SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 33
Baixar para ler offline
0
UNIVERSIDADE DA REGIÃO
DE JOINVILLE - UNIVILLE
A R Q U I T E T U R A M O D U L A R
UM COMPLEXO GASTRONÔMICO E DE CONVIVÊNCIA
acadêmico:
orientação:
BRUNO BRAZ
Prof. Msc. JOÃO BARBA NETO
Joinville SC, novembro de 2017
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – 2° ETAPA
1
BRAZ, BRUNO. Arquitetura Modular: Um Complexo Gastronômico e de Convivência.
[Monografia] Joinville: Universidade da Região de Joinville – Univille, 2017.
RESUMO
Este trabalho apresenta o histórico da utilização da Arquitetura Industrializada,
especificamente da Arquitetura Modular, aplicada em edificações. Através de revisão
bibliográfica e análise de estudos de caso, evidencia a eficiência dos métodos
construtivos modulares perante os métodos convencionais, principalmente no quesito
sustentabilidade. A produção arquitetônica desta pesquisa visa evidenciar e fomentar a
utilização de sistemas modulares no Brasil, onde ainda predomina o tijolo e argamassa.
Para tal, se utiliza técnicas, conceitos e propriedades necessárias, pertinentes a Arquitetura
e Urbanismo.
Palavras-chave: Arquitetura Modular – Módulos Container - Sustentabilidade
BRAZ, BRUNO. Modular Architecture: A Gastronomic and Coexistence Complex.
[Monograph] Joinville: Universidade da Região de Joinville – Univille, 2017.
ABSTRACT
This work presents the history of the use of Industrialized Architecture, specifically of Modular
Architecture, applied in buildings. Through bibliographic review and analysis of case
studies, it shows the efficiency of the modular constructive methods before conventional
methods, mainly in the sustainability question. The architectural production of this research
aims to highlight and promote the use of modular systems in Brazil, where bricks and mortar
still predominate. For this, it uses techniques, concepts and necessary properties, pertinent to
Architecture and Urbanism.
Key words: Modular Architecture - Container Modules - Sustainability
/// ARQUITETURA MODULAR ///
UM COMPLEXO GASTRONÔMICO E DE CONVIVÊNCIA
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de
Arquitetura e Urbanismo da Universidade da Região de Joinville –
Univille, como requisito final para obtenção do título de Bacharel
em Arquitetura e Urbanismo.
Orientador: Prof. Msc. João Barba Neto
Joinville – SC 2017
Dedico este trabalho a todos que cooperaram direta e
indiretamente para sua conclusão, e a todos que dele puderem
tirar proveito para o enriquecimento da Arquitetura.
AGRADECIMENTOS
A caminhada até este momento é longa e árdua. A presença e apoio de algumas pessoas
é fundamental, durante este trajeto.
Agradeço imensamente a minha esposa Josiane Braz, pela compreensão aos momentos de
ausência durante o desenvolvimento deste trabalho, bem como os momentos de
manifestações de stress, devidamente por você apartados, além dos 5 esforçados anos de
faculdade, vencidos juntos. Obrigado!
A todos os docentes do curso de Arquitetura e Urbanismo da Univille, que em todos os
momentos, até nos puxões de orelha, evidenciavam a mensagem do aprendizado, em
primeiro lugar. Também àqueles que não entregavam o ouro, incentivando o acadêmico à
caminhar por conta própria. Em especial, ao professor Naum Alves de Santana, por sempre
me inspirar, e meu orientador, que plantou a semente deste resultado.
Aos colegas de turma que compartilharam tantos momentos de esforço, diversão e
satisfação. Aprendendo juntos o real significado do termo dead line, e compartilhando
atividades enriquecedoras tanto para a graduação em Arquitetura e Urbanismo, quanto
pela edificação (sem gracinha) da própria persona.
Por fim, ao Grande Arquiteto do Universo.
2
INTRODUÇÃO /// CONTEXTUALIZAÇÃO /// JUSTIFICATIVA
A Arquitetura Modular é o principal tema desta pesquisa, onde o objetivo final é a
elaboração de anteprojeto de um Complexo Gastronômico e de Convivência.
Construções modulares ainda não representam um significativa parcela dos métodos
construtivos utilizados no Brasil, apesar da sua inegável eficiência. Entende-se por
Construções Modulares aquelas concebidas total ou parcialmente fora do local da obra,
através de processos industrializados.
O Container Marítimo foi inicialmente a primeira opção estrutural para a composição
desta pesquisa, mas foi descartado frente suas limitações técnicas e ergonômicas.
Containers marítimos não foram concebidos para a escala humana e não oferecem
conforto térmico e acústico adequados, necessitam ainda de reformas, pois são
descartados somente quando deixam de oferecer condições mínimas exigidas no
transporte marítimo, requerem vistorias e emissão de laudos de higienização e
descontaminação, que permitam sua reutilização em construções.
Para fins arquitetônicos, onde haverá fluxo regular de pessoas, o que exige confiabilidade
e segurança, deve se utilizar módulos de estrutura metálica, similares ao container, onde os
materiais utilizados são necessariamente novos e a estrutura final é originalmente
concebida para este fim, como será apresentado nesta pesquisa
O método construtivo modular pode ser favorável no aspecto de eficiência energética e
ambiental das construções, e certamente, procura trazer a construção de edifícios para
uma base mais sofisticada.
O pensamento mais nobre da sustentabilidade é satisfazer as necessidades do presente
sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer as suas próprias
necessidades. Na Arquitetura, a utilização de métodos construtivos mais sofisticados pode
promover a redução da produção de resíduos de construção.
Em comparação com os métodos de construção convencionais vigentes no Brasil, o tijolo e
a argamassa, sistemas modulares se sobressaem no quesito geral de tempo, eficiência e
economia, e seu potencial deve ser aproveitado para favorecer as necessidades humanas
quanto aos ambientes construídos
A edificação abordada nesta pesquisa trará as funcionalidades da arquitetura
modular aliada, convenientemente, a dois principais fatores presentes na cidade de
Joinville:
• Atividade Gastronômica - Uma vez que é um setor característico e celebrado
anualmente através do festival gastronômico da cidade, regido pela Câmara
Setorial de Gastronomia e Entretenimento, possuindo vários sub-eventos de
gastronomia celebrados em diferentes épocas do ano.
• Setor Metal-Mecânico – A cidade é um dos grandes polos industriais do sul do
Brasil, com o qual grandes investidores estrangeiros buscam parcerias, visto a
significativa oferta e qualidade dos serviços. O segmento de caldeiraria,
comportaria com técnica e eficiência a demanda pela fabricação das unidades
abordados nesta pesquisa, módulos metálicos abertos enrijecidos.
OBJETIVOS /// METODOLOGIA
Dessa forma, o objetivo geral desta pesquisa visa integrar uma edificação de Arquitetura
Modular de atividade Gastronômica e de Convivência na cidade de Joinville – SC. Para
tal, os objetivos específicos para o desenvolvimento do TCC1 foram previamente definidos:
• Estudar o histórico da arquitetura
industrializada;
• Aprofundar os conhecimentos dos
métodos de aplicações dos
sistemas modulares na Arquitetura;
• Investigar estudos de caso
relacionados;
Delimitação do Tema e Procedimentos:
Serão estudados e compreendidos os sistemas das construções modulares, bem como os
métodos projetuais que os são característicos. Em seguida serão investigados estudos de
caso relacionados ao tema, de forma a fundamentar a escolha adequada das
particularidades arquitetônicas da edificação que será concebida.
Posteriormente serão investigadas as legislações vigentes aplicáveis a edificações que
comportam atividades gastronômicas, bem como as normas de segurança que as
englobam. Seguindo, será escolhido um lugar para a implantação condizente com a
atividade exercida na edificação, e que ofereça fatores que promovam seu sucesso.
Por fim, será concebido um estudo volumétrico prévio que norteie o desenvolvimento do
projeto seguinte, representando o teor dos itens supracitados, de acordo com os
pensamentos e anseios da Arquitetura no contexto atual.
A fim de atingir os objetivos determinados para este trabalho, será necessário seguir
diversos procedimentos e técnicas.
Inicialmente, será realizada revisão bibliográfica, com leituras e fichamentos de arquivos
físicos e virtuais, a fim de compreender a origem e desenvolvimento da utilização de
sistemas modulares na arquitetura.
Na continuidade, será feita nova pesquisa bibliográfica que possibilite a análise de
estudos de caso das edificações comerciais e seus programas de necessidade, bem como
das características dos locais onde estão instaladas.
Por fim, para a etapa de concepção volumétrica, serão recordados os ensinamentos
aprendidos em sala, relacionados com as pesquisas anteriores, referentes à projeto
arquitetônico.
• Escolher e avaliar um lugar para implantação;
• Pesquisar as legislações vigentes, as
condicionantes projetuais e normas de
segurança;
• Propor estudo de apropriação do lote,
apresentando volumetria
3
/// A ORIGEM DA ARQUITETURA PRÉ-FABRICADA ///
O conceito de Arquitetura pré-fabricada, precursora da arquitetura modular teve início
entre os séculos XVI e XVII, durante as grandes navegações de colonização Britânicas,
com a criação da placa weatherboard para revestimento de abrigos rápidos.
Tão logo desenvolveu-se, ainda
na Grã Bretanha, um resquício de
construção em woodframe, feita
com postes ranhurados, piso em
placas e cobertura treliçada,
todos em madeira pré-fabricada.
Esta iniciativa favoreceu e
engrenou as colonizações
Britânicas até o século XIX, sendo
ainda a estrutura precursora do
posterior sistema pré-fabricado
americano, o Balloon Frame, muito
difundido no Oeste deste país
Outra contribuição que surgiu do movimento
colonial britânico foi o emprego da do ferro na
construção de edifícios. Componentes como
vergas, janelas, colunas, vigas e treliças foram
produzidos em fundições e acabados em oficinas.
Os componentes eram trazidos para o local de
trabalho e montados em sistemas de estrutura e
fechamento.
O conceito foi muito explorado na Grande
Exposição de 1851 na Inglaterra, onde
exclusivamente para esta, foi concebido o
Palácio de Cristal, estrutura pré-fabricada com
elementos repetitivos em ferro
O grande salto do movimento da pré-
fabricação foi a adaptação dos fechamentos
em painéis metálicos ondulados, que
proporcionavam uma estrutura autoportante,
leve e resistente, além de facilmente
transportável e manipulável por menor e menos
especializada mão de obra. Surge então o
conceito de construção efêmera ou temporária
Nos anos de 1800, com a Corrida do Ouro
americana, estima-se que 500 kits de abrigos
em metal ondulado foram enviados da
Inglaterra para a cidade americana de São
Francisco. A difusão deste elemento alcançou
desde a concepção de abrigos
personalizados, e sob encomenda através de
revistas, até abrigos e alojamentos portáteis
militares, utilizados na 1° e 2° Guerra.
Posteriormente, mas não diferente, a compra de
casas pré-fabricadas sob encomenda
continua. Com a vinda do progresso da
indústria, as construções americanas pré-
fabricadas em madeira, Balloon Frame,
adquirem nova característica, passando a ser
construídas com metal leve no lugar de
madeira, surge então o conceito de Steel
Framing e Light Steel Framing
Palácio de cristal
Coalbrookdale Bridge
Alojamento portátil 2° guerra mundial
4
/// INDUSTRIALIZAÇÃO ///
As inovações ficavam a cargo das novas companhias que entenderam o advento da
produção em massa alinhado à construção de edificações. Elas acreditavam que casas e
edifícios poderiam ser solicitadas por encomenda através de catálogos.
Catálogo da Aladdin Homes em 1906
O conceito de produção em massa, criado por Ford, foi logo adaptado às construções
pré-fabricadas, onde as peças eram fabricadas e montadas em linha de produção. Em
certos casos, as mesmas peças proporcionavam diferentes tipos de concepções
arquitetônicas, por serem padronizadas para este método específico.
Este período serviu para testar a eficiência da produção em massa do Fordismo. Frente aos
fatos, as edificações pré-fabricadas posteriores adotaram novo modelo estético, rompendo
com as tradições do passado e valorizando a forma resultante do processo de fabricação,
este modelo foi chamado de Habitação Pós-guerra.
Na tentativa de trazer processos fabris para o canteiro de obras, algumas empresas aliaram-
se e produziram bairros inteiros de casas pré-fabricadas, porém, todas eram unicamente
similares, sem apelo arquitetônico, ou conforto térmico acústico adequados
Casa modelo Design Industrial
Na Califórnia, o Arquitetp Joseph Eichler
desenvolveu um método sistematizado
para a construção no próprio canteiro
de obras, e preocupou-se principalmente
com o apelo estético e arquitetônico de
suas concepções, para tal contratou
arquitetos na costa oeste americana
para projetar modelos com amplas
aberturas em vidro e diferentes
modulações internas
Este foi um marco para a produção de edificações pré-fabricadas, onde, pela primeira vez,
uma edificação com estética moderna e significativo apelo arquitetônico era construída mais
rapidamente e à menor custo do que as edificações convencionais.
Casa modular de Joseph Eichler
5
/// PRÉ-FABRICAÇÃO NA MODERNIDADE ///
Na Europa, Walter Gropius pensava a Arquitetura através de dois ideais principais:
industrialização e igualdade social. Influenciado por Behrens, criou uma arquitetura que
expressava função absoluta, e em 1919, fundou a escola de design Bauhaus, cuja missão
central era a produção industrial. Seu interesse em pré-fabricação era implícito,
aproveitando a tecnologia de fabricação offsite para reduzir o custo das habitações.
Em uma colaboração, Gropius e
Konrad Wachsmann produziram,
talvez, a contribuição mais
conhecida para o pensamento
da arquitetura pré-fabricada; A
"Casa empacotada" em massa,
projetada para o mercado
americano como uma proposta
de habitação em tempos de
guerra.
A parecia dos dois parecia ser
a combinação perfeita para
produzir um produto tão
necessário para a indústria da
habitação durante e após a
guerra. Em 1942, a equipe
projetou um sistema de painéis
usando um conector
patenteado de quatro vias
desenvolvido por Wachsmann.
Todos os componentes das
casas foram produzidos em
fábrica e seriam montados no
local
Gropius tornou-se pai do
modernismo e teve grande
influência na cultura da
arquitetura. A mensagem
deixada era de que arquitetos
poderiam projetar desde a
concepção até a produção, da
mesma forma que Brunelleschi,
séculos antes
Gropius e Konrad Wachsmann
As contribuições da Mies para a pré-fabricação não estão no desenvolvimento de novas
tecnologias ou elementos modulares, mas sim na integração da estética moderna na
aceitação social, através da torre de aço e vidro. A sensibilidade estética dos pavilhões de
Mies em Barcelona e Farnsworth House em Illinois são, em muitos aspectos, a encarnação do
minimalismo que encontrou ressurgimento na arquitetura residencial, no final do século XX e
início do século XXI.
Hoje, muitas casas pré-fabricadas concebidas por arquitetos são modernas pela
implementação de materiais simples, linhas limpas e alto nível de transparência. A influência de
Mies na compreensão e expressão da arquitetura, especialmente na pré-fabricação, continua
tendo significativo impacto
Já Corbusier, não necessariamente
abraçava os métodos pré-
fabricados, mas acreditava que o
arquiteto poderia criar um sistema
de construção baseado em
racionalização através da
padronização. A Citrohan House
ligou o início dos cinco pontos da
arquitetura de Le Corbusier,
incluindo The Domino, esqueleto de
concreto que possibilitava
liberdade na locação de paredes.
Janelas, portas e brises pré-
fabricados cobriam usualmente em
seus edifícios.
The Domino
Farnsworth House
6
/// PRÉ-FABRICAÇÃO NA MODERNIDADE ///
Frank Lloyd Wright era extremamente cético quanto à pré-fabricação, pois achava que
ela não oferecia qualidades táteis, e questionava ainda a real autoria do projeto,
considerando que os elementos já eram pré-definidos. Entretanto estava avançado em
suas ideias de que através da pré-fabricação, edifícios poderiam se estender tornando-se
organismos vivos.
O arquiteto ainda experimentou modelos em madeira e metal, baseados no Balloon
Framing, posteriormente criando o protótipo Usonian, com intuito de que fossem
construções economicamente acessíveis. Entretanto foram insucessos consecutivos, pois
Wright não abria mão de seus minuciosos detalhes arquitetônicos feitos à mão, possíveis
apenas com emprego de métodos convencionais, o que tornava suas concepções
extremamente caras e inacessíveis para a população geral.
Ainda que os designers Buckminster Fuller
e Jean Prouvé não tenham recebido
instrução como arquitetos, sua influência
na arquitetura pré-fabricada é altamente
considerada.
Em 1928, Fuller patenteou a módulo
Dymaxion, um trailer com estética de
aeronaves, com sistema estrutural de
cabos. Mais tarde, em 1936 projetou uma
unidade de banheiro pré-fabricada para
este. No ano de 1944, Fuller consolidou
sua reputação por seus projetos
inovadores em habitação pré-fabricada
produzida em massa, impulsionando-o à
fabricação da casa Wichita.
O arquiteto ainda experimentou modelos
em madeira e metal, baseados no Balloon
Framing, criando o protótipo Usonian, com
intuito de que fossem construções
economicamente acessíveis. Entretanto
foram insucessos consecutivos, pois Wright
não abria mão da minúcia nos detalhes
arquitetônicos, realizados apenas através
de métodos convencionais, o que tornava
suas concepções extremamente caras e
inacessíveis para a população geral.Usonian Homes
A casa Wichita foi um sucesso, sendo fabricada com os mesmos materiais de aeronaves,
chapas de alumínio fixadas com rebites, o que lhe proporcionava ótima aerodinâmica e
ventilação. A divisão da casa era em formato de torta, onde o centro era a recepção e
circulação principal, e os cômodos estavam ao seu redor. O peso total da casa era de 2720
quilos, lhe proporcionando fácil transporte, em apenas um caminhão, podendo ser montada em
apenas um dia.
Prouve projetou e
fabricou abrigos de
suprimentos militares
para os franceses e
depois produziu suas
habitações para o
período do pós-guerra,
todos pré-fabricados
leves e facilmente
erguidos, usados como
uma solução de
habitação temporária.
Seus projetos possuíam
estrutura de aço
formada a frio e
telhados de madeira
com painéis de
preenchimento, como
nas 25 casas
experimentais que foram
erguidas em um
subúrbio perto de Paris,
conhecidas como casas
Meudon.
No programa Case Study House, casas foram projetadas, com elementos estruturais pré-
fabricadas e com painéis de preenchimento, por arquitetos como Richard Neutra, Craig
Ellwood, Raphael Soriano e Pierre Koenig, onde ocorreu a personificação da pré-fabricação,
explicitamente na House 8, do casal de arquitetos Charles e Ray Eames, que eram visivelmente
interessados na arquitetura influenciada pelo design moderno.
Casa Wichita House 8
Casas Meudon
7
/// PRÉ-FABRICAÇÃO NA MODERNIDADE///
Na World Expo de 1967, Moshie Safdie, teve seu primeiro projeto construído, The Habitat,
onde 158 casas foram montadas a partir de 354 unidades modulares. Haviam 18 tipos de
módulos em concreto pré-fabricado reforçado. Os módulos foram empilhados sobrepostos,
formando vazios entre eles, utilizados como jardins decks ao ar livre.
A década de 1960 trouxe os
“Metabolistas” japoneses,
utilizando sistemas modulares em
que as unidades eram
conectadas a um núcleo
estrutural e de serviços.
O projeto de maior repercussão
foi a Nakagin Capsule Tower
(figura 22), concebida pelo
arquiteto Kurokawa, acreditando
que os módulos poderiam ser
extraídos tão facilmente quanto
eram conectados, quando
houvessem mudanças dos
proprietários ou grandes
reformas internas.
Ironicamente, nenhuma unidade
modular foi removida até hoje e,
se fosse o caso, novos módulos
teriam de ser fabricados,
atualizando os sistemas de
ancoragem, hoje defasados. O
investimento inicial para erguer
seu núcleo estrutural em aço
superou e muito os investimentos
necessários de um mesmo edifício
com sistema construtivo
convencional
The Habitat
Nakagin Capsule Tower
Considerações:
Seguindo os acontecimentos históricos do emprego de sistemas modulares na Arquitetura
Industrializada, entende-se que houveram sucessos e insucessos, e que ambos são
necessários para a plena evolução deste sistema.
O sistema é característico de países desenvolvidos, mas uma vez que a indústria brasileira
vem se desenvolvendo, se faz necessária a reflexão e o amadurecimento para utilização de
métodos construtivos sustentáveis e eficazes.
A eficácia dos métodos construtivos industrializados modulares nos países desenvolvidos
deve ser gradualmente adotada no Brasil. As preocupações quanto as questões ambientais
já atingiram grau de amadurecimento suficiente, em grande parte dos países da Europa,
fazendo-os adotar sistemas construtivos que degradam menos o meio ambiente, são mais
eficientes e otimizam as construções.
8
A Construção Modular tornou-se uma
técnica empregada principalmente
para se conseguir redução de custos,
melhor qualidade de projeto, e
menor tempo de construção, sendo
utilizada regularmente como método
padrão em alguns países.
O Modular Building Institute (MBI)
define construção modular como uma
demanda de projeto offsite, usada
para construir edificações
regulamentadas em um sistema de
qualidade controlada, em menos
tempo e com menor desperdício de
materiais.
O Módulo é uma unidade de
montagem padronizada podendo ter
diferentes tamanhos e níveis de
acabamento, sendo que unidades
maiores podem, ao mesmo tempo que
restringem a flexibilidade volumétrica
da edificação, oferecer grande nível
de acabamento final, o oposto das
unidades menores.
As grandes produtoras de unidades
modulares categorizam em residencial
e comercial os tipos de módulos
fabricados, sendo os residenciais,
divididos em efêmeros ou
