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Queridos Alunas e Alunos
Estimadas Famílias
Caros Docentes
É com grande alegria que vos entregamos os manuais de Educação Moral e Religiosa Católica, que foram preparados
para lecionar o novo Programa da disciplina, na sua edição de 2014. O que aqui encontrareis procura ajudar, cada um dos
alunos e das alunas que frequentam a disciplina, a «posicionar-se, pessoalincntc, frente ao fenómeno religioso e agir com
responsabilidade e coerência», tal corno a Conferência Episcopal Portuguesa definiu como grande finalidade da disciplina*.
Para tal, realizou-se um extenso trabalho que pretende, de fonna pedagogicamente adequada e cientificamente significativa,
contribuir com seriedade para a educação integral das crianças e dos jovens do nosso País.
Esta tarefa, realizada sob a superior orientação da Conferência Episcopal Portuguesa, a responsabilidade da Comissão
Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé e a dedicação permanente do Secretariado Nacional da Educação Cristã,
envolveu uma extensa e motivada equipa de trabalho. Queremos, pois, agradecer aos autores dos textos e aos artistas que
elaboraram a montagem dos mesmos, pelo seu entusiasmo permanente e pela qualidade do resultado final. Também referimos,
com apreço e gratidão, os docentes que experimentaram e comentaram os manuais, ainda durante a sua execução, e o contributo
insubstituível dos Secretariados Diocesanos responsáveis pela disciplina na Igreja local. E a todos os docentes de Educação
Moral e Religiosa Católica, não só entregamos estes indispensáveis instrutnentos pedagógicos como aproveitamos esta feliz
ocasião para sublinhar a relevância do seu fundamental papel, nas escolas e na formação das suas alunas e dos seus alunos, e
testemunhamos o nosso reconhecimento pelo seu extenso compro1nisso pastoral na sociedade portuguesa.
Do mesmo modo, estamos agradecidos às Famílias, porque desejam o melhor para os seus filhos e filhas e, nesse contexto,
escolhem a discipllna de Educação Moral e Religiosa Católica como um importante contributo para a formação e o
desenvolvimento pleno e feliz dos seus jovens. Os jovens conformam o nosso futuro comum e o empenho sério na sua
educação é sempre uma garantia de uma sociedade mais bondosa, mais bela e mais justa.
Finalmente, queridas crianças e queridos jovens, a Igreja quer ir ao vosso encontro, estar convosco, ajudar-vos a viver bem
e, nesse sentido, colaborar com o esforço de construção de um mundo melhor a que sois chamados, enraizados e firmes
(cf. Col 2, 7) na proposta de vida que Jesus Cristo tem para cada u1n de vós. É esse o horizonte de vida, de missão e de futuro,
a construir convosco, que nos propomos realizar com a disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica.
Em nome da Conferência Episcopal Portuguesa e no nosso próprio, saudamos todas as alunas e todos os alunos de Educação
Moral e Religiosa Católica de Portugal co1n alegria e esperança,
Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé
Lisboa, 19 de março de 2015,
Solenidade de S. José, Esposo da Virgem Maria e Padroeiro da Igreja Universal
*t·onli:n:ncia Episn1pJl Portuguesa. (2006), r:J11nirii" _forn/ (' Re/;gúmi ('a1,i/ica L'm l'll/ioso ,-0111rih11to P(ff(I "fOl'llWí'iiO da penonaf1dadc. TI. 6.
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- I
Olá.
Fonios convido.dos po.Ya te apYesentaY esta unidade
letiva sobYe o anioY e é coni 3Yande pYazeY que o
Pazenios.
0onios uni casal apaixonado A nossa vida é niaYcada pelo anioY:anioY à vida, aos
Pilhas, aos pobYes... a Deus.
A MoYio nasceu eni FloYença, no ano de l<n4. Foi pYofessoYa, escYitoYa
e apaixonada pelas 3Yandes causas. PYeocupou-se senipYe coni os niais
necessitados e na se3unda 3ueYYa mundial tYabalhou conio enPeYnieiYa
voluntó.Yia da CYuz VeYnielha .
O Lu:s nasceu eni Catânia, no ano de l<?ZO. Foi uni advo3ado
bYilhante e tYabalhou paYa o 3oveYno italiano. ApesaY das suas
muitas ocupações, encontYava sernpYe tempo paYa se dedicaY a
vó.Yias associações de ajuda hurnanitáYia.
Conhecemo-nos em Roma em IC(OI e quatYo anos depois, na bas(lica
de 0anta MaYia MaioY, cornpYorneterno-nos a fazeY do arnoY o nosso
ideal de vida . livernos quatYo filhos que educámos com todo o aPeto e a
quem tYansrnitirnos a beleza da 3eneYosidade e da caYidade paYa com todos:
0tephania, Fi/ippo, CesaYe e f.nyichetta. A jestação desta nossa última Pilha Poi
rnu1}0 dl(cil poY causa de um 3Yave pYoblerna de saúde. Os médicos aconselhavam
o aboYto poYque o Yisco de rnoYYeYern mãe e Pilha eYa elevado, mas tornámos a
decisão de levaY a 3Yavidez até ao Pirn e ela nasceu PoYte e bela. DuYante a
se3unda 3ueYYa mundial acolhemos YePu3iados na nossa casa; os nossos Pilhas
paYticipavarn nesta dinâmica de atenção aos mais necessitados e, o.pós o. 'JueYYo.,
ajudaYo.rn também na YeconstYução de casas nos bo.iYYos pobYes de Roma. Âpeso.Y
do.s contYo.Yiedo.des Pomos sernpYe urna Po.rn(lio. rnu1}0 Peliz onde nenhum pYoblerna
eYo. Yesolvido sem diálo30 e que se pedisse o. qjudo. de Deus.
Luís faleceu em 1951, com 71 anos e Maria em 1965, com 81 an?s.
J
- p ulo li beatificou o casal Quattrocch1 exaltando a
Em 2001 o papa oao a ,
radicalid~de com que Luís e Maria viveram o amor a Deus, o amor reciproco, o
amor aos filhos e amor aos outros. b
N
. , ·ada beati
·ficação estiveram presentes os filhos deste casal que sou e
acenmoni · · ·d
viver com rande intensidade humana o amor conjugal e o serviço a v1 ª·. .
Luís e Mar~a Quattrocchi - modelo de vida cristã para todos - foram o primeiro
casal a ser beatificado pela Igreja.
O~MOR t ~ FORÇ;~ MMS ?ObEROS~ bo SER HUM~NO.
Éaquilo que caracteriza a pessoa e a distingue de todos os outros seres vivos.
Mesmo a atividade racional está sujeita à energia do amor: é o querer saber,
é o gostar de ir mais além, é o prazer da descoberta.
Éa arte do amor que transporta o coração e a mente humana para a aventura
da vida, do bem e do belo. Se por um lado continuamos prisioneiros de vontades
egoístas, por outro lado somos a presença do dom do amor nos gestos heroicos
e libertadores a favor de pessoas e de causas.
A dedicação, entrega de si próprio ao outro, é o ato mais nobre que motiva
cada homem e cada mulher a sentir-se parte integrante da humanidade. Sem
~
amor, a humanidade morreria!
O amor é a mais universal, mais formidável e mais misteriosa das
energias cósmicas. É uma reserva sagrada de energia, o próprio sangue da
evolução espiritual. O amor é uma conquista aventureira. Só se mantém e
desenvolve mediante uma descoberta contínua.
Teilhard de Chardin (1881-1955)
Não é fácil definir o amor. Mas também não é difícil exprimir o que é amar:
amar é entrar em sintonia; é estimar muito. Amar é, sobretudo, querer o bem
do outro e agir de acordo com esta vontade; no limite, amar é ser capaz de se
sacrificar pela felicidade da pessoa amada.
Muito mais do que simples sentimento, o amor é uma decisão:é uma deliberação
pessoal que envolve não só as emoções, mas também a razão e a vontade.
Sabey-t .•
O grego antigo
tem três palavras
distintas para dizer
amor:
eros (amor erótico),
philia (amor
fraternal) e
ágape (amor
incondicional,
ablativo).
Love, Robert Clark
(Artista plástico contemporâneo)
-
1. Comenta a
afirmação: "Muito
mais do que simples
sentimento, o amor é
uma decisão".
Ooc..I
A afetividade é uma riqueza extraordinária que nos permite emocionarmo-nos
com um espetáculo grandioso ou com o sofrimento de alguém, que nos faz
vibrar de prazer perante uma obra de arte ou com a alegria de um amigo. Mas
entregue às suas próprias iniciativas, a afetividade, só por si, pode reduzir o ser
humano a um estado selvagem.
Quantas vezes, movidos unicamente pela afetividade, achamos que uma pessoa
tem razão só porque gostamos dela e que uma outra não tem razão porque
não a suportamos!? Quantas vezes, movidos unicamente pela afetividade,
estudamos bem com o professor X apenas porque ele é simpático!? Quantas
vezes, movidos unicamente pela afetividade, ficamos furiosos só porque uma
censura justa nos feriu ou porque achamos que ninguém repara nos nossos
esforços!? Quantas vezes, movidos unicamente pela afetividade, criamos
situações injustas, mal-entendidos absurdos e desfazemos laços de amizade!?
A afetividade é uma dimensão fundamental, mas a pessoa é também
inteligência e vontade (autodeterminação); e para que a ação humana seja
eticamente boa estas três dimensões devem caminhar juntas. Isoladas,
conduzem a pessoa a um beco sem saída. A afetividade, bem orientada pela
inteligência, torna o ser humano capaz de amar e de ajudar os outros.
Adaptado de Sentido Único
O amor na arte e na cultura
O amor é um elemento tão determinante da vida humana que foi e continua
a ser tema de inúmeras obras de arte e produções culturais. A humanidade
sente necessidade de exprimir esta dimensão através da beleza e da sabedoria
que essas produções transmitem. Tanto na poesia e na literatura em geral, como
na pintura, escultura, arquitetura ou música, o amor é tema recorrente.
Doc..2
A minha história é simples
A tua, meu Amor,
Ébem mais simples ainda:
«Era uma vez uma flor.
Nasceu à beira de um Poeta...»
Vês como é simples e linda?
(O resto conto depois;
Mas tão a sós, tão de manso,
Que só escutemos os dois.)
Sebastião da Gama (1924-1952),
Cabo da Boa Esperança
O Beijo, Gustav Klimt (1862-1918)
Doc..3
Então Almitra disse: Fala-nos do Amor. Eele levantou a cabeça, olhou o povo e
disse com voz forte: Quando o amor vos fizer sinal, segui-o; ainda que os seus
caminhos sejam duros e escarpados.
E quando as suas asas vos envolverem, entregai-vos; ainda que a espada
escondida na sua plumagem vos possa ferir.
Equando vos falar, acreditai nele; apesar de a sua voz poder quebrar os vossos
sonhos como o vento norte ao sacudir os jardins.
Pois o amor, coroando-vos, também vos crucificará. O amor só dá de si mesmo
e só recebe de si mesmo. O amor não possui nem quer ser possuído. Porque
o amor basta ao amor. Quando amardes, não digais: Deus está no meu
coração, mas antes: Eu estou no coração de Deus.
Excertos de «Sobre o Amor»,
Khalil Gibran (1883-1931), O Profeta
-
- Taj Mahal é um monumento construído no
século XVII em Agra, na Índia. Neste mausoléu, a
alvura de cada pedra, grande ou minúscula, faz
parte de um todo arquitetonicamente perfeito,
donde lhe vem uma imponente força artística
que a todos encanta e interroga. A beleza
exterior deste monumento, considerado um
"poema de amor em pedra", é reflexo de uma
beleza interior e misteriosa, mas real: a relação
amorosa entre Shah Jahan e Mumtaz Mahal.
Vénus (na mitologia romana) ou
Afrodite (no panteão grego) é a deusa
do amor, do erotismo e da beleza.
Diz-se que surgiu de dentro de uma
concha de madrepérola, tendo
sido gerada pela espuma da água.
Foi das divindades mais veneradas
na antiguidade e ainda hoje é
representada como ideal da beleza
feminina.
O Nascimento de Vénus, Sandro Botticelli (1445-1510)
Também a sabedoria popular expressa, através de provérbios, as lições sobre
o amor que a experiência lhe foi ditando:
ONDE MANDA
OAMOR Nl!6
HA outRo
SENHOR.
~
Amorplatónico é uma expressão que designa um amor ideal, às vezes imaginário.
Em sentido popular pode significar um amor impossível de se realizar por ser
tão perfeito, puro e ideal. Refere-se ao pensador grego Platão (século V a.e.)
mas nada tem a ver com a sua filosofia. Para Platão o amor não se resume ao
plano das ideias; faz parte da realidade material.
A inteligência sem amor torna-te perverso
A justiça sem amor faz-te implacável
A diplomacia sem amor torna-te hipócrita
O êxito sem amor faz-te arrogante
A riqueza sem amor torna-te avarento
A docilidade sem amor faz-te servil
A beleza sem amor faz-te ridículo
A autoridade sem amor torna-te tirano
O trabalho sem amor faz-te escravo
A simplicidade sem amor deprecia-te
A lei sem amor torna-te escravo
A política sem amor faz-te prepotente
A fé sem amor torna-te fanático
A vida sem amor... não tem sentido
Autor desconhecido
Amizade, namoro e solidariedade
A adolescência é a época das grandes amizades, da construção de relações
duradouras que muitas vezes persistem por toda a vida. É um tempo de
descoberta de si e do outro. Éneste ambiente que surgem as primeiras paixões.
Quando sentimos que alguém pode ser a resposta aos nossos sonhos e anseios,
essa pessoa torna-se única. Julgamos até que não conseguimos viver sem ela.
Essa pessoa singular ajuda-nos a derrubar as barreiras, a sair da solidão e a
relacionarmo-nos melhor com os demais. Começamos então a ver e a interpretar
o mundo de maneira diferente, a estabelecer laços com diferentes pessoas.
Parece ter começado uma vida nova, em que nada nos é estranho e tudo é
passível de se concretizar. Assim se desperta também para a solidariedade e
para a adesão a grandes causas.
Amizade, namoro e solidariedade são três manifestações do amor em ação.
-
2. Faz uma pesquisa
e recolhe diferentes
testemunhos, textos
ou frases sobre o
amor. Regista o que
mais te tocou.
-
Um jovem disse: Fala-nos da Amizade.
Eele respondeu, dizendo:
O vosso amigo é a resposta às vossas necessidades.
Doe.
Ele é vosso campo, que cultivais com amor e colheis com gratidão.
Eé a vossa mesa e a vossa lareira
::;:;;:;;;;;;.~~----- pois ides até ele com fome e nele procurais a paz.
Quando o vosso amigo expõe a sua opinião,
não temais o "não" que está na vossa mente, nem segureis o "sim".
Equando ele está calado, o vosso coração não deixa de ouvir o coração dele,
pois na amizade, todos os pensamentos, todos os desejos, todas as esperanças
nascem e são partilhadas sem palavras, com alegria.
Quando vos separais de um amigo não fiqueis aflitos,
pois aquilo que mais amais nele ficará mais claro com a sua ausência,
tal como a montanha, para quem a escala, é mais nítida vista da planície.
Excertos de «Sobre a Amizade», Khalil Gibran (1883-1931), O Profeta
Doe..e;
,
Amar é um pouco como observar uma plantinha que cresce na primavera;
com efeito, o amor tem os seus ritmos, precisa de atenções, de cuidados,
de inteligência para descobrir o que se esconde no coração do outro. E,
precisamente como as plantinhas, também o amor, no princípio, é muitíssimo
delicado. O primeiro passo é compreender: perceber se o caminho pode ser
percorrido juntos e, sobretudo, se a pessoa que vos enche de curiosidade
mostra que sente por vós os mesmos sentimentos. E não pensem que seja
fácil investigar e descobrir se o amor é realmente Amor! Gestos, palavras e
pensamentos que o outro vos dirige habitualmente tornam-se o centro das
vossas preocupações: «Não me telefona, portanto não me ama»; «Já não me
dá presentes, por conseguinte ama-me pouco». Temem que o seu sentimento
seja superficial e não sabem como ficar realmente seguros? Não tenham
pressa, deixem que o tempo passe e as coisas amadureçam.
E. Giordano, T. Lasconi e G. Boscato, Adolescentes: as perguntas inquietantes
Doe,.
Qual será a idade certa? 13? 15? 20? Talvez fiquem desiludidos, mas não há
resposta para esta pergunta! Não existe a idade do primeiro beijo ou, melhor,
não pode estar contida num determinado ano, num mês ou numa data. Está
tudo escrito na idade do coração, aquela que está dentro de vocês. A idade do
primeiro beijo sente-se por dentro: com efeito, chega um dia em que o único
::;;;::.._;;;;~~~~~- modo de demonstrar o afeto à pessoa de que se gosta é o beijo.
E. Giordano, T. Lasconi e G. Boscato, Adolescentes: as perguntas inquietantes
Ooc..1
Amar não é apoderar-se do outro para se completar, mas sim dar-se ao
outro para o completar. Estarás pronto a amar autenticamente quando a tua
necessidade e, sobretudo, a tua vontade de dar forem mais fortes que a tua
vontade e a tua necessidade de receber.
São necessários muitos anos de estudo para entrar na faculdade; porquê não
admitir que é necessário muito tempo para se preparar para amar?
As paixões do adolescente não são amor: são a agitação do rapaz que encontra
a feminilidade (e não determinada rapariga}, a emoção da jovem que encontra
a virilidade (e não determinado rapaz). Misterioso choque de todo o ser, que
descobre o que lhe falta para se expandir. Aquele que, enganado por essa forte
emoção, constrói um lar, constrói-o sobre areia.
Aprender a amar, não é fazer muitas experiências; é respeitares-te e respeitares
todos os outros, para seres capaz de respeitar profundamente o corpo ea pessoa de
um outro; é conquistares-te para te poderes dar a um outro; é esqueceres-te para
não te apoderares de um outro, mas sim ofereceres-te; é abrires-te aos outros,
aceitares os outros, compreenderes os outros, permutares com os outros, para
poderes acolher um outro.
Michel Quoist {1921-1997), Construir
Doe.
A solidariedade não é um sentimento de compaixão vaga ou de enternecimento
superficial pelos males sofridos por tantas pessoas próximas ou distantes. Pelo
contrário, é a determinação firme e perseverante de se empenhar pelo bem
comum; ou seja, pelo bem de todos e de cada um, porque todos nós somos
verdadeiramente responsáveis por todos.
Papa João Paulo li (1920-2005), Soflicitudo Rei Socialis, 38
Não se cansem de trabalhar por um mundo mais
justo e mais solidário! Ninguém pode permanecer
insensível às desigualdades que ainda existem
no mundo! Cada um, na medida das próprias
possibilidades e responsabilidades, saiba dar
a sua contribuição para acabar com tantas
injustiças sociais! Não é a cultura do egoísmo, do
individualismo, que frequentemente regula a nossa
sociedade, aquela que constrói e conduz a um
mundo mais habitável; não é ela, mas sim a cultura
da solidariedade. A cultura da solidariedade é ver
no outro não um concorrente ou um número, mas
um irmão. Etodos nós somos irmãos!
Papa Francisco,
XXV/11 Jornada Mundial da Juventude (2013)
-
-
3. Caracteriza o
amor explicitando
as diferenças entre
amizade, namoro e
solidariedade.
Doação e fecundidade
A fecundidade - fruto do amor - além de ser um bem social por garantir a
sobrevivência da humanidade, promove também a realização pessoal.
A sexualidade - dinamismo biológico, psicológico e espiritual - é uma
componente fundamental da personalidade; é um modo de ser, de sentir
e de comunicar com os outros; é a nossa maneira de sermos homens
ou mulheres. Permite-nos estabelecer laços, dar e receber afetos e
manifesta-se em todas as relações: na camaradagem, na amizade, no
namoro, no matrimónio, no celibato. As relações interpessoais não
são necessariamente sexuais, mas são, inevitavelmente, sexuadas.
Sexualidade e genitalidade não são, pois, sinónimos; a genitalidade
é apenas um dos muitos aspetos da sexualidade: a sua dimensão
física.
A sexualidade é espaço aberto para o amor e nele encontra o seu
sentido; pressupõe a vivência da beleza e da exigência de uma relação
onde cada um é dom para o outro e ambos são dom para a realização
de um projeto aberto à vida. Enquanto força dinâmica, a sexualidade
humana orienta-se para a maturidade e para a construção do eu; abre-
-se à pessoa e ao mundo do tu numa relação interpessoal que culmina
num projeto de vida e alarga-se ao nós dentro de um clima de relações
interpessoais de aceitação e de doação.
Doe..
A sexualidade afeta todos os
aspetos da pessoa humana,
na unidade do seu corpo e
da sua alma. Diz respeito
particularmente à afetividade,
à capacidade de amar e de
procriar e à aptidão de criar
laços de comunhão com outrem.
Catecismo da Igreja Católica, 2332
Asexualidade dz respeito à pessoa integral.
Pensamos, agimos, sentimos e amamos
como homens ou como mulheres. O amor
vivido na relação sexual entre um homem
e uma mulher é muito mais do que mero
encontro fisiológico; faz parte de uma
história pessoal com um passado, um
presente e um futuro, em que as opções
tomadas influenciam a sua realização
e felicidade. Sendo algo de enorme
responsabilidade, é igualmente fonte de
bem estar e de complementaridade na
beleza da entrega total.
Doc..I
A sexualidade é uma energia
que nos motiva a procurar amor,
contacto, ternura, intimidade.
Manifesta-se no modo como nos
sentimos, movemos, tocamos e
somos tocados; é ser-se sensual
e ao mesmo tempo sexual. Ela
influencia os nossos sentimentos,
ações e interações e contribui
para a nossa saúde física e mental.
Organização Mundial de Saúde
-
- Instrumentalizar o corpo humano e usá-lo como se fosse um
objeto é reduzir a pessoa a coisa e desrespeitar profundamente
a dignidade humana.
A ausência de amor é geralmente a causa de muitos
problemas que se refletem diretamente nas pessoas envolvidas
na relação e, indiretamente, na sociedade. Ao contrário da
fecundidade e da felicidade - consequências de um amor
verdadeiro entre duas pessoas - , a solidão e infelicidade
poderão surgir como consequência da irresponsabilidade e
do egoísmo. A gravidez indesejada, os filhos abandonados,
os conflitos tantas vezes violentos são fenómenos complexos,
mas que manifestam a ausência da autenticidade de um amor
amadurecido pelo diálogo e por uma relação afetiva construtiva.
Para garantir a realização pessoal e a felicidade que todos procuramos é
fundamental integrar a sexualidade no contexto do próprio projeto de vida e
vivê-la com amor.
• Simples prazer físico egocêntrico
sem atender ao bem-estar do outro.
• Força incontrolável que se exerce
contra a vontade do outro (violação,
agressão...)
• Comercialização da sexualidade
(prostituição, pornografia).
• Possessão do outro como um bem
próprio (ciúme extremo).
• Obsessão que transforma a vida
numa procura de prazer sexual.
• O bem-estar da pessoa que se
ama está em primeiro lugar, sem
negar o próprio bem-estar.
• Capacidade de autocontrolo
para corresponder aos interesses
daquele que se ama.
• A sexualidade é vista como uma
dádiva ao outro, um encontro que
não se vende nem se compra.
• O outro é visto como uma
liberdade, uma pessoa com
dignidade e valor que não é
pertença exclusiva de ninguém.
• A relação sexual como forma de
realização pessoal e interpessoal
acontece no diálogo, no afeto, na
atenção ao outro, no prazer, na
entrega e no êxtase.
O amor tem a capacidade inovadora de dar
e renovar a vida: no sentido biológico, como
gerador de filhos; no sentido afetivo, como
promotor de bem-estar; no sentido social,
como impulsionador de solidariedade. O amor
autêntico é sempre fecundo e criativo.
A fecundidade humana não se esgota na
capacidade de gerar fisicamente uma nova vida,
mas envolve a entrega de cada pessoa como
dom que enriquece e faz crescer os outros. Para além da geração de um filho, a
fecundidade do casal continua no cultivo da vida: cuidar, educar, apoiar, servir,
escutar, compreender... Sonhos e projetos em comum alimentam a vida fecunda
e plena do casal.
Na família - célula primordial da
sociedade - onde germina a vida,
aprendemos os primeiros passos em
direção à felicidade e à realização
pessoal e social. Nesta comunidade,
primeira escola de sociabilidade,
aprendemos os valores que hão de
nortear a nossa vida.
Uma família alicerçada no amor
abre-se naturalmente à relação com os outros e, atenta às dificuldades, dedica-
-se a grandes causas (ideais) e descobre maneiras de promover o bem comum.
A adoção é um testemunho
que demonstra claramente a
imensidão do amor, que não está
limitado às paredes do lar, mas
que abre a família ao mundo
encontrando, naqueles que foram
privados da sua família biológica,
a motivação para a vivência de
um amor fecundo e imenso.
/ tlQe...,,
que todo o amor é fecundo e contribui para a realização
pessoal dignificando o ser humano.
4. O que é a
sexualidade?
-
5. Por que é que amor
autêntico é sempre
fecundo e criativo?
,
responsave1
Transmitir a vida humana é uma obra sublime que exige reflexão e tomadas
de decisão ponderadas e responsáveis.
Todo o ser humano tem o direito a não ser "programado" como um objeto da
técnica, mas a ser amado e desejado dentro de uma relação amorosa autêntica.
Os pais devem ter a oportunidade e o direito de escolher o número de filhos
que desejam ter, cabendo ao Estado a obrigação de garantir essa possibilidade.
Têm também obrigação de discernir, em consciência e de forma responsável, as
circunstâncias mais favoráveis ao nascimento dos filhos.
