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DANIEL
SEGREDOS DA PROFECIA
Descubra como a PROFECIA
nos habilita a enfrentar o
FUTURO com confiança
ARILTON OLIVEIRA
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Casa Publicadora Brasileira
Rodovia SP 127-km 106
Caixa Postal 34- 18270-970 - Tatul, SP
Tel.: (15)3205-8800- Fax:(15)3205-
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Editoração
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Revisão
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Projeto Gráfico
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Ilustração da Capa
Rogério Chimello
impressão: 8 mil exemplares
Tiragem acumulada: 18 milheiros
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Daniel: segredos da profecia / Arilton
Oliveira. - Jacareí,SP: Ed. do Autor, 2013
13-12740 CDD-224.506
índices para catálogo sistemático:
1. Daniel: Livros proféticos: Bíblia :
Interpretação 224.506
SUMÁRIO
Palavras do autor 7
Introdução 9
Capítulos
Daniel, um homem amado pelo Céu 15
Daniel, um livro selado 25
Seção histórica
Desafios culturais 35
Uma estátua assustadora - primeira visão 49
A fornalha de fogo ardente 69
Do palácio ao pasto 79
A queda de Babilónia 89
Daniel na cova dos leões 99
Seção profética
Quatro animais estranhos - segunda visão 109
A visão do carneiro e do bode-terceira visão 141
A purificação do santuário terrestre 149
2.300 tardes e manhãs e a purificação do santuário celestial.... 159
Daniel no RioTigre - quarta visão 173
Reis em guerra 179
Um tempo de angústia sem precedentes 187
O estabelecimento do eterno reino de Cristo 197
Conclusão 204
Referências 206
c-ít^-^^^-^n
DEDICATÓRIA
Dedico esta obra a três pessoas que muito amo:
José e Adelaide, meus queridos pais, que me deram vida
e ensinaram pelo exemplo o amor e respeito ao próximo;
e Juliana, minha amada esposa, que encheu minha vida
de um novo significado ealegria.
PALAVRAS DO AUTOR
O fascínio pelo livro de Daniel chegou muito cedo em minha vida.
Eu tinha apenas 13 anos de idade quando assisti, durante a Semana
Santa do ano de 1985, uma série de palestras apresentadas pelo saudoso
Dr. Emanuel Ruela, cujo tema central ainda hoje me lembro: HÁ VIDA
EM SUAMORTE. Foi naquele momento, após conhecer a linda histó-
ria da cruz, que aceitei a Jesus como meu Salvador pessoal.
Passei em seguida a frequentar a igreja que estava em meu bairro,
Mucuri, no município de Cariacica, ES.Nessa igreja simples, com ir-
mãos queridos e zelosos, tínhamos todos os sábados, às 7h da manhã,
o Culto do Poder. Sob a liderança dos irmãos Agostinho Machado,
Valdomiro, Benedito Tonoli, Neudes Fraga, Edvirges Fraga, Samuel
Ney, Nilton Gonçalves, António Afonso e outros, estudávamos as pro-
fecias de Daniel referentes ao "tempo do fim".
Fascinava-me o fato daqueles irmãos conhecerem tanto da Palavra
de Deus. Eram versos da Bíblia recitados de cor, raciocínios lógicos,
eventos históricos repassados, personagens da Bíblia e da história ana-
lisados. Isto tudo me fascinava.
Nessas reuniões, o livro de Danielvárias vezes era aberto e suas his-
tórias e profecias eram lidas. Uma estátua de vários metais, três jovens
lançados numa fornalha, Daniel na cova dos leões, um animal terrível e
espantoso, um chifre pequeno que falava insolências, um tempo de an-
gústia qual nunca houve, uma ressurreição especial - eram temas que
iam tomando conta de minha mente juvenil e me fazendo crer ainda
mais na inspiração da Bíblia e em sua relevância para nossos dias.
Uma coisa sempre me chamava a atenção nesses estudos: "Jesus vol-
tará em breve para estabelecer Seu reino". Essa era a nota tónica de cada
estudo. Eles ensinavam que a "pedra arrancada sem auxílio de mãos"
que destrói a estátua (Daniel 2:45) seria o estabelecimento final do
eterno reino de Cristo que jamais teria fim. Com essas belas imagens,
minha mente juvenil foi se apaixonando pelo estudo das profecias.
E comecei, assim como aqueles irmãos, a ansiar pela volta de Jesus.
Tornei-me de fato um adventista, alguém que não apenas amava a
8
DANIEL
Segredos da Profecia
volta do Senhor, mas buscava, por meio da própria vida e trabalhos,
apressar esse extraordinário dia (2 Pedro 3:12).
Muitos daqueles queridos irmãos já não vivem mais. Agostinho
Machado, António Afonso, Emanuel Ruela - todos já descansam no
pó, assim como Daniel (Daniel 12:13). Felizmente, segundo o próprio
Cristo, eles apenas dormem (João 11:11), e está chegando o dia de
"acordarem" para receber a recompensa: "uma coroa imarcescível
de glória" (Daniel 12:2; 2 Timóteo 4:8). É isso que acontece quando
estudamos Daniel: Nós nos apaixonamos por Cristo e Suavinda e nem
mesmo a morte pode arrancar esta esperança de nosso coração.
Como foi dito a Moisés, junto à sarça ardente, devemos tirar "nos-
sas sandálias" pois estudar o livro de Daniel é pisar em solo sagrado
(Êxodo 3:5). Oremos para que o mesmo Espírito Santo que auxiliou o
profeta no registro dessas histórias e profecias nos auxilie no estudo e
compreensão das mesmas. Que, ao longo de cada capítulo, percebamos
que o reino de Cristo se aproxima ebusquemos ser cidadãos dele.
Esse é o sincero desejo de seu irmão de jornada.
O autor
INTRODUÇÃO
A profecia é uma visão antecipada da história; já a história é um
repasse retrospectivo da profecia, e em nenhum outro livro da Bíblia
esses aspectos estão mais interligados do que nos livros de Daniel e
Apocalipse. Há profecias que foram proferidas e que se relacionam com
o período da escrita dos livros e outras que foram dadas para o chama-
do "tempo do fim" ou "últimos dias".
Segundo a revelação profética, já estamos vivendo no assim chamado
"tempo do fim".Isso quer dizer que as mensagens de Daniel e Apocalipse
são dirigidas especialmente para nós. Esta é uma das razões pelas quais
devemos estudar atentamente o livro de Daniel.Mas existem outrasrazões:
a) Porque é inspirado por Deus. Nenhum mortal pode conhe-
cer o futuro, a não ser que Deus o revele. Foi isso que Ele fez
a Daniel. Revelou-lhe, pelo menos, 2.500 anos de história.
Estudar o livro de Daniel é desvendar os eventos que ainda
nos aguardam. Não como os "videntes" da modernidade que,
por meio de "chutes" e predições descabidas tentam adivinhar
o que vai acontecer, mas saber o futuro revelado pelo Senhor
da história, que conhece o fim desde o princípio (Isaías 46:10).
b) Porque é dirigido especialmente às pessoas que vivem nos
derradeiros dias da história. O livro trata de história e profecia.
A parte profética, segundo o anjo Gabriel, foi velada a Daniel e
o conhecimento das mesmas só viria no tempo do fim, ou seja,
em nossos dias, como ainda veremos com mais detalhes.
c) Porque proporciona esperança e otimismo num tempo de cri-
ses sucessivas, violência, econfusão de valores e crenças. Nunca
na história da humanidade vimos tantas pessoas vagarem sem
rumo. Vidas vazias, solitárias, sem sentido. Estudar o livro de
Daniel é receber uma overdose de esperança e fé.É encontrar sen-
tido não apenas na história secular, mas em nossa própria histó-
ria, É descobrir que existe um Deus que, apesar das fornalhas e
dos leões, ama e cuida de forma paternal de Seus filhos.
10
DANIEL
Segredos da Profecia
d) E, além de tudo o que foi mencionado, porque ele foi indi-
cado pelo próprio Deus. No antigo Testamento, falando da
justiça de Seus castigos contra os pecadores, Deus declarou:
"Ainda que estivessem no meio dela (da terra em pecado) estes
três homens, Noé, Daniel e Jó, eles, pela sua justiça, salvariam
apenas a sua própria vida, diz o Senhor Deus" (Ezequiel 14:14).
Jesus, em Seu discurso profético acerca do fim do mundo, dá
destaque especial ao livro do profeta. Mateus 24 é um capítulo
de pura profecia e, ao mesmo tempo, parece ser uma crónica
atualizada dos dias atuais. Então Jesus chama a atenção para o
livro de Daniel e para os eventos ali preditos (Mateus 24:15).
Aqueles que consideram Daniel e Apocalipse como autênticos e
verdadeiros defendem a literatura apocalíptica da Bíblia como uma for-
ma de profecia preditiva. Esta se distingue principalmente por alguns
motivos:
a) Narrativa das visões conforme foram vistas;
b) Uso de símbolos de maneira predominante como veículos da re-
velação interpretados (como no caso do carneiro e do bode de
Daniel 8), ou sem interpretação (como a mulher vestida de sol
em Apocalipse 12).
c) Predição do futuro do povo de Deus (Israel no Antigo Testamento
e a igreja no Novo Testamento) em relação às nações da Terra na
vinda do Messias;
d) Estilo de prosa e não poético, que caracterizaas outras porções
proféticas do Antigo Testamento.
Por excelência, o livro de Daniel é um livro profético, assim como
o Apocalipse. Mas quais são os propósitos da profecia? Podemos desta-
car dois: (a) Habilitar o povo de Deus a se preparar para o futuro e (b)
ao vermos o cumprimento das profecias na história secular, aumentar
nossa confiança na Bíblia como inspirada Palavra de Deus.
A importância do estudo da Bíblia não pode ser exagerada. Como
em nenhum outro período da história,vivemos num mundo com muita
Introdução 11
confusão religiosa e inúmeras vozes propondo apresentar uma direção
segura para a vida espiritual. Entretanto, só a confiável Palavra de
Deus, a Bíblia, pode ser um guia seguro para nossa vida. Mais que
isso, precisamos de um manual ético para uma sociedade tão desti-
tuída de valores morais e justiça. Precisamos de um guia para as cri-
ses existenciais, para os problemas insolúveis da vida moderna, para as
dificuldades e conflitos jamais imaginados. É isso que nos éoferecido
no precioso livro de Daniel.
Logo no primeiro capítulo veremos a importância do cultivo de bons
princípios de saúde e da estreita relação que existe entre aquilo que come-
mos eaquiloque somos. Aprenderemos com Daniel como um estilo devida
segundo a orientação bíblicapode ser uma poderosa ferramentade sucesso
em todos os aspectos da vida - física, mental e espiritual.
No segundo capítulo veremos Deus descortinar perante um rei ím-
pio, de uma nação pagã, o futuro da humanidade. Essa primeira visão
do livro, das quatro que serão estudadas, nos mostrará Jesus como o
Senhor da história, como Aquele que coloca e tira os reis, como aquele
que dá sabedoria e força a Seus filhos.
No terceiro capítulo veremos um rei orgulhoso que, a despeito de
todas as revelações que recebeu, desejou assumir o lugar de Deus e re-
ger a própria história. Veremos claramente o conflito entre o bem e o
mal e como as forças satânicas agem para perseguir e destruir os "san-
tos de Deus". Mas no final da história descobrimos um Deus que não
apenas ama, mas entra no fogo para proteger Seus filhos queridos.
No quarto capítulo veremos como Deus trabalha - até onde vai Sua
misericórdia para salvar. E descobriremos que, muitas vezes, o mal que
nos alcança são permissões divinas para nos ensinar lições espirituais
e nos preparar para a vida eterna.
No quinto capítuloveremos o cumprimento histórico das profeciasde
Jeremias (capítulo 25) e de Isaías (capítulos 44 e45) sobre a queda da gran-
de Babilónia. Entenderemos que Deus não tolera para sempre as afron-
tas que Lhe são feitas e, nos surpreenderemos ao descobrir que a queda
do maior império de todos os tempos, Babilónia, é um tipo da vitória de
Cristo sobre as forçasdo mal (Apocalipse 14:8; 18:2)e da libertação de Seu
povo nos dias que antecederão Sua vinda (Apocalipse16:12 e 18:4).
12
DANIEL
Segredos da Profecia
No capítulo seis entraremos na cova dos leões acompanhados de
um gigante na fé, Daniel. Este, diante do risco da própria vida, preferiu
manter comunhão com o Céu a obedecer decreto de homens. A oração
foi sua fonte de poder e segredo da vitória.
Já a partir dos capítulos 7a 12 veremos várias profeciasque mostram
a ação de Deus na história para cumprir Seus propósitos e libertar Seu
povo. Quatro animais que sobem do mar; um tribunal que se assenta
para julgar; uma visão de um carneiro e um bode que se digladiam; um
chifre pequeno que profere insolências eblasfémias; setenta semanas de
oportunidades para o povo de Daniel (judeus); reis do Norte e do Sul
que batalham por supremacia; um tempo de angústia qual nunca houve
na história; os 1335 e 1260 dias, etc. São cenas proféticas que abarcam
um largo período da história, desde os dias de Daniel até os nossos.
Daniel - segredos da profecia é um livro para ser estudado com
muita oração. Esse é o desafio para você, querido leitor. Então, se não o
fez ainda, ore agora e suplique a luz do Céu para que, o mesmo Espírito
que auxiliou Daníe^há mais de 2.500 anosjpossa estar ao seu lado e lhe
dar a conhecer todas as verdades que o grande Deus tem para sua vida.
A escritora Ellen G. White fezvárias declarações sobre a importân-
cia do estudo do livro de Daniel. Destacamos aqui algumas:
"A luz que Daniel recebeu de Deus foi dada especialmente para es-
tes últimos dias. As visões que ele viu [...] estão agora em processo de
cumprimento, e logo ocorrerão todos os acontecimentos preditos".1
"Quando os livros de Daniel e Apocalipse forem bem compreendi-
dos, terão os crentes uma experiência religiosa inteiramente diferente.
Ser-lhes-ão dados tais vislumbres das portas abertas do Céu que o cora-
ção e a mente se impressionarão com o carater que todos devem desen-
volver a fim de alcançar a bem-aventurança que deve ser a recompensa
dos puros de coração"2
"Grandes verdades que não foram ouvidas e contempladas desde
o dia de Pentecostes resplandecerão da Palavra de Deus em sua pureza
original. Aos que realmente amam a Deus, o Espírito Santo revelará
l WHITÍ:, Ellen G.Testemunhos para ministros e obreiros evangélicos, Tatuí, SP: Casa Publícadora
Brasileira, 1979, p. 112,113.
7. Ibicíem. p. 114.
Introdução 13
verdades que desapareceram da mente, e também lhes revelará verda-
des inteiramente novas. Os que comem a carne e bebem o sangue do
Filho de Deus extrairão dos livros de Daniel e do Apocalipse verdades
inspiradas pelo Espírito Santo".3
"Deixemos que Daniel fale [...] Mas seja qual for o aspecto do as-
sunto apresentado, ele vai a Jesus como o centro de toda a esperança".4
3 WHITE, Ellen G. Fundamentos da educação cristã.Tatuí,SP: Casa Publicadora Brasileira, 1996, p. 473.
4 WHITE, Ellen G. 1979, p. 118.
O profeta Daniel é um exemplo de verdadeira santificação.
Seus longos anosforam cheiosde nobre serviço a seu Mestre.
Foi um homem "muito amado pelo Céu", e foram-lhe
concedidas tais honras que raramente têm sido conferidas
a sereshumanos. No entanto, sua pureza de caráter e
inabalável fidelidade só eram igualadas por sua humildade
e contrição (E Recebereis Poder, 97).
DANIEL,
UM HOMEM AMADO
PELO CÉU
Dois homens foram honrados de forma especial na Bíblia: João,
o discípulo amado, que foi o escolhido para receber a revelação do
Apocalipse, e Daniel. Homens a quem Deus escolheu revelar Seus pro-
pósitos com relação aos dias finais da história humana.
Daniel é um nome comum na Bíblia. Significa "Deus é meu juiz".
Davi tinha um filho chamado Daniel (l Crónicas 3:1). Havia outro
Daniel, filho de Itamar (Esdras 8:2), e ainda outro em Neemias 10:6.
Mas de todos estes, Daniel, o príncipe de Judá, sem dúvida foi o perso-
nagem mais importante na história bíblica.
Daniel nasceu em uma família judia de alto nível que vivia na
Palestina,._por_yQlta de 622 a.C. Viveu sua infância na Judeia, ou reino
de Judá, e passou toda a sua vida adulta na Babilónia, para onde foi
levado cativo com apenas 18 anos.1
A historicidade do homem Daniel e do livro que leva seu nome
são confirmados pela própria Bíblia. No Antigo Testamento, o profeta
Ezequiel referiu-se a ele (Ezequiel 14:14, 20), e 110 Novo Testamento,
nada menos que o próprio Cristo, em seu discurso profético, cita o livro
do profeta (Mateus 24:15).
WHITE, Ellen G.Testemunhos para a igreja, v. 4.Tafui, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2003, p.570.
16
DANIEL
Segredos da Profecia
Mas quem era Daniel? Que informações a Bíblia apresenta sobre
ele? Em seu livro, vários detalhes nos são oferecidos:
a) Da linhagem real (Daniel 1:3, 4)
b) Teve seu nome mudado para Beltessazar (Daniel 1:7)
c) Era determinado (Daniel 1:8)
d) Era entendido em todas as visões e sonhos (Daniel 1:17)
e) Era um jovem prudente (Daniel 2:14)
f) Confiava em Deus (Daniel 2:16; 6:23)
g) Era um jovem de oração (Daniel 2:18, 9:3)
h) Era grato a Deus (Daniel 2:19, 20)
i) Tornou-se governador e chefe principal de todos os sábios de
Babilónia (Daniel 2:48)
j) Não se esquecia de seus amigos (Daniel 2:49)
k) Possuía um espírito excelente (Daniel 5:12; 6:3)
1) Não era amante dos bens terrestres (Daniel 5:17)
m) Era um jovem fiel (Daniel 6:4)
n) Era um jovem de oração (Daniel 6:10)
o) Era um servo do Deus vivo (Daniel6:20)
p) Era próspero (Daniel 6:28)
q) Era um estudioso das Escrituras (Daniel 9:2)
r) Era um homem muito amado pelo céu (Daniel 9:23; 10:11, 19).
Umn das características que sobressaem ao personagem é, sem dú-
vida, o fato de ser uma pessoa amada pelo Céu. Por três vezes o Céu fez
essa declaração ÍDaniel 9:23: 10:11. 19). Mas alguém que conhece um
pouquinho da história desse jovem dirá: amado? Como?
* No auge da adolescência e da vitalidade, levado como escravo para
uma terra distante; tentado a usar alimentos que não eram os costumei-
ros e proibidos por sua religião; acusado e condenado simplesmente
por ser uma pessoa de oração; vítima de invejas e falcatruas, lançado
injustamente numa cova de leões; isto é ser amado pelo Céu?
Pois bem, o fato de enfrentarmos adversidades em nossa vida não
quer dizer que Deus não nos ama. Simplesmente enfrentamos problemas
e conflitos porque estamos neste mundo de pecado. Quantas vezes você
Daniel, um Homem Amado pelo Céu 17
já não se perguntou por que certas coisas aconteceram? Por que aquele
namoro terminou? Por que perdi meu filho em um terrível acidente?Por
que uma doença sem cura? Por que a falta de emprego? Por que não con-
sigo fazer feliz a pessoa que amo? Afinal, por que não sou feliz?
O que fazia de Daniel urna pessoa tão amada? Não eram as coiijas
que fa/.ia nem_as circunstâjiçias que, o rodeavam. mas_siniplesmenje
quem ele era: um_sgr humarjo. Um ser humano qyjgjjprendeu. em meio
a provações e dificuldades da vida, a desenvolver traçosjje caráter e
hábitos que o
A grande verdade é que Deus ama a todos nós. Podemos não sentir
esse amor, mas essa é a verdade. Você pode ignorar ou até se revoltar
contra Ele, mas Ele o ama. Hvmcav^j deixar de amá-lo. nàQ imporja
o que você faça^Isso mesmo! As pessoas podem nos magoar e ferir,
podem nos abandonar e se_esquecer de ims^^odem^-Qgajiemjmssa
face nossos erros e defeitos, mas Deus nunca fará isso, pois sempre nos
amanL E Daniel sabia disso,jabia que era uma pessoa amada pelo Céu
e foLisso que o ajudou a ficar firme najvhpias de provação__e perigo.
DANIEL, O CATIVO
O grande ancestral do povo de Deus no Antigo Testamento foi
Abraão (Génesis 12:1-3). Este foi pai de Isaque, que foi pai de Jacó.Jacó,
por sua vez, teve 12 filhos, que vieram a formar as 12 tribos de Jacó, ou
Israel, pois o próprio Deus mudou seu nome (Génesis 32:28). Assim, o
povo de Deus no período do Antigo Testamento foi a nação de Israel,
as 12 tribos de Israel (Génesis 49:28).
'Por ódio e inveja, José, um dos 12 filhos de Jacó, foi vendido por
seus irmãos aos ismaelitas e, pela providência divina, foi parar no Egito
(Génesis 37:27, 28). Lá José tornou-se governador, e numa época de fome
e miséria, Deus o usou para ajudar Seu povo, providenciando alimento.
Tempos depois, o próprio faraó, monarca do Egito, convidou os irmãos
de José para habitarem na terra de Gósen, terra próspera às margens do
rio Nilo (Génesis 47:27). Enquanto viveu esse faraó, os Israelitas foram
favorecidos. Mas, subindo ao trono um faraó que não conhecia José e,
temendo a quantidade dos israelitas e uma possível rebelião, logo os es-
cravizou (Êxodo 1:8-141. Esse foi o primeiro rntiveiro do povo de Deus.
DANIEL
18 | Segredos da Profecia
Passaram_-_se_ 43fl_anos até que Deus levantasse um libertador,
Moisés, para tirar Seu povo do Egito e conduzi-lo à terra prometida a
Abraão - Canaã (Génesis 13:14,15; Êxodo 12:40;). Com mão poderosa
e dez pragas, Deus libertou Seu povo Israel do Egito.Este veio a se esta-
belecer em Canaã, e a terra foi repartida entre as tribos (Josué 14 a 19).
Q sistema de governo idealizado..._p_0'' DPns pnrn SPIi pnvn çpmpre fni
uma teocracia, ou seja. Deus governa. Entretanto, no desejo He imitar
as nações vizinh.as.iJsrael pediu.um rei (l Samuel 8)..Deiis pprmiHn e
SauLfpi.-ujQgido o primeiro rei de Israel (1 Samuel 10:17), SPM reinado
foi seguido por Davi e depois. Salomão.
''Apenas durante esses três reinados as 12 tribos de Tsrapl estiveram
unidas como um rcjjiQ apenas. Entretanto, depois de 40 anos de reinado,
Salomão morre e surgem dois sucessores ao trono: Roh0ãx>, sen fílhn, e
Jeroboão. um de seus servos. Neste momento da história ocorre a sepa-
ração das tribos. Onas tribos finda e Renjanjirn - l Reis 12:21) seguem a_
Rnhnnn e de? trihns a Jerohoão f1 Reis l l:31). A partir deste momento,
temos n dinastia do reino do Norte, com capital em Samaria (l Reis 16:29)
p :i dinastia do rpinn do Sul, mm rnpitní em ternsalém (l Reis 14:21).
"•*• Por causa dos ppr.adns cometidosrnnl rn Deus e de .suas rphplines. n
reino do norte ide?, trihns) seria dÍ7,imado p levado rativn Váriasprofe-
cias advertiram o povo desse perigo. O profeta Oseias havia profetiza-
do: "Samaria levará sobre si a sua culpa, porque se rebelou contra o seu
Deus; cairá à espada, seus filhos serão despedaçados, e as suas mulheres
grávidas serão abertas pelo meio" (Oseias 13:16).
Também Isaías o havia predito: "Pois antes que o menino saiba di-
zer meu pai ou minha mãe, serão levadas as riquezas de Damasco, e os
despojos de Samaria, diantedo rei da Assíria" (Isaías8:4).
Mas as advertências do Céu não f'nr?im ouvidas. Finalmente veio o
Cumprimento da profecia. O reino do Norte,_com sua capitalSamaria.
foi escravizado e destruído pelos assírios no ano 722 a.C. (2 Reis 23-7).
Esse foi o segundo cativeiro do povo de Deus.
Mas a profecia não se limitava an reino do Norte. O profeta Isaías
também havia predito a respeito do reino do Sul: "Porventura, como
fiz a Samaria e aos seus ídolos, não o faria igualmente a Jerusalém e
aos seus ídolos?" Çknms .l.nil.1). O cativeiro também chegaria para
Daniel, um HomemAmado pelo Céu 19
Jerusalém, o reino de Tudá. se este não abandonasse os pprados que ns
separavam de Deus (Jsaías 59:2) *As várias advertências não foram ou-
vidas e o povo se afastou mais e mais de Deus. Quando aJMblia,declara
gne "O Spnhnr entregou" Tudá nas mãos de Rabilónia fpaniel 1:1. 2) era
uma questão de juízo de Deus, e nãoforca.-Ou.estratégiade Babilónia.
•-*. Quando analisamos a história bíblica, descobrimos o "pano de fun-
do" para os acontecimentos do primeiro capítulo de Daniel. A história
remonta a Ezequias, rei de Judá. Ele estava doente e o profeta Isaías re-
comendou que pusesse sua casa em ordem, pois a morte era iminente.
Diante dessa dramática notícia, o rei orou fervorosamente, pedindo que
sua vida fosse poupada e sua oração foi atendida (2 Reis 20:1-6). Deus
lhe restauraria a saúde e lhe acrescentaria ainda mais 15 anos de vida;
Também o livraria das mãos do rei da Assíria. Ezequiaspediu então um
sinal a Deus de que aquilo de fato aconteceria. Deus, que criou o Sol e
o comanda (Jó 9:7), disse que este retrocederia 10graus (2 Reis 20:11).
Não é maravilhoso descobrir um Deus que move os astros do
Universo por__amor a Seus filhos, mesmo guando rehekies-e_desobe-
dientes? Deus interferiu na lei de rotação da Terra, lei que Ele mesmo
havia criado, para mostrar ao rei Ezequias o quanto o amava. Essa alte-
ração no movimento da Terra não passou despercebida aosobservado-
res babilónicos, que ficaram sabendo que aquilo que haviam observado
tinha a ver com a cura do rei de Judá. Logo, uma delegação foi enviada
para fazer averiguações.
