A disciplina examina a educação na dimensão da socialização, processo que oferece elementos
fundamentais para compreensão da especificidade da ação da escola ao lado de outras instituições
educativas - família, mídia, sistemas religiosos, grupos de pares - presentes na formação dos
indivíduos na sociedade contemporânea. As principais mudanças da educação escolar brasileira nas
últimas décadas serão examinadas tendo em vista uma melhor compreensão dos processos de sua
democratização e de seus limites, uma vez que a universalização do acesso à cultura escolar ainda não
ocorreu em nosso território. Esses temas serão examinados a partir de situações e de problemas que
mobilizem o interesse dos alunos, de modo a examinar possibilidades mais adequadas de intervenção
no âmbito da ação docente.
1. Educação e Juventudes
Educação e Juventudes
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS DA EDUCAÇÃO: ENFOQUE SOCIOLÓGICO - NOTURNO - 2024.1
Prof. Jonathan Martins
2. Capítulo 1. Aproximando-se do
conceito de juventude
Capítulo 1. Aproximando-se do
conceito de juventude
ONU, OMS, ECA: definições formais
● Faixas de idade
● Referência para elaboração de diagnósticos,
levantamento de dados quantitativos e formulação
de políticas públicas
● Uso comum: indistinção entre juventude e
adolescência ○ Imprecisão conceitual
CORTI, Ana Paula; SOUZA, Raquel. Diálogos com o
mundo juvenil: subsídios para educadores. São
Paulo: Ação Educativa, 2004.
3. •Organização Mundial de
Saúde - OMS –
indivíduos entre 10 e 19
anos (adolescência);
•Organização das
Nações Unidas –
indivíduos com idade
entre 15 e 24 anos
(juventude);
Juventudes
ECA
•Estatuto da Criança e
do Adolescente – 12 a 18
anos;
OMS ONU
juventude é uma categoria
sociológica que representa um
período de preparação para [os
jovens] assumirem o papel de
adultos na sociedade e
corresponde ao período dos 15
aos 24 anos de idade
Política Nacional de
Juventude
jovem é todo cidadão da faixa etária
entre os 15 e os 29 anos, divididos em 3
grupos: de 15 a 17 anos, denominados
como jovens-adolescentes; de 18 a 24
anos, como jovens-jovens; e jovens da
faixa dos 25 a 29 anos, como jovens-
adultos.
OMS
4. Juventudes e adolescências
aspectos sociais, mais
abrangentes >> GERAÇÃO
Objeto da SOCIOLOGIA
abrange diferentes fases /
faixas etárias e experiências
JUVENTUDE
aspectos individuais >>
SUBJETIVIDADE
Objeto da PSICOLOGIA
1ª fase da juventude
ADOLESCÊNCIA
5. “A classe social do indivíduo, sua condição étnica e de
gênero, sua presença ou não no mercado de trabalho e na
escola, seu local de moradia - urbano ou rural - sua
situação familiar e sua orientação religiosa são fatores,
entre outros, que vão diferenciando internamente esse
grupo que chamamos de juventude. E à medida em que nos
aproximamos ainda mais da realidade social, vamos
percebendo que estas clivagens tendem a aumentar,
inclusive no interior dos grupos étnicos, das classes sociais
e assim por diante” (P. 14).
6. Em todas as sociedades há alguma forma de classificação das fases da vida
Classificação não é exclusivamente biológica
●Estado Moderno: ligação entre juventude e nação
●“Uniformização”: juventude como categoria social
ocidental
●Início da Id. Moderna: juventude >> burguesia
●Capitalismo: jovem é quem pode protelar a sua
entrada no universo produtivo
●Ampliação da escolarização: juventude se estende
para as classes populares
●Juventude: ○moratória ○preparação ○espera
●Definição calcada nas experiências das classes altas e
médias
CONCEPÇÃO MODERNA
●Descronologização
●Juventude: modelo cultural ○Valores ○Estilo de vida
●Fluidez / complexidade
○Constante transformação e disputa de sentidos
●Não há mais lugar para os rituais de passagem
○Indefinição dos lugares sociais
● Rituais modernos variam conforme as condições sociais, regionais, econômicas, etc ○
Não tem mais o mesmo peso social
●Ambiguidade: direitos e deveres
●Quando termina a juventude?