permanentes, e ambos feitos em metal,
madeira, concreto ou polímeros. Não
há restrições quanto à finalidade das
edificações, somente questões quanto
a sua engenharia estrutural, no caso
de grandes edifícios.
Os módulos em madeira são geralmente utilizados em edificações
residenciais, através de unidades pequenas. Devido à grande
densidade do material, os módulos se tornariam muito pesados,
prejudicando tanto as etapas de fabricação e transporte, quanto as
de montagem em loco, sendo o gabarito máximo de 3 níveis, para
este material.
A madeira aplicada na Arquitetura oferece inúmeras qualidades,
destacando-se primeiramente as de estética, durabilidade, conforto,
versatilidade trabalhabilidade. Outro importante fator que favorece
sua utilização é da sustentabilidade, de forma que se gasta menos
energia de produção, para se obter a matéria prima da madeira, do
que em outros elementos construtivos, como o aço ou o concreto.
Nas construções modulares, o emprego da madeira se dá através de
seu frame ou módulo estrutural, de fechamentos ou módulos de
parede, e ainda por meio da combinação dos dois, gerando grandes
módulos já finalizados e prontos para locação na edificação.
Uma das empresas pioneiras na compatibilização da madeira aos
sistemas modulares é a portuguesa Modular System. Suas unidades
modulares são versáteis e adaptáveis em outros projetos, sem que haja
grandes alterações. No projeto House In Touril, em Santiago do Cacém,
tanto seu frame estrutural quanto fechamentos foram concebidos com
o mesmo perfil, minimizando gastos e tempo de produção, ao mesmo
tempo que descarta a utilização de isolamentos termo acústicos.
/// ARQUITETURA MODULAR ///
/// MÓDULOS DE MADEIRA ///
House In Touril
9
Módulos metálicos são geralmente estruturas fabricados em vigas ou perfis tubulares em
aço, com reforços e fechamentos também em metal. Seu formato é convenientemente cúbico
ou retangular. Há três tipos básicos de módulos metálicos:
/// MÓDULOS DE CONTAINER MARÍTIMO ///
As facilidades que o Container proporcionou ao
transporte de cargas pelo globo, o tornou o elemento
mais utilizado para tal, como consequência, cerca de
125 mil Containers abandonados atualmente
obstruem os portos britânicos e quase 700 mil nos
portos dos estados unidos. Este fato revela a
importância da sua reutilização, e uma das
destinações mais recorrentes é seu emprego na
Arquitetura. O Container revelou-se ideal para a
Arquitetura pré-fabricada, pois pode ser transportado
através de diferentes modais, por meio de seu
característico chassi empilhável.
Em média, Containers simples
usados podem custar de 3 mil a
5 mil reais, mas os preços variam
de acordo com a localidade e
a integridade da unidade no
momento da aquisição.
Container são elementos muito
versáteis, possuindo vários tipos
e modelos de acordo com a
carga que transportaram em sua
utilização, outro fator que
determina seu valor de compra
Desvantagens:
• A manipulação estrutural do Container pode propriedades às quais foi concebido.
• Suas dimensões não foram concebidas para a escala humana
• Sua estrutura em aço promove alta condutibilidade térmica.
• O aço também favorece a transmissão de ruídos
• Restrição na distribuição das instalações de serviço, como elétrica, hidráulica e esgoto.
• Sua instalação necessita grandes áreas de manobra.
Ainda que Containers possuam tais desvantagens, seu uso em construções tem evoluído
consideravelmente, principalmente quando um dos objetivos da obra é a sustentabilidade.
Sua utilização passou de experimental à viável na Arquitetura, como demonstra o projeto
Container City.
Container City
/// MÓDULOS METÁLICOS ///
• Módulos fechados: Além de seu frame, as
paredes também possuem função estrutural
• Módulos (total ou parcialmente) abertos: Todas
as funções estruturais são concentradas nos
frames, os fechamentos possuem maior
flexibilidade.
• Pods (não empilháveis): Geralmente unidades
padrão com funções de serviço, podem ser
adicionados ou removidos da edificação
principal, sem comprometer sua estrutura.
Estas três formas construtivas são
utilizadas de acordo com a
demanda de aplicação, e conforme
a disposição das células da
edificação principal. Os módulos
fechados, por exemplo, podem
compor um pavimento tipo de
dormitórios de um hotel, enquanto
módulos abertos podem fornecem
amplos espaços para uma grande
recepção
Os módulos total ou parcialmente abertos
tendem à ser estruturas mais resistentes aos
módulos fechados. O fato deve-se à sua
concepção, com colunas feitas em perfis tubulares
quadrados, laminados à frio. Os vãos entre as
colunas, em seu comprimento, variam de 6 a 12
metros, sendo que as seções podem variar de 15 a
35 centímetros, tanto em altura quanto em largura
Módulo fechado
Módulo aberto
Devido às grandes seções das
vigas, os espaços gerados entre
pisos e forros são amplos,
possibilitando boa área para
locação das instalações de
serviço, como elétrica, hidráulica e
refrigeração. Colunas intermediárias
podem ainda ser adicionadas entre
as principais, para fins de transporte,
ou para projetos específicos onde as
seções das vigas devem ser menores.
Os módulos abertos podem ser fabricados ainda como uma armação rígida
completamente soldada, com perfis tubulares quadrados. Este método construtivo
proporciona o emprego de janelas com pé-direito total, bem como melhores alinhamentos
de suas faces, consequentemente, acabamentos mais eficientes e fachadas mais
harmoniosas.
10
/// REFERÊNCIAS PROJETUAIS ///Boxpark Croydon
Localizado na George
Street 99 - Croydon,
Londres – Reino Unido, é um
complexo que se
desenvolve junto à praça
de uso misto Ruskin Square,
e ao lado da estação
East Croydon, realizando a
conexão entre estes com
eventos gratuitos, e
atividades comerciais e
gastronômicas.
O design proposto pelo
escritório de Arquitetura
BDP, cria um salão
comercial semifechado,
portanto, há um foco em
seu núcleo, com as
unidades dispostas em seu
torno, bem como espaços
de terraço ao ar livre.
Contribuição:
O Boxpark Croydon foi
selecionado como estudo de
caso devido suas
características comerciais. A
edificação como um todo
encontra-se em um ponto
nodal de grande fluxo,
gerado pela estação de trem,
sendo uma edificação
predominantemente térrea.
O Container é evidentemente
o principal elemento do
partido arquitetônico,
combinado com grandes
decks e lounges em madeira.
Sua modularização é
visivelmente geometrizada,
buscando eficiência e
economia.
Conforme se vê na planta de
térreo, para cada 5 unidades
de restaurante há uma
unidade de serviço, com
espaços de preparo e
armazenamento de alimentos,
gerando combinações de 6
unidades, somando170 m².
Para os banheiros se dedicou
uma área de
aproximadamente 55 m²,
enquanto os escritórios e
atividades administrativas
ocupam 85 m².
A mudança de nível entre
o acesso e a estação
Dingwall Road possibilita o
acesso de pessoas por
múltiplas entradas e
níveis, gerando uma
provocação espacial e
movimento pelos fluxos da
estação.
Foram utilizados ao todo
96 Containers e toda a
montagem se deu como um
grande quebra-cabeça
3D. Devido ao
empilhamento não regular
dos Container, as colunas
para absorver cargas
eventuais foram
adicionadas às unidades
inferiores.
A praça de alimentação no pavimento térreo, ocupa uma área de
aproximadamente 625 m², enquanto as superiores distribuem-se juntas em 340 m².
Nos fundos, duas unidades recebem suprimentos para posterior distribuição. No
programa de necessidades, há setores e fluxos típicos de restaurantes, como docas
de carga e descara, estoques alimentícios, câmaras refrigeradas de higienização e
preparo, grandes áreas de circulação, e praças de alimentação.
11
/// REFERÊNCIAS PROJETUAIS ///LOT-EK: Escola Aberta
da APAP (Anyang Public
Art Project OpenSchool)
A Open School APAP Seul,
é uma estrutura em
contêineres concebida
como espaço aberto,
posicionada à beira do
rio local, para incentivar
o espaço recreativo da
orla e permitir que os
usuários sejam visitantes,
espectadores e atores da
edificação.
O espaço foi concebido utilizando 8 Containers, rotacionados à 45 graus,
formando uma grande flecha, apoiada em pilotis, 3 metros sobre a margem do
rio. Abaixo da edificação estrategicamente segue uma grande circulação de
pedestres, passando pela área de encontros, ambientes de repouso,
contemplação e reuniões.
A sombra produzida pelos Containers gera no espaço um microclima
agradável, tirando proveito também da topografia, que gera um anfiteatro
público, com vista da orla do rio. O acesso é convidativo, através de um
Container inclinado. Em seu ponto mais alto há outra área de contemplação e
apresentações, com espaços de socializações para a comunidade.
No primeiro pavimento, artistas residentes possuem dois
ateliês à sua disposição, voltados para a área de
exposições. Próximo ao acesso principal, há uma parede
sólida com várias furações em diferentes níveis, que
proporcionam uma breve espiada da paisagem. O
encaixe em 45 graus dos Containers permite ótima
ventilações cruzada, através das bandeiras instaladas
em suas faces menores. O terraço conta com acesso
através de Container inclinado, gerando expectativa ao
observador, que ao acessá-lo, é imediatamente
surpreendido pela vista. Ao lado do rio, os transeuntes têm
o olhar atraído para a edificação, com suas cores
amarelo industrial vibrante e preto, além de sua volumetria
peculiar, tornando-a ponto de referência na localidade.
Contribuições:
A APAP Open School foi selecionada como estudo de caso pela forma peculiar com a qual se apropriou
das unidades de Container, com seções em ângulo e acessos inclinados, gerando um elemento de certa
forma orgânico. Apesar de estar ligeiramente obstruída pela vegetação que margeia o rio, suas cores e
formas a tornam um elemento de destaque.
A edificação possui interiores que evidenciam a contemplação da paisagem, apesar de não possuir
grande fluxo de usuários. Com as unidades apoiadas sobre uma estrutura metálica robusta, se conseguiu
melhor aproveitamento das áreas inferiores, proporcionando diferentes usos sociais.
12
/// REFERÊNCIAS PROJETUAIS ///
AXIS ARCHITECTS: Citizen
M Hotel
É um hotel da rede de
mesmo nome, cujo conceito
focou-se na concentração
das necessidades
realmente úteis dos clientes
durante uma viagem,
todas as outras funções
de luxo deram lugar à
funcionalidade.
O hotel possui 192
acomodações de 14 m²
cada, sendo unidades
modulares pré-fabricadas,
anexadas à edificação.
Localiza-se em uma área
pós-industrial de Londres,
referenciada através dos
tijolos de areia que
compunham a localidade.
A edificação buscou otimizar áreas internas
sociais, para tal, os módulos foram dispostos
alinhados em sequência, formando um
corredor circundante e um pátio interno
central. Se buscou permeabilidade através
do vidro e integração social, bem como
terraços e jardins semifechados.
Contribuição:
O Citizen M Hotel foi escolhido
como estudo de caso por
evidenciar seu método
construtivo modular. Na fachada
se vê os módulos metálicos
empilhados, apoiados sobre
estrutura de pilares e paredes de
concreto, buscando eficiência
estrutural e padronização das
acomodações.
Conforme se vê em planta, o
térreo possui área de
convivência de
aproximadamente 590 m²,
enquanto as áreas funcionais, de
apoio, serviço e armazenamento
ocupam 480 m².
O partido arquitetônico da
edificação parte do tijolo de
areia dos antigos galpões que
compunham a malha do bairro,
estes estão representados no
revestimento externo e na própria
sobreposição aleatória dos
cômodos na fachada.
No primeiro pavimento de
acomodações, 42 módulos de
2,5x6,8 distribuem-se em uma
área de 730 m², enquanto as
circulações geram 250 m².
Os módulos foram ordenados
espelhados, combinando os
shafts das redes de utilidades
dos banheiros, apropriando-se
também de parte do forro para
esta função.
A edificações está
harmoniosamente inserida na
malha de edifícios que a
circunda, as molduras de 2,5x3,0
metros geram ritmo e
continuidade ao alinhamento
predial.
O método construtivo modular
da edificação acaba quase que
camuflado perante ao mesmo
sistema adotado pelas
edificações do entorno, uma vez
que o Reino Unido é o berço das
construções modulares.
Os acessos principias ocorrem através de portais em madeira, seguindo a
tipologia da fachada. Ambientes internos sociais proporcionam diferentes
momentos aos hóspedes, tanto para trabalho, quanto para o lazer.
Todas as acomodações possuem o mesmo padrão de qualidade.
13
/// DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE INTERESSE ///
A Cidade
O lote escolhido para a proposta localiza-se na cidade de Joinville, sendo esta, a
maior do estado de Santa Catarina. A cidade ainda é o terceiro maior polo industrial
da região sul do Brasil. Entre as atividades mais desenvolvidas da indústria, destacam-se
os setores da metalurgia, metal-mecânico, têxtil e químico. Joinville contempla ainda a
maior região de expansão metropolitana do norte/nordeste do estado.
Os principais acessos à cidade ocorrem através das rodovias, BR-101, SC-418, BR-
280, e SC-108. O principal acesso se dá através do pórtico da cidade, localizado na
rodovia BR-101, mais precisamente na divisa entre os bairros Glória e Vila Nova.
O Bairro
A área de interesse
localiza-se no bairro
América, cuja densidade
populacional estimada é
de 2,74 mil habitantes por
km². A população tem
renda média mensal de
5,74 salários mínimos
(~R$5.378,4), dos quais
52,9 são mulheres e 47,1
homens. Estima-se que a
população atual esteja na
casa de 13 mil habitantes,
distribuídos em sua malha
urbana delimitada de 4,54
km²
Acessos: Joinville Bairro a Bairro 2017
Limite Bairro América: Joinville Bairro a Bairro 2017
O bairro passou a ser
conhecido por sua atual
denominação por volta de
1980, a região que
compreende o Bairro
América era denominada
Centro, e mudou para o
atual nome somente
quando as novas
instalações do América
Futebol Clube, que em seus
primórdios foi conhecido
por Foot Ball Club Teotona,
foram concluídas na Rua
Visconde de Mauá
14
/// DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE INTERESSE ///
População e Usos
Conforme gráficos a seguir, quanto ao uso do solo, observa-se que o bairro é
predominantemente residencial, onde as atividades de comércio e serviço ocupam apenas
13,6% do total dos lotes analisados, contra 80,4% dos residenciais. A faixa etária
predominante no bairro é a dos 26 aos 59 anos de idade, aproximadamente 7,2 mil pessoas.
Acessos: Joinville Bairro a Bairro 2017
Faixa Etária: Joinville Bairro a Bairro 2017 Uso do Solo: Joinville Bairro a Bairro 2017
Estabelecimento Gastronômicos e Fenômeno de Via Gastronômica
A escolha do lote baseou-se, entre outros fatores, na quantidade de estabelecimento
Gastronômicos em determinadas vias da cidade, e no Fenômeno de via Gastronômica que
ocorre não somente em Joinville. Um breve levantamento desta quantidade foi realizado com
intuito de se comparar com a via que recebe atualmente o título de via Gastronômica de
Joinville, a rua Visconde de Taunay.
Neste levantamento foram considerados estabelecimentos comerciais gastronômicos, que
servem refeições em horário de almoço e/ou janta, como bares e restaurantes, e foram
excluídos da análise as casas de shows e estabelecimentos fechados de entretenimento
noturno.
Por critério de exclusão, a única rua que se assemelha, em quantidade de estabelecimentos
gastronômicos, com a atual via gastronômica, é a rua Max Colin, no bairro América. A tabela
a seguir contabiliza estes estabelecimentos.
QT n° n°
1 2560 45
2 2560 136
3 2535 230
4 146
5 2058 166
6 2048 -
7 1950 -
8 1914 206
9 1901 240
10 1828 299
11 1589 343
12 - -
13 - 368
14 - -
15 - 398
16 - 420
17 - 440
18 1531 465
19 1483 523
20 1524 550
21 1246 555
22 1195 662
23 1000 702
24 776 788
25 635 856
26 441 874
27 441 1000
28 349 1136
29 1174
30 1183
31 1223
32 1241
2600 m 1400 m
89,66 m 43,75 m
Estabelecimentos Gastronômicos
Paddock's Lanches
Paiol Choperia
R7 Bar e Restaurante
Rua Visconde de Taunay
Confeitaria XV
-Seattle Rock Café
-Buena Vibra Café e Bar
-Prime Dog Hot Dog
Mistura Fina
Mais Bier Brewpub
-Hullen Pizzaria
-Chimarrão Churrascaria
-OPA Boteco
-Niu Sushi
Vegas Bowling
O Fornão Pìzzaria
Fatirella Pìzzaria
Rocki'n Bier
Don Boni
Brothaus Pães e Doces
-OPA Pizza
-Didge Steake House
Água Doce Cachaçaria
-Villa Pescara
-Nono Mio
-Don Barcelo
Brasileirinho Delivery
Madrileño Cocina Internacional
Slice Pizza
Restaurante Arte em Café
-Bistrô do Grão
-OPA Grill
Strike 7
Kib's Cozinha Arabe
Pinus Restaurante e Choperia
Totens Pizzaria
Alles Picanha
Barão Choperia
Hamburguês Hamburgueria
Petisqueria Caxias
Capitão Space
Rodrigues Lanches
Rubicon Wine & Emporium
Subway
Guacamole
Dona Francisca Choperia
OPA Store / Garagem OPA Bier
Palatare Restaurante
Mosteiro Pub
Hōsu Sushi
Alles Gute Hamburgueria
Zum Schlauch
Restaurante Emmendörfer
Bar e Restaurante Marabá
Extensão
Rua Max Colin
Média de 1 estabelecimento a cada 1 estabelecimento a cada
Extensão (km)
- LaPadocca
Bruthus Hamburgueria
Futuro Burguer King
- Biergarten Hummm
- Pizza na Pedra Joinville
La Taska Restaurante Bar
Nhac Temaki
Pizzaria do Fritz
15
/// DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE INTERESSE ///
Usos Gastronômicos
Nota-se que a rua Visconde de Taunay, que leva o título de Via Gastronômica de Joinville,
possui poucos estabelecimentos gastronômicos a mais em relação a rua Max Colin, e que
alguns destes estabelecimentos estão agrupados no mesmo lote. Sua distribuição é regular
na atual via Gastronômica, enquanto na Max Colin, ocorre em pontos dispersos.
Pode se dizer que o título de via Gastronômica de Joinville é atribuído a rua Visconde de
Taunay, entre fatores históricos, devido a concentração destes estabelecimentos gastronômicos,
em maior evidência no trecho entre as ruas Duque de Caxias e Henrique Meyer.
Unidades Gastronômicas Visconde de Taunay
Unidades Gastronômicas Max Colin
Duque de Caxias x Henrique Meyer : Google My Maps
16
/// DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE INTERESSE ///
Torna-se evidente a demanda por estabelecimentos gastronômicos em ambas as vias.
Da mesma forma, a proporção destes pela extensão da via, menor no caso da Max Colin, sendo
esta, a via escolhida para a implantação da proposta tema desta pesquisa.
A implantação de um Complexo Gastronômico e de Convivência na rua Max Colin poderá
promover a atividade dos demais estabelecimentos do mesmo uso, podendo esta via, ter
notoriedade igual ou superior à Via Gastronômica de Joinville.
A implantação desta edificação poderá beneficiar o setor gastronômico da cidade como um
todo, sendo o Festival Gastronômico associado ao setor turístico da cidade, vide sua agenda
combinada com o Festival de Dança; bem como às datas das suas maiores atrações.
O lote escolhido para a implantação da edificação, localiza-se em um ponto intermediário entre
os já consagrados points gastronômicos da rua Max Colin, podendo promover uma regularidade
e continuidade desta atividade no decorrer da via.
O Lote
A escolha do lote, baseou-se também no entorno imediato. O lote escolhido é uma parcela de
um terreno desocupado desde o ano de 2013, disposto na altura do n°804 da rua Max
Colin. Como se pode observar, optou-se pela junção das áreas de dois lotes que estão
voltadas para esta faixa viária.
Points Gastronômicos: Max Colin
Entorno do Lote Escolhido: SIMGEO
A área correspondente ao lado direito da seleção em vermelho pertence ao lote de inscrição
imobiliária nº 13-20-32-06-0919, enquanto a área ao lado esquerdo, pertence ao lote nº
13-20-32-06-1065.
Raio de 500,0m
Como se observa,
as duas vias estão
próximas em um raio
de 500,0m e não
possuem separação
física espacial
significativa. A
proximidade dessas
centralidades
Gastronômicas é
fundamental para o
setor.
Centralidades Gastronômicos: Google My Maps
17
/// DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE INTERESSE ///
A Justificativa baseia-se, entre os fatores já citados, na atual característica destas duas
parcelas de lote. Enquanto o lote 13-20-32-06-0919, na esquina das ruas Max Colin e
Araquari, comporta uma edificação em ruína; o lote 13-20-32-06-1065 é categorizado
como baldio desde o ano de 2013, atualmente utilizado como estacionamento pelos
comerciantes do entorno imediato.
Ruína, Max Colin x Araquari, lote 13-20-32-06-0919 : Do Autor
Baldio, Max Colin lote 13-20-32-06-1065 : Do Autor
Como se observa, a junção das parcelas dos dois lotes cria um último lote, agora de esquina.
Considerando que a edificação em ruína será demolida, uma vez que resta dela apenas as
paredes que compõe seu perímetro, a cobertura já não existe.
Lote Resultante ESC.: 1:650 - Do Autor
As Características do lote resultante são as
seguintes:
• Área de 2528,0 m²
• testada de 58,16+7,86+34,93m,
• Largura de 63,42m, fundos de 40,11m
• Perímetro de 204,5m
• Totalmente na cota de elevação +5,0m
• Topografia plano
Quanto aos Índices Urbanísticos:
• Zoneamento AUAE AS-05
• Coeficiente de Aproveitamento 1,0
• Taxa de Ocupação máx. 60%
• Taxa de Permeabilidade 20%
• Gabarito máx. 9,0m
• Recuo Frontal 5,0m
• Afastamentos laterais e fundos 1,5m
18
/// DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE INTERESSE ///
A Nova Lei de Ordenamento Territorial descreve o zoneamento onde o lote está inserido
como:
Área urbana de adensamento especial (AUAE): regiões que não apresentam
predominantemente fragilidade ambiental, possuem boas condições de infraestrutura,
sistema viário estruturado, transporte coletivo, equipamentos públicos comprovadamente
capazes de absorver a quantidade de moradores desejada, mas que apresentam
predominância de características paisagísticas, históricas, e/ou de residências
unifamiliares, não sendo recomendáveis para o adensamento populacional pleno
Quanto aos Requisitos Urbanísticos para Uso do
Solo, a atividade de Alimentação é permitida,
desde que em Faixa Viária, até 100m em vias
perpendiculares à esta.
Apesar de os Índices Urbanísticos permitirem a
implantação de um empreendimento de grande
