SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 5
Baixar para ler offline
BPI – Biblioteca Pública Independente
www.bpi.socialismolibertario.com.br
MAL-BH – Movimento Anarquista Libertário
www.socialismolibertario.com.br
A ARMADILHA DA PROTEÇÃO
Emma Goldman
Dando prosseguimento a tradução o livro “El amor libre”
organizado pelo Osvaldo Baigorria, vai para o ar um texto de
Emma Goldman chamado “A armadilha da proteção”. O
texto trata da questão do matrimônio, da regulação do amor,
traçando duras críticas a esta instituição, além de tratar da
questão do amor por uma perspectiva anarquista.
O matrimônio e o amor não possuem nada em comum; estão tão
longe entre si como dois pólos, inclusive, antagônicos. O
matrimônio é antes de tudo um acordo econômico, um seguro que
só se diferencia dos seguros de vida correntes no que é mais
vinculador e rigoroso. Os benefícios que se obtém dele são
insignificantes em comparação com o que se paga por ele. Quando
se assina uma apólice de seguros, se paga dinheiro e se tem sempre a
liberdade de interromper os pagamentos. Entretanto, se o prêmio de
uma mulher é um marido, tem que pagar por ele com seu nome, sua
vida privada, o respeito de si mesma e sua própria vida “até que a
morte os separe”. Além disso, o seguro do matrimônio a condena a
depender do marido por toda vida, ao parasistismo e à completa
inutilidade, tanto do ponto de vista individual quanto social. O
homem também paga o seu tributo, mas como sua esfera de vida é
muito mais ampla, o matrimônio não o limita tanto quanto à
mulher. As correntes do marido são muito mais econômicas.
Vivemos em uma época de pragmatismos. Já não estamos nos
tempos em que Romeu e Julieta se arriscavam a desafiar a ira dos
seus pais por amor, ou em que Margarita se expunha aos falatórios
de seus vizinhos, também por amor. A norma moral que se inculca
na jovem não é perguntar-se se o homem despertou seu amor, senão
“quanto ganha”. O único deus e a única coisa importante da vida
pragmática norte-americana são: Pode o homem ganhar a vida? Isso
é a única coisa que justifica o matrimônio. Pouco a pouco vão se
saturando com pensamentos da garota, que já não sonha com beijos
e a luz da lua, ou com risos e lágrimas, senão com sair para comprar
e conseguir liquidações nas lojas. Essa pobreza de alma e essa
sordidez são os elementos inerentes à instituição do matrimônio.
Essa instituição converte a mulher em um parasita e a obriga a
depender completamente de outra pessoa. A incapacita para a luta
pela vida, aniquila sua consciência social, paralisa sua imaginação e
lhe impõe, depois, graciosamente sua proteção, que na realidade é
uma armadilha, uma paródia do caráter humano. Se a maternidade é
a maior realização da mulher, que outra proteção necessita senão o
amor e a liberdade? O matrimônio profana, ultraja e corrompe essa
realização. Por acaso não disse à mulher que somente sob sua
proteção poderá dar a vida? Não a põe na conversa, a degrada e a
envergonha se se nega a comprar seu direito à maternidade com sua
própria pessoa? Por acaso o matrimônio não sanciona a
maternidade, ainda que haja concebido com ódio ou por obrigação?
E quando a maternidade é escolhida, produto do amor, do êxtase,
da paixão desafiante, não se coloca uma coroa de espinhos numa
cabeça inocente, gravada em letras de sangue o odioso epíteto de
“bastarda”?
Ainda no caso de que o matrimônio contivera todas as virtudes que
dele se afirmam, seus crimes contra a maternidade os excluiriam
para sempre do reino do amor. O amor, o elemento mais forte e
profundo de toda vida, presságio de esperanças, de êxtase; o amor
que desafia a todas as leis, a todas as convenções; o amor, o mais
livre, o mais poderoso modelador do destino humano, como pode
essa força toda poderosa ser sinônimo da pobre feiúra do Estado e
da Igreja que é o matrimônio?
Amor livre? Por acaso o amor pode ser outra coisa mais que não
livre? O homem comprou cérebros, mas todos os milhões deste
