SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 16
História das Políticas Públicas
de Saúde no Brasil
IESC I
Prof. Paula Hernandes
DO DESCOBRIMENTO DO BRASIL ATÉ A CHEGADA DA
FAMÍLIA REAL
Após a descoberta do Brasil, o país foi colônia de exploração por um longo
período, não havendo interesse de Portugal em investir em infraestrutura para
melhoria das condições de vida de quem vivia aqui.
• População: indígenas, escravos e senhores (nobres aventureiros portugueses).
• Economia: extrativismo.
• Principais doenças: malária, varíola, febre amarela e hanseníase.
• Assistência a saúde: inexistente.
• Santa Casa de Misericórdia: a primeira do Brasil foi inaugurada em Santos
(1543). Não possuíam caráter de hospital. Abrigavam pobres e doentes
mentais.
A situação da saúde no país passou a mudar por volta do séc. XVIII, quando
houve um maior afluxo de médicos e nobres portugueses para cá e as cidades
começaram a aumentar. A grande preocupação nas cidades era com o lixo, que se
acumulava nas vias públicas. Por isso foram criados órgãos que cuidavam da
limpeza e da higiene das cidades, mas nada era feito ainda em relação à saúde das
pessoas.
Apenas com a vinda da família real portuguesa para o Brasil, em 1808, que
fugia de Napoleão Bonaparte, houve um início de preocupação com a saúde das
pessoas nas cidades, mas isso só aconteceu porque toda a nobreza veio junto,
totalizando cerca de 15 mil pessoas!
Você consegue imaginar a reação dos nobres ao verem as condições
de higiene e de vida nas grandes cidades brasileiras?
A chegada da corte trouxe muitas melhorias para o país, pois coisas
antes proibidas por Portugal, como indústrias (que eram poucas),
passaram a ser permitidas, e diversos órgãos públicos foram criados,
entre eles, a Primeira Escola de Cirurgia em Salvador, seguida da
Segunda Escola no Rio de Janeiro. A cidade do Rio de Janeiro foi
escolhida como cidade de moradia da nobreza.
Filme: Carlota Joaquina
DA PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA ATÉ 1930
• Grandes epidemias assolavam o Brasil, como febre amarela, varíola, peste,
entre outras, e ameaçavam a economia, tendo em vista que ela estava calcada
na exportação de café e outros produtos nacionais, os quais deviam ser
escoados por via marítima. Mas como escoar a produção se os navios
estrangeiros se negavam a parar em nossos portos, com medo de as doenças
epidêmicas matarem as tripulações?
• Dois médicos formados a partir da teoria bacteriológica foram chamados para
sanear as cidades que possuíam os maiores e mais importantes portos:
Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, e Emílio Ribas, em Santos (SP).
• Várias medidas de saúde e higiene foram tomadas para resolver o
problema: vacinação obrigatória, controle de ratos e de locais de
procriação de mosquitos.
• Foi estabelecida a polícia sanitária, composta por agentes de polícia
que acompanhavam os agentes de saúde na aplicação das medidas
saneadoras, a fim de coibir manifestações e reações contrárias da
população e garantir o cumprimento das ações.
• No Rio de Janeiro, os cortiços e as casas do
centro da cidade foram derrubados de forma
violenta, deixando a população sem abrigo
(muitas pessoas foram para os morros, dando
início ao nascimento das favelas cariocas).
Doentes de hanseníase eram levados para os
sanatórios e proibidos de conviver com seus
familiares. Pessoas eram vacinadas à força contra
varíola.
• Essas decisões tomadas de forma arbitrária e
violenta provocaram uma forte reação da
população carioca, e, sob liderança de militares
opositores do governo, estourou a chamada
Revolta da Vacina em 1904, a qual foi fortemente
reprimida e teve seu fim em menos de 48 horas.
• Oswaldo Cruz alcançou seu objetivo no Rio de Janeiro, que era sanear
a cidade e controlar as epidemias.
• Em poucos anos ele foi reconhecido como figura importante para a
saúde brasileira.
• Ele também foi responsável pela criação do Departamento Nacional
de Saúde, embrião do Ministério da Saúde, e do Instituto
Manguinhos, importante instituto de pesquisa voltado para a saúde
pública.
• Até a década de 1930, a saúde pública funcionou principalmente na