porte, de forma a aproveitar todo seu potencial, o
objetivo da edificação proposta está focado na
qualidade do ambiente de transição entre público
e privado, e não no simples e deliberado
aproveitamento total dos índices.
Clima
A área escolhida encontra-se em uma região classificada como predominantemente úmida
mesotérmica, com microclima classificado como super-úmido, apresentando umidade relativa
média anual de 76%. As temperaturas médias anuais ficam em torno de 21°C, com máximas de
32°C e mínimas de 11°C. Em sua face leste, o terreno ainda possui sua cobertura vegetal
original, do tipo floresta submontana. Conclui-se que a edificação será desenvolvida com a
preocupação quanto a integridade de sua estrutura sob a ação da umidade.
Incidência Solar e Eólica
A velocidade média dos
ventos predominantes na região
está na média de 10km/h,
variando sua orientação
conforme as mudanças de
temperatura das estações do
ano. No verão, predominam os
ventos Leste/Nordeste, no
inverno, os ventos Sul/sudeste.
A área encontra-se orientada,
em sua maior dimensão, no
sentido Leste-Oeste. Como está
no hemisfério sul, a face que
recebe maior parcela de luz
solar é a fachada norte, bem
como, na parte da tarde, a
fachada oeste. A graduação
mínima e máxima da trajetória
solar, de acordo com os
solstícios e equinócios, está
representada nas figuras abaixo.
19
Transporte Público, Circulação Pedonal e Ciclo viária
Quanto à cobertura de transporte público coletivo, há no entorno imediato quatro pontos de
parada, que ficam à curtas distâncias a pé, do local escolhido. Oito linhas alimentadoras
cobrem os pontos de parada na rua Max Colin, proporcionando tempo mínimo de espera de
10 minutos. A rua oferece também boa qualidade das circulações de pedestres no raio de
ação definido, com surpreendente continuidade dos níveis de calçadas.
A rua oferece também boa qualidade das circulações de pedestres no raio de ação definido,
com razoável continuidade dos níveis de calçadas. No binário as circulações apresentam boas
qualidades, com as devidas sinalizações instaladas. Há também, sistema de controle de
velocidade dos automóveis, onde a velocidade máxima permitida é de 60 km/h
/// DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE INTERESSE ///
Rua Timbó: Street ViewRua Max Colin: Street View
Tráfego
Com a conclusão das obras da rua Timbó, paralela imediata à Max Colin, o conjunto das
duas ruas passou a atuar como um Binário, no qual a rua Timbó segue em direção ao centro, e
a Max Colin no sentido bairro. Outro fator de relevante importância é a caracterização da
rua Max Colin como um eixo comercial e de serviços, com forte característica gastronômica.
O acesso ao lote selecionado poderá ocorrer convenientemente através da rua Araquari, e
com saída para a rua Max Colin.
O maiores fluxos ocorrem na rua Max Colin, caracterizada com uma via arterial, que distribui o
tráfego na direção centro-bairro, fato que promove boa visibilidade para o lote. Quanto ao
tráfego de veículos, a região pode apresentar transito lento nos horários de pico, podendo em
certos casos, congestionar a rua Max Colin em mais da metade de sua extensão, durante o
período entre às 17:30 e 19:00 horas
/// ENTORNO IMEDIATO ///
Em seu entorno imediato pode-se constatar a diversidade de categorias de uso e
ocupação do solo, apresentando edificações comerciais, gastronômicas, residenciais, de
serviço, institucionais, e de lazer e entretenimento.
Entre as edificações mais significativas destacam-se: Brothaus Pães & Doces, Parque Opa
Bier, Opa Boteco, Strilke 7, Sociedade Cultural Lírica, Garagem Opa Bier, Bezerro Grill, e o
Ginásio Ivan Rodrigues. Estas edificações possuem atividades voltadas para a gastronomia,
lazer e entretenimento, que contribuem para gerar um fluxo regular de pessoas, vindas de
vários locais da cidade em diferentes horários.
Há uma grande variedade de usos relacionados à comercio e serviços nesta faixa viária. As
edificações que comportam estas atividades possuem variadas proporções, desde pequenos
estabelecimentos instalados anteriormente à lei de recuo frontal, até pequenos centros
comerciais.
20
/// USOS NO ENTORNO IMEDIATO ///
O levantamento ao
lado apresenta as
manchas das
edificações dispostas
no raio de ação de
500,0m onde o lote
escolhido encontra-se
no centro. Além da
grande diversidade de
usos para o
atendimento de
pessoas, há também os
usos residenciais,
ocorrendo em sua
maioria, através de
casa térreas isoladas.
Grandes prédios
residenciais também
estão dispostos no
decorrer da rua,
representando grande
parte do consumo das
atividades ali
oferecidas. Esta
característica é
favorável uma vez que
pode oferecer um
regular fluxo de
consumo gastronômico
que será oferecido na
edificação.
• LOTE ESCOLHIDO
• RESIDENCIAL
• COMERCIAL
• SERVIÇOS
• INSTITUCIAL
• ENTRETENIMENTO
• DESOCUPADO
Usos no Entorno Imediato
ESC.: 1:3000
21
Quanto à Arquitetura, algumas edificações apresentam características marcantes, que podem
ser levadas em consideração na composição da proposta. A diversidade de modelos também é
ampla, poucas edificações apresentam estilos visivelmente definidos, são na maioria dos casos,
edificações pensadas para serem funcionais, através de uma estrutura com menor custo
possível. As edificações indicadas a seguir, apresentam certo apelo arquitetônico, uma vez que
atraem a atenção do observador através de suas formas não convencionais.
A - A Idelli Ambientes apresenta sua fachada com elementos modernos, em vidro e concreto. Com
efeito de estreitamento do frame externo da estrutura. A composição é atrativa e convidativa,
apresentando grande permeabilidade para o interior.
B - O prédio da AMUNESC é com certeza a edificação mais destoante da região. Como uma
“locomotiva” com ornamentos que remetem os galpões industriais, ela descansa com sua fachada
ovalizada voltada para a rua.
C - A edificação da atual concessionária Chevrolet, a Metronorte, apresenta a estética fabril
dos antigos galpões industriais da cidade de Joinville. A cobertura em estilo shed, é o elemento
de maior identificação, com sobreposições para captação de luz natural.
D - O centro veterinário Cães e Gatos apresenta uma estética similar à da proposta, ainda que
somente em sua fachada. As colunas distribuídas uniformemente, dão a leve impressão de
modulação. Sem uso evidente, o segundo nível da fachada tornou-se apenas uma circulação.
A
A
B
C
D
/// CONDICIONANTES PROJETUAIS ///
Quanto aos sistemas de segurança de prevenção e combate a incêndio, a regulamentação se
dá pelo órgão do Corpo de Bombeiros Voluntários De Joinville.
Quanto as leis de uso e ocupação de solo, são regulamentadas pela Secretaria de
Planejamento Urbano e Desenvolvimento Sustentável da cidade de Joinville. Recentemente a
regulamentação foi atualizada para a LEI COMPLEMENTAR Nº 470, de 09 de janeiro de 2017
que, redefine e institui os instrumentos de controle urbanístico.
Quanto a legislação pertinente às questões construtivas da edificação, são aplicadas as
instruções apresentadas no Código de Obras da cidade de Joinville, LEI Nº 667/1964.
Para elaboração das áreas gastronômicas foi consultado o Roteiro pra Implantação de
Restaurante popular.
Para as questões de circulação, foram consultadas as normas ABNT 9050 e 9077.
/// PROPOSTA ///
Diretrizes
A proposta de edificação para esta pesquisa nasceu primeiramente da inquietação
quanto aos métodos construtivos em voga no Brasil, o tijolo e a argamassa, uma vez que os
métodos construtivos modulares são mais eficientes.
Outra importante questão foi a sustentabilidade ambiental, diretamente relacionada com o
método construtivo, outra vez desfavorável nos métodos convencionais.
Posteriormente se buscou a integração da proposta com o setor gastronômico da cidade
de Joinville, procurando oferecer “mais”, entregando uma concepção que mesclasse
gastronomia e convivência.
Se propôs uma relação íntima com o entorno, para que a edificação se torna-se
convidativa, permeável e acessível, um rompimento gradual do público com o privado.
Se buscou ao máximo aproveitar a ventilação e iluminação naturais, manipulando os eixos
da edificação para a otimização destes fatores, uma vez que se optou por um edificação
térrea com subsolo.
Se busca a valorização da mão de obra e serviços tecnológicos de Joinville, e o
enriquecimento do setor gastronômico.
22
A
A
B
C
D
/// PROPOSTA ///
Conceito e Partido Arquitetônico
O Estar, a Refeição, e o descanso.
Quando se frequenta um restaurante ou quando se busca simplesmente um
local para realizar uma refeição, a maioria das pessoas encontra exata e
simplesmente isto, o momento da refeição em si, e nada mais, se segue para
as atividades no restante do dia.
Em contrapartida, quando se frequenta um bar ou pub, se espera uma
atmosfera compatível com a atividade.
A edificação proposta busca relacionar estas atividades, e integrá-las
com o momento de estar, da refeição, e o momento de conviver e
descansar. Não simplesmente se alimentar, e seguir seu caminho. O momento
ante o pós refeição pode ser um momento contemplativo, um momento
reservado, dando o real sentido a importância da refeição.
Restaurantes geralmente são edificações térreas, por uma questão de fluxos
e pela questão do convite, permeabilidade e acessibilidade, o “adentrar”
ao alcance dos olhos. Se busca neste estudo, um rompimento gradual do
público com o privado, onde uma praça realiza o convite à edificação
sem muros. Um local onde o usuário possa ter um momento reservado, não
das outras pessoas, mas das atividades alheias ao momento da refeição,
do estar, e do descanso.
A Modulação, Container Marítimo e o movimento das embarcações.
A modularidade da edificação por si só já a conceitua, o módulo metálico
é o sucessor do container, leia-se container marítimo. A homenagem é
natural, o conceito do módulo aqui utilizado está intrinsecamente relaciono
com o container marítimo. A referência ocorre nas sobreposições, nos
reflexos dos espelhos d’água, no modal de transporte marítimo, onde a
edificação descola-se do terreno, flutuando sobre os espelhos d’água e
ainda nos ângulos das embarcações e no design marítimo.
Oque? - Complexo Gastronômico e de Convivência. Para se encontrar,
estar, se alimentar e descansar à sombra de uma árvore, ou ao lado do
espelho d’água.
Onde? - Joinville, bairro América, predominantemente residencial, com via
arterial mesclada de comércio, serviços, gastronomia.
Para quem? - Para quem precisa se alimentar, e tirar proveito de um
ambiente de qualidade, antes e depois da refeição. Para quem gosta de
se encontrar em um lugar diferente, para quem quer simplesmente estar, sem
compromisso.
23
O Programa de necessidades para a edificação proposta baseou-se nas recomendações
do Roteiro para implantação de Restaurante Popular, que estabelece as condições e
configurações mínimas para projetos deste segmento, como segue a imagem abaixo.
/// PROPOSTA ///
Restaurante Popular
O Programa de necessidades proposto aborda, além dos itens citados, ambientes de
convivência e descanso, e bares que complementam as atividades da edificação em
diferentes turnos, bem como os setores eventuais e de apoio da edificação.
O Fluxograma a seguir apresenta os fluxos de clientes, entre térreo e subsolo.
O Fluxograma a seguir apresenta os fluxos de serviço, entre térreo e subsolo.
24
Estudo volumétrico e
Setorização
No ensaio volumétrico a
importância da orientação
dos eixos da edificação
já foi posta em prática,
considerando os fatores
ambientais como
ventilação, e a
visibilidade de quem
circula pela principal via
de acesso, Max Colin.
O recorte do terreno
para comportar o subsolo
foi pensado para que
integrasse também um
ambiente aberto,
semicoberto pela
projeção do pavimento
térreo.
O recorte do terreno foi
regido também pelo
conceito, onde a
edificação descola-se do
terreno.
Todo o complexo se dispôs
orientado na direção
nordeste, aproveitando
toda a testada do
terreno de esquina, como
se verá na implantação.
À área de
estacionamento e
circulação de veículos se
destinará os fundos do
lote, ao sul, buscando
romper com a tradicional
disposição usualmente à
frente das edificações
Quanto aos acessos, se
buscará um alinhamento
em cruz, paralelo ao eixo
nordeste do lote.
/// PROPOSTA ///
TÉRREO
SUBSOLO
RECORTE
TÉRREO +SUBSOLO
RECORTE
T+S+R
Setorização
no Subsolo
ESC.: 1:225
Setorização
no Térreo
ESC.: 1:225
• UNIDADES GASTRONÔMICAS
• REFEIÇÕES INTERNA
• LOUNGES/CONVIVÊNCIA
• APOIO
• REFEIÇÕES/CONVIVÊNCIA EXTERNA
• CIRCULAÇÕES VERTICAIS
• SANITÁRIOS/VESTIÁRIOS
Se definiu 7 setores principais, partindo das diretrizes e do
resultado do estudo volumétrico, como se vê na legenda ao lado. A
setorização apresentada busca gerar encontros através da
disposição das circulações e das unidades gastronômicas.
A setorização foi
regida também
pelos fluxos típicos
de estabelecimentos
gastronômicos
Perspectiva sem escala
Perspectiva sem escala
Perspectiva sem escala
25
/// IMPLANTAÇÃO ///
Implantação
ESC.: 1:200
Como se pode ver, toda a área de testada do lote é aproveitada comportando as
áreas de estar e de convivência externas, uma praça que envolve a edificação.
A transição do público com o privado passa despercebida. A calçada pública
invade os limites do lote, tornando-se uma extensão desta, preenchendo esta área
com equipamentos de permanência. A sombra da árvores sobre os bancos.
1-O estacionamento foi
locado aos fundos, para
não interferir no contato
da edificação com a
circulação nas calçadas
e na rua. A disposição
das vagas segue os eixos
do projeto.
2-Os eixos acompanham
o sentido natural do
campo de visão do
transeunte, no sentido
oeste. Quando este vê a
edificação como um todo,
se depara com a fachada
principal, nordeste,
voltada para si.
3-A cobertura vegetal foi
disposta protegendo a
fachada norte, que
recebe a maior parcela
de iluminação,
oferecendo também um
clima agradável às áreas
de convivência externas.
4-A modulação é visível
em toda a testada, os
módulos foram
sobrepostos, como se
estivessem “navegando”
no sentido nordeste. Os
jardins sob as árvores
complementam o
movimento como se fossem
marolas.
5-Os dois acessos
principais à edificação
ocorrem junto à esquina
das ruas Max Colin e
Araquari. A ponte de
acesso ao térreo fica ao
lado da escala para o
subsolo.
1
36-Na eventualidade de expansão, que se apropriará
da área de cobertura, a disposição dos novos
módulos será realizada por guindaste nesta área.
6
26
/// SUBSOLO ///
Subsolo
ESC.: 1:125
1-Na elaboração da planta de subsolo se buscou integrar a área de refeições
interna com o pátio externo, onda há uma atmosfera livre do ruído do trânsito,
com sombra proporcionada pela projeção do térreo, harmonizada com os
espelhos d’água e jardins. Para tal, não há paredes que separam estes dois
ambiente, apenas esquadrias com pé direito total, grandes aberturas para
proporcionar ventilação cruzada e permanente, uma vez que se trata de um
subsolo.
2-Os acessos foram dispostos cruzados, uma forma de proporcionar encontros,
uma vez que há 3 unidades gastronômicas no subsolo. O acesso ao térreo, pelo
interior do subsolo, é realizado através da escada do lounge, onde naturalmente
haverá a troca de olhares.
1
3
3
3
3-O subsolo e o térreo integram-se através de conexões verticais, rasgos nas modulações
permitem a troca de olhares entre os dois níveis.
4-Os sanitários dos clientes ficam reservados das outras atividades, e foram dimensionados para
comportar uma lotação de 100 pessoas no subsolo.
5-Como há uma unidade gastronômica com cocção independente, se fez necessária a instalação
de um duto para exaustão através de ventilação forçada.
4
5 Durante o dia, a unidade gastronômica do
restaurante leste demanda maior uso e
atividade. No período da noite, os bares,
que possuem a agradável característica de
estar no subsolo, regem os fluxos, ainda que
possam ocorrer usos simultâneos.
27
/// TÉRREO ///
Térreo
ESC.: 1:150
1-O acesso principal à edificação ocorre no térreo através de uma ponte,
remetendo ao marítimo. O transeunte que se aproxima sente a edificação solta do
terreno, mas só percebe o subsolo ao adentrar a área de convivência externa.
2-Assim como no subsolo, grandes aberturas preenchem a fachada ao alcance
imediato dos olhos, promovendo permeabilidade. A rua vê o que ocorre em seu
interior, que por sua vez, retribui.
3
2
3
33
3-As aberturas vistas
acima do observador no
subsolo, agora se
invertem, dando
continuidade aos
encontros.
4-O Acesso à edificação
através do
estacionamento é
centralizada, tanto na
disposição do próprio
acesso, quanto o
momento da edificação
que este revela.
5-Quem acessa o subsolo
tem a vívida a sensação
do que ocorre no térreo
enquanto desce as
escadas, sendo
provocado à acessá-lo,
agora através da escada
do lounge.
6-Apesar de segregado
pelas aberturas do
subsolo, as áreas de
convivência estão
imediatamente à vista
das alas de refeição.
7-A disposição dos
módulos nos sanitários
(3x7,5m) viabiliza a
eventualidade de
expansão, atuando como
módulos POD, sendo
replicados neste momento.
O mesmo ocorre com as
circulações verticais.
8-Os fluxos da principal
unidade gastronômica
ocorre conforme planta
de fluxos (prancha 10). 6
7
8
28
/// CORTES TRANSVERSAIS ///
Cortes
ESC.: 1:150
1-Os brises atuam de três maneiras: protegendo a fachada norte da maior parcela de luz;
gerando movimento e um convite ao subsolo; e remetendo as formas dos navios de containers.
2-As conexões verticais entre térreo e subsolo permitem ampla visibilidade dos pontos chave
das atividades da edificação.
3-Seguindo a tendência de se acompanhar o modo de preparo das refeições, as áreas de
cocção tornaram-se permeáveis aos olhos do usuário.
4-Da mesma forma, a sala de administração/nutrição, possui visão integral das atividades da
área de cocção.
1
5
2
4
3
2
5-Os equipamentos de estar das áreas de convivência externas estão combinadas
com o paisagismo, dispostos sempre que possível, abaixo da sombra da copa das
árvores.
6-No subsolo, a disposição do espelho d’água com os jardins, promove a sensação
de perspectiva, orientando os planos, para que não haja a sensação de
enclausuramento.
1
6
5
29
/// CORTES LONGITUDINAIS ///
Cortes
ESC.: 1:150
1-O reservatório de água comporta a improvável capacidade de 100 pessoas no térreo e 100
pessoas no subsolo, considerando o consumo de 25 litros por refeição. Dessa forma foi
estabelecido um reservatório de 5mil litros em Polietileno, uma vez que é um material mais leve.
2-Apenas 1 acesso, o oeste, não se relaciona imediatamente com o subsolo, recebendo um
ornamento no sentido contrário dos que ao subsolo convidam.
3-Quem circula pelas áreas de convivência externas possui visão tanto das atividades do
térreo quanto do subsolo, com mais intensidade para com este último, uma vez que possui um
pátio externo. O guarda-corpo exigido por lei, é convenientemente aproveitado no conceito
marítimo da edificação.
4-As circulações verticais internas, 1 de clientes e 1 de serviço, conectando as duas maiores
unidades gastronômicas, ocorre através escada balanceada, nos moldes da NBR-9077
1
2
3
4
5-As calhas de capação de água pluviais, nos níveis mais baixos, estão
estrategicamente posicionadas sobre o eixo das colunas estruturais dos módulos,
de forma à comportar no interior da própria estrutura, os tubos responsáveis pela
sua destinação.
6-As aberturas para as janelas dos sanitários do subsolo possuem contenção no
nível das circulações, e fundo permeável.
5
5
5
6
6-As aberturas para as janelas
dos sanitários do subsolo
possuem contenção no nível das
circulações, e fundo permeável.
30
/// FACHADAS ///
Fachadas
ESC.: 1:150
Os materiais e tecnologias definidas para o projeto integram-se com o
método construtivo. Como os módulos são metálicos, há flexibilidade e
liberdade na fixação dos componentes.
Os brises metálicos são compostos pelos mesmo materiais dos módulos,
tubos estruturais de seção quadrara. Os elementos filtrantes são os
mesmos materiais vistos no guarda-corpo, tubos SCH10s em inox,
diâmetro de 42,0mm agora pintados na cor cinza acetinado.
O complexo não tem restrições quanto ao público alvo, mas se busca,
através das cores, atrair a juventude e as tribos urbanas. O tom de
amarelo utilizado provoca emoções como alegria, estimulação, calor,
positividade e inovação, contrastando com os tons de cinza dos módulos
e da textura de concreto das placas cimentícias de revestimento externo.
As esquadrias em sistema Heiki permitem
abertura total, e foram definidas com
vidros transparentes, aproveitando a
luminosidade natural e revelando as
atividades do interior da edificação.
Para compor o paisagismo das áreas de
convivência externas, se optou pela
arvoreta Aroeira Salva (Schinus molle), uma
vez que é tipicamente utilizada em
arborização urbana. Possui ótima
adaptabilidade em diferentes climas,
produz eficiente sombra, e sua copa
atinge diâmetros de até 6 metros.
Nas calçadas se optou pelo
tradicional revestimento em paver.
Este, adentra o limite imaginário do
lote e se intercala gradualmente
com o piso das áreas de
convivência externas, em concreto
frisado, com formas que remetem a
sobreposição dos módulos.
Nas áreas de estacionamento, os
revestimentos escolhidos foram o paver,
para as circulações, e Pisograma para
as vagas, ambos sendo permeáveis.
Para o preenchimento de grama, se
optou pela tradicional grama
esmeralda (Zoysia japonica), a mesma
que compõe os jardins.
Nas áreas de circulação
do estacionamento foi
escolhido um piso em
concreto, com formato
quadrado, mas disposto
alternadamente, como as
formas dos módulos da
edificação.
Na estrutura, se utilizaram diferentes
modulações, partindo da seção de 3x3
metros, com diferentes comprimentos.
Resultando em 24un de 3m, 16un de 6m,
4un de 7m, 6un de 7,5m, 4un de 9m e 5un
de 12m, distribuídas em ambos níveis da
edificação.
31
/// DETALHES CONSTRUTIVOS ///
Detalhes
Construtivos
ESC.: 1:20
Brise
ESC.: 1:30
Estrutura
do módulo Drenagem
do subsolo
Calhas
Rufos
32
/// PERSPECTIVAS PRELIMINARES ///