--*• Quando a embaixada babilónica chegou a Jerusalém, Ezequias
"lhes mostrou toda a casa do seu tesouro, a prata, o ouro, as especia-
rias, os óleos finos, o seu arsenal e tudo quanto se achava nos tesouros"
(2 Reis 20:13), mas nada disse snhre n OPUS qiif mnve os astros; em
favor de Seus filhos. Uma tremenda oportunidade para testemunhar
sobre o Deus verdadeiro, mas ela foi desperdiçada.
Deus então lança uma severa repreensão sobre Exéquias: "Eis que
virão dias em que tudo quanto houver em tua casa [...]será levado para
Babilónia,.[...] dos teus próprios jjjhos. quejty gerares^tQmarão. para que
spjam.-ennnrns no palárin dn rei ria Ra.hllQ.nJa" (2 Reis 20:17, 18). Aqui
vemos uma profecia relativa.aos., príncipes jiidens,_e_pntm pies
Hananias. Misael e Azarias (Daniel 1:3).
20
DANIEL
Segredos da Profecia
Q filho de Ezequias, Manassés. quando completou 12anos de idade
começou a reinar ao lado de sen pai. Nos 15 anos de vida que foram
prometidos a Ezequias, em 10 deles Manassés foi co-regente. Isso acon-
teceu para dar ao novo rei experiência para o cargo. Nãn sabemos se
Exéquias procurnn influenciar sen filhn, mas este spgnin uma rnnHii-
tji religiosa totalmente diferente dn páHrão estah^lficMo _pQr_S.e" pai. A
Bíblia apresenta seu currículo real an Inngo dos 55 anns He reinado:
(a) Edificou os altos que seu pai havia destruído, (b) levantou altares
a Baal, (c) fez um poste-ídolo e o serviu, (d) edificou altares na pró-
pria casa de Deus (o templo construído por Salomão), (e) queimou seu
filho como sacrifício, (f) adivinhava pelas nuvens, (g) era agoureiro,
tratava com médiuns e feiticeiros, (h) fazia o que era mau perante o
Senhor para O provocar à ira, etc. f? Reis_21:2-Z).
Por certo nos faltarão palavras para listar tudo que Manassés fez
de abominável. Além de tudo isso, derramou sangue_inQggnte. de um
lado ao outro de Jerusalém, daqueles que resistiam à sua apostasia.
(2 Reis 21:16). Mas a história não acaba aí e, às vezes, nos causa estra-
nheza e admiração. Este rei ímpio se arrependeu e mudou sen cora-
ção e Deus lhe perdoou tudo que havia feito (2 Cróniras 3.3:12. 13).
Assim é a Bíblia, cheia de histórias que nos fascinam e nos fazerarefle-
tir sobre um Deus que ama, compreende e perdoa (Salmo 130:4). Mas
o mal que Manassés havia causado não pôde ficar sem consequências.
Por intermédio dos profetas, Deus repetiu a predição de que o juízo
se abateria sobre Jerusalém: "Estenderei sobre Jerusalém o cordel de
Samaria e o prumo da casa de Acabe;eliminarei Jerusalém,como quem
elimina a sujeira de um prato" f2 Reis 21:131. Deus estava simplesmente
deixando que o povo sofresse as consequências de sua rebelião.
-* Agora entra em cena outro personagem: Amom. filho de Manassés.
F^te se demonstrou pior qug seiupai. Nunca deu provas de arrepen-
dimento e foi assassinado depois de um breve reinado de dois anos
(2 Crónicas 33:21-24).
« Quando morre Amom, Josias seu filho, começa a reinar em seu lugar.
Uma dasprimeirastarefas de Josias foireparar o Templo. Enquanto empre-
endia essaobra,encontrou o"livro da lei", dado por Moisés (Deuteronômio
31:24 a 26;2 Crónicas 34:14),que havia muito tempo estava desaparecido.
Daniel, um HomemAmado pelo Céu 21
Nào-nos espanta tamanha rebelião e miséria dos reis anteriores a Tosias,
quando descobrimos que olivro da lei de Deus estava esquecido. Esse.é.Q
T. ' " " " T- ~ i
resultado naturalde deixar de ouvir as orientações divinas.
"Achado o livro, Josias promoveu uma reforma espiritual entre o
povo de Deus. No entanto, seu sucessor, Jeoacaz,não deu continuidade
a obra. Jeoacazé descrito como alguém que "fez o que era mau perante
o Senhor" (2 Reis 23:32). Ele foi levado como refém para o Egito e lá
morreu (2 Crónicas 36:4). O rei seguinte, Teoaquim, foi igualmentemau
e foi em seus diasque o cativeirobabilónico começou (2 Crónicas 36:6).
A^.Ao delinearmos a história do povo de Deus antes do cativeiro,
chegamos à conclusão de que Deus não é arbitrário no trato com Seus
filhos, mas sim, paciente, compassivo e disposto a aceitar o arrependi-
mento. Mas quando o povo não se arrepende. Ele permite que colha os
frutos de sua desobediência . F, isso que veremos na história do cativeiro
cativeiro do povo de Deus.
PROMESSA DE LIBERTAÇÃO
No entanto, Deus nunca abandona Seu povo. Várias profecias fo-
ram dadas falando sobre o retorno do cativeiro babilónico, com o obje-
tivo de animar e lhes dar esperança. Deus não deixou Seu povo em tre-
vas quanto aos eventos que sucederiam. Todos os detalhes foram postos
diante de seus olhos por meio dos profetas Jeremias e Isaías:
a) O reino de Judá seria escravizado por Babilónia (Jeremias 25:11).
Setenta anos seria o tempo de escravidão (Jeremias25:12).
b) Ciro seria o libertador do cativeiro da Babilónia (Isaías 45:1).
c) Secar os rios seria a estratégia militar que Ciro usaria para li-
bertar os Judeus (Isaías 44:27).
d) A cidade de Jerusaléme o templo seriam novamente restaura-
dos (Isaías44:28).
e) Neste templo restaurado, o Messiaspisaria para salvar Seupovo
(Isaías 9:6; Ageu 2:9).
'-fc.Os cristãos do século 21 correm o mesmo risco do povo de Judá dos
dias de Daniel. Temos nestes dois livros (Daniel e Apocalipse) todos
22
DANIEL
Segredos da Profecia
os detalhes proféticos de tudo que irá acontecer nos próximos anos, e
corremos o risco de sermos pegos de surpresa (Lucas 12:40). Por isso,
a urgente necessidade do estudo das profecias dos livros de Daniel e
Apocalipse pelas lentes da história.
DANIEL, O PROFETA
Não há profecia sem um profeta. Mas o ofício proféticonão ocorre
porque alguém o deseja. Ninguém pode fazer de si mesmo um pro-
feta. O profeta é um indivíHnn a qnpm Deus rhama p raparita para o
exgmciQ do ofício. Para ser um profeta, a pessoa, devç ser distinta ç
possuir qualidades qne a habilitem a este tão .sagrado ministério. Deve
ser um servo leal de Dqus. fiel a todos os reclamosde Sua lei, humilde,
despretensioso, zeloso pela honra de Deus, de Sua causa, de Seu povo,
um Fervoroso porta-voz de Deus. Assim era Daniel, o amado de Deus.
Deus usaria esse jovem para escrever um dos mais extraordinários
livros da Bíblia. Vilmar Gonzáles apresenta, em cada capítulo de seu
livro sobre Daniel,uma manifestação de Jesus em Seu aspecto redentor,
protegendo e zelando por Seus filhos:
Capítulo 1: Os nomes de Daniel, Hananias, Misael e Azariassigni-
ficam atributos inerentes a Cristo.
Capítulo 2: Jesus Se revela índiretamente por meio do sonho dado
a Nabucodonosor.
Capítulo 3: Jesus Se revela diretamente a Nabucodonosor, que O
viu na fornalha ardente.
Capítulo 4: Nabucodonosor reconhece o poder de Cristo, que o
humilhou, e reconhece Sua misericórdia ao ser ele restituído ao trono.
Capítulo 5: O nome de Jesus é vindicado após ser profanado. A
destruição de Babilónia foi necessária para que Israel fosse liberto do
cativeiro.
Capítulo 6: O poder de Jesuspara libertar Daniel da cova dos leões.
Capítulo 7: O tribunal divino se assenta para intervir nos negócios
da humanidade e salvar os "santos do altíssimo".
Capítulo 8: A purificação do santuário e a intercessão de Cristo
para perdoar os pecados de Seu povo e trazer juízo ao impenitente.
Daniel, um Homem Amado pelo Céu j 23
Capítulo 9: Clímax do amor de Deus ao enviar Seu filho na metade
da septuagésima semana e salvar pecadores.
Capítulo 10: Cristo (Miguel) intervém aã política do mundo para
favorecer e salvar Seu povo.
Capítulo 11: Vitória de Cristo a favor de Seu povo nas guerras dos
reis do Norte e do Sul.
Capítulo 12: Vitória esmagadora e final de Cristo, que conduz Seu
povo através do tempo final de angústia ao descanso e recompensa
eternas.2
Percebemos um Deus que dirige a história, exaltaSuas leis cconduz
os interesses de Seu povo. Também pode ser notado o amoroso trato de
Deus para com o exilado Daniel. Suas experiências na cortebabilónica,
recebendo a interpretação de sonhos, livrando seus companheiros da
fornalha de fogo ardente, mantido no poder na transição de impérios,
são cenas de uma história do amor c cuidado paternal de Deus.
^Durante os 70 anos em que esteve cativo em Babilónia, Daniel foi
unia testemunha ocular das ações divinas e alvo do amor e cuidado de
Deus. E maravilhoso é pensar que o lratamentg_dispensadoia_D_aniel
(homem muito amado pelo Cculé o mesmo que Deus deseja conceder s
a todos nós. Assim como Daniel, estamos vivendo agora um cativeiro
espiritual. A grande "Babilónia" {Apocalipse 17 e 18) está ao redor, com
suas sedutoras tentações e armadilhas. Os dias atuais também exigirão
de nós uma fé firme e caráter nobre assim como exigiu de Daniel nos
dias da Babilónialiteral.
Estamos nós prontos para essa grande batalha moral c espiritual?
Permitamos que a história de Daniel, um homem amado pelo Céu, nos
encha de esperança e fé!
No Apocalipse todos os livros da Bíblia se encontram e se
cumprem. Ali está o complemento do livro de Daniel. Um é
uma profecia; o outro uma revelação. O livro quefoi selado
não é o Apocalipse, mas a porção da profecia de Daniel
relativa aos últimos dias. O anjo ordenou: "E tu, Daniel,
fecha estas palavras e sela este livro, até ao fim do tempo"
(Daniel 12:4) (Atos dos Apóstolos, 585).
DANIEL,
UM LIVRO SELADO
O LIVRO DE DANIEL
O costume de dar ao livro o nome de seu principal herói pode ser
visto em vários exemplos: Josué, Samuel, Ester, Jó, etc. O mesmo acon-
tece com Daniel, pois o príncipe de Judá é seu principal protagonista.
A autoria do livro tem sido muito questionada nos últimos anos.
Entretanto, a opinião tradicional, tanto de judeus como de cristãos, é
que o livro foi escritojo 6° século a.C., e que Daniel foi seu autor. As
evidências em favor dessa opinião são as seguintes:
a) Expressões no próprio livro. O profeta usa o tempo verbal na
primeira pessoa várias vezes (8:1-7, 13-19, 27; 9:2-22; 10:2-5
etc.); também afirma ter recebido pessoalmente a ordem de
preservar o livro (12:4).
b) O autor conhece bem a história. Somente um homem que vi-
veu no 6° século a.C., conhecedor dos assuntos babilónicos,
poderia ter descrito os eventos históricos registrados no livro.
c) O testemunho do próprio Cristo. Jesus mencionou Daniel
como sendo o autor do livro que leva seu nome (Mateus24:15).
Quanta a data da composição do livro, certamente foi escrito em
Babilónia, no período em que lá Daniel esteve cativo. Com exceção
26
DANIEL
Segredos da Profecia
do rapííiiln áí rprtampnte escrito pfln próprio NnVnirorlnnnsQr, rei da
Babilónia, todos os outros capítulos foram escritos por Daniel.
DIVISÕES DO LIVRO
O livro de Daniel é dividido em dois segmentos fáceis de distin-
guir: história e proteçja. As profecias tratam dos grandes eventos no
decorrer da história humana e apontam para um período chamado
"tempo do fim" (capítulos 7-12). A pnrte histórica (capítulos 1-6) ensi-
na como_podemos nos preparar_para o "tempo do Fim". Essas histórias
falam de fé, coragem e esperança. Apesar disso, o livro constitui uma
unidade literária. Um dos argumentos é o fato de que diferentes partes
do livro estão relacionadas entre si. Como, por exemplo:
a) Só se pode compreender o uso dos utensílios do templo na festa
promovida por Belsazar (Daniel 5:3), quando se tem em conta
como esses utensílios chegaram a Babilónia (Daniel 1:1-2).
b) No verso 12do capítulo 3 se faz referência a uma medida admi-
nistrativa de Nabucodonosor que é descrita primeiro no verso
49 do capítulo 2.
c) No verso 21 do capítulo 9 se faz referência a uma visão prévia
(8:15-16).
d) A parte histórica do livro contém uma profecia (capítulo2) di-
retamente relacionada com o tema da profecia do capítulo 7. E
na parte profética temos uma história, onde está registrada a
oração de Danieldentro do contexto de uma profecia: "setenta
semanas" dadas aos judeus (Daniel9:24).
CONTEXTO HISTÓRICO
O livro de Daniel contém o registro de alguns incidentes históri-
cos da vida do profeta e de seus amigos, Hananias, Misael eAzarias,
judeus deportados e que estavam a serviço do rei de Babilónia.
Também registra quatro visões recebidas por Daniel alusivasaos seus
dias (capítulo 2) e ao tempo do fim (capítulos 7-12). Embora o livro
fosse escrito em Babilónia durante o cativeiro, não tinha o propósito
de proporcionar uma história do exílio dos judeus, e muito menos
Daniel, um Livro Selado 27
uma biografia de Daniel. O livro relata as experiências da vida do
estadista-profeta e sua parte profética foi registradacom fins específi-
cos de orienrnção ao povo de Deus no tempo do fim, motivo pelo qual
o livrojfoi selado até essa data (Daniel 12:4).
TEMA DO LIVRO
O tema rentral HP Daniel trata do grande conflito entre n hem e n
mal, entre a vontade de Deus e a vontade humana, entre as verdades do
Céu e as crendices pagãs, entre-<>-€tCEno-gfiveiTMnre do Universo p os
transitórios governantgs da Terra. O povo de Deus está envolvido no ,
conflito, alvo dos ataques das forças do mal. Por isso, dlema do livro v
nicudsa^p_ejias...a_indkar-0_surgiinento e.queda .d.osimp£rios.jnundiais,
rnas a demorislrar como Deus lançado pó n orgulho dos reis e estabelece
outros em seu lugar:como tem em Suas mãos a história humana e como
gula Seu povo na marcha ascendente e vitoriosajiiiniLàlerra^Qmetida.
Logo em Daniel 1:2 é dito que Deus "entregou" Jeoaquim, rei de
Judá, a Nabucodonosor, rei de Babilónia. QLcativeiro_.do povo de Deus
não tKQire-pox vontade, de Nabucodonosor. mas por direção divina
(Jeremias 25:11L12; 2 Reis 20:17, 18), e Nabucodonosor seria apenas
uiTijn5trAiment_o_u_s_a_do__por Deus para ensinar uma preciosa lição a Seu
povo (Esdras 5:12; Jeremias_25:9). Da mesma forma, a libertaçãoe o re-
gresso do povo de Deus a Jerusalém não seria obra humana, mas Deus
usaria Ciro, assim como usou Nabucodonosor, para trazer de volta os
filhos cativos (Isaías 44:27, 28; 45:1).
Ao dar um relato detalhado do trato de Deus com Babilónia, o livro
nos capacita a compreender o significado do surgimento e da queda
de outras nações, cujas histórias estão esboçadas na porção profética
do livro. Deus é apresentado como alguém controlando os negócios
na Terra. Nada foge a Seu controle. Assim descobrimos a verdadeira
filosofia da hislójãaLrjegis^giiidajiQ^^ eíerno
propósito de salvar n homem, restaurando nele a Sua imagem.
^ A missão de Daniel, nesse contexto, foi conseguir a submissão da
vontade do rei à vontade de Deus para que se realizassem os propósi-
tos divinos. Numa hora crucial da história, Deus fez com que Daniel e
Nabucodonosor estivessem juntos.
28
DANIEL
Segredos da Profecia
VISÕES PROFÉTICAS DO LIVRO
O livro de Daniel registra quatro visões_proféticas. Cada u.EPJLd_e-
Ins alcança sen/rlímavlqnanHn "n DPUS Ho CPII" Ipvanta "nm rpinn qnp
não será destruído". (Daniel 7.;44)r quando n "Filhn rio Hnmpm" rprehe
"domínio eterno" (Daniel 7:13 a 14). quando .n oposirão ao "Príncipe
dos príncipes" será quebrantada "não pnr rnão humana" fDaniel 8:25).
e quando o povo de Deus será liberado para s.emprejJC seus opressores
(Daniel 12:11. Kmtodos esses momentos vemos a ação de Deus na con-
dução da historia.
Essas visões tratam da luta entre as forças do bem e do mal, desde
os dias de Daniel até o estabelecimento final do reino de Cristo. Nelas
vemos a ação qV -Satanás usando poderes terrestres paralentar frustrar
os planos de Deus e destruir Seu povo.
A primeira visão (capítulo 2) trata principalmente de mudanças
políticas, Seu objetivo era fazer saber a Nabucodonosor, líder da grande
Babilónia, o que haveria de acontecer no futuro (Daniel 2:29).
Tá a segunda visão (capítulo 7) complementa a primeira e prediz
n vitória final Hns "santos dn Altíssimo" nn julgamento He Deus sobre
seus inimigos (Daniel 7:14, 18, 26 a 27).
A terceira visão (Daniel 8 e 9) complementa a segunda e ressalta os
esforços de Satanás para destruir a religião e n povo de Cristo, tentandç)
impedir sen regresso a Jerusalém, a reconstrução do santuário e n re-
torno dos sacrifícios, expiatórios.
A quarta e última visão (capítulos 10 a 12) apresenta um resumo
das visões anteriores, e oferece uma gama muito maior^de detalhes do
grande conflito envolvendoAS forças do bem e Hn mal No entanto, um
novo elemento surge. Essa visão põe especial ênfase no tempo em que a
parte profética de nanie])£sppria1ment.e..relar.innaHa an "tpmpn dn fim"
(Daniel 12:4 9), seria compreendida. Ou seja, o livro de Daniel teria
uma parte selada p qnp nãn pnHpria spr rnmprppndiHn nagiiplps dias
(Daniel 8:27). mas somente no "tempo do fim" (Daniel 12:21.
SELADO ATÉO "TEMPO DOFIM"
Na quarta e última visão do profeta Daniel foi-lhe dito que ela era
"para os últimos dias [...] dias ainda mui distantes" (Daniel 10:14).
Daniel, um Livro Selado ; 29
Qaniel recebeu instruçoes-de fprJinr c selar aquela p_gr_[£..da proferi nrp-
ferpntpnos tílrirnos dias até que. mpHiiinre um. estmio H i Ijgente dojivro, „
aumentasse o conhecimentode seu conteúdo (Daniel 12:4). Essas pro-
fecias requerem especial atenção, pois se destinam especificamente ao
tempo em que vivemos.
A escritora Ellen G. White nos ajuda na compreensão desse tema.
Falando sobre o selamento do livro de Daniel, ela escreveu: "No
Apocalipse todos os livros da Bíblia se encontram e se cumprem. Ali
está o complemento do livro de Daniel. Um é uma profecia, o outro,
uma revelação. O livro que foi selado não é o Apocalipse, mas a parte
da profecia de Daniel relativa aos últimos dias (Daniel 12:4).' Assim,
entendemos que uma parte das profecias feitas a Daniel não era para
seus dias, pois ele recebeu ordem de "encerrar as palavras" e "selar o
livro" (Daniel 12:4).
O estudo do livro de Apocalipse trara hr/. espcrinl sobre os mistérios
.r_gvelado_s_a_D_aniel. Embora a parte da profecia de Danielrelacionada
aos últimos dias tivesse sido selada (Daniel 12:4, 9), João recebeu ins-
truções específicas de não selar "as palavras da profecia" de seu livro, o
Apocalipse, "porque o tempo está próximo" (Apocalipse 22:10)v/Assim.
para obter uma compreensão mais clara ciequalquer porção do livro do
Daniel que seja difícil de entender, devemos estudar cuidadosamente o
livro do Apocalipse em busca de mais luz sobre os temas.
A ABERTURADO LIVRO DE DANIEL
Quando então se daria a abertura cio livro de Daniel? Quando
sua parte profética relativa aos eventos dos "últimos dias" poderia ser
compreendida? O Apocalipse pode ajudar? Olhemos com atenção o
capítulo 10. João assim escreveu:
"E vi outro anjo forte que descia do céu, vestido de uma nuvem; por
cima da sua cabeça estava o arco-íris; o seu rosto era corno o sol, e os
seus pés como colunas de fogo, e tinha na mão um livrinho aberto. Pôs
o seu pé direito sobre o mar, e o esquerdo sobre a terra, e clamou com
grande voz, assim como ruge o leão; e quando clamou, os sete trovões
WHITE, Ellen G Atos dos apóstolos. T.iluí, SP: CãsJ Publicjdora Brasileira, 2006, p. 585
DANIEL
30 Segredos da Profecia
fizeram soar as suas vozes. Quando os sete trovões acabaram de soar
eu já ia escrever, mas ouvi uma voz do céu, que dizia: Sela o que os
sete trovões falaram, e não o escrevas. O anjo que vi em pé sobre o
mar e sobre a terra levantou a mão direita ao céu, e jurou por aquele
que vive pelos séculos dos séculos, o qual criou o céu e o que nele há,
e a terra e o que nela há, e o mar e o que nele há, que não haveria mais
demora" (Apocalipse 10:1-6).
"Fazendo uma comparação da visão desse anjo forte que desce do
Céu com a visão que João teve em Apnralipsp l - n a 16, podemos con-
duir que esse anjo é o próprio Jesus Cristo (verimagens paralelas dessa
visar1 mi Em]nirl l-?-6-2R e ll^niel 10:5, fij^ posição com um pé so-
>re o mar e outro sobre a terra significa a ampla extensão da procla-
mação da Sua mensagem 2, e o livrinho aberto na mão era o livro do
profeta Daniel.>
Uma coisa peculiar nessa visão de Apocalipse 10 é que o livrinho
estava "aberto" na mão do anjo. Em Daniel 12:4 e 9, ordenou-se ao pro-
feta selar o livro "até o tempo do fim". Teria então, nos dias de João,
chegado o tempo de desselar o livro? Chegara o tempo do fim?
Em Daniel 12:6, um dos seres celestiais questiona ao homem ves-
tido de linho sobre "o tempo em que se cumprirão estas maravilhas".
O hnmern vestido de linho revela que seria depois de "um tempo, dois
tempos e metade de um tempo" (Daniel 12:7).Na profecia bíblica, "um
tempo" equivale a um ano (ver Daniel 11:13). Logo, três tempos e meio
é igual a três anos e meio, ou 42 meses (12 + 12+ 12+ 6-42 meses) ou
1.260 dias (42 meses x 30 dias - 1.260 dias).'1 Levando em conta outro
princípio de interpretação profética chamado "princípio dia/ano", em
que cada dia literal equivale a um ano em profecia (Números 14:34;
Ezequiel 4:6 e 7), teríamos então 1.260 anos literais até a chegada do
"tempo do fim".
Daniel 7:25, falando sobre o "chifre pequeno", um poder antagónico
a Deus, diz que os servos de Deus, chamados de "santos" em Daniel,
2 WHITE, Ellen G. Mensagens escolhidas, v. 7 Taluí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1998, p. 107.
3 NICHOL, Francis D. Seventh-Day Adventist Bible Commentary. Washington, DC; Review and
Herrflci, 1976-1980, v. 7, p. 797.
4 0,1110judaico se compunha de 360 dias, o que é menos que 355 dias de um ano solar e mais de 356
dias de? um ano lunar. 350 dias consiituern.) média aproximada entre o ano solar e o ano lunar.
Daniel, um Livro Selado 31
"lhe seriam entregues nas mãos por um tempo, dois tempos e metade
de um tempo", a mesma expressão usada em Daniel 12:7. Esse mes-
mo período de tempo pode ser encontrado no livro do Apocalipse,
capítulo 12,envolvendo perseguição ao povo de Deus. João, falando da
severa perseguição que a igreja de Cristo (simbolizada aqui por uma
mulher vestida de sol), sofreria de Satanás (simbolizado aqui por um
dragão), diz que Deus prepararia um lugar no deserto para sustentar a
mulher durante 1.260 dias (Apocalipse 12:6). Já quando chegamos ao
capítulo 13, descobrimos que a "besta que emerge do mar" receberia
autoridade para agir durante 42 meses (Apocalipse 13:5).
Logo, "um tempo, dois tempos e metade de um tempo", três anos e
meio' (Daniel 12:7), que é igual a "42 meses" (Apocalipse 13:5), que por
sua vez é igual a "1.260 dias" (Apocalipse 12:6), são períodosproféticos
que apontam para um mesmo evento, a saber, a chegada do "tempo do
fim", quando só então a parte profética de Daniel, alusiva aos últimos
dias, seria compreendida.
Esse período profético é localizado na história a partir do ano 538,
quando o poder papal recebe jurisdição temporal, até 1798, quando o
papa Pio VI é preso na capela Sistina, em Roma.3 Assim, os 1.260 anos
nos levam ao ano 1798, data apontada na profecia para a chegada do
"tempo do fim". (Veremos esta profecia em mais detalhes quando estu-
darmos o capítulo 7 de Daniel.)
