Este documento discute a história e as regras da ortografia da língua portuguesa. Aborda os principais acordos ortográficos de 1911, 1945 e 1990, assim como as mudanças introduzidas por cada um. Também explica as 21 bases do Acordo Ortográfico de 1990, que definem as novas regras de escrita da língua portuguesa.
4. História da Língua Portuguesa
Séc. XIV – galaico-português
Séc. XVI – português
1540 – Gramática de João de Barros
5. História da Língua Portuguesa
Português arcaico
Português clássico (a partir da 2.ª
metade do séc. XVI)
Português moderno (a partir do final do
séc. XVIII)
6. Fixação da ortografia
A ortografia pode ser:
fonética
ou
etimológica
A ortografia portuguesa adota
o meio-termo.
7. Ortografia da Língua Portuguesa
Até ao princípio do séc. XX – pluralidade
de grafias:
- Séc. XIII-XVI – ortografia fonética
- Séc XVI (2.ª metade)-séc. XIX (início) – ortografia
etimológica
9. Ortografia da Língua Portuguesa
Até 1911
etimologia como supremo princípio
ortográfico
“Reforma Ortográfica de 1911” (1.ª oficial)
profunda, retorno parcial à ortografia
fonética
10. Ortografia da Língua Portuguesa
1931 – proposta de acordo por parte da
Academia Brasileira de Letras
1943 – convenção ortográfica Portugal-
-Brasil
1945 – “Acordo Ortográfico de 1945”
11. Ortografia da Língua Portuguesa
“Acordo Ortográfico de 1945”
acordo em vigor em Portugal até ao presente
*
nunca foi aplicado no Brasil
(apesar de aprovado pela Acad. Brasileira de Letras)
12. Ortografia da Língua Portuguesa
1971 (Brasil) e 1973 (Portugal)
Supressão do acento gráfico em
palavras com sufixo -mente e palavras
com sufixo iniciado em -z:
sòmente somente
sòzinho sozinho
13. Ortografia da Língua Portuguesa
“Acordo Ortográfico de 1990”
Acordo lavrado em Lisboa em 1990,
assinado por:
Promulgado em Portugal em 21 de junho de 2008.
Angola
Brasil
Cabo Verde
Guiné-Bissau
Moçambique
Portugal
São Tomé e Príncipe
Timor-Leste (2004)
14. Acordo Ortográfico de 1990
Período de transição (aceitam-se as duas
grafias – 1945 e 1990):
1 de janeiro de 2009 a maio de 2014
No sistema de ensino português:
a partir de 1 de setembro de 2011
15. Acordo Ortográfico da Língua
Portuguesa de 1990
“É uma lista de 21 (XXI) bases
ortográficas, onde se discrimina o novo
alfabeto da língua portuguesa e as
características da nova ortografia, com
exemplos.” (anexo I)
16. Base I
O alfabeto da língua portuguesa tem 26
letras, nas quais se incluem “k”, “w” e
“y”.
(abreviaturas e palavras de
origem estrangeira e suas derivadas)
17. Base II - h inicial e final
H inicial
emprega-se:
por etimologia homem, humor, haver
por adoção convencional hã?, hem?
suprime-se quando:
a supressão está consagrada pelo uso
erva (de herva. Cf. herbário, herbáceo)
por via da composição, passa a interior
desumano, inábil, desarmonia
18. H inicial
Mantém-se quando:
Numa palavra composta, o h do 2.º elemento
se liga ao 1.º por hífen pré-história, anti-
-higiénico, sobre-humano
H final
Emprega-se em interjeições oh!, ah!
