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Novo paradigma eco-cósmico
e a teologia. Um diálogo com Leonardo Boff
SOTER 2019 – Prof. Afonso Murad- GT 10
ecologiaefe.blogspot.com
Material provisório, para discussão em grupo
A visão de Leonardo Boff
• Síntese: BOFF, L. Características do novo paradigma
eco-cosmológico in: Lesbaupin,I; Cruz,M. Novos paradigmas para outro
mundo possível. São Paulo: Usina, 2019
• Presente em várias obras de Boff, especialmente: O
Tao da Libertação.
• Pretende apresentar uma leitura unificada do
universo, da história humana e da vida a partir
sobretudo da física quântica. Cosmogênese ->
biogênese -> antropogênese.
• Visa ajudar a travessia para o realmente humano,
amigo da vida, reverente diante da natureza e da
Terra e aberto ao Mistério de todas as coisas.
10 Princípios
(a) totalidade/diversidade;
(b) interdependência, religação e autonomia relativa;
(c) relação/campos de força ou de energia;
(d) complexidade/interioridade;
(e) complementariedade/reciprocidade/caos;
(f) seta do tempo/entropia;
(g) destino comum/pessoal;
(h) bem comum cósmico e particular;
(i) criatividade e destrutividade;
(j) atitude holística e antropocentrismo.
Totalidade/diversidade
• O universo, o sistema Terra, o fenômeno humano
estão em constante evolução.
• Emergem como totalidades orgânicas e
dinâmicas construídas pelas redes das múltiplas
diversidades de energia e de matéria -> Holismo
Interdependência e autonomia relativa
• Todos os seres estão interligados uns com os outros, pois
um precisa do outro para existir e coevoluir ->
solidariedade cósmica de base.
• Todos os seres se encontram envolvidos numa teia de
relações. Fora da relação nada existe -> Campos de força
ou de energia.
• Cada ser goza de autonomia relativa porque possui
sentido e valor em si mesmo, independente do uso que os
humanos fizerem dele.
Complexidade/interioridade
• Tudo vem carregado de energias em diversos graus de
densidade e de interação. Matéria não existe. Ela é
energia altamente condensada e estabilizada e um campo
de grandes interações. Quando menos estabilizada e mais
difusa, mas envolvendo todas as energias, chamamos de
campo energético.
• As informações se originam das relações estabelecidas
entre os seres, desde as partículas mais originárias até a
emergência da vida consciente. Quanto maior for o
acúmulo de informações criando mais e mais ordens
complexas, maior é a interioridade, culminando com a
auto-consciência humana.
Complexidade/interioridade
• O princípio de consciência é igual em todos os seres mas o
modo de realização é diferente. Os seres relacionados entre si
geram a base originária da consciência. Há uma
intencionalidade do universo apontando para uma
interioridade, consciência supremamente complexa -> uma
totalidade consciente, inteligente e auto-organizativa
(A.Goswami, O universo autoconsciente,1998).
• Haveria um fio condutor que atravessa a totalidade do
processo cosmogênico que tudo unifica, que faz o caos
destrutivo ser generativo e a ordem sempre aberta a novas
interações gerando fenômenos cada vez mais complexos.
• A categoria Tao, Javé, Alá, Olorum e Deus heuristicamente
poderiam preencher este significado
Caos, ordem e incompletude
Toda a realidade se dá sob a forma de energia, de
informação e de matéria, de partícula e onda, ordem e
desordem, caos e cosmos e, no nível humano, na forma de
sapiens e de demens.
O processo global está sob a regência da implenitude e
abertura ao futuro.
Entropia e seta para a plenitude
• A seta do tempo confere às relações um caráter de
irreversibilidade. Ele está aberto para frente e para cima.
• Mas a seta termodinâmica do tempo dissipa a energia. Nos
sistemas fechados a entropia coexiste com a evolução
temporal.
• O universo é um sistema aberto que se autocria, se auto-
organiza e continuamente se autotranscende para
patamares mais altos de vida e de ordem. Estes escapam
da entropia e o abrem para o Mistério de uma vida sem
entropia e absolutamente dinâmica.
Destino comum e pessoal
• Origem comum + estamos todos interligados -> formamos
uma comunidade de destino, para um futuro aberto.