Os casais, em família, farão a escolha do momento
e do número de filhos com que querem
enriquecer a própria família e a sociedade.
O planeamento familiar tem sempre como
critério a dignidade da pessoa (do casal, dos
filhos já nascidos e dos filhos por nascer) e
o respeito pela vida humana em todos os
seus momentos. Esta é a proposta da Igreja
católica sobre o controlo da natalidade.
Ooc..I
A fecundidade é um bem, um dom, um fim do matrimónio. Dando a vida a novos
seres, os esposos participam da paternidade de Deus. A regulação dosnascimentos
representa um dos aspetos da paternidade e da maternidade responsáveis.
Catecismo do Igreja Católica, 2398-2399
1. A maternidade e a paternidade constituem valores sociais eminentes.
2. A mãe e o pai têm direito à proteção da sociedade e do Estado na realização
da sua insubstituível ação em relação aos filhos, nomeadamente quanto à
sua educação.
Artigo 68.9 do Constituição Portuguesa e Art.933.9 da Lei n.9 7/2009
..,. e:-')
Um destes dias, o João e a Mafalda
falaram de filhos. Não dos filhos dos
outros casais, mas dos filhos que
eles próprios gostariam de vir a ter.
Ao longo da conversa nem sempre
estiveram de acordo. O João
desejava que o primeiro filho
fosse rapaz. Já a Mafalda ficaria
mais satisfeita se lhe calhasse
uma rapariga. Coisa de somenos
importância, como acabaram por
concluir.
Outro aspeto abordado foi o de terem ou não filhos logo após o casamento.
Também aqui as coisas não bateram certo: enquanto ele desejava um filho o
mais depressa possível, ela gostaria de passar os primeiros dois ou três anos
sem filhos, para poderem viver, a sós, o amor a dois.
Numa coisa estiveram de acordo:
gostavam de ter um casal. Mais
não, que a vida não está para
brincadeiras e os juros da habitação
estão altíssimos. Mas como resolver
o problema de adiar o nascimento
ou, uma vez já contemplados com
o casal que gostariam de vir a ter,
evitar a vinda de outros? É que,
quem anda à chuva... molha-se -
dizia o João, numa evidente alusão
ao risco de poderem vir a aumentar
a conta, se não tomassem "certas
precauções".
Écurioso que nem um nem o outro se lembraram de que poderiam vir a não
ter filhos, ainda que muito os desejassem...
Adaptado de Guias de Diólogo - CPM (Curso de preparação para o casamento)
-
6. Para além do
controlo da natalidade,
em que outros
aspetos se manifesta a
responsabilidade dos
pais?
Os Mfrotos N~1UP.MS baseiam-se na observa-
ção, feita pela mulher, de sinais que o seu corpo
emite e que lhe permitem identificar os dias em
que está fértil. O homem está sempre fértil.
Durante o seu ciclo, a mulher passa por uma
fase em que está fértil (pode engravidar se tiver
relações sexuais) e outra em que está infértil
(não pode engravidar). Durante a fase fértil, a
mulher produz uma substância chamada «muco
fértil», produzida no colo do útero, que desce
pela vagina até ao exterior. O muco mantém os
espermatozoides vivos no seu corpo. Na ausência
deste muco, a mulher não consegue engravidar.
O rné.todo 13-illiY~S consiste na observação da
existência do muco fértil, com vista a determinar
o período fértil da mulher.
O rné.todo SiYto-téxrnic..o junta à observação
do muco a observação da temperatura basal do
corpo, que fica mais alta após a ovulação, e a
observação de outros indicadores menores.
Se os procedimentos previstos nestes métodos
forem corretamente seguidos, são muito eficazes.
Requerem acompanhamento, por parte de uma
monitora, durante a aprendizagem. Se o casal
quiser evitar uma gravidez, então não poderá ter
relações sexuais durante o período fértil da mulher.
Para os casais que têm dificuldade em
engravidar, estes métodos podem ser de grande
ajuda, pois o casal aprende a identificar os
dias do ciclo menstrual em que existem mais
probabilidades de conseguir uma gravidez.
Os métodos naturais não têm quaisquer efeitos
secundários e respeitam o biorritmo da mulher.
o coito iYtmornpido, que consiste em retirar o
pénis da vagina antes da ejaculação, não pode ser
considerado um método de planeamento familiar.
De facto, alguns espermatozoides estão presentes
no líquido que lubrifica a glande (ponta) do pénis,
produzido pelo homem antes da ejaculação, pelo
que a gravidez pode acontecer mesmo que se
interrompa a relação sexual antes da ejaculação.
O contacto direto entre o pénis e o exterior da
vagina também pode conduzir a uma gravidez. Se
a mulher estiver na fase fértil do seu ciclo, o muco
pode manter vivos esses espermatozoides.
Os MfTOOOS HORMONA$ OU G.UÍM(..0$ impedem
a ovulação tornando a mulher infértil. A píl1,1lo.
tem de ser tomada todos os dias à mesma
hora para ser eficaz. Alguns medicamentos
interferem com a ação da pílula. A i~eçáo
tem mais efeitos secundários do que os outros
métodos hormonais e não deve ser tomada por
adolescentes. O irnpO.YTh consiste numa vareta de
silicone, embebida em hormonas, que é colocada,
pelo médico, debaixo da pele do braço. O o.de&i'tJ
é colocado na pele numa zona do corpo onde a
roupa não faça fricção. O o.r.e,I vo.~iral é inserido
dentro da vagina; está embebido em hormonas e
previne a ovulação.
Estes métodos, embora muito eficazes, têm
efeitos secundários que podem ser graves:
problemas de circulação sanguínea, tromboses,
tensão arterial elevada, infeções vaginais,
alterações de peso e náuseas. Nunca devem ser
usados sem conselho médico.
Os MfTDOO$ bf ~REIR~ impedem a
passagem dos espermatozoides para o útero e
daí para as trompas onde está o óvulo durante as
24 horas que se seguem à ovulação.
o presenttiO oos~iro, com a aparência de
uma dedeira, tem um reservatório na ponta onde
se recolhe o sémen. Tem de ser colocado no pénis
após a ereção e antes da penetração na vagina. É
importante que o pénis seja retirado da vagina
antes de se perder aereção para que o preservativo
não saia e fique retido na vagina. Apesar de, nestes
casos, poder ser facilmente retirado com os dedos,
o sémen passa para a vagina, permitindo uma
gravidez. o presenttiO ferniriiro tem a aparência
de uma «manga» que forra a vagina, evitando a
passagem dos espermatozoides.
O diíÃfríÃ~rtíà é colocado dentro da vagina por
um ginecologista. Os métodos de barreira devem
ser utilizados em conjunto com um espexniic,ictA
que é colocado no interior da vagina ou usados
para untar o preservativo ou o diafragma. Estes
métodos têm poucos efeitos secundários.
Por vezes, o látex ou os espermicidas podem
provocar alergias.
O preservativo masculino é o único método
que ajuda a evitar a passagem de infeções
sexualmente transmissíveis.
o di~sitiO iri1rnl.4texi'O LDU) é um pequeno
aparelho de metal ou plástico que é colocado
no interior do útero por um médico. Dificulta a
passagem dos espermatozoides mas nem sempre
evita a fecundação e, nesse caso, dificulta a
nidação do embrião no útero provocando um
aborto precoce. Alguns DIU's libertam hormonas,
fazendo com que a mulher não tenha ovulações.
Nunca deve ser colocado numa mulher que ainda
não teve filhos porque, como irrita as paredes
do útero, provoca mais facilmente infeções do
aparelho reprodutor que podem conduzir à
infertilidade.
Os M
f TDOO$ 0RÚRhC-0$ têm como efeito a
esterilização e são, com muito raras exceções,
irreversíveis. A íÃ~WW.çáo de, irorn~s consiste
na obstrução das trompas, impossibilitando o
encontro dos espermatozoides com o óvulo. A
vtÃSe0torniíà bloqueia os canais deferentes que
levam os espermatozoides dos testículos para
o pénis. O homem continua a ejacular líquido
seminal, produzido acima do bloqueio, mas este
não contém espermatozoides.
A píl1.4h d
o diíà S~l.4Íhte, não é um método de
planeamento familiar. Consiste na toma de uma
dose muito forte de hormonas. Infelizmente,
tem-se abusado da sua utilização, como se fosse
um método normal de planeamento familiar. Se
tomada após afecundação, não permite a nidação
do embrião no útero e é, portanto, abortiva.
-
f .4rt(à ~rnnde, re,sponsíÃbilidíÃde,. Nenhum rapaz
nem nenhuma rapariga devem iniciar uma vida
sexualmente ativa sem pensar muito seriamente
na possibilidade de haver uma gravidez e de surgir,
portanto, uma nova vida.
~NHUM MfTOtx> ti ~AMENTO F
AMIL.IAR
~ 1007. EFIUtZ..
Se a decisão tomada é a de iniciar relações
sexuais, então um primeiro passo para se assumir
a responsabilidade por esta decisão é a de procurar
aconselhamento em relação ao planeamento
familiar. A escolha de um contracetivo é também
uma decisão com fortes implicações morais. O
casal deve ter sempre presente os valores éticos
implicados que são a inviolabilidade da vida humana
e o respeito pela dignidade do homem, da mulher e
da criança que pode nascer. Determinar o número
de filhos e o momento do seu nascimento é uma
decisão que pertence ao casal. Não deve ser tomada
com base apenas em critérios de comodismo e
facilidade mas, fundamentalmente, por critérios de
generosidade e de abertura à vida, garantindo uma
paternidade responsável.
Mary Anne d'Avillez (Enfermeira)
-
Ginecologia significa
literalmente "ciência
da mulher", mas
na medicina é
a especialidade
que trata do
sistema reprodutor
feminino.
Os hospitais
e centros de
saúde dispõem
de consultas de
ginecologia a
que as mulheres,
adolescentes
incluídas, podem
recorrer.
7. Em que é
que consiste o
planeamento familiar?
8. O que entendes por
"educação sexual" ?
Planeamento familiar
A paternidade responsável engloba o planeamento da família -
o diálogo do casal sobre como viver o amor recíproco que os une
e sobre as decisões a tomar a respeito do número de filhos que
pode ter e como vai espaçar o seu nascimento - o que implica
escolher um mét odo de regulação da natalidade.
O casal deve gerir a sua fertilidade com generosidade, mas
também deve t er em conta o equilíbrio e a sustentabilidade da
vida familiar.
Antes de tomar uma decisão sobre o método de planeamento
familiaraadotar, ocasal deve procurar informação cientificamente
correta sobre o funcionamento, as vantagens e desvantagens, o
efeito sobre a saúde, a eficácia dos métodos existentes e as suas
implicações éticas.
Ooc.r
A imagem que se pretende comunicar através da maioria das campanhas
de «educação sexual» é absolutamente falsa. Os jovens que aí aparecem
respiram saúde e alegria. No entanto, esta não é de todo a verdade daqueles
que enveredam por semelhante opção. Vida não é andar por aí com um
preservativo em cada mão, para aproveitar as oportunidades que surjam na
próxima esquina. Uma análise e investigação real e autêntica nestes domínios
mostrariam muita frustração, dor, recalcamento, complexos, vazio e ilusão. O
sexo não é apenas uma relação física, não existe preservativo que torne alguém
imune às consequências emocionais e afetivas de uma vida sexual com vários
parceiros e precocemente iniciada. O sexo não pode ser encarado apenas pela
vertente do prazer, sem ter em conta o que representa de responsabilidade
e compromisso, que só se pode realizar plenamente no casamento. É preciso
coragem para assumir o que não está na moda, mas que melhor defende as
expetativas de um futuro maravilhoso. O verdadeiro sexo seguro é aquele que
é vivido no contexto da família, na harmonia de um relacionamento de amor
autêntico e genuíno que se conjuga com fidelidade e responsabilidade.
Adaptado de Samuel Pinheiro, http://www.portalevangelico.pt/
li t'IO e:.~11
que para viver uma paternidade/maternidade responsável o
planeamento familiar é necessário e deverá ser sempre aberto à vida e à
realização do casal.
Os homens e as mulheres amam-se desde sempre. A Bíblia interpreta esse
amor à luz de um modelo divino: exalta o dom mútuo e completo de um ao outro.
O amor vivido na relação matrimonial é usado como comparação e metáfora do
amor de Deus para com a humanidade e da resposta desta ao Deus que é amor.
A Bíblia apresenta Deus como criador e pai da humanidade, mas apresenta-o,
também, como marido que ama incondicionalmente a comunidade humana
como uma esposa.
Logo no primeiro livro da Bíblia, o Génesis, afirma-se que o homem e a
mulher foram criados à imagem de Deus para se unirem um ao outro e serem os
dois uma só carne (cf. Gn 2, 24). A sexualidade está, pois, dentro do projeto do
Criador para a humanidade. Deus deu ao ser humano uma força de vida que é
simultaneamente conforto, bem-estar afetivo e dom para o outro na comunhão
amorosa aberta à vida, sempre nova.
Osjilfios são uma 6ênção
3
0 1
hai: os filhos são uma bênção do Senhor;
o fruto das entranhas, uma verdadeira dádiva.
4
Como flechas nas mãos de um guerreiro,
assim os filhos nascidos na juventude.
5
Feliz o hamem que deles encheu a sua aljava!
Não será envergonhadq pelos seus inimigos,
quando com eles discutir às portas da cidade.
SI 127(126),3-5
Os salmos são
poemas: cânticos de
louvor, de súplica,
de agradecimento,
de bênção...
Rezados e cantados
individualmente e
em comunidade,
ainda hoje,
fazem parte
das celebrações
religiosas dos judeus
e dos cristãos. Os
salmos refletem
o amor infinito
de Deus pela
humanidade e
tornam atual o grito
de louvor ou de
súplica do crente.
- Este salmo proclama apresença
amorosa de Deus no trabalho, na
vida social e, sobretudo, na família
que ele protege e abençoa com
o dom maravilhoso dos filhos.
Através dos filhos é garantida a
descendência e a história não só
da família, mas também do povo.
A fecundidade é uma bênção de
Deus.
O nascimento dos filhos
confirma que Deus está presente
na vida familiar, abençoando
e gerando novas vidas. Neste
sentido, o salmo fala dos filhos
como «flechas», querendo
significar a enorme importância que os filhos têm para os pais (tal como as
flechas são importantes nas mãos dos guerreiros). O pai, cercado pelos filhos, é
comparado a um combatente artilhado, pronto para enfrentar as adversidades
da vida.
.Jls 6ênçãosfamiúares
3
A tua esposa será _
como videira fecunda
na intimidade do teu lar;
osteus filhos serão como rebentos de oliveira
ao redor cta tua mesa.
SI 128(127),3.
O salmo 128 tem como tema central a felicidade do
ser humano que acolhe as bênçãos de Deus. Neste
salmo canta-se a convicção de que quem respeita
os mandamentos de Deus colhe os seus frutos de
felicidade e paz. O bem-estar pessoal (harmonia do
casal, filhos, trabalho, vida longa) prolonga-se no
bem comum e na paz social.
}1.famíúa de Jesus
31
Nisto chegam sua mãe e seus irmãos que, ficando do lado de
fora, o mandam chamar. 32
A multidão estava sentada em volta dele,
quando lhe disseram: «Estão lá fora a tua mãe e os teus irmãos que te •
procuram.» 33
Ele respondeu: «Quem são minha mãe e meus irmãos?»
34
E, percorrendo com o olhar os q~e estavam sentados à volta dele,
disse: «Aí estão minha niãe e meus irmãos. 35
Aquele que fizer a vontade
de Deus, esse é que é meu irmão, minha irmã e minha mãe.»
Me 3,31-35
A mensagem fundamental deste texto
é que Jesus vem propor uma família
universal edificada na aceitação da
vontade de Deus: o amor, que suplanta
os laços sanguíneos. A nova família que
Jesus apresenta não se limita a um espaço
geográfico nem a um tempo histórico: é
composta por todas as pessoas do mundo
e de todos os tempos. A única condição
para pertencer a esta família onde todos
são felizes, é amar a Deus e ao próximo.
O verdadeiro parentesco com Jesus está,
pois, em aceitá-lo como aquele que é
Família, Henry Moore (1898_1986) expressão plena da presença de Deus.
Os familiares consanguíneos que aceitam Jesus são duplamente da
sua família. Assim, longe de desprestigiar Maria, Jesus honra-a ainda mais,
t ributando-lhe duas vezes o nome de mãe: porque o trouxe no seio e porque o
traz no coração.
O texto refere ainda o contraste entre "ficar de fora" e "estar dentro",
desafiando a uma tomada de consciência e de posição: estamos afastados ou
queremos unir-nos a Jesus desejando construir a família universal?
~hnf"'Jb que a família é algo querido por Deus e que a mensagem
cristã nos desafia à vivência dos valores familiares.
-
Na Bíblia, e ainda
hoje no oriente, a
palavra "irmãos"
refere-se não
apenas aos filhos
dos mesmos pais,
mas também aos
parentes próximos,
nomeadamente os
primos.
9. À luz da
mensagem bíblica,
o que é que poderás
fazer para melhorar
o teu ambiente
familiar?
A vivência do amor, para ser sublime e bela exige respeito, responsabilidade e
fidelidade. Estas atitudes correlacionadas e características do amor tornam-nos
pessoas felizes, alegres e apaixonadas com um sorriso nos lábios e um brilho no
olhar. Quando somos irresponsáveis, desrespeitadores ou infiéis é evidente que
não estamos a amar.
P-E.Sl'ClNSABilLbMf., como a raiz da palavra indica, é dar resposta às situações;
é responder por si e pelos próprios atos, é assumir os deveres e as obrigações
correspondentes. A responsabilidade torna-nos cuidadosos para connosco
e para com os outros. Exige crescimento e maturidade e não é confiada nem
pedida a todos da mesma maneira.
SOU P-E.Sl'ClNS~'Jf.L ~UANtx):
· P-E.fLITO ~1fS bE. AhlP-;
· KlNbE.P-0 AS GONSE.~UtNVIAS bAS MINHAS tÇ-OE.S;
· Atuo 0U~tx)SAME.N1f;
· ASSUMO OS ME.US ATOS E. ?ALAJP-AS> NbE.?E.NbE.N1fME.N1f ~S
SUAS GONSE.~UÜ-.1(.1AS;
. A?P-E.Ntx) GOM os E.P-P-OS E. Atx)TO UMA rosyÃO MAIS P-E.fLE.TibA
ocro1s bE. A
TitubE.S INGONSvE.N1fS.
RES~ETO, do latim respectus que significa "olhar outra vez", é apreço,
consideração, deferência, obediência; é um "olhar" que nos impede de fazer
ou dizer coisas desagradáveis. Respeitar não significa concordar em tudo, mas
significa não ofender. Seremos tanto mais respeitados quanto mais soubermos
respeitar.
SOU RES~EITM:OR G-UANbO: JAf..OP-12-0
bEJIDFME.NTE
~s ~E.SSO~S) ~s C-0S~S
E. OS ~Mi'IE.NTES
fDELbfbE, atitude de quem é fiel e se compromete com aquilo que assume,
é lealdade, confiança, honestidade, verdade, constância, firmeza.
A fidelidade é um valor que nasce do respeito pela confiança que uma
pessoa deposita na outra e que exige responsabilidade. É, porventura, o maior
desafio que se nos coloca nos dias de hoje e na sociedade em que vivemos, no
sentido de uma vivência autêntica do amor. A fidelidade não é coisa fácil de se
concretizar e parece até que já está fora de moda! Mas vale a pena assumi-la
porque dela depende a confiança que depositamos uns nos outros, o amor e a
felicidade.
Viver a fidelidade numa relação com outra pessoa é ter a coragem de ser um
para o outro e de ser um no outro. Édizer não à mentira e aos jogos de enganos.
A fidelidade exige verdade e um grande apreço pelo outro.
Atidelidade é o ADtJ do amor e a f.elicidade é a sua obra-prima.
-
-
10. Reflete sobre as
tuas formas de amar e
elabora ou escreve um
compromisso pessoal
para cresceres mais no
amor.
f t-'"",, ~ ,,
que a alegria do amor vive-se na responsabilidade, no respeito
e na fidelidade.
Ooc.I
Creio que Deus é amor. Creio que Deus é bondade infinita, porque é amor
infinito. Creio que a criação é fruto do amor, porque o amor quer-nos fazer
participar na sua bondade. Creio que todo o homem, mesmo antes de o ser, foi
amado, pessoalmente e infinitamente, por Deus, e sê-lo-á sempre, quaisquer
que sejam o seu rosto e os caminhos da sua vida. Creio mesmo que o homem
foi pensado pelo amor de Deus e que a «imagem» de Deus nele pode ser
desfigurada, mas não destruída. Creio que o homem, feito por amor, foi criado
para o amor, e, portanto, livre, e convidado à felicidade infinita do amor. Creio
que, com Jesus Cristo, viver é amar sob o sopro do Espírito. Ecreio que o amor
não pode morrer, porque vem de Deus e volta para Deus.
Adaptado de Michel Quoist (1921-1997), Falai-me de amor
-
--
-
e
-
e
e
J
Olá!
Charno-rne Ro~•J•'. Nasci na <.Su:ça ern
lq!S, rnas ern lqt..ID, duYante a 0e'1unda
GueYYa Mundial tui viveY paYa FYança.
Desde sernpYe senti o desejo de
rne juntaY a outYas pessoas paYa
concYetizaYnios urn 3Yande desatio:
viveY todos os dias a Yeconciliaçõ.o
entYe os cYistãos.
<Sabes que no CYistianisrno existern tYês 3Yupos: católicos, oYtodoxos e
pYotestantes. fu nasci nurna tarn:lia pYotestante, rna3 senha-nie fascinado
pelo catolicisrno e pela oYtodoxia e sernpYe sotYi ao veY pessoas, sinceYas e
honestas, a YecusaYern YelacionaY-se tYateYnalrnente só poYque peYtenciaf)!
a tani:lias cYistõ.s dfeYentes. O sotYirnento que vi, duYante o teYY;vel conílito
rnundia{ deu- rne ainda rnais consciência de que, unido.,, poderno3 tazeY uni
bern rnaioY.
Juntei-nie a outYas pessoo.s e tundó.rnos, ern laizé, unia coniunidade onde,
na siniplicidade, cada urn expYessa a sua té cYistã. 0Yanios eni conjunto,
acolhernos quern nos pYocuYa e seYvirnos os destavoYecido3. QueYernos,
os iYniãos de laizé, seY uni sina/ concYeto de Yeconciliação entYe CYistãos
divididos e povos sepaYados.
Nesta unidade letiva pYocuYa entendeY as Yazõe3 hi3tóYica3, cu/tuYo.is
e Yeli3iosas que pYovocaYarn as vó.Yias divisões no CYistianisrno. AbYe-te a
beleza da cornunhão na dfeYença. DescobYe o que podes tazey paYa toYnaY
poss:ve/ a tYateYnidade entYe os povos, a cornunhão entYe os cYistão3 e a
haYrnonia nas Yelações entYe as pessoas da tua escola e da tua tani:lia.
O irmão Roger Schutz foi assassinado em 2005, d~rante a or~ção d~ t~r~e:
or uma mulher que sofria de perturbações mentais. A comunidad: e a1ze
~ontinua a ser um sinal de encontro entre os povos e ?e construçao d~ p~z.
Para além dos programas semanais em Taizé, a comunida~e promove, es e
1978, encontros anuais de oração pela paz em diferentes cidades da Europa.
O Cristianismo, que assenta a sua fé e a sua esperança em Jesus Cristo, é uma
religião profundamente inserida na vida das pessoas e dos povos.
Jesus e os apóstolos viveram num período histórico em que o império romano
dominava grande parte do mundo conhecido.
Os cristãos, pessoas reais e concretas, sempre viveram no espaço público
em que estavam inseridos, adaptando-se às condições sociais. Herdeiro do
Judaísmo e enriquecido pela civilização greco-romana, o Cristianismo, apesar de
três séculos de perseguições, criou raízes na vida de muitos homens e mulheres
que, em Jesus Cristo, encontraram sentido para a sua vida.
O Cristianismo, enquanto religião organizada e enquanto fé vivida no
dia a dia pelos cristãos, contribuiu, e muito, para a construção da civilização
ocidental. Foi, e ainda é, um motor da construção europeia enquanto referência
de identidade perante os vários povos, línguas e culturas.
O papel do Cristianismo tem sido importante em todos os setores da vida
humana a nível pessoal e a nível coletivo. Grandes princípios e comportamentos
éticos são o resultado da presença dos valores evangélicos no pensamento e na
ação dos indivíduos e dos povos:
- AAFl<.MAç.,Aô bO /ALO<. Ebf blhNbfOC bf PéSSOA HUMANA)
- O<.EC-ONHE.vMENTO OC QUE AJbf HUMANA €. SAh<.Abfi
- AIMro<.TÃt{;A bf FAMÍLIA)
- A~<.OMQVAô bA SOl.lbA!<.EbAOC EbO 17EM C-OMUM;
- AblhNbfOC bO 1RA-17ALHO EbA JUSTA <.EMUNE<.AYAôi
- AMro<.TÃt{;A bf EbUvAç.,Aô Ebf Lll7E<.bfOC OC ltNSAMENTO.
..
Catedral de Braga
(
A Assembleia
da República
(Parlamento) está
sediada num antigo
mosteiro de
S. Bento.
1. Procura na zona
onde moras uma
igreja, um mosteiro,
uma rua ou outro
espaço dedicado a
São Bento.
2. Identifica o
contributo do
Cristianismo na
construção da
civilização europeia.
A visão bíblica do ser humano (criado à imagem e semelhança de Deus)
moldou a cultura humanista da europa e do mundo. A Bíblia inspirou criações
intelectuais e artísticas, influenciou códigos e normas e promoveu a paz.