Base II h inicial e final
19. ch / x achar, puxar
g / j algibeira, sujeito
s – ss – c – ç – x ânsia, asseio, cereal, dançar,
máximo
s – x – z (interiores) escusar, extensão,
capazmente
s – x – z (finais) aliás, Garcês, Brás, Félix, dez
s – x – z (sonoras) analisar, exemplo, inexorável,
baliza, Galiza
Base III – da homofonia de grafemas
consonânticos
20. cc / cç / ct / pc (interiores)
Conservam-se quando:
proferidos nas pronúncias cultas da língua
friccionar, convicção, compacto, núpcias
Eliminam-se quando:
são invariavelmente mudos nas pronúncias
cultas da língua acionar, ação, objeção,
coleção, afetivo, ata, ato, diretor, exato,
adoção, Egito, ótimo
Base IV – das sequências consonânticas
AO
21. Conservam-se ou eliminam-se
facultativamente quando se proferem numa
pronúncia culta (geral ou restritamente), ou
quando oscilam entre a prolação e o
emudecimento:
Base IV – das sequências consonânticas
aspecto
cacto
caracteres
dicção
facto
sector
ceptro
concepção
corrupto
recepção
aspeto
cato
carateres
dição
fato
setor
cetro
conceção
corruto
receção
AO
22. Base IV – das sequências consonânticas
Quando nas sequências mpc, mpç e
mpt se eliminar o p, o m passa a n:
peremptório
sumptuoso
sumptuosidade
perentório
suntuoso
suntuosidade
AO
23. Base IV – das sequências consonânticas
Nas sequências bd / bt / gd / mn / tm, as
consoantes sublinhadas conservam-se ou eliminam-
-se facultativamente quando se proferem numa
pronúncia culta (geral ou restritamente), ou quando
oscilam entre a prolação e o emudecimento:
súbdito
subtil
amígdala
amnistia
indemne
indemnizar
omnipotente
omnisciente
aritmética
24. Base V – das vogais átonas
O emprego do e e do i, do o e do u
regula-se pela etimologia:
ameaça linear limiar lampião camoniano
goela nódoa embutir
Sistematizando:
e antes da sílaba tónica (aldeola, baleal)
subst. e adjet. derivados dos subst. em
-elo e -eia (cadeado, candeeiro)
o em final de palavras de origem latina
terminadas em u (tribo, moto)
25. Base VI – das vogais nasais
ã em fim de palavra e antes de hífen (manhã, Grã-
-Bretanha)
em / im / om / um em fim de palavra (n, se seguido
de s): bem, flautim, tom, zunzum (pl.: bens, flautins,
tons, zunzuns)
Base VII – dos ditongos
Orais (vogal e semi-vogal i ou u) caixote, goivo,
cacau, deu
Nasais (vogal com til e semi-vogal; vogal seguida de
consoante nasal m) sabão, opiniões, amam,
Benfica
26. Base VIII – da acentuação das palavras
agudas
Com acento agudo:
Palavras terminadas em a, e e o abertas (e no plural)
está – estás
pontapé – pontapés
paletó – paletós
Palavras terminadas em ditongo nasal –em (e plural)
detém – deténs
entretém – entreténs
porém
também
27. Base VIII – da acentuação das palavras
agudas
Com acento circunflexo:
Palavras terminadas em e e o fechados (e plural)
dê – dês
você – vocês
robô – robôs
pôs (v. pôr)
Não se acentuam as palavras homógrafas (=som
diferente, escrita igual):
cor (amarelo, azul)
colher (talher)
Exceção pôr
(verbo)
cor (da expressão “de cor”)
colher (verbo)
AO
28. Base IX – da acentuação das palavras graves
Regra geral, não são acentuadas, exceto:
Quando terminam em l, r, x e ps
Quando terminam em ã, ão, ei(s), i(s), um
(uns), us
órfã(s) acórdão(s) amáveis cantaríeis júri oásis
álbum fóruns vírus
dócil
fóssil
amável
éden
açúcar
cadáver
caráter (pl. carateres)
córtex
índex
tórax
bíceps
fórceps
29. Base IX – da acentuação das palavras graves
Não se acentuam os ditongos ei e oi da
sílaba tónica:
boleia
aldeia
ideia
Azoia
boina
comboio
heroico
jiboia
paranoico
AO
30. Base IX – da acentuação das palavras graves
Acentuam-se facultativamente as formas
verbais
Recebem acento circunflexo
• As formas verbais têm e vêm e derivadas advêm,
abstêm, contêm, convêm, detêm, mantêm
(tecnicamente, são palavras graves)
• Obrigatoriamente – pôde (para distinguir de pode,
presente)
presente do indicativo
amamos
louvamos
pretérito perfeito do indicativo
amámos
louvámos AO
31. Base IX – da acentuação das palavras graves
ATENÇÃO – não têm acento:
a vogal fechada e antes da terminação -em, na 3.ª
pessoa plural presente indicativo e conjuntivo
creem deem descreem leem preveem veem
Palavras homógrafas
para (verbo parar)
pela (verbo pelar)
pelo (substantivo)
para (preposição)
pela (substantivo)
pelo (por + o)
AO
32. Base X – da acentuação i e u tónicos das
palavras agudas e graves, depois de vogal
Palavras agudas:
país aí atraí Luís baú
Palavras graves:
baía juízes sanduíche graúdo miúdo
Não se acentuam o i e o u antes de nh, l, m,
n, r e z:
moinho rainha juiz raiz Raul triunfo
33. Base XI – da acentuação das palavras esdrúxulas
Todas as palavras esdrúxulas são
acentuadas graficamente:
árabe músico lírio nódoa Islândia fêmea
Base XII – do emprego do acento grave
Na contração da preposição a com artigos e
pronomes (a+a=à):
à às àquilo àquela àqueles
34. Base XIII – da supressão dos acentos em
palavras derivadas
Suprimem-se os acentos nas palavras com o
sufixo -mente:
Habilmente avidamente portuguesmente
Suprimem-se os acentos nas palavras com
sufixos iniciados em -z:
avozinho bençãozinha bebezito mazinha
35. Base XIV– do trema
O trema (¨) é inteiramente suprimido em
palavras portuguesas ou aportuguesadas.
