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Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas
Tanz – group : uma abordagem sobre a
motivação do corpo coreografado em
estudantes de Educação Física
Ante projeto de pesquisa
sobre o processo de
montagem coreográfica em
dança. Apresentado por
Alexandre Batista Reis sob a
orientação do Professor
Adilson Nascimento de Jesus
CAMPINAS
1991
Uma mulher corre em círculos. Atravessa montanhas,
florestas, rios, desertos com um brilho nos olhos, um
quase sorriso nos lábios de boca entreaberta, para
respirar arfante. Vem quase trôpega . Um coração
grávido. Alguma beleza grandiosa em si que é ela
mesma.
E pára diante do homem.
Os olhos dela o olham.
Ela o chama em seus pensamentos ao
mesmo tempo em que o admira.
Ela arfa...
Adilson Nascimento
Palavras chave: dança, motivação para a dança, montagem coreográfica
Marco teórico: Mitologia Pessoal.
Mitologia. Do grego mythología. O conjunto dos mitos próprios de um povo, de
uma civilização, de um povo, de uma civilização, de uma religião: ciência, estudo
ou tratado acerca das origens, desenvolvimento e significado deles; o conjunto
dos mitos relacionados com um personagem, um fato, uma doutrina, um tema, etc.
Mito. Do grego mythos, “fabula”, pelo latim mytho. Representação de fatos ou
personagens reais, exagerada pela imaginação popular, pela tradição, etc;
imagem simplificada de pessoa ou acontecimento, não raro ilusório, elaborada e
aceita de grupos humanos, e que representa significativo papel em seu
comportamento; filosoficamente, é a exposição de uma doutrina ou de uma idéia
sob forma imaginativa, em que a fantasia sugere e simboliza a verdade que deve
ser transmitida, forma de pensamento oposta à do pensamento lógico e científico.
O mito é uma narrativa especial, particular, capaz de ser distinguida das demais
narrativas humanas. É um discurso, uma fala. É uma forma das sociedades
espelharem suas contradições, exprimirem seus paradoxos, dúvidas e
inquietações. O mito pode ser visto como uma possibilidade de refletir sobre a
existência, o cosmos, as situações estar no mundo ou as relações sociais. O mito
carrega consigo uma mensagem que não está dita diretamente. Uma mensagem
cifrada. O mito esconde alguma coisa. Essencialmente é dentro deste contexto
que nos aprofundaremos quando pensarmos, cada um consigo, em nossa
mitologia. Temos nossas mensagens cifradas nos vários elementos que nos são
significativos tais como: signo, cores, aromas, imagens, músicas,ações, gestos,
falas, roupas, literatura, poesia, pessoas, etc. A idéia é decifrarmo-nos em nossos
enigmas pelos nossos símbolos. Por tudo em que nos vemos representados, com
tudo com que nos identificamos de alguma forma. As coisas ás quais damos nome
e as quais não sabemos que nome dar, por que não carecem de nome mas que
permitem uma sensação, o estabelecimento de uma relação. A descoberta é
diária. É um exercício para nossa memória, aqui entendida como memória do
corpo, memória de si, de sua história, de tudo que lhe é significativo. É um pensar
e refletir sobre si mesmo. Recuperar-se. Reviver e projetar-se.
I. INTRODUÇÃO
Vivemos numa realidade cultural fundida no desenvolvimento histórico
influenciada pelo poder. Além de que a modernidade industrial fracionou a vida
cotidiana e as relações sociais do homem.
Assim sendo, despertei inúmeros problemas – “objetos lúdicos” 1
– a serem
investigados na micro-estrutura da Educação Física moderna. Foi aí, quando,
integrando o grupo experimental de Dança de Faculdade de Educação Física –
UNICAMP, questionei: que impulso “irresistível” nos leva a dançar? A dança,
longe de ser somente uma manifestação de cunho artístico, têm relações
intrínsecas com a cultura humana desde os primórdios.
“A dança é um modo de existir. Não apenas jogo, mas celebração,
participação e não espetáculo, a dança esta preás á magia e a religião, ao
trabalho e á festa, ao amor e a morte.” 2
Assim como a igreja medieval condenava o jogo, a dança fora condenada, por se
tratar de uma manifestação de caráter profano e pecaminoso. Com o final do
ostracismo cultural na Idade Média as manifestações lúdicas começam a definir
uma fisionomia própria.
A industrialização européia submeteu o corpo ao interesse produtivo. Neste
contexto, a dança vai expressar a perfeição, os movimentos elaborados, o
surgimento de escolas profissionalizantes e de profissionais de uma dança voltada
para o espetáculo.
II. DELIMITAÇÂO DO PROBLEMA
A dança, enquanto fragmento de manifestação existencial, exprime uma
comunhão do homem com a natureza e com seus sentimentos (amparo, abrigo,
alimentação, etc.). A relação com um grupo de dança voltando para uma
montagem coreográfica, deve trazer-nos ao nosso próprio encontro, a ponto de se
perguntar constantemente qual é seu significado.
1
Os elementos do fenômeno lúdico, segundo Heloisa T. Brunhns em “A Dinâmica Lúdica” são o
jogo, o esporte e a dança. “A essência da atividade lúdica é tentar redimensionar o fenômeno
muito além do simples fato de diversão e entretenimento (...) Enfim, é ir buscar o seu significado
dentro da produção coletiva dos homens vivendo em sociedade”.
2
GARAUDY, Roger, Dançar a Vida, p.13.
II. 1. Local e População
A observação foi realizada na sala de dança da FEF – UNICAMP. A população
estudada compunha-se basicamente de 12 pessoas na faixa etária de 21 anos.
Sendo 4 homens e 8 mulheres. Entretanto a montagem coreográfica foi
desenvolvida por 22 pessoas, em sua maioria estudantes de Educação Física da
UNICAMP. Excetuando-se: uma estudante de Artes Cênicas, uma estudante de
Artes Plásticas, um professor de mestrado de FEAGRI e uma estudante de
Educação Física – PUCCAMP.
III. DEFINIÇÂO DE TERMOS
“A própria palavra dança, em todas as línguas européias – danza, dance,
tanz - deriva da raiz tan que, em sânscrito, significa ‘tensã”’. Dançar é
vivenciar e exprimir , com o máximo de intensidade, a relação do homem
com a natureza, com a natureza, com a sociedade, com o futuro e com
seus deuses.” 3
Uma montagem coreográfica é, antes de mais nada, a arte de compor bailados ou
de documentar os passos e figuras deles
A motivação na dança é dirigida à satisfação de motivos sociais, que segundo
Linda L. Davidoff “surgem para satisfazer as necessidades de sentir-se amado,
aceito, aprovado e estimado, por exemplo”.4
IV. PLANO DA NATUREZA DO PROBLEMA
O problema que a pesquisa procurará responder parte de uma questão central:
quais motivos levam um estudante de Educação Física a fazer parte de um grupo
de dança?
A motivação do corpo coreografado parte do princípio de que o estudante de
Educação Física necessita perceber seu corpo em todas as suas formas de
3
GARAUDY, Roger, Dançar a Vida, p.14.
4
DAVIDOFF, Linda L., Introdução à Psicologia, p. 387
manifestação motora, dentro do aspecto em que a motricidade realiza o modo do
homem se relacionar consigo mesmo.