forma de campanhas e com o apoio da polícia sanitária, e por isso
ficou conhecida como campanhista, sempre voltada para problemas
de saúde que afetavam a população, mas principalmente motivada
por interesses econômicos.
• Enquanto isso, a saúde individual permanecia parecida com a do
Brasil colônia: médico para quem podia pagar e curandeiros e Santas
Casas para os pobres.
• A partir de 1920, médicos sanitaristas começaram a discutir, no país,
ideias trazidas dos Estados Unidos e da Europa sobre um sistema de
saúde que funcionasse a partir dos centros de saúde, locais onde se
realizava primordialmente assistência às gestantes e às crianças, com
foco nos cuidados de higiene e alimentação na primeira infância.
ERA VARGAS
• O Brasil iniciou uma nova fase de desenvolvimento, principalmente
industrial, mas as desigualdades sociais começaram a crescer no
mesmo ritmo das indústrias, assim como as grandes cidades, que
começaram a atrair cada vez mais trabalhadores do campo para as
grandes obras.
• O direito à saúde permanecia como um privilégio para os ricos e os
trabalhadores que tinham a carteira de trabalho assinada, pois
somente assim era possível ter acesso aos serviços de saúde
oferecidos por alguns IAP (Institutos de Aposentadoria e Pensão).
DO FINAL DA DITADURA VARGAS ATÉ O GOLPE
MILITAR
• Esse período, o país passou por uma fase denominada desenvolvimentista,
durante a qual o grande objetivo era modernizar o país, com o fortalecimento
da indústria e a construção de grandes estradas para o escoamento da
produção nacional.
• A assistência à saúde continuava dividida em campanhas para os problemas
coletivos, e a assistência individual curativa, ligada aos IAP, os quais, nessa
época, passaram a oferecer esse tipo de assistência à saúde. O Ministério da
Saúde foi criado em 1953, resultado do desmembramento do Ministério da
Saúde e da Educação, mas com pouca influência e capacidade para a tomada
de decisões.
DO GOLPE MILITAR À VIII CONFERÊNCIA NACIONAL
DE SAÚDE
• A proposta final da conferência determinava a saúde como direito, com a
universalização do acesso aos serviços de saúde (todos os cidadãos brasileiros
têm direito à saúde, não importando o vínculo empregatício) e a garantia da
participação popular no processo de planejamento, implantação e avaliação do
sistema de saúde.
• A Constituição de 1988 aprovou a proposta quase na sua integralidade, e, pela
primeira vez em uma constituição brasileira, o tema saúde teve uma seção
exclusiva. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante
políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de
outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua
promoção, proteção e recuperação. (BRASIL, 1988)
• Apenas com a promulgação da Constituição é que todas as ações de saúde
foram unificadas - os serviços preventivos, curativos e de reabilitação
passaram a ser responsabilidade do Ministério da Saúde, não sendo mais
divididos com a Previdência Social.
• O sistema de saúde foi reestruturado a partir desses princípios, resultando
no SUS (Sistema Único de Saúde), regulamentado pela Lei no 8.080, de 19 de
setembro de 1990, que dispõe sobre as condições para a promoção, a
proteção e a recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos
serviços correspondentes e dá outras providências.
Agora é com vocês:
A assistência à saúde no Brasil já foi dividida em dois polos: saúde pública,
baseada em campanhas e ligada ao Departamento Nacional de Saúde (atual
Ministério da Saúde), e assistência individual e curativa (atendimento
ambulatorial e hospitalar), financiada pelos IAP e, depois, pela Previdência
Social, somente para trabalhadores com carteira assinada. A saúde passou a
ser um direito e a incluir todos os cidadãos brasileiros após:
a)A promulgação da Lei no 6.229, em 1975, que estabeleceu o funcionamento
do sistema de saúde.
b)A VIII Conferência Nacional de Saúde, a qual determinou que a saúde era
um direito de todos em seu relatório final.
c)A Constituição de 1988, que inseriu o tema saúde em seu bojo.
d)A promulgação da Lei no 8.080, que regulamenta o SUS.