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Conceitos e Estrutura - FAU-USP
Conceitos e Estrutura - FAU-USPConceitos e Estrutura - FAU-USP
Conceitos e Estrutura - FAU-USPRafael Kerst
 
TFG Complexo Cultural e Esportivo Grande Alvarenga
TFG Complexo Cultural e Esportivo Grande AlvarengaTFG Complexo Cultural e Esportivo Grande Alvarenga
TFG Complexo Cultural e Esportivo Grande AlvarengaIZIS PAIXÃO
 
Resenha: Escola Carioca - Yves Bruand
Resenha: Escola Carioca - Yves BruandResenha: Escola Carioca - Yves Bruand
Resenha: Escola Carioca - Yves BruandIZIS PAIXÃO
 
1. arquitetura e estrutura – uma introdução
1. arquitetura e estrutura – uma introdução1. arquitetura e estrutura – uma introdução
1. arquitetura e estrutura – uma introduçãoWillian De Sá
 
Arquitetura moderna e contemporanea parte 2
Arquitetura moderna e contemporanea parte 2Arquitetura moderna e contemporanea parte 2
Arquitetura moderna e contemporanea parte 2denise lugli
 
Visibilidade - base antropométrica
Visibilidade - base antropométricaVisibilidade - base antropométrica
Visibilidade - base antropométricaCarlos Elson Cunha
 
Apresentação Obra do Arquiteto paulistano Ruy Ohtake
Apresentação Obra do Arquiteto paulistano Ruy OhtakeApresentação Obra do Arquiteto paulistano Ruy Ohtake
Apresentação Obra do Arquiteto paulistano Ruy OhtakeLarZenArt Arquitetura
 
conforto ambiental acústico - arquitetura e urbanismo
conforto ambiental acústico - arquitetura e urbanismo conforto ambiental acústico - arquitetura e urbanismo
conforto ambiental acústico - arquitetura e urbanismo Karol Rosa
 
Concepção-estrutural e a arquitetura - Yopanan
Concepção-estrutural e a arquitetura - YopananConcepção-estrutural e a arquitetura - Yopanan
Concepção-estrutural e a arquitetura - YopananUrban Acabamentos
 
Le corbusier, história e importância da luz em suas obras
Le corbusier, história e importância da luz em suas obras Le corbusier, história e importância da luz em suas obras
Le corbusier, história e importância da luz em suas obras Vitória Soares
 
Artigo Tijolos e Alvenaria - no Âmbito da Construção Civil
Artigo   Tijolos e Alvenaria - no Âmbito da Construção CivilArtigo   Tijolos e Alvenaria - no Âmbito da Construção Civil
Artigo Tijolos e Alvenaria - no Âmbito da Construção CivilKleber Marcelo Carvalho .'.
 
