O documento descreve a vida e obra de Allan Kardec, o codificador da Doutrina Espírita. Kardec realizou estudos sistemáticos dos fenômenos espíritas através do método científico, publicando obras fundamentais como O Livro dos Espíritos e O Livro dos Médiuns. Sua dedicação à pesquisa espírita enfrentou resistências, mas contribuiu para esclarecer muitas pessoas sobre a natureza do mundo espiritual.
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Professor, escritor e membro de
diversas sociedades científicas, foi
um dos primeiros pesquisadores a
propor uma investigação científica
dos fenómenos mediúnicos,
tornando-se um influente
intelectual na Europa durante a
segunda metade daquele século e
no Brasil a partir do século XX.
Allan Kardec foi um pensador
arrojado, inovador, metódico, e
filósofo sábio, clarividente e
profundo e um trabalhador
obstinado,.
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Nasceu em Lyon, em 03 de outubro de 1804 tendo sido batizado com o nome de Hyppolite
Léon Denizard Rivail.
Estudou em Yverdun, na Suiça, na escola de professor Pestalozzi.
Mais tarde, obteve o grau de bacharel em letras e em ciências sendo também um linguista
importante que conhecia a fundo e falava corretamente o alemão, o inglês, o italiano, o
espanhol e o holandês.
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Fundou na R. Sevres, em
Paris um estabelecimento de
ensino nos moldes do de
Pestalozzi.
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Fazia a contabilidade de casas comerciais, e, terminado o seu
dia, ao serão, escrevia gramáticas, aritméticas, livros para
estudos pedagógicos superiores e fazia traduções de obras
inglesas e alemãs.
Organizou também em sua casa, à rua de Sèvres, cursos
gratuitos de química, física, astronomia e anatomia comparada
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Membro de várias sociedades científicas:
Sociedade de Encorajamento para a Indústria Nacional;
Sociedade Real de Emulação e de Agricultura do Departamento de
l’Ain;
Sociedade de Previdência dos Chefes de Instituição e Mestres de
Pensão em Paris;
Sociedade Gramatical;
Academia da Indústria Agrícola, Manufatureira e Comercial;
Sociedade de Educação Nacional;
Sociedade Francesa de Estatística Universal;
Academia de Arras: Sociedade Real de Ciências, Letras e Artes;
Instituto Histórico;
Sociedade de Ciências Naturais da França;
Instituto de Línguas;
Sociedade Frenológica de Paris, sociedade se dedicava ao estudo da
anatomia humana e comparada do sistema nervoso;
Sociedade para a Instrução Elementar,
e provavelmente também da Sociedade de Magnetismo de Paris.
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Extremamente bem preparado para a tarefa dificílima
que ia ter que desempenhar .
A educação recebida, os hábitos de estudo, trabalho, de
juízo reto e da observação metódica dos factos também
contribuíram para o êxito da sua missão.
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Em 1854, Rivail ouviu pela primeira vez falar nas mesas
girantes, por intermédio do Sr. Fortier:
“Eis aqui uma coisa que é bem mais extraordinária: não
somente se faz girar uma mesa, magnetizando-a, mas também
se pode fazê-la falar. Interroga-se, e ela responde.”
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Rivail respondeu:
“- Isso é uma outra questão; eu acreditarei quando vir e
quando me tiverem provado que uma mesa tem cérebro para
pensar, nervos para sentir, e que se pode tornar sonâmbula.
Até lá, permita-me que não veja nisso senão uma fábula para
provocar o sono.”
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Em maio de 1855, em casa da Sr.ª Plainemaison, Rivail
assistiu pela primeira vez aos fenómenos das mesas girantes.“
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“Foi aí, pela primeira vez, que testemunhei o fenómeno das mesas
girantes, que saltavam e corriam, e isso em condições tais que a dúvida
não era possível. “Aí vi também alguns ensaios muito imperfeitos de
escrita mediúnica em uma ardósia com o auxílio de uma cesta. Minhas
ideias estavam longe de se haver modificado, mas naquilo havia um fato
que devia ter uma causa. Entrevi, sob essas aparentes futilidades e a
espécie de divertimento que com esses fenômenos se fazia, alguma
coisa de sério e como que a revelação de uma nova lei, que a mim
mesmo prometi aprofundar.”