mundo não conseguiram comprar o amor. O homem submeteu os
corpos, mas todo o poder da terra não foi capaz de submeter o
amor. O homem conquistou nações inteiras, mas todos os seus
exércitos não poderão conquistar o amor. O homem encarcerou e
aprisionou o espírito, mas não pode nada contra o amor. Incrustado
em um trono, com todo o esplendor e pompa que pode
proporcionar o seu ouro, o homem se sente pobre e desolado se o
amor não pára na sua porta. Quando existe amor, a cabana mais
pobre se enche de calor, de vida e alegria; o amor tem o poder
mágico de converter um mendigo em rei. Sim, o amor é livre e não
pode crescer em nenhum outro ambiente. Em liberdade, se entrega
sem reservas, com abundância, completamente. Todas as leis e
decretos, todos os tribunais do mundo não poderão arrancar-lhe do
solo em que fincou suas raízes. O amor não necessita de proteção,
porque ele se protege a si mesmo.
Enquanto é o amor que gera os filhos, não há crianças abandonadas,
famintas ou carentes de afeto. Conheço mulheres que foram mães
sem liberdade com o homem a quem amavam. Poucos filhos têm
desfrutado do matrimônio do cuidado, proteção e devoção que a
maternidade livre é capaz de deparar-lhes. Os defensores da
autoridade temem a maternidade livre por medo de que se despoje
de sua presa. Quem então lutaria nas guerras? Quem se faria de
carcereiro ou polícia se as mulheres se negam a dar luz
indiscriminadamente? A raça, a raça! Grita o rei, o presidente, o
capitalista, o sacerdote. Há que salvar a raça, ainda que a mulher seja
degradada ao papel de pura máquina, e a instituição do matrimônio
é a única válvula de segurança contra o perigoso despertar sexual da
mulher.
Mas são inúteis estes esforços desesperados para manter um estado
de escravidão. São inúteis também os editos da Igreja, os ferozes
ataques dos ditadores, e inclusive o braço da lei. A mulher não quer
seguir sendo a produtora de uma raça de seres humanos doentes,
débeis, decrépitos e miseráveis, que não tem nem a força, nem o
valor moral de sacudir-se do jugo de sua pobreza e de sua
escravidão. Em lugar disto, deseja menos filhos e melhores,
formados e criados com amor e por livre eleição, não por obrigação,
como no matrimônio.
Nossos pseudomoralistas têm que aprender o profundo sentido de
responsabilidade para com as crianças, que o amor em liberdade
desperta no peito da mulher. Esta preferiria renunciar para sempre a
maternidade que dar a vida em uma atmosfera onde só se respira a
destruição e a morte. E, se se converte em mãe, é para dar a criança
o melhor e o mais profundo de seu ser. Seu lema é desenvolver-se
com a criança, e sabe que só desta maneira poderão formar-se os
verdadeiros homens e as verdadeiras mulheres.
Na realidade, em nosso atual estado de pigmeus, o amor é algo
desconhecido para a maioria das pessoas. Não o compreendem, e se
esquiva ou muitas raras vezes se arraiga; e quando o faz, de repente
murcha e morre. Sua fibra delicada não pode suportar a tensão e os
esforços do viver cotidiano. Sua alma é demasiadamente complexa
para ajustar-se a viscosa textura da nossa trama social. Chora, se
lamenta e sofre com os que o necessitam e, no entanto, carecem de
capacidade para elevar-se a sua altura.
Algum dia, os homens e as mulheres se elevarão e alcançarão o
cume das montanhas; se encontrarão grandes, fortes e livres,
dispostos a receber, compartilhar e aquecerem-se nos dourados raios
do amor. Que imaginação, que fantasia, que gênio poético pode
prever, ainda que seja aproximadamente, as possibilidades dessa
força nas vidas dos homens e das mulheres? Se no mundo tem que
existir alguma vez a verdadeira companhia e a unidade, o padre será
o amor e não o matrimônio.
Traduzido de: GOLDMAN, Emma. La trampa de la
protección. In: BAIGORRIA, Oslvaldo. El amor libre: Eros e
anarquia. 1 ed. Buenos Aires: Libros de Anarres, 2006. cap. 9,
p. 49 – 52.
Traduzido por: Antonio Henrique do Espirito Santo. Revisado
por: Íris Nery do Carmo.