O Cristianismo, através das universidades, das escolas, das catedrais e dos
mosteiros, ensinou os povos, a ler e a escrever, a construir e a pintar. Nestes
centros de cultura, a Europa foi-se gerando e adquirindo novas formas de
pensar e de agir.
O Cristianismo, ao afirmar que há uma origem comum e um destino comum
do ser humano, propõe uma fraternidade universal na pluralidade de rostos e
de pensamentos. Este contributo, que o Cristianismo oferece, obriga todos a
descentrarem-se de si, a não dominar os outros e a abrirem-se à construção do
futuro.
São Bento nasceu em Núrcia (Itália) por volta do ano
480. Viveu e estudou em Roma, quando esta cidade vivia
a turbulência da queda do império romano no ocidente
(476). Desejoso de encontrar um sentido para a sua
existência, procura no silêncio de uma gruta em Subíaco
tempo para a oração e uma vida de simplicidade. O
seu estilo de vida atrai seguidores que veem nele um
pai e um guia. Organiza este grupo (Ordem Beneditina)
a quem pede uma profunda vida interior (oração)
destinada a servir os outros através do trabalho. São Bento, Fra Angelico (1395_1455)
Com o passar do tempo, o monge Bento, numa procura sincera de Deus,
dá aos seus irmãos monges a regra de vida Ora et labora (ora e trabalha) para
que todos eles dediquem tempo à oração quotidiana e ao serviço das pessoas
através do trabalho.
Após a morte de São Bento, em 547, os seus continuadores, os beneditinos,
vão tornar-se um dos pilares da construção da nova civilização. Os mosteiros
beneditinos, por toda a Europa, são espaços de paz e de oração, e polos de
desenvolvimento cultural, económico e artístico. Formavam nas suas "escolas"
as gerações futuras. Impulsionavam a agricultura e o comércio, (re)criavam a
arte através dos copistas e dos artistas.
Pelo grande contributo dado ao mundo europeu por São Bento e seus filhos
(beneditinos, clunienses e cistercienses), o papa Paulo VI, em 1964, declarou-o
patrono da Europa.
que o Cristianismo, como comunidade dos crentes em Jesus
Cristo, contribuiu para a construção da história ocidental.
O Cisma do Oriente
Ao longo do primeiro milénio, apesardepequenas divergências eseparações, o
Cristianismo manteve-se globalmente unido. Contribuiu para o desenvolvimento
de povos e culturas; sistematizou a sua fé no credo; organizou-se na forma
plural de celebrar a fé (oração e caridade) e foi um grande instrumento para a
humanização de costumes e leis. Logo no início do segundo milénio acontece
uma grande rutura na Igreja cristã - o cisma do oriente.
O diálogo entre o oriente, cuja capital era Constantinopla (antiga Bizâncio e
atual Istambul, na Turquia), e o ocidente, com capital em Roma, já várias vezes
tinha sido posto em causa.
Com a queda do império romano
do ocidente, em 476 - após a divisão
do império romano em duas partes
(império romano do ocidente, com
capital em Roma, e império romano
do oriente, com capital em Constanti-
nopla) -, a cidade de Constantinopla
adquiriu progressivamente uma maior
importância. As diferenças entre o
mundo ocidental (que falava latim) e o
mundo oriental (que falava grego) vão-se
acentuando a nível cultural, político e
até religioso.
A palavra 'cisma'
- do grego
skhisma («fenda;
separação»)
- significa
dissidência religiosa;
separação de
uma determinada
religião.
-
3. Identifica as razões
que estiveram na
origem do cisma do
oriente.
As relações entre Roma e Constantinopla foram-se degradando. Os bispos
de Roma (papas) e os bispos de Constantinopla (patriarcas do oriente), cada um
à sua maneira, procuraram afirmar a sua autoridade sobre o outro. O conflito
acentuou-se de tal forma que cada um deles acusou o outro de se estar a afastar
da mensagem de Jesus Cristo.
No ano de 1054, numa procura de diálogo e conciliação, o cardeal Humberto,
enviado do papa, foi a Constantinopla, mas a tentativa saiu frustrada e aconteceu
a separação (cisma). O cardeal, em nome do papa Leão IX, dirige-se à basílica
de Santa Sofia e excomunga o patriarca Miguel Cerulário. Este, como resposta,
excomunga o cardeal. Com estes gestos, repletos de falta de compreensão e
de caridade, cada um considerava-se portador da verdade e expulsa dessa fé e
dessa comunhão o outro.
Surgem, assim, dois ramos no
tronco do Cristianismo: a Igreja
latina, a quevulgarmente chamamos
'católica', e a Igreja oriental, a que
chamamos 'ortodoxa'.
Esta fratura na unidade do
Cristianismo ainda hoje tem as
suas consequências. Católicos e
ortodoxos, apesar dos encontros
e abraços fraternos entre os seus
líderes, continuam separados.
Doe.IS
As diferenças entre as Igrejas do ocidente e do oriente, já evidentes no século IV,
tornam-se mais precisasdurante osséculos seguintes. As suas causaseram múltiplas:
tradições culturais distintas (greco-oriental por um lado, romano-germânica por
outro); a ignorância mútua, não só das línguas, mas também das respetivas
literaturas teológicas e as divergências de ordem cultural.
Certos desenvolvimentos do culto e das instituições eclesiásticas conferem
ao cristianismo oriental uma fisionomia peculiar. A importância da veneração
dos ícones no império bizantino e a adição do filioque ao Credo de Niceia e
Constantinopla - o trecho passava a ter a seguinte leitura: «O Espírito procede
do Pai e do Filho» - levou a que aumentasse a animosidade dos ocidentais
contra os orientais.
Adaptado de Mircea Eliade, História das Ideias e Crenças Religiosas
Renascimento
Ofinal do século XIV e o século XV é um período
de grandes transformações culturais. Após a peste
negra, que assolou a Europa na década de 40 do
século XIV, surgiram novas condições económicas
e visões da vida que conduziram ao aparecimento
da burguesia, ao incremento da vida urbana e
a um maior apreço pelo pensamento racional e
pela arte. A imitação dos modelos da Antiguidade
Clássica, grega e latina (Renascimento), vem
colocar o ser humano no centro da vida e do
pensamento (Humanismo). Esta nova perspetiva
sonha com uma época de esplendor e luz que se
irá concretizar com a exaltação do ser humano
através da literatura, das artes, da história, da
religião, das ciências naturais.
Partindo das grandes cidades italianas
(Florença, Veneza, Roma, Siena), este movimento
difundiu-se por toda a Europa, assumindo
particularidades e estilos específicos.
São desta época os grandes artistas e
pensadores que ainda hoje admiramos nas suas
criações: o poeta Dante (A Divina Comédia); os
pintores, escultores e arquitetos Giotto, Miguel
Ângelo, Leonardo da Vinci... e tantos outros.
Homem Vitruviano, Leonardo Da Vinci (1452-1519)
Pormenor da Fuga para o Egito,
Giotto di Bondone (1266-1337)
Cúpula da Catedral de Florença,
Filippo Brunelleschi (1377-1 446)
Jesus e José de Arimateía,
Baccio Bandinelli (1493-1560)
-
-
4. Em que consistiu o
cisma do ocidente?
O Cisma do Ocidente
A partir do século XII foram surgindo, na Europa medieval, vários movimentos
religiosos que apelavam a uma vida cristã mais autêntica, menos opulenta, mais
centrada na Bíblia e menos ritualista.
O século XIV é um período conturbado para a Igreja católica.
Por razões políticas, entre 1309e1377, os papas passaram a residir em Avinhão.
Palácio dos papas, Avinhão
Outro acontecimento de divisão na Igreja foi a existência de dois papas
em simultâneo: um em Roma e outro em Avinhão. Este período, que durou
entre 1378 e 1417, a que se dá o nome de cisma do ocidente, provocou grande
confusão nos crentes e grande descrédito na autoridade e função do papa como
pastor universal dos católicos.
A Igreja estava demasiado envolvida em questões políticas e económicas, em
prejuízo das preocupações espirituais. Havia, por isso, um forte movimento de
crítica às instituições da Igreja, exigindo a sua reforma.
A Reforma Protestante
O movimento humanista e o espírito renascentista, aliados ao
descontentamento das pessoas devido aos abusos da Igreja, fazem emergir
a necessidade de um retorno à mensagem original de Jesus Cristo.
Causas da Reforma Protestante
CISMA DO
OCIDENTE
- Descrédito do
papado
- Indulgências
- Poder temporal
dos papas
- Ritualismo
PENSAMENTO
RENASCENTISTA
- Valorização da
razão humana
- Redução da
ingerência
dos papas
em assuntos
nacionais
- Purificação da
vivência cristã
Lutero, o reformador
Martinho Lutero (1483-1546), padre católico,
monge agostiniano e professor, preocupado em corrigir
alguns comportamentos e ritos da Igreja, refletiu sobre
a salvação do ser humano e condenou a "venda" das
indulgências.
A prática das indulgências era habitual desde há
vários séculos e significava o perdão das penas (castigos)
relacionadas com os pecados. Para a Igreja, o perdão dos
pecados era oferecido ao crente através da celebração
do sacramento da reconciliação (confissão). Este perdão
era condição para a salvação da pessoa. No entanto,
segundo se acreditava, se a pessoa morresse reconciliada
com Deus, mas não tivesse expiado os seus pecados mediante a penitência
adequada (jejum, gestos de caridade, etc.), teria de passar transitoriamente
pelo purgatório antes de ingressar no céu. As indulgências eram uma maneira
de obter a remissão dessas penas. Nunca a Igreja afirmou que a indulgência
correspondia ao perdão dos pecados, mas apenas ao perdão da pena
correspondente ao pecado.
Em termos populares, as indulgências eram entendidas como «um bilhete
para o céu». Para recolher benefícios, alguns na Igreja não contrariavam
convenientemente esta explicação. No início do século XVI, esta prática envolvia
vastas somas de dinheiro que eram uma fonte de rendimentos, nomeadamente
para a construção da nova basílica de
S. Pedro, em Roma.
Lutero revolta-se contra esta prática
da Igreja, põe em causa a função e o
poder do papa, apresenta a Bíblia
como única autoridade em matéria de
fé e afirma que a salvação se alcança
pela fé e não pelas obras.
Em 1517, com o objetivo de
promover um debate entre professores
e estudantes que contribuísse para a
renovação da Igreja, Lutero afixa 95
Teses na porta da igreja de Wittenberg,
na Alemanha.
-
5. Faz uma biografia
de Martinho Lutero.
6. Caracteriza a
doutrina de Martinho
Lutero.
T Doc..1
Com um desejo ardente de trazer a verdade à luz, as seguintes teses serão
defendidas em Wittenberg sob a presidência do Rev. Frei Martinho Lutero,
Mestre de Sagrada Teologia. Ele pede que todos os que não puderem estar
presentes e disputar verbalmente o façam por escrito.
7. Deus não perdoa a culpa de qualquer pessoa sem, ao mesmo tempo,
sujeitá-la, em tudo humilhada, ao sacerdote, seu vigário.
21. Erram, portanto, os pregadores de indulgências que afirmam que a pessoa
é absolvida de toda a pena e salva pelas indulgências do papa.
24. Por isso, a maior parte do povo está a ser ludibriada por essa magnífica e
indistinta promessa de absolvição da pena.
37. Qualquer cristão verdadeiro, vivo ou morto, participa de todos os
benefícios de Cristo e da Igreja, que são dons de Deus, mesmo sem carta
de indulgência.
43. Deve ensinar-se aos cristãos que, dando ao pobre ou emprestando ao
necessitado, procedem melhor do que se comprarem indulgências.
44. Ocorre que através da obra de amor cresce o amor e a pessoa torna-se
melhor, ao passo que com as indulgências ela não se torna melhor, mas
apenas mais livre da pena.
45. Deve ensinar-se aos cristãos que quem vê um necessitado e o negligencia
para gastar com indulgências obtém para si não as indulgências do papa,
mas a ira de Deus.
50. Deve ensinar-se aos cristãos que se o papa soubesse das exigências dos
pregadores de indulgências, preferiria reduzir a cinzas a basílica de S. Pedro
a edificá-la com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.
53. São inimigos de Cristo e do papa aqueles que, por causa da pregação de
indulgências, fazem calar por inteiro a palavra de Deus nas igrejas.
54. Ofende-se a palavra de Deus quando, num mesmo sermão, se dedica tanto
ou mais tempo às indulgências do que a ela.
62. O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da
graça de Deus.
A insatisfação sentida por gente do povo, comerciantes, príncipes e reis foi
t erreno fértil para a adesão às ideias de Lutero que, excomungado pelo papa em
1521, inicia outra vivência crist ã a que vulgarmente se chama Protestantismo.
(
•
Por razões políticas, Lutero defendia que cada príncipe deveria escolh~
impor a religião no seu Estado. Em 1529, no encontro de Spira (Alemanha),
Lutero e os seus seguidores protestaram contra a negação da liberdade de
os príncipes escolherem a religião a adaptar nos seus domínios. Daí advém o
nome de protestantes.
Do~.I
Lutero afirma: «Não admito que a minha doutrina possa ser julgada pelos
homens, ou mesmo pelos anjos. Aquele que não aceita a minha doutrina não
pode obter a salvação». Tendo recebido a revelação de que é Deus-Pai quem
julga, condena e salva segundo a sua própria decisão, Lutero não pode tolerar
mais nenhuma outra interpretação.
Afirmava: «Se a vontade não é livre, o pecado não pode ser imputado aos
homens, já que ele só existe se for voluntário. Além disso, se o homem não
fosse livre para escolher, Deus seria responsável tanto pelas más como pelas
boas ações».
Mircea Eliade, História das Ideias e Crenças Religiosas
João Calvino, outro reformador
João Calvino (1509-1564), francês, seguidor dos ideais de Lutero, afirma que
a salvação da pessoa se deve ao trabalho justo e honesto. Esta declaração foi
bem aceite por banqueiros e burgueses a quem a Igreja condenava pela sua
riqueza, muitas vezes conseguida através de juros elevados.
Calvino defende a ideia da predestinação: a pessoa, quando nasce, já tem o seu
destino definido. Esta crença, preocupada em sublinhar a omnipotência de Deus,
nega a liberdade da pessoa. Ao afirmar que o ser humano nada pode fazer para
alterar o seu destino, torna-o completamente impotente perante a vontade divina.
Calvino vai para Genebra (Suíça), onde as suas ideias religiosas são muito
bem acolhidas, e aí estabelece uma comunidade fortemente trabalhadora e
próspera, de comportamentos sóbrios e rigidamente controlados, negando
todos os prazeres da vida (puritanismo).
O Protestantismo
O movimento religioso de Lutero e de Calvino fez um forte apelo de regresso
à simplicidade original do Cristianismo. Apresentou a Bíblia como único
fundamento da fé e da autoridade religiosa. Na liturgia, fazia uso das línguas do
país e não do latim. Preocupou-se muito com a santificação dos cristãos e com
a transformação da sociedade.
Os únicos sacramentos aceites são o batismo e a ceia, como recordação da
morte e ressurreição de Cristo. Recusam imagens, vestes e músicas sagradas.
Ofacto de Lutero (e demais reformadores) ter apresentado a Bíblia-livremente
interpretada por qualquer pessoa - como única autoridade de fé deu origem à
criação de uma multiplicidade de Igrejas protestantes: luterana, presbiteriana,
metodista, pentecostal, evangélica, congregacionista, batista e muitas outras.
-
João Calvino,
Hans Holbein (1497-1498)
7. Enumera as razões
que originaram
o movimento
religioso a que se
chamou "Reforma
Protestante".
- Doc.I
O Protestantismo, que constitui um dos três grandes ramos do Cristianismo,
nasceu no século XVI na Europa e estendeu-se, de maneiras diversas, atodos os
continentes. Forma religiosa muito diversificada, está organizado em múltiplas
Igrejas e muitos movimentos.
No momento do nascimento do Protestantismo, podemos já verificar a sua
pluralidade: existem vários reformadores, defrontam-se várias convicções.
Existem amplos pontos de vista comuns sobre os fundamentos da Reforma,
mas basta uma só divergência para não se conseguir estabelecer uma Igreja
protestante única. O pluralismo é fruto da recusa de uma hierarquia e da
possibilidade de cada crente interpretar a Bíblia a seu modo. Ainda em vida de
Lutero, surgiram várias divergências. Este conflito mostra igualmente que, se
é certo que lutero é o primeiro a ousar o rompimento com a Igreja católica e
é, portanto, o «pai fundador», bem depressa passa a ser um reformador entre
outros e não o chefe incontestado de todos os protestantes.
A Reforma proclamou três grandes palavras de ordem: apenas a Fé, apenas
a Escritura, apenas a Graça. A sua radicalidade identifica-se pela vontade de
suprimir os acrescentos que, segundo os seus adeptos, terão, ao longo dos
séculos, desfigurado o Cristianismo primitivo. O mesmo é dizer que o seu
movimento pretende precisamente purificar o Cristianismo.
Sendo certo que a família protestante tem muito em comum, a verdade é que
cada um dos seus ramos tem a sua especificidade própria; existem, de resto,
por vezes, querelas internas.
Adaptado de Jean Delumeau, As Grandes Religiões do Mundo
O Anglicanismo
Contemporaneamente à reforma luterana e calvinista,
aconteceu outra separação no Cristianismo: o Anglicanismo. Em
1509, Henrique Tudor torna-se, aos 18 anos, rei de Inglaterra com
o nome de Henrique VIII. Grande devoto e defensor da fé católica,
mandou queimar, em 1521, os escritos de Lutero e escreveu
contra ele um tratado denominado «Sete Sacramentos». Por esta
atitude, o papa atribuiu-lhe o título de «defensor da fé».
Henrique VIII era casado com Catarina de Aragão, mas
apaixonou-se por uma dama da corte, Ana Bolena. A relação
amorosa levou-o a rejeitar a esposa e a solicitar, ao papa, a
declaração de nulidade do casamento. O pontífice não lhe
reconhece a nulidade afirmando, assim, a indissolubilidade do
matrimónio. Após várias ameaças ao papa, Henrique VIII, em
1531, obriga o parlamento inglês a aprovar várias leis que o
tornam chefe da Igreja de Inglaterra, separada do papa.
A Igreja anglicana é a Igreja oficial de Inglaterra e tem, ainda hoje, como
primeiro responsável o rei ou a rainha da Grã-Bretanha, tendo, em questões
religiosas, o arcebispo de Cantuária um papel primordial. No culto, segue de perto
a Igreja católica. Éhoje uma federação internacional de Igrejas independentes,
mas em comunhão.
Ooc..I
No final do século XVI, o mapa religioso da Europa parecia um espelho
quebrado, deformando a imagem da Igreja. No norte, o protestantismo
dominava: o luteranismo conquistou dois terços da Alemanha; o Imperador
Carlos V reconheceu, pelo tratado de Augsburgo, em 1555, a existência oficial
de Igrejas e Estados protestantes no império onde os súbditos deveriam acatar
a religião dos seus príncipes. O Catolicismo manteve fortes posições no sul
e no oeste da Alemanha. Os países bálticos e a Escandinávia romperam com
Roma. A Holanda e a Escócia tornaram-se calvinistas. Na França, a par do
catolicismo, uma forte comunidade protestante adaptou o calvinismo. O reino
de Inglaterra identificou-se com a Igreja anglicana. A Irlanda - à excepção do
norte - permaneceu fiel a Roma, assim como a Polónia, a Itália, a Espanha e
Portugal.
Facto relevante para o catolicismo: a Espanha e Portugal - países de
navegadores - foram pioneirosdos descobrimentos efundadoresde impérios,
nos quais os soberanos católicos se comprometiam a converter ao Catolicismo
os povos das terras descobertas.
Adaptado de Pierre Pierrard, História da Igreja
-
CATOLICISMO
'Católico' significa 'universal'.
Comunidade de crentes que tem
a sua origem em Jesus Cristo e
nos apóstolos.
Valoriza a Bíblia e a Tradição.
'Ortodoxo' significa 'reta doutrina'.
Éo conjunto das Igrejas cristãs do
oriente separadas de Roma desde
1054.
Valoriza a Bíblia e a Tradição.
PROTESTANTISMO
O nome deriva do protesto em
Spira.
Surge com Martinho Lutero,
no século XVI, e desenvolve-
-se com Calvino e outros
reformadores.
A Bíblia é a única fonte de
acesso à revelação.
A salvação provém da fé e das obras. A salvação provém da fé e das obras. A salvação provém apenas da fé.
O papa, sucessor de S. Pedro,
é o pastor universal e preside
à unidade e à comunhão das
comunidades.
Os padres ou presbíteros e
os bispos são servidores e
mediadores dos crentes. São
celibatários.
Venera os santos como
mediadores entre Deus e as
pessoas, dando particular
importância à Virgem Maria.
O centro da vida litúrgica é a
missa (eucaristia) e a celebração
dos demais sacramentos.
Reconhece sete sacramentos como
sinais visíveis da graça divina:
Não reconhece o papa como
pastor universal. O patriarca de
Constantinopla é "primeiro entre
iguais".
O clero é mediador entre Deus e
as pessoas. Apenas os bispos e os
monges não podem casar.
Venera os santos como
mediadores entre Deus e as
pessoas, dando particular
importância à Virgem Maria.
O centro do culto é a eucaristia.
Na liturgia há variedade de ritos e
é particularmente característico o
uso de ícones (imagens sagradas).
batismo, eucaristia, confirmação, Reconhece os sete sacramentos.
reconciliação, ordem, matrimónio
e unção dos enfermos.
Não há nenhuma autoridade
máxima; cada Igreja é
autónoma.
Não reconhece o papa como
pastor universal.
Os pastores não são
mediadores entre Deus e as
pessoas. Todos os cristãos são
'sacerdotes'.
Jesus é o único mediador
entre Deus e as pessoas. Não
veneram os santos nem a
Virgem Maria.
No culto, sublinha o valor do
anúncio e a escuta da palavra
de Deus.
Reconhece dois sacramentos:
o batismo e a ceia.
30-313
313
380
476
1054
1378-1417
1453
1517
1531
1541
1545-1563
/ t'-'"' ..... 1
MARCOS HISTÓRICOS DO CRISTIANISMO
Morte e Ressurreição de Jesus.
Pentecostes.
Expansão do Cristianismo através das viagens
missionárias de Paulo e outros apóstolos.
Perseguição aos cristãos durante o império romano.
Édito de Milão: Constantino decreta o fim das
perseguições.
Decreto de Teodósio 1: o Cristianismo torna-se a única
religião oficial do império.
Queda do império romano do ocidente.
O Cristianismo assume um papel relevante na
reorganização dos povos e das nações.
Cisma do oriente: separação das Igrejas católica e
ortodoxa.
Cisma do ocidente: um papa em Roma e outro em
Avinhão.
Queda do império romano do oriente.
Lutero inicia a Reforma na Alemanha.
Henrique VIII assume-se como chefe da Igreja
anglicana.
Calvino introduz a Reforma em Genebra
Concílio de Trento: reforma da Igreja católica romana.
que o Cristianismo, uma comunidade de crentes em Cristo, é
uma fé com vários caminhos: catolicismo, ortodoxia e protestantismo.
-
Crucificação
Donatello (1368-1466)
[Museu Nacional
de Bargello,
Florença, Itália)
8. Identifica 3
características
identitárias dos
católicos, ortodoxos
e protestantes.
A Bíblia é a fonte e a norma da fé de todos os cristãos: católicos, ortodoxos
e protestantes. Éo testemunho escrito da palavra de Deus a todos os discípulos
de Jesus Cristo.
Sendo livro sagrado, a Bíblia inspira as pessoas e os povos a orientarem-se pelos
seus ensinamentos; inspira a oração pessoal e a oração comunitária; inspira a
arte e a sabedoria popular.
Éa Bíblia que nos apresenta a mensagem de Deus e a pessoa de Jesus Cristo.
Os cristãos deixam-se guiar pelos ensinamentos bíblicos em todos os momentos da
sua vida. Com a Bíblia cantam a alegria, pedem perdão pelos erros, entregam-se a
causas nobres a favor das pessoas, sonham e constroem as suas vidas e a vida
das sociedades. A Bíblia é um livro para conhecer, para amar, e para viver.
)lntigo
<Testamento
46 Crvros,
escritos antes áo
nascimento áe Jesus.
Contém a fristória
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Organização Interna da Bíblia
A Bíblia é uma coleção de 73 livros, sendo, portanto, uma autêntica
biblioteca. Tanto judeus (só relativamente ao Antigo Testamento), como cristãos
consideram-na Escrituras Sagradas.
Os livros do Antigo Testamento, na tradição judaica, aparecem agrupados
por ordem de importância:
~ LEI OU TORAt l>f.Nffi1f.UUl);
~ VROfEThS ANTERIORES lLIWOS tISTÕRIUlS);
~ PROFETAS rosTf.RIORES lLIWOS PROft.TIUlS);
~ ESVRITOS lLlJROS SAVIENJIMS).
As edições cristãs da Bíblia nem todas mantêm esta ordem.
Os livros do Novo Testamento aparecem agrupados da mesma maneira em
todas as Bíblias, sejam elas da tradição católica, ortodoxa ou protestante:
~ QUATRO EWNhf.LtOS, O.UE NARRAM A'JIDA E AMEtQihEM DE JESUS VRISTO;
~ Ll'JRO OOS ATOS 00$ AVóSTClOS, O.UE NAF-14 ONASvlMENTO EA'JIDA DA lhRU, AVóS A
RESSURREyAo DE JESUS;
~ TREZE E.PSTClAS ou vARThS QUE SAD PAULO ESVREJf.U ~s W.MERAS UlMUNIDADEs VRSThS;
~ SE1f. VARTAS VATôLVAS DE 'JÁROS AUTORES DRlhDAS ATOOOS OS VRSTADS;
~ VARTA AOS HE1*EUS;
~ Ll'JRO 00 ArovAl.VSE, O.UE AW.ESENffi AREJf.LFyÃO DE DEUS VOMO ES>f.~ VF14 A
HUMANIDADE.