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Rivail prosseguiu as suas observações em casa do Sr. Baudin
utilizando para o efeito o método experimental:
“Foi aí que fiz os meus primeiros estudos sérios em Espiritismo,
(…). Apliquei a essa nova ciência, como até então o tinha feito, o
método da experimentação; nunca formulei teorias preconcebidas;
observava atentamente, comparava, deduzia as consequências;
dos efeitos procurava remontar às causas pela dedução, pelo
encadeamento lógico dos fatos, não admitindo como válida uma
explicação, senão quando ela podia resolver todas as dificuldades
da questão”.
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O seu Espírito protetor, Zéfiro, informou-o de que o
havia conhecido em uma precedente existência,
quando, ao tempo dos Druidas, viviam juntos nas
Gálias.
Rivail chamava-se, então, Allan Kardec, e esse
Espírito prometeu ajudá-lo na tarefa muito
importante a que ele era chamado, e que
facilmente levaria a termo.
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“Até então, diz ele próprio, as sessões
em casa do Sr. Baudin não tinham
nenhum fim determinado; propus-me,
aí, fazer resolver os problemas que me
interessavam sob o ponto de vista da
filosofia, da psicologia e da natureza do
mundo invisível.
“Comparecia a cada sessão com uma
série de questões preparadas e
metodicamente dispostas: eram
respondidas com precisão, profundeza
e de modo lógico. Desde esse momento
as reuniões tiveram caráter muito
diferente, e, entre os assistentes,
encontravam-se pessoas sérias que
tomaram vivo interesse pelo trabalho.”
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No dia 25 de março de 1856
estava Allan Kardec no seu
gabinete de trabalho, (…) quando
ouviu ressoarem pancadas
repetidas no tabique; procurou,
sem descobrir, a causa disso, e em
seguida tornou a pôr mãos à obra.
A sua mulher, entrando cerca das
dez horas, ouviu os mesmos
ruídos; procuraram, mas sem
resultado, de onde podiam eles
provir. (…)
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. - Poderás dizer-me o que queria ele?
R. - Podes perguntar a ele mesmo, porque está aqui.
P. - Meu Espírito familiar, quem quer que sejais, agradeço-vos terdes
vindo visitar-me. Quereis ter a bondade de dizer-me quem sois?
R. - Para ti chamar-me-ei a Verdade, e todos os meses, durante um
quarto de hora, estarei aqui, à tua disposição.
P. - Ontem, quando batestes, enquanto eu trabalhava, tínheis alguma
coisa de particular a dizer-me?
R. - O que eu tinha a dizer-te era sobre o trabalho que fazias; o que
escrevias me desagradava e eu queria fazer-te parar.
NOTA - O que eu escrevia era precisamente relativo aos estudos que
fazia sobre os Espíritos e suas manifestações.
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P. - A vossa desaprovação versava sobre o capítulo que
eu escrevia, ou sobre o conjunto do trabalho?
R. - Sobre o capítulo de ontem: faço-te juiz dele. Torna a
lê-lo esta noite; reconhecer-lhe-ás os erros e os
corrigirás.
P. - Eu mesmo não estava muito satisfeito com esse
capítulo e o refiz hoje. Está melhor?
R. - Está melhor, mas não muito bom. Lê da terceira à
trigésima linha e reconhecerás um grave erro. (…)
P. - O nome de Verdade que tomais é uma alusão à
verdade que procuro?
R. - Talvez, ou, pelo menos, é um guia que te há de
auxiliar e proteger.
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P. - Posso evocar-vos em minha casa?
R. - Sim, para que eu te assista pelo pensamento; mas, quanto a
respostas escritas em tua casa, não será tão cedo que as poderás
obter. (…)
P. - Animastes alguma personagem conhecida na Terra?
R. - Disse-te que para ti eu era a Verdade, o que da tua parte devia
importar discrição; não saberás mais que isto.”
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P. - Quais são as causas que me poderiam fazer fracassar? Seria a insuficiência
das minhas aptidões?
R. - Não; mas a missão dos reformadores é cheia de escolhos e perigos; a tua é
rude; previno-te, porque é ao mundo inteiro que se trata de agitar e de
transformar.