Outra hipótese é que a motivação para a dança pode solidificar as relações,
equilibrar o desgaste físico e incidir no crescente stress humano, em função de
sua estreita ligação entre a dualidade movimento/emoção.
IV. PROCEDIMENTOS
A observação foi dividida em duas partes: iniciei-me como participante em maio de
1990 e passei a ser, em meados de setembro do mesmo ano, uma observador-
participante, embora meus objetivos em realizar a pesquisa só foram revelados ao
grupo posteriormente.
Nessa pesquisa pretendo observar, além da coreografia “Fragmentos de Sonhos”,
a relação e a motivação do grupo.
V. JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS
A pesquisa se presta a incentivar o processo de montagem coreográfica,
propondo que a mesma se faça presente na vida acadêmica, tendo em vista a
experiência realizada em 1990 pelo Grupo Experimental de Dança da FEF-
UNICAMP, que se concluiu no espetáculo “Fragmentos de Sonhos”. Resultado de
uma intensa relação lúdico-cultural, na qual cada integrante representou uma
parte do todo, um fragmento. Para tanto, cada um trouxe o seu corpo, sua
motivação, seu desejo e sua mitologia.
V.1. Propósito
A Pesquisa tem o propósito central de relatar os motivos que levaram estudantes
de Educação Física a fazerem parte do citado grupo de dança e seu ponto de
vista acerca do trabalho coreográfico.
V.2. Interesse
Pretendo demonstrar que o processo de montagem coreográfica tem exigências e
identificações com algo que acontece no campo individual de cada dançarino-
intérprete. É um trabalho fragmentado sim, em função da falta de sentido linear
que revela o “quanto somos dentro de um só”. Assim, a referência aos sonhos
(fragmentados) parte do envolvimento de cada dançarino-intérprete com a
coreografia “Fragmentos de Sonhos”.
“Mas a descrição do sonhar, que afinal de contas continua a ser uma
função da mente, como um processo somático implica também outro
sentido. Destina-se a demonstrar que os sonhos não merecem ser
classificados como processos psíquicos. O sonhar tem sido muitas vezes
comparado aos dez dedos de uma homem que nada sabe de música
deslocando-se ao acaso sobre as teclas de um piano(...)” 5
VI. NATUREZA DA PESQUISA
Trata-se de uma pesquisa criativa e não de um estudo de caso. Embora, além de
estar confinada para os caminhos da dança, enfoque a motivação do corpo dentro
deste objeto lúdico e artístico: a dança.
Vale ressaltar que foi feito um estudo qualitativo desenvolvido numa situação
natural, onde pude descrever tranqüilamente toda a realidade do grupo
(movimentos, exercícios físicos, gestos, expressões e a percepção do corpo).
VI.1. OPERAÇÃO
Pretendo defender minha tese através dos registros que aplicarei no processo
investigativo, dentre eles: questionários, gravações de ensaios em vídeo e
fotografias. Utilizarei recursos técnicos particulares ou que constem no patrimônio
da FEF (sala de dança, biblioteca, filmadora, aparelhagem de som, máquina
fotográfica e computador).
5
FREUD, Sigmund. A Interpretação dos Sonhos, v. 1, p. 99.
VI.2. AMOSTRAGEM
A análise dos dados obtidos será feita a partir da evolução da montagem
coreográfica, gravada em vídeo e fotografada. A apresentação geral da pesquisa
pode ser dividida em quatro etapas:
1a
. Apresentação do espetáculo “Fragmentos de Sonhos” na Universidade de
São Paulo – USP, integrando o evento XVI Noites de Dança, em 24 de novembro
de 1990.
2a
. Apresentação do espetáculo “Fragmentos de Sonhos” na FEF – UNICAMP,
compondo o evento III Coisas da FEF em 05 de dezembro de 1990.
3a
. Exposição de fotos e vídeos de espetáculo em local e data a serem
marcados.
4a
. Debate aberto com professores, alunos e pessoas interessadas sobre o
demonstrativo das análises feitas dos registros apresentados.
VII. CRONOGRAMA
O projeto deverá estar concluído no primeiro semestre de 1993, seguindo o
calendário de atividades abaixo discriminado. A monografia final só será realizada
após a leitura de avaliação (revisão) no primeiro semestre de 1993.
Agosto/Novembro de 1990
1a
. Observação-participante de grupo do grupo de dança
2a
. Aplicação do primeiro questionário
3a
. Registro (manuscritos, fotografias, gravações em VT)
Março/Junho de 1991
1a
. Observação-participante do grupo de dança
2a
. Registro (manuscritos, fotografias, gravações em VT)
3a
. Preparação do Ante-Projeto
Agosto/Novembro de 1991
1a
. Observação não-participante do grupo de dança
2a
. Aplicação do segundo questionário
3a
. Registros (manuscritos, fotografias, gravações em VT)
4a
. Leitura das obras
Março/Junho de 1992
1a
. Observação não-participante do grupo de dança
2a
. Registro (manuscritos)
3a
. Análise Crítica das obras
Agosto/Novembro de 1992
Redação da monografia.
VIII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ALEXANDER, Gerda. Eutonia: um caminho para a percepção corporal. São
Paulo: Editora Martins Fontes. 1983.
DAVIDOFF, Linda L. Introdução à Psicologia. São Paulo: Editora McGraw-Hill do
Brasil. 1983.
DELACROIX, Michèle. Expressão Corporal. Lisboa: Editora Compendium.
DUSILEK, Darci. A arte da investigação criadora; introdução á metodologia
da pesquisa. Rio de Janeiro: Editora Juerp. Rio de Janeiro. 1986.
FREUD, Sigmund. A Interpretação dos Sonhos. São Paulo: Editora Círculo do
Livro. 1989.
GARAUDY, Roger. Dançar a Vida. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1981.
JACOB, Ellen. Dancing, The Complete Guide. New York-USA: A danceways
book. 1981.
LABAN, Rudolf. Domínio do Movimento. São Paulo: Summus. 1978.
MENDES, Miriam Garcia. A dança. São Paulo: Editora Ática: Série Princípios.
1985.
MINTON,Sandra Cerry. Choreography : a basic approach using improvisation.
Human Kinetics Publishers, Inc. Champaign, IL-USA. 1986.
Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Editora Nova
Fronteira, p.1143. 1986.
ROCHA, Everardo P.G. O que é mito. São Paulo: Editora Brasiliense. Coleção
Primeiros Passos, p. 7-9. 1986.
IX. ENTREVISTAS
Adilson Nascimento de Jesus
28 anos
07 de agosto de 1991
1a
. Você poderia apontar alguns motivos que levaram a fazer parte
desse grupo de dança ?
Necessidade e vontade de continuar a dançar.
Desejo e vontade de criar um grupo com pessoas desta FEF que, acreditara,
tinham e têm um grande potencial artístico a ser explorado.
Necessidade de pôr em prática as idéias que já vinha tendo há muito tempo e
que valeria investir neles. Por em ação o trabalho de criação junto a outras
pessoas com vontade de criar, arriscar e se expor.
2a
. Na sua opinião o que significa dançar?
Tan (sânscrito) = tenso – derivou Tanz (alemão) = dança.
