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OS NATIVOS DA AMERICA PORTUGUESA. <br />1-OCUPAÇÃO PRÉ-HISTÓRICA DAS AMERICAS E A CULTURA DOS NATIVOS. <br />A descoberta das Américas foi talvez o maior feito da humanidade em toda sua história, o advento das grandes navegações inaugurado pelos portugueses e espanhóis iniciou uma profunda transformação que modificaria por completo o mundo europeu e conseqüentemente também o novo mundo, que se descobria naquele momento. <br />Mas o que de fato era esse novo mundo? Qual era sua origem? O que ele escondia <br />além da visão deturpada dos colonizadores europeus? <br />Em primeiro momento a natureza vivida, intocada, edenizada e selvagem, animais estranhos, demoníacos, homens diferentes, que estavam em contato e diretamente dependentes da natureza, numa espécie de simbiose com a floresta. <br />Os nativos mantinham ritos, costumes, cultura e hábitos muito diferentes dos europeus que aqui chegavam, de certo ouve um choque muito grande entre essas culturas, era por completo diferente de tudo o que conheciam, tanto para nativos quanto para os europeus e com absoluta certeza, suas vidas mudariam totalmente dali em diante. <br />Por quantos milênios esses homens habitam as terras americanas? Como puderam a seu modo se espalhar por toda as Américas, criando diferentes formas de se expressar, deferentes ritos e diferentes culturas? Como chegaram aqui? <br />Essas questões não podem ser respondidas com certeza, primeiro porque muito pouco se sabe com certeza, se tem na verdade indícios, indícios esses que tentam, a sua maneira entender essa história das Américas que precedem em alguns milhares de anos o advento das grandes navegações e a era moderna. <br />Muito antes das primeiras naus da coroa espanhola atracarem nas costas da <br />América central, descobrindo o novo mundo, os nativos já viviam nessas terras há milênios. <br />A América foi o ultimo continente a ser povoado pelo homem, acredita-se que entre 16000 a 12000 a.C. as primeiras levas migratórias tenham chegado no continente Americano, e aproximadamente a 9000 a.C. uma outra leva migratória chega a América, sendo essa de etnia mongolóide, da qual acredita-se descenderem todos os nativos das Américas. <br />A teoria mais aceita propõe que esses homens tenham chegado até a América pelo estreito de bering, atravessando-o enquanto o congelamento do estreito formava uma ponte entre o continente asiático e a América do norte. <br />Esses grupos humanos teriam feito um lento movimento migratório por toda a América do norte, onde de certo alguns se instalaram e deixaram de ser totalmente nômades, criando então raízes do que viria a ser uma cultura própria, ou melhor, varias culturas. <br />Outros, contudo, teriam continuado esse processo migratório, que pode ter durado milhares de anos, e depois de ocupar a maior parte da extensão da América do norte, rumam para o sul, desses, alguns se estabeleceriam na região que hoje é o México, na América central, e ali desenvolveriam no decorrer de séculos civilizações muito avançadas: em principio a dos oumecas e depois a dos maias e astecas. <br />Esse movimento migratório teria ainda continuado, um grupo teria então atravessados o istmo do panamá e chegado então a América do sul, e assim iniciado um lento movimento que ocuparia vastas regiões da América do sul, onde lançariam as bases que fundariam suas culturas, destas a mais brilhante pode-se dizer a cultura dos incas no atual Peru. <br />Na América do sul, no tempo do advento das grandes navegações, quando os portugueses chegavam pela primeira vez no novo mundo, encontrava-se nessas terras uma grande população nativa, dividida em mais de 1500 subgrupos étnicos, acredita-se que na época da descoberta portuguesa deveriam habitar essas terras em torno de seis milhões de nativos. <br />Os nativos numa forma geral se organizavam de modos muito semelhantes, e mesmo apesar de se notar diferenças entre os grupos étnicos, vou aqui tentar generalizar o modo de vida desses homens, observando o que se encontra comumente entre eles, contudo essas são observações dedutivas, muita das vezes apoiada na forma como as descendências desses povos vivem hoje, ou nas descrições feitas pelos colonizadores. <br />Eles não deixaram nada escrito, nem tão pouco quaisquer monumentos <br />registrando suas histórias. <br />Esses grupos humanos se organizam em tribos, habitam moradias comunitárias dispostas em torno de uma clareira, sendo essa clareira o local onde realizam suas cerimônias religiosas. <br />A divisão do trabalho dos nativos é feita em geral apenas pelo sexo, as mulheres ficam a cargo do plantio, da coleta e do preparo dos alimentos, os homens caçam suas presas em meio à selva e constroem suas moradias, segundo relatos dos colonizadores, os