Não creias que te seja suficiente publicar um livro, dois livros, dez livros, e
ficares tranquilamente em tua casa; não, é preciso te mostrares no conflito;
contra ti se açularão terríveis ódios, implacáveis inimigos tramarão a tua perda;
estarás exposto à calúnia, à traição, mesmo daqueles que te parecerão mais
dedicados; (…) sucumbirás mais de uma vez ao peso da fadiga; em uma
palavra, é uma luta quase constante que terás de sustentar com o sacrifício do
teu repouso, da tua tranquilidade, da tua saúde e mesmo da tua vida, porque tu
não viverás muito tempo. (…) Espírito Verdade.”
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“Escrevo esta nota no dia 1 de janeiro de 1867, dez anos e meio
depois que esta comunicação me foi dada, e verifico que ela se
realizou em todos os pontos, porque experimentei todas as vicissitudes
que nela me foram anunciadas. Tenho sido alvo do ódio de implacáveis
inimigos, da injúria, da calúnia, da inveja e do ciúme; (…) tenho sido
traído por aqueles em quem depositara confiança, e pago com a
ingratidão por aqueles a quem tinha prestado serviços. (…)
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Numa manhã de abril de 1860
em que Kardec se sentia exausto
acabrunhado, recebeu em sua
casa um exemplar do livro dos
espíritos, muito bem
encadernado, e com a seguinte
mensagem:
"Com a minha gratidão, remeto-lhe
o livro anexo, bem como a sua
história, rogando-lhe, antes de tudo,
prosseguir em suas tarefas de
esclarecimento da Humanidade,
pois tenho fortes razões para isso... "
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“Olhei em torno, contemplando a corrente... E, ao fixar a mão direita para atirar-
me, toquei um objeto algo molhado que se deslocou da amurada, caindo-me aos
pés.
Surpreendido, distingui um livro que o orvalho humedecera.
Tomei o volume nas mãos e, procurando a luz mortiça do poste vizinho, pude ler,
logo no frontispício, entre irritado e curioso:
"Esta obra salvou-me a vida. Leia-a com atenção e tenha bom proveito. - A. Laurent.“
"Salvou-me também. Deus abençoe as almas que cooperaram em sua publicação. - Joseph
Perrier."
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“Compreendi, desde o princípio, a gravidade da exploração
que ia empreender. Entrevi nesses fenômenos a chave do
problema tão obscuro e tão controvertido do passado e do
futuro, a solução do que havia procurado toda a minha vida;
era, em uma palavra, uma completa revolução nas ideias e
nas crenças; preciso, portanto, se fazia agir com
circunspeção e não levianamente, ser positivista e não
idealista, para me não deixar arrastar pelas ilusões.”
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Rivail concluiu que:
- Que o espíritos, sendo as almas dos homens já
falecidos, não tinham nem a soberana sabedoria, nem a
soberana ciência.
-Que o seu saber era limitado ao grau de seu
adiantamento, e que sua opinião não tinha senão o valor
de uma opinião pessoal.
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“(…) mais de dez médiuns prestaram o seu concurso a esse
trabalho. E foi da comparação e da fusão de todas essas
respostas, coordenadas, classificadas e muitas vezes refeitas
no silêncio da meditação, que formei a primeira edição de O
Livro dos Espíritos, a qual apareceu em 18 de abril de 1857.”
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Kardec levantou e testou diversas hipóteses para explicar os
fenômenos mediúnicos: fraude, alucinação, forças físicas,
sonambulismo, inconsciente, clarividência, transferência de
pensamentos (telepatia) e espíritos desencarnados.
E verificava diversas vezes as comunicações obtidas e as questões
mais melindrosas eram submetidas a vários espíritos através de
vários médiuns.
Em 1857 dispunha de aproximadamente dez médiuns, ao passo
que, em 1864, reunia na sua correspondência milhares de
comunicações oriundas de centenas de cidades de dezenas de
países.
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Também se utilizava de casos
históricos acerca dos fenómenos
mediúnicos e de pesquisas de
campo, visitando médiuns e
locais onde as manifestações
espirituais se davam.
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“Apressei-me em redigir o primeiro
número, e o fiz aparecer no dia 1° de
janeiro de 1858, sem nada dizer a
pessoa alguma. Não tinha um único
assinante, nem sócio capitalista. Fi-lo,
pois, inteiramente por minha conta e
risco, e não tive de que me arrepender,
porque o êxito ultrapassou a minha
expectativa. A partir de 1 de janeiro, os
números se sucederam sem
interrupção, e, como o previra o
Espírito, esse jornal tornou-se-me em
poderoso auxiliar.”