Mas há em Daniel outra profecia que também trata da chegada do
"tempo do fim", a de Daniel 8:14. Segundo a informação do anjo, quan-
do se passassem "2.300 tardes e manhas" (2.300 anos, segundo a inter-
pretação profética), o santuário seria purificado. A data inicial desse
período de 2.300 anos aparece em Daniel 9:25, a "saída da ordem para
restaurar e edificar Jerusalém". Segundo os estudiosos, essa ordem foi
promulgada no ano 457 a.C., pelo rei persa Artaxerxes/' Viajando 2.300
anos a partir de 457 a.C. chegaremos aos anos 1844 d.C. (Veremos esta
profecia cm mais detalhes quando estudarmos o capítulo 8 de Daniel.)
5 GONZALEZ, 1994, p. 149. Ver mais detalhes cm. Alberto R Timin, "A importância das datas de 508
e 538 A.D. no processo do estabelecimento da supremacia papal" Revista Teológica, SALI IAENL Janeiro a
junho de 1999,p. 40 5-1.
6 Para um estudo detalhado sobre o decreto de Artaxcrxcs cm 457 ri.C, V(jt Juarez Rodrigues de
Oliveira, Chronologkal Studies Related to Daniel 8:14 and 9:21-27, p. 9-20.
32
DANIEL
Segredos da Profecia
Assim, as datas de 1798 e 1844 marcam, respectivamente, a chegada
do tempo do fim. A partir desses anos as profecias de Daniel, alusivas
ao "tempo do fim" poderiam ser compreendidas. João, em sua visão,
vê o livrinho aberto, pois sua mente fora levada àqueles anos, quando
o "tempo do fim" já havia chegado. Entendemos que com essa apresen-
tação feita a João do livrinho aberto, revelam-se as partes seladas da
profecia de Daniel, especialmenteo cômputo cronológico que assinala
o fim da profecia das "2.300 tardes e manhãs" (Daniel 8:14).
Outro motivo para se crer nesses anos para a chegada do "tempo
do fim" aparece na mesma visão de João em Apocalipse 10. João já ia
escrever o que viu, mas recebeu do Céu uma ordem dizendo: "Guarda
em segredo as coisas que os sete trovões falaram e não as escrevas"
(Apocalipse 10:4). Entendemos com isso que as revelações da parte
profética de Daniel também não eram para os dias de João. Então, o
ser celestial continuou: "Mas nos dias da voz do sétimo anjo, quando
ele estiver para tocar a trombeta, cumprir-se-á, então, o mistério de
Deus, segundo Ele anunciou a Seus servos, os profetas" (Apocalipse
10:7). Logo,quando a sétimatrombeta estivesse pronta para ser tocada,
os mistérios de Daniel seriam revelados e compreendidos.
Isso quer dizer que essas revelações estão abertas para nós hoje.
Não temos tempo a perder. Precisamos concentrar nossas energias
mentais para entender os mistérios do livro de Daniel. Somente essa
compreensão nos preparará para os últimos e extraordinários eventos
que terão lugar em nosso planeta. Por isso, o vidente de Patmos, quan-
do o livro foi aberto, ouviu do próprio Cristo a proclamação: "Já não
haverá demora" (Apocalipse 10:6). O livro de Daniel está agora aberto,
e a revelação feita por Cristo deve ser levada a todos os habitantes da
Terra, e sem demora.
Entre os filhos de Israel queforam levados cativospara
Babilónia no início dos setenta anos do cativeiro havia
cristãos patriotas, homens que eram tão fiéis ao principio
como o aço, e que se não deixariam corromperpelo egoísmo,
mas honrariam a Deus com prejuízo de tudo para si. Na
terra de seu cativeiro esses homens deviam levar avante
o propósito de Deus de dar às nações pagãs as bênçãos
que vêm pelo conhecimento de Jeová. Deviam eles ser
Seus representantes.Jamais deviam comprometer-se com
idólatras; suafé e seu nome como adoradores do Deus vivo
deveriam ser levados como alta honra. E isto eles fizeram.
Na prosperidade e na adversidade honraram a Deus;
e Deus os honrou a eles (Profetas e Reis, 479).
DESAFIOS
CULTURAIS
Uma vez que estamos vivendo no "tempo do fim", quando as profe-
cias de Daniel poderiam ser plenamente compreendidas, nos compete
dedicar tempo e energia ao estudo desse maravilhoso livro da Bíblia.
Daniel contém 12 capítulos. O capítulo l funciona como uma intro-
dução apropriada ao livro como um todo. Fala da primeira invasão de
Babilónia a Jerusalém, do aprisionamento e cativeiro de Daniel e seus
amigos e do teste que enfrentaram para ocupar uma posição junto à
corte real. Também é fundamentalpara a compreensão dos eventos do
capítulo 2, quando Nabucodonosor, rei de Babilónia, tem um sonho
misterioso com uma assombrosa estátua. Explica também aprocedência
dos vasos de ouro e prata que estavam em Jerusalém e foram levados para
o templo de Marduque,principal deus em Babilónia, os quaissãoprofana-
dos momentos antes de sua queda, segundo o relato do capítulo 5.Assim,
o primeiro capítulo fornece detalhes para a compreensão dos eventos
registrados em todo o livro.
A lição ensinada no capítulo l é o interesse de Deus pelas nações
e pelos indivíduos. Segundo C. A. Auberlen e S. P. Tregelles, a própria
divisão do livro em duas línguas atesta esse fato. Segundo sabemos, o
livro de Daniel foi escrito originalmente em dois idiomas:
36
DANIEL
Segredos da Profecia
a) 1:1a 2:4a: Hebraico
b) 2:4b a 7:28:Aramaico
c) 8:1 a 12:13: hebraico
Esses autores sustentam que essa mudançade línguas é a chave para
se compreender os propósitos de Deus no livro. Na medida em que
existe uma estrutura, observa-se que o livro de Daniel transmite uma
mensagem de julgamento e derrota para o mundo gentio, do qual os
principais representantes no tempo do profeta eram Nabucodonosor,
Belsazar, Dario e Ciro. A linguagem apropriada nessa parte que se re-
fere aos gentios é o aramaico, língua diplomática e comercial da época.
O livro transmite ainda outra mensagem, uma mensagem de esperança
e livramento para o povo de Deus, os hebreus. Para a parte que trata dos
hebreus, a língua é, naturalmente, o hebraico.1
O GRANDE CONFLITOCOMO PANO DE FUNDO
Desde o início do livro vemos em marcha o grande conflito entre
o bem e o mal, entre o culto pagão e a adoração ao verdadeiro Deus.
Logo no primeiro verso, duas cidades se destacam. Jerusalém, capital
do povo de Deus, e Babilónia, capital idólatra, representando a sede do
poder que se opõe a Deus. De fato, essas duas cidades são citadas em
toda a Bíblia, do Génesis ao Apocalipse, e podemos ver a intensa luta
entre a luz e as trevas, a verdade e o erro, em cada momento da história.
Logo no primeiro livro da Bíblia, Génesis, no verso 18 do capítulo4,
lemos: "Ora, Melquisedeque, rei de Salem, trouxe pão e vinho; pois
era sacerdote do Deus Altíssimo" A expressão "Salem" deu origem ao
nome "Jerusalém", cidade da paz (Salmo 122;135:21).
Onde está Babilónia no Génesis?O capítulo 10 fala sobre um famo-
so caçador chamado Ninrode e que o princípio de seu reino foi Babel
(Génesis 10:10). No verso 9 do capítulo 11, falando sobre uma torre
que os homens estavam construindo, lemos: "Por isso se chamou o seu
nome Babel, porquanto ali confundiu o Senhor a linguagem de toda
l fULVER, Robert D. Daniel: comentário bíblico Moody: Isalas a Malaquias. São Paulo: Imprensa
BatÍ5ta Regular, 1990, p.210.
Desafios Culturais 37
a terra, e dali o Senhor os espalhou sobre a face de toda a terra". De
"Babel" vem a palavra "Babilónia", confusão.
Já o livro de Apocalipse apresenta a Nova Jerusalém como sendo a
morada do Altíssimo com os salvos por toda a eternidade (Apocalipse
21:2, 3), evento este que ocorrerá somente após a queda de Babilónia,
descrita nos capítulos 14 e 18.Vemos assim essas duas cidades existin-
do durante todo o decorrer da história. No livro de Daniel, elas se en-
contram e a primeira impressão que temos é que Babilónia saivitoriosa
sobre a cidade de Deus, Jerusalém. Entretanto, somente a conclusão
da história pelas lentes da profecia nos permitirá avaliar a questão de
forma correta.
O CATIVEIRO DO POVO DE DEUS
Vimos no capítulo l que o povo de Deus enfrentou três cativei-
ros ao longo de sua história. O livro de Daniel inicia com a descri-
ção do terceiro - o cativeiro babilónico. "No ano terceiro do reinado
de Jeoaquim, rei de Judá, veio Nabucodonosor, rei da Babilónia, a
Jerusalém e a sitiou" {Daniel 1:1). Nesse período da história quatro
principais nações dominavam o Oriente Médio: Egito, Lídia, Média
e Babilónia.
O Império Assírio, terrivelmente cruel,havia dominado o crescente
fértil2 por cerca de 300 anos. Esse mesmo império havia destruído as
10 tribos de Israel em 722 a.C, mas agora estava chegando ao seu ocaso
e despontava um novo poder: Babilónia.
Por volta de 612 a.C., Nabopolassar conseguiu vencer a Assíria
e tornou-se o fundador do Império Neobabilônico. Seu filho,
Nabucodonosor II (o mesmo do livro de Daniel), conseguiu elevar
Babilónia à sua época de ouro. Seu nome NABU-KUDURRI-USUR
significava em caldeu "prece dirigida ao deus Nabu por proteção".3
2 "Crescente fértil"é a região do planeta onde surgiram as primeiras civilizações. Região que englo-
bava a Mesopotàmia, uma faixa de terra junto ao Mar Mediterrâneo e o nordesteda África. Ficou conhe-
cida por esse nome porque seu traçado forma um semicírculo que lembra a Lua no quarto crescente e
também pela presença de grandes rios (Tigre e Eufrates), cujos vales apresentavam solos férteispropícios
para a prática da agricultura. Fonte: <httpy/www.historiarnais.com/crescente_fertil.htm>. Acessado em
30 junho 201 3.
3 NICHOL, Francis D.Comentário bíblico adventista.TattJÍ,SP:Casa Publicadora Brasileira, 2013. V.4, p. 831.
38
DANIEL
Segredos da Profecia
Por vezes, os judeus buscaram o apoio do Egito para não caírem nas
mãos de Babilónia, mas por meio do profeta Jeremias e Isaías, Deus orien-
tou que não buscassem essaaliança, mas cedessem aodomínio deBabilónia.
Finalmente, no dia 1° de junho de 605 a.C, Nabucodonosor derrotou o
posto militar avançado do Egito,localizadoem Carquêmis. Com a morte de
seu pai, Nabopolassar, no dia 15de agosto do mesmo ano, Nabucodonosor
viaja às pressas para Babilónia, antes que um impostor usurpe o trono. No
dia 7 de setembro de 605 a.C. elechega a Babilóniae é coroado rei.4
Judeia, cidade de Daniel e seus amigos, estava localizada ao longo da
costa oriental do mar Mediterrâneo, território hoje ocupado por Israel.
Babilónia se localizava junto ao rio Eufrates, próximo à atual localiza-
ção de Bagdá, capital do Iraque. Os rios Tigre e Eufrates irrigavam um
vale bastante plano, limitado a Leste por uma cadeia de montanhas e a
Oeste pelo deserto. O vale era chamado de "Mesopotâmia", ou "terra que
fica entre rios". A rota regular de Jerusalém para Babilónia extendia-se
por mais de 1.500 km. Caminhando cerca de 25 km por dia, seria uma
viagem de aproximadamente dois meses.5 Foi esse longo percurso que
Daniel, seus amigos e outros príncipes judeus fizeram como escravos.
Mas por que Deus "entregou" (Daniel 1:2) Jeoaquim, rei de Judá,
e os utensílios do templo nas mãos do rei de Babilónia? Por que Deus
permitiu o cativeiro de Seupovo?
Ellen G. White, falando dos propósitos divinos ao permitir o cati-
veiro do povo de Israel, escreveu: "Areligião deles centralizava-se nas
cerimónias do sistema sacrificai.Haviam feito da forma exterior algo da
máxima importância enquanto tinham perdido o espírito do verdadeiro
culto [...] O Senhor agiu ao permitir que o povo fosse levado ao cativei-
ro e ao interromper os serviços do templo, a fim de que as cerimónias
exteriores não se tornassem a essência da sua religião [...] A glória
exterior foi removida, para que o espiritual pudesse ser revelado"6
A primeira invasão da Judeia é o evento que assinala a data do início
do cativeiro babilónico que, segundo o profeta Jeremias, seria de 70 anos
4 MAXWELL, C.Mervyn. Uma nova era segundo as profecias de Daniel. Tatuí, SP: Casa Publicadora
Brasileira, 1996. p. 32.
5 Ibidem. p. 18.
6 WHITE, Ellen G. Meditação Matinal: Olhandopara o alto.Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1983.
p. 155.
Desafios Culturais 39
(Jeremias 25:11, 12). Ao todo, foram três as invasões babilónicas a
Jerusalém. A primeira ocorreu no ano 605 a.C. Nabucodonosor fez
Joaquim se ajoelhar diante dele e levou reféns, entre eles, Daniel e seus
companheiros (Daniel 1:1-6). Mais tarde, em 597 a.C., em outra expe-
dição à Palestina, depois de certas atitudes rebeldes da parte dos reis
judeus, Joaquim e Jeoaquim, Nabucodonosor viu a necessidade de pu-
nir essa rebeldia, e tornou a subjugar Jerusalém. Desta vez, ele levou
cativo 10.000 prisioneiros, entre os quais estava o rei Jeoaquim e o jo-
vem profeta Ezequiel {Ezequiel 1:1-3; 2 Crónicas 36:10; 2 Reis 24:8-20).
Finalmente, em 597 a.C., depois de um longo cerco, Nabucodonosor
destruiu a cidade e o templo, bem como toda a comunidade judaica
(2 Reis 25:1-7; Jeremias 34:1-7; 39:1-7; 52:2-11).
A Bíblia relata que Nabucodonosor profanou o santuário do Altíssimo,
tomando parte dos utensílios sagrados do Templo, que somavam maisde
5.000 objetos,7 e os levou para Babilóniacolocando-os na casa do seudeus,
Marduque. Esses saques dos tesouros sagrados pelos babilónios cumpri-
ram as profecias de Isaías e Jeremias. Os profetas haviam declarado:
"Eis que virão dias em que tudo quanto houver em tua casa,junta-
mente com o que entesouraram teus pais até o dia de hoje, será levado
para Babilónia; não ficará coisa alguma, disse o Senhor" (Isaías 39:6).
"E voltarão os caldeus, e pelejarão contra esta cidade, e a tomarão, e a
queimarão a fogo" (Jeremias37: 8). O livro de lamentações de Jeremias
(1:1-5; 2:1-4, 13) fala da tristeza que se abateu sobre o profeta ao teste-
munhar seu povo levado cativo.
Marduque era o principal deus de Babilónia que, no tempo da
primeira dinastia, mais de mil anos antes, tinha sido chamado usual-
mente Bei, "senhor". Seu templo principal chamado Esagila, em cujo
pátio estava a grande torre chamada Etemenanki, ficava no coração de
Babilónia.8 O fato dos utensílios sagrados usados no serviço do santuá-
rio estarem agora no templo de Marduque era um símbolo da vitória
desse deus sobre o Deus dos judeus. Parecia que a situação havia fugi-
do ao controle. Entretanto, como veremos mais à frente, Deus estava
DANIEL
Segredos da Profecia
conduzindo todas as coisas para beneficiar Seu povo, e dar ao mundo
da época uma mensagem quejamais poderia ser esquecida, sendo per-
tinente ainda para nossos dias.
PORTA-VOZES DE DEUS NO CATIVEIRO
Ellen G. White afirma que "Daniel tinha apenas dezoito anos quan-
do foi levado a uma corte pagã a serviço do rei de Babilónia".9 Junto
com seus amigos, Hananias, Misael e Azarias, seria testado em todos os
aspectos. As provas os preparariam para posições mais elevadas, onde
teriam a oportunidade de testemunhar a respeito do Deus verdadeiro.
Esses jovens se tornaram um exemplo para os jovens modernos, e em
Babilónia passaram por quatro testes difíceis que foram verdadeiras
provas de fé. Vamos analisá-las:
PRIMEIRA PROVA DE FÉ: DE NOBRE A ESCRAVO
O primeiro teste aos exilados hebreus foi a mudança de seu status
social - de príncipes do reino de Judá a escravos em terra estrangeira.
Os conquistadores da antiguidadetinham o costume de levar os nobres
como reféns para assegurar a lealdade dos inimigos vencidos. Assim,
seguindo o costume da época, Nabucodonosor ordenou que jovens
sem nenhum defeito e de boa aparência, instruídos em toda sabedoria,
doutos em ciência eversados em conhecimento, deveriam ser prepara-
dos para ajudarem no palácio do rei. Esse período preparatório duraria
três anos (Daniel 1:3-5), e, ao final, um teste seria feito para saber quem
estaria apto para ajudar no palácio real.
Diante de circunstâncias tão terríveis, a fé desses jovens poderia
ter vacilado. As circunstâncias não eram nada boas. Escravizados em
terra estranha, com sua cidade querida em ruínas, o glorioso templo
que Salomão erguera e onde se ofereciam os sacrifícios estava agora
destruído, seu rei feito escravo, o que poderia ser pior? Nessas condi-
ções, eles poderiam ter abandonado suas crenças e reconhecido que
Marduque era o deus mais poderoso. No entanto, não fizeram isso. Em
momento algum sua fé vacilou. Apegaram-se às promessas divinas e
Desafios Culturais 41
creram que Deus agiria para libertar Seupovo como os profetas haviam
anunciado (Isaías 44:27, 28; 45:1; Jeremias 25:11,12).
SEGUNDA PROVA DE FÉ:MUDANÇA DOS NOMES
Um segundo teste enfrentado pelos jovens hebreus foi sua mudan-
ça de nomes. Mudar nomes era uma prática comum na história bí-
blica. José recebeu um nome egípcio ao ingressar na vida cortesã egíp-
cia (Génesis 41:45), e o nome de Hadassa foi trocado por (Ester 2:7).
A mudançade seus nomes significava que esses jovens hebreus estavam
sendo adotados pela corte babilónica. Seus novos nomes representa-
vam divindades caldeias.
Daniel agora é Beltessazar: levando em conta o comentário de
Nabucodonosor (Daniel 4:8), que o nome babilónico de Daniel se re-
lacionava com o deus dele, "Bei", fica evidente que a primeira sílaba,
"Bei", refere-se a Marduk, o principal deus babilónico. Assim, a melhor
tradução seria "Bei proteja sua vida [a do rei]"."1
Hananias agora é Sadraque: Hananias significa "oSenhor é bondo-
so comigo". Sadraque: "Inspiração ao deus sol". Seria o deus sol que pas-
saria a brilhar bondosamente sobre ele e não o senhor Deus de Israel.
Misael agora é Mesaque: Misael significa "semelhante a Deus".
Mesaque: "servo da deusa Sheba!
Azarias agora é Abede-Nego: Azarias: "o Senhor é meu ajudador".
Abede-Nego: "o servo de Nebo". Geralmente se aceita que esse nome
corresponde ao Abede-Nebo, "servo de [o deus] Nabu", nome que se
encontra em um papiro aramaico achado no Egito."
Nabucodonosor não obrigou os jovens hebreus a renunciaremsua fée
adorarem os deuses de Babilónia, mas com essas mudanças de nomes es-
perava alcançar isso gradualmente.Também mediante as práticase costu-
mes idólatrasda nação esperava induzi-los a renunciar à religião hebraica
e unir-se aos deuses de Babilónia. Mas isso não funcionou com Daniel e
seus amigos. Mesmo alterando seus nomes, sua reverência e lealdade para
10 O Dr. 5.J.Schwante^ alega que a origem mais provável do nome dado a Daniel, Beliessazar, é do ba-
bilónico Belet-sar-usur, "Que a madona (Ishtar] proteja o rei". Belet é feminino de bei, "Senhor" título dado ao
deus Marduque, chefe do panieáo babilónico,(VerSCHWANTES, S I.Daniel, o profeta do juízo.Engenheiro
Coelho, SP: Gráfica Alfa, 2003, p. 75}.
11 FINLEY, Mark. Revelando os mistérios de Daniel. São Paulo: Tdilora Tempos l..tda., 1999, p. 14.
DANIEL
42 | Segredos daProfecia__
com o Deus verdadeiro não foram afetadas. Seus princípios religiosos,
aprendidos desde a infância, se mostraram uma fortaleza nos momentos
de prova c produziram um caráter nobre e forte. Ellen G. White escreveu:
"Entre os filhos de Israel que foram levados cativos para Babilónia
no início dos setenta anos do cativeirohavia cristãos patriotas, homens
que eram tão fiéis ao princípio como o aço, e que se não deixariam
corromper pelo egoísmo, mas honrariam a Deus com prejuízo de tudo
para si [...] Jamais deviam comprometer-se com idólatras; sua fé e seu
nome como adoradores do Deus vivo deveriam ser levados como alta
honra. E isso eles fizeram. Na prosperidade e na adversidade honraram
a Deus; e Deus os honrou a eles".12
TERCEIRA PROVA DE FÉ: REGIMEALIMENTAR
O terceiro teste enfrentado pelos jovens em Babilónia estava rela-
cionado ao seu regime alimentar. Nessa mesma área, Adão e Cristo ha-
viam sido tentados. O primeiro falhou, mas Cristo saiu vencedor sobre
a terrível prova e sua declaração ecoa como símbolo de vitória sobre o
inimigo: "Nem só de pão viverá o homem" (Mateus 4:4).
A clara ordem do rei havia sido para que todos participassem dos
manjares e vinho da mesa real. Nabucodonosor pensava estar fazendo
um grande favor e concedendo um grande privilégio aos jovens cati-
vos. Daniel precisava tomar uma decisão agora: Deveria ele apegar-se
aos ensinamentos de seus pais sobre comidas e bebidas, e desagradar
o rei, com a provável perda não apenas de sua posição, mas da própria
vida; ou desconsiderar os mandamentos do Senhor e conservar o favor
do rei, garantindo dessa forma vantagens intelectuais e temporais? Não
houve um momento de hesitação. Daniel e seus amigos eram regidos
pelos princípios da Palavra de Deus. A Bíblia declara: "Resolveu Daniel
firmemente não contaminar-se" (Daniel 1:8). Havia várias razões pelas
quais um judeu piedoso evitaria comer da comida real:
1. Os babilónios, como outras nações pagãs, comiam carnes
imundas (Levítico 11).
Desafios Culturais 43
2. Os animais não tinham sido mortos de acordo com a lei levíti-
ca(Levítico 17:14-15).
3. Uma parte dos animais destinados ao alimento era oferecida,
primeiro como sacrifício aos deuses pagãos (Atos15:29).
4. O consumo de mantimentos e bebidas alcoólicas era contra os
princípios de estrita temperança como apresentado no Antigo
Testamento, a Bíbliadesses jovens (Provérbios20: l; 23:20;31:4).
Daniel e seus amigos "estavam familiarizados com a história de
Nadabe e Abiú, de cuja intemperança e seus resultados foi conservado
o registro nos pergaminhos do Pentateuco; e sabiam que suas próprias
faculdades físicas e mentais seriam danosamente afetadas pelo uso do
vinho" (Levítico 10:1-3).13
Esse teste ao qual Daniel foi submetido ilustra a verdadeira tempe-
rança e as bênçãos que se seguem aos que a praticam. Se desejarmos
manter nossas faculdades puras para o serviço de Deus, precisamos
observar estrita temperança no uso dos alimentos. Devemos praticar a
regra básica: usar com moderação as coisas que nos são benéficas e nos
abster completamente das que nos são prejudiciais.
Como Daniel e seus amigos, devemos buscar desenvolver hábitos
correios que promovem a saúde plena. Faculdade intelectual, força fí-
sica e longevidade dependem de leis imutáveis criadas por Deus. Nessa
questão o acaso não existe. Iremos colher aquilo que semearmos. "O
Deus da natureza não interferirá para preservar os homens das conse-
quências da violação das leis da natureza".1'
Pense, por exemplo, em uma pessoa que não bebe a quantidade de
água suficiente ao longo do dia. Ela pode ser diagnosticada com pedras
nos rins e sofrer muitas dores. Males que poderiam ter sido evitados,
se ela houvesse ingerido água na quantidade ideal. Mas muitos não dão
a devida importância a essa questão do comer e beber. Ellen G. White
pondera: "Hoje há entre os professos cristãos muitos que haveriam de
julgar que Daniel era demasiado escrupuloso, e o sentenciariam como
l j WHITE, 1995,p.<182.
14 WHITE, Ellen G.Conselhos sobre regime alimentar. Tal LIÍ, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1993, p.29.
DANIEL
Segredos da Profecia
mesquinho efanático. Eles consideram a questão do comer ebeber como
de muito pequena importância para exigir tão decidida resistência - tal
que poderia envolver o sacrifício de todas as vantagens terrenas. Mas
os que assim raciocinam, notarão no dia do juízo que se desviaram das
expressas reivindicações de Deus e se apoiaram em sua própria opinião
como norma para o que é certo e para o que é errado. Descobrirão que
aquilo que lhesparecera sem importâncianão fora assim considerado por
Deus. Suas reivindicações deveriam ter sido sagradamente obedecidas".15
DANIEL PROPÕE UM TESTE
Para resolver o problema de participar da mesa real, Daniel pro-
pôs um teste de dez dias. Ao fim desses dias os resultados se provaram
exatamente o oposto do que o cozinheiro-chefe esperava. Não somen-
te na aparência pessoal, mas também no vigor mental, os que haviam
sido temperantes em seus hábitos exibiam uma evidente superioridade
sobre os seus companheiros, que haviam sido condescendentes com o
apetite. Como resultado dessa prova, permitiu-sea Daniel e seus com-
panheiros continuarem com o regime simples durante todo o curso de
seu treinamento para os deveres do reino.
Terminado o prazo dado pelo rei, que foi de três anos, quando sua
capacidade e erudição foram testadas, veio o resultado: "entre todos eles
não foram achados outros como Daniel, Hananias, Misael e Azarias;
por isso, passaram a servir perante o rei. Em toda matéria de sabedoria
e de inteligência, sobre que o rei lhes fez perguntas, ele os achou dez
vezes mais doutos do que todos os magos e encantadores que havia em
todo o seu reino" (Daniel 1:19 e 20).