A palavra em si quase não significa nada. Penso na transformação do que
sentimos, no que pensamos sobre o que sentimos e no que sentimos e não
pensamos em gestos que são tensão; que exigem tensão; que são sem a
necessidade do verbo, da palavra, mas tão etéreos quanto ela. Dançar é
“dizer” algo sobre si mesmo, e mesmo por todos os homens. É não dizer nada.
Sentir e não sentir. Brincar com o espaço/tempo. Uma das formas de ser o que
se é. A palavra (dança) se transforma tal qual a ação que ela representa.
Não se acaba, não se finda.
Cada um que dela se aposse dará sua interpretação, o seu jeito, a sua
significação. Como o é com todas as coisas, por mais que tenham um sentido
amplo, mineral. Quando está de posse do indivíduo, este faz dela o que quer.
Veste-a, e passa a ser por ela e ela por ele.
Tensão para a transformação e o aparecimento de uma nova identidade.
3a
. Qual é o seu ponto de vista sobre o trabalho (coreografia)
desenvolvido pelo grupo atualmente? Procure apontar pontos positivos e
negativos.
Positivos – trabalharmos com emoção em cada gesto, o que não exige técnica
de alto nível. Termos trabalhado com gestos simples. Sermos um grupo quase
homogêneo a nível técnico. Pouca experiência artística e a
facilidade/disponibilidade em captar as propostas.
Negativos – falta de pessoal técnico específico responsável pela organização
dos vários momentos do trabalho. Falta de material para uma pesquisa
aprofundada sobre os elementos utilizados. Falta de interação com pessoas
das áreas de teatro, dança, música, mímica, fotografia, etc.
Paulo Nuno Vasquinho
27 anos
07 de agosto de 1991
1a
. Você poderia apontar alguns motivos que levaram a fazer parte
desse grupo de dança ?
A necessidade de voltar a fazer algo que pudesse expressar um pouco do que
tenho dentro de mim e colocar prá fora, além do convite e de ter uma
curiosidade pessoal em trabalhar com o Adilson fora da sala de aula.
2a
. Na sua opinião o que significa dançar?
Como já coloquei em um texto, é o transcender físico, é deixar extravasar tudo
o que pode ser extravasado do coração para fora, dançar é tentar fazer parte
de um todo, conjuntamente as pessoas que querem embarcar nesta viagem,
no fundo não sei o que dizer: é o sentir de algo crescer e extrapolar pelos
poros e sair para todos os lados, tocar as pessoas.
3a
. Qual é o seu ponto de vista sobre o trabalho (coreografia)
desenvolvido pelo grupo atualmente? Procure apontar pontos positivos e
negativos.
Inicialmente não gostei, achei muito pesado o que estava sendo trabalhado e
não gostava, saía chateado; depois as coisas começaram a mudar e ficaram
mais gostosas. Consegui me encaixar e curti mais, consegui aproveitar as
coisas que me aconteciam, e colocar isso pra fora, aproveitando para melhorar
a mim e ao papel que executava. Pois, a cada dia era uma viagem diferente.
Não conseguia extrapolar assim quando chegavam pessoas que me pareciam
limitantes, isso no grupo é bom: sentir barreiras em algumas pessoas e
conseguir derrubá-las é bom. Estava aberto a me relacionar com elas, com
outras eu tinha dificuldades e com outras, simplesmente, se tornava impossível
qualquer contato. Não estava preocupado, mas queria deixar rolar, num
momento oportuno isso iria acontecer, não sei, só sei que se trabalharmos em
grupo chegaremos a isso.
Juliana Martuscelli
23 anos
07 de Agosto de 1991
1a
. Você poderia apontar alguns motivos que levaram a fazer parte
desse grupo de dança ?
Primeiramente o gosto e o prazer que a dança me proporciona e tipo de
trabalho que o coordenador-diretor do grupo desenvolve (dança moderna,
contemporânea, expressão corporal).
2a
. Na sua opinião o que significa dançar?
Dançar é se movimentar à sua maneira, no seu tempo e ritmo. É você sentir e
fazer movimentos dando a sua própria interpretação para aquele determinado
momento. É você e sua expressão. O corpo dança naturalmente e você é
natural.
3a
. Qual é o seu ponto de vista sobre o trabalho (coreografia)
desenvolvido pelo grupo atualmente? Procure apontar pontos positivos e
negativos.
Como todo trabalho, este teve seus momentos de criação e aprimoramento
técnico. A idéia do trabalho foi criada, trabalhada e amadurecida dentro de
cada um e, portanto, dentro de uma visão mais individual e introspectiva.
O trabalho foi apresentado e sujeitado a críticas e elogios, tanto dentro do
próprio grupo como fora. Quem esteve dentro de todo processo e participou
ativamente da elaboração da idéia teve uma visão “diferente” daquela dos
espectadores, talvez aí o trabalho teve seu ponto “negativo” onde deveria ter
sido esclarecido alguns pontos para uma percepção melhor do próprio
trabalho, através de uma referência. Fora isso, o trabalho foi desenvolvido com
a participação e idéias de todos, como um grupo.
Nilson Antonio Modesto Arraes
27 anos
07 de Agosto de 1991
1a
. Você poderia apontar alguns motivos que levaram a fazer parte
desse grupo de dança ?
A experiência do novo, pois até então nunca havia dado vazão “organizada”
para as minhas manifestações de Expressão artística (cantando, pintando,
esculpindo). A vontade de me relacionar com um grupo que estivesse com a
mesmo intenção.
2a
. Na sua opinião o que significa dançar?
Dançar para mim é manifestar o fogo visceral que, escondido ou não, queima
no interior de cada um. Pode parecer um tanto vago este significado, mas não
consigo entendê-lo associando ao movimento ou não, gestos ou não,
expressão de tônus ou não. Às vezes acho que escultor de mármore dança
tanto quanto um dançarino esculpi.
3a
. Qual é o seu ponto de vista sobre o trabalho (coreografia)
desenvolvido pelo grupo atualmente? Procure apontar pontos positivos e
negativos.
Com uma palavra, diria, “intenso”. A disposição e percepção dos integrantes
que a compõem, é sobremaneira da expressão e a técnica aprimora esta
expressão, que dá ao grupo tesão de se manifestar independente de quantos
anos já dançaram ou se experienciaram em outras expressões artísticas.
Ayrton Quirino
29 anos
07 de Agosto de 1991
1a
. Você poderia apontar alguns motivos que levaram a fazer parte
desse grupo de dança ?
A possibilidade de crescimento interior e anseio de vivenciar novas
experiências. Além disso, entrar no grupo me abriu um horizonte de fazer uma
coisa que sempre tive dificuldade... dançar.
2a
. Na sua opinião o que significa dançar?
Dançar pra mim é uma forma de transcender e penetrar no mais profundo dos
sentimentos inativos e que poderiam ser expressos no dia-a-dia, porém a
nossa vida atribulada é responsável (segundo convenções) e não nos permite.
3a
. Qual é o seu ponto de vista sobre o trabalho (coreografia)
desenvolvido pelo grupo atualmente? Procure apontar pontos positivos e
negativos.
A coreografia foi mais do que uma montagem coreográfica. Foi uma recriação
a partir de cada criação individual, foi um processo de interação, acima de
tudo, entre todos. Este trabalho é o resultado da nossa expressividade
trabalhada. Foi bom.