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a História das Políticas Públicas de Saúde no Brasil - N1 (1) (1).pptx

Evolução Histórica daSaúde, Constituição
Evolução Histórica daSaúde, ConstituiçãoEvolução Histórica daSaúde, Constituição
Evolução Histórica daSaúde, ConstituiçãoKaiannyFelix
 
Aula 2 -_histria_da_sade_pblica_no_brasil
Aula 2 -_histria_da_sade_pblica_no_brasilAula 2 -_histria_da_sade_pblica_no_brasil
Aula 2 -_histria_da_sade_pblica_no_brasilGuilherme Araújo
 
FECHAMENTO DA TUTORIA P3.docx
FECHAMENTO DA TUTORIA P3.docxFECHAMENTO DA TUTORIA P3.docx
FECHAMENTO DA TUTORIA P3.docxMarcioJorge12
 
Historical evolution health_brazil
 Historical evolution health_brazil Historical evolution health_brazil
Historical evolution health_brazilkelijuliana
 
Política de saúde no Brasil
Política de saúde no Brasil Política de saúde no Brasil
Política de saúde no Brasil Ismael Costa
 
Historia das-politicas-de-saude-no-brasil-[16-030112-ses-mt]
Historia das-politicas-de-saude-no-brasil-[16-030112-ses-mt]Historia das-politicas-de-saude-no-brasil-[16-030112-ses-mt]
Historia das-politicas-de-saude-no-brasil-[16-030112-ses-mt]Camila Viana
 
Saúde - Manifestações 2013
Saúde - Manifestações 2013Saúde - Manifestações 2013
Saúde - Manifestações 2013Eni Bertolini
 
Histéria da enfemagem
Histéria da enfemagemHistéria da enfemagem
Histéria da enfemagemAdhonias Moura
 
Síntese Politica de Saúde Pública
Síntese Politica de Saúde PúblicaSíntese Politica de Saúde Pública
Síntese Politica de Saúde PúblicaSebástian Freire
 
Aprendizado acelerado resumo_historia_do_sus_parte_2(1)(1)
Aprendizado acelerado resumo_historia_do_sus_parte_2(1)(1)Aprendizado acelerado resumo_historia_do_sus_parte_2(1)(1)
Aprendizado acelerado resumo_historia_do_sus_parte_2(1)(1)LeoNascimento29
 
Topico resistencias e conflitos na primeira repuplica
Topico resistencias e conflitos na primeira repuplicaTopico resistencias e conflitos na primeira repuplica
Topico resistencias e conflitos na primeira repuplicaAtividades Diversas Cláudia
 
Topico resistencias e conflitos na primeira repuplica
Topico resistencias e conflitos na primeira repuplicaTopico resistencias e conflitos na primeira repuplica
Topico resistencias e conflitos na primeira repuplicaAtividades Diversas Cláudia
 
Políticas e práticas em saúde coletiva (2)
Políticas e práticas em saúde coletiva (2)Políticas e práticas em saúde coletiva (2)
Políticas e práticas em saúde coletiva (2)Feernascimento
 
Saúde pública no Brasil
Saúde pública no BrasilSaúde pública no Brasil
Saúde pública no BrasilAndreia Morais
 
FACULDADE DE PARA DE MINAS.docx
FACULDADE DE PARA DE MINAS.docxFACULDADE DE PARA DE MINAS.docx
FACULDADE DE PARA DE MINAS.docxTaisdeJesusSantos
 