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a A armadilha da Proteção - Emma Goldman

Resumo Do Livro Quem Me Roubou De Mim
Resumo Do Livro Quem Me Roubou De MimResumo Do Livro Quem Me Roubou De Mim
Resumo Do Livro Quem Me Roubou De Mimsappzvq
 
Abaixo à família monogâmica - Sérgio Lessa
Abaixo à família monogâmica - Sérgio LessaAbaixo à família monogâmica - Sérgio Lessa
Abaixo à família monogâmica - Sérgio LessaMatheus Sampaio
 
Boletim Informativo Maio 2016
Boletim Informativo Maio 2016Boletim Informativo Maio 2016
Boletim Informativo Maio 2016fespiritacrista
 
Breaking Bad e A Filosofia - David R. Koepsell.pdf
Breaking Bad e A Filosofia - David R. Koepsell.pdfBreaking Bad e A Filosofia - David R. Koepsell.pdf
Breaking Bad e A Filosofia - David R. Koepsell.pdfVIEIRA RESENDE
 
Estereótipos de Homens Traídos no Século XXI.pdf
Estereótipos de Homens Traídos no Século XXI.pdfEstereótipos de Homens Traídos no Século XXI.pdf
Estereótipos de Homens Traídos no Século XXI.pdfPastorRobsonLucenaCo
 
Humanistas do Renascimento
Humanistas do RenascimentoHumanistas do Renascimento
Humanistas do RenascimentoRicardo Pinto
 
O egoísmo causa a ignorância
O egoísmo causa a ignorânciaO egoísmo causa a ignorância
O egoísmo causa a ignorânciasiamanga.m.m
 
Um é o Outro - O Casal e as Mutações do Coração
Um é o Outro - O Casal e as Mutações do CoraçãoUm é o Outro - O Casal e as Mutações do Coração
Um é o Outro - O Casal e as Mutações do CoraçãoAlanna Gianin
 
O poder do macho
O poder do machoO poder do macho
O poder do machoJuliana
 
A SOMBRA DE SATURNO.docx
A SOMBRA DE SATURNO.docxA SOMBRA DE SATURNO.docx
A SOMBRA DE SATURNO.docxpaolacarvalho25
 
A Dignidade E O Valor De Ser Uma Mulher
A Dignidade E O Valor De Ser Uma MulherA Dignidade E O Valor De Ser Uma Mulher
A Dignidade E O Valor De Ser Uma Mulhercristalslides
 
Folhetim do Estudante - Ano II - Núm XXV
Folhetim do Estudante - Ano II - Núm XXVFolhetim do Estudante - Ano II - Núm XXV
Folhetim do Estudante - Ano II - Núm XXVValter Gomes
 
A violência doméstica e a escolha do objeto feita pela mulher
A violência doméstica e a escolha do objeto feita pela mulherA violência doméstica e a escolha do objeto feita pela mulher
A violência doméstica e a escolha do objeto feita pela mulherÉrica Brites Fofano
 
Nessahan alita como lidar com mulheres - livro verdadeiro
Nessahan alita   como lidar com mulheres - livro verdadeiroNessahan alita   como lidar com mulheres - livro verdadeiro
Nessahan alita como lidar com mulheres - livro verdadeiroLucas Tadeu Gonzatti
 
Nessahan alita como lidar com mulheres
Nessahan alita como lidar com mulheresNessahan alita como lidar com mulheres
Nessahan alita como lidar com mulheresAnderson Santana
 
Nessahan alita 1 como lidar com mulheres - livro verdadeiro
Nessahan alita   1 como lidar com mulheres - livro verdadeiroNessahan alita   1 como lidar com mulheres - livro verdadeiro
Nessahan alita 1 como lidar com mulheres - livro verdadeiroEulogio Morales
 

Semelhante a A armadilha da Proteção - Emma Goldman (20)

Resumo Do Livro Quem Me Roubou De Mim
Resumo Do Livro Quem Me Roubou De MimResumo Do Livro Quem Me Roubou De Mim
Resumo Do Livro Quem Me Roubou De Mim
 
Abaixo à família monogâmica - Sérgio Lessa
Abaixo à família monogâmica - Sérgio LessaAbaixo à família monogâmica - Sérgio Lessa
Abaixo à família monogâmica - Sérgio Lessa
 
Liberdade, Igualdade e Fraternidade
Liberdade, Igualdade e FraternidadeLiberdade, Igualdade e Fraternidade
Liberdade, Igualdade e Fraternidade
 
Boletim Informativo Maio 2016
Boletim Informativo Maio 2016Boletim Informativo Maio 2016
Boletim Informativo Maio 2016
 
Fantasia nossa de cada dia.pdf
Fantasia nossa de cada dia.pdfFantasia nossa de cada dia.pdf
Fantasia nossa de cada dia.pdf
 
Breaking Bad e A Filosofia - David R. Koepsell.pdf
Breaking Bad e A Filosofia - David R. Koepsell.pdfBreaking Bad e A Filosofia - David R. Koepsell.pdf
Breaking Bad e A Filosofia - David R. Koepsell.pdf
 
Estereótipos de Homens Traídos no Século XXI.pdf
Estereótipos de Homens Traídos no Século XXI.pdfEstereótipos de Homens Traídos no Século XXI.pdf
Estereótipos de Homens Traídos no Século XXI.pdf
 
Humanistas do Renascimento
Humanistas do RenascimentoHumanistas do Renascimento
Humanistas do Renascimento
 
O egoísmo causa a ignorância
O egoísmo causa a ignorânciaO egoísmo causa a ignorância
O egoísmo causa a ignorância
 
Preconceito
Preconceito Preconceito
Preconceito
 
O porque da vida leon denis
O porque da vida   leon denisO porque da vida   leon denis
O porque da vida leon denis
 