Pontos positivos – crescimento interior, interação do grupo, trabalho (e
domínio) de algumas técnicas de dança, sentimento conjunto de criação.
Pontos negativos – o desinteresse de algumas pessoas (falta de sinceridade),
a estrutura da FEF (ainda deixa a desejar), a falta de incentivo e de
reconhecimento de algumas organizações, materiais.
Fátima Cristina Monis
23 anos
07 de Agosto de 1991
1a
. Você poderia apontar alguns motivos que levaram a fazer parte
desse grupo de dança ?
Antes de qualquer coisa a vontade muito grande de dançar e a oportunidade
para tomar contato com esta forma de expressão.
2a
. Na sua opinião o que significa dançar?
Para mim dançar ultrapassa qualquer conceito mais do que tudo é algo que já
está dentro de cada pessoa. Dançar então é a redescoberta destes
movimentos, a busca da harmonia do homem com a natureza, o ritmo do vento
e das ondas do mar e de tudo o que é vivo.
3a
. Qual é o seu ponto de vista sobre o trabalho (coreografia)
desenvolvido pelo grupo atualmente? Procure apontar pontos positivos e
negativos.
O grupo tem muito ainda para caminhar, mas foi uma grande conquista este
tempo de trabalho, todos nós tivemos a oportunidade de ter este contato com a
dança e poder montar um trabalho a partir desta experiência. Não acredito que
haja aspectos negativos, a maioria de nós está iniciando e todo este tempo foi
de atividade intensa e procura de uma qualidade de movimentos. O que há
muito positivo também é a forma de dançar que estamos seguindo sem o
movimento vazio e também a busca da expressão.
Jacqueline Balster Martins
23 anos
07 de Agosto de 1991
1a
. Você poderia apontar alguns motivos que levaram a fazer parte
desse grupo de dança ?
Sempre gostei de dança e já conhecia o trabalho do Adilson, quando se iniciou
o grupo, de imediato quis participar com a intenção de integrar realmente um
grupo e realizar um trabalho que me acrescentasse em termos do universo da
dança e das técnicas.
2a
. Na sua opinião o que significa dançar?
Para mim a dança nas suas mais diversas formas é um meio de se expressar
sentimentos, dançar é uma arte cujo instrumento é o corpo colocado nas
situações mais criativas possíveis.
3a
. Qual é o seu ponto de vista sobre o trabalho (coreografia)
desenvolvido pelo grupo atualmente? Procure apontar pontos positivos e
negativos.
Gostei muito de participar do processo de criação, mesmo que quase tudo
tenha partido do Adilson, mas considerando que o grupo está no início e nossa
experiência com montagem coreográfica é pequena, foi válido o que
aconteceu. Acho que as pessoas do grupo deveriam opinar mais durante os
ensaios (nas diagonais, nas formações) mas acho que esse enriquecimento
vem com o tempo, pois isso caracterizaria mais o grupo como companhia.
Alessandra Tomazini
18 anos
07 de Agosto de 1991
1a
. Você poderia apontar alguns motivos que levaram a fazer parte
desse grupo de dança ?
Minha irmã, Cristiane, fazia parte do grupo e eu fui assistir algumas aulas e
entrei, pois sempre gostei de dança e me interessei pelos estilos que estavam
sendo passados.
2a
. Na sua opinião o que significa dançar?
Dançar é uma arte na qual você tem que se sentir muito bem ao fazê-la, não
deve ser uma coisa imposta, e sim da vontade de cada um.
3a
. Qual é o seu ponto de vista sobre o trabalho (coreografia)
desenvolvido pelo grupo atualmente? Procure apontar pontos positivos e
negativos.
Achei tudo completamente diferente do que já havia feito. Tive experiências
novas e aprendi muito, enfim adorei. Um ponto que não gostei muito foi ter
dançado a segunda apresentação de cabelo preso, mas é um caso para se
discutir e avaliar.
Silvia Gomes
23 anos
07 de Agosto de 1991
1a
. Você poderia apontar alguns motivos que levaram a fazer parte
desse grupo de dança ?
Gosto muito de dançar. Vi nesse grupo a possibilidade de desenvolver esse
“gostar”.
2a
. Na sua opinião o que significa dançar?
Por meu corpo em movimento associado ou não a um elemento externo
(música, etc.). Desenvolver a partir de uma inspiração um trajeto com os
movimentos do meu corpo. Criar sutilezas; ou forças; ou qualquer expressão
pelo movimento.
3a
. Qual é o seu ponto de vista sobre o trabalho (coreografia)
desenvolvido pelo grupo atualmente? Procure apontar pontos positivos e
negativos.
Gosto muito do trabalho. Gosto muito da força que ele contém pela expressão,
pelos movimentos muito lentos, quase levitantes. Não gosto do excesso de
contagens, que não são facilitadas pelas músicas, mas são necessárias
porque gosto dos movimentos e das músicas.
Lílian Miyuki Sakanoue
23 anos
07 de Agosto de 1991
1a
. Você poderia apontar alguns motivos que levaram a fazer parte
desse grupo de dança ?
Vivenciar “dança” o que eu sempre quis fazer e não pude. Conhecer meu
corpo e minhas capacidades, sei lá tudo.
2a
. Na sua opinião o que significa dançar?
Não sei definir. Mover o corpo, soltar em seu ritmo, liberar o seu corpo de
costumes e de posturas que você adquire o dia inteiro. O momento dança é
para mim o momento pausa, no qual eu deixo ele comandar.
3a
. Qual é o seu ponto de vista sobre o trabalho (coreografia)
desenvolvido pelo grupo atualmente? Procure apontar pontos positivos e
negativos.
Interessante. Tudo isso é muito novo para mim, como eu já havia dito. Mas,
achei demais trabalhar com movimentos que se transformam aos poucos
criando corpo e forma até sair o que saiu.
Ana Carolina Gomes
22 anos
07 de Agosto de 1991
1a
. Você poderia apontar alguns motivos que levaram a fazer parte
desse grupo de dança ?
Sempre quis trabalhar com dança.
Pelo trabalho proposto.
Experiência de uma nova vivência corporal.
2a
. Na sua opinião o que significa dançar?
Expressão corporal e movimentos significativos.
3a
. Qual é o seu ponto de vista sobre o trabalho (coreografia)
desenvolvido pelo grupo atualmente? Procure apontar pontos positivos e
negativos.
O trabalho é ótimo. Muito instigante, excitante e que mexe com as pessoas que
assiste, passa muita coisa de bem para alguns e de ruim para outros,
dependendo de cada pessoa é uma interpretação.
Elisa Helena Vilela
22 anos
07 de Agosto de 1991
1a
. Você poderia apontar alguns motivos que levaram a fazer parte
desse grupo de dança ?
Eu adoro dançar. Já tinha ouvido comentários positivos sobre o trabalho do
Adilson e gostei da proposta de trabalho apresentada no início da formação do
grupo.
2a
. Na sua opinião o que significa dançar?
Dançar é um momento de estar comigo mesma, de poder expressar
corporalmente meus sentimentos. Dançar é prazer.
3a
. Qual é o seu ponto de vista sobre o trabalho (coreografia)
desenvolvido pelo grupo atualmente? Procure apontar pontos positivos e
negativos.