-
- Formação do Antigo Testamento
A Bíblia não foi redigida num curto espaço de tempo. Foi fruto de muitos
anos de vivência e relação entre o povo de Israel e Deus e da fixação dessa
experiência por escrito. Antes de terem sido escritos, os textos da Bíblia eram
relatos orais, transmitidos de geração em geração.
Tal como a história do povo de Israel se desenrolou em muitos séculos,
também os livros do Antigo Testamento foram escritos ao longo de mais de
mil anos. Nestes textos alude-se aos acontecimentos que marcaram a vida e a
história do povo judeu na sua relação com os outros povos e, especialmente, na
sua relação com Deus.
Foram surgindo da experiência comunitária da fé e da vontade de transmitir
essa experiência religiosa às gerações vindouras.
Formação do Novo Testamento
Os vinte e sete livros que constituem o Novo Testamento foram redigidos ao
longo da segunda metade do século 1.
Os primeiros escritos foram as Cartas de S. Paulo, redigidas na década de 50.
Tendo Jesus morrido por volta do ano 30, verificam-se pelo menos vinte anos de
distância entre os acontecimentos e a sua narração. Foi o período da pregação
oral. Antes de ser fixada por escrito, a Boa Nova foi proclamada, escutada e vivida.
Após a morte de Jesus, os apóstolos começaram a anunciar que Jesus havia
ressuscitado e estava vivo, devido ao poder de Deus. A este anúncio fundador
da fé cristã chama-se o kerigma. A consciência
da presença de Jesus no meio deles leva-os
a constituírem-se uma comunidade nova
afastando-se aos poucos das práticas judaicas.
._"l"J'!'!!'"""'-~-~""""'~~ De Jerusalém rapidamente se difundem pela
9. Qual é a
centralidade do Novo
Testamento?
Samaria, Galileia, Ásia Menor, Grécia, Roma...
Atraídas por esta mensagem de esperança,
pessoas oriundas de vários povos e culturas
integram as comunidades cristãs. Por ser
necessário darformação aos novos discípulos
de Cristo, por se tornar urgente a organização
de textos para as celebrações e por estarem
a desaparecer aqueles que contactaram com
Jesus, a tradição oral é fixada por escrito:
nasce, assim, o Novo Testamento.
Revelação e Inspiração
Os cristãos acreditam que Deus se deu a conhecer na história do povo de
Israel e, de forma definitiva, na pessoa de Jesus de Nazaré. A este processo de
manifestação de Deus à humanidade chama-se 'revelação'. A Bíblia também
faz parte deste processo, pois é nela que encontramos escrita a história da
relação de Deus com a humanidade, através da história do povo de Israel e dos
acontecimentos da vida de Jesus e da sua mensagem salvífica.
Os redatores bíblicos tinham consciência de que
não estavam a escrever uma história qualquer, mas
a história da manifestação de Deus, o salvador e
libertador da humanidade.
Uma vez que a Bíblia contém a história da relação
de Deus com a humanidade, os crentes acreditam
que Deus "assistiu" os escritores sagrados no ato de
escreverem a mensagem que ele queria transmitir.
Esta ação de Deus junto dos escritores chama-
se 'inspiração'. Num texto do Novo Testamento
afirma-se que «toda a Escritura é inspirada por
Deus» (2 Tim 3,16).
Cânone
O cânone é a lista de livros considerados sagrados pelas comunidades dos crentes.
No tempo de Jesus, havia dois cânones para a Bíblia judaica (correspondente ao
Antigo Testamento):o da Palestina, que só aceitava como sagrados textos escritos em
hebraico; e o de Alexandria, que incluía também livros escritos em grego.
Os cristãos aceitaram o cânone alexandrino. Por isso, hoje, o Antigo
Testamento usado pela Igreja católica não coincide exatamente com a Bíblia
hebraica. Os protestantes adotaram o cânone palestino. Um pequeno conjunto
de livros, os deuterocanónicos, está integrado nas edições católicas da Bíblia,
mas não nas edições das igrejas da reforma.
O cânone do Novo Testamento é aceite por todas as igrejas cristãs.
1 hn C.111
que a Bíblia é um conjuntode livros que refletem aexperiência
de um povo crente. Os cristãos reconhecem na Bíblia a mensagem de
Deus para a humanidade, e usam-na na oração pessoal e da comunidade.
..
Os textos
deuterocanónicos
são os seguintes:
Tobite, Judite, Ester,
Sabedoria, Ben Sira,
Baruc, 1º Livro dos
Macabeus e 2º Livro
dos Macabeus.
..
10. Qual a mensagem
que Jesus transmite
com o lava-pés?
A unidade dos crentes em Cristo
Jesus Cristo apresentou uma proposta de unidade entre todos os seres
humanos e particularmente entre os que o seguiam e amavam. Antes de morrer
deixou como que uma espécie de testamento. São as palavras de um amigo que,
à beira da morte, transmite a sua sabedoria de vida e as suas últimas vontades.
Antes de celebrar a última ceia teve um gesto que marca a ousadia, a beleza e
o desafio de ser pessoa e ser cristão: o lava-pés. A este sinal de serviço acrescenta
o seu apelo de amor: «Amai-vos uns aos outros».
Vm mandamento novo
3
Enquanto celebravam a ceia, Jesus, sabendo perfeitamente que o Pai
tudo lhe pusera nas mãos, e que saíra de Deus e para Deus voltava,
4
levantou-se da mesa, tirou o manto, tomou uma toalha e atou-a
à cintura. 5
Depois deitou água na bacia e começou a lavar os pés aos
discípulos e a enxugá-los com a toalha que atara à cintura.
34
Dou-vos um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros; que
•
vos ameis uns aos outros assim como Eu vos amei. 35
Por isto é que todos
conhecerão que sois meus discípulos·: se vos amardes uns aos outros.»
Jo 13,3-5; 34-35
Lava-pés, Giovani Giuliani (1664 • 1744) [Abadia de Heiligenkenz, Áustria)
O ponto de referência do mandamento do amor é o próprio Jesus («assim como
eu vosamei»). Amar, à maneira deJesus, consiste em acolher, em pôr-se ao serviço
dos outros, em reconhecer-lhes dignidade, sem limites nem discriminação
alguma, respeitando absolutamente a liberdade de cada um. Este amor é a
marca distintiva dos discípulos de Cristo. Na comunidade cristã, na medida em
que é uma comunidade autêntica, não pode haver espaço para ódio, inveja
ou ciúme. Por isso os cristãos têm, hoje, a missão de procurar a unidade e o
respeito pelas suas diferenças.
<Para que sejam um
11
Doravante já não estou no mundo, mas eles estão no mundo, e Eu vou
para ti. Pai s;mto, Tu que a mim te deste, guarda-os em ti, para serem um
só, como Nós somos! 2
ºNão rogo só por eles, mas também por aquetes
que hão de crer em mim, por meio da sua palavra, 21
para que todos
sejam um só, como Tu, Pai, estás em mim e Eu em ti; para que assim
eles estejam em Nós e o mundo creia que Tu me enviaste. 22
Eu dei-lhes
a glória que tu lhe deste, de modo que sejam um, como Nós somos Um.
23
Eu neles e Tu em mim, para que eles cheguem à perfeição da unidade
e assim o mundo reconheça que Tu me enviaste e que os amaste a eles
como a mim.
-
11. Qual o significado
e as implicações do
Mandamento do
Amor?
-
12. O que é que Jesus
pede ao Pai?
(
Saber-1- :
Apolo era um
cristão sábio e
intelectual de
Corinto.
Cefas é o nome
de São Pedro em
aramaico.
Depois de ter dado aos discípulos as suas últimas recomendações, Jesus
dirigiu-se ao Pai, em quem depositava toda a esperança. Nesta oração, solicita
a presença protetora de Deus, de modo que os seus discípulos vivam o
mandamento do amor, mantendo a unidade.
A relação entre o Pai e Jesus - relação de profundo amor e íntima unidade
- é o modelo da relação ent re os elementos das comunidades cristãs. O apelo
de Jesus é que os seus discípulos vivam quotidianamente a superação dos seus
próprios limites, até construírem relações duradouras de verdadeira amizade
promovendo a unidade.
Mas, ao olharmos para
anstória da Igreja cristã, verilicamos
que as /irritações da narureza L. ·mana f _ .
fu te ' li.A rvram mais
r s do que o apelo de Cristo íl ""'dade "~-·· , .
( L. . . w• SOn~ Vartas
rrawras.Para que a vontade de !'..;-to
. VI~ se cumpra só há
uma atirude possível procurar restabelecer a unidade
perdda até que o amor vença
todas as barreiras.
Jesus o único alicerce
1
ºPeço-vos, irmãos, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, que estejais
I
todos de acordo e que não haja divrsões entre vós; permanecei unidos
num mesmo espírito e num mesmo pensamento. 11
Pois, meus irmãos, fui
informado que há discórdias entre vós. 12Refiro-me ao facto de cada um
dizer: «Eu sou de Paulo», ou «Eu sou de Apolo», ou «Eu sou de Cefas»,
ou «Eu sou de Cristo». 13
~tará, Cristo dividido? Porventura Paulo foi
crucificado por vós? Ou fostes batizados em nome de Paulo?
5
Pois, quem é Apolo? Quem é Paulo? Simples servos, por cujo intermédio
abraçastes a fé, e cada um atuou segundo a medida que o Senhor lhe
concedeu. 6
Eu plantei, Apolo regou, mas foi Deusquem qeu o crescimento.
7
Assim, nem -o que planta nem o qu~ rega é alguma coisa, mas só Deus,
que faz crescer- •
11
Pois ninguém pode pôr um alicerce diferente do que já foi posto:Jesus Cristo.
21
Portanto, ninguém se glorie nos homens, pois tudo é vosso: 22
Paulo,
Apolo, Cefas, o mundo, a vida, a morte, o presente ou o futuro. Tudo é
vosso. 23
Mas vós soi de Cristo e Cristo é de Deus.
'
1Cor 1,10-13;3,5-7.11.21-23
Depois de, na cidade de Corinto, ter anunciado Cristo e de se ter dirigido para
outros locais, Paulo manteve-se em contacto com a comunidade acompanhando
a sua vida. Os cristãos coríntios eram fervorosos, mas debatiam-se com todos os
problemas resultantes da inserção da mensagem cristã numa cultura diferente
daquela em que tinha sido anunciada originalmente.
Â.
N
Mapa dos lugares-chave na ação missionária de S.Paulo
O Cristianismo corria o perigo de se tornar mais uma escola de sabedoria.
Mas o Cristianismo não é apenas mais uma filosofia de vida ou uma doutrina
que se impõe pelos discursos. O Cristianismo é a adesão a uma pessoa: Jesus
Cristo, o único e verdadeiro mestre. Paulo reage com veemência: é Cristo e só
Cristo a única fonte de salvação. Ser batizado não é aderir à doutrina de um
mestre qualquer, mesmo que seja tão ilustre como Paulo; é estar em comunhão
com Cristo. Dizer que se pertence a Paulo ou a Pedro é, portanto, deturpar
gravemente a identidade da fé cristã. Fica bem claro que o importante não é
quem batizou ou quem anunciou o Evangelho; o ponto de referência absoluto é
Cristo, do qual os apóstolos são simples e humanos servidores.
Os coríntios de então e os cristãos de hoje são convidados a não fixar a sua
atenção em mestres humanos, mas a redescobrir Cristo, morto e ressuscitado
para dar a vida a todos. A comunidade cristã terá de ser uma verdadeira família
de irmãos, que recebe de Cristo a vida, a unidade e a comunhão.
-
13. O que é que
São Paulo pede à
comunidade de
Corinto?
14. Comenta "Jesus
é o único alicerce".
- CJ'ocíos unidos em Cristo
1
Eu, o prisioneiro no Senhor, exorto-vos, pois, a que
procedais de um modo digno do chamamento que
recebestes; 2
com toda a humildade e mansidão, com
paciência: suportando-vos uns aos outros no amor,
3esforçando-vos por manter a unidade do Espírito,
mediante o vínculo da paz. 4
Há um só Corpo e um só
Espírito, assim como a vossa vocação vos chamou a
uma só esperànça; 5
um só Senhor, uma só fé, um só
batismo; 6
um só Deus e Pai .de todos, que reina sobre
todos, age por todos e permanece em todos.
Ef 4,1-6
Este texto, da carta aos Efésios - que Paulo terá escrito na pnsao, em
Roma, por volta do ano 62 - , é um apelo aos crentes para que vivam o seu
compromisso com Cristo, promovendo a unidade com os outros membros da
comunidade.
A mensagem cristã exige que os crentes
vivam unidos. Ora, há comportamentos e
atitudes que são condição necessária para
que essa unidade se torne efetiva:
- a modéstia e a humildade, como
caminhos de superação do egoísmo, do
orgulho e da autossuficiência que afastam
os irmãos.
- a paciência e a tolerância, que permitem
compreender o outro, com os seus limites
e falhas, e aceitar as diferentes maneiras
de ser e agir.
- o amor como suporte das relações
humanas.
AUNbM)f. f UM bOM bf. bf.US, MAS ASUA C,ONS1RUyAo bf.PE.Nbf. bO
C,ON1RIFiUTO f. bO f.SFOP-(jO bf. vAbA UM.
-
S. Paulo compara a comunidade dos cristãos ao corpo
humano: «Há um só corpo e um só espírito». Tal como o
corpo é formado por muitos membros, todos eles diversos,
também a comunidade cristã inclui uma diversidade de
membros. No entanto, o corpo só funciona se todos os
membros colaborarem entre si. O mesmo acontece na
Igreja: a unidade, a complementaridade de todos os
membros, o respeito e a cooperação entre todos são
atitudes essenciais à saúde da vida das comunidades. Os
cristãos formam uma unidade que se baseia na existência
Basílica de São Paulo fora de muros, Roma
de uma única fé, um único batismo - sinal de adesão a essa fé -, um único
Senhor - Jesus Cristo - e um único Deus, que é Pai de todos e em todos atua.
A Igreja, querida por Jesus, é uma comunidade de pessoas muito diferentes
em termos de etnias, de cultura, de língua, de condição social e económica,
de maneiras de ser. Estas diferenças não podem ser interpretadas como
algo negativo, promotor de conflito e divisão. São, pelo contrário, fonte de
enriquecimento para a vida comunitária. A diversidade é um valor que não
anula a unidade e o amor nas relações interpessoais e nas relações entre as
várias igrejas cristãs.
f URhE.N1E·
C-00>EP-AR E.M PROJE.TOS E.M F~'JOR OOS OU1ROS
E.UMINAR JUÍlOS, PAL~'JR~S E. A<{ÕE.S H
OSTIS
RE.GONHE.GfR OS ERROS HISTÓRGOS
~lHE.R E. ~ITAR ~S blffRE.Ny~S
RE.lAR
,,
- -
~PRfN que é vontade de Jesus que todos os cristãos vivam unidos
e se respeitem.
15. O que é que
São Paulo pede
à comunidade
de Éfeso?
O termo 'ecumenismo' provém do vocábulo grego oikouménê, que significa
«terra habitada» ou «casa habitada». Para o Cristianismo o ecumenismo é o
desejo e o caminho que é preciso percorrer para encontrar a unidade perdida
entre os cristãos.
O ecumenismo é a construção de uma família que partilha uma fé comum,
em Jesus Cristo, e onde todos se sintam harmoniosamente valorizados e
respeitados.
É um movimento promotor da unidade dos cristãos e da vivência da paz.
É um dinamismo de reconciliação, promovido pelo diálogo entre as diferentes
tradições cristãs.
Enquanto movimento cristão, o ecumenismo fundamenta-se na vontade de
Jesus: «que t odos sejam um».
Ooc..2
Por «movimento ecuménico» entendem-se as atividades e iniciativas que são
suscit adas e ordenadas no sentido de favorecer a unidade dos cristãos. Tais
são: primeiro, todos os esforços para eliminar palavras, juízos e ações que
não correspondem à condição dos irmãos separados e, por isso, tornam mais
difíceis as relações com eles; depois, o «diálogo» estabelecido entre peritos
competentes, em que cada qual explica mais profundamente a doutrina da sua
Comunhão e apresenta com clareza as suas características. Com este diálogo,
todos adquirem um conhecimento mais verdadeiro e um apreço mais justo da
doutrina e da vida de cada Comunhão. Então, estas Comunhões conseguem
também uma mais ampla colaboração em certas obrigações que a consciência
cristã exige em vista do bem comum. Eonde for possível, reúnem-se em oração
unânime.
Excerto de Concílio Vaticano li, Unitatis Redintegratio, 4
o ecumenismo é o esforço de entendimento, respeito, diálogo e
reconhecimento da dignidade do outro; não é fusão nem anulação.
É:
btlOhO G.Uf. f<.f.U)NHf.Ck
f. Rf.S?f.Th ~ b'Jf.RSb@f.;
~ 'JAL.ORZ~Ao bf. ruoo
OG.Uf. j~ UNf. ~S hf<.Ll~S;
'5, W-M~AL.HO U)NJUNTO N~
U)NSTP-UyAo bf. UM MUNOO M
f.L.HORi
~ VP-IAVAo bf. lA{)S bf. ~ff.TO
FR~TfRNO f.NW-f. ~S lhf<.Ll~S;
~ OR~Ao f.M U)MUM
~ ?~TIR b~ Mf.SM~ Ff;
~ l?US(;~ SINVf.P.~ bf. v~INHOS ?~~ vUR~ ~S ff.RbrtS brt Sf.?~~Ao;
~ 'J~~ lf.N.- tf 1Ub0 oG.Uf. tf ~ A$ blff.!<.ENtES ~~ Ll<-$~
Rf.N.-Z.AM.
A Experiência dos Focolares
O movimento dos focolares foi fundado por Chiara Lubich, em Trento (Itália),
em 1943. Chiara, uma jovem católica com uma vida evangélica totalitária e radical,
encontra no amor de Deus o sentido e o ideal para a sua vida. Esta descoberta foi
uma luz de esperança. Chiara e as suas amigas começaram por dar apoio a quem
mais necessitava: pobres, doentes, feridos e crianças. Tratava-se, portanto, de
amar a Deus através do amor aos irmãos. Este amor fez nascer nela a convicção
da necessidade de construir a unidade entre as pessoas. Para
Chiara, viver a unidade era viver a presença amorosa de Jesus
Cristo. Este estilo de vida despertou a atenção de muitas pessoas
e, desta vontade de viver o amor e a unidade fraterna entre
todos, nasceu o movimento dos focolares. A necessidade da
comunhão da Palavra de vida entre irmãos de várias igrejas faz
surgir as cidadelas: pessoas de diversas condições sociais, faixas
etárias e opções religiosas testemunham a vida do Evangelho
e do amor. Pela sua universalidade e missão, é um movimento
verdadeiramente ecuménico, que muito tem contribuído para
a fraternidade universal vivendo o desejo de Jesus: "Que todos
sejam um". Promove o diálogo constante entre cristãos de
várias Igrejas e com membros de outras religiões.
-
- A Comunidade de Santo Egídio
A comunidade católica de Santo Egídio constitui um
testemunho em prol do ecumenismo. Foi fundada em Roma
pelo professor Andrea Riccardi, em 1968. Neste ano viveram-
-se tempos de grandes mudanças na Europa, muitas delas
protagonizadas por jovens empenhados na construção de um
mundo mais justo, pacífico e fraterno.
A comunidade de Santo Egídio orienta-se por quatro princípios
nos quais encontra o seu fundamento:
~ OP-A(jAo
OANÚNVIO 00 f 'JANhELHO
~ Mt.NÇ;Ao ~s roi1<-Es
~ OfvUMfNISMO f ObÁLOhO IN1EP--P-fL
hOSO
Taizé - Primavera da Comunhão
O papa João XXlll, em 1960, acolheu o irmão Roger com estas palavras: «Oh,
Taizé, essa Primavera». Estas palavras dirigidas pelo líder dos cristãos católicos
a um pastor protestante significavam a esperança na renovação da vontade
ecuménica.
A vivência do espírito de unidade inicia-se em 1940. No domingo de Páscoa
de 1949, sete jovens protestantes, tocados pelo testemunho de Roger e
depois de uma caminhada de encontro e reflexão, decidem comprometer-se
para toda a vida numa entrega a Deus: oração, serviço aos irmãos e partilha
de um estilo de vida simples e humilde. Em 1960, entram para a comunidade
membros da Igreja anglicana; em 1969 entrou o primeiro católico, um jovem
médico. A comunidade não parou de
crescer, contando hoje com irmãos
provenientes de diversos continentes,
nacionalidades e confissões religiosas.
Através da oração, do serviço, da
partilha, do silêncio e do convívio
fraterno, muitos jovens fazem a
expriência de unidade em Taizé.
Voltam para suas famílias, escolas e
trabalhos acreditando que a unidade e
a reconciliação são possíveis.
Ooc.1
- Queres, por amor a Cristo, consagrar-te a ele com todo o teu ser?
- Quero.
- Queres realizar, de ora em diante, o serviço de Deus na nossa comunidade,
em comunhão com os teus irmãos?
- Quero.
- Queres renunciar a toda a propriedade e
viver com osteus irmãos, não só na partilha
dos bens materiais, mas também na
partilha dos bens espirituais, esforçando-
-te por viver a abertura do coração?
- Quero. (...)
- Queres, reconhecendo sempre Cristo
nos teus irmãos, zelar por eles nos bons
e nos maus dias, na abundância e na
pobreza, no sofrimento e na alegria?
- Quero.
Irmão Roger, Regra de Taizé
O Concílio Vaticano li
Em resposta a um desejo antigo de muitos cristãos católicos, o papa João XXlll
convocou o ConcílioVaticano li com o objetivo de responder às mudanças eexigências
dos tempos modernos e de renovar a Igreja católica nas suas várias dimensões. O
concílio Vaticano li (1962-65), chamado 'ecuménico' por causa da sua dimensão
universal, refletiu sobre a seguinte questão de alcance ecuménico: qual o contributo
dado por cada Igreja para a divisão dos cristãos e o que poderá cada uma fazer em
ordem à reconciliação e unidade? E
sta foi uma das tarefas do Concílio: identificar
os obstáculos ao diálogo e à unidade e encontrar caminhos para a reconstrução da
comunhão entre os cristãos.
-
16. Quais as três
principais tarefas do
Concílio Vaticano li
relativamente ao
ecumenismo.
Viver o ecumenismo é trabalhar pela unidade de todos os que reconhecem
Cristo como o fundamento da sua fé. Neste contexto, unidade não significa
uniformidade; não se trata de anular as tradições das diferentes confissões
cristãs e impor aos cristãos de todas as denominações uma única maneira de
viver e celebrar a fé. Isto não seria ecumenismo, mas uniformismo. A unidade
refere-se apenas ao essencial da fé, ao núcleo central do Evangelho de Cristo.
É muito saudável e de grande importância que não nos deixemos levar por
posições extremistas. A recusa tanto do relativismo como do fundamentalismo é
essencial para a construção de sociedades humanistas, que aceitam a existência
da verdade e a possibilidade de se aceder a esta, mas também consideram que
toda e qualquer posição é relativa porque se encontra marcada pelos limites do
conhecimento humano. Só assim se torna possível o diálogo, a escuta sincera de
opiniões diferentes da nossa, bem como a abertura a novas formas de pensar,
desde que se revelem melhores aproximações à verdade.
Esta consciência está na base do ecumenismo, que significa a busca da
unidade entre as Igrejas cristãs, procurando a superação das divisões. O diálogo
tem diferentes níveis: começa, em primeiro lugar, dentro das fronteiras da própria
Igreja, alarga-se à relação com as outras Igrejas cristãs e, por fim, dirige-se à
relação com as outras religiões, com a finalidade de criar comunidades humanas
fraternas e cooperantes, para além das diferentes perspetivas e opiniões.
Premissa fundamental para a realização do diálogo é o reconhecimento dos
próprios erros. Sem a aceitação dos erros cometidos por cada Igreja, não é
possível estar aberto ao diálogo com as outras Igrejas. Perdoar e pedir perdão
- a que o papa João Paulo li chamou «purificação da memória» - são duas
atitudes complementares e construtivas.
Ooc..1
Todos, na verdade, se professam discípulos do Senhor, mastêm pareceres diversos e caminham
porrumosdiferentes, como se o próprio Cristo estivesse dividido. Esta divisão, porém, contradiz
abertamente avontade de Cristo e é escândalo para o mundo.
Cada qual afirma que o grupo onde ouviu o Evangelho é Igreja sua e de Deus. Quase
todos, se bem que de modo diverso, aspiram a uma Igreja de Deus una e visível, que seja
verdadeiramente universal e enviada ao mundo inteiro, a fim de que o mundo se converta
ao Evangelho e assim seja salvo, para glória de Deus.
Concílio Vaticano li, Unitatis Redintegratio, 1
oc.
Devemos promover a formação ecuménica sobre aquilo que nos une e o que ainda nos
divide. A ignorância e a indiferença da própria fé e da fé do próximo são impedimentos
para um verdadeiro ecumenismo.
O ecumenismo progride graças ao intercâmbio de dons, que não consiste num
empobrecimento, mas que constitui um enriquecimento.