"Aqui está uma lição para todos, mas especialmente para os jovens
[...] Na experiência de Daniele seus companheiros, temos um exemplo
da vitória do princípio sobre a tentação para condescender com o apeti-
te, uma demonstração de que mediante o princípio religioso, podem os
jovens triunfar sobre a concupiscência da carne, e permanecer fieis aos
reclamos de Deus, mesmo que isso custe grande sacrifício".16
Desafios Culturais 45
QUARTA PROVA DE FÉ: INSTRUÇÃO
Um último teste que podemos ver no capítulo l trata da educação
que os jovens hebreus deveriam receber em Babilónia. Nabucodonosor
havia determinado que lhes ensinasse a "língua e a cultura dos caldeus"
(Daniel 1:4). Essa era uma estratégia usada por nações opressoras,
mas que podem ainda ser vistas em nossos dias. Mark Finley escre-
veu: "Quando os russos invadiram o Afeganistão, jovens afegãos fo-
ram levados e colocados em escolas de ensino especial na Rússia, onde
aprenderam a filosofia marxista-leninista. Em seguida, foram enviados
pelo Kremlin como novos governantes do Afeganistão. Hitler fez tam-
bém isso com muitas nações que invadiu durante a Segunda Guerra
Mundial. Ele trazia os jovens desses países para a Alemanha e lhes en-
sinava a filosofia nazista. Depois de 'formados' voltavam como gover-
nantes de seu povo difundindo a filosofia nazista entre as massas".17
Essa era a intenção de Nabucodonosor.
Segundo Maxwell, a "língua caldaica", a qual os jovens exilados de-
veriam aprender, incluía o acádio, idioma nacional de Babilónia, o su-
meriano, que era o idioma da religião tradicional e o aramaico, idioma
do comércio e da diplomacia internacionais.ia Já a "cultura" babilónica
estava intimamente relacionada à idolatria e práticas pagãs; mesclava
bruxaria com ciência e sabedoria com superstição. As práticas de magia,
astrologia, adivinhação e exorcismo eram comuns entre os povos antigos,
mas Deus havia alertado severamente Seu povo contra tais práticas (ver
Deuteronômio 18:10-12). No entanto, os caldeus eram também erudi-
tos no verdadeiro sentido da palavra. Possuíam um vasto conhecimento
astronómico. Podiam até mesmo predizer eclipses lunares. Sua capaci-
dade matemática também era bastante desenvolvida. Usavam fórmulas
cujo descobrimento geral se atribui erradamente aos matemáticos gregos.
Além disso, eram bons arquitetos, construtores e médicos que tinham en-
contrado, por meios empíricos, a maneira de curar muitas enfermidades.19
Supõe-se que estes são os aspectos da sabedoria em que Daniel e
seus três amigos ultrapassaram os sábios de Babilónia. Aprenderam a
17 FINLEY, p. 12.
18 MAXWELL, 1996, p. 29.
19 Comentário bíblico adventista v. 4, p. 789.
DANIEL
Segredos da Profecia
perícia e as ciências dos caldeus, mas sem adotar os elementos pagãos
mesclados em sua cultura. Isso fica evidente através de sua dependên-
cia do poder de Deus nas experiências que se seguiram, registradas nos
capítulos seguintes do livro.
FIDELIDADE RECOMPENSADA
Deus recompensou a firmeza e fidelidade dos jovens hebreus.
A Bíblia declara: "No fim dos dez dias, a sua aparência era melhor; es-
tavam eles mais robustos do que todos os jovens que comiam das finas
iguarias do rei" (Daniel 1:15). Logicamente,apenas dez dias não seriam
suficientes para uma grande diferençafisionómica,mas o resultadovis-
to foi devido a um estilo de vida que não começou em Babilónia, mas já
era seguido desde muito tempo.
Deus deu aos quatro jovens "conhecimento e a inteligência em
toda cultura e sabedoria", mas a Daniel concedeu ainda "inteligência
de todas as visões e sonhos" (Daniel 1:17). Essa habilidade espiritualse
mostraria oportuna no decorrer dos eventos do capítulo 2. Ao fim dos
três anos, os jovens foram testados pelo próprio Nabucodonosor. E o
testemunho do rei foi:"Em toda matéria de sabedoria e de inteligência
[...] os achou dez vezes mais doutos do que todos os magos e encanta-
dores que havia em todo o seu reino" (Daniel 1:20). Deus cumpriu Sua
promessa: "Aos que Me honram, honrarei" (l Samuel2:30).
Nos dias desses jovens nem todos os livros do Antigo Testamento
haviam sido escritos, muito menos qualquer um do Novo. Mas estes
jovens dispunham de vários livros. Foi a partir desses estudos que
aprenderam a distinguir entre o Deus verdadeiro e os falsos deuses de
Babilónia. Fundamentados em Levítico 11 e Deuteronômio 14 foram
capazes de fazer separação entre os animaislimpos e imundos. Também
perceberam o perigo de beber vinho (Levítico 10:1-11; Provérbios 20:l,
23:31-35), e conheciam a importância de serem fieis e honestos em to-
das as suas ações.
O capítulo l termina com a expressão: "Daniel continuou até ao
primeiro ano" (Daniel 1:21). Depois de severamente provados, Deus
os recompensou. Daniel, por mais de 70 anos, foi um instrumento
de Deus para levar avante Seus desígnios junto à corte de Babilónia
Desafios Culturais 47
e da Média-Pérsia. Através de sua influência, veremos a conversão do
grande rei Nabucodonosor e a assinatura de um decreto, por Ciro,
o grande líder da Média-Pérsia, autorizando os judeus cativos a voltar
para Jerusalém e a reconstruir a cidade e o templo. O quanto a huma-
nidade deve a estes jovens, pelo seu exemplo de fé e perseverança, só a
eternidade o revelará.
Do surgimento e queda das nações conforme expostos nos
livros de Daniel e Apocalipse, precisamos aprender quão sem
valor é a glória meramente terrena e externa. Babilónia,
com todo o seu poder e magnificência, como nosso mundo
jamais contemplou igual [...] completamente passou
[...] Assim pereceu o reino da Média-Pérsia, e os reinos da
Grécia e de Roma. E assim perece tudo o que não tem a
Deus por fundamento. Apenas o que está vinculado ao Seu
propósito, e expressa Seu caráter, pode perdurar
(Profetas e Reis, 548).
UMA ESTATUA
ASSUSTADORA
(PRIMEIRA VISÃO PROFÉTICA)
Estacionei meu carro, comprei o ingresso e só precisava aguardar o
momento. Estava ansioso, pois muitos amigosme haviam dito que aque-
le seria um grande musical. Passeava pelo local, enquanto aguardava o
início da programação.Minutos antes, me dirigi ao estacionamento para
buscar algo no carro e então veio a grande surpresa - elehavia sido rou-
bado. Entrei em desespero. Busquei o responsável pelo estacionamento
e o meu desespero aumentou: percebi que ele estava envolvido no roubo.
Enquanto reclamava da falta de segurança do estacionamento e cla-
mava porjustiça, uma viatura dapolícia chega aolocal - não seipor que,
mas dentro dela havia uma mulher ensanguentada. Disse para os poli-
ciais meu problema, meu carro havia sido roubado, elesnão deram muita
atenção, mas disseram que a alguns quilómetros dali havia outra delega-
cia que poderia me ajudar. Comecei a caminhar aqueles longos quilóme-
tros, inconformado, quando uma chuva forte começou a cair sobre mim.
Comecei a chorar. Minhas lágrimas se misturavam com as gotas de chu-
va. Clamei de todos os meus pulmões: Por que Deus estava permitindo
aquilo? Meu único carro ser roubado? Por que essa injustiça?
Foi num desses clamores que acordei. Voltei à consciência depois
de algumas horas de sono e percebi que tudo não passava de um sonho,
um angustiantesonho. O desespero deu lugar ao alívio e minha rotina
50
DANIEL
Segredos da Profecia
estava de volta. Abri a janela de casa e lá estava meu carro, são e salvo.
Fora apenas um sonho.
Você já experimentou uma sensação assim? Quando o despertar
lhe trouxe um tremendo alívio, ao perceber que tudo não passava de
um sonho? Com o rei Nabucodonosor ocorreu o inverso. Quando des-
pertou do sono a angústia ficou maior.
O capítulo 2 de Daniel registra um sonho extraordinário e assustador.
Mas quando o sonhador acordou não se sentiualiviado. Pelo contrário, per-
cebeu que algo muitosérioestavaem jogoeelenão selembrava de nada. Um
rei com insónia - esse é o assunto do capítulo 2do livro do profeta Daniel.
Pedro escreveu que a profecia é uma luz que alumia no escuro
{2 Pedro 1:19). Somente a palavra profética poderia trazer luz e espan-
tar a escuridão da vida do maior monarca do mundo, o grande rei de
Babilónia, Nabucodonosor.
Já vimos que o livro de Daniel relata quatro visões proféticas. A pri-
meira visão, apresentada no capítulo 2, trata principalmente de mudan-
ças políticas. Seu propósito inicial era revelar ao rei Nabucodonosor seu
papel corno rei de Babilóniae lhe fazer saber "a respeito do que há de ser
depois disto" (Daniel2:29). Esse sonho do rei é uma profecia dos eventos
que teriam lugar nos 2.500 anos seguintes da história de nosso mundo.
Ela ensina que os movimentos dos grandes impérios e nações da terra
são controlados por Deus e revelados a Seu povo escolhido, enquanto
este, em meio às mutações da história, prossegue em direção ao Céu.
A profecia, segundo Arturo T. Pierson, "representa uma fechadu-
ra, para qual só uma história subsequente pode proporcionar a chave"1
Assim, ao ser estudado o sonho do rei com uma estátua assustadora,
devemos permitir que a história atue como intérprete da profecia e nos
revele o significado dos simbolismos.
O SONHO DO REI
Transcorria o 2°ano do reinado de Nabucodonosor, provavelmente
o ano 603 a.C., quando ele teve um sonho. A Bíblia declara que ele ficou
J MELLO, Araceli S. Testemunhos históricos das profecias de Daniel. Rio de Janeiro: Gráfica e
Editora Laemmert, 1968, p. 1l
Uma Estátua Assustadora 51
profundamente perturbado e lhe passou o sono (Daniel 2: l). Os antigos
consideravam os sonhos com temor; pensavam que eram revelações de
suas deidades e procuravam descobrir sua verdadeira interpretação.'
Por isso, Deus escolheu esse método, porque evidentemente era o meio
mais efetivo para impressioná-lo com a importância da mensagem e
para ganhar sua confiança e assegurar sua cooperação.
Esse sonho não ocorrera por acaso. Deus em Sua providência o deu a
Nabucodonosor porque tinha uma mensagem para ele. Como Deus não
faz acepção de pessoas, era seu propósito salvar o rei,bem como sua nação,
a grande Babilónia.O sonho tinha o propósito de revelar aNabucodonosor
o que haveria de ser nos últimos dias (Daniel 2:28) e mostrar o papel que o
rei poderia desempenhar nessa história. Não é em vão que por várias vezes
Deus chama Nabucodonosor de "meu servo" (Jeremias25:9; 27:6;43:10).
Assim como a Babilónia, a cada nação da antiguidade Deus havia
atribuído especial lugar em Seu plano, mas os governantes não apro-
veitaram as oportunidades, e sua glória foi abatida. As lições de histó-
ria dadas a Nabucodonosor teriam que instruir as nações até o fim do
tempo. Por cima das flutuantes cenas da diplomacia internacional, o
grande Deus do Céu está em Seu trono "a executar, silenciosamente,
pacientemente, os conselhos de Sua própria vontade"3. Ao fim, a estabi-
lidade e a imutabilidade virão quando Deus mesmo, ao terminar o tem-
po, estabelecer "um reino que não será jamais destruído" (Daniel 2:44).
Nabucodonosor começou a viver um grande dilema: pensava ser o so-
nho uma mensagem de grande importânciados deuses,mas não se lembra-
va de nada que havia sonhado. Então mandou chamai"aquelesque, na corte,
eram os responsáveispela interpretaçãodos sonhos, a sabei': os magos, os en-
cantadores, os feiticeiros e os caldeus (Daniel 2:2). Quando estes chegaram,
o saudaram em aramaico, língua falada pela família real. A partirdaquele
momento, o livro de Daniel troca o hebraico pelo aramaico até o capítulo 7.
UMA AMEAÇAREAL
Quando os sábios chegaram á presença do rei, pediram que ele con-
tasse o sonho. Mas, para sua surpresa, o rei não se lembravade maisnada.
52
DANIEL
Segredos da Profecia
Eles se viram numa situação delicada,pois tudo que inventassem acerca
do sonho seria imediatamente detectado como mentira. Eles tentaram
ganhar tempo, e isso provocou a ira do rei: "Uma coisa é certa: se não
me fizerdes saber o sonho e a sua interpretação, sereis despedaçados,
e as vossas casas serão feitas monturo" (Daniel 2:5). Então veio o reco-
nhecimento dos sábios: "Não há mortal sobre a terra que possa revelar
o que o rei exige; pois jamais houve rei, por grande e poderoso que
tivesse sido, que exigisse semelhante coisa de algum mago, encantador
ou caldeu. A coisa que o rei exige é difícil, e ninguém há que possa
revelar diante do rei, senão os deuses, e estes não moram com os ho-
mens" (Daniel 2:10,11). Foi essa confissão de fracasso que proporcio-
nou a Daniel uma excelente oportunidade para revelar algo do poder
do Deus a quem ele servia eadorava.
Então irado, Nabucodonosor assinou um decreto ordenando a mor-
te de todos os sábios de Babilónia, o que incluía Daniel e seus amigos.
Arioque, chefe da guardade Nabucodonosorsaiu para executara ordem. A
prisão surpreendeu a Daniel,pois este não sabia do ocorrido. Certamente
isso se deu porque Daniel e seus amigos eram recém chegados à corte,
haviam acabado de ser aprovados pelo rei e certamente não participaram
do diálogo entre o rei e os magos. Daniel então pede uma audiência com o
rei e diz que este designasse um tempo e eletraria a interpretação.
FIDELIDADE RECOMPENSADA
Foi um ato de fé. Daniel era um jovem dependente de Deus e con-
fiava na oração. Fez saber o caso a seus amigos e todos buscaram a Deus
por misericórdia e livramento. O Céu recompensou a fé dos jovens he-
breus. "Então foi revelado o mistério a Daniel numa visão de noite"
(Daniel 2:19). Daniel louva e exalta ao Deus do Céu como Aquele que
"muda os tempos e as estações, remove reis e estabelece reis; Ele dá
sabedoria aos sábios e entendimento aos inteligentes. Ele revela o pro-
fundo e o escondido" (Daniel 2:21).
O SONHO E SUA INTERPRETAÇÃO
Imediatamente Daniel foi levado à presença do rei e disse: "O mis-
tério que o rei exige, nem encantadores, nem magos nem astrólogos o
Uma Estátua Assustadora 53
podem revelar ao rei; mas há um Deus no céu, O qual revela os misté-
rios, pois fez saber ao rei Nabucodonosor o que há de ser nos últimos
dias" (Daniel 2:27,28). Daniel desejava que Nabucodonosor compreen-
desse a futilidade de confiar em seus sábios quando necessitava de con-
selho e ajuda do Deus verdadeiro a quem servia. Esperava com isso que
o rei voltasse os olhos para o grande Deus verdadeiro, cujo povo tinha
sido vencido pelo rei.
Daniel então passa a descrever o sonho: "Tu, ó rei, estavas vendo, e
eis aqui uma grande estátua; esta, que era imensa e de extraordinário es-
plendor, estava em pé diante de ti; e a sua aparência era terrível.A cabeça
era de fino ouro; o peito e os braços de prata, o ventre e os quadris, de
bronze; as pernas, de ferro, os pés, em parte, de ferro, em parte, de barro.
Quando estavas olhando, uma pedra foi cortada sem auxílio de mãos,
feriu a estátua nos pés de ferro e de barro e os esmiuçou. Então, foijun-
tamente esmiuçado o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro, os quais
se fizeram como a palha das eiras no estio, e o vento os levou, e deles
não seviram mais vestígios. Mas a pedra que feriu a estátua se tornou em
grande montanha, que encheu toda a terra" (Daniel 2:31-35).
O rei ficou extasiado com a revelação de Daniel. Cada detalhe tra-
zia à sua memória as recordações do sonho. "É isso mesmo Daniel, foi
isso que sonhei" O rei está surpreso e ansioso para saber o significado
de tudo aquilo. Então continuou Daniel: "Este é o sonho; e também a
sua interpretação diremos ao rei" (Daniel 2:36). O gráfico a seguir mos-
tra os elementos do sonho e sua interpretação:
ELEMENTOS DA ESTÁTUA E SUA INTERPRETAÇÃO
Elementos daestátua
Cabeça de ouro
Peito e braços de prata
Quadris de bronze
Pernas de ferro
Pés de ferro e barro
Pedra lançada contra estátua
2:32
2:32
2:32
2:33
2:33
2:34, 35
Interpretação a
Média-Pérsia
Grécia
Roma
Reino dividido
Volta de Jesus
2:37,38; 7:4
2:39;5:26-28
2:39; 8:3-7, 20, 21
•
^
•
1 B^^H^^H
2:40; 7:7, 8, 17,23-25
2:41-43:7:7,8,23,24
2:44, 45; 7:13, 14,26,27
DANIEL
Segredos da Profecia
A mensagem do sonho era para a instruçãode Nabucodonosor, as-
sim como a dos governantes e povos até o fim do tempo e a segunda
vinda de Cristo (Daniel 2:44, 45). Nabucodonosor desejava conhecer
o futuro e pressentia algo tenebroso. No entanto, Deus lhe revelou, não
para satisfazer sua curiosidade, mas para despertar em sua mente um
sentido de responsabilidade pessoal para com o plano celestial.
No sonho do rei está revelada a verdadeira filosofia da história hu-
mana. Em última análise, os reis e governantes estão sob a direção e
o controle de um Soberano todo-poderoso. Ellen G. White escreveu:
"Nos anais da história humana o crescimento das nações, o levanta-
mento e queda de impérios, aparecem como dependendo da vontade
e façanhas do homem. O desenvolver dos acontecimentos em grande
parte parece determinar-se por seu poder, ambição ou capricho. Na
Palavra de Deus, porém, afasta-se a cortina, e contemplamos ao fundo,
em cima, e em toda a marcha e contramarcha dos interesses, poderio
e paixões humanas, a força de um Ser todo misericordioso, aexecutar,
silenciosamente, pacientemente, os conselhos de Sua própria vontade".3
Por meio desse extraordinário sonho, Deus estava revelando ao rei
e aos leitores do livro de Daniel as preciosas cenas que terão lugar até
que a "pedra seja cortada" (Daniel 2:45), ou seja estabelecido o reino
de Deus na Terra. Os quatro metais da estátua representam então os
quatro impérios que dominariam o mundo desde Nabucodonosor até
o quinto século de nossa era.1
BABILÓNIA - A CABEÇADE OURO
Daniel disse ao rei: "Tu és a cabeça de ouro" (Daniel 2:38). Babilónia
era também conhecida como Akkad (Terra dos Caldeus). Foifundada
por Ninrode, que foi um valente caçador diante do Senhor (Génesis
10:8-10), e em tempos mais antigos representa o local em que se ergue-
ra a torre de Babel (Génesis 11:1-9). Ela atingiu considerável destaque
por volta de l.800 a.C, sob a liderança do grande legislador Hamurabi,
3 WHII li, Ellen G. Educação. Tatuí, SP: Casa Publícadora Brasileira, 1997, p. 173.
4 Ibidem, p. 173. Qualquer bom livro de história confirmará a sequência que será apiesentada aqui,
Vcp por exemplo: ÊASTON, Stewarl C. The Heritage of the Ancient World: From lhe Earliesr Times to the Fali
of Home. New York: Rínehartand Gimparty, 1960.
Uma Estátua Assustadora 55
cerca de 300 anos antes de Moisés.5 Após a morte de Hamurabi,
Babilónia foi ofuscada por outros povos da Mesopotâmia. Finalmente o
Império Assírio dominou toda a região, e por volta de 722 a.C. destruiu
as dez tribos de Israel, cuja capital estava em Samaria.
Entre os anos de 626 a 612 a.C., período em que Daniel nasceu,
Nabopolassar, pai de Nabucodonosor, esmagou o que restava do Império
Assírio c tornou-se o fundador do Império Neobabilônico. Após sua
morte em 605 a.C., Nabucodonosor assume o trono de Babilónia.
Nabucodonosor era a personificação do Império Neobabilônico.
As conquistas militares e o esplendor arquitetônico de Babilónia se de-
viam, em grande medida, a suas proezas. Desde sua ascensão ao trono
(605 a.Cl), até sua morte (562 a.C.), elevou Babilónia a uma glória incom-
parável. Ele éo responsável pela construção de uma das Sete Maravilhas do
Mundo Antigo: os jardinssuspensos da Babilónia. Na região não cresciam
muitas árvores, mas o rei trouxe várias espécies, de várias partes da Terra,
para embelezarseus jardins. A cidade cie Babilónia também abundava em
ouro. Heródoto, considerado o "Pai da história", descreve o resplendor
do ouro nos templos sagrados da cidade. "Na parte inferior do templo de
Babilónia há outra capela, onde se vê uma grande estátua de ouro repre-
sentando Júpiter sentado. Ao lado, uma grande mesa de ouro. O trono
e o escabelo são do mesmo metal [...] Vê-se também, fora da capela, um
altar de ouro [...] havia naquele templo, no recinto sagrado, uma estátua
de ouro maciço de 12 côvados de altura"/1 O profeta Jeremias compara
Babilónia com um copo de ouro nas mãos do Senhor (Jeremias 51:7).
José Carlos Ramos assim descreve a trajetória dos monarcas de
Babilónia: "Nabucodonosor morre no ano 562 a.C. após ter reinado 43
anos sobre Babilónia. Depois de sua morte, Evil-Merodaque (também co-
nhecido como Amel-Marduquc), seu filho, reina em seu lugar. Três anos
depois, em 560 a.C., Evil-Merodaque morre e sobe ao trono Neriglissar
(Nergal-Sharuzur), genro de Nabucodonosor. Em 556 a.C., morre
Neriglissar e sobe ao trono Laboroso-Archod (Labashi-Marduque), seu
filho. Este tem um curto reinado c morre no mesmo ano. Chega então
DANIEL
56 ; Segredos da Profecia
ao trono Nabonido (Labineto), também genro de Nabucodonosor. No
ano 552 a.C., Belsazar torna-se co-regente da Babilónia ao lado de seu
pai Nabonido. No ano 539 a.C., Babilóniaé conquistada por Ciro, rei da
Pérsia e Dario, o Medo, passa a reinar em Babilónia".7
No idioma caldaico, o nome Nabucodonosor (NABU-KUDURRI-
USUR) é um termo que representa uma prece dirigida ao deus Nabu,
em favor de proteção." Mas de nada valeu esse deus quando chegou a
hora de se cumprir a profecia e entrar em cena outro império mundial.
Babilónia dominou o mundo dos anos 605 a.C. até 539 a.C., quando cai
diante da coaíisão dos Medos e Persas. Veremos mais detalhes sobre a
queda de Babilónia no capítulo 7 deste livro.
MÉDIA-PÉRSIA - PEITO E BRAÇOS DE PRATA
Daniel continuou sua interpretação do sonho ao rei: "Depois de
ti, se levantará outro reino, inferior ao teu" (Daniel 2:39). O próprio
Daniel, pouco mais de 60 anos no futuro, revelaria ao então rei de
Babilónia, Belsazar,neto de Nabucodonosor, quem seria esse segundo
reino (ver Daniel 5:26-28). Como a prata é inferior ao ouro, o Império
Medo-Persa seria inferior ao babilónico. Em cumprimento às pre-
dições proféticas de Isaías e Jeremias (Isaías 45:1; 44:27, 28; Jeremias
25:11,12), Babilónia perdeu sua hegemonia mundial. Ciro, o grande, foi
quem conquistou Babilónia. Ciro reconheceu que o Senhor lhe tinha
dado todos esses reinos (2 Crónicas 36:23; Esdras 1:2).
A história da queda de Babilónia está registrada no Cilindro de Ciro,
de propriedade do Museu Britânico. O arqueólogo britânico Hormuzd
Rassam descobriuesse cilindroem março de 1879.Eledata do 6°séculoa.C,
e foi descoberto nas ruínas da Babilónia na Mesopotâmia (atual
Iraque). Estava nas fundações de Esagila, o templo principal da cidade
de Babilónia, consagrado ao deus Marduque. E é do templo do princi-
pal deus babilónico que nos vem a comprovação histórica da queda de
Babilónia e da ascensão do Império Medo-Persa.
7 RAMOS, José Carlos. Profecia bíblica. Apostila SALT, Pós-graduação - IAE-Q, 1998,p. 54. Ver tam-
bém: ALOMÍA, Merling. Daniel: Su vida, sus tiempos y su mensaje. Limn, l'cru: Universidad UnionIncaica,
1991, p. l M.
li Comentário bíblico adventista, v.4, p.831.
Uma Estátua Assustadora 57
Esse cilindro é dividido em vários fragmentos e registra uma de-
claração em escrita cuneifonne acadiana, em nome do rei Aquemênida
da Pérsia, Ciro, o Grande. O artefato conta a história da queda de
Babilónia sob Ciro, o Grande. Nas linhas 15a 21 do cilindro aparecem
trechos dando a genealogia de Ciro, o Grande, e relatando a captura de
Babilónia em 539 a.C. Revela a queda de Nabonido, rei da Babilónia, e
exalta os esforços de Ciro para repatriar os povos deslocados erestaurar
templos e santuários religiosos na Mesopotâmia e em outros lugares da
região. Segundo alguns estudiosos, essa é uma evidênciada política de
Ciro de repatriação dos hebreus após o cativeiro na Babilónia - um ato
que o livro de Hsdras atribui a Ciro (Esdras 1:1, 2).g
Outro a relatar detalhes da queda da grande Babilónia foiHeródoto.
