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Ciência, Senso Comum e Pseudociência
Clara Abussafi Garcia RA:179999; Eduarda Prado Freitas RA: 180865; Ewelyn Fernandes de
Campos RA: 168892; Fernanda Ongarato RA: 179970; Jadson Navarros Garcia RA: 157868;
Luna Tarnhovi RA: 180569; Mariana do Amaral Alcântara RA:180505; Samara Vitória da
Silva RA: 180657
Trabalho submetido à disciplina Metodologia Científica I
do curso de graduação em Psicologia da Universidade Católica Dom Bosco
Metodologia Científica I
Prof. Rodrigo Lopes Miranda
Curso de Graduação em Psicologia
Universidade Católica Dom Bosco
Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Brasil
2020
Defesa da ciência
A ciência é vista comumente por deter de um grau de relevância e veracidade elevado,
posição privilegiada em relação as demais formas de conhecimento (senso comum, por
exemplo) pois esta tem suas teorias, técnicas e métodos dificilmente refutadas. No entanto,
para ser qualificada como científica passou por uma série de testes qualificadores e também
refutadores. Para Francis Bacon, autor do primeiro esboço racional de uma metodologia
científica, a ciência começa por observações, onde a etapa inicial da investigação científica
deveria basear-se na elaboração, com base na experiência, de extensos catálogos de
observações neutras dos mais variados fenômenos, aos quais chamou “tábuas de
coordenações de exemplos”.
A ciência é formada através de observações neutras, sem qualquer teoria prevalecer e
reger a mente do cientista. As leis científicas, as quais regem a definição dos dados
científicos, são extraídas de observações seguras e objetivas, intituladas como indução, que
tem como finalidade obter proposições gerais a partir de relatos que foram observados. De
fato, qualquer forma de molécula pode ser objeto de estudo.
A ciência se faz extremamente útil para reduzir crendices populares que podem até
mesmo colocar a vida em risco. A partir de estudos e testes destas teorias conclui-se repostas
mais concretas, no entanto, é importante lembrar que os estudos científicos estão em
constante evolução. Diante disto, é notório que ela não traz necessariamente verdades em si,
mas sim, busca dar repostas mais confiáveis à humanidade. São necessárias quatro condições
para que um fato ganhe caráter científico: replicabilidade, generalidade, fidedignidade e
falseabilidade. Durante a avaliação científica de um conhecimento, são analisados os
seguintes conceitos: Exatidão, onde as consequências da teoria devem concordar com os
resultados dos experimentos e observações existentes; Consistência, aqui não deve haver
contradições internas ao decorrer da teoria e deve ter compatibilidade com outras teorias
aceitas no momento; Plausibilidade, cabe haver compatibilidade entre teorias disseminadas
momentaneamente; Alcance, deve explicar fatos ou leis diferentes daqueles para os quais foi
construída; Simplicidade é o ato de unificar e criar relações entre teorias que aparentemente
não tinham relações entre si. Por último, a Fecundidade onde a teoria deve ser uma fonte de
novas descobertas. Sendo capaz de criar grande produtividade durante a pesquisa científica.
Cabe à ciência, descrever, investigar e produzir conhecimento de modo que contribua
para a educação, e ainda explica e prova fenômenos. Abrange áreas do conhecimento de
cunho histórico, físico e químico para suas comprovações. Abrange de uma linguagem
rigorosa, objetiva e científica. Trouxe avanços nos campos da saúde, da alimentação, do
ambiente, da tecnologia, da energia e muitos outros, melhorando a qualidade de vida das
populações e enriquecendo as sociedades intelectual e culturalmente, satisfazendo a
curiosidade do ser humano.
Defesa da Pseudociência
As pseudociências são inúmeras, como a numerologia, os extraterrestres, tarot, entre
outros; são superstições e dentro delas sempre existe uma verdade absoluta, por exemplo: os
americanos têm a certeza de que os et's vivem entre nós, mesmo que não provado a olho nu
ou discutido de forma densa, e mesmo assim as pessoas creem ser real e verdadeiro.
