Este documento resume um livro de Elisabeth Badinter sobre as mudanças nas relações de casal e no papel do indivíduo versus o casal. Em três frases ou menos, o documento discute: 1) A noção tradicional de casal está vacilando com a ênfase no indivíduo e na reciprocidade na relação; 2) A paixão está sendo substituída por ternura e amizade no casal moderno; 3) A solidão é cada vez mais preferida à ligação forçada, com os solteiros entre o quente e o morno
1. UM É O OUTRO – O CASAL,
OU AS MUTAÇÕES DO
CORAÇÃO
Elisabeth Badinter
(Piero di Cosimo 'Venus, Mars und Amor' 1595)
2. Quem é Elisabeth Badinter?
Nome de batismo: Élisabeth
Bleustein-Blanchet
Data de nascimento: 05 de
março de 1944
Nacionalidade: francesa
Ocupação: historiadora,
escritora, filósofa,
empresária, feminista e
professora de filosofia.
3. Elisabeth Badinter – CONTEXTO
• Filha de Sophie Vaillant com Marcel Bleusteing-
Blanchet.
• Esposa de Robert Badinter, um famoso advogado
francês, professor de direito e antigo Ministro da
Justiça na França, com o qual possui 3 filhos.
• Seguidora de Simone de Beauvoir, se juntou ao
movimento de liberação feminina no começo dos
anos 70.
• Badinter é uma das mais ricas cidadãs francesas.
Em 2011, a revista Desafios estimou sua fortuna
em 652 milhões.
4. DE FILÊMON E BÁUCIDE PARA...?
• A noção
tradicional de
casal vacila;
• União sobre uma
base tão frágil;
• Harmonia entre o
amor próprio e o
amor pelo Outro.
(Adam Elsheimer ‘Philemon und Baucis' 1609/2610)
5. O INDÍVIDUO ANTES DO CASAL
• Antiga unidade básica da sociedade;
• Hipertrofia do ego e individualismo
militante;
• Mudanças de objetivos.
6. O VALOR ABSOLUTO DO EGO
• O individuo como exemplar
representativo de toda a humanidade;
• Ego – valor estético, econômico e
moral;
• “Conheça-te a ti mesmo” e “Ama-te”;
• Derrota e desvalorização do ego;
• Moral egocêntrica x Ética cristiano-
kantiana.
7. AMOR OBLATIVO E AMOR MATERNO
• Destino da mulher – devotamento e
sacrifícios;
• Satisfação e enriquecimento do Ego;
• Obras-primas do Ego;
• Gratificações em troca do sacrifício;
• União entre a criança real e a criança
fantasiada.
8. AMOR OBLATIVO E O CASAL
• Altruísmo x Imperativo da reciprocidade;
• Dar para receber – condição de
sobrevivência do casal (regra da
reciprocidade);
• Antiga troca de status, títulos ou dotes;
• Igualdade entre gêneros – regra da
reciprocidade apenas em provas de amor.
“ Amo a ti tanto quanto a mim mesmo, com a condição de que tu
me ames tanto quanto a ti mesmo, e de que me proves isso”
9. ANTES A SOLIDÃO DO QUE A COAÇÃO!
• Aumento do número de divórcios;
• Regra da reciprocidade quebrada em prol dos
homens;
• Trabalho doméstico dividido desigualmente;
• Outro – explorador;
• Repúdio a relação mantida por “força de
hábito”;
• Casal elimina a pessoal humana (Le Garrec).
10. ANTES A SOLIDÃO DO QUE A COAÇÃO!
• Enfraquecimento dos laços com a
coletividade;
• Solidão após a separação;
• “Viver pra si e cultivar o seu Ego”;
• Proteção do Ego de sofrimento causado pelo
Outro;
• Autonomia total do Outro – felicidade por si
só;
• Tranquilidade da alma.