Ele afirma: "Finalmente, ou porque concluísse por si mesmo sobre o
que deveria fazer, ou porque alguém, vendo-o em dificuldades,o acon-
selhasse, o príncipe(Ciro) tomou a seguinte resolução: Colocou o exér-
cito, parte no ponto onde o Eufrates passa dentro de Babilónia, parte
no local onde o rio deixa o país, com ordem de invadir a cidade pelo
leito do mesmo, logo que se tornasse vadeável. Com o exércitoassim
distribuído, dirigiu-se para o lago [...]A exemplo do que fizera a rainha
Nitócris, desviou as águasdo rio para o lago pelo canalde comunicação.
As águas se escoaram, e o leito do rio facilitou a passagem [...] os persas
entraram na cidade com as águas do rio dando apenas pelas coxas".10
Vencida Babilónia, Dario, da Média reinou por permissão do verda-
deiro conquistador, Ciro, fato que Daniel certamente sabia. O livro do
Daniel se refere várias vezes à nação que conquistou Babilónia, a qual
Dario representava, como "os medos e os persas" (Daniel 5:28; 6:8, 28),
e em outras partes representa a esse império dual como uma só besta
(ver Daniel 8:3, 4).
Assim, Dario foi o primeiro a reinar após a queda de Babilónia. Isso
explica os acontecimentos do capítulo 6 de Daniel, quando este é lança-
do na cova dos leões por ordem de Dario. Depois de Dario, reinou Ciro,
que assina o primeiro decreto para o retorno dos judeus à Palestina
Oliveira, arilton daniel   segredos da profecia
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  • 3. DANIEL SEGREDOS DA PROFECIA Descubra como a PROFECIA nos habilita a enfrentar o FUTURO com confiança ARILTON OLIVEIRA
  • 4. Direitos depublicação reservados à Casa Publicadora Brasileira Rodovia SP 127-km 106 Caixa Postal 34- 18270-970 - Tatul, SP Tel.: (15)3205-8800- Fax:(15)3205- Atendímento ao cliente: (15) 3205-8888 www.cpb.com.br Editoração Rubem Scheffel Revisão Lucas Diemer de Lemos Projeto Gráfico Marcos Santos Ilustração da Capa Rogério Chimello impressão: 8 mil exemplares Tiragem acumulada: 18 milheiros Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Daniel: segredos da profecia / Arilton Oliveira. - Jacareí,SP: Ed. do Autor, 2013 13-12740 CDD-224.506 índices para catálogo sistemático: 1. Daniel: Livros proféticos: Bíblia : Interpretação 224.506
  • 5. SUMÁRIO Palavras do autor 7 Introdução 9 Capítulos Daniel, um homem amado pelo Céu 15 Daniel, um livro selado 25 Seção histórica Desafios culturais 35 Uma estátua assustadora - primeira visão 49 A fornalha de fogo ardente 69 Do palácio ao pasto 79 A queda de Babilónia 89 Daniel na cova dos leões 99 Seção profética Quatro animais estranhos - segunda visão 109 A visão do carneiro e do bode-terceira visão 141 A purificação do santuário terrestre 149 2.300 tardes e manhãs e a purificação do santuário celestial.... 159 Daniel no RioTigre - quarta visão 173 Reis em guerra 179 Um tempo de angústia sem precedentes 187 O estabelecimento do eterno reino de Cristo 197 Conclusão 204 Referências 206
  • 6. c-ít^-^^^-^n DEDICATÓRIA Dedico esta obra a três pessoas que muito amo: José e Adelaide, meus queridos pais, que me deram vida e ensinaram pelo exemplo o amor e respeito ao próximo; e Juliana, minha amada esposa, que encheu minha vida de um novo significado ealegria.
  • 7. PALAVRAS DO AUTOR O fascínio pelo livro de Daniel chegou muito cedo em minha vida. Eu tinha apenas 13 anos de idade quando assisti, durante a Semana Santa do ano de 1985, uma série de palestras apresentadas pelo saudoso Dr. Emanuel Ruela, cujo tema central ainda hoje me lembro: HÁ VIDA EM SUAMORTE. Foi naquele momento, após conhecer a linda histó- ria da cruz, que aceitei a Jesus como meu Salvador pessoal. Passei em seguida a frequentar a igreja que estava em meu bairro, Mucuri, no município de Cariacica, ES.Nessa igreja simples, com ir- mãos queridos e zelosos, tínhamos todos os sábados, às 7h da manhã, o Culto do Poder. Sob a liderança dos irmãos Agostinho Machado, Valdomiro, Benedito Tonoli, Neudes Fraga, Edvirges Fraga, Samuel Ney, Nilton Gonçalves, António Afonso e outros, estudávamos as pro- fecias de Daniel referentes ao "tempo do fim". Fascinava-me o fato daqueles irmãos conhecerem tanto da Palavra de Deus. Eram versos da Bíblia recitados de cor, raciocínios lógicos, eventos históricos repassados, personagens da Bíblia e da história ana- lisados. Isto tudo me fascinava. Nessas reuniões, o livro de Danielvárias vezes era aberto e suas his- tórias e profecias eram lidas. Uma estátua de vários metais, três jovens lançados numa fornalha, Daniel na cova dos leões, um animal terrível e espantoso, um chifre pequeno que falava insolências, um tempo de an- gústia qual nunca houve, uma ressurreição especial - eram temas que iam tomando conta de minha mente juvenil e me fazendo crer ainda mais na inspiração da Bíblia e em sua relevância para nossos dias. Uma coisa sempre me chamava a atenção nesses estudos: "Jesus vol- tará em breve para estabelecer Seu reino". Essa era a nota tónica de cada estudo. Eles ensinavam que a "pedra arrancada sem auxílio de mãos" que destrói a estátua (Daniel 2:45) seria o estabelecimento final do eterno reino de Cristo que jamais teria fim. Com essas belas imagens, minha mente juvenil foi se apaixonando pelo estudo das profecias. E comecei, assim como aqueles irmãos, a ansiar pela volta de Jesus. Tornei-me de fato um adventista, alguém que não apenas amava a
  • 8. 8 DANIEL Segredos da Profecia volta do Senhor, mas buscava, por meio da própria vida e trabalhos, apressar esse extraordinário dia (2 Pedro 3:12). Muitos daqueles queridos irmãos já não vivem mais. Agostinho Machado, António Afonso, Emanuel Ruela - todos já descansam no pó, assim como Daniel (Daniel 12:13). Felizmente, segundo o próprio Cristo, eles apenas dormem (João 11:11), e está chegando o dia de "acordarem" para receber a recompensa: "uma coroa imarcescível de glória" (Daniel 12:2; 2 Timóteo 4:8). É isso que acontece quando estudamos Daniel: Nós nos apaixonamos por Cristo e Suavinda e nem mesmo a morte pode arrancar esta esperança de nosso coração. Como foi dito a Moisés, junto à sarça ardente, devemos tirar "nos- sas sandálias" pois estudar o livro de Daniel é pisar em solo sagrado (Êxodo 3:5). Oremos para que o mesmo Espírito Santo que auxiliou o profeta no registro dessas histórias e profecias nos auxilie no estudo e compreensão das mesmas. Que, ao longo de cada capítulo, percebamos que o reino de Cristo se aproxima ebusquemos ser cidadãos dele. Esse é o sincero desejo de seu irmão de jornada. O autor
  • 9. INTRODUÇÃO A profecia é uma visão antecipada da história; já a história é um repasse retrospectivo da profecia, e em nenhum outro livro da Bíblia esses aspectos estão mais interligados do que nos livros de Daniel e Apocalipse. Há profecias que foram proferidas e que se relacionam com o período da escrita dos livros e outras que foram dadas para o chama- do "tempo do fim" ou "últimos dias". Segundo a revelação profética, já estamos vivendo no assim chamado "tempo do fim".Isso quer dizer que as mensagens de Daniel e Apocalipse são dirigidas especialmente para nós. Esta é uma das razões pelas quais devemos estudar atentamente o livro de Daniel.Mas existem outrasrazões: a) Porque é inspirado por Deus. Nenhum mortal pode conhe- cer o futuro, a não ser que Deus o revele. Foi isso que Ele fez a Daniel. Revelou-lhe, pelo menos, 2.500 anos de história. Estudar o livro de Daniel é desvendar os eventos que ainda nos aguardam. Não como os "videntes" da modernidade que, por meio de "chutes" e predições descabidas tentam adivinhar o que vai acontecer, mas saber o futuro revelado pelo Senhor da história, que conhece o fim desde o princípio (Isaías 46:10). b) Porque é dirigido especialmente às pessoas que vivem nos derradeiros dias da história. O livro trata de história e profecia. A parte profética, segundo o anjo Gabriel, foi velada a Daniel e o conhecimento das mesmas só viria no tempo do fim, ou seja, em nossos dias, como ainda veremos com mais detalhes. c) Porque proporciona esperança e otimismo num tempo de cri- ses sucessivas, violência, econfusão de valores e crenças. Nunca na história da humanidade vimos tantas pessoas vagarem sem rumo. Vidas vazias, solitárias, sem sentido. Estudar o livro de Daniel é receber uma overdose de esperança e fé.É encontrar sen- tido não apenas na história secular, mas em nossa própria histó- ria, É descobrir que existe um Deus que, apesar das fornalhas e dos leões, ama e cuida de forma paternal de Seus filhos.
  • 10. 10 DANIEL Segredos da Profecia d) E, além de tudo o que foi mencionado, porque ele foi indi- cado pelo próprio Deus. No antigo Testamento, falando da justiça de Seus castigos contra os pecadores, Deus declarou: "Ainda que estivessem no meio dela (da terra em pecado) estes três homens, Noé, Daniel e Jó, eles, pela sua justiça, salvariam apenas a sua própria vida, diz o Senhor Deus" (Ezequiel 14:14). Jesus, em Seu discurso profético acerca do fim do mundo, dá destaque especial ao livro do profeta. Mateus 24 é um capítulo de pura profecia e, ao mesmo tempo, parece ser uma crónica atualizada dos dias atuais. Então Jesus chama a atenção para o livro de Daniel e para os eventos ali preditos (Mateus 24:15). Aqueles que consideram Daniel e Apocalipse como autênticos e verdadeiros defendem a literatura apocalíptica da Bíblia como uma for- ma de profecia preditiva. Esta se distingue principalmente por alguns motivos: a) Narrativa das visões conforme foram vistas; b) Uso de símbolos de maneira predominante como veículos da re- velação interpretados (como no caso do carneiro e do bode de Daniel 8), ou sem interpretação (como a mulher vestida de sol em Apocalipse 12). c) Predição do futuro do povo de Deus (Israel no Antigo Testamento e a igreja no Novo Testamento) em relação às nações da Terra na vinda do Messias; d) Estilo de prosa e não poético, que caracterizaas outras porções proféticas do Antigo Testamento. Por excelência, o livro de Daniel é um livro profético, assim como o Apocalipse. Mas quais são os propósitos da profecia? Podemos desta- car dois: (a) Habilitar o povo de Deus a se preparar para o futuro e (b) ao vermos o cumprimento das profecias na história secular, aumentar nossa confiança na Bíblia como inspirada Palavra de Deus. A importância do estudo da Bíblia não pode ser exagerada. Como em nenhum outro período da história,vivemos num mundo com muita
  • 11. Introdução 11 confusão religiosa e inúmeras vozes propondo apresentar uma direção segura para a vida espiritual. Entretanto, só a confiável Palavra de Deus, a Bíblia, pode ser um guia seguro para nossa vida. Mais que isso, precisamos de um manual ético para uma sociedade tão desti- tuída de valores morais e justiça. Precisamos de um guia para as cri- ses existenciais, para os problemas insolúveis da vida moderna, para as dificuldades e conflitos jamais imaginados. É isso que nos éoferecido no precioso livro de Daniel. Logo no primeiro capítulo veremos a importância do cultivo de bons princípios de saúde e da estreita relação que existe entre aquilo que come- mos eaquiloque somos. Aprenderemos com Daniel como um estilo devida segundo a orientação bíblicapode ser uma poderosa ferramentade sucesso em todos os aspectos da vida - física, mental e espiritual. No segundo capítulo veremos Deus descortinar perante um rei ím- pio, de uma nação pagã, o futuro da humanidade. Essa primeira visão do livro, das quatro que serão estudadas, nos mostrará Jesus como o Senhor da história, como Aquele que coloca e tira os reis, como aquele que dá sabedoria e força a Seus filhos. No terceiro capítulo veremos um rei orgulhoso que, a despeito de todas as revelações que recebeu, desejou assumir o lugar de Deus e re- ger a própria história. Veremos claramente o conflito entre o bem e o mal e como as forças satânicas agem para perseguir e destruir os "san- tos de Deus". Mas no final da história descobrimos um Deus que não apenas ama, mas entra no fogo para proteger Seus filhos queridos. No quarto capítulo veremos como Deus trabalha - até onde vai Sua misericórdia para salvar. E descobriremos que, muitas vezes, o mal que nos alcança são permissões divinas para nos ensinar lições espirituais e nos preparar para a vida eterna. No quinto capítuloveremos o cumprimento histórico das profeciasde Jeremias (capítulo 25) e de Isaías (capítulos 44 e45) sobre a queda da gran- de Babilónia. Entenderemos que Deus não tolera para sempre as afron- tas que Lhe são feitas e, nos surpreenderemos ao descobrir que a queda do maior império de todos os tempos, Babilónia, é um tipo da vitória de Cristo sobre as forçasdo mal (Apocalipse 14:8; 18:2)e da libertação de Seu povo nos dias que antecederão Sua vinda (Apocalipse16:12 e 18:4).
  • 12. 12 DANIEL Segredos da Profecia No capítulo seis entraremos na cova dos leões acompanhados de um gigante na fé, Daniel. Este, diante do risco da própria vida, preferiu manter comunhão com o Céu a obedecer decreto de homens. A oração foi sua fonte de poder e segredo da vitória. Já a partir dos capítulos 7a 12 veremos várias profeciasque mostram a ação de Deus na história para cumprir Seus propósitos e libertar Seu povo. Quatro animais que sobem do mar; um tribunal que se assenta para julgar; uma visão de um carneiro e um bode que se digladiam; um chifre pequeno que profere insolências eblasfémias; setenta semanas de oportunidades para o povo de Daniel (judeus); reis do Norte e do Sul que batalham por supremacia; um tempo de angústia qual nunca houve na história; os 1335 e 1260 dias, etc. São cenas proféticas que abarcam um largo período da história, desde os dias de Daniel até os nossos. Daniel - segredos da profecia é um livro para ser estudado com muita oração. Esse é o desafio para você, querido leitor. Então, se não o fez ainda, ore agora e suplique a luz do Céu para que, o mesmo Espírito que auxiliou Daníe^há mais de 2.500 anosjpossa estar ao seu lado e lhe dar a conhecer todas as verdades que o grande Deus tem para sua vida. A escritora Ellen G. White fezvárias declarações sobre a importân- cia do estudo do livro de Daniel. Destacamos aqui algumas: "A luz que Daniel recebeu de Deus foi dada especialmente para es- tes últimos dias. As visões que ele viu [...] estão agora em processo de cumprimento, e logo ocorrerão todos os acontecimentos preditos".1 "Quando os livros de Daniel e Apocalipse forem bem compreendi- dos, terão os crentes uma experiência religiosa inteiramente diferente. Ser-lhes-ão dados tais vislumbres das portas abertas do Céu que o cora- ção e a mente se impressionarão com o carater que todos devem desen- volver a fim de alcançar a bem-aventurança que deve ser a recompensa dos puros de coração"2 "Grandes verdades que não foram ouvidas e contempladas desde o dia de Pentecostes resplandecerão da Palavra de Deus em sua pureza original. Aos que realmente amam a Deus, o Espírito Santo revelará l WHITÍ:, Ellen G.Testemunhos para ministros e obreiros evangélicos, Tatuí, SP: Casa Publícadora Brasileira, 1979, p. 112,113. 7. Ibicíem. p. 114.
  • 13. Introdução 13 verdades que desapareceram da mente, e também lhes revelará verda- des inteiramente novas. Os que comem a carne e bebem o sangue do Filho de Deus extrairão dos livros de Daniel e do Apocalipse verdades inspiradas pelo Espírito Santo".3 "Deixemos que Daniel fale [...] Mas seja qual for o aspecto do as- sunto apresentado, ele vai a Jesus como o centro de toda a esperança".4 3 WHITE, Ellen G. Fundamentos da educação cristã.Tatuí,SP: Casa Publicadora Brasileira, 1996, p. 473. 4 WHITE, Ellen G. 1979, p. 118.
  • 14. O profeta Daniel é um exemplo de verdadeira santificação. Seus longos anosforam cheiosde nobre serviço a seu Mestre. Foi um homem "muito amado pelo Céu", e foram-lhe concedidas tais honras que raramente têm sido conferidas a sereshumanos. No entanto, sua pureza de caráter e inabalável fidelidade só eram igualadas por sua humildade e contrição (E Recebereis Poder, 97).
  • 15. DANIEL, UM HOMEM AMADO PELO CÉU Dois homens foram honrados de forma especial na Bíblia: João, o discípulo amado, que foi o escolhido para receber a revelação do Apocalipse, e Daniel. Homens a quem Deus escolheu revelar Seus pro- pósitos com relação aos dias finais da história humana. Daniel é um nome comum na Bíblia. Significa "Deus é meu juiz". Davi tinha um filho chamado Daniel (l Crónicas 3:1). Havia outro Daniel, filho de Itamar (Esdras 8:2), e ainda outro em Neemias 10:6. Mas de todos estes, Daniel, o príncipe de Judá, sem dúvida foi o perso- nagem mais importante na história bíblica. Daniel nasceu em uma família judia de alto nível que vivia na Palestina,._por_yQlta de 622 a.C. Viveu sua infância na Judeia, ou reino de Judá, e passou toda a sua vida adulta na Babilónia, para onde foi levado cativo com apenas 18 anos.1 A historicidade do homem Daniel e do livro que leva seu nome são confirmados pela própria Bíblia. No Antigo Testamento, o profeta Ezequiel referiu-se a ele (Ezequiel 14:14, 20), e 110 Novo Testamento, nada menos que o próprio Cristo, em seu discurso profético, cita o livro do profeta (Mateus 24:15). WHITE, Ellen G.Testemunhos para a igreja, v. 4.Tafui, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2003, p.570.
  • 16. 16 DANIEL Segredos da Profecia Mas quem era Daniel? Que informações a Bíblia apresenta sobre ele? Em seu livro, vários detalhes nos são oferecidos: a) Da linhagem real (Daniel 1:3, 4) b) Teve seu nome mudado para Beltessazar (Daniel 1:7) c) Era determinado (Daniel 1:8) d) Era entendido em todas as visões e sonhos (Daniel 1:17) e) Era um jovem prudente (Daniel 2:14) f) Confiava em Deus (Daniel 2:16; 6:23) g) Era um jovem de oração (Daniel 2:18, 9:3) h) Era grato a Deus (Daniel 2:19, 20) i) Tornou-se governador e chefe principal de todos os sábios de Babilónia (Daniel 2:48) j) Não se esquecia de seus amigos (Daniel 2:49) k) Possuía um espírito excelente (Daniel 5:12; 6:3) 1) Não era amante dos bens terrestres (Daniel 5:17) m) Era um jovem fiel (Daniel 6:4) n) Era um jovem de oração (Daniel 6:10) o) Era um servo do Deus vivo (Daniel6:20) p) Era próspero (Daniel 6:28) q) Era um estudioso das Escrituras (Daniel 9:2) r) Era um homem muito amado pelo céu (Daniel 9:23; 10:11, 19). Umn das características que sobressaem ao personagem é, sem dú- vida, o fato de ser uma pessoa amada pelo Céu. Por três vezes o Céu fez essa declaração ÍDaniel 9:23: 10:11. 19). Mas alguém que conhece um pouquinho da história desse jovem dirá: amado? Como? * No auge da adolescência e da vitalidade, levado como escravo para uma terra distante; tentado a usar alimentos que não eram os costumei- ros e proibidos por sua religião; acusado e condenado simplesmente por ser uma pessoa de oração; vítima de invejas e falcatruas, lançado injustamente numa cova de leões; isto é ser amado pelo Céu? Pois bem, o fato de enfrentarmos adversidades em nossa vida não quer dizer que Deus não nos ama. Simplesmente enfrentamos problemas e conflitos porque estamos neste mundo de pecado. Quantas vezes você
  • 17. Daniel, um Homem Amado pelo Céu 17 já não se perguntou por que certas coisas aconteceram? Por que aquele namoro terminou? Por que perdi meu filho em um terrível acidente?Por que uma doença sem cura? Por que a falta de emprego? Por que não con- sigo fazer feliz a pessoa que amo? Afinal, por que não sou feliz? O que fazia de Daniel urna pessoa tão amada? Não eram as coiijas que fa/.ia nem_as circunstâjiçias que, o rodeavam. mas_siniplesmenje quem ele era: um_sgr humarjo. Um ser humano qyjgjjprendeu. em meio a provações e dificuldades da vida, a desenvolver traçosjje caráter e hábitos que o A grande verdade é que Deus ama a todos nós. Podemos não sentir esse amor, mas essa é a verdade. Você pode ignorar ou até se revoltar contra Ele, mas Ele o ama. Hvmcav^j deixar de amá-lo. nàQ imporja o que você faça^Isso mesmo! As pessoas podem nos magoar e ferir, podem nos abandonar e se_esquecer de ims^^odem^-Qgajiemjmssa face nossos erros e defeitos, mas Deus nunca fará isso, pois sempre nos amanL E Daniel sabia disso,jabia que era uma pessoa amada pelo Céu e foLisso que o ajudou a ficar firme najvhpias de provação__e perigo. DANIEL, O CATIVO O grande ancestral do povo de Deus no Antigo Testamento foi Abraão (Génesis 12:1-3). Este foi pai de Isaque, que foi pai de Jacó.Jacó, por sua vez, teve 12 filhos, que vieram a formar as 12 tribos de Jacó, ou Israel, pois o próprio Deus mudou seu nome (Génesis 32:28). Assim, o povo de Deus no período do Antigo Testamento foi a nação de Israel, as 12 tribos de Israel (Génesis 49:28). 'Por ódio e inveja, José, um dos 12 filhos de Jacó, foi vendido por seus irmãos aos ismaelitas e, pela providência divina, foi parar no Egito (Génesis 37:27, 28). Lá José tornou-se governador, e numa época de fome e miséria, Deus o usou para ajudar Seu povo, providenciando alimento. Tempos depois, o próprio faraó, monarca do Egito, convidou os irmãos de José para habitarem na terra de Gósen, terra próspera às margens do rio Nilo (Génesis 47:27). Enquanto viveu esse faraó, os Israelitas foram favorecidos. Mas, subindo ao trono um faraó que não conhecia José e, temendo a quantidade dos israelitas e uma possível rebelião, logo os es- cravizou (Êxodo 1:8-141. Esse foi o primeiro rntiveiro do povo de Deus.
  • 18. DANIEL 18 | Segredos da Profecia Passaram_-_se_ 43fl_anos até que Deus levantasse um libertador, Moisés, para tirar Seu povo do Egito e conduzi-lo à terra prometida a Abraão - Canaã (Génesis 13:14,15; Êxodo 12:40;). Com mão poderosa e dez pragas, Deus libertou Seu povo Israel do Egito.Este veio a se esta- belecer em Canaã, e a terra foi repartida entre as tribos (Josué 14 a 19). Q sistema de governo idealizado..._p_0'' DPns pnrn SPIi pnvn çpmpre fni uma teocracia, ou seja. Deus governa. Entretanto, no desejo He imitar as nações vizinh.as.iJsrael pediu.um rei (l Samuel 8)..Deiis pprmiHn e SauLfpi.-ujQgido o primeiro rei de Israel (1 Samuel 10:17), SPM reinado foi seguido por Davi e depois. Salomão. ''Apenas durante esses três reinados as 12 tribos de Tsrapl estiveram unidas como um rcjjiQ apenas. Entretanto, depois de 40 anos de reinado, Salomão morre e surgem dois sucessores ao trono: Roh0ãx>, sen fílhn, e Jeroboão. um de seus servos. Neste momento da história ocorre a sepa- ração das tribos. Onas tribos finda e Renjanjirn - l Reis 12:21) seguem a_ Rnhnnn e de? trihns a Jerohoão f1 Reis l l:31). A partir deste momento, temos n dinastia do reino do Norte, com capital em Samaria (l Reis 16:29) p :i dinastia do rpinn do Sul, mm rnpitní em ternsalém (l Reis 14:21). "•*• Por causa dos ppr.adns cometidosrnnl rn Deus e de .suas rphplines. n reino do norte ide?, trihns) seria dÍ7,imado p levado rativn Váriasprofe- cias advertiram o povo desse perigo. O profeta Oseias havia profetiza- do: "Samaria levará sobre si a sua culpa, porque se rebelou contra o seu Deus; cairá à espada, seus filhos serão despedaçados, e as suas mulheres grávidas serão abertas pelo meio" (Oseias 13:16). Também Isaías o havia predito: "Pois antes que o menino saiba di- zer meu pai ou minha mãe, serão levadas as riquezas de Damasco, e os despojos de Samaria, diantedo rei da Assíria" (Isaías8:4). Mas as advertências do Céu não f'nr?im ouvidas. Finalmente veio o Cumprimento da profecia. O reino do Norte,_com sua capitalSamaria. foi escravizado e destruído pelos assírios no ano 722 a.C. (2 Reis 23-7). Esse foi o segundo cativeiro do povo de Deus. Mas a profecia não se limitava an reino do Norte. O profeta Isaías também havia predito a respeito do reino do Sul: "Porventura, como fiz a Samaria e aos seus ídolos, não o faria igualmente a Jerusalém e aos seus ídolos?" Çknms .l.nil.1). O cativeiro também chegaria para
  • 19. Daniel, um HomemAmado pelo Céu 19 Jerusalém, o reino de Tudá. se este não abandonasse os pprados que ns separavam de Deus (Jsaías 59:2) *As várias advertências não foram ou- vidas e o povo se afastou mais e mais de Deus. Quando aJMblia,declara gne "O Spnhnr entregou" Tudá nas mãos de Rabilónia fpaniel 1:1. 2) era uma questão de juízo de Deus, e nãoforca.-Ou.estratégiade Babilónia. •-*. Quando analisamos a história bíblica, descobrimos o "pano de fun- do" para os acontecimentos do primeiro capítulo de Daniel. A história remonta a Ezequias, rei de Judá. Ele estava doente e o profeta Isaías re- comendou que pusesse sua casa em ordem, pois a morte era iminente. Diante dessa dramática notícia, o rei orou fervorosamente, pedindo que sua vida fosse poupada e sua oração foi atendida (2 Reis 20:1-6). Deus lhe restauraria a saúde e lhe acrescentaria ainda mais 15 anos de vida; Também o livraria das mãos do rei da Assíria. Ezequiaspediu então um sinal a Deus de que aquilo de fato aconteceria. Deus, que criou o Sol e o comanda (Jó 9:7), disse que este retrocederia 10graus (2 Reis 20:11). Não é maravilhoso descobrir um Deus que move os astros do Universo por__amor a Seus filhos, mesmo guando rehekies-e_desobe- dientes? Deus interferiu na lei de rotação da Terra, lei que Ele mesmo havia criado, para mostrar ao rei Ezequias o quanto o amava. Essa alte- ração no movimento da Terra não passou despercebida aosobservado- res babilónicos, que ficaram sabendo que aquilo que haviam observado tinha a ver com a cura do rei de Judá. Logo, uma delegação foi enviada para fazer averiguações. --*• Quando a embaixada babilónica chegou a Jerusalém, Ezequias "lhes mostrou toda a casa do seu tesouro, a prata, o ouro, as especia- rias, os óleos finos, o seu arsenal e tudo quanto se achava nos tesouros" (2 Reis 20:13), mas nada disse snhre n OPUS qiif mnve os astros; em favor de Seus filhos. Uma tremenda oportunidade para testemunhar sobre o Deus verdadeiro, mas ela foi desperdiçada. Deus então lança uma severa repreensão sobre Exéquias: "Eis que virão dias em que tudo quanto houver em tua casa [...]será levado para Babilónia,.[...] dos teus próprios jjjhos. quejty gerares^tQmarão. para que spjam.-ennnrns no palárin dn rei ria Ra.hllQ.nJa" (2 Reis 20:17, 18). Aqui vemos uma profecia relativa.aos., príncipes jiidens,_e_pntm pies Hananias. Misael e Azarias (Daniel 1:3).