Um é o Outro - O Casal e as Mutações do Coração
Um é o Outro - O Casal e as Mutações do CoraçãoUm é o Outro - O Casal e as Mutações do Coração
Um é o Outro - O Casal e as Mutações do Coração
 
O poder do macho
O poder do machoO poder do macho
O poder do macho
 
A SOMBRA DE SATURNO.docx
A SOMBRA DE SATURNO.docxA SOMBRA DE SATURNO.docx
A SOMBRA DE SATURNO.docx
 
A Dignidade E O Valor De Ser Uma Mulher
A Dignidade E O Valor De Ser Uma MulherA Dignidade E O Valor De Ser Uma Mulher
A Dignidade E O Valor De Ser Uma Mulher
 
Folhetim do Estudante - Ano II - Núm XXV
Folhetim do Estudante - Ano II - Núm XXVFolhetim do Estudante - Ano II - Núm XXV
Folhetim do Estudante - Ano II - Núm XXV
 
A violência doméstica e a escolha do objeto feita pela mulher
A violência doméstica e a escolha do objeto feita pela mulherA violência doméstica e a escolha do objeto feita pela mulher
A violência doméstica e a escolha do objeto feita pela mulher
 
Nessahan alita como lidar com mulheres - livro verdadeiro
Nessahan alita   como lidar com mulheres - livro verdadeiroNessahan alita   como lidar com mulheres - livro verdadeiro
Nessahan alita como lidar com mulheres - livro verdadeiro
 
Nessahan alita como lidar com mulheres
Nessahan alita como lidar com mulheresNessahan alita como lidar com mulheres
Nessahan alita como lidar com mulheres
 
Nessahan alita 1 como lidar com mulheres - livro verdadeiro
Nessahan alita   1 como lidar com mulheres - livro verdadeiroNessahan alita   1 como lidar com mulheres - livro verdadeiro
Nessahan alita 1 como lidar com mulheres - livro verdadeiro
 

Mais de BlackBlocRJ

Primeiros socorros em conflitos armados e outras situações de violência
Primeiros socorros em conflitos armados e outras situações de violênciaPrimeiros socorros em conflitos armados e outras situações de violência
Primeiros socorros em conflitos armados e outras situações de violênciaBlackBlocRJ
 
Teorias dos Estados Anarquista e Marxista - Felipe Corrêa
Teorias dos Estados Anarquista e Marxista - Felipe CorrêaTeorias dos Estados Anarquista e Marxista - Felipe Corrêa
Teorias dos Estados Anarquista e Marxista - Felipe CorrêaBlackBlocRJ
 
Surgimento e Breve perspectiva histórica do anarquismo (IMAGENS) - Felipe Corrêa
Surgimento e Breve perspectiva histórica do anarquismo (IMAGENS) - Felipe CorrêaSurgimento e Breve perspectiva histórica do anarquismo (IMAGENS) - Felipe Corrêa
Surgimento e Breve perspectiva histórica do anarquismo (IMAGENS) - Felipe CorrêaBlackBlocRJ
 
Surgimento e Breve perspectiva histórica do anarquismo - Felipe Corrêa
Surgimento e Breve perspectiva histórica do anarquismo - Felipe CorrêaSurgimento e Breve perspectiva histórica do anarquismo - Felipe Corrêa
Surgimento e Breve perspectiva histórica do anarquismo - Felipe CorrêaBlackBlocRJ
 
Rediscutindo o Anarquismo - Felipe Corrêa
Rediscutindo o Anarquismo - Felipe CorrêaRediscutindo o Anarquismo - Felipe Corrêa
Rediscutindo o Anarquismo - Felipe CorrêaBlackBlocRJ
 
O Pensamento Socialista Libertário de Noam Chomsky - Felipe Corrêa
O Pensamento Socialista Libertário de Noam Chomsky - Felipe CorrêaO Pensamento Socialista Libertário de Noam Chomsky - Felipe Corrêa
O Pensamento Socialista Libertário de Noam Chomsky - Felipe CorrêaBlackBlocRJ
 
Movimentos sociais, Burocratização e Poder Popular Da Teoria à Prática - Feli...
Movimentos sociais, Burocratização e Poder Popular Da Teoria à Prática - Feli...Movimentos sociais, Burocratização e Poder Popular Da Teoria à Prática - Feli...
Movimentos sociais, Burocratização e Poder Popular Da Teoria à Prática - Feli...BlackBlocRJ
 
Fortalecer nossa Bandeira - Felipe Corrêa
Fortalecer nossa Bandeira - Felipe CorrêaFortalecer nossa Bandeira - Felipe Corrêa
Fortalecer nossa Bandeira - Felipe CorrêaBlackBlocRJ
 
Da Periferia para o Centro - Felipe Corrêa
Da Periferia para o Centro - Felipe CorrêaDa Periferia para o Centro - Felipe Corrêa
Da Periferia para o Centro - Felipe CorrêaBlackBlocRJ
 