Cardeal Walter Kasper (teólogo católico)
Que se pode esperar do diálogo ecuménico? Permitam-me responder a esta questão
com toda a confiança, dizendo que não se trata de um diálogo unilateral, de um diálogo
em que cada um se empenhe em falar mais forte do que os seus interlocutores, sem
querer ouvir os outros. Mas não creio que corramos este risco, pois, a partir do momento
em que duas pessoas começam a dialogar, sabem já que entre elas há algo em comum.
Roger Mehl (teólogo protestante)
O movimento ecuménico depende menos de estruturas estabelecidas do que de pessoas
inspiradas, cristãos jovens e velhos, ricos e pobres, de todas as denominações e culturas,
que acreditam numa Igreja continuamente renovada na sua fé, unidade, missão e serviço.
Conselho Ecuménico das Igrejas
Doc.2
Reconhecer os desvios do passado serve para despertar as nossas consciências diante
dos compromissos do presente, abrindo a cada um o caminho da conversão. Perdoemos
e peçamos perdão! Enquanto louvamos a Deus, não podemos deixar de reconhecer
as infidelidades ao Evangelho. Pedimos perdão pelas divisões que surgiram entre os
cristãos, pelo uso da violência que alguns deles fizeram no serviço à verdade e pelas
atitudes de desconfiança e de hostilidade às vezes assumidas em relação aos seguidores
de outras religiões.
Ao mesmo tempo, enquanto confessamos as nossas culpas, perdoamos as culpas cometidas
pelos outros em relação a nós. No decurso da história, inúmeras vezes os cristãos sofreram
maus-tratos, prepotências, perseguições por causa da sua fé. Assim como as vítimas dessas
injustiças perdoaram, de igual modo perdoamos também nós.
Homilia do «Dia do Perdão» do papa João Paulo li, 12 de março de 2000
-
O amor segundo Luís e Maria Quattrocchi
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O amor segundo Luís e Maria Quattrocchi

  • 1.
  • 2. Queridos Alunas e Alunos Estimadas Famílias Caros Docentes É com grande alegria que vos entregamos os manuais de Educação Moral e Religiosa Católica, que foram preparados para lecionar o novo Programa da disciplina, na sua edição de 2014. O que aqui encontrareis procura ajudar, cada um dos alunos e das alunas que frequentam a disciplina, a «posicionar-se, pessoalincntc, frente ao fenómeno religioso e agir com responsabilidade e coerência», tal corno a Conferência Episcopal Portuguesa definiu como grande finalidade da disciplina*. Para tal, realizou-se um extenso trabalho que pretende, de fonna pedagogicamente adequada e cientificamente significativa, contribuir com seriedade para a educação integral das crianças e dos jovens do nosso País. Esta tarefa, realizada sob a superior orientação da Conferência Episcopal Portuguesa, a responsabilidade da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé e a dedicação permanente do Secretariado Nacional da Educação Cristã, envolveu uma extensa e motivada equipa de trabalho. Queremos, pois, agradecer aos autores dos textos e aos artistas que elaboraram a montagem dos mesmos, pelo seu entusiasmo permanente e pela qualidade do resultado final. Também referimos, com apreço e gratidão, os docentes que experimentaram e comentaram os manuais, ainda durante a sua execução, e o contributo insubstituível dos Secretariados Diocesanos responsáveis pela disciplina na Igreja local. E a todos os docentes de Educação Moral e Religiosa Católica, não só entregamos estes indispensáveis instrutnentos pedagógicos como aproveitamos esta feliz ocasião para sublinhar a relevância do seu fundamental papel, nas escolas e na formação das suas alunas e dos seus alunos, e testemunhamos o nosso reconhecimento pelo seu extenso compro1nisso pastoral na sociedade portuguesa. Do mesmo modo, estamos agradecidos às Famílias, porque desejam o melhor para os seus filhos e filhas e, nesse contexto, escolhem a discipllna de Educação Moral e Religiosa Católica como um importante contributo para a formação e o desenvolvimento pleno e feliz dos seus jovens. Os jovens conformam o nosso futuro comum e o empenho sério na sua educação é sempre uma garantia de uma sociedade mais bondosa, mais bela e mais justa. Finalmente, queridas crianças e queridos jovens, a Igreja quer ir ao vosso encontro, estar convosco, ajudar-vos a viver bem e, nesse sentido, colaborar com o esforço de construção de um mundo melhor a que sois chamados, enraizados e firmes (cf. Col 2, 7) na proposta de vida que Jesus Cristo tem para cada u1n de vós. É esse o horizonte de vida, de missão e de futuro, a construir convosco, que nos propomos realizar com a disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica. Em nome da Conferência Episcopal Portuguesa e no nosso próprio, saudamos todas as alunas e todos os alunos de Educação Moral e Religiosa Católica de Portugal co1n alegria e esperança, Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé Lisboa, 19 de março de 2015, Solenidade de S. José, Esposo da Virgem Maria e Padroeiro da Igreja Universal *t·onli:n:ncia Episn1pJl Portuguesa. (2006), r:J11nirii" _forn/ (' Re/;gúmi ('a1,i/ica L'm l'll/ioso ,-0111rih11to P(ff(I "fOl'llWí'iiO da penonaf1dadc. TI. 6.
  • 3.
  • 4.
  • 5. -
  • 6. -
  • 7. - - e e e e - I Olá. Fonios convido.dos po.Ya te apYesentaY esta unidade letiva sobYe o anioY e é coni 3Yande pYazeY que o Pazenios. 0onios uni casal apaixonado A nossa vida é niaYcada pelo anioY:anioY à vida, aos Pilhas, aos pobYes... a Deus. A MoYio nasceu eni FloYença, no ano de l<n4. Foi pYofessoYa, escYitoYa e apaixonada pelas 3Yandes causas. PYeocupou-se senipYe coni os niais necessitados e na se3unda 3ueYYa mundial tYabalhou conio enPeYnieiYa voluntó.Yia da CYuz VeYnielha . O Lu:s nasceu eni Catânia, no ano de l<?ZO. Foi uni advo3ado bYilhante e tYabalhou paYa o 3oveYno italiano. ApesaY das suas muitas ocupações, encontYava sernpYe tempo paYa se dedicaY a vó.Yias associações de ajuda hurnanitáYia. Conhecemo-nos em Roma em IC(OI e quatYo anos depois, na bas(lica de 0anta MaYia MaioY, cornpYorneterno-nos a fazeY do arnoY o nosso ideal de vida . livernos quatYo filhos que educámos com todo o aPeto e a quem tYansrnitirnos a beleza da 3eneYosidade e da caYidade paYa com todos: 0tephania, Fi/ippo, CesaYe e f.nyichetta. A jestação desta nossa última Pilha Poi rnu1}0 dl(cil poY causa de um 3Yave pYoblerna de saúde. Os médicos aconselhavam o aboYto poYque o Yisco de rnoYYeYern mãe e Pilha eYa elevado, mas tornámos a decisão de levaY a 3Yavidez até ao Pirn e ela nasceu PoYte e bela. DuYante a se3unda 3ueYYa mundial acolhemos YePu3iados na nossa casa; os nossos Pilhas paYticipavarn nesta dinâmica de atenção aos mais necessitados e, o.pós o. 'JueYYo., ajudaYo.rn também na YeconstYução de casas nos bo.iYYos pobYes de Roma. Âpeso.Y do.s contYo.Yiedo.des Pomos sernpYe urna Po.rn(lio. rnu1}0 Peliz onde nenhum pYoblerna eYo. Yesolvido sem diálo30 e que se pedisse o. qjudo. de Deus. Luís faleceu em 1951, com 71 anos e Maria em 1965, com 81 an?s. J - p ulo li beatificou o casal Quattrocch1 exaltando a Em 2001 o papa oao a , radicalid~de com que Luís e Maria viveram o amor a Deus, o amor reciproco, o amor aos filhos e amor aos outros. b N . , ·ada beati ·ficação estiveram presentes os filhos deste casal que sou e acenmoni · · ·d viver com rande intensidade humana o amor conjugal e o serviço a v1 ª·. . Luís e Mar~a Quattrocchi - modelo de vida cristã para todos - foram o primeiro casal a ser beatificado pela Igreja.
  • 8. O~MOR t ~ FORÇ;~ MMS ?ObEROS~ bo SER HUM~NO. Éaquilo que caracteriza a pessoa e a distingue de todos os outros seres vivos. Mesmo a atividade racional está sujeita à energia do amor: é o querer saber, é o gostar de ir mais além, é o prazer da descoberta. Éa arte do amor que transporta o coração e a mente humana para a aventura da vida, do bem e do belo. Se por um lado continuamos prisioneiros de vontades egoístas, por outro lado somos a presença do dom do amor nos gestos heroicos e libertadores a favor de pessoas e de causas. A dedicação, entrega de si próprio ao outro, é o ato mais nobre que motiva cada homem e cada mulher a sentir-se parte integrante da humanidade. Sem ~ amor, a humanidade morreria! O amor é a mais universal, mais formidável e mais misteriosa das energias cósmicas. É uma reserva sagrada de energia, o próprio sangue da evolução espiritual. O amor é uma conquista aventureira. Só se mantém e desenvolve mediante uma descoberta contínua. Teilhard de Chardin (1881-1955) Não é fácil definir o amor. Mas também não é difícil exprimir o que é amar: amar é entrar em sintonia; é estimar muito. Amar é, sobretudo, querer o bem do outro e agir de acordo com esta vontade; no limite, amar é ser capaz de se sacrificar pela felicidade da pessoa amada. Muito mais do que simples sentimento, o amor é uma decisão:é uma deliberação pessoal que envolve não só as emoções, mas também a razão e a vontade. Sabey-t .• O grego antigo tem três palavras distintas para dizer amor: eros (amor erótico), philia (amor fraternal) e ágape (amor incondicional, ablativo). Love, Robert Clark (Artista plástico contemporâneo)
  • 9. - 1. Comenta a afirmação: "Muito mais do que simples sentimento, o amor é uma decisão". Ooc..I A afetividade é uma riqueza extraordinária que nos permite emocionarmo-nos com um espetáculo grandioso ou com o sofrimento de alguém, que nos faz vibrar de prazer perante uma obra de arte ou com a alegria de um amigo. Mas entregue às suas próprias iniciativas, a afetividade, só por si, pode reduzir o ser humano a um estado selvagem. Quantas vezes, movidos unicamente pela afetividade, achamos que uma pessoa tem razão só porque gostamos dela e que uma outra não tem razão porque não a suportamos!? Quantas vezes, movidos unicamente pela afetividade, estudamos bem com o professor X apenas porque ele é simpático!? Quantas vezes, movidos unicamente pela afetividade, ficamos furiosos só porque uma censura justa nos feriu ou porque achamos que ninguém repara nos nossos esforços!? Quantas vezes, movidos unicamente pela afetividade, criamos situações injustas, mal-entendidos absurdos e desfazemos laços de amizade!? A afetividade é uma dimensão fundamental, mas a pessoa é também inteligência e vontade (autodeterminação); e para que a ação humana seja eticamente boa estas três dimensões devem caminhar juntas. Isoladas, conduzem a pessoa a um beco sem saída. A afetividade, bem orientada pela inteligência, torna o ser humano capaz de amar e de ajudar os outros. Adaptado de Sentido Único O amor na arte e na cultura O amor é um elemento tão determinante da vida humana que foi e continua a ser tema de inúmeras obras de arte e produções culturais. A humanidade sente necessidade de exprimir esta dimensão através da beleza e da sabedoria que essas produções transmitem. Tanto na poesia e na literatura em geral, como na pintura, escultura, arquitetura ou música, o amor é tema recorrente. Doc..2 A minha história é simples A tua, meu Amor, Ébem mais simples ainda: «Era uma vez uma flor. Nasceu à beira de um Poeta...» Vês como é simples e linda? (O resto conto depois; Mas tão a sós, tão de manso, Que só escutemos os dois.) Sebastião da Gama (1924-1952), Cabo da Boa Esperança
  • 10. O Beijo, Gustav Klimt (1862-1918) Doc..3 Então Almitra disse: Fala-nos do Amor. Eele levantou a cabeça, olhou o povo e disse com voz forte: Quando o amor vos fizer sinal, segui-o; ainda que os seus caminhos sejam duros e escarpados. E quando as suas asas vos envolverem, entregai-vos; ainda que a espada escondida na sua plumagem vos possa ferir. Equando vos falar, acreditai nele; apesar de a sua voz poder quebrar os vossos sonhos como o vento norte ao sacudir os jardins. Pois o amor, coroando-vos, também vos crucificará. O amor só dá de si mesmo e só recebe de si mesmo. O amor não possui nem quer ser possuído. Porque o amor basta ao amor. Quando amardes, não digais: Deus está no meu coração, mas antes: Eu estou no coração de Deus. Excertos de «Sobre o Amor», Khalil Gibran (1883-1931), O Profeta -
  • 11. - Taj Mahal é um monumento construído no século XVII em Agra, na Índia. Neste mausoléu, a alvura de cada pedra, grande ou minúscula, faz parte de um todo arquitetonicamente perfeito, donde lhe vem uma imponente força artística que a todos encanta e interroga. A beleza exterior deste monumento, considerado um "poema de amor em pedra", é reflexo de uma beleza interior e misteriosa, mas real: a relação amorosa entre Shah Jahan e Mumtaz Mahal. Vénus (na mitologia romana) ou Afrodite (no panteão grego) é a deusa do amor, do erotismo e da beleza. Diz-se que surgiu de dentro de uma concha de madrepérola, tendo sido gerada pela espuma da água. Foi das divindades mais veneradas na antiguidade e ainda hoje é representada como ideal da beleza feminina. O Nascimento de Vénus, Sandro Botticelli (1445-1510) Também a sabedoria popular expressa, através de provérbios, as lições sobre o amor que a experiência lhe foi ditando: ONDE MANDA OAMOR Nl!6 HA outRo SENHOR. ~ Amorplatónico é uma expressão que designa um amor ideal, às vezes imaginário. Em sentido popular pode significar um amor impossível de se realizar por ser tão perfeito, puro e ideal. Refere-se ao pensador grego Platão (século V a.e.) mas nada tem a ver com a sua filosofia. Para Platão o amor não se resume ao plano das ideias; faz parte da realidade material.
  • 12. A inteligência sem amor torna-te perverso A justiça sem amor faz-te implacável A diplomacia sem amor torna-te hipócrita O êxito sem amor faz-te arrogante A riqueza sem amor torna-te avarento A docilidade sem amor faz-te servil A beleza sem amor faz-te ridículo A autoridade sem amor torna-te tirano O trabalho sem amor faz-te escravo A simplicidade sem amor deprecia-te A lei sem amor torna-te escravo A política sem amor faz-te prepotente A fé sem amor torna-te fanático A vida sem amor... não tem sentido Autor desconhecido Amizade, namoro e solidariedade A adolescência é a época das grandes amizades, da construção de relações duradouras que muitas vezes persistem por toda a vida. É um tempo de descoberta de si e do outro. Éneste ambiente que surgem as primeiras paixões. Quando sentimos que alguém pode ser a resposta aos nossos sonhos e anseios, essa pessoa torna-se única. Julgamos até que não conseguimos viver sem ela. Essa pessoa singular ajuda-nos a derrubar as barreiras, a sair da solidão e a relacionarmo-nos melhor com os demais. Começamos então a ver e a interpretar o mundo de maneira diferente, a estabelecer laços com diferentes pessoas. Parece ter começado uma vida nova, em que nada nos é estranho e tudo é passível de se concretizar. Assim se desperta também para a solidariedade e para a adesão a grandes causas. Amizade, namoro e solidariedade são três manifestações do amor em ação. - 2. Faz uma pesquisa e recolhe diferentes testemunhos, textos ou frases sobre o amor. Regista o que mais te tocou.
  • 13. - Um jovem disse: Fala-nos da Amizade. Eele respondeu, dizendo: O vosso amigo é a resposta às vossas necessidades. Doe. Ele é vosso campo, que cultivais com amor e colheis com gratidão. Eé a vossa mesa e a vossa lareira ::;:;;:;;;;;;.~~----- pois ides até ele com fome e nele procurais a paz. Quando o vosso amigo expõe a sua opinião, não temais o "não" que está na vossa mente, nem segureis o "sim". Equando ele está calado, o vosso coração não deixa de ouvir o coração dele, pois na amizade, todos os pensamentos, todos os desejos, todas as esperanças nascem e são partilhadas sem palavras, com alegria. Quando vos separais de um amigo não fiqueis aflitos, pois aquilo que mais amais nele ficará mais claro com a sua ausência, tal como a montanha, para quem a escala, é mais nítida vista da planície. Excertos de «Sobre a Amizade», Khalil Gibran (1883-1931), O Profeta Doe..e; , Amar é um pouco como observar uma plantinha que cresce na primavera; com efeito, o amor tem os seus ritmos, precisa de atenções, de cuidados, de inteligência para descobrir o que se esconde no coração do outro. E, precisamente como as plantinhas, também o amor, no princípio, é muitíssimo delicado. O primeiro passo é compreender: perceber se o caminho pode ser percorrido juntos e, sobretudo, se a pessoa que vos enche de curiosidade mostra que sente por vós os mesmos sentimentos. E não pensem que seja fácil investigar e descobrir se o amor é realmente Amor! Gestos, palavras e pensamentos que o outro vos dirige habitualmente tornam-se o centro das vossas preocupações: «Não me telefona, portanto não me ama»; «Já não me dá presentes, por conseguinte ama-me pouco». Temem que o seu sentimento seja superficial e não sabem como ficar realmente seguros? Não tenham pressa, deixem que o tempo passe e as coisas amadureçam. E. Giordano, T. Lasconi e G. Boscato, Adolescentes: as perguntas inquietantes Doe,. Qual será a idade certa? 13? 15? 20? Talvez fiquem desiludidos, mas não há resposta para esta pergunta! Não existe a idade do primeiro beijo ou, melhor, não pode estar contida num determinado ano, num mês ou numa data. Está tudo escrito na idade do coração, aquela que está dentro de vocês. A idade do primeiro beijo sente-se por dentro: com efeito, chega um dia em que o único ::;;;::.._;;;;~~~~~- modo de demonstrar o afeto à pessoa de que se gosta é o beijo. E. Giordano, T. Lasconi e G. Boscato, Adolescentes: as perguntas inquietantes
  • 14. Ooc..1 Amar não é apoderar-se do outro para se completar, mas sim dar-se ao outro para o completar. Estarás pronto a amar autenticamente quando a tua necessidade e, sobretudo, a tua vontade de dar forem mais fortes que a tua vontade e a tua necessidade de receber. São necessários muitos anos de estudo para entrar na faculdade; porquê não admitir que é necessário muito tempo para se preparar para amar? As paixões do adolescente não são amor: são a agitação do rapaz que encontra a feminilidade (e não determinada rapariga}, a emoção da jovem que encontra a virilidade (e não determinado rapaz). Misterioso choque de todo o ser, que descobre o que lhe falta para se expandir. Aquele que, enganado por essa forte emoção, constrói um lar, constrói-o sobre areia. Aprender a amar, não é fazer muitas experiências; é respeitares-te e respeitares todos os outros, para seres capaz de respeitar profundamente o corpo ea pessoa de um outro; é conquistares-te para te poderes dar a um outro; é esqueceres-te para não te apoderares de um outro, mas sim ofereceres-te; é abrires-te aos outros, aceitares os outros, compreenderes os outros, permutares com os outros, para poderes acolher um outro. Michel Quoist {1921-1997), Construir Doe. A solidariedade não é um sentimento de compaixão vaga ou de enternecimento superficial pelos males sofridos por tantas pessoas próximas ou distantes. Pelo contrário, é a determinação firme e perseverante de se empenhar pelo bem comum; ou seja, pelo bem de todos e de cada um, porque todos nós somos verdadeiramente responsáveis por todos. Papa João Paulo li (1920-2005), Soflicitudo Rei Socialis, 38 Não se cansem de trabalhar por um mundo mais justo e mais solidário! Ninguém pode permanecer insensível às desigualdades que ainda existem no mundo! Cada um, na medida das próprias possibilidades e responsabilidades, saiba dar a sua contribuição para acabar com tantas injustiças sociais! Não é a cultura do egoísmo, do individualismo, que frequentemente regula a nossa sociedade, aquela que constrói e conduz a um mundo mais habitável; não é ela, mas sim a cultura da solidariedade. A cultura da solidariedade é ver no outro não um concorrente ou um número, mas um irmão. Etodos nós somos irmãos! Papa Francisco, XXV/11 Jornada Mundial da Juventude (2013) -
  • 15. - 3. Caracteriza o amor explicitando as diferenças entre amizade, namoro e solidariedade. Doação e fecundidade A fecundidade - fruto do amor - além de ser um bem social por garantir a sobrevivência da humanidade, promove também a realização pessoal. A sexualidade - dinamismo biológico, psicológico e espiritual - é uma componente fundamental da personalidade; é um modo de ser, de sentir e de comunicar com os outros; é a nossa maneira de sermos homens ou mulheres. Permite-nos estabelecer laços, dar e receber afetos e manifesta-se em todas as relações: na camaradagem, na amizade, no namoro, no matrimónio, no celibato. As relações interpessoais não são necessariamente sexuais, mas são, inevitavelmente, sexuadas. Sexualidade e genitalidade não são, pois, sinónimos; a genitalidade é apenas um dos muitos aspetos da sexualidade: a sua dimensão física. A sexualidade é espaço aberto para o amor e nele encontra o seu sentido; pressupõe a vivência da beleza e da exigência de uma relação onde cada um é dom para o outro e ambos são dom para a realização de um projeto aberto à vida. Enquanto força dinâmica, a sexualidade humana orienta-se para a maturidade e para a construção do eu; abre- -se à pessoa e ao mundo do tu numa relação interpessoal que culmina num projeto de vida e alarga-se ao nós dentro de um clima de relações interpessoais de aceitação e de doação.
  • 16. Doe.. A sexualidade afeta todos os aspetos da pessoa humana, na unidade do seu corpo e da sua alma. Diz respeito particularmente à afetividade, à capacidade de amar e de procriar e à aptidão de criar laços de comunhão com outrem. Catecismo da Igreja Católica, 2332 Asexualidade dz respeito à pessoa integral. Pensamos, agimos, sentimos e amamos como homens ou como mulheres. O amor vivido na relação sexual entre um homem e uma mulher é muito mais do que mero encontro fisiológico; faz parte de uma história pessoal com um passado, um presente e um futuro, em que as opções tomadas influenciam a sua realização e felicidade. Sendo algo de enorme responsabilidade, é igualmente fonte de bem estar e de complementaridade na beleza da entrega total. Doc..I A sexualidade é uma energia que nos motiva a procurar amor, contacto, ternura, intimidade. Manifesta-se no modo como nos sentimos, movemos, tocamos e somos tocados; é ser-se sensual e ao mesmo tempo sexual. Ela influencia os nossos sentimentos, ações e interações e contribui para a nossa saúde física e mental. Organização Mundial de Saúde -
  • 17. - Instrumentalizar o corpo humano e usá-lo como se fosse um objeto é reduzir a pessoa a coisa e desrespeitar profundamente a dignidade humana. A ausência de amor é geralmente a causa de muitos problemas que se refletem diretamente nas pessoas envolvidas na relação e, indiretamente, na sociedade. Ao contrário da fecundidade e da felicidade - consequências de um amor verdadeiro entre duas pessoas - , a solidão e infelicidade poderão surgir como consequência da irresponsabilidade e do egoísmo. A gravidez indesejada, os filhos abandonados, os conflitos tantas vezes violentos são fenómenos complexos, mas que manifestam a ausência da autenticidade de um amor amadurecido pelo diálogo e por uma relação afetiva construtiva. Para garantir a realização pessoal e a felicidade que todos procuramos é fundamental integrar a sexualidade no contexto do próprio projeto de vida e vivê-la com amor. • Simples prazer físico egocêntrico sem atender ao bem-estar do outro. • Força incontrolável que se exerce contra a vontade do outro (violação, agressão...) • Comercialização da sexualidade (prostituição, pornografia). • Possessão do outro como um bem próprio (ciúme extremo). • Obsessão que transforma a vida numa procura de prazer sexual. • O bem-estar da pessoa que se ama está em primeiro lugar, sem negar o próprio bem-estar. • Capacidade de autocontrolo para corresponder aos interesses daquele que se ama. • A sexualidade é vista como uma dádiva ao outro, um encontro que não se vende nem se compra. • O outro é visto como uma liberdade, uma pessoa com dignidade e valor que não é pertença exclusiva de ninguém. • A relação sexual como forma de realização pessoal e interpessoal acontece no diálogo, no afeto, na atenção ao outro, no prazer, na entrega e no êxtase.
  • 18. O amor tem a capacidade inovadora de dar e renovar a vida: no sentido biológico, como gerador de filhos; no sentido afetivo, como promotor de bem-estar; no sentido social, como impulsionador de solidariedade. O amor autêntico é sempre fecundo e criativo. A fecundidade humana não se esgota na capacidade de gerar fisicamente uma nova vida, mas envolve a entrega de cada pessoa como dom que enriquece e faz crescer os outros. Para além da geração de um filho, a fecundidade do casal continua no cultivo da vida: cuidar, educar, apoiar, servir, escutar, compreender... Sonhos e projetos em comum alimentam a vida fecunda e plena do casal. Na família - célula primordial da sociedade - onde germina a vida, aprendemos os primeiros passos em direção à felicidade e à realização pessoal e social. Nesta comunidade, primeira escola de sociabilidade, aprendemos os valores que hão de nortear a nossa vida. Uma família alicerçada no amor abre-se naturalmente à relação com os outros e, atenta às dificuldades, dedica- -se a grandes causas (ideais) e descobre maneiras de promover o bem comum. A adoção é um testemunho que demonstra claramente a imensidão do amor, que não está limitado às paredes do lar, mas que abre a família ao mundo encontrando, naqueles que foram privados da sua família biológica, a motivação para a vivência de um amor fecundo e imenso. / tlQe...,, que todo o amor é fecundo e contribui para a realização pessoal dignificando o ser humano. 4. O que é a sexualidade? - 5. Por que é que amor autêntico é sempre fecundo e criativo?