nativos eram preguiçosos e avessos ao trabalho, contudo tem que se considerar que esses homens não mantinham nenhuma relação de trabalho além da de subsistência. <br />A vida religiosa e cerimonial é a base fundamental da tribo, cada grupo mantém de forma oral suas histórias sobre a sua cosmogonia e a própria gêneses de seu povo, a religião nativa tenta através de lendas e histórias, sobre guerreiros e personagens explicar o mundo que os cerca, a origem dos animais e das plantas. <br />Contudo cabe observar o que o jesuíta Manoel da Nóbrega fala sobre a religião <br />dos nativos numa de suas cartas: <br />“Essa gentilidade nenhuma cousa adora, nem conhece a Deus, somente aos trovões chamam tupane, que é como quem diz cousa divina. E assim nós não temos outro vocábulo mais conveniente para trazer ao conhecimento de Deus, que chamar-lhe pae tupan” (Manoel da Nóbrega, Cartas, Vol. 1.º, Pg. 99) <br />O pajé, uma espécie de guia espiritual da tribo, detentor de poderes ocultos, faz a ligação entre o mundo espiritual e físico, é ele encontra as respostas para as questões pertinentes, faz os ritos de cura, invoca entidades espirituais e guia as cerimônias religiosas na tribo. <br />Sua alimentação é baseada na caça e na coleta, toda sua subsistência é derivada exclusivamente da floresta, em alguns grupos se pode notar a pratica da agricultura, em especial a da mandioca, batata, amendoim, feijão e milho. <br />A educação das crianças se faz por todos da tribo, esses que a partir da observação começam a aprender sobre os afazeres da cultura e dos costumes, depois são iniciado e por fim quando passam pelos ritos de passagem e são considerados adultos, já estão aptos a executar suas tarefas no grupo. <br />As famílias podem ser monogâmicas, onde o homem só tem uma mulher ou em outros casos poligâmica, onde o homem tem mais de uma mulher, em alguns casos como descreve a Laura de Mello e Souza em seu livro: “O Diabo e a Terra de Santa Cruz” essa poligamia parecia ainda mais acentuada e se não incestuosa, onde um nativo do grupo dos carijós tinha muitas mulheres, incluídas nessas: sobrinhas, enteadas, netas e até a própria <br />filha. <br />O jesuíta Manoel da Nóbrega escreveu sobre as relações familiares dos nativos: <br />“É costume ate agora, entre eles, não fazer caso do adultério, tomar uma mulher e deixar outra, como bem lhes parece e nunca tomando algo firme, estavam abaixo dos outros infiéis de África e de outras bandas, que tomam mulher para sempre e, se a abandonam, é mal visto; o que não se usa aqui; mas ter as mulheres simplesmente como concubinas (Cartas do Brasil, vol. 1.º pg. 93):” <br />Detinham uma produção cultural muito expressiva e diversa, construíam suas próprias moradias, canoas, arco e flecha, lanças, potes, redes, esteiras, colares e uma infinidades de adereços, pintam seus corpos para os rituais, criam armadilhas em meio a selva, desenvolveram um modo exclusivo de produzir seus alimentos, suas vestes, criaram uma excepcional cultura, ligada essencialmente com a floresta. <br />A pratica da guerra entre os nativos se dava muito antes dos colonizadores chegarem às terras sul americanas, esses homens davam muita importância a esses conflitos, desenvolveram armas como tacapes e clavas, entretanto não conheciam o metal e nem tampouco a fundição do mesmo, suas armas eram de madeira, ossos e pedra. <br />As guerras eram violentos embates de tribos rivais, eles se confrontavam em meio à floresta, essas batalhas que podem ter motivos diversos, tais como a captura de mulheres de outra tribo, a disputa de uma região ou intrigas sociais entre essas. <br />Nessas batalhas os nativos da América portuguesa viam a fazer prisioneiros, que antes dos portugueses chegarem eram exclusivamente objetos da antropofagia, depois da chegada dos colonos, esses prisioneiros se tornariam objeto de troca, e ao colonizador serviriam como escravos. <br />A pratica que talvez mais tenha chocado os colonizadores foi a antropofagia, ou seja, a pratica de comer seus prisioneiros de guerra, de que segundo suas crenças não só comia o corpo mais também os atributos dos prisioneiros, contudo Laura de Mello e Souza mostra em seu livro: “O Diabo e a Terra de Santa Cruz” indícios de que a pratica da antropofagia tenha sido além de algo ritualístico, religioso, uma pratica também motivada pelo gosto, por prazer e questões gastronômicas. <br />Contudo, nem todos os grupos nativos da América portuguesa praticavam a antropofagia, e de certo não podemos afirmar com certeza quais desses grupos ainda hoje praticam esse tipo de rito, se é que ainda o praticam. <br />Não podemos dizer com certeza como viviam esses homens num passado antes da colonização, no entanto podemos imaginar embasados nesses indícios como era suas culturas. <br />