Criar um Povo Forte - Felipe Corrêa
Criar um Povo Forte - Felipe CorrêaCriar um Povo Forte - Felipe Corrêa
Criar um Povo Forte - Felipe CorrêaBlackBlocRJ
 
A Estratégia de Transformação Social em Malatesta - Felipe Corrêa
A Estratégia de Transformação Social em Malatesta - Felipe CorrêaA Estratégia de Transformação Social em Malatesta - Felipe Corrêa
A Estratégia de Transformação Social em Malatesta - Felipe CorrêaBlackBlocRJ
 
Um Parresiasta no Socialismo Libertário - Edson Passetti
Um Parresiasta no Socialismo Libertário - Edson PassettiUm Parresiasta no Socialismo Libertário - Edson Passetti
Um Parresiasta no Socialismo Libertário - Edson PassettiBlackBlocRJ
 
Poder e Anarquia - Edson Passetti
Poder e Anarquia - Edson PassettiPoder e Anarquia - Edson Passetti
Poder e Anarquia - Edson PassettiBlackBlocRJ
 
Heterotopias anarquistas - Edson Passetti
Heterotopias anarquistas - Edson PassettiHeterotopias anarquistas - Edson Passetti
Heterotopias anarquistas - Edson PassettiBlackBlocRJ
 
Os Sovietes Traídos pelos Bolcheviques - Rudolf Rocker
Os Sovietes Traídos pelos Bolcheviques - Rudolf RockerOs Sovietes Traídos pelos Bolcheviques - Rudolf Rocker
Os Sovietes Traídos pelos Bolcheviques - Rudolf RockerBlackBlocRJ
 
As ideias absolutistas no Socialismo - Rudolf Rocker
As ideias absolutistas no Socialismo - Rudolf RockerAs ideias absolutistas no Socialismo - Rudolf Rocker
As ideias absolutistas no Socialismo - Rudolf RockerBlackBlocRJ
 
Sistema das contradições econômicas ou Filosofia da miséria - Pierre-Joseph P...
Sistema das contradições econômicas ou Filosofia da miséria - Pierre-Joseph P...Sistema das contradições econômicas ou Filosofia da miséria - Pierre-Joseph P...
Sistema das contradições econômicas ou Filosofia da miséria - Pierre-Joseph P...BlackBlocRJ
 
Princípio Federativo - Pierre-Joseph Proudhon
Princípio Federativo - Pierre-Joseph ProudhonPrincípio Federativo - Pierre-Joseph Proudhon
Princípio Federativo - Pierre-Joseph ProudhonBlackBlocRJ
 
O Que é a Propriedade - Pierre-Joseph Proudhon
O Que é a Propriedade - Pierre-Joseph ProudhonO Que é a Propriedade - Pierre-Joseph Proudhon
O Que é a Propriedade - Pierre-Joseph ProudhonBlackBlocRJ
 
ERRICO MALATESTA e O ANARQUISMO - Bruno Muniz Reis
ERRICO MALATESTA e O ANARQUISMO - Bruno Muniz ReisERRICO MALATESTA e O ANARQUISMO - Bruno Muniz Reis
ERRICO MALATESTA e O ANARQUISMO - Bruno Muniz ReisBlackBlocRJ
 

Mais de BlackBlocRJ (20)

Primeiros socorros em conflitos armados e outras situações de violência
Primeiros socorros em conflitos armados e outras situações de violênciaPrimeiros socorros em conflitos armados e outras situações de violência
Primeiros socorros em conflitos armados e outras situações de violência
 
Teorias dos Estados Anarquista e Marxista - Felipe Corrêa
Teorias dos Estados Anarquista e Marxista - Felipe CorrêaTeorias dos Estados Anarquista e Marxista - Felipe Corrêa
Teorias dos Estados Anarquista e Marxista - Felipe Corrêa
 
Surgimento e Breve perspectiva histórica do anarquismo (IMAGENS) - Felipe Corrêa
Surgimento e Breve perspectiva histórica do anarquismo (IMAGENS) - Felipe CorrêaSurgimento e Breve perspectiva histórica do anarquismo (IMAGENS) - Felipe Corrêa
Surgimento e Breve perspectiva histórica do anarquismo (IMAGENS) - Felipe Corrêa
 
Surgimento e Breve perspectiva histórica do anarquismo - Felipe Corrêa
Surgimento e Breve perspectiva histórica do anarquismo - Felipe CorrêaSurgimento e Breve perspectiva histórica do anarquismo - Felipe Corrêa
Surgimento e Breve perspectiva histórica do anarquismo - Felipe Corrêa
 
Rediscutindo o Anarquismo - Felipe Corrêa
Rediscutindo o Anarquismo - Felipe CorrêaRediscutindo o Anarquismo - Felipe Corrêa
Rediscutindo o Anarquismo - Felipe Corrêa
 