  • 19. , responsave1 Transmitir a vida humana é uma obra sublime que exige reflexão e tomadas de decisão ponderadas e responsáveis. Todo o ser humano tem o direito a não ser "programado" como um objeto da técnica, mas a ser amado e desejado dentro de uma relação amorosa autêntica. Os pais devem ter a oportunidade e o direito de escolher o número de filhos que desejam ter, cabendo ao Estado a obrigação de garantir essa possibilidade. Têm também obrigação de discernir, em consciência e de forma responsável, as circunstâncias mais favoráveis ao nascimento dos filhos. Os casais, em família, farão a escolha do momento e do número de filhos com que querem enriquecer a própria família e a sociedade. O planeamento familiar tem sempre como critério a dignidade da pessoa (do casal, dos filhos já nascidos e dos filhos por nascer) e o respeito pela vida humana em todos os seus momentos. Esta é a proposta da Igreja católica sobre o controlo da natalidade. Ooc..I A fecundidade é um bem, um dom, um fim do matrimónio. Dando a vida a novos seres, os esposos participam da paternidade de Deus. A regulação dosnascimentos representa um dos aspetos da paternidade e da maternidade responsáveis. Catecismo do Igreja Católica, 2398-2399
  • 20. 1. A maternidade e a paternidade constituem valores sociais eminentes. 2. A mãe e o pai têm direito à proteção da sociedade e do Estado na realização da sua insubstituível ação em relação aos filhos, nomeadamente quanto à sua educação. Artigo 68.9 do Constituição Portuguesa e Art.933.9 da Lei n.9 7/2009 ..,. e:-') Um destes dias, o João e a Mafalda falaram de filhos. Não dos filhos dos outros casais, mas dos filhos que eles próprios gostariam de vir a ter. Ao longo da conversa nem sempre estiveram de acordo. O João desejava que o primeiro filho fosse rapaz. Já a Mafalda ficaria mais satisfeita se lhe calhasse uma rapariga. Coisa de somenos importância, como acabaram por concluir. Outro aspeto abordado foi o de terem ou não filhos logo após o casamento. Também aqui as coisas não bateram certo: enquanto ele desejava um filho o mais depressa possível, ela gostaria de passar os primeiros dois ou três anos sem filhos, para poderem viver, a sós, o amor a dois. Numa coisa estiveram de acordo: gostavam de ter um casal. Mais não, que a vida não está para brincadeiras e os juros da habitação estão altíssimos. Mas como resolver o problema de adiar o nascimento ou, uma vez já contemplados com o casal que gostariam de vir a ter, evitar a vinda de outros? É que, quem anda à chuva... molha-se - dizia o João, numa evidente alusão ao risco de poderem vir a aumentar a conta, se não tomassem "certas precauções". Écurioso que nem um nem o outro se lembraram de que poderiam vir a não ter filhos, ainda que muito os desejassem... Adaptado de Guias de Diólogo - CPM (Curso de preparação para o casamento) - 6. Para além do controlo da natalidade, em que outros aspetos se manifesta a responsabilidade dos pais?
  • 21. Os Mfrotos N~1UP.MS baseiam-se na observa- ção, feita pela mulher, de sinais que o seu corpo emite e que lhe permitem identificar os dias em que está fértil. O homem está sempre fértil. Durante o seu ciclo, a mulher passa por uma fase em que está fértil (pode engravidar se tiver relações sexuais) e outra em que está infértil (não pode engravidar). Durante a fase fértil, a mulher produz uma substância chamada «muco fértil», produzida no colo do útero, que desce pela vagina até ao exterior. O muco mantém os espermatozoides vivos no seu corpo. Na ausência deste muco, a mulher não consegue engravidar. O rné.todo 13-illiY~S consiste na observação da existência do muco fértil, com vista a determinar o período fértil da mulher. O rné.todo SiYto-téxrnic..o junta à observação do muco a observação da temperatura basal do corpo, que fica mais alta após a ovulação, e a observação de outros indicadores menores. Se os procedimentos previstos nestes métodos forem corretamente seguidos, são muito eficazes. Requerem acompanhamento, por parte de uma monitora, durante a aprendizagem. Se o casal quiser evitar uma gravidez, então não poderá ter relações sexuais durante o período fértil da mulher. Para os casais que têm dificuldade em engravidar, estes métodos podem ser de grande ajuda, pois o casal aprende a identificar os dias do ciclo menstrual em que existem mais probabilidades de conseguir uma gravidez. Os métodos naturais não têm quaisquer efeitos secundários e respeitam o biorritmo da mulher. o coito iYtmornpido, que consiste em retirar o pénis da vagina antes da ejaculação, não pode ser considerado um método de planeamento familiar. De facto, alguns espermatozoides estão presentes no líquido que lubrifica a glande (ponta) do pénis, produzido pelo homem antes da ejaculação, pelo que a gravidez pode acontecer mesmo que se interrompa a relação sexual antes da ejaculação. O contacto direto entre o pénis e o exterior da vagina também pode conduzir a uma gravidez. Se a mulher estiver na fase fértil do seu ciclo, o muco pode manter vivos esses espermatozoides. Os MfTOOOS HORMONA$ OU G.UÍM(..0$ impedem a ovulação tornando a mulher infértil. A píl1,1lo. tem de ser tomada todos os dias à mesma hora para ser eficaz. Alguns medicamentos interferem com a ação da pílula. A i~eçáo tem mais efeitos secundários do que os outros métodos hormonais e não deve ser tomada por adolescentes. O irnpO.YTh consiste numa vareta de silicone, embebida em hormonas, que é colocada, pelo médico, debaixo da pele do braço. O o.de&i'tJ é colocado na pele numa zona do corpo onde a roupa não faça fricção. O o.r.e,I vo.~iral é inserido dentro da vagina; está embebido em hormonas e previne a ovulação. Estes métodos, embora muito eficazes, têm efeitos secundários que podem ser graves: problemas de circulação sanguínea, tromboses, tensão arterial elevada, infeções vaginais, alterações de peso e náuseas. Nunca devem ser usados sem conselho médico.
  • 22. Os MfTDOO$ bf ~REIR~ impedem a passagem dos espermatozoides para o útero e daí para as trompas onde está o óvulo durante as 24 horas que se seguem à ovulação. o presenttiO oos~iro, com a aparência de uma dedeira, tem um reservatório na ponta onde se recolhe o sémen. Tem de ser colocado no pénis após a ereção e antes da penetração na vagina. É importante que o pénis seja retirado da vagina antes de se perder aereção para que o preservativo não saia e fique retido na vagina. Apesar de, nestes casos, poder ser facilmente retirado com os dedos, o sémen passa para a vagina, permitindo uma gravidez. o presenttiO ferniriiro tem a aparência de uma «manga» que forra a vagina, evitando a passagem dos espermatozoides. O diíÃfríÃ~rtíà é colocado dentro da vagina por um ginecologista. Os métodos de barreira devem ser utilizados em conjunto com um espexniic,ictA que é colocado no interior da vagina ou usados para untar o preservativo ou o diafragma. Estes métodos têm poucos efeitos secundários. Por vezes, o látex ou os espermicidas podem provocar alergias. O preservativo masculino é o único método que ajuda a evitar a passagem de infeções sexualmente transmissíveis. o di~sitiO iri1rnl.4texi'O LDU) é um pequeno aparelho de metal ou plástico que é colocado no interior do útero por um médico. Dificulta a passagem dos espermatozoides mas nem sempre evita a fecundação e, nesse caso, dificulta a nidação do embrião no útero provocando um aborto precoce. Alguns DIU's libertam hormonas, fazendo com que a mulher não tenha ovulações. Nunca deve ser colocado numa mulher que ainda não teve filhos porque, como irrita as paredes do útero, provoca mais facilmente infeções do aparelho reprodutor que podem conduzir à infertilidade. Os M f TDOO$ 0RÚRhC-0$ têm como efeito a esterilização e são, com muito raras exceções, irreversíveis. A íÃ~WW.çáo de, irorn~s consiste na obstrução das trompas, impossibilitando o encontro dos espermatozoides com o óvulo. A vtÃSe0torniíà bloqueia os canais deferentes que levam os espermatozoides dos testículos para o pénis. O homem continua a ejacular líquido seminal, produzido acima do bloqueio, mas este não contém espermatozoides. A píl1.4h d o diíà S~l.4Íhte, não é um método de planeamento familiar. Consiste na toma de uma dose muito forte de hormonas. Infelizmente, tem-se abusado da sua utilização, como se fosse um método normal de planeamento familiar. Se tomada após afecundação, não permite a nidação do embrião no útero e é, portanto, abortiva. - f .4rt(à ~rnnde, re,sponsíÃbilidíÃde,. Nenhum rapaz nem nenhuma rapariga devem iniciar uma vida sexualmente ativa sem pensar muito seriamente na possibilidade de haver uma gravidez e de surgir, portanto, uma nova vida. ~NHUM MfTOtx> ti ~AMENTO F AMIL.IAR ~ 1007. EFIUtZ.. Se a decisão tomada é a de iniciar relações sexuais, então um primeiro passo para se assumir a responsabilidade por esta decisão é a de procurar aconselhamento em relação ao planeamento familiar. A escolha de um contracetivo é também uma decisão com fortes implicações morais. O casal deve ter sempre presente os valores éticos implicados que são a inviolabilidade da vida humana e o respeito pela dignidade do homem, da mulher e da criança que pode nascer. Determinar o número de filhos e o momento do seu nascimento é uma decisão que pertence ao casal. Não deve ser tomada com base apenas em critérios de comodismo e facilidade mas, fundamentalmente, por critérios de generosidade e de abertura à vida, garantindo uma paternidade responsável. Mary Anne d'Avillez (Enfermeira)
  • 23. - Ginecologia significa literalmente "ciência da mulher", mas na medicina é a especialidade que trata do sistema reprodutor feminino. Os hospitais e centros de saúde dispõem de consultas de ginecologia a que as mulheres, adolescentes incluídas, podem recorrer. 7. Em que é que consiste o planeamento familiar? 8. O que entendes por "educação sexual" ? Planeamento familiar A paternidade responsável engloba o planeamento da família - o diálogo do casal sobre como viver o amor recíproco que os une e sobre as decisões a tomar a respeito do número de filhos que pode ter e como vai espaçar o seu nascimento - o que implica escolher um mét odo de regulação da natalidade. O casal deve gerir a sua fertilidade com generosidade, mas também deve t er em conta o equilíbrio e a sustentabilidade da vida familiar. Antes de tomar uma decisão sobre o método de planeamento familiaraadotar, ocasal deve procurar informação cientificamente correta sobre o funcionamento, as vantagens e desvantagens, o efeito sobre a saúde, a eficácia dos métodos existentes e as suas implicações éticas. Ooc.r A imagem que se pretende comunicar através da maioria das campanhas de «educação sexual» é absolutamente falsa. Os jovens que aí aparecem respiram saúde e alegria. No entanto, esta não é de todo a verdade daqueles que enveredam por semelhante opção. Vida não é andar por aí com um preservativo em cada mão, para aproveitar as oportunidades que surjam na próxima esquina. Uma análise e investigação real e autêntica nestes domínios mostrariam muita frustração, dor, recalcamento, complexos, vazio e ilusão. O sexo não é apenas uma relação física, não existe preservativo que torne alguém imune às consequências emocionais e afetivas de uma vida sexual com vários parceiros e precocemente iniciada. O sexo não pode ser encarado apenas pela vertente do prazer, sem ter em conta o que representa de responsabilidade e compromisso, que só se pode realizar plenamente no casamento. É preciso coragem para assumir o que não está na moda, mas que melhor defende as expetativas de um futuro maravilhoso. O verdadeiro sexo seguro é aquele que é vivido no contexto da família, na harmonia de um relacionamento de amor autêntico e genuíno que se conjuga com fidelidade e responsabilidade. Adaptado de Samuel Pinheiro, http://www.portalevangelico.pt/ li t'IO e:.~11 que para viver uma paternidade/maternidade responsável o planeamento familiar é necessário e deverá ser sempre aberto à vida e à realização do casal.
  • 24. Os homens e as mulheres amam-se desde sempre. A Bíblia interpreta esse amor à luz de um modelo divino: exalta o dom mútuo e completo de um ao outro. O amor vivido na relação matrimonial é usado como comparação e metáfora do amor de Deus para com a humanidade e da resposta desta ao Deus que é amor. A Bíblia apresenta Deus como criador e pai da humanidade, mas apresenta-o, também, como marido que ama incondicionalmente a comunidade humana como uma esposa. Logo no primeiro livro da Bíblia, o Génesis, afirma-se que o homem e a mulher foram criados à imagem de Deus para se unirem um ao outro e serem os dois uma só carne (cf. Gn 2, 24). A sexualidade está, pois, dentro do projeto do Criador para a humanidade. Deus deu ao ser humano uma força de vida que é simultaneamente conforto, bem-estar afetivo e dom para o outro na comunhão amorosa aberta à vida, sempre nova. Osjilfios são uma 6ênção 3 0 1 hai: os filhos são uma bênção do Senhor; o fruto das entranhas, uma verdadeira dádiva. 4 Como flechas nas mãos de um guerreiro, assim os filhos nascidos na juventude. 5 Feliz o hamem que deles encheu a sua aljava! Não será envergonhadq pelos seus inimigos, quando com eles discutir às portas da cidade. SI 127(126),3-5 Os salmos são poemas: cânticos de louvor, de súplica, de agradecimento, de bênção... Rezados e cantados individualmente e em comunidade, ainda hoje, fazem parte das celebrações religiosas dos judeus e dos cristãos. Os salmos refletem o amor infinito de Deus pela humanidade e tornam atual o grito de louvor ou de súplica do crente.
  • 25. - Este salmo proclama apresença amorosa de Deus no trabalho, na vida social e, sobretudo, na família que ele protege e abençoa com o dom maravilhoso dos filhos. Através dos filhos é garantida a descendência e a história não só da família, mas também do povo. A fecundidade é uma bênção de Deus. O nascimento dos filhos confirma que Deus está presente na vida familiar, abençoando e gerando novas vidas. Neste sentido, o salmo fala dos filhos como «flechas», querendo significar a enorme importância que os filhos têm para os pais (tal como as flechas são importantes nas mãos dos guerreiros). O pai, cercado pelos filhos, é comparado a um combatente artilhado, pronto para enfrentar as adversidades da vida. .Jls 6ênçãosfamiúares 3 A tua esposa será _ como videira fecunda na intimidade do teu lar; osteus filhos serão como rebentos de oliveira ao redor cta tua mesa. SI 128(127),3. O salmo 128 tem como tema central a felicidade do ser humano que acolhe as bênçãos de Deus. Neste salmo canta-se a convicção de que quem respeita os mandamentos de Deus colhe os seus frutos de felicidade e paz. O bem-estar pessoal (harmonia do casal, filhos, trabalho, vida longa) prolonga-se no bem comum e na paz social.
  • 26. }1.famíúa de Jesus 31 Nisto chegam sua mãe e seus irmãos que, ficando do lado de fora, o mandam chamar. 32 A multidão estava sentada em volta dele, quando lhe disseram: «Estão lá fora a tua mãe e os teus irmãos que te • procuram.» 33 Ele respondeu: «Quem são minha mãe e meus irmãos?» 34 E, percorrendo com o olhar os q~e estavam sentados à volta dele, disse: «Aí estão minha niãe e meus irmãos. 35 Aquele que fizer a vontade de Deus, esse é que é meu irmão, minha irmã e minha mãe.» Me 3,31-35 A mensagem fundamental deste texto é que Jesus vem propor uma família universal edificada na aceitação da vontade de Deus: o amor, que suplanta os laços sanguíneos. A nova família que Jesus apresenta não se limita a um espaço geográfico nem a um tempo histórico: é composta por todas as pessoas do mundo e de todos os tempos. A única condição para pertencer a esta família onde todos são felizes, é amar a Deus e ao próximo. O verdadeiro parentesco com Jesus está, pois, em aceitá-lo como aquele que é Família, Henry Moore (1898_1986) expressão plena da presença de Deus. Os familiares consanguíneos que aceitam Jesus são duplamente da sua família. Assim, longe de desprestigiar Maria, Jesus honra-a ainda mais, t ributando-lhe duas vezes o nome de mãe: porque o trouxe no seio e porque o traz no coração. O texto refere ainda o contraste entre "ficar de fora" e "estar dentro", desafiando a uma tomada de consciência e de posição: estamos afastados ou queremos unir-nos a Jesus desejando construir a família universal? ~hnf"'Jb que a família é algo querido por Deus e que a mensagem cristã nos desafia à vivência dos valores familiares. - Na Bíblia, e ainda hoje no oriente, a palavra "irmãos" refere-se não apenas aos filhos dos mesmos pais, mas também aos parentes próximos, nomeadamente os primos. 9. À luz da mensagem bíblica, o que é que poderás fazer para melhorar o teu ambiente familiar?
  • 27. A vivência do amor, para ser sublime e bela exige respeito, responsabilidade e fidelidade. Estas atitudes correlacionadas e características do amor tornam-nos pessoas felizes, alegres e apaixonadas com um sorriso nos lábios e um brilho no olhar. Quando somos irresponsáveis, desrespeitadores ou infiéis é evidente que não estamos a amar. P-E.Sl'ClNSABilLbMf., como a raiz da palavra indica, é dar resposta às situações; é responder por si e pelos próprios atos, é assumir os deveres e as obrigações correspondentes. A responsabilidade torna-nos cuidadosos para connosco e para com os outros. Exige crescimento e maturidade e não é confiada nem pedida a todos da mesma maneira. SOU P-E.Sl'ClNS~'Jf.L ~UANtx): · P-E.fLITO ~1fS bE. AhlP-; · KlNbE.P-0 AS GONSE.~UtNVIAS bAS MINHAS tÇ-OE.S; · Atuo 0U~tx)SAME.N1f; · ASSUMO OS ME.US ATOS E. ?ALAJP-AS> NbE.?E.NbE.N1fME.N1f ~S SUAS GONSE.~UÜ-.1(.1AS; . A?P-E.Ntx) GOM os E.P-P-OS E. Atx)TO UMA rosyÃO MAIS P-E.fLE.TibA ocro1s bE. A TitubE.S INGONSvE.N1fS.
  • 28. RES~ETO, do latim respectus que significa "olhar outra vez", é apreço, consideração, deferência, obediência; é um "olhar" que nos impede de fazer ou dizer coisas desagradáveis. Respeitar não significa concordar em tudo, mas significa não ofender. Seremos tanto mais respeitados quanto mais soubermos respeitar. SOU RES~EITM:OR G-UANbO: JAf..OP-12-0 bEJIDFME.NTE ~s ~E.SSO~S) ~s C-0S~S E. OS ~Mi'IE.NTES fDELbfbE, atitude de quem é fiel e se compromete com aquilo que assume, é lealdade, confiança, honestidade, verdade, constância, firmeza. A fidelidade é um valor que nasce do respeito pela confiança que uma pessoa deposita na outra e que exige responsabilidade. É, porventura, o maior desafio que se nos coloca nos dias de hoje e na sociedade em que vivemos, no sentido de uma vivência autêntica do amor. A fidelidade não é coisa fácil de se concretizar e parece até que já está fora de moda! Mas vale a pena assumi-la porque dela depende a confiança que depositamos uns nos outros, o amor e a felicidade. Viver a fidelidade numa relação com outra pessoa é ter a coragem de ser um para o outro e de ser um no outro. Édizer não à mentira e aos jogos de enganos. A fidelidade exige verdade e um grande apreço pelo outro. Atidelidade é o ADtJ do amor e a f.elicidade é a sua obra-prima. -
  • 29. - 10. Reflete sobre as tuas formas de amar e elabora ou escreve um compromisso pessoal para cresceres mais no amor. f t-'"",, ~ ,, que a alegria do amor vive-se na responsabilidade, no respeito e na fidelidade. Ooc.I Creio que Deus é amor. Creio que Deus é bondade infinita, porque é amor infinito. Creio que a criação é fruto do amor, porque o amor quer-nos fazer participar na sua bondade. Creio que todo o homem, mesmo antes de o ser, foi amado, pessoalmente e infinitamente, por Deus, e sê-lo-á sempre, quaisquer que sejam o seu rosto e os caminhos da sua vida. Creio mesmo que o homem foi pensado pelo amor de Deus e que a «imagem» de Deus nele pode ser desfigurada, mas não destruída. Creio que o homem, feito por amor, foi criado para o amor, e, portanto, livre, e convidado à felicidade infinita do amor. Creio que, com Jesus Cristo, viver é amar sob o sopro do Espírito. Ecreio que o amor não pode morrer, porque vem de Deus e volta para Deus. Adaptado de Michel Quoist (1921-1997), Falai-me de amor
  • 30.
  • 31. - -- - e - e e J Olá! Charno-rne Ro~•J•'. Nasci na <.Su:ça ern lq!S, rnas ern lqt..ID, duYante a 0e'1unda GueYYa Mundial tui viveY paYa FYança. Desde sernpYe senti o desejo de rne juntaY a outYas pessoas paYa concYetizaYnios urn 3Yande desatio: viveY todos os dias a Yeconciliaçõ.o entYe os cYistãos. <Sabes que no CYistianisrno existern tYês 3Yupos: católicos, oYtodoxos e pYotestantes. fu nasci nurna tarn:lia pYotestante, rna3 senha-nie fascinado pelo catolicisrno e pela oYtodoxia e sernpYe sotYi ao veY pessoas, sinceYas e honestas, a YecusaYern YelacionaY-se tYateYnalrnente só poYque peYtenciaf)! a tani:lias cYistõ.s dfeYentes. O sotYirnento que vi, duYante o teYY;vel conílito rnundia{ deu- rne ainda rnais consciência de que, unido.,, poderno3 tazeY uni bern rnaioY. Juntei-nie a outYas pessoo.s e tundó.rnos, ern laizé, unia coniunidade onde, na siniplicidade, cada urn expYessa a sua té cYistã. 0Yanios eni conjunto, acolhernos quern nos pYocuYa e seYvirnos os destavoYecido3. QueYernos, os iYniãos de laizé, seY uni sina/ concYeto de Yeconciliação entYe CYistãos divididos e povos sepaYados. Nesta unidade letiva pYocuYa entendeY as Yazõe3 hi3tóYica3, cu/tuYo.is e Yeli3iosas que pYovocaYarn as vó.Yias divisões no CYistianisrno. AbYe-te a beleza da cornunhão na dfeYença. DescobYe o que podes tazey paYa toYnaY poss:ve/ a tYateYnidade entYe os povos, a cornunhão entYe os cYistão3 e a haYrnonia nas Yelações entYe as pessoas da tua escola e da tua tani:lia. O irmão Roger Schutz foi assassinado em 2005, d~rante a or~ção d~ t~r~e: or uma mulher que sofria de perturbações mentais. A comunidad: e a1ze ~ontinua a ser um sinal de encontro entre os povos e ?e construçao d~ p~z. Para além dos programas semanais em Taizé, a comunida~e promove, es e 1978, encontros anuais de oração pela paz em diferentes cidades da Europa.
  • 32. O Cristianismo, que assenta a sua fé e a sua esperança em Jesus Cristo, é uma religião profundamente inserida na vida das pessoas e dos povos. Jesus e os apóstolos viveram num período histórico em que o império romano dominava grande parte do mundo conhecido. Os cristãos, pessoas reais e concretas, sempre viveram no espaço público em que estavam inseridos, adaptando-se às condições sociais. Herdeiro do Judaísmo e enriquecido pela civilização greco-romana, o Cristianismo, apesar de três séculos de perseguições, criou raízes na vida de muitos homens e mulheres que, em Jesus Cristo, encontraram sentido para a sua vida. O Cristianismo, enquanto religião organizada e enquanto fé vivida no dia a dia pelos cristãos, contribuiu, e muito, para a construção da civilização ocidental. Foi, e ainda é, um motor da construção europeia enquanto referência de identidade perante os vários povos, línguas e culturas. O papel do Cristianismo tem sido importante em todos os setores da vida humana a nível pessoal e a nível coletivo. Grandes princípios e comportamentos éticos são o resultado da presença dos valores evangélicos no pensamento e na ação dos indivíduos e dos povos: - AAFl<.MAç.,Aô bO /ALO<. Ebf blhNbfOC bf PéSSOA HUMANA) - O<.EC-ONHE.vMENTO OC QUE AJbf HUMANA €. SAh<.Abfi - AIMro<.TÃt{;A bf FAMÍLIA) - A~<.OMQVAô bA SOl.lbA!<.EbAOC EbO 17EM C-OMUM; - AblhNbfOC bO 1RA-17ALHO EbA JUSTA <.EMUNE<.AYAôi - AMro<.TÃt{;A bf EbUvAç.,Aô Ebf Lll7E<.bfOC OC ltNSAMENTO.
