdistintas−supondo um investimento de R$1 mil em cada uma −, se uma delas subir 20% (o que é uma alta espetacular), nosso lucro será de apenas R$200 naquele papel, ou seja, apesar de o ganho percentual ser alto, o ganho financeiro é baixo. Portanto, existe um número ótimo de ativos entre os quais devemos distribuirnossosrecursos.Contudo,essaquantidadeótima ébastantepolêmica.Emminhaopinião,essenúmerovaria de caso para caso e vale o bom-senso. Diversificar não é “entupir” a carteira de ativos como pregam por aí (sabe aquela história de “mais do mesmo”?). Sefosseassim,umacarteiracom50ativosseriamelhorque uma com 10; e uma carteira com 500 ativos, melhor que uma formada por 100 e assim por diante. Mas isso é uma grandebesteira.Sabemosque,porvezes,umportfóliocom 5 ações pode estar melhor diversificado do que um com 20.Precisamosdeumadiversificaçãoestatística,combinar ativos de diferentes riscos. Paracompreendermoscomoadiversificaçãofunciona de fato, devemos entender que um ativo é composto de dois tipos de risco: 1. Risco não sistemático, também conhecido como di- versificável, é o risco próprio ou individual do ativo, está associado a fatores que afetam um setor ou uma empresa isoladamente. É possível minimizá-lo ou, até mesmo, zerá-lo por meio da diversificação dos ativos que compõem uma carteira (conforme você pode observar na figura da página seguinte). 2. Risco sistemático, ou não diversificável, é de natu- reza geral e macroeconômica. Ocorre em função de fatores que afetam a economia como um todo − taxa de juros, inflação, câmbio, guerras, catástrofes naturais, etc. Essa categoria de risco não pode ser compensada mediante diversificação.
  • 2. J U L 1 1 43 Cláudia Augelli é sócia-fundadora da Eugênio Invest e agente autônoma de in- vestimentos certificada pela CVM. Possui especialização em finanças (Yale School of Management) e em corporate finance (New York University), MBA em mercado de capitais e derivativos pela BM&F, graduou-se com honras em administração, é palestrante e professora de finanças e gestão de custos no Ibmec. Perguntas, comentários ou sugestões através do Twitter: @eugenioinvest *A quantidade de ativos é apenas um exemplo e não indica regra. Risco da carteira de investimentos Risco diversi•cável *Quantidade de ativos 5 10 15 20 Risco sistemático Risco total Riscos da carteira de investimentos - risco + risco ! < 1 ! = 1 ! > 1 Termômetro de risco da carteira Código do ativo Preço Quant. Finan. (R$) Peso (%) Beta ABCD4 57,40 700 40.180,00 44,32 1,78 XPTO3 27,37 1.000 27.370,00 30,19 0,96 WTZY5 46,20 500 23.100,00 23.100,00 90.650,00 0,40 Beta da carteira: 1,18 CÁLCULO DO BETA DA CARTEIRA O risco sistemático pode ser quantificado pelo coeficiente beta (representado pela letra grega b), que indica a variação dos retornos de uma ação ou cartei- ra em oposição aos retornos do mercado (Ibovespa). Lembrando que o beta do mercado é sempre 1; no caso de um ativo com beta igual a 2, se o Ibovespa subir 1%, o ativo sobe 2%. Que ótimo, então sobe mais que o índice! Porém, se o Ibovespa cair 1%, o ativo cai 2%, bem mais que o índice também. Portanto, ativos com beta > 1 são considerados agressivos. Já os ativos que apresentam beta < 1 são considerados defensores. Imagine um ativo com beta igual a 0,5. Se o Ibovespa subir 1%, o ativo sobe apenas 0,5%. Mas, se o Ibovespa cair 1%, ele só cai 0,5%. Ativos com beta igual a 1 se comportam igual ao mercado e, por isso, são considerados moderados. Diversificar é misturar ativos com betas diferentes. O ideal é que o investidor ajuste sua carteira de acordo com o cenário macro: carteiras agressivas para bolsa altista e defensivas para bolsa baixista. mantenham relação inversa entre si − efeito zip-zap. Isto é, quando um sobe, o outro cai. O beta pode ser calculado por meio da relação de covariância entre o ativo e a carteira de mercado com a variância da carteira de mercado (b = Cov x,y ÷ Var x). Parece complicado, mas é bem simples, principalmente com a ajuda do Excel ou dos softwares que existem por aí. O risco de um ativo mantido fora de uma carteira é diferente de seu risco quando incluído numa carteira. O risco de uma carteira depende da forma como seus elementos se relacionam (covariam) entre si. E a sua redução pode ser promovida pela seleção de ativos que Interpretação: o beta é um indicador de risco dos ativos (ações/carteiras), indica como o ativo se comporta em relação ao mercado. Quanto > o beta, mais arriscada é sua ação/carteira. Quanto < o beta, mais defensiva é sua ação/carteira. A base de comparação é a carteira de mercado, que possui beta = 1. Vale lembrar que, quanto maior é o risco, maior é a possibilidade de perda ou retorno. É muito raro encontrarmos ativos que apresentem correlação negativa se comparados ao Ibovespa − como ouro,a Selic eodólar−,que,paraefeitodediversificação, formamcombinações“mágicas”comoutrosativosdentro de nossas carteiras. Observe os movimentos opostos no gráfico, fica bem nítido: Fonte:Economática,elaboradoporCláudiaAugelli. Ibovespa x dólar x ouro x Selic 20 15 10 5 0 -5 -10 -15 -20 -25 201020092008200720062005 Ibovespa Dólar Ouro Selic Não se esqueça de ver no site da InvestMais o beta dos papeis que compõem o Ibovespa!