O Pensamento Socialista Libertário de Noam Chomsky - Felipe Corrêa
O Pensamento Socialista Libertário de Noam Chomsky - Felipe CorrêaO Pensamento Socialista Libertário de Noam Chomsky - Felipe Corrêa
O Pensamento Socialista Libertário de Noam Chomsky - Felipe Corrêa
 
Movimentos sociais, Burocratização e Poder Popular Da Teoria à Prática - Feli...
Movimentos sociais, Burocratização e Poder Popular Da Teoria à Prática - Feli...Movimentos sociais, Burocratização e Poder Popular Da Teoria à Prática - Feli...
Movimentos sociais, Burocratização e Poder Popular Da Teoria à Prática - Feli...
 
Fortalecer nossa Bandeira - Felipe Corrêa
Fortalecer nossa Bandeira - Felipe CorrêaFortalecer nossa Bandeira - Felipe Corrêa
Fortalecer nossa Bandeira - Felipe Corrêa
 
Da Periferia para o Centro - Felipe Corrêa
Da Periferia para o Centro - Felipe CorrêaDa Periferia para o Centro - Felipe Corrêa
Da Periferia para o Centro - Felipe Corrêa
 
Criar um Povo Forte - Felipe Corrêa
Criar um Povo Forte - Felipe CorrêaCriar um Povo Forte - Felipe Corrêa
Criar um Povo Forte - Felipe Corrêa
 
A Estratégia de Transformação Social em Malatesta - Felipe Corrêa
A Estratégia de Transformação Social em Malatesta - Felipe CorrêaA Estratégia de Transformação Social em Malatesta - Felipe Corrêa
A Estratégia de Transformação Social em Malatesta - Felipe Corrêa
 
Um Parresiasta no Socialismo Libertário - Edson Passetti
Um Parresiasta no Socialismo Libertário - Edson PassettiUm Parresiasta no Socialismo Libertário - Edson Passetti
Um Parresiasta no Socialismo Libertário - Edson Passetti
 
Poder e Anarquia - Edson Passetti
Poder e Anarquia - Edson PassettiPoder e Anarquia - Edson Passetti
Poder e Anarquia - Edson Passetti
 
Heterotopias anarquistas - Edson Passetti
Heterotopias anarquistas - Edson PassettiHeterotopias anarquistas - Edson Passetti
Heterotopias anarquistas - Edson Passetti
 
Os Sovietes Traídos pelos Bolcheviques - Rudolf Rocker
Os Sovietes Traídos pelos Bolcheviques - Rudolf RockerOs Sovietes Traídos pelos Bolcheviques - Rudolf Rocker
Os Sovietes Traídos pelos Bolcheviques - Rudolf Rocker
 
As ideias absolutistas no Socialismo - Rudolf Rocker
As ideias absolutistas no Socialismo - Rudolf RockerAs ideias absolutistas no Socialismo - Rudolf Rocker
As ideias absolutistas no Socialismo - Rudolf Rocker
 
Sistema das contradições econômicas ou Filosofia da miséria - Pierre-Joseph P...
Sistema das contradições econômicas ou Filosofia da miséria - Pierre-Joseph P...Sistema das contradições econômicas ou Filosofia da miséria - Pierre-Joseph P...
Sistema das contradições econômicas ou Filosofia da miséria - Pierre-Joseph P...
 
Princípio Federativo - Pierre-Joseph Proudhon
Princípio Federativo - Pierre-Joseph ProudhonPrincípio Federativo - Pierre-Joseph Proudhon
Princípio Federativo - Pierre-Joseph Proudhon
 
O Que é a Propriedade - Pierre-Joseph Proudhon
O Que é a Propriedade - Pierre-Joseph ProudhonO Que é a Propriedade - Pierre-Joseph Proudhon
O Que é a Propriedade - Pierre-Joseph Proudhon
 
ERRICO MALATESTA e O ANARQUISMO - Bruno Muniz Reis
ERRICO MALATESTA e O ANARQUISMO - Bruno Muniz ReisERRICO MALATESTA e O ANARQUISMO - Bruno Muniz Reis
ERRICO MALATESTA e O ANARQUISMO - Bruno Muniz Reis
 

Último

ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024Jeanoliveira597523
 
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxPedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxleandropereira983288
 
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptxATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptxOsnilReis1
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBAline Santana
 
Orações subordinadas substantivas (andamento).pptx
Orações subordinadas substantivas (andamento).pptxOrações subordinadas substantivas (andamento).pptx
Orações subordinadas substantivas (andamento).pptxKtiaOliveira68
 
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxAD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxkarinedarozabatista
 
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasHabilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasCassio Meira Jr.
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManuais Formação
 
Simulado 2 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 2 Etapa  - 2024 Proximo Passo.pdfSimulado 2 Etapa  - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 2 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdfEditoraEnovus
 
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdfSimulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdfEditoraEnovus
 
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptxSlides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptxthaisamaral9365923
 
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.silves15
 
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADOactivIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADOcarolinacespedes23
 
Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.keislayyovera123
 
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOLEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOColégio Santa Teresinha
 
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolaresALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolaresLilianPiola
 

Último (20)

ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
 
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxPedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
 
Em tempo de Quaresma .
Em tempo de Quaresma                            .Em tempo de Quaresma                            .
Em tempo de Quaresma .
 
