O documento discute como a avaliação educacional e institucional no Brasil afeta a política socioeconômica e a qualidade do ensino superior. A avaliação padroniza os cursos e controla a qualidade, e também é usada para comparar desempenhos entre instituições e monitorar o sistema educacional como um todo. Embora a avaliação possa pressionar as instituições a formarem profissionais de acordo com as demandas do mercado, ela também tem o potencial de melhorar a gestão e o ensino quando usada para emancipar a qualidade individual de cada instit
Avaliação educacional impacta política e economia no Brasil
1. Avaliação da Educação Superior e a política socioeconômica do Brasil
Aline Cristina Silva dos Anjos
Cada vez mais a sociedade atual tem investido em cursos de nível superior,
principalmente com a maior acessibilidade oferecida nos últimos anos. Um dos fatores
motivadores deste advento do ensino superior pode ser o mercado de trabalho que tem
se tornado cada vez mais exigente no que diz respeito à qualificação e a formação de
seus profissionais. Juntamente com o aumento da acessibilidade ao ensino superior
pode-se notar um imenso crescimento econômico relacionado à área da educação com
surgimento de muitos cursos e novas instituições de ensino superior.
Ao mesmo tempo em que as Instituições de Ensino Superior (IES) podem ser vistas como
“máquinas de fabricar bons profissionais” surge também a preocupação de como as IES
estão formando esses profissionais. Para isso surge uma ferramenta essencial para a
padronização e o controle de qualidade das IES: a avaliação educacional e institucional.
As IES assumem uma função social de suma importância, pois de acordo com a maneira
como a avaliação é conduzida o produto e a finalidade atingidos são, socialmente,
distintos. Pode-se dizer que a forma padronizada, clássica, de avaliação gera também
uma produção padronizada, de modo que as IES são controladas para formar produtos
condizentes com o que precisa o mercado de trabalho, por exemplo. Bem como, um perfil
mais independente de avaliação pode ser aplicado para a formação e melhoria das IES e
seus processos de gestão e ensino.
Além do controle de qualidade e da padronização dos cursos das IES, a avaliação
institucional e educacional tem importância também como um grande indicador
competitivo entre as IES, pois, teoricamente, o melhor ensino está na instituição que
obtém o melhor coeficiente na avaliação. E para alunos que buscam qualidade de ensino
essa pode ser uma metodologia de seleção de uma instituição.
Ainda no âmbito da avaliação institucional quantitativa, pode-se ver uma relevante
preocupação entre as IES a respeito do coeficiente atingido na avaliação, pois se o valor
do mesmo for baixo em sucessivas vezes, por exemplo, pode ocasionar a suspensão até
a regularização e até mesmo o fechamento do curso.
Outro benefício atingido pela avaliação educacional é a quantidade de informações a
respeito de cada curso de cada instituição de ensino que podem ser armazenadas pelos
órgãos fiscalizadores da educação, que no caso do Brasil, é o Ministério da Educação.
Esse tipo de informação é de grande utilidade para o monitoramento da educação no
país, pois com os dados armazenados a cada período de avaliação podem ser
estabelecidos estudos a respeito do nível da educação nacional, ou seja, se em
determinado período de tempo as IES têm se destacado positiva ou negativamente, se o
ensino superior está sendo ampliado em qualidade de formação e conhecimento ou
apenas em número de vagas.
Deste modo, pode-se observar que a avaliação educacional e institucional têm grande
poder socioeconômico bem como político, de modo que, sendo realizada tanto com a
finalidade da padronização quanto da emancipação da qualidade de cada instituição
exerce impacto interno com o melhoramento de ensino e gestão e externo no âmbito de
competitividade e necessidade de “sobrevivência” dos cursos entre as universidades. Isso
faz com que, de uma certa forma, a qualidade da educação superior tenda a melhorar
cada vez mais com a avaliação educacional e institucional.