Diferente da ciência que sempre há brechas para debates e confrontos para uma melhoria,
sempre está sendo testado e refutado metodologicamente, não para se chegar a uma verdade
absoluta pois o mundo muda e ciência muda junto, e um método que dá para se observar a
olho nu fazendo experiências, comprovar e ocorrer discussões epistemológicas. (Lakatos,
1998).
[...] Hoje existe desconfiança saudável em relação à ciência. Afinal a ciência
não resolve a questão humana. Ainda a ciência não é neutra e os cientistas não
estão isentos de interesses pessoais, políticos e ideológicos, conforme as
análises de Thomas Khun, Pierre Bourdieu e Bruno Latour (De Lima, 2010,
p.147)
Tendo em vista que a prática de curandeirismo é crime, e que tal psicoterapia está
totalmente interligada às pseudociências e também entender que a pseudociência é algo mais
ligado a população e ao senso comum, já que é muito mais fácil tratar em casa algum
resfriado procurando na internet maneiras diversas do que ir ao hospital, e mais barato do que
comprar remédios em farmácia, incluindo a forma mágica e misteriosa que se chega a cura,
os indivíduos normalmente não dotados de muita informação científica acabam caindo em
jogos assim despertando um fascínio em toda população. Assim a pseudociência não e algo
para se julgar, mas para aceitar, por mais que seja crime alegar que um curandeiro tem uma
cura específica para tal enfermidade, não dá para julgar quem acredita em tal apresentação,
pois muitas das vezes foi o que chegou até ela, ou como o tarot, se a pessoa está convicta de
que aquilo lhe faz bem, não dá para dizer se é certo ou errado, somente que o conceito de
pseudociência está correto dentro desses saberes mitológicos.
Existem várias formas de compreender a pseudociência. Para que possamos entender
este mecanismo, iremos utilizar duas bases de autores a respeito sobre este tema, se há limites
entre pseudociência e ciência ou até mesmo uma “demarcação” entre as duas partes e quais
sua relevância.
De acordo com D’Aversa (2010), primeiramente, ele traz o questionamento acerca da
pseudociência, da visão de Popper. Neste caso, ele tem como característica o caráter
metodológico. O que isso quer dizer? Nesse modelo, é indicado as ações a cerca de um
determinado procedimento para que, o mesmo, posso ser testado cientificamente. Se há
nestes testes, uma sustentabilidade que possa estabelecer sua cientificidade através das ações
realizadas. Ele designa sua proposta de hipotético-dedutivo.
Uma teoria pode ser científica mesmo que não haja os mínimos dados a seu
favor, e pode ser pseudocientífica ainda que todos os dados disponíveis
estejam a seu favor. Isto é, o caráter científico ou não científico de uma teoria
pode ser determinado independentemente dos fatos. Uma teoria é “científica”
se à partida se especificar uma experiência (ou observação) crucial que a possa
falsificar, e é pseudocientífica se houver recusa em especificar esse
“falsificador potencial” (Lakatos, 1998, p.3)
Outro autor mencionado em seu artigo, é Rudolf Carnap. Neste caso, ele traz esse
problema, entre o limite da ciência e da pseudociência de linguística. Para ele, a metafísica
não poderia dizer um limite no que pode conhecer, mas o que pode ou não ser dito. Nesse
modelo, Carnap não está preocupado em distinguir um critério entre as duas partes; mas sim,
eliminar a metafísica no sentido cognitivo com a Análise lógica da linguagem.
Por essa razão podemos dizer que, no caso de Carnap, o problema da
demarcação é o problema de estabelecer o limite do que pode ser dito como
possuindo sentido cognitivo. Para tanto, ele apresenta um critério de
significado chamado verificacionismo o qual pretende possibilitar uma
forma de distinguir com clareza os enunciados com sentido cognitivo (os da
ciência empírica, da lógica e da matemática) dos enunciados sem sentido
cognitivo (os metafísicos, poéticos, etc). (D’Aversa, 2010, p.39).