Achei um trabalho muito bem estruturado, bonito e profundo. Pontos positivos:
interação do grupo, qualidade da música e figurino. Pontos negativos: falta de
mais trabalho técnico.
X. IMAGENS DOS ENSAIOS NA FEF – UNICAMP E DA APRESENTAÇÃO DO
ESPETÁCULO “FRAGMENTOS DE SONHOS” NA UNIVERSIDADE DE SÃO
PAULO – USP.
XVI NOITES DE DANÇA
24 DE NOVEMBRO DE 1990

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  • 1. Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas Tanz – group : uma abordagem sobre a motivação do corpo coreografado em estudantes de Educação Física Ante projeto de pesquisa sobre o processo de montagem coreográfica em dança. Apresentado por Alexandre Batista Reis sob a orientação do Professor Adilson Nascimento de Jesus CAMPINAS 1991
  • 2. Uma mulher corre em círculos. Atravessa montanhas, florestas, rios, desertos com um brilho nos olhos, um quase sorriso nos lábios de boca entreaberta, para respirar arfante. Vem quase trôpega . Um coração grávido. Alguma beleza grandiosa em si que é ela mesma. E pára diante do homem. Os olhos dela o olham. Ela o chama em seus pensamentos ao mesmo tempo em que o admira. Ela arfa... Adilson Nascimento
  • 3. Palavras chave: dança, motivação para a dança, montagem coreográfica Marco teórico: Mitologia Pessoal. Mitologia. Do grego mythología. O conjunto dos mitos próprios de um povo, de uma civilização, de um povo, de uma civilização, de uma religião: ciência, estudo ou tratado acerca das origens, desenvolvimento e significado deles; o conjunto dos mitos relacionados com um personagem, um fato, uma doutrina, um tema, etc. Mito. Do grego mythos, “fabula”, pelo latim mytho. Representação de fatos ou personagens reais, exagerada pela imaginação popular, pela tradição, etc; imagem simplificada de pessoa ou acontecimento, não raro ilusório, elaborada e aceita de grupos humanos, e que representa significativo papel em seu comportamento; filosoficamente, é a exposição de uma doutrina ou de uma idéia sob forma imaginativa, em que a fantasia sugere e simboliza a verdade que deve ser transmitida, forma de pensamento oposta à do pensamento lógico e científico. O mito é uma narrativa especial, particular, capaz de ser distinguida das demais narrativas humanas. É um discurso, uma fala. É uma forma das sociedades espelharem suas contradições, exprimirem seus paradoxos, dúvidas e inquietações. O mito pode ser visto como uma possibilidade de refletir sobre a existência, o cosmos, as situações estar no mundo ou as relações sociais. O mito carrega consigo uma mensagem que não está dita diretamente. Uma mensagem cifrada. O mito esconde alguma coisa. Essencialmente é dentro deste contexto que nos aprofundaremos quando pensarmos, cada um consigo, em nossa mitologia. Temos nossas mensagens cifradas nos vários elementos que nos são significativos tais como: signo, cores, aromas, imagens, músicas,ações, gestos, falas, roupas, literatura, poesia, pessoas, etc. A idéia é decifrarmo-nos em nossos enigmas pelos nossos símbolos. Por tudo em que nos vemos representados, com tudo com que nos identificamos de alguma forma. As coisas ás quais damos nome e as quais não sabemos que nome dar, por que não carecem de nome mas que permitem uma sensação, o estabelecimento de uma relação. A descoberta é diária. É um exercício para nossa memória, aqui entendida como memória do corpo, memória de si, de sua história, de tudo que lhe é significativo. É um pensar e refletir sobre si mesmo. Recuperar-se. Reviver e projetar-se.
  • 4. I. INTRODUÇÃO Vivemos numa realidade cultural fundida no desenvolvimento histórico influenciada pelo poder. Além de que a modernidade industrial fracionou a vida cotidiana e as relações sociais do homem. Assim sendo, despertei inúmeros problemas – “objetos lúdicos” 1 – a serem investigados na micro-estrutura da Educação Física moderna. Foi aí, quando, integrando o grupo experimental de Dança de Faculdade de Educação Física – UNICAMP, questionei: que impulso “irresistível” nos leva a dançar? A dança, longe de ser somente uma manifestação de cunho artístico, têm relações intrínsecas com a cultura humana desde os primórdios. “A dança é um modo de existir. Não apenas jogo, mas celebração, participação e não espetáculo, a dança esta preás á magia e a religião, ao trabalho e á festa, ao amor e a morte.” 2 Assim como a igreja medieval condenava o jogo, a dança fora condenada, por se tratar de uma manifestação de caráter profano e pecaminoso. Com o final do ostracismo cultural na Idade Média as manifestações lúdicas começam a definir uma fisionomia própria. A industrialização européia submeteu o corpo ao interesse produtivo. Neste contexto, a dança vai expressar a perfeição, os movimentos elaborados, o surgimento de escolas profissionalizantes e de profissionais de uma dança voltada para o espetáculo. II. DELIMITAÇÂO DO PROBLEMA A dança, enquanto fragmento de manifestação existencial, exprime uma comunhão do homem com a natureza e com seus sentimentos (amparo, abrigo, alimentação, etc.). A relação com um grupo de dança voltando para uma montagem coreográfica, deve trazer-nos ao nosso próprio encontro, a ponto de se perguntar constantemente qual é seu significado. 1 Os elementos do fenômeno lúdico, segundo Heloisa T. Brunhns em “A Dinâmica Lúdica” são o jogo, o esporte e a dança. “A essência da atividade lúdica é tentar redimensionar o fenômeno muito além do simples fato de diversão e entretenimento (...) Enfim, é ir buscar o seu significado dentro da produção coletiva dos homens vivendo em sociedade”. 2 GARAUDY, Roger, Dançar a Vida, p.13.
