O documento discute as várias dimensões da sexualidade humana, incluindo as dimensões genética, morfológica, racional, afetiva, voluntária, prazerosa e procriadora. Argumenta que a sexualidade envolve a pessoa como um todo e não é apenas genitalidade, e que o equilíbrio entre todas as dimensões é necessário para sua plena realização.
2. A sexualidade como um dom de Deus para o homem
Idéias equivocadas sobre a sexualidade (genitalidade).
os que consideravam a sexualidade como algo
intrinsecamente negativo;
os que entendiam a sexualidade como algo bom, porém,
buscando apenas o prazer genital.
3. A sexualidade como um dom de Deus para o homem
As duas concepções “coincidem numa visão físico-
anatômica do sexo, como se se tratasse de fenômeno
puramente biológico, sem mais transcendência e
significado” (Eduardo Lopez Azpitarte).
A genitalidade será sempre uma forma concreta de viver a
relação sexual, mas não a única nem tampouco a mais
frequente e necessária.
4. A sexualidade como um dom de Deus para o homem
Uma primeira afirmação: a sexualidade abarca a pessoa
humana como um todo (corpo e alma).
A sexualidade não é uma parte da pessoa, mas uma
dimensão que envolve todos os seus níveis.
5. A sexualidade como um dom de Deus para o homem
A Congregação para a Doutrina da Fé afirma:
A pessoa humana, segundo os dados da pesquisa
científica contemporânea, é tão profundamente afetada
pela sexualidade, que esta deve ser considerada como
um dos fatores que conferem à vida de cada um dos
indivíduos os traços principais que a distinguem. É do
sexo, efetivamente, que a pessoa humana recebe
aqueles caracteres que, no plano biológico, psicológico
e espiritual, a fazem homem e mulher, condicionando
por isso, em grande escala, a sua consecução da
maturidade e a sua inserção na sociedade.
6. A sexualidade como um dom de Deus para o homem
O Magistério da Igreja ainda diz: “a sexualidade […] diz
respeito ao núcleo íntimo da pessoa humana como tal”
(FC 11).
A Sagrada Congregação para a Educação Católica
reforça: “é uma componente fundamental da
personalidade, um modo de ser, de manifestar-se, de
comunicar com os outros, de sentir, de exprimir e viver
o amor humano”.
7. A sexualidade adquire assim conteudo muito mais extenso
que em épocas anteriores, onde ficava reduzida ao âmbito
do exclusivamente genital. Ela designa as características
que determinam e condicionam nossa forma de ser
masculina ou feminina. É exigência enraizada no mais
profundo da pessoa humana. Só podemos viver como
homens ou como mulheres. E o diálogo, que surge da
relação entre ambos, não tem nem pode ter o mesmo signo
que o mantido com as pessoas do mesmo sexo. No primeiro
caso, existe um confronto recípocro, que não ocorre no
outro, como consequência da bissexualidade humana em
todos os níveis. Neste sentido, o simples fato de nossa
existência nos faz sexuados e converte nossa comunicação
em encontro sexual.
AZPITARTE, Eduardo Lopez. Ética da sexualidade e do matrimonio. Paulus,
São Paulo, 1997, p. 50.
8. Dimensões da sexualidade
Dimensão genética: desde o início da vida humana,
ou seja, a sua formação genética, já se torna visível uma
distinção sexual: homem ou mulher. Sexo
cromossômico ou genético.
O zigoto já define se a pessoa é homem (XY) ou
mulher (XX). Daí que, a sexualidade do homem e da
mulher é definida desde a primeira constituição do ser
humano.
9. Dimensões da sexualidade
Dimensão morfológico-genital:
Sexo gonádico: glândulas sexuais (testículos, ovários).
Sexo hormonal: hormônios que contribuem para a
diferenciação sexual.
Sexo genital: orgãos externos.
10. Dimensões da sexualidade
Dimensão morfológico-genital:
Como consequência da distinção genética, homem e
mulher serão diferentes organicamente, isto é,
diferentes em relação aos membros do seu corpo.
Tal distinção não se refere somente aos órgãos genitais.
A sexualidade não abarca somente o aspecto genital;
este é apenas um dos seus elementos.