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  • 1. OS NATIVOS DA AMERICA PORTUGUESA. <br />1-OCUPAÇÃO PRÉ-HISTÓRICA DAS AMERICAS E A CULTURA DOS NATIVOS. <br />A descoberta das Américas foi talvez o maior feito da humanidade em toda sua história, o advento das grandes navegações inaugurado pelos portugueses e espanhóis iniciou uma profunda transformação que modificaria por completo o mundo europeu e conseqüentemente também o novo mundo, que se descobria naquele momento. <br />Mas o que de fato era esse novo mundo? Qual era sua origem? O que ele escondia <br />além da visão deturpada dos colonizadores europeus? <br />Em primeiro momento a natureza vivida, intocada, edenizada e selvagem, animais estranhos, demoníacos, homens diferentes, que estavam em contato e diretamente dependentes da natureza, numa espécie de simbiose com a floresta. <br />Os nativos mantinham ritos, costumes, cultura e hábitos muito diferentes dos europeus que aqui chegavam, de certo ouve um choque muito grande entre essas culturas, era por completo diferente de tudo o que conheciam, tanto para nativos quanto para os europeus e com absoluta certeza, suas vidas mudariam totalmente dali em diante. <br />Por quantos milênios esses homens habitam as terras americanas? Como puderam a seu modo se espalhar por toda as Américas, criando diferentes formas de se expressar, deferentes ritos e diferentes culturas? Como chegaram aqui? <br />Essas questões não podem ser respondidas com certeza, primeiro porque muito pouco se sabe com certeza, se tem na verdade indícios, indícios esses que tentam, a sua maneira entender essa história das Américas que precedem em alguns milhares de anos o advento das grandes navegações e a era moderna. <br />Muito antes das primeiras naus da coroa espanhola atracarem nas costas da <br />América central, descobrindo o novo mundo, os nativos já viviam nessas terras há milênios. <br />A América foi o ultimo continente a ser povoado pelo homem, acredita-se que entre 16000 a 12000 a.C. as primeiras levas migratórias tenham chegado no continente Americano, e aproximadamente a 9000 a.C. uma outra leva migratória chega a América, sendo essa de etnia mongolóide, da qual acredita-se descenderem todos os nativos das Américas. <br />A teoria mais aceita propõe que esses homens tenham chegado até a América pelo estreito de bering, atravessando-o enquanto o congelamento do estreito formava uma ponte entre o continente asiático e a América do norte. <br />Esses grupos humanos teriam feito um lento movimento migratório por toda a América do norte, onde de certo alguns se instalaram e deixaram de ser totalmente nômades, criando então raízes do que viria a ser uma cultura própria, ou melhor, varias culturas. <br />Outros, contudo, teriam continuado esse processo migratório, que pode ter durado milhares de anos, e depois de ocupar a maior parte da extensão da América do norte, rumam para o sul, desses, alguns se estabeleceriam na região que hoje é o México, na América central, e ali desenvolveriam no decorrer de séculos civilizações muito avançadas: em principio a dos oumecas e depois a dos maias e astecas. <br />Esse movimento migratório teria ainda continuado, um grupo teria então atravessados o istmo do panamá e chegado então a América do sul, e assim iniciado um lento movimento que ocuparia vastas regiões da América do sul, onde lançariam as bases que fundariam suas culturas, destas a mais brilhante pode-se dizer a cultura dos incas no atual Peru. <br />Na América do sul, no tempo do advento das grandes navegações, quando os portugueses chegavam pela primeira vez no novo mundo, encontrava-se nessas terras uma grande população nativa, dividida em mais de 1500 subgrupos étnicos, acredita-se que na época da descoberta portuguesa deveriam habitar essas terras em torno de seis milhões de nativos. <br />Os nativos numa forma geral se organizavam de modos muito semelhantes, e mesmo apesar de se notar diferenças entre os grupos étnicos, vou aqui tentar generalizar o modo de vida desses homens, observando o que se encontra comumente entre eles, contudo essas são observações dedutivas, muita das vezes apoiada na forma como as descendências desses povos vivem hoje, ou nas descrições feitas pelos colonizadores. <br />Eles não deixaram nada escrito, nem tão pouco quaisquer monumentos <br />registrando suas histórias. <br />Esses grupos humanos se organizam em tribos, habitam moradias comunitárias dispostas em torno de uma clareira, sendo essa clareira o local onde realizam suas cerimônias religiosas. <br />A divisão do trabalho dos nativos é feita em geral apenas pelo sexo, as mulheres ficam a cargo do plantio, da coleta e do preparo dos alimentos, os homens caçam suas presas em meio à selva e constroem suas moradias, segundo relatos dos