●Adiamento da vida adulta
●Não simultaneidade: vida profissional / casamento / filhos
●Dinamismo: mudanças sociais >> mudanças nas concepções de juventude
Final do séc. XX
7. “Ser jovem implica possuir determinadas características e
exercer certos papéis sociais. Como as sociedades não
são iguais umas às outras, os papéis sociais atribuídos aos
jovens variam entre elas - e dentro delas”. (p. 22)
8. JUVENTUDE E TRANSIÇÃO
MUNDO INFANTIL MUNDO ADULTO
JUVENTUDE E TRANSIÇÃO
MUNDO INFANTIL MUNDO ADULTO
“A indefinição de não ser criança nem
adulto leva a sociedade a olhar os jovens
essencialmente pelo que eles não são, e
dificulta uma compreensão da juventude
como fase da vida que tenha sentido em si
mesma.” (p. 23)
● Juventude não é só transição
● Viver o próprio tempo
○ Construção de sentidos no presente
● Desafios para ESCOLA e FAMÍLIA
9. Juventude e mudança social
Juventude e mudança social
● Dupla dimensão:
○ Integração: maior facilidade de
adaptação às mudanças da sociedade
contemporânea
○ Ruptura: maior tendência de
questionamento
● Chegar depois em um mundo já pronto
○ Maior desapego e estranhamento
○ Desenraizamento
○ Questionamento
10. ●Ampliação das relações e referências
○Descoberta da individualidade
●Adolescência: uso de instrumentos da
vida adulta
●Confronto entre as imagens de si e as
imagens atribuídas
●Identidade: orientação para a vida
Construção de identidades
●Expansão do jovem no mundo social
○capacidade de autodeterminação
●Autonomia relativa:
○limites do contexto social
○oportunidades
○raça, gênero e classe
Autonomia
11. UBERIZAÇÃO E JUVENTUDE
PERIFÉRICA: Desigualdades,
autogerenciamento e novas
formas de controle do trabalho
UBERIZAÇÃO E JUVENTUDE
PERIFÉRICA: Desigualdades,
autogerenciamento e novas
formas de controle do trabalho
A uberização é definida como novo tipo de controle e
gerenciamento do trabalho associado a um processo
de informalização, que leva à consolidação do
trabalhador sob demanda. A partir do trabalho de
bikeboys e motoboys, discute-se a participação de
jovens negros nesse tipo de trabalho, à luz do
gerenciamento algorítmico e do controle centralizado de
modos de vida periféricos. Analisam-se as condições
de trabalho dos entregadores e sua organização
política durante a pandemia de Covid-19.
Ludmila C. Abilio
Desde 2017 atua
principalmente com a
consolidação do tema da
Uberização do trabalho no
Brasil, definindo-a como uma
nova forma de gestão,
organização e controle do
trabalho.
Ludmila C. Abilio
Desde 2017 atua
principalmente com a
consolidação do tema da
Uberização do trabalho no
Brasil, definindo-a como uma
nova forma de gestão,
organização e controle do
trabalho.
12. Definição: Novo tipo de controle e gerenciamento do trabalho associado
à informalização.
Características:
Trabalhador sob demanda: Disponível para o trabalho, mas utilizado
apenas conforme a demanda.
Just-in-time worker: Sem garantias estáveis de remuneração ou
direitos.
Autogerenciamento subordinado: Não é empreendedorismo; é um
autogerenciamento precário.
O que é Uberização?
O que é Uberização?
13. Entregadores Ciclistas por Aplicativo (Bikeboys):
Jovens negros e periféricos.
Materializam a uberização.