Podemos compreender, brevemente, em cada uma de suas características, trabalha de
uma forma diferente acerca da pseudociência para demonstrar de várias formas pelas quais
podemos ver. Com tudo isso, faz-se, cada vez mais gerar questionamentos que a
pseudociência possa fazer, para fins de cientificidade. Criando dúvidas, formas de visão,
formas de testagens, entre outros.
O crédito ao que a pseudociência manifesta se fortalece, sobretudo, em razão do
conforto que sua aceitação oferece. A credibilidade de suas teorias, por aqueles que a
constituem, não recebe o rigor de contestação, questionamento ou refutação. Sua validação se
dá por meio da crença e da convicção, fortalecidas através de experiências próprias,
acontecimentos ou observações que são compreendidos como evidências de confirmação.
(Campo, 2015)
O que difere a crença no que é cético para o que é pseudociência se mostra no
sentimento de satisfação que esta última proporciona, isto porque esta confiança satisfaz às
expectativas refletidas por aquele que nela acredita, enquanto diante do que é cético estas
expectativas podem ser frustradas à luz das informações validadas. (Campo, 2015)
Defesa do senso comum
As primeiras articulações de senso comum (senso comunis) deu-se por Aristóteles –
nascido em 384 a.C – , que se distanciou gradativamente das ideias de seu discípulo Platão e
passou a considerar válido intelectualmente o conhecimento empírico. Futuramente, Thomas
Reid (1710-1796) propôs um marco teórico na história do senso comum, quando inaugura a
escola escocesa do senso comum através de duas das suas mais importantes obras: An Inquiry
into the Human Mind on the Principles of Common Sense (2010) e Essays on the Intellectual
Powers of Man (2002) . Para Garfinkel (1967) e Gouldner (1972). O senso comum seria uma
espécie de método de produção de significados, identificando um aspecto positivo dessa
definição. Os autores descobriram que em momentos de guerras e catástrofes, o senso comum
teria a capacidade de resinificar significados destruídos. É evidente que o senso comum
sofreu alterações em seu significado ao longo do tempo e houve assim muitas contradições,
mas atualmente o senso comum é considerado um tipo de conhecimento que pode ser tão
importante quanto a ciência para a sociedade.
Com a criação do positivismo uma onda de superação de tudo aquilo que surgiu
anteriormente à ciência é levantada. No seu texto “O espírito positivo” Augusto Comte diz:
“Esta longa, mas necessária sucessão de fases conduz, por fim, a nossa inteligência,
gradualmente emancipada, ao seu estado definitivo de positividade racional” (s.d., p. 173).
Entretanto, a superação do senso comum é inviável, visto que seu conhecimento já é popular,
a palavra que poderia ser utilizada é a “transformação”, assim como apresentado na tese de
Elli Benincá:
Para Gramsci, “não existe um único senso comum, pois também ele é
um produto do devenir histórico” (1995, p.14) Portanto o caráter de
historicidade distancia o pensamento de Gramsci do positivismo de
Comte. Não se trata da superação de um estágio da inteligência
humana, mas da transformação de um núcleo de concepções
construídas histórica e culturalmente. (2002, pp.33)
A avaliação sobre o senso comum feita pelo olhar do espirito
positivista caracteriza-o como um conhecimento vulgar e desprezível.