Semelhante a História das Políticas Públicas de Saúde no Brasil - N1 (1) (1).pptx (20)

Evolução Histórica daSaúde, Constituição
Evolução Histórica daSaúde, ConstituiçãoEvolução Histórica daSaúde, Constituição
Evolução Histórica daSaúde, Constituição
 
Aula 2 -_histria_da_sade_pblica_no_brasil
Aula 2 -_histria_da_sade_pblica_no_brasilAula 2 -_histria_da_sade_pblica_no_brasil
Aula 2 -_histria_da_sade_pblica_no_brasil
 
FECHAMENTO DA TUTORIA P3.docx
FECHAMENTO DA TUTORIA P3.docxFECHAMENTO DA TUTORIA P3.docx
FECHAMENTO DA TUTORIA P3.docx
 
Historical evolution health_brazil
 Historical evolution health_brazil Historical evolution health_brazil
Historical evolution health_brazil
 
Política de saúde no Brasil
Política de saúde no Brasil Política de saúde no Brasil
Política de saúde no Brasil
 
Historia das-politicas-de-saude-no-brasil-[16-030112-ses-mt]
Historia das-politicas-de-saude-no-brasil-[16-030112-ses-mt]Historia das-politicas-de-saude-no-brasil-[16-030112-ses-mt]
Historia das-politicas-de-saude-no-brasil-[16-030112-ses-mt]
 
Saúde - Manifestações 2013
Saúde - Manifestações 2013Saúde - Manifestações 2013
Saúde - Manifestações 2013
 
Slidessaude
SlidessaudeSlidessaude
Slidessaude
 
Histéria da enfemagem
Histéria da enfemagemHistéria da enfemagem
Histéria da enfemagem
 
Síntese Politica de Saúde Pública
Síntese Politica de Saúde PúblicaSíntese Politica de Saúde Pública
Síntese Politica de Saúde Pública
 
Politica de saude
Politica de saude Politica de saude
Politica de saude
 
Aprendizado acelerado resumo_historia_do_sus_parte_2(1)(1)
Aprendizado acelerado resumo_historia_do_sus_parte_2(1)(1)Aprendizado acelerado resumo_historia_do_sus_parte_2(1)(1)
Aprendizado acelerado resumo_historia_do_sus_parte_2(1)(1)
 
Topico resistencias e conflitos na primeira repuplica
Topico resistencias e conflitos na primeira repuplicaTopico resistencias e conflitos na primeira repuplica
Topico resistencias e conflitos na primeira repuplica
 
Topico resistencias e conflitos na primeira repuplica
Topico resistencias e conflitos na primeira repuplicaTopico resistencias e conflitos na primeira repuplica
Topico resistencias e conflitos na primeira repuplica
 
Historia da Saúde Pública.ppt
Historia da Saúde Pública.pptHistoria da Saúde Pública.ppt
Historia da Saúde Pública.ppt
 
Historia
HistoriaHistoria
Historia
 
Políticas e práticas em saúde coletiva (2)
Políticas e práticas em saúde coletiva (2)Políticas e práticas em saúde coletiva (2)
Políticas e práticas em saúde coletiva (2)
 
Saúde pública no Brasil
Saúde pública no BrasilSaúde pública no Brasil
Saúde pública no Brasil
 
FACULDADE DE PARA DE MINAS.docx
FACULDADE DE PARA DE MINAS.docxFACULDADE DE PARA DE MINAS.docx
FACULDADE DE PARA DE MINAS.docx
 
História da enfermagem
História da enfermagemHistória da enfermagem
História da enfermagem
 