  • 5. II. 1. Local e População A observação foi realizada na sala de dança da FEF – UNICAMP. A população estudada compunha-se basicamente de 12 pessoas na faixa etária de 21 anos. Sendo 4 homens e 8 mulheres. Entretanto a montagem coreográfica foi desenvolvida por 22 pessoas, em sua maioria estudantes de Educação Física da UNICAMP. Excetuando-se: uma estudante de Artes Cênicas, uma estudante de Artes Plásticas, um professor de mestrado de FEAGRI e uma estudante de Educação Física – PUCCAMP. III. DEFINIÇÂO DE TERMOS “A própria palavra dança, em todas as línguas européias – danza, dance, tanz - deriva da raiz tan que, em sânscrito, significa ‘tensã”’. Dançar é vivenciar e exprimir , com o máximo de intensidade, a relação do homem com a natureza, com a natureza, com a sociedade, com o futuro e com seus deuses.” 3 Uma montagem coreográfica é, antes de mais nada, a arte de compor bailados ou de documentar os passos e figuras deles A motivação na dança é dirigida à satisfação de motivos sociais, que segundo Linda L. Davidoff “surgem para satisfazer as necessidades de sentir-se amado, aceito, aprovado e estimado, por exemplo”.4 IV. PLANO DA NATUREZA DO PROBLEMA O problema que a pesquisa procurará responder parte de uma questão central: quais motivos levam um estudante de Educação Física a fazer parte de um grupo de dança? A motivação do corpo coreografado parte do princípio de que o estudante de Educação Física necessita perceber seu corpo em todas as suas formas de 3 GARAUDY, Roger, Dançar a Vida, p.14. 4 DAVIDOFF, Linda L., Introdução à Psicologia, p. 387
  • 6. manifestação motora, dentro do aspecto em que a motricidade realiza o modo do homem se relacionar consigo mesmo. Outra hipótese é que a motivação para a dança pode solidificar as relações, equilibrar o desgaste físico e incidir no crescente stress humano, em função de sua estreita ligação entre a dualidade movimento/emoção. IV. PROCEDIMENTOS A observação foi dividida em duas partes: iniciei-me como participante em maio de 1990 e passei a ser, em meados de setembro do mesmo ano, uma observador- participante, embora meus objetivos em realizar a pesquisa só foram revelados ao grupo posteriormente. Nessa pesquisa pretendo observar, além da coreografia “Fragmentos de Sonhos”, a relação e a motivação do grupo. V. JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS A pesquisa se presta a incentivar o processo de montagem coreográfica, propondo que a mesma se faça presente na vida acadêmica, tendo em vista a experiência realizada em 1990 pelo Grupo Experimental de Dança da FEF- UNICAMP, que se concluiu no espetáculo “Fragmentos de Sonhos”. Resultado de uma intensa relação lúdico-cultural, na qual cada integrante representou uma parte do todo, um fragmento. Para tanto, cada um trouxe o seu corpo, sua motivação, seu desejo e sua mitologia. V.1. Propósito A Pesquisa tem o propósito central de relatar os motivos que levaram estudantes de Educação Física a fazerem parte do citado grupo de dança e seu ponto de vista acerca do trabalho coreográfico.
  • 7. V.2. Interesse Pretendo demonstrar que o processo de montagem coreográfica tem exigências e identificações com algo que acontece no campo individual de cada dançarino- intérprete. É um trabalho fragmentado sim, em função da falta de sentido linear que revela o “quanto somos dentro de um só”. Assim, a referência aos sonhos (fragmentados) parte do envolvimento de cada dançarino-intérprete com a coreografia “Fragmentos de Sonhos”. “Mas a descrição do sonhar, que afinal de contas continua a ser uma função da mente, como um processo somático implica também outro sentido. Destina-se a demonstrar que os sonhos não merecem ser classificados como processos psíquicos. O sonhar tem sido muitas vezes comparado aos dez dedos de uma homem que nada sabe de música deslocando-se ao acaso sobre as teclas de um piano(...)” 5 VI. NATUREZA DA PESQUISA Trata-se de uma pesquisa criativa e não de um estudo de caso. Embora, além de estar confinada para os caminhos da dança, enfoque a motivação do corpo dentro deste objeto lúdico e artístico: a dança. Vale ressaltar que foi feito um estudo qualitativo desenvolvido numa situação natural, onde pude descrever tranqüilamente toda a realidade do grupo (movimentos, exercícios físicos, gestos, expressões e a percepção do corpo). VI.1. OPERAÇÃO Pretendo defender minha tese através dos registros que aplicarei no processo investigativo, dentre eles: questionários, gravações de ensaios em vídeo e fotografias. Utilizarei recursos técnicos particulares ou que constem no patrimônio da FEF (sala de dança, biblioteca, filmadora, aparelhagem de som, máquina fotográfica e computador). 5 FREUD, Sigmund. A Interpretação dos Sonhos, v. 1, p. 99.
  • 8. VI.2. AMOSTRAGEM A análise dos dados obtidos será feita a partir da evolução da montagem coreográfica, gravada em vídeo e fotografada. A apresentação geral da pesquisa pode ser dividida em quatro etapas: 1a . Apresentação do espetáculo “Fragmentos de Sonhos” na Universidade de São Paulo – USP, integrando o evento XVI Noites de Dança, em 24 de novembro de 1990. 2a . Apresentação do espetáculo “Fragmentos de Sonhos” na FEF – UNICAMP, compondo o evento III Coisas da FEF em 05 de dezembro de 1990. 3a . Exposição de fotos e vídeos de espetáculo em local e data a serem marcados. 4a . Debate aberto com professores, alunos e pessoas interessadas sobre o demonstrativo das análises feitas dos registros apresentados. VII. CRONOGRAMA O projeto deverá estar concluído no primeiro semestre de 1993, seguindo o calendário de atividades abaixo discriminado. A monografia final só será realizada após a leitura de avaliação (revisão) no primeiro semestre de 1993. Agosto/Novembro de 1990 1a . Observação-participante de grupo do grupo de dança 2a . Aplicação do primeiro questionário 3a . Registro (manuscritos, fotografias, gravações em VT) Março/Junho de 1991 1a . Observação-participante do grupo de dança 2a . Registro (manuscritos, fotografias, gravações em VT) 3a . Preparação do Ante-Projeto Agosto/Novembro de 1991 1a . Observação não-participante do grupo de dança 2a . Aplicação do segundo questionário 3a . Registros (manuscritos, fotografias, gravações em VT)
  • 9. 4a . Leitura das obras Março/Junho de 1992 1a . Observação não-participante do grupo de dança 2a . Registro (manuscritos) 3a . Análise Crítica das obras Agosto/Novembro de 1992 Redação da monografia. VIII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ALEXANDER, Gerda. Eutonia: um caminho para a percepção corporal. São Paulo: Editora Martins Fontes. 1983. DAVIDOFF, Linda L. Introdução à Psicologia. São Paulo: Editora McGraw-Hill do Brasil. 1983. DELACROIX, Michèle. Expressão Corporal. Lisboa: Editora Compendium. DUSILEK, Darci. A arte da investigação criadora; introdução á metodologia da pesquisa. Rio de Janeiro: Editora Juerp. Rio de Janeiro. 1986. FREUD, Sigmund. A Interpretação dos Sonhos. São Paulo: Editora Círculo do Livro. 1989. GARAUDY, Roger. Dançar a Vida. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1981. JACOB, Ellen. Dancing, The Complete Guide. New York-USA: A danceways book. 1981. LABAN, Rudolf. Domínio do Movimento. São Paulo: Summus. 1978. MENDES, Miriam Garcia. A dança. São Paulo: Editora Ática: Série Princípios. 1985. MINTON,Sandra Cerry. Choreography : a basic approach using improvisation. Human Kinetics Publishers, Inc. Champaign, IL-USA. 1986. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, p.1143. 1986.