Bases XV, XVI e XVII – do hífen
Emprega-se o hífen nas palavras
compostas por justaposição:
ano-luz
arco-íris
decreto-lei
és-sueste
turma-piloto
amor-prefeito
norte-americano
azul-escuro
luso-brasileiro
segunda-feira
guarda-chuva
primeiro-ministro
36. Bases XV, XVI e XVII– do hífen
Sem hífen:
girassol, madressilva, pontapé, paraquedas...
Sem hífen:
América do Sul, Cabo Verde, Freixo de Espada à
Cinta, Belo Horizonte (exceção: Guiné-Bissau)
Com hífen – espécies botânicas e zoológicas:
abóbora-menina, couve-flor, bem-me-quer (mas,
malmequer), erva-doce, feijão-verde, formiga-branca,
andorinha-do-mar
Com hífen, os topónimos iniciados por grã(o), por
verbo ou ligados por artigo:
Grã-Bretanha Quebra-Costas Trás-os-Montes
AO
37. Bases XV, XVI e XVII – do hífen
Com hífen, os compostos iniciados por bem e mal
(mas, mal aglutina-se muitas vezes com palavras
iniciadas por consoante):
bem-aventurado, bem-estar, mal-estar, bem-
humorado, mal-humorado, mal-afortunado, bem-
-criado (mas malcriado), bem-falante (mas
malfalante), bem-nascido (mas malnascido), bem-
-visto (mas malvisto)
Com hífen, os compostos iniciados por além,
aquém, recém e sem:
além-mar, aquém-Pirinéus, recém-nascido, sem-
número, sem-abrigo, sem-vergonha
38. Bases XV, XVI e XVII – do hífen
Sem hífen, nas locuções (=conj. de palavras com o
valor de uma só) de qualquer tipo:
Hífen na ligação ocasional de palavras, formando
encadeamentos vocabulares:
Liberdade-Igualdade-Faternidade (divisa)
Lisboa-Coimbra-Porto (percurso)
Áustria-Hungria (combinações históricas)
cão de guarda
fim de semana
sala de jantar
cor de vinho
cor de laranja
cor de café com leite
ele próprio
nós mesmos
quem quer que seja
à parte
à vontade
de mais
depois de amanhã
abaixo de
acerca de
por baixo de
quanto a
afim de que
AO
39. Bases XV, XVI e XVII– do hífen
Com os prefixos
Só se usa hífen quando:
O 2.º elemento começa por h
anti-higiénico, extra-humano, pré-história, neo-helénico,
(exceção: prefixos des- e in-, com perda do h inicial do 2.º
elemento – desumano, inábil...)
ante
anti
circum
co
contra
entre
extra
hiper
infra
intra
pós
pré
pró
sobre
sub
super
supra
ultra
aero
agro
arqui
auto
hio
electro
geo
hidro
inter
macro
maxi
micro
mini
multi
neo
pan
pluri
proto
pseudo
retro
semi
tele
AO
40. Bases XV, XVI e XVII– do hífen
O prefixo termina na mesma vogal com que se inicia o 2.º
elemento
anti-ibérico, contra-almirante, auto-observação, micro-onda
(exceção: prefixo co-, mesmo quando o 2.º elemento começa
por o – coordenar, cooperação, coobrigação...)