30. 30Em janeiro de 1861 foi publicado “O livro dos Médiuns”.
Em 1 de abril de 1858 Kardec funda a “Sociedade Espírita de
Paris”.
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O ano de 1861 ficará marcado na história do Espiritismo pelo
“auto-de-fé” levado a cabo em Barcelona, e em que foram
queimadas trezentas obras espíritas.
“A Igreja Católica é universal, e sendo esses livros contrários à fé
católica, o governo não pode consentir que eles passem a
perverter a moral e a religião de outros países.”
D. Antonio Palau y Termens
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"Graças a esse zelo imprudente,
toda a gente, em Espanha, vai
ouvir falar do Espiritismo e
quererá saber o que é; é tudo o
que desejamos. Podem-se
queimar os livros, mas não se
queimam as ideias; " KARDEC,
Allan. "O resto da Idade Média",
in "Revue Spirite", novembro de
1861
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"Auxiliado pelo vosso chefe espiritual, pude vir
instruir-vos com o meu exemplo (…)
O homem que voluntariamente vive cego e surdo de
espírito, como outros o são do corpo, sofrerá, expiará e
renascerá para recomeçar o labor intelectual que a sua
indolência e o seu orgulho o fizeram esquecer. E essa voz
terrível me disse: Queimaste as ideias, e as ideias te
queimarão”.
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A primeira edição do “Evangelho segundo o Espiritismo”
surgiu em abril de 1864 e a do livro “O Céu e o Inferno” em
1 de agosto de 1865.
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Alguns anos antes de iniciar sua pesquisa espírita,
o professor Rivail ficou quase cego.
Uma sonâmbula, após ter sido magnetizada
entrou em transe. Nessa condição, podia examinar
com espantosa precisão os olhos adoentados. E
afirmou não tratar-se de cegueira, mas apenas um
rompimento de vasos sanguíneos, apoplexia, que
sendo cuidada adequadamente chegaria à cura.
Uma melhora em quinze dias e a recuperação
completa em dois ou três meses, Na Revista
Espírita de 1862, Kardec atestou que tudo ocorreu
perfeitamente de acordo com a previsão da
sonâmbula.
Allan Kardec e o magnetismo
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Trabalhador infatigável; levantava-se todos os dias às 4
horas e meia para trabalhar.
Esse excesso físico e intelectual esgotou-lhe o organismo, e
repetidas vezes os Espíritos precisam chamá-lo à ordem, a
fim de obrigá-lo a poupar a saúde.
Em janeiro de 1868 publica A Gênese, os milagres e as
predições segundo o Espiritismo
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Já com cerca de oito milhões de
seguidores, faleceu em Paris, a 31
de Março de 1869, aos 64 anos de
idade.
Allan Kardec encontra-se sepultado
no cemitério Père Lachaise, em
Paris
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Gostava de rir, era muito comunicativo e possuía o talento de fazer
os outros partilharem do seu bom-humor.
“Um ponto sobre o qual não atraí a vossa atenção, mas que devo
assinalar, é a caridade verdadeiramente cristã de Allan Kardec; dele
se pode dizer que a mão esquerda ignorou sempre o bem que fazia a
direita.” Henri Sausse.
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Atualmente, o ESpiritismo tem 13 milhões de seguidores no mundo
e existem centros espíritas em pelo menos 23 países diferentes. A
maioria, 3,8 milhões, está no Brasil sendo que os espíritas
brasileiros têm os melhores indicadores socio educacionais dentre
os fiéis de todas as religiões praticadas no país – 31,5% deles têm
nível superior completo. e taxa de alfabetização (98,6%), além das
menores percentagens de indivíduos sem instrução (1,8%) e com
ensino fundamental incompleto (15,0%).
O espiritismo também foi uma das religiões que no Brasil
apresentaram maior crescimento (65%) desde o Censo realizado
em 2000: passaram de 1,3% da população (2,3 milhões) em 2000
para 2% em 2010 (3,8 milhões).
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Bibliografia:
O Método de Allan Kardec para a investigação dos fenómenos
mediúnicos” de Marcelo Goulão Pimentel
Biografia de Allan Kardec de Henry Sausse