Normalmente, tal visão positivista é generalizada, tipicamente ao modo
do senso comum, com tendência a se homogeneizar essa compreensão
de forma preconceituosa. (2002, pp.32)
O senso comum é configurado como o conjunto de conhecimentos derivados da
vivência própria e do conhecimento empírico. Tal conjunto é totalmente dependente do meio,
sendo ele cultural, histórico e social. Embora o conhecimento empírico seja livre de métodos
e experimentos, alguns conhecimentos do senso comum podem ser transformados em ciência
se forem estudados, assim como alguns conhecimentos científicos podem ser transformados
em senso comum ao longo do tempo. Como analisado por Meyerson: “Pode-se dizer, a este
respeito, com Henri Poincaré, Emile Meyerson, Paul Langevin, Albert Einstein e alguns
outros, que o pensamento científico nada mais é do que um senso comum mais aguçado” (
1908; 1921; 1931), A importância do senso comum para a formação cultural da sociedade é
inimaginável, pois certos conhecimentos são passados por gerações e fortalecem a cultura, os
costumes e a história de um determinado povo. Além disso, o senso comum fornece
orientações para a vida cotidiana, sendo essas orientações oriundas das experiências dos
antepassados.
Em suma, é notória a importância do senso comum para a sociedade, para a cultura e
para a herança histórica de determinado povo. Todas as formas de conhecimento têm a sua
importância, porém o senso comum é a base de todas e por isso deve ser muito valorizado.
Conclusão
É possível concluir diante dos fatos expostos que o conhecimento científico tem por
fim saciar dúvidas e satisfazer as curiosidades dos seres humanos, trazendo repostas mais
confiáveis a partir de seus devidos processos de estudos, análises e testes diante de qualquer
ponto de molécula existente. A ciência foi um dos maiores motivos contribuintes para o
avanço da humanidade. A confiança e a credibilidade neste conhecimento foi possível a partir
da rigorosidade e precisão nas análises e estudos, mesmo que ainda não possa ser definida
como “verdade” ou “veracidade” pois o conhecimento científico está sempre em evolução.
Por outro lado, apesar de que a pseudociência não compreenda premissas fundamentadas ou
processos metodológicos com rigor de validação, seu padrão de conhecimento vai de
encontro a uma intensa confiança por parte daqueles que a promovem e por isso se fortalece.
Esta confiança se demonstra como afirmação e crença convicta na confirmação, independente
de um suporte de evidências e resultados processados em pesquisa metodológica, baseia-se
somente em conjunções que se apresentem como certa função útil ou resposta para
expectativas e anseios do indivíduo que nela acredita. Assim, as pseudociências se tornam
ainda mais populares, uma vez que apresentam à sociedade a possibilidade de acreditar que, o
que se deseja ser ou realizar, pode se tornar verdade. Por fim, o senso comum é um
conhecimento que se aproxima da pseudociência por não se basear em métodos e
experimentações (como é na ciência) e se distancia da mesma, por se basear na experiência
própria e no conhecimento empírico. Além disso, o senso comum é essencial para a formação
da cultura de um povo, visto que esse conhecimento é passado por gerações e muitos
conhecimentos antigos ainda perpetuam nos dias atuais. É importante frisar que o senso
comum é um misto de si e de outras formas de conhecimento que estão sempre interligadas,
sendo por isso tão acessível e importante para a sociedade.
Referências
Lakatos, I. (1998). Ciencia y pseudociencia. História da Ciência e suas Reconstruções.
Benincá, Elli. (2002). O Senso Comum pedagógico: Práxis e resistência (Tese de doutorado).
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, BR.
Campo, A. C. (2015) Aprendiendo de la pseudociencia. Claridades. Revista de filosofía, 7
(1), 31-43. https://doi.org/10.24310/Claridadescrf.v7i0.3856
Chibeni, Silvio Seno (2013). Trabalho “Sobre o que é Ciência?” Departamento de Filosofia -
IFCH – Unicamp.
d'Aversa, R. A. S. (2010) Há um limite entre a ciência e a pseudociência?
de Lima, R. (2010). Ciência, pseudociência e o fascínio popular. Revista Espaço Acadêmico,
9 (106), 146-148.
Dourado, Ivan Penteado. (2018). Senso comum e Ciência: uma análise hermenêutica e
epistemológica do senso comum de oposição. Educar em Revista, 34(70), 213-229.
