1) Os frigoríficos são responsáveis pelo maior número de acidentes de trabalho em Mato Grosso do Sul, com 1.293 casos registrados em 2013.
2) Luiz Henrique sofreu um acidente em 2012 em um frigorífico de Campo Grande, perdendo a perna esquerda após escorregar em uma esteira.
3) Embora os equipamentos de proteção individual sejam fornecidos, medidas coletivas como mudanças nos equipamentos e ritmo de trabalho poderiam prevenir mais acidentes.
Conferência SC 24 | Gestão logística para redução de custos e fidelização
Frigorificos reinam nos acidentes de trabalho
1. CIDADESCorreio do estado
segunda-feira, 2 de novembro de 2015 9
Em MS, frigoríficos reinam
nos acidentes de trabalho
estatística ruim
Setor de abate de animais é o campeão em ocorrências, diz estudo da Previdência
Carne, osso, esteiras, instru-
mentos cortantes e o ritmo
frenético das indústrias. Estes
são os elementos quase fami-
liares à maioria dos emprega-
dos que atuam em frigoríficos.
EmMatoGrossodoSul,soma-
se ao cotidiano desses traba-
lhadores componente menos
palpável, porém, ainda mais
frequente:orisco.
Dados do último Anuário
Estatístico de Acidentes de
Trabalho da Previdência So-
cial, com números de 2013,
apontam que os frigoríficos
sãoosresponsáveispelomaior
númerodeacidentesdetraba-
lhonoEstado.Osetordeabate
deanimaisregistra1.293casos
que resultam em alguma for-
madelesãooupertubação.
O número é 35% maior do
que de atividade de atendi-
mento hospitalar. A segunda
colocada registrou 850 casos.
O setor de fabricação de açú-
car e álcool aparece em ter-
ceiro colocado no ranking dos
acidentes, com 714 casos. Fi-
guram também entre os cinco
primeiroscolocadosoramoda
pecuária (528) e o de obras de
infraestrutura(303).
LuizHenrinqueA.Ribeiro,34
anos,éumdosquesesomaram
a esta alarmante estatística. A
data e hora do fato que o colo-
caram nos índices de acidente
de trabalho ficaram cravadas
e saem pela boca sem muito
esforço da memória. “Treze de
fevereirode2012,às12h46min.
Nunca mais esqueço”, afirma.
Fazia apenas dois meses que
eletinhacomeçadoatrabalhar
em um frigorífico em Campo
Grande, quando o acidente,
responsávelpordeixá-losema
pernaesquerda,aconteceu.
Os riscos da profissão já
eram velhos conhecidos. Luiz
havia trabalhado por sete
anos como amarrador de boi,
em outro frigorífico. “Saí por
preocupação da família”, re-
TAINÁ JARA
De acordo com a
Lei nº 8.213, de 24
de julho de 1991,
“acidente do trabalho
é o que ocorre pelo
exercício do trabalho
a serviço da empresa,
ou pelo exercício do
trabalho do segurado
especial, provocando
lesão corporal ou
perturbação funcional,
de caráter temporário
ou permanente”. Pode
causar desde um simples
afastamento, a perda ou
a redução da capacidade
para o trabalho, até
mesmo a morte do
segurado.Também são
considerados como
acidentes do trabalho:
o acidente ocorrido no
trajeto entre a residência
e o local de trabalho
do segurado; a doença
profissional, assim
entendida a produzida
ou desencadeada pelo
exercício do trabalho
peculiar a determinada
atividade; e a doença do
trabalho, adquirida ou
desencadeada em função
de condições especiais
em que o trabalho é
realizado e com ele se
relacione diretamente.
O que diz a lei
sobre os casos
Saiba
EXEMPLO. Luiz Henrique sofreu acidente em 2012 num frigorífico; “nunca mais esqueço”, disse
lembra. Porém, a proposta de
um salário melhor e chance de
uma vida mais digna o fizeram
retornaraosetordeabate.
A função de amarrador con-
siste em pendurar o boi para
elevação mecânica, para que
as peças passem por uma es-
teira, onde é feita a retirada do
couroevísceras.
Anecessidadedepularsobre
a esteira para dar mais tração
para que as peças chegassem
mais próximo às correntes
passou de jeito para facilitar o
trabalho a acidente trágico de
um minuto para o outro. Luiz
acabou escorregando e caindo
sobre o aparelho e quase teve
o mesmo destino que os bois
abatidos se um colega não ti-
vesse rapidamente desligado a
esteira.