  • 33. .. Catedral de Braga ( A Assembleia da República (Parlamento) está sediada num antigo mosteiro de S. Bento. 1. Procura na zona onde moras uma igreja, um mosteiro, uma rua ou outro espaço dedicado a São Bento. 2. Identifica o contributo do Cristianismo na construção da civilização europeia. A visão bíblica do ser humano (criado à imagem e semelhança de Deus) moldou a cultura humanista da europa e do mundo. A Bíblia inspirou criações intelectuais e artísticas, influenciou códigos e normas e promoveu a paz. O Cristianismo, através das universidades, das escolas, das catedrais e dos mosteiros, ensinou os povos, a ler e a escrever, a construir e a pintar. Nestes centros de cultura, a Europa foi-se gerando e adquirindo novas formas de pensar e de agir. O Cristianismo, ao afirmar que há uma origem comum e um destino comum do ser humano, propõe uma fraternidade universal na pluralidade de rostos e de pensamentos. Este contributo, que o Cristianismo oferece, obriga todos a descentrarem-se de si, a não dominar os outros e a abrirem-se à construção do futuro. São Bento nasceu em Núrcia (Itália) por volta do ano 480. Viveu e estudou em Roma, quando esta cidade vivia a turbulência da queda do império romano no ocidente (476). Desejoso de encontrar um sentido para a sua existência, procura no silêncio de uma gruta em Subíaco tempo para a oração e uma vida de simplicidade. O seu estilo de vida atrai seguidores que veem nele um pai e um guia. Organiza este grupo (Ordem Beneditina) a quem pede uma profunda vida interior (oração) destinada a servir os outros através do trabalho. São Bento, Fra Angelico (1395_1455) Com o passar do tempo, o monge Bento, numa procura sincera de Deus, dá aos seus irmãos monges a regra de vida Ora et labora (ora e trabalha) para que todos eles dediquem tempo à oração quotidiana e ao serviço das pessoas através do trabalho. Após a morte de São Bento, em 547, os seus continuadores, os beneditinos, vão tornar-se um dos pilares da construção da nova civilização. Os mosteiros beneditinos, por toda a Europa, são espaços de paz e de oração, e polos de desenvolvimento cultural, económico e artístico. Formavam nas suas "escolas" as gerações futuras. Impulsionavam a agricultura e o comércio, (re)criavam a arte através dos copistas e dos artistas. Pelo grande contributo dado ao mundo europeu por São Bento e seus filhos (beneditinos, clunienses e cistercienses), o papa Paulo VI, em 1964, declarou-o patrono da Europa. que o Cristianismo, como comunidade dos crentes em Jesus Cristo, contribuiu para a construção da história ocidental.
  • 34. O Cisma do Oriente Ao longo do primeiro milénio, apesardepequenas divergências eseparações, o Cristianismo manteve-se globalmente unido. Contribuiu para o desenvolvimento de povos e culturas; sistematizou a sua fé no credo; organizou-se na forma plural de celebrar a fé (oração e caridade) e foi um grande instrumento para a humanização de costumes e leis. Logo no início do segundo milénio acontece uma grande rutura na Igreja cristã - o cisma do oriente. O diálogo entre o oriente, cuja capital era Constantinopla (antiga Bizâncio e atual Istambul, na Turquia), e o ocidente, com capital em Roma, já várias vezes tinha sido posto em causa. Com a queda do império romano do ocidente, em 476 - após a divisão do império romano em duas partes (império romano do ocidente, com capital em Roma, e império romano do oriente, com capital em Constanti- nopla) -, a cidade de Constantinopla adquiriu progressivamente uma maior importância. As diferenças entre o mundo ocidental (que falava latim) e o mundo oriental (que falava grego) vão-se acentuando a nível cultural, político e até religioso. A palavra 'cisma' - do grego skhisma («fenda; separação») - significa dissidência religiosa; separação de uma determinada religião.
  • 35. - 3. Identifica as razões que estiveram na origem do cisma do oriente. As relações entre Roma e Constantinopla foram-se degradando. Os bispos de Roma (papas) e os bispos de Constantinopla (patriarcas do oriente), cada um à sua maneira, procuraram afirmar a sua autoridade sobre o outro. O conflito acentuou-se de tal forma que cada um deles acusou o outro de se estar a afastar da mensagem de Jesus Cristo. No ano de 1054, numa procura de diálogo e conciliação, o cardeal Humberto, enviado do papa, foi a Constantinopla, mas a tentativa saiu frustrada e aconteceu a separação (cisma). O cardeal, em nome do papa Leão IX, dirige-se à basílica de Santa Sofia e excomunga o patriarca Miguel Cerulário. Este, como resposta, excomunga o cardeal. Com estes gestos, repletos de falta de compreensão e de caridade, cada um considerava-se portador da verdade e expulsa dessa fé e dessa comunhão o outro. Surgem, assim, dois ramos no tronco do Cristianismo: a Igreja latina, a quevulgarmente chamamos 'católica', e a Igreja oriental, a que chamamos 'ortodoxa'. Esta fratura na unidade do Cristianismo ainda hoje tem as suas consequências. Católicos e ortodoxos, apesar dos encontros e abraços fraternos entre os seus líderes, continuam separados. Doe.IS As diferenças entre as Igrejas do ocidente e do oriente, já evidentes no século IV, tornam-se mais precisasdurante osséculos seguintes. As suas causaseram múltiplas: tradições culturais distintas (greco-oriental por um lado, romano-germânica por outro); a ignorância mútua, não só das línguas, mas também das respetivas literaturas teológicas e as divergências de ordem cultural. Certos desenvolvimentos do culto e das instituições eclesiásticas conferem ao cristianismo oriental uma fisionomia peculiar. A importância da veneração dos ícones no império bizantino e a adição do filioque ao Credo de Niceia e Constantinopla - o trecho passava a ter a seguinte leitura: «O Espírito procede do Pai e do Filho» - levou a que aumentasse a animosidade dos ocidentais contra os orientais. Adaptado de Mircea Eliade, História das Ideias e Crenças Religiosas
  • 36. Renascimento Ofinal do século XIV e o século XV é um período de grandes transformações culturais. Após a peste negra, que assolou a Europa na década de 40 do século XIV, surgiram novas condições económicas e visões da vida que conduziram ao aparecimento da burguesia, ao incremento da vida urbana e a um maior apreço pelo pensamento racional e pela arte. A imitação dos modelos da Antiguidade Clássica, grega e latina (Renascimento), vem colocar o ser humano no centro da vida e do pensamento (Humanismo). Esta nova perspetiva sonha com uma época de esplendor e luz que se irá concretizar com a exaltação do ser humano através da literatura, das artes, da história, da religião, das ciências naturais. Partindo das grandes cidades italianas (Florença, Veneza, Roma, Siena), este movimento difundiu-se por toda a Europa, assumindo particularidades e estilos específicos. São desta época os grandes artistas e pensadores que ainda hoje admiramos nas suas criações: o poeta Dante (A Divina Comédia); os pintores, escultores e arquitetos Giotto, Miguel Ângelo, Leonardo da Vinci... e tantos outros. Homem Vitruviano, Leonardo Da Vinci (1452-1519) Pormenor da Fuga para o Egito, Giotto di Bondone (1266-1337) Cúpula da Catedral de Florença, Filippo Brunelleschi (1377-1 446) Jesus e José de Arimateía, Baccio Bandinelli (1493-1560) -
  • 37. - 4. Em que consistiu o cisma do ocidente? O Cisma do Ocidente A partir do século XII foram surgindo, na Europa medieval, vários movimentos religiosos que apelavam a uma vida cristã mais autêntica, menos opulenta, mais centrada na Bíblia e menos ritualista. O século XIV é um período conturbado para a Igreja católica. Por razões políticas, entre 1309e1377, os papas passaram a residir em Avinhão. Palácio dos papas, Avinhão Outro acontecimento de divisão na Igreja foi a existência de dois papas em simultâneo: um em Roma e outro em Avinhão. Este período, que durou entre 1378 e 1417, a que se dá o nome de cisma do ocidente, provocou grande confusão nos crentes e grande descrédito na autoridade e função do papa como pastor universal dos católicos. A Igreja estava demasiado envolvida em questões políticas e económicas, em prejuízo das preocupações espirituais. Havia, por isso, um forte movimento de crítica às instituições da Igreja, exigindo a sua reforma. A Reforma Protestante O movimento humanista e o espírito renascentista, aliados ao descontentamento das pessoas devido aos abusos da Igreja, fazem emergir a necessidade de um retorno à mensagem original de Jesus Cristo. Causas da Reforma Protestante CISMA DO OCIDENTE - Descrédito do papado - Indulgências - Poder temporal dos papas - Ritualismo PENSAMENTO RENASCENTISTA - Valorização da razão humana - Redução da ingerência dos papas em assuntos nacionais - Purificação da vivência cristã
  • 38. Lutero, o reformador Martinho Lutero (1483-1546), padre católico, monge agostiniano e professor, preocupado em corrigir alguns comportamentos e ritos da Igreja, refletiu sobre a salvação do ser humano e condenou a "venda" das indulgências. A prática das indulgências era habitual desde há vários séculos e significava o perdão das penas (castigos) relacionadas com os pecados. Para a Igreja, o perdão dos pecados era oferecido ao crente através da celebração do sacramento da reconciliação (confissão). Este perdão era condição para a salvação da pessoa. No entanto, segundo se acreditava, se a pessoa morresse reconciliada com Deus, mas não tivesse expiado os seus pecados mediante a penitência adequada (jejum, gestos de caridade, etc.), teria de passar transitoriamente pelo purgatório antes de ingressar no céu. As indulgências eram uma maneira de obter a remissão dessas penas. Nunca a Igreja afirmou que a indulgência correspondia ao perdão dos pecados, mas apenas ao perdão da pena correspondente ao pecado. Em termos populares, as indulgências eram entendidas como «um bilhete para o céu». Para recolher benefícios, alguns na Igreja não contrariavam convenientemente esta explicação. No início do século XVI, esta prática envolvia vastas somas de dinheiro que eram uma fonte de rendimentos, nomeadamente para a construção da nova basílica de S. Pedro, em Roma. Lutero revolta-se contra esta prática da Igreja, põe em causa a função e o poder do papa, apresenta a Bíblia como única autoridade em matéria de fé e afirma que a salvação se alcança pela fé e não pelas obras. Em 1517, com o objetivo de promover um debate entre professores e estudantes que contribuísse para a renovação da Igreja, Lutero afixa 95 Teses na porta da igreja de Wittenberg, na Alemanha. - 5. Faz uma biografia de Martinho Lutero.
  • 39. 6. Caracteriza a doutrina de Martinho Lutero. T Doc..1 Com um desejo ardente de trazer a verdade à luz, as seguintes teses serão defendidas em Wittenberg sob a presidência do Rev. Frei Martinho Lutero, Mestre de Sagrada Teologia. Ele pede que todos os que não puderem estar presentes e disputar verbalmente o façam por escrito. 7. Deus não perdoa a culpa de qualquer pessoa sem, ao mesmo tempo, sujeitá-la, em tudo humilhada, ao sacerdote, seu vigário. 21. Erram, portanto, os pregadores de indulgências que afirmam que a pessoa é absolvida de toda a pena e salva pelas indulgências do papa. 24. Por isso, a maior parte do povo está a ser ludibriada por essa magnífica e indistinta promessa de absolvição da pena. 37. Qualquer cristão verdadeiro, vivo ou morto, participa de todos os benefícios de Cristo e da Igreja, que são dons de Deus, mesmo sem carta de indulgência. 43. Deve ensinar-se aos cristãos que, dando ao pobre ou emprestando ao necessitado, procedem melhor do que se comprarem indulgências. 44. Ocorre que através da obra de amor cresce o amor e a pessoa torna-se melhor, ao passo que com as indulgências ela não se torna melhor, mas apenas mais livre da pena. 45. Deve ensinar-se aos cristãos que quem vê um necessitado e o negligencia para gastar com indulgências obtém para si não as indulgências do papa, mas a ira de Deus. 50. Deve ensinar-se aos cristãos que se o papa soubesse das exigências dos pregadores de indulgências, preferiria reduzir a cinzas a basílica de S. Pedro a edificá-la com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas. 53. São inimigos de Cristo e do papa aqueles que, por causa da pregação de indulgências, fazem calar por inteiro a palavra de Deus nas igrejas. 54. Ofende-se a palavra de Deus quando, num mesmo sermão, se dedica tanto ou mais tempo às indulgências do que a ela. 62. O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus. A insatisfação sentida por gente do povo, comerciantes, príncipes e reis foi t erreno fértil para a adesão às ideias de Lutero que, excomungado pelo papa em 1521, inicia outra vivência crist ã a que vulgarmente se chama Protestantismo. ( • Por razões políticas, Lutero defendia que cada príncipe deveria escolh~ impor a religião no seu Estado. Em 1529, no encontro de Spira (Alemanha), Lutero e os seus seguidores protestaram contra a negação da liberdade de os príncipes escolherem a religião a adaptar nos seus domínios. Daí advém o nome de protestantes.
  • 40. Do~.I Lutero afirma: «Não admito que a minha doutrina possa ser julgada pelos homens, ou mesmo pelos anjos. Aquele que não aceita a minha doutrina não pode obter a salvação». Tendo recebido a revelação de que é Deus-Pai quem julga, condena e salva segundo a sua própria decisão, Lutero não pode tolerar mais nenhuma outra interpretação. Afirmava: «Se a vontade não é livre, o pecado não pode ser imputado aos homens, já que ele só existe se for voluntário. Além disso, se o homem não fosse livre para escolher, Deus seria responsável tanto pelas más como pelas boas ações». Mircea Eliade, História das Ideias e Crenças Religiosas João Calvino, outro reformador João Calvino (1509-1564), francês, seguidor dos ideais de Lutero, afirma que a salvação da pessoa se deve ao trabalho justo e honesto. Esta declaração foi bem aceite por banqueiros e burgueses a quem a Igreja condenava pela sua riqueza, muitas vezes conseguida através de juros elevados. Calvino defende a ideia da predestinação: a pessoa, quando nasce, já tem o seu destino definido. Esta crença, preocupada em sublinhar a omnipotência de Deus, nega a liberdade da pessoa. Ao afirmar que o ser humano nada pode fazer para alterar o seu destino, torna-o completamente impotente perante a vontade divina. Calvino vai para Genebra (Suíça), onde as suas ideias religiosas são muito bem acolhidas, e aí estabelece uma comunidade fortemente trabalhadora e próspera, de comportamentos sóbrios e rigidamente controlados, negando todos os prazeres da vida (puritanismo). O Protestantismo O movimento religioso de Lutero e de Calvino fez um forte apelo de regresso à simplicidade original do Cristianismo. Apresentou a Bíblia como único fundamento da fé e da autoridade religiosa. Na liturgia, fazia uso das línguas do país e não do latim. Preocupou-se muito com a santificação dos cristãos e com a transformação da sociedade. Os únicos sacramentos aceites são o batismo e a ceia, como recordação da morte e ressurreição de Cristo. Recusam imagens, vestes e músicas sagradas. Ofacto de Lutero (e demais reformadores) ter apresentado a Bíblia-livremente interpretada por qualquer pessoa - como única autoridade de fé deu origem à criação de uma multiplicidade de Igrejas protestantes: luterana, presbiteriana, metodista, pentecostal, evangélica, congregacionista, batista e muitas outras. - João Calvino, Hans Holbein (1497-1498) 7. Enumera as razões que originaram o movimento religioso a que se chamou "Reforma Protestante".
  • 41. - Doc.I O Protestantismo, que constitui um dos três grandes ramos do Cristianismo, nasceu no século XVI na Europa e estendeu-se, de maneiras diversas, atodos os continentes. Forma religiosa muito diversificada, está organizado em múltiplas Igrejas e muitos movimentos. No momento do nascimento do Protestantismo, podemos já verificar a sua pluralidade: existem vários reformadores, defrontam-se várias convicções. Existem amplos pontos de vista comuns sobre os fundamentos da Reforma, mas basta uma só divergência para não se conseguir estabelecer uma Igreja protestante única. O pluralismo é fruto da recusa de uma hierarquia e da possibilidade de cada crente interpretar a Bíblia a seu modo. Ainda em vida de Lutero, surgiram várias divergências. Este conflito mostra igualmente que, se é certo que lutero é o primeiro a ousar o rompimento com a Igreja católica e é, portanto, o «pai fundador», bem depressa passa a ser um reformador entre outros e não o chefe incontestado de todos os protestantes. A Reforma proclamou três grandes palavras de ordem: apenas a Fé, apenas a Escritura, apenas a Graça. A sua radicalidade identifica-se pela vontade de suprimir os acrescentos que, segundo os seus adeptos, terão, ao longo dos séculos, desfigurado o Cristianismo primitivo. O mesmo é dizer que o seu movimento pretende precisamente purificar o Cristianismo. Sendo certo que a família protestante tem muito em comum, a verdade é que cada um dos seus ramos tem a sua especificidade própria; existem, de resto, por vezes, querelas internas. Adaptado de Jean Delumeau, As Grandes Religiões do Mundo O Anglicanismo Contemporaneamente à reforma luterana e calvinista, aconteceu outra separação no Cristianismo: o Anglicanismo. Em 1509, Henrique Tudor torna-se, aos 18 anos, rei de Inglaterra com o nome de Henrique VIII. Grande devoto e defensor da fé católica, mandou queimar, em 1521, os escritos de Lutero e escreveu contra ele um tratado denominado «Sete Sacramentos». Por esta atitude, o papa atribuiu-lhe o título de «defensor da fé». Henrique VIII era casado com Catarina de Aragão, mas apaixonou-se por uma dama da corte, Ana Bolena. A relação amorosa levou-o a rejeitar a esposa e a solicitar, ao papa, a declaração de nulidade do casamento. O pontífice não lhe reconhece a nulidade afirmando, assim, a indissolubilidade do matrimónio. Após várias ameaças ao papa, Henrique VIII, em 1531, obriga o parlamento inglês a aprovar várias leis que o tornam chefe da Igreja de Inglaterra, separada do papa.
  • 42. A Igreja anglicana é a Igreja oficial de Inglaterra e tem, ainda hoje, como primeiro responsável o rei ou a rainha da Grã-Bretanha, tendo, em questões religiosas, o arcebispo de Cantuária um papel primordial. No culto, segue de perto a Igreja católica. Éhoje uma federação internacional de Igrejas independentes, mas em comunhão. Ooc..I No final do século XVI, o mapa religioso da Europa parecia um espelho quebrado, deformando a imagem da Igreja. No norte, o protestantismo dominava: o luteranismo conquistou dois terços da Alemanha; o Imperador Carlos V reconheceu, pelo tratado de Augsburgo, em 1555, a existência oficial de Igrejas e Estados protestantes no império onde os súbditos deveriam acatar a religião dos seus príncipes. O Catolicismo manteve fortes posições no sul e no oeste da Alemanha. Os países bálticos e a Escandinávia romperam com Roma. A Holanda e a Escócia tornaram-se calvinistas. Na França, a par do catolicismo, uma forte comunidade protestante adaptou o calvinismo. O reino de Inglaterra identificou-se com a Igreja anglicana. A Irlanda - à excepção do norte - permaneceu fiel a Roma, assim como a Polónia, a Itália, a Espanha e Portugal. Facto relevante para o catolicismo: a Espanha e Portugal - países de navegadores - foram pioneirosdos descobrimentos efundadoresde impérios, nos quais os soberanos católicos se comprometiam a converter ao Catolicismo os povos das terras descobertas. Adaptado de Pierre Pierrard, História da Igreja -
  • 43. CATOLICISMO 'Católico' significa 'universal'. Comunidade de crentes que tem a sua origem em Jesus Cristo e nos apóstolos. Valoriza a Bíblia e a Tradição. 'Ortodoxo' significa 'reta doutrina'. Éo conjunto das Igrejas cristãs do oriente separadas de Roma desde 1054. Valoriza a Bíblia e a Tradição. PROTESTANTISMO O nome deriva do protesto em Spira. Surge com Martinho Lutero, no século XVI, e desenvolve- -se com Calvino e outros reformadores. A Bíblia é a única fonte de acesso à revelação. A salvação provém da fé e das obras. A salvação provém da fé e das obras. A salvação provém apenas da fé. O papa, sucessor de S. Pedro, é o pastor universal e preside à unidade e à comunhão das comunidades. Os padres ou presbíteros e os bispos são servidores e mediadores dos crentes. São celibatários. Venera os santos como mediadores entre Deus e as pessoas, dando particular importância à Virgem Maria. O centro da vida litúrgica é a missa (eucaristia) e a celebração dos demais sacramentos. Reconhece sete sacramentos como sinais visíveis da graça divina: Não reconhece o papa como pastor universal. O patriarca de Constantinopla é "primeiro entre iguais". O clero é mediador entre Deus e as pessoas. Apenas os bispos e os monges não podem casar. Venera os santos como mediadores entre Deus e as pessoas, dando particular importância à Virgem Maria. O centro do culto é a eucaristia. Na liturgia há variedade de ritos e é particularmente característico o uso de ícones (imagens sagradas). batismo, eucaristia, confirmação, Reconhece os sete sacramentos. reconciliação, ordem, matrimónio e unção dos enfermos. Não há nenhuma autoridade máxima; cada Igreja é autónoma. Não reconhece o papa como pastor universal. Os pastores não são mediadores entre Deus e as pessoas. Todos os cristãos são 'sacerdotes'. Jesus é o único mediador entre Deus e as pessoas. Não veneram os santos nem a Virgem Maria. No culto, sublinha o valor do anúncio e a escuta da palavra de Deus. Reconhece dois sacramentos: o batismo e a ceia.
  • 44. 30-313 313 380 476 1054 1378-1417 1453 1517 1531 1541 1545-1563 / t'-'"' ..... 1 MARCOS HISTÓRICOS DO CRISTIANISMO Morte e Ressurreição de Jesus. Pentecostes. Expansão do Cristianismo através das viagens missionárias de Paulo e outros apóstolos. Perseguição aos cristãos durante o império romano. Édito de Milão: Constantino decreta o fim das perseguições. Decreto de Teodósio 1: o Cristianismo torna-se a única religião oficial do império. Queda do império romano do ocidente. O Cristianismo assume um papel relevante na reorganização dos povos e das nações. Cisma do oriente: separação das Igrejas católica e ortodoxa. Cisma do ocidente: um papa em Roma e outro em Avinhão. Queda do império romano do oriente. Lutero inicia a Reforma na Alemanha. Henrique VIII assume-se como chefe da Igreja anglicana. Calvino introduz a Reforma em Genebra Concílio de Trento: reforma da Igreja católica romana. que o Cristianismo, uma comunidade de crentes em Cristo, é uma fé com vários caminhos: catolicismo, ortodoxia e protestantismo. - Crucificação Donatello (1368-1466) [Museu Nacional de Bargello, Florença, Itália) 8. Identifica 3 características identitárias dos católicos, ortodoxos e protestantes.
  • 45. A Bíblia é a fonte e a norma da fé de todos os cristãos: católicos, ortodoxos e protestantes. Éo testemunho escrito da palavra de Deus a todos os discípulos de Jesus Cristo. Sendo livro sagrado, a Bíblia inspira as pessoas e os povos a orientarem-se pelos seus ensinamentos; inspira a oração pessoal e a oração comunitária; inspira a arte e a sabedoria popular. Éa Bíblia que nos apresenta a mensagem de Deus e a pessoa de Jesus Cristo. Os cristãos deixam-se guiar pelos ensinamentos bíblicos em todos os momentos da sua vida. Com a Bíblia cantam a alegria, pedem perdão pelos erros, entregam-se a causas nobres a favor das pessoas, sonham e constroem as suas vidas e a vida das sociedades. A Bíblia é um livro para conhecer, para amar, e para viver. )lntigo <Testamento 46 Crvros, escritos antes áo nascimento áe Jesus. Contém a fristória áo encontro eáa afuznça áe©euscom 0 pow áe Israe[ :f'{CYVO <Testamenta . áep~is áa escntos . -o áe Jesu5· rte e ressureiça rno • ! amensaBern, Com."rn r: · 0 ({e JeSUS• _ llesttn as açoes eo anO'llª afiançtl 6ern corno nn!JO áeVtUS· com o nO'llO r ··
  • 46. Organização Interna da Bíblia A Bíblia é uma coleção de 73 livros, sendo, portanto, uma autêntica biblioteca. Tanto judeus (só relativamente ao Antigo Testamento), como cristãos consideram-na Escrituras Sagradas. Os livros do Antigo Testamento, na tradição judaica, aparecem agrupados por ordem de importância: ~ LEI OU TORAt l>f.Nffi1f.UUl); ~ VROfEThS ANTERIORES lLIWOS tISTÕRIUlS); ~ PROFETAS rosTf.RIORES lLIWOS PROft.TIUlS); ~ ESVRITOS lLlJROS SAVIENJIMS). As edições cristãs da Bíblia nem todas mantêm esta ordem. Os livros do Novo Testamento aparecem agrupados da mesma maneira em todas as Bíblias, sejam elas da tradição católica, ortodoxa ou protestante: ~ QUATRO EWNhf.LtOS, O.UE NARRAM A'JIDA E AMEtQihEM DE JESUS VRISTO; ~ Ll'JRO OOS ATOS 00$ AVóSTClOS, O.UE NAF-14 ONASvlMENTO EA'JIDA DA lhRU, AVóS A RESSURREyAo DE JESUS; ~ TREZE E.PSTClAS ou vARThS QUE SAD PAULO ESVREJf.U ~s W.MERAS UlMUNIDADEs VRSThS; ~ SE1f. VARTAS VATôLVAS DE 'JÁROS AUTORES DRlhDAS ATOOOS OS VRSTADS; ~ VARTA AOS HE1*EUS; ~ Ll'JRO 00 ArovAl.VSE, O.UE AW.ESENffi AREJf.LFyÃO DE DEUS VOMO ES>f.~ VF14 A HUMANIDADE. -
  • 47. - Formação do Antigo Testamento A Bíblia não foi redigida num curto espaço de tempo. Foi fruto de muitos anos de vivência e relação entre o povo de Israel e Deus e da fixação dessa experiência por escrito. Antes de terem sido escritos, os textos da Bíblia eram relatos orais, transmitidos de geração em geração. Tal como a história do povo de Israel se desenrolou em muitos séculos, também os livros do Antigo Testamento foram escritos ao longo de mais de mil anos. Nestes textos alude-se aos acontecimentos que marcaram a vida e a história do povo judeu na sua relação com os outros povos e, especialmente, na sua relação com Deus. Foram surgindo da experiência comunitária da fé e da vontade de transmitir essa experiência religiosa às gerações vindouras. Formação do Novo Testamento Os vinte e sete livros que constituem o Novo Testamento foram redigidos ao longo da segunda metade do século 1. Os primeiros escritos foram as Cartas de S. Paulo, redigidas na década de 50. Tendo Jesus morrido por volta do ano 30, verificam-se pelo menos vinte anos de distância entre os acontecimentos e a sua narração. Foi o período da pregação oral. Antes de ser fixada por escrito, a Boa Nova foi proclamada, escutada e vivida. Após a morte de Jesus, os apóstolos começaram a anunciar que Jesus havia ressuscitado e estava vivo, devido ao poder de Deus. A este anúncio fundador da fé cristã chama-se o kerigma. A consciência da presença de Jesus no meio deles leva-os a constituírem-se uma comunidade nova afastando-se aos poucos das práticas judaicas. ._"l"J'!'!!'"""'-~-~""""'~~ De Jerusalém rapidamente se difundem pela 9. Qual é a centralidade do Novo Testamento? Samaria, Galileia, Ásia Menor, Grécia, Roma... Atraídas por esta mensagem de esperança, pessoas oriundas de vários povos e culturas integram as comunidades cristãs. Por ser necessário darformação aos novos discípulos de Cristo, por se tornar urgente a organização de textos para as celebrações e por estarem a desaparecer aqueles que contactaram com Jesus, a tradição oral é fixada por escrito: nasce, assim, o Novo Testamento.