Lakatos, I. (1998). Ciencia y pseudociencia. História da Ciência e suas Reconstruções.
Queiroz, Cristina (2019). Em defesa da ciência. Revista Pesquisa FAPESP.

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Ciência vs Pseudociência

  • 1. Ciência, Senso Comum e Pseudociência Clara Abussafi Garcia RA:179999; Eduarda Prado Freitas RA: 180865; Ewelyn Fernandes de Campos RA: 168892; Fernanda Ongarato RA: 179970; Jadson Navarros Garcia RA: 157868; Luna Tarnhovi RA: 180569; Mariana do Amaral Alcântara RA:180505; Samara Vitória da Silva RA: 180657 Trabalho submetido à disciplina Metodologia Científica I do curso de graduação em Psicologia da Universidade Católica Dom Bosco Metodologia Científica I Prof. Rodrigo Lopes Miranda Curso de Graduação em Psicologia Universidade Católica Dom Bosco Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Brasil 2020
  • 2. Defesa da ciência A ciência é vista comumente por deter de um grau de relevância e veracidade elevado, posição privilegiada em relação as demais formas de conhecimento (senso comum, por exemplo) pois esta tem suas teorias, técnicas e métodos dificilmente refutadas. No entanto, para ser qualificada como científica passou por uma série de testes qualificadores e também refutadores. Para Francis Bacon, autor do primeiro esboço racional de uma metodologia científica, a ciência começa por observações, onde a etapa inicial da investigação científica deveria basear-se na elaboração, com base na experiência, de extensos catálogos de observações neutras dos mais variados fenômenos, aos quais chamou “tábuas de coordenações de exemplos”. A ciência é formada através de observações neutras, sem qualquer teoria prevalecer e reger a mente do cientista. As leis científicas, as quais regem a definição dos dados científicos, são extraídas de observações seguras e objetivas, intituladas como indução, que tem como finalidade obter proposições gerais a partir de relatos que foram observados. De fato, qualquer forma de molécula pode ser objeto de estudo. A ciência se faz extremamente útil para reduzir crendices populares que podem até mesmo colocar a vida em risco. A partir de estudos e testes destas teorias conclui-se repostas mais concretas, no entanto, é importante lembrar que os estudos científicos estão em constante evolução. Diante disto, é notório que ela não traz necessariamente verdades em si, mas sim, busca dar repostas mais confiáveis à humanidade. São necessárias quatro condições para que um fato ganhe caráter científico: replicabilidade, generalidade, fidedignidade e falseabilidade. Durante a avaliação científica de um conhecimento, são analisados os seguintes conceitos: Exatidão, onde as consequências da teoria devem concordar com os resultados dos experimentos e observações existentes; Consistência, aqui não deve haver contradições internas ao decorrer da teoria e deve ter compatibilidade com outras teorias
  • 3. aceitas no momento; Plausibilidade, cabe haver compatibilidade entre teorias disseminadas momentaneamente; Alcance, deve explicar fatos ou leis diferentes daqueles para os quais foi construída; Simplicidade é o ato de unificar e criar relações entre teorias que aparentemente não tinham relações entre si. Por último, a Fecundidade onde a teoria deve ser uma fonte de novas descobertas. Sendo capaz de criar grande produtividade durante a pesquisa científica. Cabe à ciência, descrever, investigar e produzir conhecimento de modo que contribua para a educação, e ainda explica e prova fenômenos. Abrange áreas do conhecimento de cunho histórico, físico e químico para suas comprovações. Abrange de uma linguagem rigorosa, objetiva e científica. Trouxe avanços nos campos da saúde, da alimentação, do ambiente, da tecnologia, da energia e muitos outros, melhorando a qualidade de vida das populações e enriquecendo as sociedades intelectual e culturalmente, satisfazendo a curiosidade do ser humano. Defesa da Pseudociência As pseudociências são inúmeras, como a numerologia, os extraterrestres, tarot, entre outros; são superstições e dentro delas sempre existe uma verdade absoluta, por exemplo: os americanos têm a certeza de que os et's vivem entre nós, mesmo que não provado a olho nu ou discutido de forma densa, e mesmo assim as pessoas creem ser real e verdadeiro. Diferente da ciência que sempre há brechas para debates e confrontos para uma melhoria, sempre está sendo testado e refutado metodologicamente, não para se chegar a uma verdade absoluta pois o mundo muda e ciência muda junto, e um método que dá para se observar a olho nu fazendo experiências, comprovar e ocorrer discussões epistemológicas. (Lakatos, 1998).