Atividade tipicamente juvenil e precária.
Gerenciamento Algorítmico e Controle Centralizado:
Análise da participação desses jovens no trabalho
uberizado.
Impacto do gerenciamento algorítmico em suas
vidas.
Discussão sobre condições de trabalho e
resistência política durante a pandemia de Covid-19
Juventudes Periféricas e Uberização
Juventudes Periféricas e Uberização
14. Despojamento de Direitos:
Trabalhadores uberizados enfrentam falta de garantias e proteções.
Riscos e custos da atividade recaem sobre eles.
Trabalhador Just-in-time:
Sem estabilidade na remuneração.
Parte do gerenciamento do trabalho transferida para o trabalhador.
Uberização e Educação:
Como a uberização afeta a educação e as perspectivas de jovens
periféricos?
Possíveis estratégias de resistência e organização
Desafios e Reflexões
Desafios e Reflexões
15. QUEM DEFENDE A CRIANÇA QUEER?
QUEM DEFENDE A CRIANÇA QUEER?
Preciado critica a noção de uma
“criança-a-ser-protegida”, que
permite aos adultos naturalizar a
norma heterossexual.
Os defensores dessa ideia
constroem uma imagem de criança
presumidamente heterossexual e
com gênero normatizado.
Paul B. Preciado
Filósofo e escritor
transgênero e feminista
Universidade de Princeton
Paul B. Preciado
Filósofo e escritor
transgênero e feminista
Universidade de Princeton
16. Argumento Central: O direito da criança a ter um pai e uma mãe é
frequentemente utilizado como justificativa para limitar os direitos dos
homossexuais.
Heterocratas: Grupos que defendem a hegemonia heterossexual e oprimem
minorias sexuais e de gênero.
Criança Queer: A figura política construída pelos defensores da infância,
presumidamente heterossexual e com gênero normatizado.
Ausência de Resistência: A criança é privada de resistência e livre
autodeterminação de gênero e sexualidade
O Discurso da Proteção à Criança
O Discurso da Proteção à Criança
17. Direitos da Criança Diferente: Quem defende os direitos da criança que
gosta de usar rosa, sonha em se casar com sua melhor amiga ou deseja
mudar de gênero?
Infância Queer: Uma infância que não se encaixa nas normas
heterossexuais e de gênero.
Resistência e Autodeterminação: Propor uma forma de governo das
crianças que respeite sua diversidade e autonomia
Desconstruindo o Discurso
Desconstruindo o Discurso
18. Desconstruindo o Discurso
Desconstruindo o Discurso
A infância não é homogênea; há
diversas infâncias.
A educação deve ser inclusiva,
respeitando a diversidade de
identidades e experiências.
A juventude é um espaço de potencial
transformação e resistência.
19. A experiência e as percepções de
jovens na vida escolar na
encruzilhada das aprendizagens: o
conhecimento, a indisciplina, a
violência
A experiência e as percepções de
jovens na vida escolar na
encruzilhada das aprendizagens: o
conhecimento, a indisciplina, a
violência
A juventude como categoria social
dinâmica.
A escola como espaço central na
vida dos jovens.
SPOSITO, Marilia Pontes e GALVÃO, Izabel. A experiência
e as percepções de jovens na vida escolar na
encruzilhada das aprendizagens: o conhecimento, a
indisciplina, a violência. Revista Perspectiva. Universidade
Federal de Santa Catarina. Florianópolis: Editora da UFSC,
volume 22, n.2, 2004.
Este artigo retrata parte de pesquisa,
empreendida entre 2001 e 2002 na cidade
de São Paulo, sobre a vida dos jovens
estudantes do ensino médio de escolas
públicas em um quadro de alterações
sociais mais abrangentes da sociedade
brasileira. Examina-se o modo como estes
alunos constroem uma experiência no
cotidiano escolar cada vez mais situado na
confluência de dois processos sociais
complexos: de um lado, asrelações com a
escolaridade em contexto de expansão das
matrículas da educação básica e, ao
mesmo tempo, de crise das possibilidades
de mobilidade social via escola;de outro, a
disseminação da indisciplina, da violência e
da insegurança na vida escolar,
experiências que conformam práticas e a
construção da identidade pessoal.