Tony garnier e a cidade industrial
Tony garnier e a cidade industrialTony garnier e a cidade industrial
Tony garnier e a cidade industrialMarcia Rodrigues
 
Análise do terreno e do entorno urbano
Análise do terreno e do entorno urbanoAnálise do terreno e do entorno urbano
Análise do terreno e do entorno urbanoAna Leticia Cunha
 
Análise da forma na arquitetura
Análise da forma na arquiteturaAnálise da forma na arquitetura
Análise da forma na arquiteturaViviane Marques
 

Mais procurados (20)

Estudo preliminar
Estudo preliminarEstudo preliminar
Estudo preliminar
 
CAMILLO BOITO ESSENCIAL
CAMILLO BOITO ESSENCIALCAMILLO BOITO ESSENCIAL
CAMILLO BOITO ESSENCIAL
 
TFG - TCC - Projeto de Arquitetura - Roberto Bergamo - 2010
TFG -  TCC -  Projeto de Arquitetura -  Roberto Bergamo  - 2010TFG -  TCC -  Projeto de Arquitetura -  Roberto Bergamo  - 2010
TFG - TCC - Projeto de Arquitetura - Roberto Bergamo - 2010
 
Conceitos e Estrutura - FAU-USP
Conceitos e Estrutura - FAU-USPConceitos e Estrutura - FAU-USP
Conceitos e Estrutura - FAU-USP
 
TFG Complexo Cultural e Esportivo Grande Alvarenga
TFG Complexo Cultural e Esportivo Grande AlvarengaTFG Complexo Cultural e Esportivo Grande Alvarenga
TFG Complexo Cultural e Esportivo Grande Alvarenga
 
Resenha: Escola Carioca - Yves Bruand
Resenha: Escola Carioca - Yves BruandResenha: Escola Carioca - Yves Bruand
Resenha: Escola Carioca - Yves Bruand
 
1. arquitetura e estrutura – uma introdução
1. arquitetura e estrutura – uma introdução1. arquitetura e estrutura – uma introdução
1. arquitetura e estrutura – uma introdução
 
Arquitetura moderna e contemporanea parte 2
Arquitetura moderna e contemporanea parte 2Arquitetura moderna e contemporanea parte 2
Arquitetura moderna e contemporanea parte 2
 
Lina Bo Bardi Arquitetura
Lina Bo Bardi ArquiteturaLina Bo Bardi Arquitetura
Lina Bo Bardi Arquitetura
 
Visibilidade - base antropométrica
Visibilidade - base antropométricaVisibilidade - base antropométrica
Visibilidade - base antropométrica
 
Apresentação Obra do Arquiteto paulistano Ruy Ohtake
Apresentação Obra do Arquiteto paulistano Ruy OhtakeApresentação Obra do Arquiteto paulistano Ruy Ohtake
Apresentação Obra do Arquiteto paulistano Ruy Ohtake
 
conforto ambiental acústico - arquitetura e urbanismo
conforto ambiental acústico - arquitetura e urbanismo conforto ambiental acústico - arquitetura e urbanismo
conforto ambiental acústico - arquitetura e urbanismo
 
Viollet Le Duc
Viollet Le DucViollet Le Duc
Viollet Le Duc
 
Concepção-estrutural e a arquitetura - Yopanan
Concepção-estrutural e a arquitetura - YopananConcepção-estrutural e a arquitetura - Yopanan
Concepção-estrutural e a arquitetura - Yopanan
 
Le corbusier, história e importância da luz em suas obras
Le corbusier, história e importância da luz em suas obras Le corbusier, história e importância da luz em suas obras
Le corbusier, história e importância da luz em suas obras
 
Artigo Tijolos e Alvenaria - no Âmbito da Construção Civil
Artigo   Tijolos e Alvenaria - no Âmbito da Construção CivilArtigo   Tijolos e Alvenaria - no Âmbito da Construção Civil
Artigo Tijolos e Alvenaria - no Âmbito da Construção Civil
 
Tony garnier e a cidade industrial
Tony garnier e a cidade industrialTony garnier e a cidade industrial
Tony garnier e a cidade industrial
 
Análise do terreno e do entorno urbano
Análise do terreno e do entorno urbanoAnálise do terreno e do entorno urbano
Análise do terreno e do entorno urbano
 
Arquitetura do Ferro
Arquitetura do FerroArquitetura do Ferro
Arquitetura do Ferro
 
Análise da forma na arquitetura
Análise da forma na arquiteturaAnálise da forma na arquitetura
Análise da forma na arquitetura
 

Semelhante a Trabalho Final de Graduação - Arquitetura Modular - Caderno Resumo

Plano manut brasil
Plano manut brasilPlano manut brasil
Plano manut brasilhome
 
Plano de ensino desenho industrial2007.2
Plano de ensino desenho industrial2007.2Plano de ensino desenho industrial2007.2
Plano de ensino desenho industrial2007.2Radamés Rocha
 
Habitação social município de criciúma sc
Habitação social município de criciúma scHabitação social município de criciúma sc
Habitação social município de criciúma scBeto_di_Paula
 
perigosidade atipica-1.pdf
perigosidade atipica-1.pdfperigosidade atipica-1.pdf
perigosidade atipica-1.pdfmultiproj3ct4r
 
Dissertação mestrado bernardo antonio couto fortes
Dissertação mestrado bernardo antonio couto fortesDissertação mestrado bernardo antonio couto fortes
Dissertação mestrado bernardo antonio couto fortesBe Fortes
 
Dissertação (Mestrado)_Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil_Maria Zu...
Dissertação (Mestrado)_Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil_Maria Zu...Dissertação (Mestrado)_Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil_Maria Zu...
Dissertação (Mestrado)_Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil_Maria Zu...Zuila de Miranda
 
Construcao tradicional ecoambiental_-_aprovado_anq
Construcao tradicional ecoambiental_-_aprovado_anqConstrucao tradicional ecoambiental_-_aprovado_anq
Construcao tradicional ecoambiental_-_aprovado_anqafgonc
 
Parâmetros básicos de infra estrutura para instituições de educação infantil
Parâmetros básicos de infra estrutura para instituições de educação infantilParâmetros básicos de infra estrutura para instituições de educação infantil
Parâmetros básicos de infra estrutura para instituições de educação infantiladelitalf
 
aplicação da metodologia de projeto
aplicação da metodologia de projetoaplicação da metodologia de projeto
aplicação da metodologia de projetogsreis
 
A LOGÍSTICA DO CONCRETO USINADO - Da central dosadora à obra.
A LOGÍSTICA DO CONCRETO USINADO - Da central dosadora à obra.A LOGÍSTICA DO CONCRETO USINADO - Da central dosadora à obra.
A LOGÍSTICA DO CONCRETO USINADO - Da central dosadora à obra.Jean Paulo Mendes Alves
 
à Verificar ... diss estudo de métodos para caracterização de propriedades fí...
à Verificar ... diss estudo de métodos para caracterização de propriedades fí...à Verificar ... diss estudo de métodos para caracterização de propriedades fí...
à Verificar ... diss estudo de métodos para caracterização de propriedades fí...Petiano Camilo Bin
 
Benefício de Alvenaria Estrutural Quando Comparado com Estrutura Convencional...
Benefício de Alvenaria Estrutural Quando Comparado com Estrutura Convencional...Benefício de Alvenaria Estrutural Quando Comparado com Estrutura Convencional...
Benefício de Alvenaria Estrutural Quando Comparado com Estrutura Convencional...Toyota de Moçambique
 

Semelhante a Trabalho Final de Graduação - Arquitetura Modular - Caderno Resumo (20)

Gonzalez Pesquisa
Gonzalez PesquisaGonzalez Pesquisa
Gonzalez Pesquisa
 
acústica
acústicaacústica
acústica
 
Arq1333.ementa.2016.2.r01
Arq1333.ementa.2016.2.r01Arq1333.ementa.2016.2.r01
Arq1333.ementa.2016.2.r01
 
Plano manut brasil
Plano manut brasilPlano manut brasil
Plano manut brasil
 
Plano de ensino desenho industrial2007.2
Plano de ensino desenho industrial2007.2Plano de ensino desenho industrial2007.2
Plano de ensino desenho industrial2007.2
 
Habitação social município de criciúma sc
Habitação social município de criciúma scHabitação social município de criciúma sc
Habitação social município de criciúma sc
 
perigosidade atipica-1.pdf
perigosidade atipica-1.pdfperigosidade atipica-1.pdf
perigosidade atipica-1.pdf
 
000154693-1.pdf
000154693-1.pdf000154693-1.pdf
000154693-1.pdf
 
USP DEMOLIÇÃO
USP DEMOLIÇÃOUSP DEMOLIÇÃO
USP DEMOLIÇÃO
 
Dissertação mestrado bernardo antonio couto fortes
Dissertação mestrado bernardo antonio couto fortesDissertação mestrado bernardo antonio couto fortes
Dissertação mestrado bernardo antonio couto fortes
 
Dissertação (Mestrado)_Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil_Maria Zu...
Dissertação (Mestrado)_Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil_Maria Zu...Dissertação (Mestrado)_Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil_Maria Zu...
Dissertação (Mestrado)_Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil_Maria Zu...
 
Relatório PSM
Relatório PSMRelatório PSM
Relatório PSM
 
Construcao tradicional ecoambiental_-_aprovado_anq
Construcao tradicional ecoambiental_-_aprovado_anqConstrucao tradicional ecoambiental_-_aprovado_anq
Construcao tradicional ecoambiental_-_aprovado_anq
 
Parâmetros básicos de infra estrutura para instituições de educação infantil
Parâmetros básicos de infra estrutura para instituições de educação infantilParâmetros básicos de infra estrutura para instituições de educação infantil
Parâmetros básicos de infra estrutura para instituições de educação infantil
 
aplicação da metodologia de projeto
aplicação da metodologia de projetoaplicação da metodologia de projeto
aplicação da metodologia de projeto
 
A LOGÍSTICA DO CONCRETO USINADO - Da central dosadora à obra.
A LOGÍSTICA DO CONCRETO USINADO - Da central dosadora à obra.A LOGÍSTICA DO CONCRETO USINADO - Da central dosadora à obra.
A LOGÍSTICA DO CONCRETO USINADO - Da central dosadora à obra.
 
à Verificar ... diss estudo de métodos para caracterização de propriedades fí...
à Verificar ... diss estudo de métodos para caracterização de propriedades fí...à Verificar ... diss estudo de métodos para caracterização de propriedades fí...
à Verificar ... diss estudo de métodos para caracterização de propriedades fí...
 
A1545
A1545A1545
A1545
 
Revista concreto 49
Revista concreto 49Revista concreto 49
Revista concreto 49
 
Benefício de Alvenaria Estrutural Quando Comparado com Estrutura Convencional...
Benefício de Alvenaria Estrutural Quando Comparado com Estrutura Convencional...Benefício de Alvenaria Estrutural Quando Comparado com Estrutura Convencional...
Benefício de Alvenaria Estrutural Quando Comparado com Estrutura Convencional...
 