História das Políticas Públicas de Saúde no Brasil - N1 (1) (1).pptx

  • 1. História das Políticas Públicas de Saúde no Brasil IESC I Prof. Paula Hernandes
  • 2. DO DESCOBRIMENTO DO BRASIL ATÉ A CHEGADA DA FAMÍLIA REAL Após a descoberta do Brasil, o país foi colônia de exploração por um longo período, não havendo interesse de Portugal em investir em infraestrutura para melhoria das condições de vida de quem vivia aqui. • População: indígenas, escravos e senhores (nobres aventureiros portugueses). • Economia: extrativismo. • Principais doenças: malária, varíola, febre amarela e hanseníase. • Assistência a saúde: inexistente. • Santa Casa de Misericórdia: a primeira do Brasil foi inaugurada em Santos (1543). Não possuíam caráter de hospital. Abrigavam pobres e doentes mentais.
  • 3.
  • 4. A situação da saúde no país passou a mudar por volta do séc. XVIII, quando houve um maior afluxo de médicos e nobres portugueses para cá e as cidades começaram a aumentar. A grande preocupação nas cidades era com o lixo, que se acumulava nas vias públicas. Por isso foram criados órgãos que cuidavam da limpeza e da higiene das cidades, mas nada era feito ainda em relação à saúde das pessoas. Apenas com a vinda da família real portuguesa para o Brasil, em 1808, que fugia de Napoleão Bonaparte, houve um início de preocupação com a saúde das pessoas nas cidades, mas isso só aconteceu porque toda a nobreza veio junto, totalizando cerca de 15 mil pessoas!
  • 5. Você consegue imaginar a reação dos nobres ao verem as condições de higiene e de vida nas grandes cidades brasileiras? A chegada da corte trouxe muitas melhorias para o país, pois coisas antes proibidas por Portugal, como indústrias (que eram poucas), passaram a ser permitidas, e diversos órgãos públicos foram criados, entre eles, a Primeira Escola de Cirurgia em Salvador, seguida da Segunda Escola no Rio de Janeiro. A cidade do Rio de Janeiro foi escolhida como cidade de moradia da nobreza. Filme: Carlota Joaquina
  • 6.
  • 7. DA PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA ATÉ 1930 • Grandes epidemias assolavam o Brasil, como febre amarela, varíola, peste, entre outras, e ameaçavam a economia, tendo em vista que ela estava calcada na exportação de café e outros produtos nacionais, os quais deviam ser escoados por via marítima. Mas como escoar a produção se os navios estrangeiros se negavam a parar em nossos portos, com medo de as doenças epidêmicas matarem as tripulações? • Dois médicos formados a partir da teoria bacteriológica foram chamados para sanear as cidades que possuíam os maiores e mais importantes portos: Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, e Emílio Ribas, em Santos (SP).
  • 8. • Várias medidas de saúde e higiene foram tomadas para resolver o problema: vacinação obrigatória, controle de ratos e de locais de procriação de mosquitos. • Foi estabelecida a polícia sanitária, composta por agentes de polícia que acompanhavam os agentes de saúde na aplicação das medidas saneadoras, a fim de coibir manifestações e reações contrárias da população e garantir o cumprimento das ações.
  • 9. • No Rio de Janeiro, os cortiços e as casas do centro da cidade foram derrubados de forma violenta, deixando a população sem abrigo (muitas pessoas foram para os morros, dando início ao nascimento das favelas cariocas). Doentes de hanseníase eram levados para os sanatórios e proibidos de conviver com seus familiares. Pessoas eram vacinadas à força contra varíola. • Essas decisões tomadas de forma arbitrária e violenta provocaram uma forte reação da população carioca, e, sob liderança de militares opositores do governo, estourou a chamada Revolta da Vacina em 1904, a qual foi fortemente reprimida e teve seu fim em menos de 48 horas.
  • 10. • Oswaldo Cruz alcançou seu objetivo no Rio de Janeiro, que era sanear a cidade e controlar as epidemias. • Em poucos anos ele foi reconhecido como figura importante para a saúde brasileira. • Ele também foi responsável pela criação do Departamento Nacional de Saúde, embrião do Ministério da Saúde, e do Instituto Manguinhos, importante instituto de pesquisa voltado para a saúde pública.