  • 4. [...] Hoje existe desconfiança saudável em relação à ciência. Afinal a ciência não resolve a questão humana. Ainda a ciência não é neutra e os cientistas não estão isentos de interesses pessoais, políticos e ideológicos, conforme as análises de Thomas Khun, Pierre Bourdieu e Bruno Latour (De Lima, 2010, p.147) Tendo em vista que a prática de curandeirismo é crime, e que tal psicoterapia está totalmente interligada às pseudociências e também entender que a pseudociência é algo mais ligado a população e ao senso comum, já que é muito mais fácil tratar em casa algum resfriado procurando na internet maneiras diversas do que ir ao hospital, e mais barato do que comprar remédios em farmácia, incluindo a forma mágica e misteriosa que se chega a cura, os indivíduos normalmente não dotados de muita informação científica acabam caindo em jogos assim despertando um fascínio em toda população. Assim a pseudociência não e algo para se julgar, mas para aceitar, por mais que seja crime alegar que um curandeiro tem uma cura específica para tal enfermidade, não dá para julgar quem acredita em tal apresentação, pois muitas das vezes foi o que chegou até ela, ou como o tarot, se a pessoa está convicta de que aquilo lhe faz bem, não dá para dizer se é certo ou errado, somente que o conceito de pseudociência está correto dentro desses saberes mitológicos. Existem várias formas de compreender a pseudociência. Para que possamos entender este mecanismo, iremos utilizar duas bases de autores a respeito sobre este tema, se há limites entre pseudociência e ciência ou até mesmo uma “demarcação” entre as duas partes e quais sua relevância. De acordo com D’Aversa (2010), primeiramente, ele traz o questionamento acerca da pseudociência, da visão de Popper. Neste caso, ele tem como característica o caráter metodológico. O que isso quer dizer? Nesse modelo, é indicado as ações a cerca de um
  • 5. determinado procedimento para que, o mesmo, posso ser testado cientificamente. Se há nestes testes, uma sustentabilidade que possa estabelecer sua cientificidade através das ações realizadas. Ele designa sua proposta de hipotético-dedutivo. Uma teoria pode ser científica mesmo que não haja os mínimos dados a seu favor, e pode ser pseudocientífica ainda que todos os dados disponíveis estejam a seu favor. Isto é, o caráter científico ou não científico de uma teoria pode ser determinado independentemente dos fatos. Uma teoria é “científica” se à partida se especificar uma experiência (ou observação) crucial que a possa falsificar, e é pseudocientífica se houver recusa em especificar esse “falsificador potencial” (Lakatos, 1998, p.3) Outro autor mencionado em seu artigo, é Rudolf Carnap. Neste caso, ele traz esse problema, entre o limite da ciência e da pseudociência de linguística. Para ele, a metafísica não poderia dizer um limite no que pode conhecer, mas o que pode ou não ser dito. Nesse modelo, Carnap não está preocupado em distinguir um critério entre as duas partes; mas sim, eliminar a metafísica no sentido cognitivo com a Análise lógica da linguagem. Por essa razão podemos dizer que, no caso de Carnap, o problema da demarcação é o problema de estabelecer o limite do que pode ser dito como possuindo sentido cognitivo. Para tanto, ele apresenta um critério de significado chamado verificacionismo o qual pretende possibilitar uma forma de distinguir com clareza os enunciados com sentido cognitivo (os da ciência empírica, da lógica e da matemática) dos enunciados sem sentido cognitivo (os metafísicos, poéticos, etc). (D’Aversa, 2010, p.39). Podemos compreender, brevemente, em cada uma de suas características, trabalha de uma forma diferente acerca da pseudociência para demonstrar de várias formas pelas quais