Trabalho Final de Graduação - Arquitetura Modular - Caderno Resumo

  • 1. 0 UNIVERSIDADE DA REGIÃO DE JOINVILLE - UNIVILLE A R Q U I T E T U R A M O D U L A R UM COMPLEXO GASTRONÔMICO E DE CONVIVÊNCIA acadêmico: orientação: BRUNO BRAZ Prof. Msc. JOÃO BARBA NETO Joinville SC, novembro de 2017 TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – 2° ETAPA
  • 2. 1 BRAZ, BRUNO. Arquitetura Modular: Um Complexo Gastronômico e de Convivência. [Monografia] Joinville: Universidade da Região de Joinville – Univille, 2017. RESUMO Este trabalho apresenta o histórico da utilização da Arquitetura Industrializada, especificamente da Arquitetura Modular, aplicada em edificações. Através de revisão bibliográfica e análise de estudos de caso, evidencia a eficiência dos métodos construtivos modulares perante os métodos convencionais, principalmente no quesito sustentabilidade. A produção arquitetônica desta pesquisa visa evidenciar e fomentar a utilização de sistemas modulares no Brasil, onde ainda predomina o tijolo e argamassa. Para tal, se utiliza técnicas, conceitos e propriedades necessárias, pertinentes a Arquitetura e Urbanismo. Palavras-chave: Arquitetura Modular – Módulos Container - Sustentabilidade BRAZ, BRUNO. Modular Architecture: A Gastronomic and Coexistence Complex. [Monograph] Joinville: Universidade da Região de Joinville – Univille, 2017. ABSTRACT This work presents the history of the use of Industrialized Architecture, specifically of Modular Architecture, applied in buildings. Through bibliographic review and analysis of case studies, it shows the efficiency of the modular constructive methods before conventional methods, mainly in the sustainability question. The architectural production of this research aims to highlight and promote the use of modular systems in Brazil, where bricks and mortar still predominate. For this, it uses techniques, concepts and necessary properties, pertinent to Architecture and Urbanism. Key words: Modular Architecture - Container Modules - Sustainability /// ARQUITETURA MODULAR /// UM COMPLEXO GASTRONÔMICO E DE CONVIVÊNCIA Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade da Região de Joinville – Univille, como requisito final para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientador: Prof. Msc. João Barba Neto Joinville – SC 2017 Dedico este trabalho a todos que cooperaram direta e indiretamente para sua conclusão, e a todos que dele puderem tirar proveito para o enriquecimento da Arquitetura. AGRADECIMENTOS A caminhada até este momento é longa e árdua. A presença e apoio de algumas pessoas é fundamental, durante este trajeto. Agradeço imensamente a minha esposa Josiane Braz, pela compreensão aos momentos de ausência durante o desenvolvimento deste trabalho, bem como os momentos de manifestações de stress, devidamente por você apartados, além dos 5 esforçados anos de faculdade, vencidos juntos. Obrigado! A todos os docentes do curso de Arquitetura e Urbanismo da Univille, que em todos os momentos, até nos puxões de orelha, evidenciavam a mensagem do aprendizado, em primeiro lugar. Também àqueles que não entregavam o ouro, incentivando o acadêmico à caminhar por conta própria. Em especial, ao professor Naum Alves de Santana, por sempre me inspirar, e meu orientador, que plantou a semente deste resultado. Aos colegas de turma que compartilharam tantos momentos de esforço, diversão e satisfação. Aprendendo juntos o real significado do termo dead line, e compartilhando atividades enriquecedoras tanto para a graduação em Arquitetura e Urbanismo, quanto pela edificação (sem gracinha) da própria persona. Por fim, ao Grande Arquiteto do Universo.
  • 3. 2 INTRODUÇÃO /// CONTEXTUALIZAÇÃO /// JUSTIFICATIVA A Arquitetura Modular é o principal tema desta pesquisa, onde o objetivo final é a elaboração de anteprojeto de um Complexo Gastronômico e de Convivência. Construções modulares ainda não representam um significativa parcela dos métodos construtivos utilizados no Brasil, apesar da sua inegável eficiência. Entende-se por Construções Modulares aquelas concebidas total ou parcialmente fora do local da obra, através de processos industrializados. O Container Marítimo foi inicialmente a primeira opção estrutural para a composição desta pesquisa, mas foi descartado frente suas limitações técnicas e ergonômicas. Containers marítimos não foram concebidos para a escala humana e não oferecem conforto térmico e acústico adequados, necessitam ainda de reformas, pois são descartados somente quando deixam de oferecer condições mínimas exigidas no transporte marítimo, requerem vistorias e emissão de laudos de higienização e descontaminação, que permitam sua reutilização em construções. Para fins arquitetônicos, onde haverá fluxo regular de pessoas, o que exige confiabilidade e segurança, deve se utilizar módulos de estrutura metálica, similares ao container, onde os materiais utilizados são necessariamente novos e a estrutura final é originalmente concebida para este fim, como será apresentado nesta pesquisa O método construtivo modular pode ser favorável no aspecto de eficiência energética e ambiental das construções, e certamente, procura trazer a construção de edifícios para uma base mais sofisticada. O pensamento mais nobre da sustentabilidade é satisfazer as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer as suas próprias necessidades. Na Arquitetura, a utilização de métodos construtivos mais sofisticados pode promover a redução da produção de resíduos de construção. Em comparação com os métodos de construção convencionais vigentes no Brasil, o tijolo e a argamassa, sistemas modulares se sobressaem no quesito geral de tempo, eficiência e economia, e seu potencial deve ser aproveitado para favorecer as necessidades humanas quanto aos ambientes construídos A edificação abordada nesta pesquisa trará as funcionalidades da arquitetura modular aliada, convenientemente, a dois principais fatores presentes na cidade de Joinville: • Atividade Gastronômica - Uma vez que é um setor característico e celebrado anualmente através do festival gastronômico da cidade, regido pela Câmara Setorial de Gastronomia e Entretenimento, possuindo vários sub-eventos de gastronomia celebrados em diferentes épocas do ano. • Setor Metal-Mecânico – A cidade é um dos grandes polos industriais do sul do Brasil, com o qual grandes investidores estrangeiros buscam parcerias, visto a significativa oferta e qualidade dos serviços. O segmento de caldeiraria, comportaria com técnica e eficiência a demanda pela fabricação das unidades abordados nesta pesquisa, módulos metálicos abertos enrijecidos. OBJETIVOS /// METODOLOGIA Dessa forma, o objetivo geral desta pesquisa visa integrar uma edificação de Arquitetura Modular de atividade Gastronômica e de Convivência na cidade de Joinville – SC. Para tal, os objetivos específicos para o desenvolvimento do TCC1 foram previamente definidos: • Estudar o histórico da arquitetura industrializada; • Aprofundar os conhecimentos dos métodos de aplicações dos sistemas modulares na Arquitetura; • Investigar estudos de caso relacionados; Delimitação do Tema e Procedimentos: Serão estudados e compreendidos os sistemas das construções modulares, bem como os métodos projetuais que os são característicos. Em seguida serão investigados estudos de caso relacionados ao tema, de forma a fundamentar a escolha adequada das particularidades arquitetônicas da edificação que será concebida. Posteriormente serão investigadas as legislações vigentes aplicáveis a edificações que comportam atividades gastronômicas, bem como as normas de segurança que as englobam. Seguindo, será escolhido um lugar para a implantação condizente com a atividade exercida na edificação, e que ofereça fatores que promovam seu sucesso. Por fim, será concebido um estudo volumétrico prévio que norteie o desenvolvimento do projeto seguinte, representando o teor dos itens supracitados, de acordo com os pensamentos e anseios da Arquitetura no contexto atual. A fim de atingir os objetivos determinados para este trabalho, será necessário seguir diversos procedimentos e técnicas. Inicialmente, será realizada revisão bibliográfica, com leituras e fichamentos de arquivos físicos e virtuais, a fim de compreender a origem e desenvolvimento da utilização de sistemas modulares na arquitetura. Na continuidade, será feita nova pesquisa bibliográfica que possibilite a análise de estudos de caso das edificações comerciais e seus programas de necessidade, bem como das características dos locais onde estão instaladas. Por fim, para a etapa de concepção volumétrica, serão recordados os ensinamentos aprendidos em sala, relacionados com as pesquisas anteriores, referentes à projeto arquitetônico. • Escolher e avaliar um lugar para implantação; • Pesquisar as legislações vigentes, as condicionantes projetuais e normas de segurança; • Propor estudo de apropriação do lote, apresentando volumetria
  • 4. 3 /// A ORIGEM DA ARQUITETURA PRÉ-FABRICADA /// O conceito de Arquitetura pré-fabricada, precursora da arquitetura modular teve início entre os séculos XVI e XVII, durante as grandes navegações de colonização Britânicas, com a criação da placa weatherboard para revestimento de abrigos rápidos. Tão logo desenvolveu-se, ainda na Grã Bretanha, um resquício de construção em woodframe, feita com postes ranhurados, piso em placas e cobertura treliçada, todos em madeira pré-fabricada. Esta iniciativa favoreceu e engrenou as colonizações Britânicas até o século XIX, sendo ainda a estrutura precursora do posterior sistema pré-fabricado americano, o Balloon Frame, muito difundido no Oeste deste país Outra contribuição que surgiu do movimento colonial britânico foi o emprego da do ferro na construção de edifícios. Componentes como vergas, janelas, colunas, vigas e treliças foram produzidos em fundições e acabados em oficinas. Os componentes eram trazidos para o local de trabalho e montados em sistemas de estrutura e fechamento. O conceito foi muito explorado na Grande Exposição de 1851 na Inglaterra, onde exclusivamente para esta, foi concebido o Palácio de Cristal, estrutura pré-fabricada com elementos repetitivos em ferro O grande salto do movimento da pré- fabricação foi a adaptação dos fechamentos em painéis metálicos ondulados, que proporcionavam uma estrutura autoportante, leve e resistente, além de facilmente transportável e manipulável por menor e menos especializada mão de obra. Surge então o conceito de construção efêmera ou temporária Nos anos de 1800, com a Corrida do Ouro americana, estima-se que 500 kits de abrigos em metal ondulado foram enviados da Inglaterra para a cidade americana de São Francisco. A difusão deste elemento alcançou desde a concepção de abrigos personalizados, e sob encomenda através de revistas, até abrigos e alojamentos portáteis militares, utilizados na 1° e 2° Guerra. Posteriormente, mas não diferente, a compra de casas pré-fabricadas sob encomenda continua. Com a vinda do progresso da indústria, as construções americanas pré- fabricadas em madeira, Balloon Frame, adquirem nova característica, passando a ser construídas com metal leve no lugar de madeira, surge então o conceito de Steel Framing e Light Steel Framing Palácio de cristal Coalbrookdale Bridge Alojamento portátil 2° guerra mundial
  • 5. 4 /// INDUSTRIALIZAÇÃO /// As inovações ficavam a cargo das novas companhias que entenderam o advento da produção em massa alinhado à construção de edificações. Elas acreditavam que casas e edifícios poderiam ser solicitadas por encomenda através de catálogos. Catálogo da Aladdin Homes em 1906 O conceito de produção em massa, criado por Ford, foi logo adaptado às construções pré-fabricadas, onde as peças eram fabricadas e montadas em linha de produção. Em certos casos, as mesmas peças proporcionavam diferentes tipos de concepções arquitetônicas, por serem padronizadas para este método específico. Este período serviu para testar a eficiência da produção em massa do Fordismo. Frente aos fatos, as edificações pré-fabricadas posteriores adotaram novo modelo estético, rompendo com as tradições do passado e valorizando a forma resultante do processo de fabricação, este modelo foi chamado de Habitação Pós-guerra. Na tentativa de trazer processos fabris para o canteiro de obras, algumas empresas aliaram- se e produziram bairros inteiros de casas pré-fabricadas, porém, todas eram unicamente similares, sem apelo arquitetônico, ou conforto térmico acústico adequados Casa modelo Design Industrial Na Califórnia, o Arquitetp Joseph Eichler desenvolveu um método sistematizado para a construção no próprio canteiro de obras, e preocupou-se principalmente com o apelo estético e arquitetônico de suas concepções, para tal contratou arquitetos na costa oeste americana para projetar modelos com amplas aberturas em vidro e diferentes modulações internas Este foi um marco para a produção de edificações pré-fabricadas, onde, pela primeira vez, uma edificação com estética moderna e significativo apelo arquitetônico era construída mais rapidamente e à menor custo do que as edificações convencionais. Casa modular de Joseph Eichler
  • 6. 5 /// PRÉ-FABRICAÇÃO NA MODERNIDADE /// Na Europa, Walter Gropius pensava a Arquitetura através de dois ideais principais: industrialização e igualdade social. Influenciado por Behrens, criou uma arquitetura que expressava função absoluta, e em 1919, fundou a escola de design Bauhaus, cuja missão central era a produção industrial. Seu interesse em pré-fabricação era implícito, aproveitando a tecnologia de fabricação offsite para reduzir o custo das habitações. Em uma colaboração, Gropius e Konrad Wachsmann produziram, talvez, a contribuição mais conhecida para o pensamento da arquitetura pré-fabricada; A "Casa empacotada" em massa, projetada para o mercado americano como uma proposta de habitação em tempos de guerra. A parecia dos dois parecia ser a combinação perfeita para produzir um produto tão necessário para a indústria da habitação durante e após a guerra. Em 1942, a equipe projetou um sistema de painéis usando um conector patenteado de quatro vias desenvolvido por Wachsmann. Todos os componentes das casas foram produzidos em fábrica e seriam montados no local Gropius tornou-se pai do modernismo e teve grande influência na cultura da arquitetura. A mensagem deixada era de que arquitetos poderiam projetar desde a concepção até a produção, da mesma forma que Brunelleschi, séculos antes Gropius e Konrad Wachsmann As contribuições da Mies para a pré-fabricação não estão no desenvolvimento de novas tecnologias ou elementos modulares, mas sim na integração da estética moderna na aceitação social, através da torre de aço e vidro. A sensibilidade estética dos pavilhões de Mies em Barcelona e Farnsworth House em Illinois são, em muitos aspectos, a encarnação do minimalismo que encontrou ressurgimento na arquitetura residencial, no final do século XX e início do século XXI. Hoje, muitas casas pré-fabricadas concebidas por arquitetos são modernas pela implementação de materiais simples, linhas limpas e alto nível de transparência. A influência de Mies na compreensão e expressão da arquitetura, especialmente na pré-fabricação, continua tendo significativo impacto Já Corbusier, não necessariamente abraçava os métodos pré- fabricados, mas acreditava que o arquiteto poderia criar um sistema de construção baseado em racionalização através da padronização. A Citrohan House ligou o início dos cinco pontos da arquitetura de Le Corbusier, incluindo The Domino, esqueleto de concreto que possibilitava liberdade na locação de paredes. Janelas, portas e brises pré- fabricados cobriam usualmente em seus edifícios. The Domino Farnsworth House
  • 7. 6 /// PRÉ-FABRICAÇÃO NA MODERNIDADE /// Frank Lloyd Wright era extremamente cético quanto à pré-fabricação, pois achava que ela não oferecia qualidades táteis, e questionava ainda a real autoria do projeto, considerando que os elementos já eram pré-definidos. Entretanto estava avançado em suas ideias de que através da pré-fabricação, edifícios poderiam se estender tornando-se organismos vivos. O arquiteto ainda experimentou modelos em madeira e metal, baseados no Balloon Framing, posteriormente criando o protótipo Usonian, com intuito de que fossem construções economicamente acessíveis. Entretanto foram insucessos consecutivos, pois Wright não abria mão de seus minuciosos detalhes arquitetônicos feitos à mão, possíveis apenas com emprego de métodos convencionais, o que tornava suas concepções extremamente caras e inacessíveis para a população geral. Ainda que os designers Buckminster Fuller e Jean Prouvé não tenham recebido instrução como arquitetos, sua influência na arquitetura pré-fabricada é altamente considerada. Em 1928, Fuller patenteou a módulo Dymaxion, um trailer com estética de aeronaves, com sistema estrutural de cabos. Mais tarde, em 1936 projetou uma unidade de banheiro pré-fabricada para este. No ano de 1944, Fuller consolidou sua reputação por seus projetos inovadores em habitação pré-fabricada produzida em massa, impulsionando-o à fabricação da casa Wichita. O arquiteto ainda experimentou modelos em madeira e metal, baseados no Balloon Framing, criando o protótipo Usonian, com intuito de que fossem construções economicamente acessíveis. Entretanto foram insucessos consecutivos, pois Wright não abria mão da minúcia nos detalhes arquitetônicos, realizados apenas através de métodos convencionais, o que tornava suas concepções extremamente caras e inacessíveis para a população geral.Usonian Homes A casa Wichita foi um sucesso, sendo fabricada com os mesmos materiais de aeronaves, chapas de alumínio fixadas com rebites, o que lhe proporcionava ótima aerodinâmica e ventilação. A divisão da casa era em formato de torta, onde o centro era a recepção e circulação principal, e os cômodos estavam ao seu redor. O peso total da casa era de 2720 quilos, lhe proporcionando fácil transporte, em apenas um caminhão, podendo ser montada em apenas um dia. Prouve projetou e fabricou abrigos de suprimentos militares para os franceses e depois produziu suas habitações para o período do pós-guerra, todos pré-fabricados leves e facilmente erguidos, usados como uma solução de habitação temporária. Seus projetos possuíam estrutura de aço formada a frio e telhados de madeira com painéis de preenchimento, como nas 25 casas experimentais que foram erguidas em um subúrbio perto de Paris, conhecidas como casas Meudon. No programa Case Study House, casas foram projetadas, com elementos estruturais pré- fabricadas e com painéis de preenchimento, por arquitetos como Richard Neutra, Craig Ellwood, Raphael Soriano e Pierre Koenig, onde ocorreu a personificação da pré-fabricação, explicitamente na House 8, do casal de arquitetos Charles e Ray Eames, que eram visivelmente interessados na arquitetura influenciada pelo design moderno. Casa Wichita House 8 Casas Meudon
  • 8. 7 /// PRÉ-FABRICAÇÃO NA MODERNIDADE/// Na World Expo de 1967, Moshie Safdie, teve seu primeiro projeto construído, The Habitat, onde 158 casas foram montadas a partir de 354 unidades modulares. Haviam 18 tipos de módulos em concreto pré-fabricado reforçado. Os módulos foram empilhados sobrepostos, formando vazios entre eles, utilizados como jardins decks ao ar livre. A década de 1960 trouxe os “Metabolistas” japoneses, utilizando sistemas modulares em que as unidades eram conectadas a um núcleo estrutural e de serviços. O projeto de maior repercussão foi a Nakagin Capsule Tower (figura 22), concebida pelo arquiteto Kurokawa, acreditando que os módulos poderiam ser extraídos tão facilmente quanto eram conectados, quando houvessem mudanças dos proprietários ou grandes reformas internas. Ironicamente, nenhuma unidade modular foi removida até hoje e, se fosse o caso, novos módulos teriam de ser fabricados, atualizando os sistemas de ancoragem, hoje defasados. O investimento inicial para erguer seu núcleo estrutural em aço superou e muito os investimentos necessários de um mesmo edifício com sistema construtivo convencional The Habitat Nakagin Capsule Tower Considerações: Seguindo os acontecimentos históricos do emprego de sistemas modulares na Arquitetura Industrializada, entende-se que houveram sucessos e insucessos, e que ambos são necessários para a plena evolução deste sistema. O sistema é característico de países desenvolvidos, mas uma vez que a indústria brasileira vem se desenvolvendo, se faz necessária a reflexão e o amadurecimento para utilização de métodos construtivos sustentáveis e eficazes. A eficácia dos métodos construtivos industrializados modulares nos países desenvolvidos deve ser gradualmente adotada no Brasil. As preocupações quanto as questões ambientais já atingiram grau de amadurecimento suficiente, em grande parte dos países da Europa, fazendo-os adotar sistemas construtivos que degradam menos o meio ambiente, são mais eficientes e otimizam as construções.