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptxATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
 
Orações subordinadas substantivas (andamento).pptx
Orações subordinadas substantivas (andamento).pptxOrações subordinadas substantivas (andamento).pptx
Orações subordinadas substantivas (andamento).pptx
 
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxAD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
 
Bullying, sai pra lá
Bullying,  sai pra láBullying,  sai pra lá
Bullying, sai pra lá
 
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasHabilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
 
Simulado 2 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 2 Etapa  - 2024 Proximo Passo.pdfSimulado 2 Etapa  - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 2 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
 
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdfSimulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
 
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptxSlides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
 
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
 
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
 
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADOactivIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
 
Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.
 
XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA -
XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA      -XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA      -
XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA -
 
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOLEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
 
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolaresALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
 

A armadilha da Proteção - Emma Goldman

  • 1. BPI – Biblioteca Pública Independente www.bpi.socialismolibertario.com.br MAL-BH – Movimento Anarquista Libertário www.socialismolibertario.com.br A ARMADILHA DA PROTEÇÃO Emma Goldman Dando prosseguimento a tradução o livro “El amor libre” organizado pelo Osvaldo Baigorria, vai para o ar um texto de Emma Goldman chamado “A armadilha da proteção”. O texto trata da questão do matrimônio, da regulação do amor, traçando duras críticas a esta instituição, além de tratar da questão do amor por uma perspectiva anarquista. O matrimônio e o amor não possuem nada em comum; estão tão longe entre si como dois pólos, inclusive, antagônicos. O matrimônio é antes de tudo um acordo econômico, um seguro que só se diferencia dos seguros de vida correntes no que é mais vinculador e rigoroso. Os benefícios que se obtém dele são insignificantes em comparação com o que se paga por ele. Quando se assina uma apólice de seguros, se paga dinheiro e se tem sempre a liberdade de interromper os pagamentos. Entretanto, se o prêmio de uma mulher é um marido, tem que pagar por ele com seu nome, sua vida privada, o respeito de si mesma e sua própria vida “até que a morte os separe”. Além disso, o seguro do matrimônio a condena a depender do marido por toda vida, ao parasistismo e à completa inutilidade, tanto do ponto de vista individual quanto social. O homem também paga o seu tributo, mas como sua esfera de vida é
  • 2. muito mais ampla, o matrimônio não o limita tanto quanto à mulher. As correntes do marido são muito mais econômicas. Vivemos em uma época de pragmatismos. Já não estamos nos tempos em que Romeu e Julieta se arriscavam a desafiar a ira dos seus pais por amor, ou em que Margarita se expunha aos falatórios de seus vizinhos, também por amor. A norma moral que se inculca na jovem não é perguntar-se se o homem despertou seu amor, senão “quanto ganha”. O único deus e a única coisa importante da vida pragmática norte-americana são: Pode o homem ganhar a vida? Isso é a única coisa que justifica o matrimônio. Pouco a pouco vão se saturando com pensamentos da garota, que já não sonha com beijos e a luz da lua, ou com risos e lágrimas, senão com sair para comprar e conseguir liquidações nas lojas. Essa pobreza de alma e essa sordidez são os elementos inerentes à instituição do matrimônio. Essa instituição converte a mulher em um parasita e a obriga a depender completamente de outra pessoa. A incapacita para a luta pela vida, aniquila sua consciência social, paralisa sua imaginação e lhe impõe, depois, graciosamente sua proteção, que na realidade é uma armadilha, uma paródia do caráter humano. Se a maternidade é a maior realização da mulher, que outra proteção necessita senão o amor e a liberdade? O matrimônio profana, ultraja e corrompe essa realização. Por acaso não disse à mulher que somente sob sua proteção poderá dar a vida? Não a põe na conversa, a degrada e a envergonha se se nega a comprar seu direito à maternidade com sua própria pessoa? Por acaso o matrimônio não sanciona a maternidade, ainda que haja concebido com ódio ou por obrigação? E quando a maternidade é escolhida, produto do amor, do êxtase, da paixão desafiante, não se coloca uma coroa de espinhos numa cabeça inocente, gravada em letras de sangue o odioso epíteto de “bastarda”? Ainda no caso de que o matrimônio contivera todas as virtudes que dele se afirmam, seus crimes contra a maternidade os excluiriam para sempre do reino do amor. O amor, o elemento mais forte e profundo de toda vida, presságio de esperanças, de êxtase; o amor que desafia a todas as leis, a todas as convenções; o amor, o mais
