1) A inflação de demanda ocorre quando há excesso de demanda agregada em relação à oferta, enquanto a inflação de custos é causada pelo aumento dos custos de produção. 2) A inflação inercial é perpetuada por mecanismos de indexação que automaticamente repassam aumentos de preços anteriores. 3) No Brasil, a inflação caiu de 1964-1973, mas aumentou após a crise do petróleo de 1973 devido a gastos públicos e dívida externa.
1. Conceitos:
Inflação de Demanda
É quando há excesso de demanda agregada em relação à produção disponível. As chances de a
inflação da demanda acontecer aumentam quando a economia produz próximo do emprego de
recursos.
Para a inflação de demanda ser combatida, é necessário que a política econômica se baseie em
instrumentos que provoquem a redução da procura agregada.
Inflação de Custos
É associada à inflação de oferta. O nível da demanda permanece e os custos aumentam. Com o
aumento dos custos ocorre uma retração da produção fazendo com que os preços de mercado
também sofram aumento. As causas mais comuns da inflação de custos são: os aumentos salariais
fazem com que o custo unitário de um bem ou serviço aumente; o aumento do custo de matéria-
prima que provoca um super aumento nos custos da produção, fazendo com que o custo final do
bem ou serviço aumente; e, por fim, a estrutura de mercado que algumas empresas aumentam
seus lucros acima da elevação dos custos de produção.
Inflação Inercial
A inflação inercial é o processo automático de realimentação de preços, ou seja, a inflação
corrente decorrente da inflação passada, perpetuando-se uma inércia ou memória inflacionária.
Ela é provocada, fundamentalmente, pelos mecanismos de indexação formal (salários, alugueis,
contratos financeiros) e indexação informal (preços em geral e impostos, preços e tarifas
públicas).
Ou seja, os aumentos de preços passados são automaticamente repassados para todos os demais
preços da economia, por meio dos mecanismos de correção monetária, cambial salarial, gerando
um processo auto-realimentador da inflação.
História Contemporânea da Inflação
De 1964 a 1973, a inflação apresentou uma persistente tendência de queda. A política de combate
à inflação caracterizou-se em uma primeira fase (1964-1966) por um tratamento de choque: houve
uma rígida política monetária, fiscal e salarial que mudou o patamar da inflação de cerca de 100%
em 1964, para perto de 30%, em 1967.
O período de 1968 a 1973 foi o do “milagre” econômico, com elevadas taxas de crescimento
obtidas na economia brasileira. Com o crescimento da produção, a taxa de inflação passou de
25,4% em 1968, para 15,7% em 1973.
A partir de 1973, a crise internacional do petróleo trouxe repercussões profundas na economia
mundial, e, desde essa data, a economia brasileira passou a apresentar taxas de inflação crescentes.
Além dos choques do petróleo, outros fatores foram extremamente importantes para explicar a
aceleração da taxa de inflação ao longo dos anos 1970 e meados dos anos 1980:
a) os elevados gastos públicos com programas de substituição de importações na área de energia,
aço, bens de capital e minerais não ferrosos, ocorridos na gestão Geisel;
b) elevação da dívida externa devido ao aumento tanto do principal (anos 1970) como das taxas
de juros internacionais (início dos anos 1980).
Durante todo o período de 1964-1973, o diagnóstico para as causas da inflação brasileira utilizava
a linha de pensamento econômico ortodoxo (hoje chamada de neoliberal), que atribuía ao excesso
2. de demanda, associada ao desequilíbrio das contas públicas, a responsabilidade pelo processo
inflacionário. O principal mecanismo de política econômica de combate à inflação para essa
corrente estava na redução da demanda agregada, com a redução dos gastos do governo (e a
consequente redução do tamanho do Estado), com uma política salarial restritiva e controle da
oferta monetária.
A partir de março de 1986, com o governo da Nova República, mudou-se o diagnóstico sobre a
inflação brasileira e, consequentemente, as novas políticas de combate à inflação. Tratava-se
então de um quadro de inflação inercial. Os pressupostos teóricos eram os de que a economia
brasileira se encontrava altamente indexada, ou seja, todos os negócios, contratos etc. eram
firmados com base num índice que procurava garantir a correção monetária dos valores
envolvidos. Dessa forma, todos os aumentos de preços eram captados pelo índice e,
automaticamente, repassados para todos os demais preções da economia, gerando um processo
automático de realimentação da inflação.
Foi a partir desse diagnostico inercialista que o Plano Cruzado procurou romper com esse
mecanismo de propagação de inflação, congelando os preços, os salários e o câmbio (a
chamada política heterodoxa), numa tentativa de eliminar a “memória” inflacionária.
O Plano Cruzado teve vida efêmera. Muitas foram suas falhas, a começar pela manutenção do
congelamento por um período muito longo (nove meses). Quando foi implantado, os preços
relativos encontram-se fora do equilíbrio, e muitos preços estavam defasados, o que provocou o
aparecimento do ágio e a maquiagem de muitos produtos. Por ocasião do descongelamento, no
início de 1987, com o chamado Plano Cruzado II, houve nova aceleração inflacionária.
Outros planos, como o Plano Bresser e o Plano Verão, ainda durante o Governo Sarney, e mais
tarde o Plano Collor, também utilizaram o congelamento de preços e salários para tentar conter o
processo inflacionário.