  • 20. 20 DANIEL Segredos da Profecia Q filho de Ezequias, Manassés. quando completou 12anos de idade começou a reinar ao lado de sen pai. Nos 15 anos de vida que foram prometidos a Ezequias, em 10 deles Manassés foi co-regente. Isso acon- teceu para dar ao novo rei experiência para o cargo. Nãn sabemos se Exéquias procurnn influenciar sen filhn, mas este spgnin uma rnnHii- tji religiosa totalmente diferente dn páHrão estah^lficMo _pQr_S.e" pai. A Bíblia apresenta seu currículo real an Inngo dos 55 anns He reinado: (a) Edificou os altos que seu pai havia destruído, (b) levantou altares a Baal, (c) fez um poste-ídolo e o serviu, (d) edificou altares na pró- pria casa de Deus (o templo construído por Salomão), (e) queimou seu filho como sacrifício, (f) adivinhava pelas nuvens, (g) era agoureiro, tratava com médiuns e feiticeiros, (h) fazia o que era mau perante o Senhor para O provocar à ira, etc. f? Reis_21:2-Z). Por certo nos faltarão palavras para listar tudo que Manassés fez de abominável. Além de tudo isso, derramou sangue_inQggnte. de um lado ao outro de Jerusalém, daqueles que resistiam à sua apostasia. (2 Reis 21:16). Mas a história não acaba aí e, às vezes, nos causa estra- nheza e admiração. Este rei ímpio se arrependeu e mudou sen cora- ção e Deus lhe perdoou tudo que havia feito (2 Cróniras 3.3:12. 13). Assim é a Bíblia, cheia de histórias que nos fascinam e nos fazerarefle- tir sobre um Deus que ama, compreende e perdoa (Salmo 130:4). Mas o mal que Manassés havia causado não pôde ficar sem consequências. Por intermédio dos profetas, Deus repetiu a predição de que o juízo se abateria sobre Jerusalém: "Estenderei sobre Jerusalém o cordel de Samaria e o prumo da casa de Acabe;eliminarei Jerusalém,como quem elimina a sujeira de um prato" f2 Reis 21:131. Deus estava simplesmente deixando que o povo sofresse as consequências de sua rebelião. -* Agora entra em cena outro personagem: Amom. filho de Manassés. F^te se demonstrou pior qug seiupai. Nunca deu provas de arrepen- dimento e foi assassinado depois de um breve reinado de dois anos (2 Crónicas 33:21-24). « Quando morre Amom, Josias seu filho, começa a reinar em seu lugar. Uma dasprimeirastarefas de Josias foireparar o Templo. Enquanto empre- endia essaobra,encontrou o"livro da lei", dado por Moisés (Deuteronômio 31:24 a 26;2 Crónicas 34:14),que havia muito tempo estava desaparecido.
  • 21. Daniel, um HomemAmado pelo Céu 21 Nào-nos espanta tamanha rebelião e miséria dos reis anteriores a Tosias, quando descobrimos que olivro da lei de Deus estava esquecido. Esse.é.Q T. ' " " " T- ~ i resultado naturalde deixar de ouvir as orientações divinas. "Achado o livro, Josias promoveu uma reforma espiritual entre o povo de Deus. No entanto, seu sucessor, Jeoacaz,não deu continuidade a obra. Jeoacazé descrito como alguém que "fez o que era mau perante o Senhor" (2 Reis 23:32). Ele foi levado como refém para o Egito e lá morreu (2 Crónicas 36:4). O rei seguinte, Teoaquim, foi igualmentemau e foi em seus diasque o cativeirobabilónico começou (2 Crónicas 36:6). A^.Ao delinearmos a história do povo de Deus antes do cativeiro, chegamos à conclusão de que Deus não é arbitrário no trato com Seus filhos, mas sim, paciente, compassivo e disposto a aceitar o arrependi- mento. Mas quando o povo não se arrepende. Ele permite que colha os frutos de sua desobediência . F, isso que veremos na história do cativeiro cativeiro do povo de Deus. PROMESSA DE LIBERTAÇÃO No entanto, Deus nunca abandona Seu povo. Várias profecias fo- ram dadas falando sobre o retorno do cativeiro babilónico, com o obje- tivo de animar e lhes dar esperança. Deus não deixou Seu povo em tre- vas quanto aos eventos que sucederiam. Todos os detalhes foram postos diante de seus olhos por meio dos profetas Jeremias e Isaías: a) O reino de Judá seria escravizado por Babilónia (Jeremias 25:11). Setenta anos seria o tempo de escravidão (Jeremias25:12). b) Ciro seria o libertador do cativeiro da Babilónia (Isaías 45:1). c) Secar os rios seria a estratégia militar que Ciro usaria para li- bertar os Judeus (Isaías 44:27). d) A cidade de Jerusaléme o templo seriam novamente restaura- dos (Isaías44:28). e) Neste templo restaurado, o Messiaspisaria para salvar Seupovo (Isaías 9:6; Ageu 2:9). '-fc.Os cristãos do século 21 correm o mesmo risco do povo de Judá dos dias de Daniel. Temos nestes dois livros (Daniel e Apocalipse) todos
  • 22. 22 DANIEL Segredos da Profecia os detalhes proféticos de tudo que irá acontecer nos próximos anos, e corremos o risco de sermos pegos de surpresa (Lucas 12:40). Por isso, a urgente necessidade do estudo das profecias dos livros de Daniel e Apocalipse pelas lentes da história. DANIEL, O PROFETA Não há profecia sem um profeta. Mas o ofício proféticonão ocorre porque alguém o deseja. Ninguém pode fazer de si mesmo um pro- feta. O profeta é um indivíHnn a qnpm Deus rhama p raparita para o exgmciQ do ofício. Para ser um profeta, a pessoa, devç ser distinta ç possuir qualidades qne a habilitem a este tão .sagrado ministério. Deve ser um servo leal de Dqus. fiel a todos os reclamosde Sua lei, humilde, despretensioso, zeloso pela honra de Deus, de Sua causa, de Seu povo, um Fervoroso porta-voz de Deus. Assim era Daniel, o amado de Deus. Deus usaria esse jovem para escrever um dos mais extraordinários livros da Bíblia. Vilmar Gonzáles apresenta, em cada capítulo de seu livro sobre Daniel,uma manifestação de Jesus em Seu aspecto redentor, protegendo e zelando por Seus filhos: Capítulo 1: Os nomes de Daniel, Hananias, Misael e Azariassigni- ficam atributos inerentes a Cristo. Capítulo 2: Jesus Se revela índiretamente por meio do sonho dado a Nabucodonosor. Capítulo 3: Jesus Se revela diretamente a Nabucodonosor, que O viu na fornalha ardente. Capítulo 4: Nabucodonosor reconhece o poder de Cristo, que o humilhou, e reconhece Sua misericórdia ao ser ele restituído ao trono. Capítulo 5: O nome de Jesus é vindicado após ser profanado. A destruição de Babilónia foi necessária para que Israel fosse liberto do cativeiro. Capítulo 6: O poder de Jesuspara libertar Daniel da cova dos leões. Capítulo 7: O tribunal divino se assenta para intervir nos negócios da humanidade e salvar os "santos do altíssimo". Capítulo 8: A purificação do santuário e a intercessão de Cristo para perdoar os pecados de Seu povo e trazer juízo ao impenitente.
  • 23. Daniel, um Homem Amado pelo Céu j 23 Capítulo 9: Clímax do amor de Deus ao enviar Seu filho na metade da septuagésima semana e salvar pecadores. Capítulo 10: Cristo (Miguel) intervém aã política do mundo para favorecer e salvar Seu povo. Capítulo 11: Vitória de Cristo a favor de Seu povo nas guerras dos reis do Norte e do Sul. Capítulo 12: Vitória esmagadora e final de Cristo, que conduz Seu povo através do tempo final de angústia ao descanso e recompensa eternas.2 Percebemos um Deus que dirige a história, exaltaSuas leis cconduz os interesses de Seu povo. Também pode ser notado o amoroso trato de Deus para com o exilado Daniel. Suas experiências na cortebabilónica, recebendo a interpretação de sonhos, livrando seus companheiros da fornalha de fogo ardente, mantido no poder na transição de impérios, são cenas de uma história do amor c cuidado paternal de Deus. ^Durante os 70 anos em que esteve cativo em Babilónia, Daniel foi unia testemunha ocular das ações divinas e alvo do amor e cuidado de Deus. E maravilhoso é pensar que o lratamentg_dispensadoia_D_aniel (homem muito amado pelo Cculé o mesmo que Deus deseja conceder s a todos nós. Assim como Daniel, estamos vivendo agora um cativeiro espiritual. A grande "Babilónia" {Apocalipse 17 e 18) está ao redor, com suas sedutoras tentações e armadilhas. Os dias atuais também exigirão de nós uma fé firme e caráter nobre assim como exigiu de Daniel nos dias da Babilónialiteral. Estamos nós prontos para essa grande batalha moral c espiritual? Permitamos que a história de Daniel, um homem amado pelo Céu, nos encha de esperança e fé!
  • 24. No Apocalipse todos os livros da Bíblia se encontram e se cumprem. Ali está o complemento do livro de Daniel. Um é uma profecia; o outro uma revelação. O livro quefoi selado não é o Apocalipse, mas a porção da profecia de Daniel relativa aos últimos dias. O anjo ordenou: "E tu, Daniel, fecha estas palavras e sela este livro, até ao fim do tempo" (Daniel 12:4) (Atos dos Apóstolos, 585).
  • 25. DANIEL, UM LIVRO SELADO O LIVRO DE DANIEL O costume de dar ao livro o nome de seu principal herói pode ser visto em vários exemplos: Josué, Samuel, Ester, Jó, etc. O mesmo acon- tece com Daniel, pois o príncipe de Judá é seu principal protagonista. A autoria do livro tem sido muito questionada nos últimos anos. Entretanto, a opinião tradicional, tanto de judeus como de cristãos, é que o livro foi escritojo 6° século a.C., e que Daniel foi seu autor. As evidências em favor dessa opinião são as seguintes: a) Expressões no próprio livro. O profeta usa o tempo verbal na primeira pessoa várias vezes (8:1-7, 13-19, 27; 9:2-22; 10:2-5 etc.); também afirma ter recebido pessoalmente a ordem de preservar o livro (12:4). b) O autor conhece bem a história. Somente um homem que vi- veu no 6° século a.C., conhecedor dos assuntos babilónicos, poderia ter descrito os eventos históricos registrados no livro. c) O testemunho do próprio Cristo. Jesus mencionou Daniel como sendo o autor do livro que leva seu nome (Mateus24:15). Quanta a data da composição do livro, certamente foi escrito em Babilónia, no período em que lá Daniel esteve cativo. Com exceção
  • 26. 26 DANIEL Segredos da Profecia do rapííiiln áí rprtampnte escrito pfln próprio NnVnirorlnnnsQr, rei da Babilónia, todos os outros capítulos foram escritos por Daniel. DIVISÕES DO LIVRO O livro de Daniel é dividido em dois segmentos fáceis de distin- guir: história e proteçja. As profecias tratam dos grandes eventos no decorrer da história humana e apontam para um período chamado "tempo do fim" (capítulos 7-12). A pnrte histórica (capítulos 1-6) ensi- na como_podemos nos preparar_para o "tempo do Fim". Essas histórias falam de fé, coragem e esperança. Apesar disso, o livro constitui uma unidade literária. Um dos argumentos é o fato de que diferentes partes do livro estão relacionadas entre si. Como, por exemplo: a) Só se pode compreender o uso dos utensílios do templo na festa promovida por Belsazar (Daniel 5:3), quando se tem em conta como esses utensílios chegaram a Babilónia (Daniel 1:1-2). b) No verso 12do capítulo 3 se faz referência a uma medida admi- nistrativa de Nabucodonosor que é descrita primeiro no verso 49 do capítulo 2. c) No verso 21 do capítulo 9 se faz referência a uma visão prévia (8:15-16). d) A parte histórica do livro contém uma profecia (capítulo2) di- retamente relacionada com o tema da profecia do capítulo 7. E na parte profética temos uma história, onde está registrada a oração de Danieldentro do contexto de uma profecia: "setenta semanas" dadas aos judeus (Daniel9:24). CONTEXTO HISTÓRICO O livro de Daniel contém o registro de alguns incidentes históri- cos da vida do profeta e de seus amigos, Hananias, Misael eAzarias, judeus deportados e que estavam a serviço do rei de Babilónia. Também registra quatro visões recebidas por Daniel alusivasaos seus dias (capítulo 2) e ao tempo do fim (capítulos 7-12). Embora o livro fosse escrito em Babilónia durante o cativeiro, não tinha o propósito de proporcionar uma história do exílio dos judeus, e muito menos
  • 27. Daniel, um Livro Selado 27 uma biografia de Daniel. O livro relata as experiências da vida do estadista-profeta e sua parte profética foi registradacom fins específi- cos de orienrnção ao povo de Deus no tempo do fim, motivo pelo qual o livrojfoi selado até essa data (Daniel 12:4). TEMA DO LIVRO O tema rentral HP Daniel trata do grande conflito entre n hem e n mal, entre a vontade de Deus e a vontade humana, entre as verdades do Céu e as crendices pagãs, entre-<>-€tCEno-gfiveiTMnre do Universo p os transitórios governantgs da Terra. O povo de Deus está envolvido no , conflito, alvo dos ataques das forças do mal. Por isso, dlema do livro v nicudsa^p_ejias...a_indkar-0_surgiinento e.queda .d.osimp£rios.jnundiais, rnas a demorislrar como Deus lançado pó n orgulho dos reis e estabelece outros em seu lugar:como tem em Suas mãos a história humana e como gula Seu povo na marcha ascendente e vitoriosajiiiniLàlerra^Qmetida. Logo em Daniel 1:2 é dito que Deus "entregou" Jeoaquim, rei de Judá, a Nabucodonosor, rei de Babilónia. QLcativeiro_.do povo de Deus não tKQire-pox vontade, de Nabucodonosor. mas por direção divina (Jeremias 25:11L12; 2 Reis 20:17, 18), e Nabucodonosor seria apenas uiTijn5trAiment_o_u_s_a_do__por Deus para ensinar uma preciosa lição a Seu povo (Esdras 5:12; Jeremias_25:9). Da mesma forma, a libertaçãoe o re- gresso do povo de Deus a Jerusalém não seria obra humana, mas Deus usaria Ciro, assim como usou Nabucodonosor, para trazer de volta os filhos cativos (Isaías 44:27, 28; 45:1). Ao dar um relato detalhado do trato de Deus com Babilónia, o livro nos capacita a compreender o significado do surgimento e da queda de outras nações, cujas histórias estão esboçadas na porção profética do livro. Deus é apresentado como alguém controlando os negócios na Terra. Nada foge a Seu controle. Assim descobrimos a verdadeira filosofia da hislójãaLrjegis^giiidajiQ^^ eíerno propósito de salvar n homem, restaurando nele a Sua imagem. ^ A missão de Daniel, nesse contexto, foi conseguir a submissão da vontade do rei à vontade de Deus para que se realizassem os propósi- tos divinos. Numa hora crucial da história, Deus fez com que Daniel e Nabucodonosor estivessem juntos.
  • 28. 28 DANIEL Segredos da Profecia VISÕES PROFÉTICAS DO LIVRO O livro de Daniel registra quatro visões_proféticas. Cada u.EPJLd_e- Ins alcança sen/rlímavlqnanHn "n DPUS Ho CPII" Ipvanta "nm rpinn qnp não será destruído". (Daniel 7.;44)r quando n "Filhn rio Hnmpm" rprehe "domínio eterno" (Daniel 7:13 a 14). quando .n oposirão ao "Príncipe dos príncipes" será quebrantada "não pnr rnão humana" fDaniel 8:25). e quando o povo de Deus será liberado para s.emprejJC seus opressores (Daniel 12:11. Kmtodos esses momentos vemos a ação de Deus na con- dução da historia. Essas visões tratam da luta entre as forças do bem e do mal, desde os dias de Daniel até o estabelecimento final do reino de Cristo. Nelas vemos a ação qV -Satanás usando poderes terrestres paralentar frustrar os planos de Deus e destruir Seu povo. A primeira visão (capítulo 2) trata principalmente de mudanças políticas, Seu objetivo era fazer saber a Nabucodonosor, líder da grande Babilónia, o que haveria de acontecer no futuro (Daniel 2:29). Tá a segunda visão (capítulo 7) complementa a primeira e prediz n vitória final Hns "santos dn Altíssimo" nn julgamento He Deus sobre seus inimigos (Daniel 7:14, 18, 26 a 27). A terceira visão (Daniel 8 e 9) complementa a segunda e ressalta os esforços de Satanás para destruir a religião e n povo de Cristo, tentandç) impedir sen regresso a Jerusalém, a reconstrução do santuário e n re- torno dos sacrifícios, expiatórios. A quarta e última visão (capítulos 10 a 12) apresenta um resumo das visões anteriores, e oferece uma gama muito maior^de detalhes do grande conflito envolvendoAS forças do bem e Hn mal No entanto, um novo elemento surge. Essa visão põe especial ênfase no tempo em que a parte profética de nanie])£sppria1ment.e..relar.innaHa an "tpmpn dn fim" (Daniel 12:4 9), seria compreendida. Ou seja, o livro de Daniel teria uma parte selada p qnp nãn pnHpria spr rnmprppndiHn nagiiplps dias (Daniel 8:27). mas somente no "tempo do fim" (Daniel 12:21. SELADO ATÉO "TEMPO DOFIM" Na quarta e última visão do profeta Daniel foi-lhe dito que ela era "para os últimos dias [...] dias ainda mui distantes" (Daniel 10:14).
  • 29. Daniel, um Livro Selado ; 29 Qaniel recebeu instruçoes-de fprJinr c selar aquela p_gr_[£..da proferi nrp- ferpntpnos tílrirnos dias até que. mpHiiinre um. estmio H i Ijgente dojivro, „ aumentasse o conhecimentode seu conteúdo (Daniel 12:4). Essas pro- fecias requerem especial atenção, pois se destinam especificamente ao tempo em que vivemos. A escritora Ellen G. White nos ajuda na compreensão desse tema. Falando sobre o selamento do livro de Daniel, ela escreveu: "No Apocalipse todos os livros da Bíblia se encontram e se cumprem. Ali está o complemento do livro de Daniel. Um é uma profecia, o outro, uma revelação. O livro que foi selado não é o Apocalipse, mas a parte da profecia de Daniel relativa aos últimos dias (Daniel 12:4).' Assim, entendemos que uma parte das profecias feitas a Daniel não era para seus dias, pois ele recebeu ordem de "encerrar as palavras" e "selar o livro" (Daniel 12:4). O estudo do livro de Apocalipse trara hr/. espcrinl sobre os mistérios .r_gvelado_s_a_D_aniel. Embora a parte da profecia de Danielrelacionada aos últimos dias tivesse sido selada (Daniel 12:4, 9), João recebeu ins- truções específicas de não selar "as palavras da profecia" de seu livro, o Apocalipse, "porque o tempo está próximo" (Apocalipse 22:10)v/Assim. para obter uma compreensão mais clara ciequalquer porção do livro do Daniel que seja difícil de entender, devemos estudar cuidadosamente o livro do Apocalipse em busca de mais luz sobre os temas. A ABERTURADO LIVRO DE DANIEL Quando então se daria a abertura cio livro de Daniel? Quando sua parte profética relativa aos eventos dos "últimos dias" poderia ser compreendida? O Apocalipse pode ajudar? Olhemos com atenção o capítulo 10. João assim escreveu: "E vi outro anjo forte que descia do céu, vestido de uma nuvem; por cima da sua cabeça estava o arco-íris; o seu rosto era corno o sol, e os seus pés como colunas de fogo, e tinha na mão um livrinho aberto. Pôs o seu pé direito sobre o mar, e o esquerdo sobre a terra, e clamou com grande voz, assim como ruge o leão; e quando clamou, os sete trovões WHITE, Ellen G Atos dos apóstolos. T.iluí, SP: CãsJ Publicjdora Brasileira, 2006, p. 585
  • 30. DANIEL 30 Segredos da Profecia fizeram soar as suas vozes. Quando os sete trovões acabaram de soar eu já ia escrever, mas ouvi uma voz do céu, que dizia: Sela o que os sete trovões falaram, e não o escrevas. O anjo que vi em pé sobre o mar e sobre a terra levantou a mão direita ao céu, e jurou por aquele que vive pelos séculos dos séculos, o qual criou o céu e o que nele há, e a terra e o que nela há, e o mar e o que nele há, que não haveria mais demora" (Apocalipse 10:1-6). "Fazendo uma comparação da visão desse anjo forte que desce do Céu com a visão que João teve em Apnralipsp l - n a 16, podemos con- duir que esse anjo é o próprio Jesus Cristo (verimagens paralelas dessa visar1 mi Em]nirl l-?-6-2R e ll^niel 10:5, fij^ posição com um pé so- >re o mar e outro sobre a terra significa a ampla extensão da procla- mação da Sua mensagem 2, e o livrinho aberto na mão era o livro do profeta Daniel.> Uma coisa peculiar nessa visão de Apocalipse 10 é que o livrinho estava "aberto" na mão do anjo. Em Daniel 12:4 e 9, ordenou-se ao pro- feta selar o livro "até o tempo do fim". Teria então, nos dias de João, chegado o tempo de desselar o livro? Chegara o tempo do fim? Em Daniel 12:6, um dos seres celestiais questiona ao homem ves- tido de linho sobre "o tempo em que se cumprirão estas maravilhas". O hnmern vestido de linho revela que seria depois de "um tempo, dois tempos e metade de um tempo" (Daniel 12:7).Na profecia bíblica, "um tempo" equivale a um ano (ver Daniel 11:13). Logo, três tempos e meio é igual a três anos e meio, ou 42 meses (12 + 12+ 12+ 6-42 meses) ou 1.260 dias (42 meses x 30 dias - 1.260 dias).'1 Levando em conta outro princípio de interpretação profética chamado "princípio dia/ano", em que cada dia literal equivale a um ano em profecia (Números 14:34; Ezequiel 4:6 e 7), teríamos então 1.260 anos literais até a chegada do "tempo do fim". Daniel 7:25, falando sobre o "chifre pequeno", um poder antagónico a Deus, diz que os servos de Deus, chamados de "santos" em Daniel, 2 WHITE, Ellen G. Mensagens escolhidas, v. 7 Taluí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1998, p. 107. 3 NICHOL, Francis D. Seventh-Day Adventist Bible Commentary. Washington, DC; Review and Herrflci, 1976-1980, v. 7, p. 797. 4 0,1110judaico se compunha de 360 dias, o que é menos que 355 dias de um ano solar e mais de 356 dias de? um ano lunar. 350 dias consiituern.) média aproximada entre o ano solar e o ano lunar.
  • 31. Daniel, um Livro Selado 31 "lhe seriam entregues nas mãos por um tempo, dois tempos e metade de um tempo", a mesma expressão usada em Daniel 12:7. Esse mes- mo período de tempo pode ser encontrado no livro do Apocalipse, capítulo 12,envolvendo perseguição ao povo de Deus. João, falando da severa perseguição que a igreja de Cristo (simbolizada aqui por uma mulher vestida de sol), sofreria de Satanás (simbolizado aqui por um dragão), diz que Deus prepararia um lugar no deserto para sustentar a mulher durante 1.260 dias (Apocalipse 12:6). Já quando chegamos ao capítulo 13, descobrimos que a "besta que emerge do mar" receberia autoridade para agir durante 42 meses (Apocalipse 13:5). Logo, "um tempo, dois tempos e metade de um tempo", três anos e meio' (Daniel 12:7), que é igual a "42 meses" (Apocalipse 13:5), que por sua vez é igual a "1.260 dias" (Apocalipse 12:6), são períodosproféticos que apontam para um mesmo evento, a saber, a chegada do "tempo do fim", quando só então a parte profética de Daniel, alusiva aos últimos dias, seria compreendida. Esse período profético é localizado na história a partir do ano 538, quando o poder papal recebe jurisdição temporal, até 1798, quando o papa Pio VI é preso na capela Sistina, em Roma.3 Assim, os 1.260 anos nos levam ao ano 1798, data apontada na profecia para a chegada do "tempo do fim". (Veremos esta profecia em mais detalhes quando estu- darmos o capítulo 7 de Daniel.) Mas há em Daniel outra profecia que também trata da chegada do "tempo do fim", a de Daniel 8:14. Segundo a informação do anjo, quan- do se passassem "2.300 tardes e manhas" (2.300 anos, segundo a inter- pretação profética), o santuário seria purificado. A data inicial desse período de 2.300 anos aparece em Daniel 9:25, a "saída da ordem para restaurar e edificar Jerusalém". Segundo os estudiosos, essa ordem foi promulgada no ano 457 a.C., pelo rei persa Artaxerxes/' Viajando 2.300 anos a partir de 457 a.C. chegaremos aos anos 1844 d.C. (Veremos esta profecia cm mais detalhes quando estudarmos o capítulo 8 de Daniel.) 5 GONZALEZ, 1994, p. 149. Ver mais detalhes cm. Alberto R Timin, "A importância das datas de 508 e 538 A.D. no processo do estabelecimento da supremacia papal" Revista Teológica, SALI IAENL Janeiro a junho de 1999,p. 40 5-1. 6 Para um estudo detalhado sobre o decreto de Artaxcrxcs cm 457 ri.C, V(jt Juarez Rodrigues de Oliveira, Chronologkal Studies Related to Daniel 8:14 and 9:21-27, p. 9-20.