20. “A juventude não é uma categoria
estática e está sempre ligada ao
contexto histórico e social do seu
tempo, está sempre se renovando.”
Reflexões sobre múltiplos caminhos
percorridos pela pesquisa sobre os
jovens no Brasil.
Juventude
●Expansão do jovem no mundo social
○capacidade de autodeterminação
●Autonomia relativa:
○limites do contexto social
○oportunidades
○raça, gênero e classe
Autonomia
21. Refere-se às vivências dos
jovens no ambiente escolar.
Inclui aprendizagens, relações
interpessoais e desafios
enfrentados.
Manifesta-se de diversas
formas na escola: física, verbal,
psicológica.
Afeta tanto os jovens quanto os
educadores.
Juventude
A juventude é uma categoria
social dinâmica, sempre ligada
ao contexto histórico e social.
Representa um período de
transição e busca por
identidade.
Experiência
Escolar
Violência
Comportamentos desviantes ou
que vão contra as normas
escolares.
Pode incluir a quebra de regras,
resistência à autoridade e falta
de comprometimento.
“A experiência escolar é um terreno fértil para a
construção de conhecimentos e identidades.”
“A indisciplina muitas vezes reflete a busca dos
jovens por autonomia e reconhecimento.”
“A violência na escola pode prejudicar o
desenvolvimento dos jovens e minar a confiança
no ambiente educacional.”
Indisciplina
22. Como a ampliação do acesso à
educação nas escolas públicas
brasileiras nos últimos anos
mudou os alunos, o jeito como
as escolas funcionam e o que os
alunos pensam sobre como é
estudar nelas?
Como os comportamentos de
humilhação e falta de respeito
entre alunos e professores
afetam
a maneira como aprendemos e
ensinamos na escola?
Qual a relação entre a rápida
urbanização das cidades do
Brasil e a democratização do
acesso a educação? Antes dessa
transição demográfica rápida
que aconteceu nos anos 70,
como era a distribuição do
acesso à educação?
Quais os possíveis impactos no
processo de formação
educacional de
adolescentes entregadores
uberizados?
Quais papéis e atitudes pode
tomar o professor diante de
problemas de origem
social e econômica, ou seja, que
apesar da afetarem a
convivência em sala de aula
e o aprendizado não se referem
ou podem ser resolvidos
imediatamente dentro
dela, como o trabalho juvenil
desregulado e uberificado e as
condições precárias às
quais sobrevivem vários dos
alunos da rede pública?
Sobre o tema da justiça escolar
inserido na seara das regras
escolares temos que a
maioria dos alunos – em
qualquer turno – não se sentem
participantes das construções
de tais regras. Considerando
que constitucionalmente a
escola deve educar para a
cidadania, esta falta de
percepção dos estudantes não
demonstra um abismo na
construção de cidadãos
conscientes de sua posição
dentro do debate democrático?
Os século XX e XXI são
conhecidos pelos avanço sociais
nas questões relacionadas a
identidade e sexualidade, no
entanto, a garantia e a proteção
de uma sociedade
heteronormativa perdura até os
dias de hoje. Se um aluno
(alune) vai na contramão
do ideal de
heteronormatividade no
cotidiano escolar, isso pode
invisibilizar e
dificultar na construção das
suas relações sociais no
ambiente escolar?
Analisando o conceito de
juventude apresentado por Ana
Paula Corti e Raquel
Souza e a relação entre a
juventude periférica e a
economia da Uberização, como
esses jovens lidam com as
desigualdades sociais e as novas
formas de controle do
trabalho? Como a educação
pode contribuir para
empoderar esses jovens
periféricos
e promover uma maior
equidade no acesso às
oportunidades educacionais e
profissionais?