• Dentro dele se situa o destino pessoal e de cada ser, já que
em cada ser culmina o processo evolucionário.
• Como será este futuro e qual o nosso destino terminal?
Está no âmbito do Mistério e do Imprevisível.
Bem Comum Cósmico e humano
• O bem comum compreende toda a comunidade de vida,
planetária e cósmica.
• Tudo o que existe e vive merece existir, viver e conviver.
• O bem comum particular emerge da dinâmica do bem
comum universal.
A singularidade humana:
criatividade e destrutividade
• O ser humano é extremamente complexo e co-criativo.
Intervém na natureza para seu uso sustentável ou para a sua
exploração irracional.
• Como observador inter-age com tudo o que está à sua volta e
isso faz colapsar a função de onda que se solidifica em
partícula material (princípio de indeterminabilidade de
Heisenberg). Ele entra na constituição do mundo assim como
se apresenta, como realização de probabilidades quânticas
(partícula/onda).
• É ético: pode pesar os prós e os contras, agir para além da
lógica do próprio interesse e em favor do interesse dos seres
mais débeis, ou agredir a natureza e dizimar espécies.
Atitude holístico-ecológica
• Essa cosmovisão da ecologia integral supera o antropocentrismo
egóico da modernidade.
• Favorece sermos cada vez mais singulares e, ao mesmo tempo,
solidários, complementares e criadores.
• Estamos em sinergia com o inteiro universo, cujo termo final se
oculta no Mistério, no campo da impossibilidade humana.
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palavra, Deus.
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• A aproximação das categorias evolutivas e
cosmológicas com a antropologia e a teologia
estão presentes em:
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mente)
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relação com o cosmos.
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ética, a espiritualidade e a escatologia.
Reflexão crítica: os limites
• Até que ponto o princípio da energia em
movimento ascendente dá conta de compreender
os complexos fenômenos históricos e os
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iniquidade? É somente entropia e força
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Novo paradigma ecocosmico e a teologia

  • 1. Novo paradigma eco-cósmico e a teologia. Um diálogo com Leonardo Boff SOTER 2019 – Prof. Afonso Murad- GT 10 ecologiaefe.blogspot.com Material provisório, para discussão em grupo
  • 2. A visão de Leonardo Boff • Síntese: BOFF, L. Características do novo paradigma eco-cosmológico in: Lesbaupin,I; Cruz,M. Novos paradigmas para outro mundo possível. São Paulo: Usina, 2019 • Presente em várias obras de Boff, especialmente: O Tao da Libertação. • Pretende apresentar uma leitura unificada do universo, da história humana e da vida a partir sobretudo da física quântica. Cosmogênese -> biogênese -> antropogênese. • Visa ajudar a travessia para o realmente humano, amigo da vida, reverente diante da natureza e da Terra e aberto ao Mistério de todas as coisas.
  • 3. 10 Princípios (a) totalidade/diversidade; (b) interdependência, religação e autonomia relativa; (c) relação/campos de força ou de energia; (d) complexidade/interioridade; (e) complementariedade/reciprocidade/caos; (f) seta do tempo/entropia; (g) destino comum/pessoal; (h) bem comum cósmico e particular; (i) criatividade e destrutividade; (j) atitude holística e antropocentrismo.
  • 4. Totalidade/diversidade • O universo, o sistema Terra, o fenômeno humano estão em constante evolução. • Emergem como totalidades orgânicas e dinâmicas construídas pelas redes das múltiplas diversidades de energia e de matéria -> Holismo
  • 5. Interdependência e autonomia relativa • Todos os seres estão interligados uns com os outros, pois um precisa do outro para existir e coevoluir -> solidariedade cósmica de base. • Todos os seres se encontram envolvidos numa teia de relações. Fora da relação nada existe -> Campos de força ou de energia. • Cada ser goza de autonomia relativa porque possui sentido e valor em si mesmo, independente do uso que os humanos fizerem dele.
  • 6. Complexidade/interioridade • Tudo vem carregado de energias em diversos graus de densidade e de interação. Matéria não existe. Ela é energia altamente condensada e estabilizada e um campo de grandes interações. Quando menos estabilizada e mais difusa, mas envolvendo todas as energias, chamamos de campo energético. • As informações se originam das relações estabelecidas entre os seres, desde as partículas mais originárias até a emergência da vida consciente. Quanto maior for o acúmulo de informações criando mais e mais ordens complexas, maior é a interioridade, culminando com a auto-consciência humana.