Na ocasião, Luiz quebrou
as duas pernas. A esquerda foi
amputada dias depois da in-
ternação. A hipóteses de ter de
retirar a outra surgiu durante o
tratamento, mas o membro re-
sistiufirmedepoisde59diasde
internação e mais 45 em que o
donopassouacamado.
A necessidade de sustentar
cincofilhos,maisoutroqueain-
daestavanabarrigadamãe,foi
a motivação para que Luiz não
desistisseduranteosdiasdere-
cuperação.FiliadoaoSindicato
dos Trabalhadores nas Indús-
triasdeCarneseDerivados,ele
foiatrásdeseusdireitos.
Com respaldo da Justiça, ele
foi indenizado e continuou a
trabalharnaempresa.Afunção
no setor administrativo ainda
passada longe da que sonhava
ocupar na época do acidente,
quando planejava ingressar
no curso de Pedagogia, mas
sustenta a família e também
o filho que veio depois do aci-
dente. “Agora vivo um dia de
cadavez”,afirma.
AFORA
Apesar dos números elevados
no Estado, acidentes como os
ocorridos com Luiz são um
problemadeâmbitonacional.
Atualmente, o setor dos frigo-
ríficos é um dos que apresen-
tam maior incidência de aci-
dentesdetrabalho.
Os inúmeros casos acaba-
ram levando o Ministério do
TrabalhoeEmpregoaaprovar,
em 2012, a Norma Regula-
mentadora(NR)nº36,quetem
o objetivo de melhorar as con-
dições de trabalho em frigo-
ríficos e abatedouros do País.
A NR fornece detalhes sobre
o fornecimento de Equipa-
mentos de Proteção Individu-
al (EPIs) aos trabalhadores;
a adequação dos postos de
trabalho, levando em conta os
instrumentos (facas, serras) e
o mobiliário (mesas, esteiras);
a velocidade e o ritmo de tra-
balho,eaconcessãodepausas
aosempregados.
gerson oliveira
Em dois dias, 5 homens morrem
assassinados em Campo Grande
Polícia acha estudante
sumida desde o Enem
violência final feliz
Incidente com vítima expõe falha
imprudência
Batidacomônibusfere3naruaBrilhante
Acidente entre carro e ônibus,
ocorrido na manhã de ontem,
na rua Brilhante, em Campo
Grande, deixou três pessoas
feridas. Segundo o motorista
do ônibus, Johnny Oliveira,
de 29 anos, o condutor do car-
ro Classic, de cor branca, de
placas NRN - 5800, de Campo
Grande,não respeitouaplaca
de pare nem diminuiu a velo-
cidade, invadiu a preferencial
e bateu no ônibus.
O transporte coletivo, que
seguia do Nova Bahia senti-
do Bandeirantes, carregava
50 passageiros; destes, ape-
nas uma precisou de atendi-
mento. Kenya Regina, de 41
anos, foi encaminhada para
a Unidade de Pronto Aten-
dimento (UPA) do Guanandi
com cortes na cabeça. O mo-
torista do carro, Lucas Silva,
de 20 anos, tinha acabado de
sair do plantão da Base Aé-
rea e seguia pela rua Doutor
Sebastião José Machado. Se-
gundo a mãe de Lucas, Marli
Ribeiro da Silva, de 40 anos,
este não era o caminho que
o filho fazia para ir para ca-
sa, localizada no bairro Aero
Rancho, e provavelmente o
filho estava dando carona pa-
ra o colega Mateus de Sousa
Leal, também de 20 anos, que
estava no banco do passagei-
ro na hora do acidente.
Ambos ficaram presos às
ferragens e tiveram que ser
retirados pela equipe do Cor-
po de Bombeiros. De acordo
com o Tenente Hilton, as três
vítimasestavamconscientese
orientadas. SOCORRO. No acidente, vítima ficou prensada no automóvel
bruno henrique
O acidente ocorrido com Luiz
HenriqueA.Ribeiro,emfrigo-
rífico de Campo Grande, é a
provadequeousodeequipa-
mento de proteção individual
(EPI) não é o principal ele-
mento para evitar acidentes
detrabalho.DadosdoInstitu-
to Nacional do Seguro Social
(INSS) apontam que, entre os
anos de 2011 e 2013, mais de
600 pessoas morreram víti-
mas de acidentes de trabalho
com máquinas e equipamen-
tos.