  • 9. 8 A Construção Modular tornou-se uma técnica empregada principalmente para se conseguir redução de custos, melhor qualidade de projeto, e menor tempo de construção, sendo utilizada regularmente como método padrão em alguns países. O Modular Building Institute (MBI) define construção modular como uma demanda de projeto offsite, usada para construir edificações regulamentadas em um sistema de qualidade controlada, em menos tempo e com menor desperdício de materiais. O Módulo é uma unidade de montagem padronizada podendo ter diferentes tamanhos e níveis de acabamento, sendo que unidades maiores podem, ao mesmo tempo que restringem a flexibilidade volumétrica da edificação, oferecer grande nível de acabamento final, o oposto das unidades menores. As grandes produtoras de unidades modulares categorizam em residencial e comercial os tipos de módulos fabricados, sendo os residenciais, divididos em efêmeros ou permanentes, e ambos feitos em metal, madeira, concreto ou polímeros. Não há restrições quanto à finalidade das edificações, somente questões quanto a sua engenharia estrutural, no caso de grandes edifícios. Os módulos em madeira são geralmente utilizados em edificações residenciais, através de unidades pequenas. Devido à grande densidade do material, os módulos se tornariam muito pesados, prejudicando tanto as etapas de fabricação e transporte, quanto as de montagem em loco, sendo o gabarito máximo de 3 níveis, para este material. A madeira aplicada na Arquitetura oferece inúmeras qualidades, destacando-se primeiramente as de estética, durabilidade, conforto, versatilidade trabalhabilidade. Outro importante fator que favorece sua utilização é da sustentabilidade, de forma que se gasta menos energia de produção, para se obter a matéria prima da madeira, do que em outros elementos construtivos, como o aço ou o concreto. Nas construções modulares, o emprego da madeira se dá através de seu frame ou módulo estrutural, de fechamentos ou módulos de parede, e ainda por meio da combinação dos dois, gerando grandes módulos já finalizados e prontos para locação na edificação. Uma das empresas pioneiras na compatibilização da madeira aos sistemas modulares é a portuguesa Modular System. Suas unidades modulares são versáteis e adaptáveis em outros projetos, sem que haja grandes alterações. No projeto House In Touril, em Santiago do Cacém, tanto seu frame estrutural quanto fechamentos foram concebidos com o mesmo perfil, minimizando gastos e tempo de produção, ao mesmo tempo que descarta a utilização de isolamentos termo acústicos. /// ARQUITETURA MODULAR /// /// MÓDULOS DE MADEIRA /// House In Touril
  • 10. 9 Módulos metálicos são geralmente estruturas fabricados em vigas ou perfis tubulares em aço, com reforços e fechamentos também em metal. Seu formato é convenientemente cúbico ou retangular. Há três tipos básicos de módulos metálicos: /// MÓDULOS DE CONTAINER MARÍTIMO /// As facilidades que o Container proporcionou ao transporte de cargas pelo globo, o tornou o elemento mais utilizado para tal, como consequência, cerca de 125 mil Containers abandonados atualmente obstruem os portos britânicos e quase 700 mil nos portos dos estados unidos. Este fato revela a importância da sua reutilização, e uma das destinações mais recorrentes é seu emprego na Arquitetura. O Container revelou-se ideal para a Arquitetura pré-fabricada, pois pode ser transportado através de diferentes modais, por meio de seu característico chassi empilhável. Em média, Containers simples usados podem custar de 3 mil a 5 mil reais, mas os preços variam de acordo com a localidade e a integridade da unidade no momento da aquisição. Container são elementos muito versáteis, possuindo vários tipos e modelos de acordo com a carga que transportaram em sua utilização, outro fator que determina seu valor de compra Desvantagens: • A manipulação estrutural do Container pode propriedades às quais foi concebido. • Suas dimensões não foram concebidas para a escala humana • Sua estrutura em aço promove alta condutibilidade térmica. • O aço também favorece a transmissão de ruídos • Restrição na distribuição das instalações de serviço, como elétrica, hidráulica e esgoto. • Sua instalação necessita grandes áreas de manobra. Ainda que Containers possuam tais desvantagens, seu uso em construções tem evoluído consideravelmente, principalmente quando um dos objetivos da obra é a sustentabilidade. Sua utilização passou de experimental à viável na Arquitetura, como demonstra o projeto Container City. Container City /// MÓDULOS METÁLICOS /// • Módulos fechados: Além de seu frame, as paredes também possuem função estrutural • Módulos (total ou parcialmente) abertos: Todas as funções estruturais são concentradas nos frames, os fechamentos possuem maior flexibilidade. • Pods (não empilháveis): Geralmente unidades padrão com funções de serviço, podem ser adicionados ou removidos da edificação principal, sem comprometer sua estrutura. Estas três formas construtivas são utilizadas de acordo com a demanda de aplicação, e conforme a disposição das células da edificação principal. Os módulos fechados, por exemplo, podem compor um pavimento tipo de dormitórios de um hotel, enquanto módulos abertos podem fornecem amplos espaços para uma grande recepção Os módulos total ou parcialmente abertos tendem à ser estruturas mais resistentes aos módulos fechados. O fato deve-se à sua concepção, com colunas feitas em perfis tubulares quadrados, laminados à frio. Os vãos entre as colunas, em seu comprimento, variam de 6 a 12 metros, sendo que as seções podem variar de 15 a 35 centímetros, tanto em altura quanto em largura Módulo fechado Módulo aberto Devido às grandes seções das vigas, os espaços gerados entre pisos e forros são amplos, possibilitando boa área para locação das instalações de serviço, como elétrica, hidráulica e refrigeração. Colunas intermediárias podem ainda ser adicionadas entre as principais, para fins de transporte, ou para projetos específicos onde as seções das vigas devem ser menores. Os módulos abertos podem ser fabricados ainda como uma armação rígida completamente soldada, com perfis tubulares quadrados. Este método construtivo proporciona o emprego de janelas com pé-direito total, bem como melhores alinhamentos de suas faces, consequentemente, acabamentos mais eficientes e fachadas mais harmoniosas.
  • 11. 10 /// REFERÊNCIAS PROJETUAIS ///Boxpark Croydon Localizado na George Street 99 - Croydon, Londres – Reino Unido, é um complexo que se desenvolve junto à praça de uso misto Ruskin Square, e ao lado da estação East Croydon, realizando a conexão entre estes com eventos gratuitos, e atividades comerciais e gastronômicas. O design proposto pelo escritório de Arquitetura BDP, cria um salão comercial semifechado, portanto, há um foco em seu núcleo, com as unidades dispostas em seu torno, bem como espaços de terraço ao ar livre. Contribuição: O Boxpark Croydon foi selecionado como estudo de caso devido suas características comerciais. A edificação como um todo encontra-se em um ponto nodal de grande fluxo, gerado pela estação de trem, sendo uma edificação predominantemente térrea. O Container é evidentemente o principal elemento do partido arquitetônico, combinado com grandes decks e lounges em madeira. Sua modularização é visivelmente geometrizada, buscando eficiência e economia. Conforme se vê na planta de térreo, para cada 5 unidades de restaurante há uma unidade de serviço, com espaços de preparo e armazenamento de alimentos, gerando combinações de 6 unidades, somando170 m². Para os banheiros se dedicou uma área de aproximadamente 55 m², enquanto os escritórios e atividades administrativas ocupam 85 m². A mudança de nível entre o acesso e a estação Dingwall Road possibilita o acesso de pessoas por múltiplas entradas e níveis, gerando uma provocação espacial e movimento pelos fluxos da estação. Foram utilizados ao todo 96 Containers e toda a montagem se deu como um grande quebra-cabeça 3D. Devido ao empilhamento não regular dos Container, as colunas para absorver cargas eventuais foram adicionadas às unidades inferiores. A praça de alimentação no pavimento térreo, ocupa uma área de aproximadamente 625 m², enquanto as superiores distribuem-se juntas em 340 m². Nos fundos, duas unidades recebem suprimentos para posterior distribuição. No programa de necessidades, há setores e fluxos típicos de restaurantes, como docas de carga e descara, estoques alimentícios, câmaras refrigeradas de higienização e preparo, grandes áreas de circulação, e praças de alimentação.
  • 12. 11 /// REFERÊNCIAS PROJETUAIS ///LOT-EK: Escola Aberta da APAP (Anyang Public Art Project OpenSchool) A Open School APAP Seul, é uma estrutura em contêineres concebida como espaço aberto, posicionada à beira do rio local, para incentivar o espaço recreativo da orla e permitir que os usuários sejam visitantes, espectadores e atores da edificação. O espaço foi concebido utilizando 8 Containers, rotacionados à 45 graus, formando uma grande flecha, apoiada em pilotis, 3 metros sobre a margem do rio. Abaixo da edificação estrategicamente segue uma grande circulação de pedestres, passando pela área de encontros, ambientes de repouso, contemplação e reuniões. A sombra produzida pelos Containers gera no espaço um microclima agradável, tirando proveito também da topografia, que gera um anfiteatro público, com vista da orla do rio. O acesso é convidativo, através de um Container inclinado. Em seu ponto mais alto há outra área de contemplação e apresentações, com espaços de socializações para a comunidade. No primeiro pavimento, artistas residentes possuem dois ateliês à sua disposição, voltados para a área de exposições. Próximo ao acesso principal, há uma parede sólida com várias furações em diferentes níveis, que proporcionam uma breve espiada da paisagem. O encaixe em 45 graus dos Containers permite ótima ventilações cruzada, através das bandeiras instaladas em suas faces menores. O terraço conta com acesso através de Container inclinado, gerando expectativa ao observador, que ao acessá-lo, é imediatamente surpreendido pela vista. Ao lado do rio, os transeuntes têm o olhar atraído para a edificação, com suas cores amarelo industrial vibrante e preto, além de sua volumetria peculiar, tornando-a ponto de referência na localidade. Contribuições: A APAP Open School foi selecionada como estudo de caso pela forma peculiar com a qual se apropriou das unidades de Container, com seções em ângulo e acessos inclinados, gerando um elemento de certa forma orgânico. Apesar de estar ligeiramente obstruída pela vegetação que margeia o rio, suas cores e formas a tornam um elemento de destaque. A edificação possui interiores que evidenciam a contemplação da paisagem, apesar de não possuir grande fluxo de usuários. Com as unidades apoiadas sobre uma estrutura metálica robusta, se conseguiu melhor aproveitamento das áreas inferiores, proporcionando diferentes usos sociais.
  • 13. 12 /// REFERÊNCIAS PROJETUAIS /// AXIS ARCHITECTS: Citizen M Hotel É um hotel da rede de mesmo nome, cujo conceito focou-se na concentração das necessidades realmente úteis dos clientes durante uma viagem, todas as outras funções de luxo deram lugar à funcionalidade. O hotel possui 192 acomodações de 14 m² cada, sendo unidades modulares pré-fabricadas, anexadas à edificação. Localiza-se em uma área pós-industrial de Londres, referenciada através dos tijolos de areia que compunham a localidade. A edificação buscou otimizar áreas internas sociais, para tal, os módulos foram dispostos alinhados em sequência, formando um corredor circundante e um pátio interno central. Se buscou permeabilidade através do vidro e integração social, bem como terraços e jardins semifechados. Contribuição: O Citizen M Hotel foi escolhido como estudo de caso por evidenciar seu método construtivo modular. Na fachada se vê os módulos metálicos empilhados, apoiados sobre estrutura de pilares e paredes de concreto, buscando eficiência estrutural e padronização das acomodações. Conforme se vê em planta, o térreo possui área de convivência de aproximadamente 590 m², enquanto as áreas funcionais, de apoio, serviço e armazenamento ocupam 480 m². O partido arquitetônico da edificação parte do tijolo de areia dos antigos galpões que compunham a malha do bairro, estes estão representados no revestimento externo e na própria sobreposição aleatória dos cômodos na fachada. No primeiro pavimento de acomodações, 42 módulos de 2,5x6,8 distribuem-se em uma área de 730 m², enquanto as circulações geram 250 m². Os módulos foram ordenados espelhados, combinando os shafts das redes de utilidades dos banheiros, apropriando-se também de parte do forro para esta função. A edificações está harmoniosamente inserida na malha de edifícios que a circunda, as molduras de 2,5x3,0 metros geram ritmo e continuidade ao alinhamento predial. O método construtivo modular da edificação acaba quase que camuflado perante ao mesmo sistema adotado pelas edificações do entorno, uma vez que o Reino Unido é o berço das construções modulares. Os acessos principias ocorrem através de portais em madeira, seguindo a tipologia da fachada. Ambientes internos sociais proporcionam diferentes momentos aos hóspedes, tanto para trabalho, quanto para o lazer. Todas as acomodações possuem o mesmo padrão de qualidade.
  • 14. 13 /// DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE INTERESSE /// A Cidade O lote escolhido para a proposta localiza-se na cidade de Joinville, sendo esta, a maior do estado de Santa Catarina. A cidade ainda é o terceiro maior polo industrial da região sul do Brasil. Entre as atividades mais desenvolvidas da indústria, destacam-se os setores da metalurgia, metal-mecânico, têxtil e químico. Joinville contempla ainda a maior região de expansão metropolitana do norte/nordeste do estado. Os principais acessos à cidade ocorrem através das rodovias, BR-101, SC-418, BR- 280, e SC-108. O principal acesso se dá através do pórtico da cidade, localizado na rodovia BR-101, mais precisamente na divisa entre os bairros Glória e Vila Nova. O Bairro A área de interesse localiza-se no bairro América, cuja densidade populacional estimada é de 2,74 mil habitantes por km². A população tem renda média mensal de 5,74 salários mínimos (~R$5.378,4), dos quais 52,9 são mulheres e 47,1 homens. Estima-se que a população atual esteja na casa de 13 mil habitantes, distribuídos em sua malha urbana delimitada de 4,54 km² Acessos: Joinville Bairro a Bairro 2017 Limite Bairro América: Joinville Bairro a Bairro 2017 O bairro passou a ser conhecido por sua atual denominação por volta de 1980, a região que compreende o Bairro América era denominada Centro, e mudou para o atual nome somente quando as novas instalações do América Futebol Clube, que em seus primórdios foi conhecido por Foot Ball Club Teotona, foram concluídas na Rua Visconde de Mauá
  • 15. 14 /// DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE INTERESSE /// População e Usos Conforme gráficos a seguir, quanto ao uso do solo, observa-se que o bairro é predominantemente residencial, onde as atividades de comércio e serviço ocupam apenas 13,6% do total dos lotes analisados, contra 80,4% dos residenciais. A faixa etária predominante no bairro é a dos 26 aos 59 anos de idade, aproximadamente 7,2 mil pessoas. Acessos: Joinville Bairro a Bairro 2017 Faixa Etária: Joinville Bairro a Bairro 2017 Uso do Solo: Joinville Bairro a Bairro 2017 Estabelecimento Gastronômicos e Fenômeno de Via Gastronômica A escolha do lote baseou-se, entre outros fatores, na quantidade de estabelecimento Gastronômicos em determinadas vias da cidade, e no Fenômeno de via Gastronômica que ocorre não somente em Joinville. Um breve levantamento desta quantidade foi realizado com intuito de se comparar com a via que recebe atualmente o título de via Gastronômica de Joinville, a rua Visconde de Taunay. Neste levantamento foram considerados estabelecimentos comerciais gastronômicos, que servem refeições em horário de almoço e/ou janta, como bares e restaurantes, e foram excluídos da análise as casas de shows e estabelecimentos fechados de entretenimento noturno. Por critério de exclusão, a única rua que se assemelha, em quantidade de estabelecimentos gastronômicos, com a atual via gastronômica, é a rua Max Colin, no bairro América. A tabela a seguir contabiliza estes estabelecimentos. QT n° n° 1 2560 45 2 2560 136 3 2535 230 4 146 5 2058 166 6 2048 - 7 1950 - 8 1914 206 9 1901 240 10 1828 299 11 1589 343 12 - - 13 - 368 14 - - 15 - 398 16 - 420 17 - 440 18 1531 465 19 1483 523 20 1524 550 21 1246 555 22 1195 662 23 1000 702 24 776 788 25 635 856 26 441 874 27 441 1000 28 349 1136 29 1174 30 1183 31 1223 32 1241 2600 m 1400 m 89,66 m 43,75 m Estabelecimentos Gastronômicos Paddock's Lanches Paiol Choperia R7 Bar e Restaurante Rua Visconde de Taunay Confeitaria XV -Seattle Rock Café -Buena Vibra Café e Bar -Prime Dog Hot Dog Mistura Fina Mais Bier Brewpub -Hullen Pizzaria -Chimarrão Churrascaria -OPA Boteco -Niu Sushi Vegas Bowling O Fornão Pìzzaria Fatirella Pìzzaria Rocki'n Bier Don Boni Brothaus Pães e Doces -OPA Pizza -Didge Steake House Água Doce Cachaçaria -Villa Pescara -Nono Mio -Don Barcelo Brasileirinho Delivery Madrileño Cocina Internacional Slice Pizza Restaurante Arte em Café -Bistrô do Grão -OPA Grill Strike 7 Kib's Cozinha Arabe Pinus Restaurante e Choperia Totens Pizzaria Alles Picanha Barão Choperia Hamburguês Hamburgueria Petisqueria Caxias Capitão Space Rodrigues Lanches Rubicon Wine & Emporium Subway Guacamole Dona Francisca Choperia OPA Store / Garagem OPA Bier Palatare Restaurante Mosteiro Pub Hōsu Sushi Alles Gute Hamburgueria Zum Schlauch Restaurante Emmendörfer Bar e Restaurante Marabá Extensão Rua Max Colin Média de 1 estabelecimento a cada 1 estabelecimento a cada Extensão (km) - LaPadocca Bruthus Hamburgueria Futuro Burguer King - Biergarten Hummm - Pizza na Pedra Joinville La Taska Restaurante Bar Nhac Temaki Pizzaria do Fritz
  • 16. 15 /// DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE INTERESSE /// Usos Gastronômicos Nota-se que a rua Visconde de Taunay, que leva o título de Via Gastronômica de Joinville, possui poucos estabelecimentos gastronômicos a mais em relação a rua Max Colin, e que alguns destes estabelecimentos estão agrupados no mesmo lote. Sua distribuição é regular na atual via Gastronômica, enquanto na Max Colin, ocorre em pontos dispersos. Pode se dizer que o título de via Gastronômica de Joinville é atribuído a rua Visconde de Taunay, entre fatores históricos, devido a concentração destes estabelecimentos gastronômicos, em maior evidência no trecho entre as ruas Duque de Caxias e Henrique Meyer. Unidades Gastronômicas Visconde de Taunay Unidades Gastronômicas Max Colin Duque de Caxias x Henrique Meyer : Google My Maps
  • 17. 16 /// DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE INTERESSE /// Torna-se evidente a demanda por estabelecimentos gastronômicos em ambas as vias. Da mesma forma, a proporção destes pela extensão da via, menor no caso da Max Colin, sendo esta, a via escolhida para a implantação da proposta tema desta pesquisa. A implantação de um Complexo Gastronômico e de Convivência na rua Max Colin poderá promover a atividade dos demais estabelecimentos do mesmo uso, podendo esta via, ter notoriedade igual ou superior à Via Gastronômica de Joinville. A implantação desta edificação poderá beneficiar o setor gastronômico da cidade como um todo, sendo o Festival Gastronômico associado ao setor turístico da cidade, vide sua agenda combinada com o Festival de Dança; bem como às datas das suas maiores atrações. O lote escolhido para a implantação da edificação, localiza-se em um ponto intermediário entre os já consagrados points gastronômicos da rua Max Colin, podendo promover uma regularidade e continuidade desta atividade no decorrer da via. O Lote A escolha do lote, baseou-se também no entorno imediato. O lote escolhido é uma parcela de um terreno desocupado desde o ano de 2013, disposto na altura do n°804 da rua Max Colin. Como se pode observar, optou-se pela junção das áreas de dois lotes que estão voltadas para esta faixa viária. Points Gastronômicos: Max Colin Entorno do Lote Escolhido: SIMGEO A área correspondente ao lado direito da seleção em vermelho pertence ao lote de inscrição imobiliária nº 13-20-32-06-0919, enquanto a área ao lado esquerdo, pertence ao lote nº 13-20-32-06-1065. Raio de 500,0m Como se observa, as duas vias estão próximas em um raio de 500,0m e não possuem separação física espacial significativa. A proximidade dessas centralidades Gastronômicas é fundamental para o setor. Centralidades Gastronômicos: Google My Maps
  • 18. 17 /// DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE INTERESSE /// A Justificativa baseia-se, entre os fatores já citados, na atual característica destas duas parcelas de lote. Enquanto o lote 13-20-32-06-0919, na esquina das ruas Max Colin e Araquari, comporta uma edificação em ruína; o lote 13-20-32-06-1065 é categorizado como baldio desde o ano de 2013, atualmente utilizado como estacionamento pelos comerciantes do entorno imediato. Ruína, Max Colin x Araquari, lote 13-20-32-06-0919 : Do Autor Baldio, Max Colin lote 13-20-32-06-1065 : Do Autor Como se observa, a junção das parcelas dos dois lotes cria um último lote, agora de esquina. Considerando que a edificação em ruína será demolida, uma vez que resta dela apenas as paredes que compõe seu perímetro, a cobertura já não existe. Lote Resultante ESC.: 1:650 - Do Autor As Características do lote resultante são as seguintes: • Área de 2528,0 m² • testada de 58,16+7,86+34,93m, • Largura de 63,42m, fundos de 40,11m • Perímetro de 204,5m • Totalmente na cota de elevação +5,0m • Topografia plano Quanto aos Índices Urbanísticos: • Zoneamento AUAE AS-05 • Coeficiente de Aproveitamento 1,0 • Taxa de Ocupação máx. 60% • Taxa de Permeabilidade 20% • Gabarito máx. 9,0m • Recuo Frontal 5,0m • Afastamentos laterais e fundos 1,5m