11. ENFRAQUECIMENTO DAS PAIXÕES:
“Eu vi, enrubesci, descorei em seguida;
Um tumulto elevou-se em minh’alma perdida;
Não mais viam meus olhos, nem falar;
E senti que meu corpo abrasava e transia”
(Racine, Fedra 1677, ato I, cena III)
12. A PAIXÃO DE MENOS, A TERNURA A MAIS
• Limitante dos efeitos perigosos da paixão para
proteção do Ego;
• Existência da paixão – provas, obstáculos e
proibição;
• Perde-se o motor da paixão;
• Noção de tempo – mulher torna-se “acessível” e
não há necessidade do grande processo de
iniciação;
• Retardamento do momento de satisfação erótica;
13. O DESEJO DE TERNURA
• Amor – Amizade x Amor – Paixão;
• Relação amorosa idealizada na relação de
amizade;
• Imagens recíprocas semelhantes –
companheirismo;
• Retorno a simbiose materna – Um deve ser
mãe e filho;
• Casamento – última prova de ternura.
14. ENTRE O QUENTE E O MORNO
CALOR do casal X FRIEZA da solidão
Concepção mantida por muitos anos durante a história...
15. ENTRE O QUENTE E O MORNO
Nova visão: “bons amigos”
“casais de uma
pessoa”
aumentaram 70%
desde 1962 entre
os franceses.
16. ENTRE O QUENTE E O MORNO
[[Solteiros]]
• Perdeu-se a concepção negativa (anormal e
suspeita)
• “os estatísticos burgueses perseguiam o
solteiro nos registros de presos, hospital, asilo,
necrotério, para demostrar sua nocividade e
seu infortúnio”
17. ENTRE O QUENTE E O MORNO
“Solteira, a mulher, ao mesmo tempo, está em
perigo e é um perigo. Em perigo de morrer de fome
e de perder sua honra. Ameaça para a família e
para a sociedade. Ociosa, se as instituições de
caridade não a monopolizam, ela passa seu tempo
fazendo intrigas e mexericos... Sem família onde
exercer seu poder, ela vive como parasita na família
dos outros... Não consignadas como residentes em
seus lares, as mulheres sozinhas circulam. Elas são
vendedoras nos toaletes, alcoviteiras, abortadeiras,
em pouco bruxas”
18. ENTRE O QUENTE E O MORNO
Atualmente ser
solteiro é questão
de ESCOLHA
Cidadania em pé
de igualdade
com os casados
• Entre as mulheres, ser solteira estaria ligado à
Escala Social.
19. ENTRE O QUENTE E O MORNO
“A ambição feminina e as
carreiras que valorizam são
fatores poderosos de
solidão ou de apartamentos
separados. Mesmo se umas
e outras às vezes se
queixam, ou lamentam a
ausência do grande amor,
são elas que, em última
instância, preferem sua
liberdade a uma ligação
considerada medíocre”
20. ENTRE O QUENTE E O MORNO
• Entre os homens: egoísmo absoluto. Os homens
solteiros preferem a aventura e a
liberdade, porém com o silêncio da não
obrigatoriedade de dar satisfação e agradar o
outro.
“Colocam sua
disponibilidade
acima de tudo e
consideram a
vida a dois como
um obstáculo...”
21. ENTRE O QUENTE E O MORNO
• Entretanto, também haveria outros
frustrados, que sonham secretamente com o
grande amor
Estes não estariam
solitários por
escolha, mas “não
é certo que a vida
conjugal seria
melhor para eles.”
22. ENTRE O QUENTE E O MORNO
“escolhida ou forçada, transitória ou
definitiva, a solidão é cada vez mais preferida
à ligação forçada. Aprende-se a arrumar e a
aproveitar de seu egoísmo. Mesmo se para
alguns ela continua sinônimo de
infelicidade, não é mais encarada como uma
calamidade social e econômica.
Psicologicamente, pode inclusive ser um
prazer.”
23. ENTRE O QUENTE E O MORNO
“Divididos entre nossa vontade de independência e de
completude, os solteiros estão ENTRE O QUENTE E O
MORNO.”
“Não podendo sentir-me aconchegada Contigo, escolho
ficar confortável Comigo.”
Que minha solidão me sirva de companhia.
Que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim
me sentir como se estivesse plena de tudo.
(Clarice Lispector)
24. VOLTA À QUESTÃO DE PODER
• Relação de complementariedade entre os
sexos;
• Maior igualdade entre gêneros;
• Poder da contracepção;
• Reprodução sem a mulher – mutação da
espécie;
• Um novo HOMEM.