  • 10. ROCHA, Everardo P.G. O que é mito. São Paulo: Editora Brasiliense. Coleção Primeiros Passos, p. 7-9. 1986. IX. ENTREVISTAS Adilson Nascimento de Jesus 28 anos 07 de agosto de 1991 1a . Você poderia apontar alguns motivos que levaram a fazer parte desse grupo de dança ? Necessidade e vontade de continuar a dançar. Desejo e vontade de criar um grupo com pessoas desta FEF que, acreditara, tinham e têm um grande potencial artístico a ser explorado. Necessidade de pôr em prática as idéias que já vinha tendo há muito tempo e que valeria investir neles. Por em ação o trabalho de criação junto a outras pessoas com vontade de criar, arriscar e se expor. 2a . Na sua opinião o que significa dançar? Tan (sânscrito) = tenso – derivou Tanz (alemão) = dança. A palavra em si quase não significa nada. Penso na transformação do que sentimos, no que pensamos sobre o que sentimos e no que sentimos e não pensamos em gestos que são tensão; que exigem tensão; que são sem a necessidade do verbo, da palavra, mas tão etéreos quanto ela. Dançar é “dizer” algo sobre si mesmo, e mesmo por todos os homens. É não dizer nada. Sentir e não sentir. Brincar com o espaço/tempo. Uma das formas de ser o que se é. A palavra (dança) se transforma tal qual a ação que ela representa. Não se acaba, não se finda. Cada um que dela se aposse dará sua interpretação, o seu jeito, a sua significação. Como o é com todas as coisas, por mais que tenham um sentido amplo, mineral. Quando está de posse do indivíduo, este faz dela o que quer. Veste-a, e passa a ser por ela e ela por ele. Tensão para a transformação e o aparecimento de uma nova identidade. 3a . Qual é o seu ponto de vista sobre o trabalho (coreografia) desenvolvido pelo grupo atualmente? Procure apontar pontos positivos e negativos. Positivos – trabalharmos com emoção em cada gesto, o que não exige técnica de alto nível. Termos trabalhado com gestos simples. Sermos um grupo quase
  • 11. homogêneo a nível técnico. Pouca experiência artística e a facilidade/disponibilidade em captar as propostas. Negativos – falta de pessoal técnico específico responsável pela organização dos vários momentos do trabalho. Falta de material para uma pesquisa aprofundada sobre os elementos utilizados. Falta de interação com pessoas das áreas de teatro, dança, música, mímica, fotografia, etc. Paulo Nuno Vasquinho 27 anos 07 de agosto de 1991 1a . Você poderia apontar alguns motivos que levaram a fazer parte desse grupo de dança ? A necessidade de voltar a fazer algo que pudesse expressar um pouco do que tenho dentro de mim e colocar prá fora, além do convite e de ter uma curiosidade pessoal em trabalhar com o Adilson fora da sala de aula. 2a . Na sua opinião o que significa dançar? Como já coloquei em um texto, é o transcender físico, é deixar extravasar tudo o que pode ser extravasado do coração para fora, dançar é tentar fazer parte de um todo, conjuntamente as pessoas que querem embarcar nesta viagem, no fundo não sei o que dizer: é o sentir de algo crescer e extrapolar pelos poros e sair para todos os lados, tocar as pessoas. 3a . Qual é o seu ponto de vista sobre o trabalho (coreografia) desenvolvido pelo grupo atualmente? Procure apontar pontos positivos e negativos. Inicialmente não gostei, achei muito pesado o que estava sendo trabalhado e não gostava, saía chateado; depois as coisas começaram a mudar e ficaram mais gostosas. Consegui me encaixar e curti mais, consegui aproveitar as coisas que me aconteciam, e colocar isso pra fora, aproveitando para melhorar a mim e ao papel que executava. Pois, a cada dia era uma viagem diferente. Não conseguia extrapolar assim quando chegavam pessoas que me pareciam limitantes, isso no grupo é bom: sentir barreiras em algumas pessoas e conseguir derrubá-las é bom. Estava aberto a me relacionar com elas, com outras eu tinha dificuldades e com outras, simplesmente, se tornava impossível qualquer contato. Não estava preocupado, mas queria deixar rolar, num momento oportuno isso iria acontecer, não sei, só sei que se trabalharmos em grupo chegaremos a isso.
  • 12. Juliana Martuscelli 23 anos 07 de Agosto de 1991 1a . Você poderia apontar alguns motivos que levaram a fazer parte desse grupo de dança ? Primeiramente o gosto e o prazer que a dança me proporciona e tipo de trabalho que o coordenador-diretor do grupo desenvolve (dança moderna, contemporânea, expressão corporal). 2a . Na sua opinião o que significa dançar? Dançar é se movimentar à sua maneira, no seu tempo e ritmo. É você sentir e fazer movimentos dando a sua própria interpretação para aquele determinado momento. É você e sua expressão. O corpo dança naturalmente e você é natural. 3a . Qual é o seu ponto de vista sobre o trabalho (coreografia) desenvolvido pelo grupo atualmente? Procure apontar pontos positivos e negativos. Como todo trabalho, este teve seus momentos de criação e aprimoramento técnico. A idéia do trabalho foi criada, trabalhada e amadurecida dentro de cada um e, portanto, dentro de uma visão mais individual e introspectiva. O trabalho foi apresentado e sujeitado a críticas e elogios, tanto dentro do próprio grupo como fora. Quem esteve dentro de todo processo e participou ativamente da elaboração da idéia teve uma visão “diferente” daquela dos espectadores, talvez aí o trabalho teve seu ponto “negativo” onde deveria ter sido esclarecido alguns pontos para uma percepção melhor do próprio trabalho, através de uma referência. Fora isso, o trabalho foi desenvolvido com a participação e idéias de todos, como um grupo. Nilson Antonio Modesto Arraes 27 anos 07 de Agosto de 1991 1a . Você poderia apontar alguns motivos que levaram a fazer parte desse grupo de dança ? A experiência do novo, pois até então nunca havia dado vazão “organizada” para as minhas manifestações de Expressão artística (cantando, pintando,
  • 13. esculpindo). A vontade de me relacionar com um grupo que estivesse com a mesmo intenção. 2a . Na sua opinião o que significa dançar? Dançar para mim é manifestar o fogo visceral que, escondido ou não, queima no interior de cada um. Pode parecer um tanto vago este significado, mas não consigo entendê-lo associando ao movimento ou não, gestos ou não, expressão de tônus ou não. Às vezes acho que escultor de mármore dança tanto quanto um dançarino esculpi. 3a . Qual é o seu ponto de vista sobre o trabalho (coreografia) desenvolvido pelo grupo atualmente? Procure apontar pontos positivos e negativos. Com uma palavra, diria, “intenso”. A disposição e percepção dos integrantes que a compõem, é sobremaneira da expressão e a técnica aprimora esta expressão, que dá ao grupo tesão de se manifestar independente de quantos anos já dançaram ou se experienciaram em outras expressões artísticas. Ayrton Quirino 29 anos 07 de Agosto de 1991 1a . Você poderia apontar alguns motivos que levaram a fazer parte desse grupo de dança ? A possibilidade de crescimento interior e anseio de vivenciar novas experiências. Além disso, entrar no grupo me abriu um horizonte de fazer uma coisa que sempre tive dificuldade... dançar. 2a . Na sua opinião o que significa dançar? Dançar pra mim é uma forma de transcender e penetrar no mais profundo dos sentimentos inativos e que poderiam ser expressos no dia-a-dia, porém a nossa vida atribulada é responsável (segundo convenções) e não nos permite. 3a . Qual é o seu ponto de vista sobre o trabalho (coreografia) desenvolvido pelo grupo atualmente? Procure apontar pontos positivos e negativos. A coreografia foi mais do que uma montagem coreográfica. Foi uma recriação a partir de cada criação individual, foi um processo de interação, acima de