  • 6. podemos ver. Com tudo isso, faz-se, cada vez mais gerar questionamentos que a pseudociência possa fazer, para fins de cientificidade. Criando dúvidas, formas de visão, formas de testagens, entre outros. O crédito ao que a pseudociência manifesta se fortalece, sobretudo, em razão do conforto que sua aceitação oferece. A credibilidade de suas teorias, por aqueles que a constituem, não recebe o rigor de contestação, questionamento ou refutação. Sua validação se dá por meio da crença e da convicção, fortalecidas através de experiências próprias, acontecimentos ou observações que são compreendidos como evidências de confirmação. (Campo, 2015) O que difere a crença no que é cético para o que é pseudociência se mostra no sentimento de satisfação que esta última proporciona, isto porque esta confiança satisfaz às expectativas refletidas por aquele que nela acredita, enquanto diante do que é cético estas expectativas podem ser frustradas à luz das informações validadas. (Campo, 2015) Defesa do senso comum As primeiras articulações de senso comum (senso comunis) deu-se por Aristóteles – nascido em 384 a.C – , que se distanciou gradativamente das ideias de seu discípulo Platão e passou a considerar válido intelectualmente o conhecimento empírico. Futuramente, Thomas Reid (1710-1796) propôs um marco teórico na história do senso comum, quando inaugura a escola escocesa do senso comum através de duas das suas mais importantes obras: An Inquiry into the Human Mind on the Principles of Common Sense (2010) e Essays on the Intellectual Powers of Man (2002) . Para Garfinkel (1967) e Gouldner (1972). O senso comum seria uma espécie de método de produção de significados, identificando um aspecto positivo dessa
  • 7. definição. Os autores descobriram que em momentos de guerras e catástrofes, o senso comum teria a capacidade de resinificar significados destruídos. É evidente que o senso comum sofreu alterações em seu significado ao longo do tempo e houve assim muitas contradições, mas atualmente o senso comum é considerado um tipo de conhecimento que pode ser tão importante quanto a ciência para a sociedade. Com a criação do positivismo uma onda de superação de tudo aquilo que surgiu anteriormente à ciência é levantada. No seu texto “O espírito positivo” Augusto Comte diz: “Esta longa, mas necessária sucessão de fases conduz, por fim, a nossa inteligência, gradualmente emancipada, ao seu estado definitivo de positividade racional” (s.d., p. 173). Entretanto, a superação do senso comum é inviável, visto que seu conhecimento já é popular, a palavra que poderia ser utilizada é a “transformação”, assim como apresentado na tese de Elli Benincá: Para Gramsci, “não existe um único senso comum, pois também ele é um produto do devenir histórico” (1995, p.14) Portanto o caráter de historicidade distancia o pensamento de Gramsci do positivismo de Comte. Não se trata da superação de um estágio da inteligência humana, mas da transformação de um núcleo de concepções construídas histórica e culturalmente. (2002, pp.33) A avaliação sobre o senso comum feita pelo olhar do espirito positivista caracteriza-o como um conhecimento vulgar e desprezível. Normalmente, tal visão positivista é generalizada, tipicamente ao modo do senso comum, com tendência a se homogeneizar essa compreensão de forma preconceituosa. (2002, pp.32)
