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Edição em 92 tópicos da versão preliminar integral do livro de Augusto de
Franco (2011), FLUZZ: Vida humana e convivência social nos novos mundos
altamente conectados do terceiro milênio




                            86
             (Corresponde ao primeiro tópico do Capítulo 11,
             intitulado Bem-vindos aos novos mundos-fluzz)




                     Quebrando as cadeias

Mundos sociais criam-se a si mesmos à medida que se desenvolvem = fluzz

É incrível como ficávamos – no mundo único – presos aos conteúdos.
Achávamos que eram os conteúdos que podiam fazer a diferença. Foi uma
consequência trágica de seis milênios de ensino (quer dizer, da
programação das mentes efetuada por alguma organização hierárquica – e
todas elas, como vimos, são escolas): o conteúdo é um ensinamento.

Do conteúdo para a consciência foi um pulo, ou melhor, um deslizamento
(epistemológico). A consciência que queríamos que os outros tivessem
deveria surgir quando eles entrassem em contato com determinados
conteúdos (que às vezes chamávamos de “conhecimento”). E aí nos
esforçávamos para construir, organizar e transferir conhecimentos para os
outros. Assim nos tornamos programadores (replicadores) do velho mundo.
Fomos programados para ser replicadores: enfiadores de conteúdos na
cabeça dos outros.

Da consciência para a ética ocorreu outro deslizamento. A ética que
queríamos que os outros tivessem era, no fundo, conquanto muitos se
esforçassem por negar tal evidência, um conjunto de valores (conteúdos)
que viravam normas para direcionar comportamentos. Mas valor – do jeito
que foi tomado, de modo genérico – virou uma palavra tola. Valor é o que é
valorizado por alguém e compartilhado pelos que estão em interação com
esse alguém. Não pode existir um valor acima, ou antes, da interação de
alguns, que deva valer para todos. E essas idéias que chamávamos de
valores não podiam mudar comportamentos: como se, inoculados por elas,
passássemos a agir de modo correto ou mais “consciente”. Consciência
(entendida nesse sentido deslizado, como conhecimento de um conteúdo ou
mesmo, em termos mais sofisticados, como localização da reflexividade no
sujeito que sabe que sabe) não pode mudar comportamentos. Pela
milésima vez: somente comportamentos mudam comportamentos.

Quase tudo no velho mundo hierárquico girava em torno de conteúdos. Mas
a grande descoberta que acompanhou a geração dos Highly Connected
Worlds foi que o comportamento das redes sociais não depende de
conteúdos. Sua fenomenologia é interativa. E todas as formas de interação
que foram descobertas pela nova ciência das redes revelaram a mesma
coisa: nada a ver com conteúdos. Clustering, swarming, cloning, crunching
– nenhuma dessas coisas tem a ver com conteúdo. Não têm a ver com
ensinamento (replicação) e sim com aprendizagem (criação). Aprendizagem
coletiva que reflete o metabolismo pelo qual os mundos sociais criam-se a si
mesmos à medida que se desenvolvem = fluzz.

Quando, a partir dessas descobertas, começamos a quebrar as cadeias,
deixando as forças do aglomeramento atuarem, o enxamento agir, a
imitação exercer o seu papel e os mundos se contrairem, os novos mundos
altamente conectados começaram a vir à luz.




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Fluzz pilulas 86

  • 1. Em pílulas Edição em 92 tópicos da versão preliminar integral do livro de Augusto de Franco (2011), FLUZZ: Vida humana e convivência social nos novos mundos altamente conectados do terceiro milênio 86 (Corresponde ao primeiro tópico do Capítulo 11, intitulado Bem-vindos aos novos mundos-fluzz) Quebrando as cadeias Mundos sociais criam-se a si mesmos à medida que se desenvolvem = fluzz É incrível como ficávamos – no mundo único – presos aos conteúdos. Achávamos que eram os conteúdos que podiam fazer a diferença. Foi uma consequência trágica de seis milênios de ensino (quer dizer, da programação das mentes efetuada por alguma organização hierárquica – e todas elas, como vimos, são escolas): o conteúdo é um ensinamento. Do conteúdo para a consciência foi um pulo, ou melhor, um deslizamento (epistemológico). A consciência que queríamos que os outros tivessem deveria surgir quando eles entrassem em contato com determinados
  • 2. conteúdos (que às vezes chamávamos de “conhecimento”). E aí nos esforçávamos para construir, organizar e transferir conhecimentos para os outros. Assim nos tornamos programadores (replicadores) do velho mundo. Fomos programados para ser replicadores: enfiadores de conteúdos na cabeça dos outros. Da consciência para a ética ocorreu outro deslizamento. A ética que queríamos que os outros tivessem era, no fundo, conquanto muitos se esforçassem por negar tal evidência, um conjunto de valores (conteúdos) que viravam normas para direcionar comportamentos. Mas valor – do jeito que foi tomado, de modo genérico – virou uma palavra tola. Valor é o que é valorizado por alguém e compartilhado pelos que estão em interação com esse alguém. Não pode existir um valor acima, ou antes, da interação de alguns, que deva valer para todos. E essas idéias que chamávamos de valores não podiam mudar comportamentos: como se, inoculados por elas, passássemos a agir de modo correto ou mais “consciente”. Consciência (entendida nesse sentido deslizado, como conhecimento de um conteúdo ou mesmo, em termos mais sofisticados, como localização da reflexividade no sujeito que sabe que sabe) não pode mudar comportamentos. Pela milésima vez: somente comportamentos mudam comportamentos. Quase tudo no velho mundo hierárquico girava em torno de conteúdos. Mas a grande descoberta que acompanhou a geração dos Highly Connected Worlds foi que o comportamento das redes sociais não depende de conteúdos. Sua fenomenologia é interativa. E todas as formas de interação que foram descobertas pela nova ciência das redes revelaram a mesma coisa: nada a ver com conteúdos. Clustering, swarming, cloning, crunching – nenhuma dessas coisas tem a ver com conteúdo. Não têm a ver com ensinamento (replicação) e sim com aprendizagem (criação). Aprendizagem coletiva que reflete o metabolismo pelo qual os mundos sociais criam-se a si mesmos à medida que se desenvolvem = fluzz. Quando, a partir dessas descobertas, começamos a quebrar as cadeias, deixando as forças do aglomeramento atuarem, o enxamento agir, a imitação exercer o seu papel e os mundos se contrairem, os novos mundos altamente conectados começaram a vir à luz. 2