  • 3. livre, o mais poderoso modelador do destino humano, como pode essa força toda poderosa ser sinônimo da pobre feiúra do Estado e da Igreja que é o matrimônio? Amor livre? Por acaso o amor pode ser outra coisa mais que não livre? O homem comprou cérebros, mas todos os milhões deste mundo não conseguiram comprar o amor. O homem submeteu os corpos, mas todo o poder da terra não foi capaz de submeter o amor. O homem conquistou nações inteiras, mas todos os seus exércitos não poderão conquistar o amor. O homem encarcerou e aprisionou o espírito, mas não pode nada contra o amor. Incrustado em um trono, com todo o esplendor e pompa que pode proporcionar o seu ouro, o homem se sente pobre e desolado se o amor não pára na sua porta. Quando existe amor, a cabana mais pobre se enche de calor, de vida e alegria; o amor tem o poder mágico de converter um mendigo em rei. Sim, o amor é livre e não pode crescer em nenhum outro ambiente. Em liberdade, se entrega sem reservas, com abundância, completamente. Todas as leis e decretos, todos os tribunais do mundo não poderão arrancar-lhe do solo em que fincou suas raízes. O amor não necessita de proteção, porque ele se protege a si mesmo. Enquanto é o amor que gera os filhos, não há crianças abandonadas, famintas ou carentes de afeto. Conheço mulheres que foram mães sem liberdade com o homem a quem amavam. Poucos filhos têm desfrutado do matrimônio do cuidado, proteção e devoção que a maternidade livre é capaz de deparar-lhes. Os defensores da autoridade temem a maternidade livre por medo de que se despoje de sua presa. Quem então lutaria nas guerras? Quem se faria de carcereiro ou polícia se as mulheres se negam a dar luz indiscriminadamente? A raça, a raça! Grita o rei, o presidente, o capitalista, o sacerdote. Há que salvar a raça, ainda que a mulher seja degradada ao papel de pura máquina, e a instituição do matrimônio é a única válvula de segurança contra o perigoso despertar sexual da mulher. Mas são inúteis estes esforços desesperados para manter um estado de escravidão. São inúteis também os editos da Igreja, os ferozes
  • 4. ataques dos ditadores, e inclusive o braço da lei. A mulher não quer seguir sendo a produtora de uma raça de seres humanos doentes, débeis, decrépitos e miseráveis, que não tem nem a força, nem o valor moral de sacudir-se do jugo de sua pobreza e de sua escravidão. Em lugar disto, deseja menos filhos e melhores, formados e criados com amor e por livre eleição, não por obrigação, como no matrimônio. Nossos pseudomoralistas têm que aprender o profundo sentido de responsabilidade para com as crianças, que o amor em liberdade desperta no peito da mulher. Esta preferiria renunciar para sempre a maternidade que dar a vida em uma atmosfera onde só se respira a destruição e a morte. E, se se converte em mãe, é para dar a criança o melhor e o mais profundo de seu ser. Seu lema é desenvolver-se com a criança, e sabe que só desta maneira poderão formar-se os verdadeiros homens e as verdadeiras mulheres. Na realidade, em nosso atual estado de pigmeus, o amor é algo desconhecido para a maioria das pessoas. Não o compreendem, e se esquiva ou muitas raras vezes se arraiga; e quando o faz, de repente murcha e morre. Sua fibra delicada não pode suportar a tensão e os esforços do viver cotidiano. Sua alma é demasiadamente complexa para ajustar-se a viscosa textura da nossa trama social. Chora, se lamenta e sofre com os que o necessitam e, no entanto, carecem de capacidade para elevar-se a sua altura. Algum dia, os homens e as mulheres se elevarão e alcançarão o cume das montanhas; se encontrarão grandes, fortes e livres, dispostos a receber, compartilhar e aquecerem-se nos dourados raios do amor. Que imaginação, que fantasia, que gênio poético pode prever, ainda que seja aproximadamente, as possibilidades dessa força nas vidas dos homens e das mulheres? Se no mundo tem que existir alguma vez a verdadeira companhia e a unidade, o padre será o amor e não o matrimônio.
  • 5. Traduzido de: GOLDMAN, Emma. La trampa de la protección. In: BAIGORRIA, Oslvaldo. El amor libre: Eros e anarquia. 1 ed. Buenos Aires: Libros de Anarres, 2006. cap. 9, p. 49 – 52. Traduzido por: Antonio Henrique do Espirito Santo. Revisado por: Íris Nery do Carmo.