colonizadores, os nativos eram preguiçosos e avessos ao trabalho, contudo tem que se considerar que esses homens não mantinham nenhuma relação de trabalho além da de subsistência. <br />A vida religiosa e cerimonial é a base fundamental da tribo, cada grupo mantém de forma oral suas histórias sobre a sua cosmogonia e a própria gêneses de seu povo, a religião nativa tenta através de lendas e histórias, sobre guerreiros e personagens explicar o mundo que os cerca, a origem dos animais e das plantas. <br />Contudo cabe observar o que o jesuíta Manoel da Nóbrega fala sobre a religião <br />dos nativos numa de suas cartas: <br />“Essa gentilidade nenhuma cousa adora, nem conhece a Deus, somente aos trovões chamam tupane, que é como quem diz cousa divina. E assim nós não temos outro vocábulo mais conveniente para trazer ao conhecimento de Deus, que chamar-lhe pae tupan” (Manoel da Nóbrega, Cartas, Vol. 1.º, Pg. 99) <br />O pajé, uma espécie de guia espiritual da tribo, detentor de poderes ocultos, faz a ligação entre o mundo espiritual e físico, é ele encontra as respostas para as questões pertinentes, faz os ritos de cura, invoca entidades espirituais e guia as cerimônias religiosas na tribo. <br />Sua alimentação é baseada na caça e na coleta, toda sua subsistência é derivada exclusivamente da floresta, em alguns grupos se pode notar a pratica da agricultura, em especial a da mandioca, batata, amendoim, feijão e milho. <br />A educação das crianças se faz por todos da tribo, esses que a partir da observação começam a aprender sobre os afazeres da cultura e dos costumes, depois são iniciado e por fim quando passam pelos ritos de passagem e são considerados adultos, já estão aptos a executar suas tarefas no grupo. <br />As famílias podem ser monogâmicas, onde o homem só tem uma mulher ou em outros casos poligâmica, onde o homem tem mais de uma mulher, em alguns casos como descreve a Laura de Mello e Souza em seu livro: “O Diabo e a Terra de Santa Cruz” essa poligamia parecia ainda mais acentuada e se não incestuosa, onde um nativo do grupo dos carijós tinha muitas mulheres, incluídas nessas: sobrinhas, enteadas, netas e até a própria <br />filha. <br />O jesuíta Manoel da Nóbrega escreveu sobre as relações familiares dos nativos: <br />“É costume ate agora, entre eles, não fazer caso do adultério, tomar uma mulher e deixar outra, como bem lhes parece e nunca tomando algo firme, estavam abaixo dos outros infiéis de África e de outras bandas, que tomam mulher para sempre e, se a abandonam, é mal visto; o que não se usa aqui; mas ter as mulheres simplesmente como concubinas (Cartas do Brasil, vol. 1.º pg. 93):” <br />Detinham uma produção cultural muito expressiva e diversa, construíam suas próprias moradias, canoas, arco e flecha, lanças, potes, redes, esteiras, colares e uma infinidades de adereços, pintam seus corpos para os rituais, criam armadilhas em meio a selva, desenvolveram um modo exclusivo de produzir seus alimentos, suas vestes, criaram uma excepcional cultura, ligada essencialmente com a floresta. <br />A pratica da guerra entre os nativos se dava muito antes dos colonizadores chegarem às terras sul americanas, esses homens davam muita importância a esses conflitos, desenvolveram armas como tacapes e clavas, entretanto não conheciam o metal e nem tampouco a fundição do mesmo, suas armas eram de madeira, ossos e pedra. <br />As guerras eram violentos embates de tribos rivais, eles se confrontavam em meio à floresta, essas batalhas que podem ter motivos diversos, tais como a captura de mulheres de outra tribo, a disputa de uma região ou intrigas sociais entre essas. <br />Nessas batalhas os nativos da América portuguesa viam a fazer prisioneiros, que antes dos portugueses chegarem eram exclusivamente objetos da antropofagia, depois da chegada dos colonos, esses prisioneiros se tornariam objeto de troca, e ao colonizador serviriam como escravos. <br />A pratica que talvez mais tenha chocado os colonizadores foi a antropofagia, ou seja, a pratica de comer seus prisioneiros de guerra, de que segundo suas crenças não só comia o corpo mais também os atributos dos prisioneiros, contudo Laura de Mello e Souza mostra em seu livro: “O Diabo e a Terra de Santa Cruz” indícios de que a pratica da antropofagia tenha sido além de algo ritualístico, religioso, uma pratica também motivada pelo gosto, por prazer e questões gastronômicas. <br />Contudo, nem todos os grupos nativos da América portuguesa praticavam a antropofagia, e de certo não podemos afirmar com certeza quais desses grupos ainda hoje praticam esse tipo de rito, se é que ainda o praticam. <br />Não podemos dizer com certeza como viviam esses homens num passado antes da colonização, no entanto podemos imaginar embasados nesses indícios como era suas culturas. <br />