11. Dimensões da sexualidade
Dimensão racional: O ser humano possui e faz uso
da razão, por isso, a sua sexualidade é determinada por
essa faculdade e não meramente por instinto.
Através da razão, o indivíduo pode chegar ao
conhecimento da outra pessoa e, desse modo, surge o
amor entre o homem e a mulher.
A vida sexual ultrapassa o campo meramente biológico
para instalar-se no mais profundo da relação homem-
mulher, que acontece mediante o amor.
12. O amor, que se alimenta e se exprime no encontro do
homem e da mulher, é dom de Deus; é, por isso, força
positiva, orientada à sua maturação enquanto pessoas; é
também uma preciosa reserva para o dom de si que todos,
homens e mulheres, são chamados a realizar para a sua
própria realização e felicidade, num plano de vida que
representa a vocação de todos. O ser humano, com efeito, é
chamado ao amor como espírito encarnado, isto é, alma e
corpo na unidade da pessoa. O amor humano abarca
também o corpo e o corpo exprime também o amor
espiritual. A sexualidade, portanto, não é qualquer coisa de
puramente biológico, mas refere-se antes ao núcleo íntimo
da pessoa. O uso da sexualidade como doação física tem a
sua verdade e atinge o seu pleno significado quando é
expressão da doação pessoal do homem e da mulher até à
morte. (Sexualidade Humana: verdade e significado).
13. Dimensões da sexualidade
Dimensão afetivo-sentimental: a sexualidade tem
também fatores psíquicos, os quais influenciam
fortemente a questão afetiva, os sentimentos do
homem e da mulher, como já vimos na dimensão
racional, que fala do amor como resultado do
conhecimento.
A sexualidade humana, que desde a genética tem um
sentido de complementaridade entre homem e
mulher, está relacionada aos afetos e ao amor.
14. Dimensões da sexualidade
A linguagem corrente reduz o instinto sexual somente ao
aspecto genital, porém, trata-se de uma realidade que pode
ser expressa como desejo de amar e ser amado, em sentido
mais geral e indeterminado.
Freud adotou o termo “libido” para falar dessa componente
da sexualidade humana.
15. Dimensões da sexualidade
Dimensão voluntária-responsável: O exercício da
sexualidade no ser humano é realizado de modo livre,
ou seja, de acordo com o seu querer e vontade.
Assume caráter de responsabilidade.
Sexo psicológico: percepção e convicção de pertença.
É de suma importância o processo de assunção
(assumir) da identidade de gênero, que é o caminho que,
a partir do momento que a pessoa toma consciência do
próprio sexo leva a um comportamento que indica a sua
aceitação.
16. Dimensões da sexualidade
O grande valor antropológico e teológico da
sexualidade é a possibilidade de comunhão.
A distinção sexual é potencialidade e vocação à
comunhão.
Uma insegura assunção da própria identidade de
gênero ou ainda uma rejeição do próprio sexo pode
ocasionar desvios na orientação sexual.
17. Dimensões da sexualidade
Dimensão prazerosa: A prática sexual dos homens
tem como uma componente fundamental o prazer, o
qual não se restringe somente ao caráter genital da
sexualidade, mas se refere também à vida afetivo-
sentimental.
A dimensão prazerosa deve estar em sintonia com as
demais dimensões da sexualidade.
18. Dimensões da sexualidade
Dimensão procriadora: A procriação surge como
uma finalidade da atividade sexual entre o homem e a
mulher.
É fruto da complementar união de amor entre homem
e mulher, sendo um dom do Criador para ambos.
19. Dimensões da sexualidade
A genitalidade orientada para a procriação é a
expressão máxima, no plano físico, da comunhão de
amor dos cônjuges. Fora deste contexto de dom
recíproco - realidade que o cristão vive sustentado e
enriquecido de maneira particular pela graça de Deus -
ela perde o seu sentido, dá lugar ao egoísmo e é uma
desordem moral.
(Orientações educativas sobre o amor humano).
20. Dimensões da sexualidade
O homem deve equilibrar bem todas as dimensões na
vivência da sua sexualidade ou, do contrário, esta não
alcançará sua plena realização.