  • 14. tudo, entre todos. Este trabalho é o resultado da nossa expressividade trabalhada. Foi bom. Pontos positivos – crescimento interior, interação do grupo, trabalho (e domínio) de algumas técnicas de dança, sentimento conjunto de criação. Pontos negativos – o desinteresse de algumas pessoas (falta de sinceridade), a estrutura da FEF (ainda deixa a desejar), a falta de incentivo e de reconhecimento de algumas organizações, materiais. Fátima Cristina Monis 23 anos 07 de Agosto de 1991 1a . Você poderia apontar alguns motivos que levaram a fazer parte desse grupo de dança ? Antes de qualquer coisa a vontade muito grande de dançar e a oportunidade para tomar contato com esta forma de expressão. 2a . Na sua opinião o que significa dançar? Para mim dançar ultrapassa qualquer conceito mais do que tudo é algo que já está dentro de cada pessoa. Dançar então é a redescoberta destes movimentos, a busca da harmonia do homem com a natureza, o ritmo do vento e das ondas do mar e de tudo o que é vivo. 3a . Qual é o seu ponto de vista sobre o trabalho (coreografia) desenvolvido pelo grupo atualmente? Procure apontar pontos positivos e negativos. O grupo tem muito ainda para caminhar, mas foi uma grande conquista este tempo de trabalho, todos nós tivemos a oportunidade de ter este contato com a dança e poder montar um trabalho a partir desta experiência. Não acredito que haja aspectos negativos, a maioria de nós está iniciando e todo este tempo foi de atividade intensa e procura de uma qualidade de movimentos. O que há muito positivo também é a forma de dançar que estamos seguindo sem o movimento vazio e também a busca da expressão. Jacqueline Balster Martins 23 anos 07 de Agosto de 1991
  • 15. 1a . Você poderia apontar alguns motivos que levaram a fazer parte desse grupo de dança ? Sempre gostei de dança e já conhecia o trabalho do Adilson, quando se iniciou o grupo, de imediato quis participar com a intenção de integrar realmente um grupo e realizar um trabalho que me acrescentasse em termos do universo da dança e das técnicas. 2a . Na sua opinião o que significa dançar? Para mim a dança nas suas mais diversas formas é um meio de se expressar sentimentos, dançar é uma arte cujo instrumento é o corpo colocado nas situações mais criativas possíveis. 3a . Qual é o seu ponto de vista sobre o trabalho (coreografia) desenvolvido pelo grupo atualmente? Procure apontar pontos positivos e negativos. Gostei muito de participar do processo de criação, mesmo que quase tudo tenha partido do Adilson, mas considerando que o grupo está no início e nossa experiência com montagem coreográfica é pequena, foi válido o que aconteceu. Acho que as pessoas do grupo deveriam opinar mais durante os ensaios (nas diagonais, nas formações) mas acho que esse enriquecimento vem com o tempo, pois isso caracterizaria mais o grupo como companhia. Alessandra Tomazini 18 anos 07 de Agosto de 1991 1a . Você poderia apontar alguns motivos que levaram a fazer parte desse grupo de dança ? Minha irmã, Cristiane, fazia parte do grupo e eu fui assistir algumas aulas e entrei, pois sempre gostei de dança e me interessei pelos estilos que estavam sendo passados. 2a . Na sua opinião o que significa dançar? Dançar é uma arte na qual você tem que se sentir muito bem ao fazê-la, não deve ser uma coisa imposta, e sim da vontade de cada um. 3a . Qual é o seu ponto de vista sobre o trabalho (coreografia) desenvolvido pelo grupo atualmente? Procure apontar pontos positivos e negativos.
  • 16. Achei tudo completamente diferente do que já havia feito. Tive experiências novas e aprendi muito, enfim adorei. Um ponto que não gostei muito foi ter dançado a segunda apresentação de cabelo preso, mas é um caso para se discutir e avaliar. Silvia Gomes 23 anos 07 de Agosto de 1991 1a . Você poderia apontar alguns motivos que levaram a fazer parte desse grupo de dança ? Gosto muito de dançar. Vi nesse grupo a possibilidade de desenvolver esse “gostar”. 2a . Na sua opinião o que significa dançar? Por meu corpo em movimento associado ou não a um elemento externo (música, etc.). Desenvolver a partir de uma inspiração um trajeto com os movimentos do meu corpo. Criar sutilezas; ou forças; ou qualquer expressão pelo movimento. 3a . Qual é o seu ponto de vista sobre o trabalho (coreografia) desenvolvido pelo grupo atualmente? Procure apontar pontos positivos e negativos. Gosto muito do trabalho. Gosto muito da força que ele contém pela expressão, pelos movimentos muito lentos, quase levitantes. Não gosto do excesso de contagens, que não são facilitadas pelas músicas, mas são necessárias porque gosto dos movimentos e das músicas. Lílian Miyuki Sakanoue 23 anos 07 de Agosto de 1991 1a . Você poderia apontar alguns motivos que levaram a fazer parte desse grupo de dança ? Vivenciar “dança” o que eu sempre quis fazer e não pude. Conhecer meu corpo e minhas capacidades, sei lá tudo.
  • 17. 2a . Na sua opinião o que significa dançar? Não sei definir. Mover o corpo, soltar em seu ritmo, liberar o seu corpo de costumes e de posturas que você adquire o dia inteiro. O momento dança é para mim o momento pausa, no qual eu deixo ele comandar. 3a . Qual é o seu ponto de vista sobre o trabalho (coreografia) desenvolvido pelo grupo atualmente? Procure apontar pontos positivos e negativos. Interessante. Tudo isso é muito novo para mim, como eu já havia dito. Mas, achei demais trabalhar com movimentos que se transformam aos poucos criando corpo e forma até sair o que saiu. Ana Carolina Gomes 22 anos 07 de Agosto de 1991 1a . Você poderia apontar alguns motivos que levaram a fazer parte desse grupo de dança ? Sempre quis trabalhar com dança. Pelo trabalho proposto. Experiência de uma nova vivência corporal. 2a . Na sua opinião o que significa dançar? Expressão corporal e movimentos significativos. 3a . Qual é o seu ponto de vista sobre o trabalho (coreografia) desenvolvido pelo grupo atualmente? Procure apontar pontos positivos e negativos. O trabalho é ótimo. Muito instigante, excitante e que mexe com as pessoas que assiste, passa muita coisa de bem para alguns e de ruim para outros, dependendo de cada pessoa é uma interpretação.
  • 18. Elisa Helena Vilela 22 anos 07 de Agosto de 1991 1a . Você poderia apontar alguns motivos que levaram a fazer parte desse grupo de dança ? Eu adoro dançar. Já tinha ouvido comentários positivos sobre o trabalho do Adilson e gostei da proposta de trabalho apresentada no início da formação do grupo. 2a . Na sua opinião o que significa dançar? Dançar é um momento de estar comigo mesma, de poder expressar corporalmente meus sentimentos. Dançar é prazer. 3a . Qual é o seu ponto de vista sobre o trabalho (coreografia) desenvolvido pelo grupo atualmente? Procure apontar pontos positivos e negativos. Achei um trabalho muito bem estruturado, bonito e profundo. Pontos positivos: interação do grupo, qualidade da música e figurino. Pontos negativos: falta de mais trabalho técnico.
  • 19. X. IMAGENS DOS ENSAIOS NA FEF – UNICAMP E DA APRESENTAÇÃO DO ESPETÁCULO “FRAGMENTOS DE SONHOS” NA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – USP. XVI NOITES DE DANÇA 24 DE NOVEMBRO DE 1990