  • 19. 18 /// DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE INTERESSE /// A Nova Lei de Ordenamento Territorial descreve o zoneamento onde o lote está inserido como: Área urbana de adensamento especial (AUAE): regiões que não apresentam predominantemente fragilidade ambiental, possuem boas condições de infraestrutura, sistema viário estruturado, transporte coletivo, equipamentos públicos comprovadamente capazes de absorver a quantidade de moradores desejada, mas que apresentam predominância de características paisagísticas, históricas, e/ou de residências unifamiliares, não sendo recomendáveis para o adensamento populacional pleno Quanto aos Requisitos Urbanísticos para Uso do Solo, a atividade de Alimentação é permitida, desde que em Faixa Viária, até 100m em vias perpendiculares à esta. Apesar de os Índices Urbanísticos permitirem a implantação de um empreendimento de grande porte, de forma a aproveitar todo seu potencial, o objetivo da edificação proposta está focado na qualidade do ambiente de transição entre público e privado, e não no simples e deliberado aproveitamento total dos índices. Clima A área escolhida encontra-se em uma região classificada como predominantemente úmida mesotérmica, com microclima classificado como super-úmido, apresentando umidade relativa média anual de 76%. As temperaturas médias anuais ficam em torno de 21°C, com máximas de 32°C e mínimas de 11°C. Em sua face leste, o terreno ainda possui sua cobertura vegetal original, do tipo floresta submontana. Conclui-se que a edificação será desenvolvida com a preocupação quanto a integridade de sua estrutura sob a ação da umidade. Incidência Solar e Eólica A velocidade média dos ventos predominantes na região está na média de 10km/h, variando sua orientação conforme as mudanças de temperatura das estações do ano. No verão, predominam os ventos Leste/Nordeste, no inverno, os ventos Sul/sudeste. A área encontra-se orientada, em sua maior dimensão, no sentido Leste-Oeste. Como está no hemisfério sul, a face que recebe maior parcela de luz solar é a fachada norte, bem como, na parte da tarde, a fachada oeste. A graduação mínima e máxima da trajetória solar, de acordo com os solstícios e equinócios, está representada nas figuras abaixo.
  • 20. 19 Transporte Público, Circulação Pedonal e Ciclo viária Quanto à cobertura de transporte público coletivo, há no entorno imediato quatro pontos de parada, que ficam à curtas distâncias a pé, do local escolhido. Oito linhas alimentadoras cobrem os pontos de parada na rua Max Colin, proporcionando tempo mínimo de espera de 10 minutos. A rua oferece também boa qualidade das circulações de pedestres no raio de ação definido, com surpreendente continuidade dos níveis de calçadas. A rua oferece também boa qualidade das circulações de pedestres no raio de ação definido, com razoável continuidade dos níveis de calçadas. No binário as circulações apresentam boas qualidades, com as devidas sinalizações instaladas. Há também, sistema de controle de velocidade dos automóveis, onde a velocidade máxima permitida é de 60 km/h /// DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE INTERESSE /// Rua Timbó: Street ViewRua Max Colin: Street View Tráfego Com a conclusão das obras da rua Timbó, paralela imediata à Max Colin, o conjunto das duas ruas passou a atuar como um Binário, no qual a rua Timbó segue em direção ao centro, e a Max Colin no sentido bairro. Outro fator de relevante importância é a caracterização da rua Max Colin como um eixo comercial e de serviços, com forte característica gastronômica. O acesso ao lote selecionado poderá ocorrer convenientemente através da rua Araquari, e com saída para a rua Max Colin. O maiores fluxos ocorrem na rua Max Colin, caracterizada com uma via arterial, que distribui o tráfego na direção centro-bairro, fato que promove boa visibilidade para o lote. Quanto ao tráfego de veículos, a região pode apresentar transito lento nos horários de pico, podendo em certos casos, congestionar a rua Max Colin em mais da metade de sua extensão, durante o período entre às 17:30 e 19:00 horas /// ENTORNO IMEDIATO /// Em seu entorno imediato pode-se constatar a diversidade de categorias de uso e ocupação do solo, apresentando edificações comerciais, gastronômicas, residenciais, de serviço, institucionais, e de lazer e entretenimento. Entre as edificações mais significativas destacam-se: Brothaus Pães & Doces, Parque Opa Bier, Opa Boteco, Strilke 7, Sociedade Cultural Lírica, Garagem Opa Bier, Bezerro Grill, e o Ginásio Ivan Rodrigues. Estas edificações possuem atividades voltadas para a gastronomia, lazer e entretenimento, que contribuem para gerar um fluxo regular de pessoas, vindas de vários locais da cidade em diferentes horários. Há uma grande variedade de usos relacionados à comercio e serviços nesta faixa viária. As edificações que comportam estas atividades possuem variadas proporções, desde pequenos estabelecimentos instalados anteriormente à lei de recuo frontal, até pequenos centros comerciais.
  • 21. 20 /// USOS NO ENTORNO IMEDIATO /// O levantamento ao lado apresenta as manchas das edificações dispostas no raio de ação de 500,0m onde o lote escolhido encontra-se no centro. Além da grande diversidade de usos para o atendimento de pessoas, há também os usos residenciais, ocorrendo em sua maioria, através de casa térreas isoladas. Grandes prédios residenciais também estão dispostos no decorrer da rua, representando grande parte do consumo das atividades ali oferecidas. Esta característica é favorável uma vez que pode oferecer um regular fluxo de consumo gastronômico que será oferecido na edificação. • LOTE ESCOLHIDO • RESIDENCIAL • COMERCIAL • SERVIÇOS • INSTITUCIAL • ENTRETENIMENTO • DESOCUPADO Usos no Entorno Imediato ESC.: 1:3000
  • 22. 21 Quanto à Arquitetura, algumas edificações apresentam características marcantes, que podem ser levadas em consideração na composição da proposta. A diversidade de modelos também é ampla, poucas edificações apresentam estilos visivelmente definidos, são na maioria dos casos, edificações pensadas para serem funcionais, através de uma estrutura com menor custo possível. As edificações indicadas a seguir, apresentam certo apelo arquitetônico, uma vez que atraem a atenção do observador através de suas formas não convencionais. A - A Idelli Ambientes apresenta sua fachada com elementos modernos, em vidro e concreto. Com efeito de estreitamento do frame externo da estrutura. A composição é atrativa e convidativa, apresentando grande permeabilidade para o interior. B - O prédio da AMUNESC é com certeza a edificação mais destoante da região. Como uma “locomotiva” com ornamentos que remetem os galpões industriais, ela descansa com sua fachada ovalizada voltada para a rua. C - A edificação da atual concessionária Chevrolet, a Metronorte, apresenta a estética fabril dos antigos galpões industriais da cidade de Joinville. A cobertura em estilo shed, é o elemento de maior identificação, com sobreposições para captação de luz natural. D - O centro veterinário Cães e Gatos apresenta uma estética similar à da proposta, ainda que somente em sua fachada. As colunas distribuídas uniformemente, dão a leve impressão de modulação. Sem uso evidente, o segundo nível da fachada tornou-se apenas uma circulação. A A B C D /// CONDICIONANTES PROJETUAIS /// Quanto aos sistemas de segurança de prevenção e combate a incêndio, a regulamentação se dá pelo órgão do Corpo de Bombeiros Voluntários De Joinville. Quanto as leis de uso e ocupação de solo, são regulamentadas pela Secretaria de Planejamento Urbano e Desenvolvimento Sustentável da cidade de Joinville. Recentemente a regulamentação foi atualizada para a LEI COMPLEMENTAR Nº 470, de 09 de janeiro de 2017 que, redefine e institui os instrumentos de controle urbanístico. Quanto a legislação pertinente às questões construtivas da edificação, são aplicadas as instruções apresentadas no Código de Obras da cidade de Joinville, LEI Nº 667/1964. Para elaboração das áreas gastronômicas foi consultado o Roteiro pra Implantação de Restaurante popular. Para as questões de circulação, foram consultadas as normas ABNT 9050 e 9077. /// PROPOSTA /// Diretrizes A proposta de edificação para esta pesquisa nasceu primeiramente da inquietação quanto aos métodos construtivos em voga no Brasil, o tijolo e a argamassa, uma vez que os métodos construtivos modulares são mais eficientes. Outra importante questão foi a sustentabilidade ambiental, diretamente relacionada com o método construtivo, outra vez desfavorável nos métodos convencionais. Posteriormente se buscou a integração da proposta com o setor gastronômico da cidade de Joinville, procurando oferecer “mais”, entregando uma concepção que mesclasse gastronomia e convivência. Se propôs uma relação íntima com o entorno, para que a edificação se torna-se convidativa, permeável e acessível, um rompimento gradual do público com o privado. Se buscou ao máximo aproveitar a ventilação e iluminação naturais, manipulando os eixos da edificação para a otimização destes fatores, uma vez que se optou por um edificação térrea com subsolo. Se busca a valorização da mão de obra e serviços tecnológicos de Joinville, e o enriquecimento do setor gastronômico.
  • 23. 22 A A B C D /// PROPOSTA /// Conceito e Partido Arquitetônico O Estar, a Refeição, e o descanso. Quando se frequenta um restaurante ou quando se busca simplesmente um local para realizar uma refeição, a maioria das pessoas encontra exata e simplesmente isto, o momento da refeição em si, e nada mais, se segue para as atividades no restante do dia. Em contrapartida, quando se frequenta um bar ou pub, se espera uma atmosfera compatível com a atividade. A edificação proposta busca relacionar estas atividades, e integrá-las com o momento de estar, da refeição, e o momento de conviver e descansar. Não simplesmente se alimentar, e seguir seu caminho. O momento ante o pós refeição pode ser um momento contemplativo, um momento reservado, dando o real sentido a importância da refeição. Restaurantes geralmente são edificações térreas, por uma questão de fluxos e pela questão do convite, permeabilidade e acessibilidade, o “adentrar” ao alcance dos olhos. Se busca neste estudo, um rompimento gradual do público com o privado, onde uma praça realiza o convite à edificação sem muros. Um local onde o usuário possa ter um momento reservado, não das outras pessoas, mas das atividades alheias ao momento da refeição, do estar, e do descanso. A Modulação, Container Marítimo e o movimento das embarcações. A modularidade da edificação por si só já a conceitua, o módulo metálico é o sucessor do container, leia-se container marítimo. A homenagem é natural, o conceito do módulo aqui utilizado está intrinsecamente relaciono com o container marítimo. A referência ocorre nas sobreposições, nos reflexos dos espelhos d’água, no modal de transporte marítimo, onde a edificação descola-se do terreno, flutuando sobre os espelhos d’água e ainda nos ângulos das embarcações e no design marítimo. Oque? - Complexo Gastronômico e de Convivência. Para se encontrar, estar, se alimentar e descansar à sombra de uma árvore, ou ao lado do espelho d’água. Onde? - Joinville, bairro América, predominantemente residencial, com via arterial mesclada de comércio, serviços, gastronomia. Para quem? - Para quem precisa se alimentar, e tirar proveito de um ambiente de qualidade, antes e depois da refeição. Para quem gosta de se encontrar em um lugar diferente, para quem quer simplesmente estar, sem compromisso.
  • 24. 23 O Programa de necessidades para a edificação proposta baseou-se nas recomendações do Roteiro para implantação de Restaurante Popular, que estabelece as condições e configurações mínimas para projetos deste segmento, como segue a imagem abaixo. /// PROPOSTA /// Restaurante Popular O Programa de necessidades proposto aborda, além dos itens citados, ambientes de convivência e descanso, e bares que complementam as atividades da edificação em diferentes turnos, bem como os setores eventuais e de apoio da edificação. O Fluxograma a seguir apresenta os fluxos de clientes, entre térreo e subsolo. O Fluxograma a seguir apresenta os fluxos de serviço, entre térreo e subsolo.
  • 25. 24 Estudo volumétrico e Setorização No ensaio volumétrico a importância da orientação dos eixos da edificação já foi posta em prática, considerando os fatores ambientais como ventilação, e a visibilidade de quem circula pela principal via de acesso, Max Colin. O recorte do terreno para comportar o subsolo foi pensado para que integrasse também um ambiente aberto, semicoberto pela projeção do pavimento térreo. O recorte do terreno foi regido também pelo conceito, onde a edificação descola-se do terreno. Todo o complexo se dispôs orientado na direção nordeste, aproveitando toda a testada do terreno de esquina, como se verá na implantação. À área de estacionamento e circulação de veículos se destinará os fundos do lote, ao sul, buscando romper com a tradicional disposição usualmente à frente das edificações Quanto aos acessos, se buscará um alinhamento em cruz, paralelo ao eixo nordeste do lote. /// PROPOSTA /// TÉRREO SUBSOLO RECORTE TÉRREO +SUBSOLO RECORTE T+S+R Setorização no Subsolo ESC.: 1:225 Setorização no Térreo ESC.: 1:225 • UNIDADES GASTRONÔMICAS • REFEIÇÕES INTERNA • LOUNGES/CONVIVÊNCIA • APOIO • REFEIÇÕES/CONVIVÊNCIA EXTERNA • CIRCULAÇÕES VERTICAIS • SANITÁRIOS/VESTIÁRIOS Se definiu 7 setores principais, partindo das diretrizes e do resultado do estudo volumétrico, como se vê na legenda ao lado. A setorização apresentada busca gerar encontros através da disposição das circulações e das unidades gastronômicas. A setorização foi regida também pelos fluxos típicos de estabelecimentos gastronômicos Perspectiva sem escala Perspectiva sem escala Perspectiva sem escala
  • 26. 25 /// IMPLANTAÇÃO /// Implantação ESC.: 1:200 Como se pode ver, toda a área de testada do lote é aproveitada comportando as áreas de estar e de convivência externas, uma praça que envolve a edificação. A transição do público com o privado passa despercebida. A calçada pública invade os limites do lote, tornando-se uma extensão desta, preenchendo esta área com equipamentos de permanência. A sombra da árvores sobre os bancos. 1-O estacionamento foi locado aos fundos, para não interferir no contato da edificação com a circulação nas calçadas e na rua. A disposição das vagas segue os eixos do projeto. 2-Os eixos acompanham o sentido natural do campo de visão do transeunte, no sentido oeste. Quando este vê a edificação como um todo, se depara com a fachada principal, nordeste, voltada para si. 3-A cobertura vegetal foi disposta protegendo a fachada norte, que recebe a maior parcela de iluminação, oferecendo também um clima agradável às áreas de convivência externas. 4-A modulação é visível em toda a testada, os módulos foram sobrepostos, como se estivessem “navegando” no sentido nordeste. Os jardins sob as árvores complementam o movimento como se fossem marolas. 5-Os dois acessos principais à edificação ocorrem junto à esquina das ruas Max Colin e Araquari. A ponte de acesso ao térreo fica ao lado da escala para o subsolo. 1 36-Na eventualidade de expansão, que se apropriará da área de cobertura, a disposição dos novos módulos será realizada por guindaste nesta área. 6
  • 27. 26 /// SUBSOLO /// Subsolo ESC.: 1:125 1-Na elaboração da planta de subsolo se buscou integrar a área de refeições interna com o pátio externo, onda há uma atmosfera livre do ruído do trânsito, com sombra proporcionada pela projeção do térreo, harmonizada com os espelhos d’água e jardins. Para tal, não há paredes que separam estes dois ambiente, apenas esquadrias com pé direito total, grandes aberturas para proporcionar ventilação cruzada e permanente, uma vez que se trata de um subsolo. 2-Os acessos foram dispostos cruzados, uma forma de proporcionar encontros, uma vez que há 3 unidades gastronômicas no subsolo. O acesso ao térreo, pelo interior do subsolo, é realizado através da escada do lounge, onde naturalmente haverá a troca de olhares. 1 3 3 3 3-O subsolo e o térreo integram-se através de conexões verticais, rasgos nas modulações permitem a troca de olhares entre os dois níveis. 4-Os sanitários dos clientes ficam reservados das outras atividades, e foram dimensionados para comportar uma lotação de 100 pessoas no subsolo. 5-Como há uma unidade gastronômica com cocção independente, se fez necessária a instalação de um duto para exaustão através de ventilação forçada. 4 5 Durante o dia, a unidade gastronômica do restaurante leste demanda maior uso e atividade. No período da noite, os bares, que possuem a agradável característica de estar no subsolo, regem os fluxos, ainda que possam ocorrer usos simultâneos.
  • 28. 27 /// TÉRREO /// Térreo ESC.: 1:150 1-O acesso principal à edificação ocorre no térreo através de uma ponte, remetendo ao marítimo. O transeunte que se aproxima sente a edificação solta do terreno, mas só percebe o subsolo ao adentrar a área de convivência externa. 2-Assim como no subsolo, grandes aberturas preenchem a fachada ao alcance imediato dos olhos, promovendo permeabilidade. A rua vê o que ocorre em seu interior, que por sua vez, retribui. 3 2 3 33 3-As aberturas vistas acima do observador no subsolo, agora se invertem, dando continuidade aos encontros. 4-O Acesso à edificação através do estacionamento é centralizada, tanto na disposição do próprio acesso, quanto o momento da edificação que este revela. 5-Quem acessa o subsolo tem a vívida a sensação do que ocorre no térreo enquanto desce as escadas, sendo provocado à acessá-lo, agora através da escada do lounge. 6-Apesar de segregado pelas aberturas do subsolo, as áreas de convivência estão imediatamente à vista das alas de refeição. 7-A disposição dos módulos nos sanitários (3x7,5m) viabiliza a eventualidade de expansão, atuando como módulos POD, sendo replicados neste momento. O mesmo ocorre com as circulações verticais. 8-Os fluxos da principal unidade gastronômica ocorre conforme planta de fluxos (prancha 10). 6 7 8
  • 29. 28 /// CORTES TRANSVERSAIS /// Cortes ESC.: 1:150 1-Os brises atuam de três maneiras: protegendo a fachada norte da maior parcela de luz; gerando movimento e um convite ao subsolo; e remetendo as formas dos navios de containers. 2-As conexões verticais entre térreo e subsolo permitem ampla visibilidade dos pontos chave das atividades da edificação. 3-Seguindo a tendência de se acompanhar o modo de preparo das refeições, as áreas de cocção tornaram-se permeáveis aos olhos do usuário. 4-Da mesma forma, a sala de administração/nutrição, possui visão integral das atividades da área de cocção. 1 5 2 4 3 2 5-Os equipamentos de estar das áreas de convivência externas estão combinadas com o paisagismo, dispostos sempre que possível, abaixo da sombra da copa das árvores. 6-No subsolo, a disposição do espelho d’água com os jardins, promove a sensação de perspectiva, orientando os planos, para que não haja a sensação de enclausuramento. 1 6 5
  • 30. 29 /// CORTES LONGITUDINAIS /// Cortes ESC.: 1:150 1-O reservatório de água comporta a improvável capacidade de 100 pessoas no térreo e 100 pessoas no subsolo, considerando o consumo de 25 litros por refeição. Dessa forma foi estabelecido um reservatório de 5mil litros em Polietileno, uma vez que é um material mais leve. 2-Apenas 1 acesso, o oeste, não se relaciona imediatamente com o subsolo, recebendo um ornamento no sentido contrário dos que ao subsolo convidam. 3-Quem circula pelas áreas de convivência externas possui visão tanto das atividades do térreo quanto do subsolo, com mais intensidade para com este último, uma vez que possui um pátio externo. O guarda-corpo exigido por lei, é convenientemente aproveitado no conceito marítimo da edificação. 4-As circulações verticais internas, 1 de clientes e 1 de serviço, conectando as duas maiores unidades gastronômicas, ocorre através escada balanceada, nos moldes da NBR-9077 1 2 3 4 5-As calhas de capação de água pluviais, nos níveis mais baixos, estão estrategicamente posicionadas sobre o eixo das colunas estruturais dos módulos, de forma à comportar no interior da própria estrutura, os tubos responsáveis pela sua destinação. 6-As aberturas para as janelas dos sanitários do subsolo possuem contenção no nível das circulações, e fundo permeável. 5 5 5 6 6-As aberturas para as janelas dos sanitários do subsolo possuem contenção no nível das circulações, e fundo permeável.
  • 31. 30 /// FACHADAS /// Fachadas ESC.: 1:150 Os materiais e tecnologias definidas para o projeto integram-se com o método construtivo. Como os módulos são metálicos, há flexibilidade e liberdade na fixação dos componentes. Os brises metálicos são compostos pelos mesmo materiais dos módulos, tubos estruturais de seção quadrara. Os elementos filtrantes são os mesmos materiais vistos no guarda-corpo, tubos SCH10s em inox, diâmetro de 42,0mm agora pintados na cor cinza acetinado. O complexo não tem restrições quanto ao público alvo, mas se busca, através das cores, atrair a juventude e as tribos urbanas. O tom de amarelo utilizado provoca emoções como alegria, estimulação, calor, positividade e inovação, contrastando com os tons de cinza dos módulos e da textura de concreto das placas cimentícias de revestimento externo. As esquadrias em sistema Heiki permitem abertura total, e foram definidas com vidros transparentes, aproveitando a luminosidade natural e revelando as atividades do interior da edificação. Para compor o paisagismo das áreas de convivência externas, se optou pela arvoreta Aroeira Salva (Schinus molle), uma vez que é tipicamente utilizada em arborização urbana. Possui ótima adaptabilidade em diferentes climas, produz eficiente sombra, e sua copa atinge diâmetros de até 6 metros. Nas calçadas se optou pelo tradicional revestimento em paver. Este, adentra o limite imaginário do lote e se intercala gradualmente com o piso das áreas de convivência externas, em concreto frisado, com formas que remetem a sobreposição dos módulos. Nas áreas de estacionamento, os revestimentos escolhidos foram o paver, para as circulações, e Pisograma para as vagas, ambos sendo permeáveis. Para o preenchimento de grama, se optou pela tradicional grama esmeralda (Zoysia japonica), a mesma que compõe os jardins. Nas áreas de circulação do estacionamento foi escolhido um piso em concreto, com formato quadrado, mas disposto alternadamente, como as formas dos módulos da edificação. Na estrutura, se utilizaram diferentes modulações, partindo da seção de 3x3 metros, com diferentes comprimentos. Resultando em 24un de 3m, 16un de 6m, 4un de 7m, 6un de 7,5m, 4un de 9m e 5un de 12m, distribuídas em ambos níveis da edificação.
  • 32. 31 /// DETALHES CONSTRUTIVOS /// Detalhes Construtivos ESC.: 1:20 Brise ESC.: 1:30 Estrutura do módulo Drenagem do subsolo Calhas Rufos