O Ministério Público do
Trabalho (MPT) considera
que estes acidentes poderiam
ser amenizados se outros
elementos, além dos equipa-
mentos de segurança, fossem
priorizados por parte das em-
presas.
No sistema de gestão da se-
gurança do trabalho há uma
hierarquia de medidas: a pri-
meira é a proteção coletiva,
em segundo está a adoção de
medidas administrativas ou
de organização do trabalho,
em terceiro, a proteção indi-
vidual e, em quarto, a sinali-
zação e rotulagem.
Fornecer EPI pode ser mais
barato que proteger uma má-
quina muitas vezes, mas hoje
vê-se que a utilização destes
equipamentos é subsidiária
das medidas de ordem geral,
ou seja, em primeiro lugar,
vem a proteção coletiva.
Um exemplo de medida
de ordem coletiva e que agi-
riadeformamaisefetiva se-
ria a troca de uma empilha-
deira por combustão, que
emite gás carbônico, por
uma empilhadeira elétrica
em lugar do simples forne-
cimento de máscaras para
os empregados não inala-
rem o gás. Outro exemplo
é que, ao invés de fornecer
protetores auriculares para
todos os empregados pa-
ra minimizar os ruídos de
uma máquina de ar, basta-
riaadequaroambientepara
colocar a máquina na área
externa do prédio.
Entre sábado e domingo, cin-
co assassinatos ocorreram
em Campo Grande. Apenas
ontem duas pessoas morre-
ram: um jovem de 21 anos e
um detento do semiaberto da
Capital. No sábado, mais três
pessoas foram encontradas
mortas.
Lucas Limas Alves, 21 anos,
estava na Rua Juruá, no bairro
Guanandi, e morreu ontem
à tarde após ser atingido por
tiros. O rapaz estava em liber-
dade havia seis meses, depois
de ficar detido no Presídio de
Desaparecida desde a segun-
da-feira passada depois de
vir do distrito de Anhanduí
para Campo Grande fazer as
provasdoExameNacionaldo
Ensino Médio (Enem), a ado-
lescente Roberta Delgado, de
16 anos, foi encontrada on-
tem. Ela foi achada pela polí-
cia em Ponta Porã depois de
denúncia anônima.
A mãe de Roberta, Helena
Delgado, que é vice-presi-
Trânsito (PTran) por tráfico
de drogas. Os vizinhos relata-
ram ter ouvido o barulho dos
disparos,masninguémdizter
visto quem realizou os dispa-
ros.
O outro caso foi protago-
nizado pelo detento Evaldo
Guilherme Fragoso Soa-
res, 30 anos, executado com
quatro tiros na manhã de
ontem, 1, após deixar o cen-
tro penal agroindustrial da
Gameleira para visitar a fa-
mília. O corpo do rapaz foi
encontrado na estrada vici-
dente do Sindicato dos Tra-
balhadores de Enfermagem
do Estado (Siems), disse ao
PortalCorreiodoEstado que
nesta manhã recebeu a liga-
ção anônima de uma pessoa
informando sobre o paradei-
ro da menina.
Pouco tempo depois, a
mesma denúncia foi feita a
um investigador da Polícia
Civil de Ponta Porã. Dian-
te da informação, os poli-
ciais foram até o endereço
e encontraram Roberta na
companhia de uma jovem
de 21 anos, que a adoles-
cente tinha conhecido
pela internet.
Até a tarde de ontem, a
sindicalista ainda não tinha
vistoafilha,masafirmaque,
só por saber que a menina
está bem, o alívio foi ime-
diato. “Estou aqui em Ponta
Porã e queria agradecer a
todos que nos ajudaram. A
repercussão e o alcance nas
redessociaisfoimuitogran-
de”, disse a mãe.
Helena aguardava os trâ-
mites da polícia da cidade
para se encontrar com a fi-
lha e trazê-la de volta para
a Capital. A adolescente vi-
ve no distrito de Anhanduí
com o pai.
nal próximo ao presídio.
O delegado Cleverson Al-
ves, que investiga o caso, re-
velou que a vítima saiu por
volta das 5h30min e pegou
carona em uma motocicleta
com uma pessoa ainda não
identificada. No meio do ca-
minho,duaspessoasseapro-
ximaram e atiraram contra o
homem, conforme relato de
testemunhas. No local, a po-
lícia encontrou seis cápsulas
deflagradas de pistola 9 milí-
metros. (Anny Malagolini e
Valquíria Oriqui)
ALINY MARY DIAS E
VALQUÍRIA ORIQUI
VALQUÍRIA ORIQUI