1. Capacitação de Agentes de Inovação
Texto de apoio
Em paz com a inovação
25/10/11 07:39 | Marcelo Nakagawa -
Professor e consultor de empreendedorismo e inovação
A próxima afirmação é polêmica. Pense em uma inovação...
Ela foi copiada! Mas e o Steve Jobs, o Henry Ford...? Copiaram...
Só passei a compreender melhor a inovação a partir do momento em que aceitei
esta afirmação como premissa.
Já há alguns anos a inovação passou a ser o fetiche das organizações. A inovação
explica porque determinada empresa cresceu ou perdeu mercado. Mas a inovação ainda
continua a ser algo enigmático e frustrante para boa parte das empresas.
Se pedir a opinião franca de um gestor de inovação, ele ou ela não estará muito
satisfeito com a capacidade inovadora da sua empresa. Dê uma olhada nos rankings de
empresas inovadoras e ficará em dúvida se algumas empresas deveriam estar lá.
Analise os finalistas de competições de empreendedorismo inovador e tire suas próprias
conclusões se todos são realmente inovadores. Muitos investidores de capital de risco e
agências de fomento têm tido uma imensa dificuldade em investir em projetos realmente
inovadores.
Na contramão destes inovadores estão os que apostam na cópia porque acreditam que
mesmo os melhores inovadores foram exímios copiadores. Você continuaria admirando
Steve Jobs e Henry Ford mesmo sabendo que o iPod foi inspirado no radinho de pilha
da Braun e que a linha de montagem de carros foi inspirada na linha de produção do
frigorífico Swift-Armour.
Coincidentemente, a Ideo, referência em inovação, incentiva a cópia de ideias de
situações análogas em seu processo criativo.
Mas David Murray, autor do livro A Arte de Imitar, alerta que há uma imensa diferença
entre o ladrão, o cara esperto e o gênio criativo. O ladrão de ideias é aquele que copia,
sem nenhuma modificação, de uma situação muito próxima. Isto é plágio. Pense nesta
situação tomando um sorvete de iogurte. O cara esperto copia de um contexto similar.
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2. Capacitação de Agentes de Inovação
Texto de apoio
Quando o Constantino Junior vislumbrou a oportunidade de criar a Gol imaginou uma
situação similar ao transporte terrestre de passageiros por ônibus já consolidada em sua
família e trouxe para o Brasil o conceito de aviação de baixo custo que já existia nos
Estados Unidos. Mas ninguém o chamou de plagiador, mas sim de visionário que é. Mas
o gênio criativo copia de situações muito distantes do seu negócio e mesmo da sua
realidade.
A Apple foi buscar inspiração nas criações do designer da Braun nas décadas de 1950 e
1960 para desenvolver alguns de seus produtos. Henry Ford, ao visitar o frigorífico dos
seus amigos Gustavus Swift e Philip Armour, notou como o gado era suspenso por uma
corda que se movia parando para que um funcionário retirasse determinado tipo de
corte.
Vislumbrou o processo ao contrário aplicado na fabricação de carros. Outro autor,
Andrew Hargadon, que publicou o livro How Breakthroughs Happens, é mais suave na
definição e chama copiar os outros de recombinação de ideias. O que também não deixa
de ser verdade. Tudo isto para explicar que semana passada eu comi um cachorro
quente inovador.
Passeando pelo Shopping Continental, em São Paulo, notei uma minúscula loja com
uma boa fila para ser atendida. Vi dois japoneses no comando da lanchonete, o conceito
criativo da loja e frases do tipo "Kepôra eéssa?". Destaques para o Sushi Dog, um
cachorro quente enrolado em folha de alga marinha crocante, e para o divertido cupom
sobre a salsicha japonesa. Agora estou em paz... com a inovação!
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Marcelo Nakagawa é professor e consultor de empreendedorismo e inovação
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