  • 32. 32 DANIEL Segredos da Profecia Assim, as datas de 1798 e 1844 marcam, respectivamente, a chegada do tempo do fim. A partir desses anos as profecias de Daniel, alusivas ao "tempo do fim" poderiam ser compreendidas. João, em sua visão, vê o livrinho aberto, pois sua mente fora levada àqueles anos, quando o "tempo do fim" já havia chegado. Entendemos que com essa apresen- tação feita a João do livrinho aberto, revelam-se as partes seladas da profecia de Daniel, especialmenteo cômputo cronológico que assinala o fim da profecia das "2.300 tardes e manhãs" (Daniel 8:14). Outro motivo para se crer nesses anos para a chegada do "tempo do fim" aparece na mesma visão de João em Apocalipse 10. João já ia escrever o que viu, mas recebeu do Céu uma ordem dizendo: "Guarda em segredo as coisas que os sete trovões falaram e não as escrevas" (Apocalipse 10:4). Entendemos com isso que as revelações da parte profética de Daniel também não eram para os dias de João. Então, o ser celestial continuou: "Mas nos dias da voz do sétimo anjo, quando ele estiver para tocar a trombeta, cumprir-se-á, então, o mistério de Deus, segundo Ele anunciou a Seus servos, os profetas" (Apocalipse 10:7). Logo,quando a sétimatrombeta estivesse pronta para ser tocada, os mistérios de Daniel seriam revelados e compreendidos. Isso quer dizer que essas revelações estão abertas para nós hoje. Não temos tempo a perder. Precisamos concentrar nossas energias mentais para entender os mistérios do livro de Daniel. Somente essa compreensão nos preparará para os últimos e extraordinários eventos que terão lugar em nosso planeta. Por isso, o vidente de Patmos, quan- do o livro foi aberto, ouviu do próprio Cristo a proclamação: "Já não haverá demora" (Apocalipse 10:6). O livro de Daniel está agora aberto, e a revelação feita por Cristo deve ser levada a todos os habitantes da Terra, e sem demora.
  • 33.
  • 34. Entre os filhos de Israel queforam levados cativospara Babilónia no início dos setenta anos do cativeiro havia cristãos patriotas, homens que eram tão fiéis ao principio como o aço, e que se não deixariam corromperpelo egoísmo, mas honrariam a Deus com prejuízo de tudo para si. Na terra de seu cativeiro esses homens deviam levar avante o propósito de Deus de dar às nações pagãs as bênçãos que vêm pelo conhecimento de Jeová. Deviam eles ser Seus representantes.Jamais deviam comprometer-se com idólatras; suafé e seu nome como adoradores do Deus vivo deveriam ser levados como alta honra. E isto eles fizeram. Na prosperidade e na adversidade honraram a Deus; e Deus os honrou a eles (Profetas e Reis, 479).
  • 35. DESAFIOS CULTURAIS Uma vez que estamos vivendo no "tempo do fim", quando as profe- cias de Daniel poderiam ser plenamente compreendidas, nos compete dedicar tempo e energia ao estudo desse maravilhoso livro da Bíblia. Daniel contém 12 capítulos. O capítulo l funciona como uma intro- dução apropriada ao livro como um todo. Fala da primeira invasão de Babilónia a Jerusalém, do aprisionamento e cativeiro de Daniel e seus amigos e do teste que enfrentaram para ocupar uma posição junto à corte real. Também é fundamentalpara a compreensão dos eventos do capítulo 2, quando Nabucodonosor, rei de Babilónia, tem um sonho misterioso com uma assombrosa estátua. Explica também aprocedência dos vasos de ouro e prata que estavam em Jerusalém e foram levados para o templo de Marduque,principal deus em Babilónia, os quaissãoprofana- dos momentos antes de sua queda, segundo o relato do capítulo 5.Assim, o primeiro capítulo fornece detalhes para a compreensão dos eventos registrados em todo o livro. A lição ensinada no capítulo l é o interesse de Deus pelas nações e pelos indivíduos. Segundo C. A. Auberlen e S. P. Tregelles, a própria divisão do livro em duas línguas atesta esse fato. Segundo sabemos, o livro de Daniel foi escrito originalmente em dois idiomas:
  • 36. 36 DANIEL Segredos da Profecia a) 1:1a 2:4a: Hebraico b) 2:4b a 7:28:Aramaico c) 8:1 a 12:13: hebraico Esses autores sustentam que essa mudançade línguas é a chave para se compreender os propósitos de Deus no livro. Na medida em que existe uma estrutura, observa-se que o livro de Daniel transmite uma mensagem de julgamento e derrota para o mundo gentio, do qual os principais representantes no tempo do profeta eram Nabucodonosor, Belsazar, Dario e Ciro. A linguagem apropriada nessa parte que se re- fere aos gentios é o aramaico, língua diplomática e comercial da época. O livro transmite ainda outra mensagem, uma mensagem de esperança e livramento para o povo de Deus, os hebreus. Para a parte que trata dos hebreus, a língua é, naturalmente, o hebraico.1 O GRANDE CONFLITOCOMO PANO DE FUNDO Desde o início do livro vemos em marcha o grande conflito entre o bem e o mal, entre o culto pagão e a adoração ao verdadeiro Deus. Logo no primeiro verso, duas cidades se destacam. Jerusalém, capital do povo de Deus, e Babilónia, capital idólatra, representando a sede do poder que se opõe a Deus. De fato, essas duas cidades são citadas em toda a Bíblia, do Génesis ao Apocalipse, e podemos ver a intensa luta entre a luz e as trevas, a verdade e o erro, em cada momento da história. Logo no primeiro livro da Bíblia, Génesis, no verso 18 do capítulo4, lemos: "Ora, Melquisedeque, rei de Salem, trouxe pão e vinho; pois era sacerdote do Deus Altíssimo" A expressão "Salem" deu origem ao nome "Jerusalém", cidade da paz (Salmo 122;135:21). Onde está Babilónia no Génesis?O capítulo 10 fala sobre um famo- so caçador chamado Ninrode e que o princípio de seu reino foi Babel (Génesis 10:10). No verso 9 do capítulo 11, falando sobre uma torre que os homens estavam construindo, lemos: "Por isso se chamou o seu nome Babel, porquanto ali confundiu o Senhor a linguagem de toda l fULVER, Robert D. Daniel: comentário bíblico Moody: Isalas a Malaquias. São Paulo: Imprensa BatÍ5ta Regular, 1990, p.210.
  • 37. Desafios Culturais 37 a terra, e dali o Senhor os espalhou sobre a face de toda a terra". De "Babel" vem a palavra "Babilónia", confusão. Já o livro de Apocalipse apresenta a Nova Jerusalém como sendo a morada do Altíssimo com os salvos por toda a eternidade (Apocalipse 21:2, 3), evento este que ocorrerá somente após a queda de Babilónia, descrita nos capítulos 14 e 18.Vemos assim essas duas cidades existin- do durante todo o decorrer da história. No livro de Daniel, elas se en- contram e a primeira impressão que temos é que Babilónia saivitoriosa sobre a cidade de Deus, Jerusalém. Entretanto, somente a conclusão da história pelas lentes da profecia nos permitirá avaliar a questão de forma correta. O CATIVEIRO DO POVO DE DEUS Vimos no capítulo l que o povo de Deus enfrentou três cativei- ros ao longo de sua história. O livro de Daniel inicia com a descri- ção do terceiro - o cativeiro babilónico. "No ano terceiro do reinado de Jeoaquim, rei de Judá, veio Nabucodonosor, rei da Babilónia, a Jerusalém e a sitiou" {Daniel 1:1). Nesse período da história quatro principais nações dominavam o Oriente Médio: Egito, Lídia, Média e Babilónia. O Império Assírio, terrivelmente cruel,havia dominado o crescente fértil2 por cerca de 300 anos. Esse mesmo império havia destruído as 10 tribos de Israel em 722 a.C, mas agora estava chegando ao seu ocaso e despontava um novo poder: Babilónia. Por volta de 612 a.C., Nabopolassar conseguiu vencer a Assíria e tornou-se o fundador do Império Neobabilônico. Seu filho, Nabucodonosor II (o mesmo do livro de Daniel), conseguiu elevar Babilónia à sua época de ouro. Seu nome NABU-KUDURRI-USUR significava em caldeu "prece dirigida ao deus Nabu por proteção".3 2 "Crescente fértil"é a região do planeta onde surgiram as primeiras civilizações. Região que englo- bava a Mesopotàmia, uma faixa de terra junto ao Mar Mediterrâneo e o nordesteda África. Ficou conhe- cida por esse nome porque seu traçado forma um semicírculo que lembra a Lua no quarto crescente e também pela presença de grandes rios (Tigre e Eufrates), cujos vales apresentavam solos férteispropícios para a prática da agricultura. Fonte: <httpy/www.historiarnais.com/crescente_fertil.htm>. Acessado em 30 junho 201 3. 3 NICHOL, Francis D.Comentário bíblico adventista.TattJÍ,SP:Casa Publicadora Brasileira, 2013. V.4, p. 831.
  • 38. 38 DANIEL Segredos da Profecia Por vezes, os judeus buscaram o apoio do Egito para não caírem nas mãos de Babilónia, mas por meio do profeta Jeremias e Isaías, Deus orien- tou que não buscassem essaaliança, mas cedessem aodomínio deBabilónia. Finalmente, no dia 1° de junho de 605 a.C, Nabucodonosor derrotou o posto militar avançado do Egito,localizadoem Carquêmis. Com a morte de seu pai, Nabopolassar, no dia 15de agosto do mesmo ano, Nabucodonosor viaja às pressas para Babilónia, antes que um impostor usurpe o trono. No dia 7 de setembro de 605 a.C. elechega a Babilóniae é coroado rei.4 Judeia, cidade de Daniel e seus amigos, estava localizada ao longo da costa oriental do mar Mediterrâneo, território hoje ocupado por Israel. Babilónia se localizava junto ao rio Eufrates, próximo à atual localiza- ção de Bagdá, capital do Iraque. Os rios Tigre e Eufrates irrigavam um vale bastante plano, limitado a Leste por uma cadeia de montanhas e a Oeste pelo deserto. O vale era chamado de "Mesopotâmia", ou "terra que fica entre rios". A rota regular de Jerusalém para Babilónia extendia-se por mais de 1.500 km. Caminhando cerca de 25 km por dia, seria uma viagem de aproximadamente dois meses.5 Foi esse longo percurso que Daniel, seus amigos e outros príncipes judeus fizeram como escravos. Mas por que Deus "entregou" (Daniel 1:2) Jeoaquim, rei de Judá, e os utensílios do templo nas mãos do rei de Babilónia? Por que Deus permitiu o cativeiro de Seupovo? Ellen G. White, falando dos propósitos divinos ao permitir o cati- veiro do povo de Israel, escreveu: "Areligião deles centralizava-se nas cerimónias do sistema sacrificai.Haviam feito da forma exterior algo da máxima importância enquanto tinham perdido o espírito do verdadeiro culto [...] O Senhor agiu ao permitir que o povo fosse levado ao cativei- ro e ao interromper os serviços do templo, a fim de que as cerimónias exteriores não se tornassem a essência da sua religião [...] A glória exterior foi removida, para que o espiritual pudesse ser revelado"6 A primeira invasão da Judeia é o evento que assinala a data do início do cativeiro babilónico que, segundo o profeta Jeremias, seria de 70 anos 4 MAXWELL, C.Mervyn. Uma nova era segundo as profecias de Daniel. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1996. p. 32. 5 Ibidem. p. 18. 6 WHITE, Ellen G. Meditação Matinal: Olhandopara o alto.Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1983. p. 155.
  • 39. Desafios Culturais 39 (Jeremias 25:11, 12). Ao todo, foram três as invasões babilónicas a Jerusalém. A primeira ocorreu no ano 605 a.C. Nabucodonosor fez Joaquim se ajoelhar diante dele e levou reféns, entre eles, Daniel e seus companheiros (Daniel 1:1-6). Mais tarde, em 597 a.C., em outra expe- dição à Palestina, depois de certas atitudes rebeldes da parte dos reis judeus, Joaquim e Jeoaquim, Nabucodonosor viu a necessidade de pu- nir essa rebeldia, e tornou a subjugar Jerusalém. Desta vez, ele levou cativo 10.000 prisioneiros, entre os quais estava o rei Jeoaquim e o jo- vem profeta Ezequiel {Ezequiel 1:1-3; 2 Crónicas 36:10; 2 Reis 24:8-20). Finalmente, em 597 a.C., depois de um longo cerco, Nabucodonosor destruiu a cidade e o templo, bem como toda a comunidade judaica (2 Reis 25:1-7; Jeremias 34:1-7; 39:1-7; 52:2-11). A Bíblia relata que Nabucodonosor profanou o santuário do Altíssimo, tomando parte dos utensílios sagrados do Templo, que somavam maisde 5.000 objetos,7 e os levou para Babilóniacolocando-os na casa do seudeus, Marduque. Esses saques dos tesouros sagrados pelos babilónios cumpri- ram as profecias de Isaías e Jeremias. Os profetas haviam declarado: "Eis que virão dias em que tudo quanto houver em tua casa,junta- mente com o que entesouraram teus pais até o dia de hoje, será levado para Babilónia; não ficará coisa alguma, disse o Senhor" (Isaías 39:6). "E voltarão os caldeus, e pelejarão contra esta cidade, e a tomarão, e a queimarão a fogo" (Jeremias37: 8). O livro de lamentações de Jeremias (1:1-5; 2:1-4, 13) fala da tristeza que se abateu sobre o profeta ao teste- munhar seu povo levado cativo. Marduque era o principal deus de Babilónia que, no tempo da primeira dinastia, mais de mil anos antes, tinha sido chamado usual- mente Bei, "senhor". Seu templo principal chamado Esagila, em cujo pátio estava a grande torre chamada Etemenanki, ficava no coração de Babilónia.8 O fato dos utensílios sagrados usados no serviço do santuá- rio estarem agora no templo de Marduque era um símbolo da vitória desse deus sobre o Deus dos judeus. Parecia que a situação havia fugi- do ao controle. Entretanto, como veremos mais à frente, Deus estava
  • 40. DANIEL Segredos da Profecia conduzindo todas as coisas para beneficiar Seu povo, e dar ao mundo da época uma mensagem quejamais poderia ser esquecida, sendo per- tinente ainda para nossos dias. PORTA-VOZES DE DEUS NO CATIVEIRO Ellen G. White afirma que "Daniel tinha apenas dezoito anos quan- do foi levado a uma corte pagã a serviço do rei de Babilónia".9 Junto com seus amigos, Hananias, Misael e Azarias, seria testado em todos os aspectos. As provas os preparariam para posições mais elevadas, onde teriam a oportunidade de testemunhar a respeito do Deus verdadeiro. Esses jovens se tornaram um exemplo para os jovens modernos, e em Babilónia passaram por quatro testes difíceis que foram verdadeiras provas de fé. Vamos analisá-las: PRIMEIRA PROVA DE FÉ: DE NOBRE A ESCRAVO O primeiro teste aos exilados hebreus foi a mudança de seu status social - de príncipes do reino de Judá a escravos em terra estrangeira. Os conquistadores da antiguidadetinham o costume de levar os nobres como reféns para assegurar a lealdade dos inimigos vencidos. Assim, seguindo o costume da época, Nabucodonosor ordenou que jovens sem nenhum defeito e de boa aparência, instruídos em toda sabedoria, doutos em ciência eversados em conhecimento, deveriam ser prepara- dos para ajudarem no palácio do rei. Esse período preparatório duraria três anos (Daniel 1:3-5), e, ao final, um teste seria feito para saber quem estaria apto para ajudar no palácio real. Diante de circunstâncias tão terríveis, a fé desses jovens poderia ter vacilado. As circunstâncias não eram nada boas. Escravizados em terra estranha, com sua cidade querida em ruínas, o glorioso templo que Salomão erguera e onde se ofereciam os sacrifícios estava agora destruído, seu rei feito escravo, o que poderia ser pior? Nessas condi- ções, eles poderiam ter abandonado suas crenças e reconhecido que Marduque era o deus mais poderoso. No entanto, não fizeram isso. Em momento algum sua fé vacilou. Apegaram-se às promessas divinas e
  • 41. Desafios Culturais 41 creram que Deus agiria para libertar Seupovo como os profetas haviam anunciado (Isaías 44:27, 28; 45:1; Jeremias 25:11,12). SEGUNDA PROVA DE FÉ:MUDANÇA DOS NOMES Um segundo teste enfrentado pelos jovens hebreus foi sua mudan- ça de nomes. Mudar nomes era uma prática comum na história bí- blica. José recebeu um nome egípcio ao ingressar na vida cortesã egíp- cia (Génesis 41:45), e o nome de Hadassa foi trocado por (Ester 2:7). A mudançade seus nomes significava que esses jovens hebreus estavam sendo adotados pela corte babilónica. Seus novos nomes representa- vam divindades caldeias. Daniel agora é Beltessazar: levando em conta o comentário de Nabucodonosor (Daniel 4:8), que o nome babilónico de Daniel se re- lacionava com o deus dele, "Bei", fica evidente que a primeira sílaba, "Bei", refere-se a Marduk, o principal deus babilónico. Assim, a melhor tradução seria "Bei proteja sua vida [a do rei]"."1 Hananias agora é Sadraque: Hananias significa "oSenhor é bondo- so comigo". Sadraque: "Inspiração ao deus sol". Seria o deus sol que pas- saria a brilhar bondosamente sobre ele e não o senhor Deus de Israel. Misael agora é Mesaque: Misael significa "semelhante a Deus". Mesaque: "servo da deusa Sheba! Azarias agora é Abede-Nego: Azarias: "o Senhor é meu ajudador". Abede-Nego: "o servo de Nebo". Geralmente se aceita que esse nome corresponde ao Abede-Nebo, "servo de [o deus] Nabu", nome que se encontra em um papiro aramaico achado no Egito." Nabucodonosor não obrigou os jovens hebreus a renunciaremsua fée adorarem os deuses de Babilónia, mas com essas mudanças de nomes es- perava alcançar isso gradualmente.Também mediante as práticase costu- mes idólatrasda nação esperava induzi-los a renunciar à religião hebraica e unir-se aos deuses de Babilónia. Mas isso não funcionou com Daniel e seus amigos. Mesmo alterando seus nomes, sua reverência e lealdade para 10 O Dr. 5.J.Schwante^ alega que a origem mais provável do nome dado a Daniel, Beliessazar, é do ba- bilónico Belet-sar-usur, "Que a madona (Ishtar] proteja o rei". Belet é feminino de bei, "Senhor" título dado ao deus Marduque, chefe do panieáo babilónico,(VerSCHWANTES, S I.Daniel, o profeta do juízo.Engenheiro Coelho, SP: Gráfica Alfa, 2003, p. 75}. 11 FINLEY, Mark. Revelando os mistérios de Daniel. São Paulo: Tdilora Tempos l..tda., 1999, p. 14.
  • 42. DANIEL 42 | Segredos daProfecia__ com o Deus verdadeiro não foram afetadas. Seus princípios religiosos, aprendidos desde a infância, se mostraram uma fortaleza nos momentos de prova c produziram um caráter nobre e forte. Ellen G. White escreveu: "Entre os filhos de Israel que foram levados cativos para Babilónia no início dos setenta anos do cativeirohavia cristãos patriotas, homens que eram tão fiéis ao princípio como o aço, e que se não deixariam corromper pelo egoísmo, mas honrariam a Deus com prejuízo de tudo para si [...] Jamais deviam comprometer-se com idólatras; sua fé e seu nome como adoradores do Deus vivo deveriam ser levados como alta honra. E isso eles fizeram. Na prosperidade e na adversidade honraram a Deus; e Deus os honrou a eles".12 TERCEIRA PROVA DE FÉ: REGIMEALIMENTAR O terceiro teste enfrentado pelos jovens em Babilónia estava rela- cionado ao seu regime alimentar. Nessa mesma área, Adão e Cristo ha- viam sido tentados. O primeiro falhou, mas Cristo saiu vencedor sobre a terrível prova e sua declaração ecoa como símbolo de vitória sobre o inimigo: "Nem só de pão viverá o homem" (Mateus 4:4). A clara ordem do rei havia sido para que todos participassem dos manjares e vinho da mesa real. Nabucodonosor pensava estar fazendo um grande favor e concedendo um grande privilégio aos jovens cati- vos. Daniel precisava tomar uma decisão agora: Deveria ele apegar-se aos ensinamentos de seus pais sobre comidas e bebidas, e desagradar o rei, com a provável perda não apenas de sua posição, mas da própria vida; ou desconsiderar os mandamentos do Senhor e conservar o favor do rei, garantindo dessa forma vantagens intelectuais e temporais? Não houve um momento de hesitação. Daniel e seus amigos eram regidos pelos princípios da Palavra de Deus. A Bíblia declara: "Resolveu Daniel firmemente não contaminar-se" (Daniel 1:8). Havia várias razões pelas quais um judeu piedoso evitaria comer da comida real: 1. Os babilónios, como outras nações pagãs, comiam carnes imundas (Levítico 11).
  • 43. Desafios Culturais 43 2. Os animais não tinham sido mortos de acordo com a lei levíti- ca(Levítico 17:14-15). 3. Uma parte dos animais destinados ao alimento era oferecida, primeiro como sacrifício aos deuses pagãos (Atos15:29). 4. O consumo de mantimentos e bebidas alcoólicas era contra os princípios de estrita temperança como apresentado no Antigo Testamento, a Bíbliadesses jovens (Provérbios20: l; 23:20;31:4). Daniel e seus amigos "estavam familiarizados com a história de Nadabe e Abiú, de cuja intemperança e seus resultados foi conservado o registro nos pergaminhos do Pentateuco; e sabiam que suas próprias faculdades físicas e mentais seriam danosamente afetadas pelo uso do vinho" (Levítico 10:1-3).13 Esse teste ao qual Daniel foi submetido ilustra a verdadeira tempe- rança e as bênçãos que se seguem aos que a praticam. Se desejarmos manter nossas faculdades puras para o serviço de Deus, precisamos observar estrita temperança no uso dos alimentos. Devemos praticar a regra básica: usar com moderação as coisas que nos são benéficas e nos abster completamente das que nos são prejudiciais. Como Daniel e seus amigos, devemos buscar desenvolver hábitos correios que promovem a saúde plena. Faculdade intelectual, força fí- sica e longevidade dependem de leis imutáveis criadas por Deus. Nessa questão o acaso não existe. Iremos colher aquilo que semearmos. "O Deus da natureza não interferirá para preservar os homens das conse- quências da violação das leis da natureza".1' Pense, por exemplo, em uma pessoa que não bebe a quantidade de água suficiente ao longo do dia. Ela pode ser diagnosticada com pedras nos rins e sofrer muitas dores. Males que poderiam ter sido evitados, se ela houvesse ingerido água na quantidade ideal. Mas muitos não dão a devida importância a essa questão do comer e beber. Ellen G. White pondera: "Hoje há entre os professos cristãos muitos que haveriam de julgar que Daniel era demasiado escrupuloso, e o sentenciariam como l j WHITE, 1995,p.<182. 14 WHITE, Ellen G.Conselhos sobre regime alimentar. Tal LIÍ, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1993, p.29.
