Com a sua novidade, Cristo pode sempre renovar a nossa vida e a nossa comunidade, e a proposta cristã, ainda que atravesse períodos obscuros e fraquezas eclesiais, nunca envelhece. Jesus Cristo pode romper também os esquemas enfadonhos em que pretendemos aprisioná-lo, e surpreende-nos com sua constante criatividade divina.
Papa Francisco, A Alegria do Evangelho, n. 11.
Dirigido aos franciscanos seculares, pode auxiliar a todos.
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudo
A vida precisa ser viçosa - Frei Almir Guimarães
1. A vida precisa ser viçosa!
FREI ALMIR GUIMARÃES
Com a sua novidade, Cristo pode sempre renovar a nossa vida e a nossa
comunidade, e a proposta cristã, ainda que atravesse períodos obscuros e
fraquezas eclesiais, nunca envelhece. Jesus Cristo pode romper também os
esquemas enfadonhos em que pretendemos aprisioná-lo, e surpreendê-nos
com sua constante criatividade divina.
Papa Francisco, A Alegria do Evangelho, n. 11
1. Podem ser chamados a fazer parte das Fraternidades franciscanas
seculares os que não andam satisfeitos com uma prática religiosa mecânica e
sem alma. Não querem fracassar na vida. São pessoas que se sentem
chamadas, vocacionadas. O Cristo ressuscitado andou chamando-as e
convocando-as. Experimentam vontade de responder ao apelo: “Vem e segue-
me”. Os melhores candidatos à vida franciscana secular não são aqueles que
já estão engajados e compromissados com mil e uma pastorais e serviços, e
que, por força das circunstancias vão se exaurindo num ativismo desgaste e
mortal, mas o que estão num estado e busca das estrelas. Os melhores
candidatos são aqueles que têm senso crítico diante de certas posturas de
pessoas ou de grupos, de comunidades alienadas, preocupadas com os
sucesso exterior, de cunho devocional, com uma dimensão caritativa
assistencialista, ou pessoas cultivadoras de intensas emoções religiosas.
2. Podem ser chamados a ingressar na Igreja em saída do Papa Francisco os
que foram e continuam sendo tocados pelo Sermão da Montanha: os que
2. precisam ou desejam ser sal da terra, fermento na massa e luz do mundo, os
que, quando solicitados, não dão apenas o manto mas também a túnica, que
não andam atrás de cargos ou posições de honra, os que gostam de rezar no
quarto e se perfumam quando jejuam. Os que andam atrás de um vida
transparente. Os franciscanos seculares, como já fizera Francisco, fazem do
Evangelho o ar para respirar.
3. São aptos para fazer a caminhada espiritual na Ordem Franciscana Secular
os que desejam se desvencilhar de determinadas amarras: ansiedade por
dinheiro, sempre mais dinheiro, sempre mais bens; aqueles que tomam
distância crítica da sociedade da rentabilidade, da competição, do lucro, do
salve-se-quem-puder; de um mundo que usa as pessoas como se fossem
coisas. Não estão de acordo com o individualismo empobrecedor e adoção da
filosofia da provisório. Os franciscanos seculares são pessoas que questionam
uma sociedade que não tem senso crítico e que fabrica robôs, seres humanos
em série.
4. Os cristãos (e os franciscanos seculares) têm consciência de uma vocação
que não querem malbaratar. Sabem que esta se cultiva, se reorienta, se revê.
Por isso são féis às coisas mais simples: constantes revisões de vida, cultivo
de delicadeza de consciência, olhar o mundo com critérios evangélicos e ter
sempre uma pergunta nos lábios: “Senhor, o que queres de mim? O que
queres de nossa Fraternidade?
5. Normalmente falando, os franciscanos seculares em fraternidades e onde
quer que estejam serão pessoas fraternas: gostam de gente, são respeitosos
com as diferenças, organizam a paz, constroem entendimento quando tudo
parece tecido de desavença, corrigem porque querem que o irmão atinja sua
plena realização de ser humano e de santo, servem e lavam os pés do outros,
evitam posturas de revanchismo, vingança e retaliação. Gostam de chamar os
outros de irmão e de irmã.
Para refletir
Assim escreve Jean Sulivan: “Não nos devemos admirar que na Quinta-feira
Santa, antes da comunhão, Jesus lave os pés de seus discípulos. E diz: Os
reis das nações dominam sobre elas e dá-se-lhes o nome de grandes
benfeitores. Não será pois assim entre vós. Aquele que quiser tornar-se grande
entre vós, será vosso benfeitor, e o que quiser tornar-se primeiro, será escravo
de todos. Porque o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir.
O discípulo não está acima do mestre. Não tenho culpa, é o Evangelho. Temos
que medir por ele a caricatura do cristianismo vivido. O Evangelho nos convida
a todos. Não condena a ninguém. A comunhão real supõe este paradoxo
vivido: o chefe que desce do pedestal e lava os pés daqueles que ele dirige,
não nos dias de cerimônia, mas na realidade cotidiana. É o inverso da
3. sabedoria ordinária. Se aquele que manda não se humilha, o que é mandado é
humilhado. Não se trata para o chefe cristão de manter no infantilismo, mas sim
de promover adultos e irmãos.
Jean Sulivan, “Provocação ou a fraqueza de Deus”, Ed. Herder, São Paulo, p.
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