  • 8. O senso comum é configurado como o conjunto de conhecimentos derivados da vivência própria e do conhecimento empírico. Tal conjunto é totalmente dependente do meio, sendo ele cultural, histórico e social. Embora o conhecimento empírico seja livre de métodos e experimentos, alguns conhecimentos do senso comum podem ser transformados em ciência se forem estudados, assim como alguns conhecimentos científicos podem ser transformados em senso comum ao longo do tempo. Como analisado por Meyerson: “Pode-se dizer, a este respeito, com Henri Poincaré, Emile Meyerson, Paul Langevin, Albert Einstein e alguns outros, que o pensamento científico nada mais é do que um senso comum mais aguçado” ( 1908; 1921; 1931), A importância do senso comum para a formação cultural da sociedade é inimaginável, pois certos conhecimentos são passados por gerações e fortalecem a cultura, os costumes e a história de um determinado povo. Além disso, o senso comum fornece orientações para a vida cotidiana, sendo essas orientações oriundas das experiências dos antepassados. Em suma, é notória a importância do senso comum para a sociedade, para a cultura e para a herança histórica de determinado povo. Todas as formas de conhecimento têm a sua importância, porém o senso comum é a base de todas e por isso deve ser muito valorizado. Conclusão É possível concluir diante dos fatos expostos que o conhecimento científico tem por fim saciar dúvidas e satisfazer as curiosidades dos seres humanos, trazendo repostas mais confiáveis a partir de seus devidos processos de estudos, análises e testes diante de qualquer ponto de molécula existente. A ciência foi um dos maiores motivos contribuintes para o avanço da humanidade. A confiança e a credibilidade neste conhecimento foi possível a partir da rigorosidade e precisão nas análises e estudos, mesmo que ainda não possa ser definida
  • 9. como “verdade” ou “veracidade” pois o conhecimento científico está sempre em evolução. Por outro lado, apesar de que a pseudociência não compreenda premissas fundamentadas ou processos metodológicos com rigor de validação, seu padrão de conhecimento vai de encontro a uma intensa confiança por parte daqueles que a promovem e por isso se fortalece. Esta confiança se demonstra como afirmação e crença convicta na confirmação, independente de um suporte de evidências e resultados processados em pesquisa metodológica, baseia-se somente em conjunções que se apresentem como certa função útil ou resposta para expectativas e anseios do indivíduo que nela acredita. Assim, as pseudociências se tornam ainda mais populares, uma vez que apresentam à sociedade a possibilidade de acreditar que, o que se deseja ser ou realizar, pode se tornar verdade. Por fim, o senso comum é um conhecimento que se aproxima da pseudociência por não se basear em métodos e experimentações (como é na ciência) e se distancia da mesma, por se basear na experiência própria e no conhecimento empírico. Além disso, o senso comum é essencial para a formação da cultura de um povo, visto que esse conhecimento é passado por gerações e muitos conhecimentos antigos ainda perpetuam nos dias atuais. É importante frisar que o senso comum é um misto de si e de outras formas de conhecimento que estão sempre interligadas, sendo por isso tão acessível e importante para a sociedade.
  • 10. Referências Lakatos, I. (1998). Ciencia y pseudociencia. História da Ciência e suas Reconstruções. Benincá, Elli. (2002). O Senso Comum pedagógico: Práxis e resistência (Tese de doutorado). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, BR. Campo, A. C. (2015) Aprendiendo de la pseudociencia. Claridades. Revista de filosofía, 7 (1), 31-43. https://doi.org/10.24310/Claridadescrf.v7i0.3856 Chibeni, Silvio Seno (2013). Trabalho “Sobre o que é Ciência?” Departamento de Filosofia - IFCH – Unicamp. d'Aversa, R. A. S. (2010) Há um limite entre a ciência e a pseudociência? de Lima, R. (2010). Ciência, pseudociência e o fascínio popular. Revista Espaço Acadêmico, 9 (106), 146-148. Dourado, Ivan Penteado. (2018). Senso comum e Ciência: uma análise hermenêutica e epistemológica do senso comum de oposição. Educar em Revista, 34(70), 213-229. Lakatos, I. (1998). Ciencia y pseudociencia. História da Ciência e suas Reconstruções. Queiroz, Cristina (2019). Em defesa da ciência. Revista Pesquisa FAPESP.