  • 11. • Até a década de 1930, a saúde pública funcionou principalmente na forma de campanhas e com o apoio da polícia sanitária, e por isso ficou conhecida como campanhista, sempre voltada para problemas de saúde que afetavam a população, mas principalmente motivada por interesses econômicos. • Enquanto isso, a saúde individual permanecia parecida com a do Brasil colônia: médico para quem podia pagar e curandeiros e Santas Casas para os pobres. • A partir de 1920, médicos sanitaristas começaram a discutir, no país, ideias trazidas dos Estados Unidos e da Europa sobre um sistema de saúde que funcionasse a partir dos centros de saúde, locais onde se realizava primordialmente assistência às gestantes e às crianças, com foco nos cuidados de higiene e alimentação na primeira infância.
  • 12. ERA VARGAS • O Brasil iniciou uma nova fase de desenvolvimento, principalmente industrial, mas as desigualdades sociais começaram a crescer no mesmo ritmo das indústrias, assim como as grandes cidades, que começaram a atrair cada vez mais trabalhadores do campo para as grandes obras. • O direito à saúde permanecia como um privilégio para os ricos e os trabalhadores que tinham a carteira de trabalho assinada, pois somente assim era possível ter acesso aos serviços de saúde oferecidos por alguns IAP (Institutos de Aposentadoria e Pensão).
  • 13. DO FINAL DA DITADURA VARGAS ATÉ O GOLPE MILITAR • Esse período, o país passou por uma fase denominada desenvolvimentista, durante a qual o grande objetivo era modernizar o país, com o fortalecimento da indústria e a construção de grandes estradas para o escoamento da produção nacional. • A assistência à saúde continuava dividida em campanhas para os problemas coletivos, e a assistência individual curativa, ligada aos IAP, os quais, nessa época, passaram a oferecer esse tipo de assistência à saúde. O Ministério da Saúde foi criado em 1953, resultado do desmembramento do Ministério da Saúde e da Educação, mas com pouca influência e capacidade para a tomada de decisões.
  • 14. DO GOLPE MILITAR À VIII CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE • A proposta final da conferência determinava a saúde como direito, com a universalização do acesso aos serviços de saúde (todos os cidadãos brasileiros têm direito à saúde, não importando o vínculo empregatício) e a garantia da participação popular no processo de planejamento, implantação e avaliação do sistema de saúde. • A Constituição de 1988 aprovou a proposta quase na sua integralidade, e, pela primeira vez em uma constituição brasileira, o tema saúde teve uma seção exclusiva. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. (BRASIL, 1988)
  • 15. • Apenas com a promulgação da Constituição é que todas as ações de saúde foram unificadas - os serviços preventivos, curativos e de reabilitação passaram a ser responsabilidade do Ministério da Saúde, não sendo mais divididos com a Previdência Social. • O sistema de saúde foi reestruturado a partir desses princípios, resultando no SUS (Sistema Único de Saúde), regulamentado pela Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, que dispõe sobre as condições para a promoção, a proteção e a recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências.
  • 16. Agora é com vocês: A assistência à saúde no Brasil já foi dividida em dois polos: saúde pública, baseada em campanhas e ligada ao Departamento Nacional de Saúde (atual Ministério da Saúde), e assistência individual e curativa (atendimento ambulatorial e hospitalar), financiada pelos IAP e, depois, pela Previdência Social, somente para trabalhadores com carteira assinada. A saúde passou a ser um direito e a incluir todos os cidadãos brasileiros após: a)A promulgação da Lei no 6.229, em 1975, que estabeleceu o funcionamento do sistema de saúde. b)A VIII Conferência Nacional de Saúde, a qual determinou que a saúde era um direito de todos em seu relatório final. c)A Constituição de 1988, que inseriu o tema saúde em seu bojo. d)A promulgação da Lei no 8.080, que regulamenta o SUS.