  • 7. Complexidade/interioridade • O princípio de consciência é igual em todos os seres mas o modo de realização é diferente. Os seres relacionados entre si geram a base originária da consciência. Há uma intencionalidade do universo apontando para uma interioridade, consciência supremamente complexa -> uma totalidade consciente, inteligente e auto-organizativa (A.Goswami, O universo autoconsciente,1998). • Haveria um fio condutor que atravessa a totalidade do processo cosmogênico que tudo unifica, que faz o caos destrutivo ser generativo e a ordem sempre aberta a novas interações gerando fenômenos cada vez mais complexos. • A categoria Tao, Javé, Alá, Olorum e Deus heuristicamente poderiam preencher este significado
  • 8. Caos, ordem e incompletude Toda a realidade se dá sob a forma de energia, de informação e de matéria, de partícula e onda, ordem e desordem, caos e cosmos e, no nível humano, na forma de sapiens e de demens. O processo global está sob a regência da implenitude e abertura ao futuro.
  • 9. Entropia e seta para a plenitude • A seta do tempo confere às relações um caráter de irreversibilidade. Ele está aberto para frente e para cima. • Mas a seta termodinâmica do tempo dissipa a energia. Nos sistemas fechados a entropia coexiste com a evolução temporal. • O universo é um sistema aberto que se autocria, se auto- organiza e continuamente se autotranscende para patamares mais altos de vida e de ordem. Estes escapam da entropia e o abrem para o Mistério de uma vida sem entropia e absolutamente dinâmica.
  • 10. Destino comum e pessoal • Origem comum + estamos todos interligados -> formamos uma comunidade de destino, para um futuro aberto. • Dentro dele se situa o destino pessoal e de cada ser, já que em cada ser culmina o processo evolucionário. • Como será este futuro e qual o nosso destino terminal? Está no âmbito do Mistério e do Imprevisível.
  • 11. Bem Comum Cósmico e humano • O bem comum compreende toda a comunidade de vida, planetária e cósmica. • Tudo o que existe e vive merece existir, viver e conviver. • O bem comum particular emerge da dinâmica do bem comum universal.
  • 12. A singularidade humana: criatividade e destrutividade • O ser humano é extremamente complexo e co-criativo. Intervém na natureza para seu uso sustentável ou para a sua exploração irracional. • Como observador inter-age com tudo o que está à sua volta e isso faz colapsar a função de onda que se solidifica em partícula material (princípio de indeterminabilidade de Heisenberg). Ele entra na constituição do mundo assim como se apresenta, como realização de probabilidades quânticas (partícula/onda). • É ético: pode pesar os prós e os contras, agir para além da lógica do próprio interesse e em favor do interesse dos seres mais débeis, ou agredir a natureza e dizimar espécies.
  • 13. Atitude holístico-ecológica • Essa cosmovisão da ecologia integral supera o antropocentrismo egóico da modernidade. • Favorece sermos cada vez mais singulares e, ao mesmo tempo, solidários, complementares e criadores. • Estamos em sinergia com o inteiro universo, cujo termo final se oculta no Mistério, no campo da impossibilidade humana. • O impossível acontece: a Fonte originária de todo Ser, numa palavra, Deus.
  • 14. Reflexão crítica: os avanços • A aproximação das categorias evolutivas e cosmológicas com a antropologia e a teologia estão presentes em: -Gregory Bateson (Passos para uma ecologia da mente) -Fritjof Capra (A teia da Vida) -Teillard de Chardin (O fenômeno Humano) -Juan Luis Segundo (Pecado, Graça e entropia) • Ela ajuda a explicar a realidade humana e sua relação com o cosmos. • Abre novas chaves para a antropologia teológica, a ética, a espiritualidade e a escatologia.
  • 15. Reflexão crítica: os limites • Até que ponto o princípio da energia em movimento ascendente dá conta de compreender os complexos fenômenos históricos e os movimentos culturais, religiosos e políticos conservadores e destruidores? • Como compreender o mistério do mal e da iniquidade? É somente entropia e força dissipadora? • Como articular a física quântica com os movimentos históricos? • Outras questões para aprofundar na reflexão...