Com os prefixos circum- e pan-, quando o 2.º elemento
começa por vogal, m ou n (além do h)
circum-escolar, circum-navegação, pan-africano
Com os prefixos hiper-, inter- e super-, quando o 2.º
elemento começa por r
hiper-requintado, inter-resistente, super-revista
AO
41. Bases XV, XVI e XVII– do hífen
Com os prefixos ex-, vice- e vizo-
ex-almirante, ex-presidente, vice-reitor, vizo-rei
Com os prefixos tónicos e acentuados pós-, pré- e pró-,
quando o 2.º elemento tem vida à parte
pós-graduação, pré-escolar, pré-natal (mas prever),
pró-africano, pró-europeu (mas promover)
Não se emprega hífen
Quando o prefixo termina em vogal e o 2.º elemento começa
por r ou s (duplicando-se estas consoantes)
minissaia, semirreta, contrassenha, antirreligioso,
antissemita, ecossistema, cosseno, extrarregular
AO
42. Bases XV, XVI e XVII– do hífen
Quando o prefixo termina em vogal e o 2.º elemento começa
por vogal diferente
antiaéreo, extraescolar, autoestrada, autoaprendizagem,
plurianual, coeducação, aeroespacial, hidroelétrico
Suprime-se o hífen nas ligações da preposição de ao
presente do indicativo do verbo haver
hei de, hás de, há de (havemos de, havéis de), hão de
AO
43. Base XVIII– do apóstrofo
Usa-se para separar graficamente uma contração:
d’Os Lusíadas, n’Os Lusíadas
d’Ele, n’Aquela, m’O
Sant’Ana, Sant’Iago
Nun’Álvares
estrela-d’alva, galinha-d’água, pau-d’arco
44. Base XIX– das minúsculas e maiúsculas
A minúscula inicial é usada:
Em todos os vocábulos da língua nos usos
correntes
Nos nomes dos:
dias – terça-feira, sábado
meses – janeiro, dezembro
estações do ano – outono, primavera
pontos cardeais – sudoeste (exceto abreviaturas –
SW)
domínios do saber, cursos, disciplinas (mas,
opcionalmente com maiúscula) – matemática
(Matemática)
fulano, sicrano, beltrano
senhor, senhor doutor, bacharel (mas, opcionalmente
com maiúscula) – senhor doutor João Silva (Senhor
Doutor João Silva)
AO
45. Base XIX– das minúsculas e maiúsculas
A maiúscula inicial é usada:
nos nomes próprios, reais ou fictícios – Pedro Dias, Branca de
Neve
topónimos – Lisboa, Portugal
seres mitológicos – Adamastor, Vénus
instituições – Instituto Superior de Economia
festividades – Natal, Páscoa, Ramadão, Todos os Santos
títulos de periódicos – Expresso, Público
pontos cardeais referentes a regiões – Nordeste (brasileiro)
siglas – NATO, ONU, PGR
abreviaturas – Sr., V. Exa.
opcionalmente, em locais públicos – rua da Liberdade (Rua da
Liberdade)
AO
46. Base XX– da divisão silábica
São indivisíveis os dígrafos gu e qu:
ne-guei, pe-quei, quais-quer, á-gua, lon-gín-quos
Na translineação de uma palavra composta em que
há um hífen, se a partição coincide com o final de
um dos elementos, repete-se o hífen no início da
linha imediata:
vice-almirante
_________________________________________________vice-
-almirante____________________________________________
47. Base XX– da divisão silábica
São indivisíveis no interior de palavra as sucessões de duas
consoantes bl, br, pl, pr, cl, cr, gl, gr, tl, tr, dr, tr, fl, fr, vr:
ce-le-brar, de-glu-ti-ção, de-cre-to
São divisíveis no interior da palavra as sucessões de duas
consoantes que não constituem grupos:
ad-je-ti-vo, ét-ni-co, flo-res-cer, en-xa-me
São divisíveis mais de duas consoantes em sucessão:
em-ble-ma, ex-pli-car, in-ters-te-lar, subs-cre-ver
São divisíveis vogais consecutivas que não sejam ditongos:
á-re-as, flu-i-dez, a-la-ú-de, co-or-de-nar, do-er
48. Base XXI– das assinaturas e firmas
Mantém-se a grafia original de firmas
comerciais, nomes de sociedades, marcas e
títulos inscritos em registo público.
Pode manter-se a grafia da assinatura do
nome baseada no costume ou registo legal.
AO
49. Fontes
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990)
DGIDC (webinar)
www.portaldalinguaportuguesa.org
Lince – conversor ortográfico
VOP – vocabulário ortográfico do português
Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Cadernos Novo Acordo Ortográfico, 3.º ciclo, Porto
Editora
Agrupamento de Escolas de Colares Luísa Figueiredo