  • 44. DANIEL Segredos da Profecia mesquinho efanático. Eles consideram a questão do comer ebeber como de muito pequena importância para exigir tão decidida resistência - tal que poderia envolver o sacrifício de todas as vantagens terrenas. Mas os que assim raciocinam, notarão no dia do juízo que se desviaram das expressas reivindicações de Deus e se apoiaram em sua própria opinião como norma para o que é certo e para o que é errado. Descobrirão que aquilo que lhesparecera sem importâncianão fora assim considerado por Deus. Suas reivindicações deveriam ter sido sagradamente obedecidas".15 DANIEL PROPÕE UM TESTE Para resolver o problema de participar da mesa real, Daniel pro- pôs um teste de dez dias. Ao fim desses dias os resultados se provaram exatamente o oposto do que o cozinheiro-chefe esperava. Não somen- te na aparência pessoal, mas também no vigor mental, os que haviam sido temperantes em seus hábitos exibiam uma evidente superioridade sobre os seus companheiros, que haviam sido condescendentes com o apetite. Como resultado dessa prova, permitiu-sea Daniel e seus com- panheiros continuarem com o regime simples durante todo o curso de seu treinamento para os deveres do reino. Terminado o prazo dado pelo rei, que foi de três anos, quando sua capacidade e erudição foram testadas, veio o resultado: "entre todos eles não foram achados outros como Daniel, Hananias, Misael e Azarias; por isso, passaram a servir perante o rei. Em toda matéria de sabedoria e de inteligência, sobre que o rei lhes fez perguntas, ele os achou dez vezes mais doutos do que todos os magos e encantadores que havia em todo o seu reino" (Daniel 1:19 e 20). "Aqui está uma lição para todos, mas especialmente para os jovens [...] Na experiência de Daniele seus companheiros, temos um exemplo da vitória do princípio sobre a tentação para condescender com o apeti- te, uma demonstração de que mediante o princípio religioso, podem os jovens triunfar sobre a concupiscência da carne, e permanecer fieis aos reclamos de Deus, mesmo que isso custe grande sacrifício".16
  • 45. Desafios Culturais 45 QUARTA PROVA DE FÉ: INSTRUÇÃO Um último teste que podemos ver no capítulo l trata da educação que os jovens hebreus deveriam receber em Babilónia. Nabucodonosor havia determinado que lhes ensinasse a "língua e a cultura dos caldeus" (Daniel 1:4). Essa era uma estratégia usada por nações opressoras, mas que podem ainda ser vistas em nossos dias. Mark Finley escre- veu: "Quando os russos invadiram o Afeganistão, jovens afegãos fo- ram levados e colocados em escolas de ensino especial na Rússia, onde aprenderam a filosofia marxista-leninista. Em seguida, foram enviados pelo Kremlin como novos governantes do Afeganistão. Hitler fez tam- bém isso com muitas nações que invadiu durante a Segunda Guerra Mundial. Ele trazia os jovens desses países para a Alemanha e lhes en- sinava a filosofia nazista. Depois de 'formados' voltavam como gover- nantes de seu povo difundindo a filosofia nazista entre as massas".17 Essa era a intenção de Nabucodonosor. Segundo Maxwell, a "língua caldaica", a qual os jovens exilados de- veriam aprender, incluía o acádio, idioma nacional de Babilónia, o su- meriano, que era o idioma da religião tradicional e o aramaico, idioma do comércio e da diplomacia internacionais.ia Já a "cultura" babilónica estava intimamente relacionada à idolatria e práticas pagãs; mesclava bruxaria com ciência e sabedoria com superstição. As práticas de magia, astrologia, adivinhação e exorcismo eram comuns entre os povos antigos, mas Deus havia alertado severamente Seu povo contra tais práticas (ver Deuteronômio 18:10-12). No entanto, os caldeus eram também erudi- tos no verdadeiro sentido da palavra. Possuíam um vasto conhecimento astronómico. Podiam até mesmo predizer eclipses lunares. Sua capaci- dade matemática também era bastante desenvolvida. Usavam fórmulas cujo descobrimento geral se atribui erradamente aos matemáticos gregos. Além disso, eram bons arquitetos, construtores e médicos que tinham en- contrado, por meios empíricos, a maneira de curar muitas enfermidades.19 Supõe-se que estes são os aspectos da sabedoria em que Daniel e seus três amigos ultrapassaram os sábios de Babilónia. Aprenderam a 17 FINLEY, p. 12. 18 MAXWELL, 1996, p. 29. 19 Comentário bíblico adventista v. 4, p. 789.
  • 46. DANIEL Segredos da Profecia perícia e as ciências dos caldeus, mas sem adotar os elementos pagãos mesclados em sua cultura. Isso fica evidente através de sua dependên- cia do poder de Deus nas experiências que se seguiram, registradas nos capítulos seguintes do livro. FIDELIDADE RECOMPENSADA Deus recompensou a firmeza e fidelidade dos jovens hebreus. A Bíblia declara: "No fim dos dez dias, a sua aparência era melhor; es- tavam eles mais robustos do que todos os jovens que comiam das finas iguarias do rei" (Daniel 1:15). Logicamente,apenas dez dias não seriam suficientes para uma grande diferençafisionómica,mas o resultadovis- to foi devido a um estilo de vida que não começou em Babilónia, mas já era seguido desde muito tempo. Deus deu aos quatro jovens "conhecimento e a inteligência em toda cultura e sabedoria", mas a Daniel concedeu ainda "inteligência de todas as visões e sonhos" (Daniel 1:17). Essa habilidade espiritualse mostraria oportuna no decorrer dos eventos do capítulo 2. Ao fim dos três anos, os jovens foram testados pelo próprio Nabucodonosor. E o testemunho do rei foi:"Em toda matéria de sabedoria e de inteligência [...] os achou dez vezes mais doutos do que todos os magos e encanta- dores que havia em todo o seu reino" (Daniel 1:20). Deus cumpriu Sua promessa: "Aos que Me honram, honrarei" (l Samuel2:30). Nos dias desses jovens nem todos os livros do Antigo Testamento haviam sido escritos, muito menos qualquer um do Novo. Mas estes jovens dispunham de vários livros. Foi a partir desses estudos que aprenderam a distinguir entre o Deus verdadeiro e os falsos deuses de Babilónia. Fundamentados em Levítico 11 e Deuteronômio 14 foram capazes de fazer separação entre os animaislimpos e imundos. Também perceberam o perigo de beber vinho (Levítico 10:1-11; Provérbios 20:l, 23:31-35), e conheciam a importância de serem fieis e honestos em to- das as suas ações. O capítulo l termina com a expressão: "Daniel continuou até ao primeiro ano" (Daniel 1:21). Depois de severamente provados, Deus os recompensou. Daniel, por mais de 70 anos, foi um instrumento de Deus para levar avante Seus desígnios junto à corte de Babilónia
  • 47. Desafios Culturais 47 e da Média-Pérsia. Através de sua influência, veremos a conversão do grande rei Nabucodonosor e a assinatura de um decreto, por Ciro, o grande líder da Média-Pérsia, autorizando os judeus cativos a voltar para Jerusalém e a reconstruir a cidade e o templo. O quanto a huma- nidade deve a estes jovens, pelo seu exemplo de fé e perseverança, só a eternidade o revelará.
  • 48. Do surgimento e queda das nações conforme expostos nos livros de Daniel e Apocalipse, precisamos aprender quão sem valor é a glória meramente terrena e externa. Babilónia, com todo o seu poder e magnificência, como nosso mundo jamais contemplou igual [...] completamente passou [...] Assim pereceu o reino da Média-Pérsia, e os reinos da Grécia e de Roma. E assim perece tudo o que não tem a Deus por fundamento. Apenas o que está vinculado ao Seu propósito, e expressa Seu caráter, pode perdurar (Profetas e Reis, 548).
  • 49. UMA ESTATUA ASSUSTADORA (PRIMEIRA VISÃO PROFÉTICA) Estacionei meu carro, comprei o ingresso e só precisava aguardar o momento. Estava ansioso, pois muitos amigosme haviam dito que aque- le seria um grande musical. Passeava pelo local, enquanto aguardava o início da programação.Minutos antes, me dirigi ao estacionamento para buscar algo no carro e então veio a grande surpresa - elehavia sido rou- bado. Entrei em desespero. Busquei o responsável pelo estacionamento e o meu desespero aumentou: percebi que ele estava envolvido no roubo. Enquanto reclamava da falta de segurança do estacionamento e cla- mava porjustiça, uma viatura dapolícia chega aolocal - não seipor que, mas dentro dela havia uma mulher ensanguentada. Disse para os poli- ciais meu problema, meu carro havia sido roubado, elesnão deram muita atenção, mas disseram que a alguns quilómetros dali havia outra delega- cia que poderia me ajudar. Comecei a caminhar aqueles longos quilóme- tros, inconformado, quando uma chuva forte começou a cair sobre mim. Comecei a chorar. Minhas lágrimas se misturavam com as gotas de chu- va. Clamei de todos os meus pulmões: Por que Deus estava permitindo aquilo? Meu único carro ser roubado? Por que essa injustiça? Foi num desses clamores que acordei. Voltei à consciência depois de algumas horas de sono e percebi que tudo não passava de um sonho, um angustiantesonho. O desespero deu lugar ao alívio e minha rotina
  • 50. 50 DANIEL Segredos da Profecia estava de volta. Abri a janela de casa e lá estava meu carro, são e salvo. Fora apenas um sonho. Você já experimentou uma sensação assim? Quando o despertar lhe trouxe um tremendo alívio, ao perceber que tudo não passava de um sonho? Com o rei Nabucodonosor ocorreu o inverso. Quando des- pertou do sono a angústia ficou maior. O capítulo 2 de Daniel registra um sonho extraordinário e assustador. Mas quando o sonhador acordou não se sentiualiviado. Pelo contrário, per- cebeu que algo muitosérioestavaem jogoeelenão selembrava de nada. Um rei com insónia - esse é o assunto do capítulo 2do livro do profeta Daniel. Pedro escreveu que a profecia é uma luz que alumia no escuro {2 Pedro 1:19). Somente a palavra profética poderia trazer luz e espan- tar a escuridão da vida do maior monarca do mundo, o grande rei de Babilónia, Nabucodonosor. Já vimos que o livro de Daniel relata quatro visões proféticas. A pri- meira visão, apresentada no capítulo 2, trata principalmente de mudan- ças políticas. Seu propósito inicial era revelar ao rei Nabucodonosor seu papel corno rei de Babilóniae lhe fazer saber "a respeito do que há de ser depois disto" (Daniel2:29). Esse sonho do rei é uma profecia dos eventos que teriam lugar nos 2.500 anos seguintes da história de nosso mundo. Ela ensina que os movimentos dos grandes impérios e nações da terra são controlados por Deus e revelados a Seu povo escolhido, enquanto este, em meio às mutações da história, prossegue em direção ao Céu. A profecia, segundo Arturo T. Pierson, "representa uma fechadu- ra, para qual só uma história subsequente pode proporcionar a chave"1 Assim, ao ser estudado o sonho do rei com uma estátua assustadora, devemos permitir que a história atue como intérprete da profecia e nos revele o significado dos simbolismos. O SONHO DO REI Transcorria o 2°ano do reinado de Nabucodonosor, provavelmente o ano 603 a.C., quando ele teve um sonho. A Bíblia declara que ele ficou J MELLO, Araceli S. Testemunhos históricos das profecias de Daniel. Rio de Janeiro: Gráfica e Editora Laemmert, 1968, p. 1l
  • 51. Uma Estátua Assustadora 51 profundamente perturbado e lhe passou o sono (Daniel 2: l). Os antigos consideravam os sonhos com temor; pensavam que eram revelações de suas deidades e procuravam descobrir sua verdadeira interpretação.' Por isso, Deus escolheu esse método, porque evidentemente era o meio mais efetivo para impressioná-lo com a importância da mensagem e para ganhar sua confiança e assegurar sua cooperação. Esse sonho não ocorrera por acaso. Deus em Sua providência o deu a Nabucodonosor porque tinha uma mensagem para ele. Como Deus não faz acepção de pessoas, era seu propósito salvar o rei,bem como sua nação, a grande Babilónia.O sonho tinha o propósito de revelar aNabucodonosor o que haveria de ser nos últimos dias (Daniel 2:28) e mostrar o papel que o rei poderia desempenhar nessa história. Não é em vão que por várias vezes Deus chama Nabucodonosor de "meu servo" (Jeremias25:9; 27:6;43:10). Assim como a Babilónia, a cada nação da antiguidade Deus havia atribuído especial lugar em Seu plano, mas os governantes não apro- veitaram as oportunidades, e sua glória foi abatida. As lições de histó- ria dadas a Nabucodonosor teriam que instruir as nações até o fim do tempo. Por cima das flutuantes cenas da diplomacia internacional, o grande Deus do Céu está em Seu trono "a executar, silenciosamente, pacientemente, os conselhos de Sua própria vontade"3. Ao fim, a estabi- lidade e a imutabilidade virão quando Deus mesmo, ao terminar o tem- po, estabelecer "um reino que não será jamais destruído" (Daniel 2:44). Nabucodonosor começou a viver um grande dilema: pensava ser o so- nho uma mensagem de grande importânciados deuses,mas não se lembra- va de nada que havia sonhado. Então mandou chamai"aquelesque, na corte, eram os responsáveispela interpretaçãodos sonhos, a sabei': os magos, os en- cantadores, os feiticeiros e os caldeus (Daniel 2:2). Quando estes chegaram, o saudaram em aramaico, língua falada pela família real. A partirdaquele momento, o livro de Daniel troca o hebraico pelo aramaico até o capítulo 7. UMA AMEAÇAREAL Quando os sábios chegaram á presença do rei, pediram que ele con- tasse o sonho. Mas, para sua surpresa, o rei não se lembravade maisnada.
  • 52. 52 DANIEL Segredos da Profecia Eles se viram numa situação delicada,pois tudo que inventassem acerca do sonho seria imediatamente detectado como mentira. Eles tentaram ganhar tempo, e isso provocou a ira do rei: "Uma coisa é certa: se não me fizerdes saber o sonho e a sua interpretação, sereis despedaçados, e as vossas casas serão feitas monturo" (Daniel 2:5). Então veio o reco- nhecimento dos sábios: "Não há mortal sobre a terra que possa revelar o que o rei exige; pois jamais houve rei, por grande e poderoso que tivesse sido, que exigisse semelhante coisa de algum mago, encantador ou caldeu. A coisa que o rei exige é difícil, e ninguém há que possa revelar diante do rei, senão os deuses, e estes não moram com os ho- mens" (Daniel 2:10,11). Foi essa confissão de fracasso que proporcio- nou a Daniel uma excelente oportunidade para revelar algo do poder do Deus a quem ele servia eadorava. Então irado, Nabucodonosor assinou um decreto ordenando a mor- te de todos os sábios de Babilónia, o que incluía Daniel e seus amigos. Arioque, chefe da guardade Nabucodonosorsaiu para executara ordem. A prisão surpreendeu a Daniel,pois este não sabia do ocorrido. Certamente isso se deu porque Daniel e seus amigos eram recém chegados à corte, haviam acabado de ser aprovados pelo rei e certamente não participaram do diálogo entre o rei e os magos. Daniel então pede uma audiência com o rei e diz que este designasse um tempo e eletraria a interpretação. FIDELIDADE RECOMPENSADA Foi um ato de fé. Daniel era um jovem dependente de Deus e con- fiava na oração. Fez saber o caso a seus amigos e todos buscaram a Deus por misericórdia e livramento. O Céu recompensou a fé dos jovens he- breus. "Então foi revelado o mistério a Daniel numa visão de noite" (Daniel 2:19). Daniel louva e exalta ao Deus do Céu como Aquele que "muda os tempos e as estações, remove reis e estabelece reis; Ele dá sabedoria aos sábios e entendimento aos inteligentes. Ele revela o pro- fundo e o escondido" (Daniel 2:21). O SONHO E SUA INTERPRETAÇÃO Imediatamente Daniel foi levado à presença do rei e disse: "O mis- tério que o rei exige, nem encantadores, nem magos nem astrólogos o
  • 53. Uma Estátua Assustadora 53 podem revelar ao rei; mas há um Deus no céu, O qual revela os misté- rios, pois fez saber ao rei Nabucodonosor o que há de ser nos últimos dias" (Daniel 2:27,28). Daniel desejava que Nabucodonosor compreen- desse a futilidade de confiar em seus sábios quando necessitava de con- selho e ajuda do Deus verdadeiro a quem servia. Esperava com isso que o rei voltasse os olhos para o grande Deus verdadeiro, cujo povo tinha sido vencido pelo rei. Daniel então passa a descrever o sonho: "Tu, ó rei, estavas vendo, e eis aqui uma grande estátua; esta, que era imensa e de extraordinário es- plendor, estava em pé diante de ti; e a sua aparência era terrível.A cabeça era de fino ouro; o peito e os braços de prata, o ventre e os quadris, de bronze; as pernas, de ferro, os pés, em parte, de ferro, em parte, de barro. Quando estavas olhando, uma pedra foi cortada sem auxílio de mãos, feriu a estátua nos pés de ferro e de barro e os esmiuçou. Então, foijun- tamente esmiuçado o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro, os quais se fizeram como a palha das eiras no estio, e o vento os levou, e deles não seviram mais vestígios. Mas a pedra que feriu a estátua se tornou em grande montanha, que encheu toda a terra" (Daniel 2:31-35). O rei ficou extasiado com a revelação de Daniel. Cada detalhe tra- zia à sua memória as recordações do sonho. "É isso mesmo Daniel, foi isso que sonhei" O rei está surpreso e ansioso para saber o significado de tudo aquilo. Então continuou Daniel: "Este é o sonho; e também a sua interpretação diremos ao rei" (Daniel 2:36). O gráfico a seguir mos- tra os elementos do sonho e sua interpretação: ELEMENTOS DA ESTÁTUA E SUA INTERPRETAÇÃO Elementos daestátua Cabeça de ouro Peito e braços de prata Quadris de bronze Pernas de ferro Pés de ferro e barro Pedra lançada contra estátua 2:32 2:32 2:32 2:33 2:33 2:34, 35 Interpretação a Média-Pérsia Grécia Roma Reino dividido Volta de Jesus 2:37,38; 7:4 2:39;5:26-28 2:39; 8:3-7, 20, 21 • ^ • 1 B^^H^^H 2:40; 7:7, 8, 17,23-25 2:41-43:7:7,8,23,24 2:44, 45; 7:13, 14,26,27
  • 54. DANIEL Segredos da Profecia A mensagem do sonho era para a instruçãode Nabucodonosor, as- sim como a dos governantes e povos até o fim do tempo e a segunda vinda de Cristo (Daniel 2:44, 45). Nabucodonosor desejava conhecer o futuro e pressentia algo tenebroso. No entanto, Deus lhe revelou, não para satisfazer sua curiosidade, mas para despertar em sua mente um sentido de responsabilidade pessoal para com o plano celestial. No sonho do rei está revelada a verdadeira filosofia da história hu- mana. Em última análise, os reis e governantes estão sob a direção e o controle de um Soberano todo-poderoso. Ellen G. White escreveu: "Nos anais da história humana o crescimento das nações, o levanta- mento e queda de impérios, aparecem como dependendo da vontade e façanhas do homem. O desenvolver dos acontecimentos em grande parte parece determinar-se por seu poder, ambição ou capricho. Na Palavra de Deus, porém, afasta-se a cortina, e contemplamos ao fundo, em cima, e em toda a marcha e contramarcha dos interesses, poderio e paixões humanas, a força de um Ser todo misericordioso, aexecutar, silenciosamente, pacientemente, os conselhos de Sua própria vontade".3 Por meio desse extraordinário sonho, Deus estava revelando ao rei e aos leitores do livro de Daniel as preciosas cenas que terão lugar até que a "pedra seja cortada" (Daniel 2:45), ou seja estabelecido o reino de Deus na Terra. Os quatro metais da estátua representam então os quatro impérios que dominariam o mundo desde Nabucodonosor até o quinto século de nossa era.1 BABILÓNIA - A CABEÇADE OURO Daniel disse ao rei: "Tu és a cabeça de ouro" (Daniel 2:38). Babilónia era também conhecida como Akkad (Terra dos Caldeus). Foifundada por Ninrode, que foi um valente caçador diante do Senhor (Génesis 10:8-10), e em tempos mais antigos representa o local em que se ergue- ra a torre de Babel (Génesis 11:1-9). Ela atingiu considerável destaque por volta de l.800 a.C, sob a liderança do grande legislador Hamurabi, 3 WHII li, Ellen G. Educação. Tatuí, SP: Casa Publícadora Brasileira, 1997, p. 173. 4 Ibidem, p. 173. Qualquer bom livro de história confirmará a sequência que será apiesentada aqui, Vcp por exemplo: ÊASTON, Stewarl C. The Heritage of the Ancient World: From lhe Earliesr Times to the Fali of Home. New York: Rínehartand Gimparty, 1960.
  • 55. Uma Estátua Assustadora 55 cerca de 300 anos antes de Moisés.5 Após a morte de Hamurabi, Babilónia foi ofuscada por outros povos da Mesopotâmia. Finalmente o Império Assírio dominou toda a região, e por volta de 722 a.C. destruiu as dez tribos de Israel, cuja capital estava em Samaria. Entre os anos de 626 a 612 a.C., período em que Daniel nasceu, Nabopolassar, pai de Nabucodonosor, esmagou o que restava do Império Assírio c tornou-se o fundador do Império Neobabilônico. Após sua morte em 605 a.C., Nabucodonosor assume o trono de Babilónia. Nabucodonosor era a personificação do Império Neobabilônico. As conquistas militares e o esplendor arquitetônico de Babilónia se de- viam, em grande medida, a suas proezas. Desde sua ascensão ao trono (605 a.Cl), até sua morte (562 a.C.), elevou Babilónia a uma glória incom- parável. Ele éo responsável pela construção de uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo: os jardinssuspensos da Babilónia. Na região não cresciam muitas árvores, mas o rei trouxe várias espécies, de várias partes da Terra, para embelezarseus jardins. A cidade cie Babilónia também abundava em ouro. Heródoto, considerado o "Pai da história", descreve o resplendor do ouro nos templos sagrados da cidade. "Na parte inferior do templo de Babilónia há outra capela, onde se vê uma grande estátua de ouro repre- sentando Júpiter sentado. Ao lado, uma grande mesa de ouro. O trono e o escabelo são do mesmo metal [...] Vê-se também, fora da capela, um altar de ouro [...] havia naquele templo, no recinto sagrado, uma estátua de ouro maciço de 12 côvados de altura"/1 O profeta Jeremias compara Babilónia com um copo de ouro nas mãos do Senhor (Jeremias 51:7). José Carlos Ramos assim descreve a trajetória dos monarcas de Babilónia: "Nabucodonosor morre no ano 562 a.C. após ter reinado 43 anos sobre Babilónia. Depois de sua morte, Evil-Merodaque (também co- nhecido como Amel-Marduquc), seu filho, reina em seu lugar. Três anos depois, em 560 a.C., Evil-Merodaque morre e sobe ao trono Neriglissar (Nergal-Sharuzur), genro de Nabucodonosor. Em 556 a.C., morre Neriglissar e sobe ao trono Laboroso-Archod (Labashi-Marduque), seu filho. Este tem um curto reinado c morre no mesmo ano. Chega então
  • 56. DANIEL 56 ; Segredos da Profecia ao trono Nabonido (Labineto), também genro de Nabucodonosor. No ano 552 a.C., Belsazar torna-se co-regente da Babilónia ao lado de seu pai Nabonido. No ano 539 a.C., Babilóniaé conquistada por Ciro, rei da Pérsia e Dario, o Medo, passa a reinar em Babilónia".7 No idioma caldaico, o nome Nabucodonosor (NABU-KUDURRI- USUR) é um termo que representa uma prece dirigida ao deus Nabu, em favor de proteção." Mas de nada valeu esse deus quando chegou a hora de se cumprir a profecia e entrar em cena outro império mundial. Babilónia dominou o mundo dos anos 605 a.C. até 539 a.C., quando cai diante da coaíisão dos Medos e Persas. Veremos mais detalhes sobre a queda de Babilónia no capítulo 7 deste livro. MÉDIA-PÉRSIA - PEITO E BRAÇOS DE PRATA Daniel continuou sua interpretação do sonho ao rei: "Depois de ti, se levantará outro reino, inferior ao teu" (Daniel 2:39). O próprio Daniel, pouco mais de 60 anos no futuro, revelaria ao então rei de Babilónia, Belsazar,neto de Nabucodonosor, quem seria esse segundo reino (ver Daniel 5:26-28). Como a prata é inferior ao ouro, o Império Medo-Persa seria inferior ao babilónico. Em cumprimento às pre- dições proféticas de Isaías e Jeremias (Isaías 45:1; 44:27, 28; Jeremias 25:11,12), Babilónia perdeu sua hegemonia mundial. Ciro, o grande, foi quem conquistou Babilónia. Ciro reconheceu que o Senhor lhe tinha dado todos esses reinos (2 Crónicas 36:23; Esdras 1:2). A história da queda de Babilónia está registrada no Cilindro de Ciro, de propriedade do Museu Britânico. O arqueólogo britânico Hormuzd Rassam descobriuesse cilindroem março de 1879.Eledata do 6°séculoa.C, e foi descoberto nas ruínas da Babilónia na Mesopotâmia (atual Iraque). Estava nas fundações de Esagila, o templo principal da cidade de Babilónia, consagrado ao deus Marduque. E é do templo do princi- pal deus babilónico que nos vem a comprovação histórica da queda de Babilónia e da ascensão do Império Medo-Persa. 7 RAMOS, José Carlos. Profecia bíblica. Apostila SALT, Pós-graduação - IAE-Q, 1998,p. 54. Ver tam- bém: ALOMÍA, Merling. Daniel: Su vida, sus tiempos y su mensaje. Limn, l'cru: Universidad UnionIncaica, 1991, p. l M. li Comentário bíblico adventista, v.4, p.831.
  • 57. Uma Estátua Assustadora 57 Esse cilindro é dividido em vários fragmentos e registra uma de- claração em escrita cuneifonne acadiana, em nome do rei Aquemênida da Pérsia, Ciro, o Grande. O artefato conta a história da queda de Babilónia sob Ciro, o Grande. Nas linhas 15a 21 do cilindro aparecem trechos dando a genealogia de Ciro, o Grande, e relatando a captura de Babilónia em 539 a.C. Revela a queda de Nabonido, rei da Babilónia, e exalta os esforços de Ciro para repatriar os povos deslocados erestaurar templos e santuários religiosos na Mesopotâmia e em outros lugares da região. Segundo alguns estudiosos, essa é uma evidênciada política de Ciro de repatriação dos hebreus após o cativeiro na Babilónia - um ato que o livro de Hsdras atribui a Ciro (Esdras 1:1, 2).g Outro a relatar detalhes da queda da grande Babilónia foiHeródoto. Ele afirma: "Finalmente, ou porque concluísse por si mesmo sobre o que deveria fazer, ou porque alguém, vendo-o em dificuldades,o acon- selhasse, o príncipe(Ciro) tomou a seguinte resolução: Colocou o exér- cito, parte no ponto onde o Eufrates passa dentro de Babilónia, parte no local onde o rio deixa o país, com ordem de invadir a cidade pelo leito do mesmo, logo que se tornasse vadeável. Com o exércitoassim distribuído, dirigiu-se para o lago [...]A exemplo do que fizera a rainha Nitócris, desviou as águasdo rio para o lago pelo canalde comunicação. As águas se escoaram, e o leito do rio facilitou a passagem [...] os persas entraram na cidade com as águas do rio dando apenas pelas coxas".10 Vencida Babilónia, Dario, da Média reinou por permissão do verda- deiro conquistador, Ciro, fato que Daniel certamente sabia. O livro do Daniel se refere várias vezes à nação que conquistou Babilónia, a qual Dario representava, como "os medos e os persas" (Daniel 5:28; 6:8, 28), e em outras partes representa a esse império dual como uma só besta (ver Daniel 8:3, 4). Assim, Dario foi o primeiro a reinar após a queda de Babilónia. Isso explica os acontecimentos do capítulo 6 de Daniel, quando este é lança- do na cova dos leões por ordem de Dario. Depois de Dario, reinou Ciro, que assina o primeiro decreto para o retorno dos judeus à Palestina