  • 48. Revelação e Inspiração Os cristãos acreditam que Deus se deu a conhecer na história do povo de Israel e, de forma definitiva, na pessoa de Jesus de Nazaré. A este processo de manifestação de Deus à humanidade chama-se 'revelação'. A Bíblia também faz parte deste processo, pois é nela que encontramos escrita a história da relação de Deus com a humanidade, através da história do povo de Israel e dos acontecimentos da vida de Jesus e da sua mensagem salvífica. Os redatores bíblicos tinham consciência de que não estavam a escrever uma história qualquer, mas a história da manifestação de Deus, o salvador e libertador da humanidade. Uma vez que a Bíblia contém a história da relação de Deus com a humanidade, os crentes acreditam que Deus "assistiu" os escritores sagrados no ato de escreverem a mensagem que ele queria transmitir. Esta ação de Deus junto dos escritores chama- se 'inspiração'. Num texto do Novo Testamento afirma-se que «toda a Escritura é inspirada por Deus» (2 Tim 3,16). Cânone O cânone é a lista de livros considerados sagrados pelas comunidades dos crentes. No tempo de Jesus, havia dois cânones para a Bíblia judaica (correspondente ao Antigo Testamento):o da Palestina, que só aceitava como sagrados textos escritos em hebraico; e o de Alexandria, que incluía também livros escritos em grego. Os cristãos aceitaram o cânone alexandrino. Por isso, hoje, o Antigo Testamento usado pela Igreja católica não coincide exatamente com a Bíblia hebraica. Os protestantes adotaram o cânone palestino. Um pequeno conjunto de livros, os deuterocanónicos, está integrado nas edições católicas da Bíblia, mas não nas edições das igrejas da reforma. O cânone do Novo Testamento é aceite por todas as igrejas cristãs. 1 hn C.111 que a Bíblia é um conjuntode livros que refletem aexperiência de um povo crente. Os cristãos reconhecem na Bíblia a mensagem de Deus para a humanidade, e usam-na na oração pessoal e da comunidade. .. Os textos deuterocanónicos são os seguintes: Tobite, Judite, Ester, Sabedoria, Ben Sira, Baruc, 1º Livro dos Macabeus e 2º Livro dos Macabeus.
  • 49. .. 10. Qual a mensagem que Jesus transmite com o lava-pés? A unidade dos crentes em Cristo Jesus Cristo apresentou uma proposta de unidade entre todos os seres humanos e particularmente entre os que o seguiam e amavam. Antes de morrer deixou como que uma espécie de testamento. São as palavras de um amigo que, à beira da morte, transmite a sua sabedoria de vida e as suas últimas vontades. Antes de celebrar a última ceia teve um gesto que marca a ousadia, a beleza e o desafio de ser pessoa e ser cristão: o lava-pés. A este sinal de serviço acrescenta o seu apelo de amor: «Amai-vos uns aos outros». Vm mandamento novo 3 Enquanto celebravam a ceia, Jesus, sabendo perfeitamente que o Pai tudo lhe pusera nas mãos, e que saíra de Deus e para Deus voltava, 4 levantou-se da mesa, tirou o manto, tomou uma toalha e atou-a à cintura. 5 Depois deitou água na bacia e começou a lavar os pés aos discípulos e a enxugá-los com a toalha que atara à cintura. 34 Dou-vos um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros; que • vos ameis uns aos outros assim como Eu vos amei. 35 Por isto é que todos conhecerão que sois meus discípulos·: se vos amardes uns aos outros.» Jo 13,3-5; 34-35 Lava-pés, Giovani Giuliani (1664 • 1744) [Abadia de Heiligenkenz, Áustria)
  • 50. O ponto de referência do mandamento do amor é o próprio Jesus («assim como eu vosamei»). Amar, à maneira deJesus, consiste em acolher, em pôr-se ao serviço dos outros, em reconhecer-lhes dignidade, sem limites nem discriminação alguma, respeitando absolutamente a liberdade de cada um. Este amor é a marca distintiva dos discípulos de Cristo. Na comunidade cristã, na medida em que é uma comunidade autêntica, não pode haver espaço para ódio, inveja ou ciúme. Por isso os cristãos têm, hoje, a missão de procurar a unidade e o respeito pelas suas diferenças. <Para que sejam um 11 Doravante já não estou no mundo, mas eles estão no mundo, e Eu vou para ti. Pai s;mto, Tu que a mim te deste, guarda-os em ti, para serem um só, como Nós somos! 2 ºNão rogo só por eles, mas também por aquetes que hão de crer em mim, por meio da sua palavra, 21 para que todos sejam um só, como Tu, Pai, estás em mim e Eu em ti; para que assim eles estejam em Nós e o mundo creia que Tu me enviaste. 22 Eu dei-lhes a glória que tu lhe deste, de modo que sejam um, como Nós somos Um. 23 Eu neles e Tu em mim, para que eles cheguem à perfeição da unidade e assim o mundo reconheça que Tu me enviaste e que os amaste a eles como a mim. - 11. Qual o significado e as implicações do Mandamento do Amor?
  • 51. - 12. O que é que Jesus pede ao Pai? ( Saber-1- : Apolo era um cristão sábio e intelectual de Corinto. Cefas é o nome de São Pedro em aramaico. Depois de ter dado aos discípulos as suas últimas recomendações, Jesus dirigiu-se ao Pai, em quem depositava toda a esperança. Nesta oração, solicita a presença protetora de Deus, de modo que os seus discípulos vivam o mandamento do amor, mantendo a unidade. A relação entre o Pai e Jesus - relação de profundo amor e íntima unidade - é o modelo da relação ent re os elementos das comunidades cristãs. O apelo de Jesus é que os seus discípulos vivam quotidianamente a superação dos seus próprios limites, até construírem relações duradouras de verdadeira amizade promovendo a unidade. Mas, ao olharmos para anstória da Igreja cristã, verilicamos que as /irritações da narureza L. ·mana f _ . fu te ' li.A rvram mais r s do que o apelo de Cristo íl ""'dade "~-·· , . ( L. . . w• SOn~ Vartas rrawras.Para que a vontade de !'..;-to . VI~ se cumpra só há uma atirude possível procurar restabelecer a unidade perdda até que o amor vença todas as barreiras. Jesus o único alicerce 1 ºPeço-vos, irmãos, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, que estejais I todos de acordo e que não haja divrsões entre vós; permanecei unidos num mesmo espírito e num mesmo pensamento. 11 Pois, meus irmãos, fui informado que há discórdias entre vós. 12Refiro-me ao facto de cada um dizer: «Eu sou de Paulo», ou «Eu sou de Apolo», ou «Eu sou de Cefas», ou «Eu sou de Cristo». 13 ~tará, Cristo dividido? Porventura Paulo foi crucificado por vós? Ou fostes batizados em nome de Paulo? 5 Pois, quem é Apolo? Quem é Paulo? Simples servos, por cujo intermédio abraçastes a fé, e cada um atuou segundo a medida que o Senhor lhe concedeu. 6 Eu plantei, Apolo regou, mas foi Deusquem qeu o crescimento. 7 Assim, nem -o que planta nem o qu~ rega é alguma coisa, mas só Deus, que faz crescer- • 11 Pois ninguém pode pôr um alicerce diferente do que já foi posto:Jesus Cristo. 21 Portanto, ninguém se glorie nos homens, pois tudo é vosso: 22 Paulo, Apolo, Cefas, o mundo, a vida, a morte, o presente ou o futuro. Tudo é vosso. 23 Mas vós soi de Cristo e Cristo é de Deus. ' 1Cor 1,10-13;3,5-7.11.21-23
  • 52. Depois de, na cidade de Corinto, ter anunciado Cristo e de se ter dirigido para outros locais, Paulo manteve-se em contacto com a comunidade acompanhando a sua vida. Os cristãos coríntios eram fervorosos, mas debatiam-se com todos os problemas resultantes da inserção da mensagem cristã numa cultura diferente daquela em que tinha sido anunciada originalmente. Â. N Mapa dos lugares-chave na ação missionária de S.Paulo O Cristianismo corria o perigo de se tornar mais uma escola de sabedoria. Mas o Cristianismo não é apenas mais uma filosofia de vida ou uma doutrina que se impõe pelos discursos. O Cristianismo é a adesão a uma pessoa: Jesus Cristo, o único e verdadeiro mestre. Paulo reage com veemência: é Cristo e só Cristo a única fonte de salvação. Ser batizado não é aderir à doutrina de um mestre qualquer, mesmo que seja tão ilustre como Paulo; é estar em comunhão com Cristo. Dizer que se pertence a Paulo ou a Pedro é, portanto, deturpar gravemente a identidade da fé cristã. Fica bem claro que o importante não é quem batizou ou quem anunciou o Evangelho; o ponto de referência absoluto é Cristo, do qual os apóstolos são simples e humanos servidores. Os coríntios de então e os cristãos de hoje são convidados a não fixar a sua atenção em mestres humanos, mas a redescobrir Cristo, morto e ressuscitado para dar a vida a todos. A comunidade cristã terá de ser uma verdadeira família de irmãos, que recebe de Cristo a vida, a unidade e a comunhão. - 13. O que é que São Paulo pede à comunidade de Corinto? 14. Comenta "Jesus é o único alicerce".
  • 53. - CJ'ocíos unidos em Cristo 1 Eu, o prisioneiro no Senhor, exorto-vos, pois, a que procedais de um modo digno do chamamento que recebestes; 2 com toda a humildade e mansidão, com paciência: suportando-vos uns aos outros no amor, 3esforçando-vos por manter a unidade do Espírito, mediante o vínculo da paz. 4 Há um só Corpo e um só Espírito, assim como a vossa vocação vos chamou a uma só esperànça; 5 um só Senhor, uma só fé, um só batismo; 6 um só Deus e Pai .de todos, que reina sobre todos, age por todos e permanece em todos. Ef 4,1-6 Este texto, da carta aos Efésios - que Paulo terá escrito na pnsao, em Roma, por volta do ano 62 - , é um apelo aos crentes para que vivam o seu compromisso com Cristo, promovendo a unidade com os outros membros da comunidade. A mensagem cristã exige que os crentes vivam unidos. Ora, há comportamentos e atitudes que são condição necessária para que essa unidade se torne efetiva: - a modéstia e a humildade, como caminhos de superação do egoísmo, do orgulho e da autossuficiência que afastam os irmãos. - a paciência e a tolerância, que permitem compreender o outro, com os seus limites e falhas, e aceitar as diferentes maneiras de ser e agir. - o amor como suporte das relações humanas. AUNbM)f. f UM bOM bf. bf.US, MAS ASUA C,ONS1RUyAo bf.PE.Nbf. bO C,ON1RIFiUTO f. bO f.SFOP-(jO bf. vAbA UM.
  • 54. - S. Paulo compara a comunidade dos cristãos ao corpo humano: «Há um só corpo e um só espírito». Tal como o corpo é formado por muitos membros, todos eles diversos, também a comunidade cristã inclui uma diversidade de membros. No entanto, o corpo só funciona se todos os membros colaborarem entre si. O mesmo acontece na Igreja: a unidade, a complementaridade de todos os membros, o respeito e a cooperação entre todos são atitudes essenciais à saúde da vida das comunidades. Os cristãos formam uma unidade que se baseia na existência Basílica de São Paulo fora de muros, Roma de uma única fé, um único batismo - sinal de adesão a essa fé -, um único Senhor - Jesus Cristo - e um único Deus, que é Pai de todos e em todos atua. A Igreja, querida por Jesus, é uma comunidade de pessoas muito diferentes em termos de etnias, de cultura, de língua, de condição social e económica, de maneiras de ser. Estas diferenças não podem ser interpretadas como algo negativo, promotor de conflito e divisão. São, pelo contrário, fonte de enriquecimento para a vida comunitária. A diversidade é um valor que não anula a unidade e o amor nas relações interpessoais e nas relações entre as várias igrejas cristãs. f URhE.N1E· C-00>EP-AR E.M PROJE.TOS E.M F~'JOR OOS OU1ROS E.UMINAR JUÍlOS, PAL~'JR~S E. A<{ÕE.S H OSTIS RE.GONHE.GfR OS ERROS HISTÓRGOS ~lHE.R E. ~ITAR ~S blffRE.Ny~S RE.lAR ,, - - ~PRfN que é vontade de Jesus que todos os cristãos vivam unidos e se respeitem. 15. O que é que São Paulo pede à comunidade de Éfeso?
  • 55. O termo 'ecumenismo' provém do vocábulo grego oikouménê, que significa «terra habitada» ou «casa habitada». Para o Cristianismo o ecumenismo é o desejo e o caminho que é preciso percorrer para encontrar a unidade perdida entre os cristãos. O ecumenismo é a construção de uma família que partilha uma fé comum, em Jesus Cristo, e onde todos se sintam harmoniosamente valorizados e respeitados. É um movimento promotor da unidade dos cristãos e da vivência da paz. É um dinamismo de reconciliação, promovido pelo diálogo entre as diferentes tradições cristãs. Enquanto movimento cristão, o ecumenismo fundamenta-se na vontade de Jesus: «que t odos sejam um». Ooc..2 Por «movimento ecuménico» entendem-se as atividades e iniciativas que são suscit adas e ordenadas no sentido de favorecer a unidade dos cristãos. Tais são: primeiro, todos os esforços para eliminar palavras, juízos e ações que não correspondem à condição dos irmãos separados e, por isso, tornam mais difíceis as relações com eles; depois, o «diálogo» estabelecido entre peritos competentes, em que cada qual explica mais profundamente a doutrina da sua Comunhão e apresenta com clareza as suas características. Com este diálogo, todos adquirem um conhecimento mais verdadeiro e um apreço mais justo da doutrina e da vida de cada Comunhão. Então, estas Comunhões conseguem também uma mais ampla colaboração em certas obrigações que a consciência cristã exige em vista do bem comum. Eonde for possível, reúnem-se em oração unânime. Excerto de Concílio Vaticano li, Unitatis Redintegratio, 4
  • 56. o ecumenismo é o esforço de entendimento, respeito, diálogo e reconhecimento da dignidade do outro; não é fusão nem anulação. É: btlOhO G.Uf. f<.f.U)NHf.Ck f. Rf.S?f.Th ~ b'Jf.RSb@f.; ~ 'JAL.ORZ~Ao bf. ruoo OG.Uf. j~ UNf. ~S hf<.Ll~S; '5, W-M~AL.HO U)NJUNTO N~ U)NSTP-UyAo bf. UM MUNOO M f.L.HORi ~ VP-IAVAo bf. lA{)S bf. ~ff.TO FR~TfRNO f.NW-f. ~S lhf<.Ll~S; ~ OR~Ao f.M U)MUM ~ ?~TIR b~ Mf.SM~ Ff; ~ l?US(;~ SINVf.P.~ bf. v~INHOS ?~~ vUR~ ~S ff.RbrtS brt Sf.?~~Ao; ~ 'J~~ lf.N.- tf 1Ub0 oG.Uf. tf ~ A$ blff.!<.ENtES ~~ Ll<-$~ Rf.N.-Z.AM. A Experiência dos Focolares O movimento dos focolares foi fundado por Chiara Lubich, em Trento (Itália), em 1943. Chiara, uma jovem católica com uma vida evangélica totalitária e radical, encontra no amor de Deus o sentido e o ideal para a sua vida. Esta descoberta foi uma luz de esperança. Chiara e as suas amigas começaram por dar apoio a quem mais necessitava: pobres, doentes, feridos e crianças. Tratava-se, portanto, de amar a Deus através do amor aos irmãos. Este amor fez nascer nela a convicção da necessidade de construir a unidade entre as pessoas. Para Chiara, viver a unidade era viver a presença amorosa de Jesus Cristo. Este estilo de vida despertou a atenção de muitas pessoas e, desta vontade de viver o amor e a unidade fraterna entre todos, nasceu o movimento dos focolares. A necessidade da comunhão da Palavra de vida entre irmãos de várias igrejas faz surgir as cidadelas: pessoas de diversas condições sociais, faixas etárias e opções religiosas testemunham a vida do Evangelho e do amor. Pela sua universalidade e missão, é um movimento verdadeiramente ecuménico, que muito tem contribuído para a fraternidade universal vivendo o desejo de Jesus: "Que todos sejam um". Promove o diálogo constante entre cristãos de várias Igrejas e com membros de outras religiões. -
  • 57. - A Comunidade de Santo Egídio A comunidade católica de Santo Egídio constitui um testemunho em prol do ecumenismo. Foi fundada em Roma pelo professor Andrea Riccardi, em 1968. Neste ano viveram- -se tempos de grandes mudanças na Europa, muitas delas protagonizadas por jovens empenhados na construção de um mundo mais justo, pacífico e fraterno. A comunidade de Santo Egídio orienta-se por quatro princípios nos quais encontra o seu fundamento: ~ OP-A(jAo OANÚNVIO 00 f 'JANhELHO ~ Mt.NÇ;Ao ~s roi1<-Es ~ OfvUMfNISMO f ObÁLOhO IN1EP--P-fL hOSO Taizé - Primavera da Comunhão O papa João XXlll, em 1960, acolheu o irmão Roger com estas palavras: «Oh, Taizé, essa Primavera». Estas palavras dirigidas pelo líder dos cristãos católicos a um pastor protestante significavam a esperança na renovação da vontade ecuménica. A vivência do espírito de unidade inicia-se em 1940. No domingo de Páscoa de 1949, sete jovens protestantes, tocados pelo testemunho de Roger e depois de uma caminhada de encontro e reflexão, decidem comprometer-se para toda a vida numa entrega a Deus: oração, serviço aos irmãos e partilha de um estilo de vida simples e humilde. Em 1960, entram para a comunidade membros da Igreja anglicana; em 1969 entrou o primeiro católico, um jovem médico. A comunidade não parou de crescer, contando hoje com irmãos provenientes de diversos continentes, nacionalidades e confissões religiosas. Através da oração, do serviço, da partilha, do silêncio e do convívio fraterno, muitos jovens fazem a expriência de unidade em Taizé. Voltam para suas famílias, escolas e trabalhos acreditando que a unidade e a reconciliação são possíveis.
  • 58. Ooc.1 - Queres, por amor a Cristo, consagrar-te a ele com todo o teu ser? - Quero. - Queres realizar, de ora em diante, o serviço de Deus na nossa comunidade, em comunhão com os teus irmãos? - Quero. - Queres renunciar a toda a propriedade e viver com osteus irmãos, não só na partilha dos bens materiais, mas também na partilha dos bens espirituais, esforçando- -te por viver a abertura do coração? - Quero. (...) - Queres, reconhecendo sempre Cristo nos teus irmãos, zelar por eles nos bons e nos maus dias, na abundância e na pobreza, no sofrimento e na alegria? - Quero. Irmão Roger, Regra de Taizé O Concílio Vaticano li Em resposta a um desejo antigo de muitos cristãos católicos, o papa João XXlll convocou o ConcílioVaticano li com o objetivo de responder às mudanças eexigências dos tempos modernos e de renovar a Igreja católica nas suas várias dimensões. O concílio Vaticano li (1962-65), chamado 'ecuménico' por causa da sua dimensão universal, refletiu sobre a seguinte questão de alcance ecuménico: qual o contributo dado por cada Igreja para a divisão dos cristãos e o que poderá cada uma fazer em ordem à reconciliação e unidade? E sta foi uma das tarefas do Concílio: identificar os obstáculos ao diálogo e à unidade e encontrar caminhos para a reconstrução da comunhão entre os cristãos. - 16. Quais as três principais tarefas do Concílio Vaticano li relativamente ao ecumenismo.
  • 59. Viver o ecumenismo é trabalhar pela unidade de todos os que reconhecem Cristo como o fundamento da sua fé. Neste contexto, unidade não significa uniformidade; não se trata de anular as tradições das diferentes confissões cristãs e impor aos cristãos de todas as denominações uma única maneira de viver e celebrar a fé. Isto não seria ecumenismo, mas uniformismo. A unidade refere-se apenas ao essencial da fé, ao núcleo central do Evangelho de Cristo. É muito saudável e de grande importância que não nos deixemos levar por posições extremistas. A recusa tanto do relativismo como do fundamentalismo é essencial para a construção de sociedades humanistas, que aceitam a existência da verdade e a possibilidade de se aceder a esta, mas também consideram que toda e qualquer posição é relativa porque se encontra marcada pelos limites do conhecimento humano. Só assim se torna possível o diálogo, a escuta sincera de opiniões diferentes da nossa, bem como a abertura a novas formas de pensar, desde que se revelem melhores aproximações à verdade. Esta consciência está na base do ecumenismo, que significa a busca da unidade entre as Igrejas cristãs, procurando a superação das divisões. O diálogo tem diferentes níveis: começa, em primeiro lugar, dentro das fronteiras da própria Igreja, alarga-se à relação com as outras Igrejas cristãs e, por fim, dirige-se à relação com as outras religiões, com a finalidade de criar comunidades humanas fraternas e cooperantes, para além das diferentes perspetivas e opiniões. Premissa fundamental para a realização do diálogo é o reconhecimento dos próprios erros. Sem a aceitação dos erros cometidos por cada Igreja, não é possível estar aberto ao diálogo com as outras Igrejas. Perdoar e pedir perdão - a que o papa João Paulo li chamou «purificação da memória» - são duas atitudes complementares e construtivas.
  • 60. Ooc..1 Todos, na verdade, se professam discípulos do Senhor, mastêm pareceres diversos e caminham porrumosdiferentes, como se o próprio Cristo estivesse dividido. Esta divisão, porém, contradiz abertamente avontade de Cristo e é escândalo para o mundo. Cada qual afirma que o grupo onde ouviu o Evangelho é Igreja sua e de Deus. Quase todos, se bem que de modo diverso, aspiram a uma Igreja de Deus una e visível, que seja verdadeiramente universal e enviada ao mundo inteiro, a fim de que o mundo se converta ao Evangelho e assim seja salvo, para glória de Deus. Concílio Vaticano li, Unitatis Redintegratio, 1 oc. Devemos promover a formação ecuménica sobre aquilo que nos une e o que ainda nos divide. A ignorância e a indiferença da própria fé e da fé do próximo são impedimentos para um verdadeiro ecumenismo. O ecumenismo progride graças ao intercâmbio de dons, que não consiste num empobrecimento, mas que constitui um enriquecimento. Cardeal Walter Kasper (teólogo católico) Que se pode esperar do diálogo ecuménico? Permitam-me responder a esta questão com toda a confiança, dizendo que não se trata de um diálogo unilateral, de um diálogo em que cada um se empenhe em falar mais forte do que os seus interlocutores, sem querer ouvir os outros. Mas não creio que corramos este risco, pois, a partir do momento em que duas pessoas começam a dialogar, sabem já que entre elas há algo em comum. Roger Mehl (teólogo protestante) O movimento ecuménico depende menos de estruturas estabelecidas do que de pessoas inspiradas, cristãos jovens e velhos, ricos e pobres, de todas as denominações e culturas, que acreditam numa Igreja continuamente renovada na sua fé, unidade, missão e serviço. Conselho Ecuménico das Igrejas Doc.2 Reconhecer os desvios do passado serve para despertar as nossas consciências diante dos compromissos do presente, abrindo a cada um o caminho da conversão. Perdoemos e peçamos perdão! Enquanto louvamos a Deus, não podemos deixar de reconhecer as infidelidades ao Evangelho. Pedimos perdão pelas divisões que surgiram entre os cristãos, pelo uso da violência que alguns deles fizeram no serviço à verdade e pelas atitudes de desconfiança e de hostilidade às vezes assumidas em relação aos seguidores de outras religiões. Ao mesmo tempo, enquanto confessamos as nossas culpas, perdoamos as culpas cometidas pelos outros em relação a nós. No decurso da história, inúmeras vezes os cristãos sofreram maus-tratos, prepotências, perseguições por causa da sua fé. Assim como as vítimas dessas injustiças perdoaram, de igual modo perdoamos também nós. Homilia do «Dia do Perdão» do papa João Paulo li, 12 de março de 2000 -