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Quem é ele? O Mistério de Isaías 53"
. Cartaz usado por Jews for Jesus para evangelizar Judeus.
(antes de começar o artigo, recomendo que leia o trecho de Isaías 52:13-53:12, no final há um
link para download gratuito do texto em português)
Como Isaías 53 é, de longe, a passagem preferida dos missionários, vamos dedicar alguns
artigos ao assunto. Judeus e cristãos concordam que a passagem começa na verdade no verso
13 do capítulo 52 e fala sobre um servo que sofre pelos pecados do mundo. A principal disputa
entre Judeus e Cristãos gira em torno da pessoa do "servo". Cristãos obviamente acreditam
que Jesus é o servo retradado, mas nós Judeus entendemos que o "servo" representa o povo
Judeu como um todo. Sabemos que em diversas profecias bíblicas, o povo de Israel terá um
destino único, e que em outras passagem do livro de Isaías, Israel é chamado de "Servo" (ver
41:8-9; 44:1; 44:21; 45:4; 48:20; 49:3).
Não satisfeitos com a interpretação judaica, comentaristas cristãos criaram uma falsa
argumentação. De acordo com eles, os Judeus sempre interpretaram essa passagem como
uma referência ao Messias até que, no século XII, o mais famoso comentarista da Torá, Rabino
Itzchak ben Shlomo, conhecido como Rashi, criou uma nova interpretação. Teólogos cristãos
alegam que, Rashi, juntamente com outros rabinos, recriaram a leitura da passagem como
referência ao povo Judeu, desviando dessa forma a verdadeira interpretação e a relação entre
o servo e o Messias.
Para ilustrar, vamos ver como o famoso teólogo cristão, Dr. Charles C. Ryrie escreveu sua
introdução à essa passagem.
"A interpretação judaica tradicional entende a passagem como uma referência ao Messias,
como, é claro, fizeram os primeiros cristãos, que criam ser Jesus o referido Messias. Não foi
senão no século XII que surgiu a opinião de que o Servo aqui se refere à nação de Israel,
opinião que se tornou dominante no Judaísmo." (Charles C. Ryrie Th.D Ph.D, comentário sobre
Isaías 52:13-53:12, Bíblia Anotada, pág. 905)
Esse tipo de resposta é muito comum em materiais missionários de organizações como Jews
for Jesus ou Chosen People Ministries. Dr. Michael Brown, ativista no evangelismo de Judeus,
também usa esse argumento em seus livros e palestras. Mas, ao contrário do que eles alegam,
a interpretação judaica, de Israel como o "Servo" de Isaías pode ser encontrada em muitas
fontes que antecedem Rashi.
Uma delas é o famoso Midrash Rabbah, que o próprio Rashi utliza como base para seus
comentários. Aqui ao interpretar um verso do Shir HaShirim (Cântico dos Cânticos), o Midrash
usa nossa passagem como referência ao povo Judeu.
"Eu comi o meu favo com o meu mel (Cântico dos Cânticos 5:1) : porque os Israelitas
derramaram suas almas para morrer no cativeiro, como está escrito: 'Porque ele derramou a
sua alma na morte, e com os transgressores foi contado, e ele carregou os pecados de muitos,
e intercedeu pelos transgressores '(Is. 53:12) e eles se feriram com a Torá, que é mais doce
que o mel , portanto, o Santo, bendito seja, , no futuro lhes dará de beber do vinho que está
preservado nas uvas desde os seis dias da criação, e os deixará banhar nos rios de leite."
(Midrash Rabbah Bamidbar XIII.2)
Encontramos essa interpretação também no Zohar:
"Venha, considere a congregação de Israel, como ele é chamado de cordeiro, pois está escrito:
'Ele foi oprimido e afligido, contudo não abriu a sua boca; como um cordeiro para o matadouro
foi levado, e como uma ovelha que diante de seus tosquiadores fica calada, ele não abriu a sua
boca' (Is. 53:7) Por que ficou calado? Porque enquanto outras nações governavam sobre ele,
ele foi privado de discurso e se fez calado." (Zohar Bereshit, Vaiera)
Essa interpretação se repete em outros lugares no Zohar (Vaieshev, Acharei Mot) e também no
Talmud Bavli (Berachot 5a). Mas existe uma fonte ainda melhor. Melhor, pois se trata de uma
fonte cristã do século II. Antes, precisamos fazer uma breve introdução.
Orígenes de Alexandria é um dos principais patriarcas do cristianismo, foi conhecido também
como Orígenes o Cristão. Teólogo e Filósofo viveu entre os anos 185 e 273 EC no Egito e
também em Israel. Na época surgiu um filósofo pagão chamado Celsum, que escreveu uma
obra contra o Cristianismo chamada "A Verdadeira Palavra". Nela, Celsum levanta uma série
de argumentos contra o Cristianismo. Em resposta aos pontos levantados por Celsum,
Orígenes escreveu um livro chamando "Orígines contra Celsum". Pois é essa obra que
queremos citar aqui. Veja o que Orígens o Cristão escreveu:
"Lembro-me que uma vez, em uma discussão com um Judeu, a quem os Judeus consideram
como estudioso, usei essas profecias (Is.53). Sobre estas, o Judeu me disse que essas profecias
se referem a todo o povo, como se de um único indivíduo, uma vez que eles estavam
espalhados na dispersão e feridos ... " (Origen Contra Celsum/ Chadwick Henry; Cambridge
Press, cap. 55 pág. 50)
(Obs. Abaixo disponibilizei um link para download gratuito do livro em Inglês)
Como vemos, não só encontramos referência à nossa interpretação em fontes judaicas como
também em fontes cristãs que antecedem Rashi em quase 1000 anos. Difícil entender como
podem os cristãos criarem essa farsa quando eles mesmos nos dão provas contrárias.
Existe um outro ponto que me chama a atenção. De acordo com o comentário do Dr. Ryrie
acima, a interpretação do servo sofredor como o Messias que é mal tratado e sofre, era aceita
por Judeus e também pelos primeiros cristãos. Se isso fosse verdade, não seria o caso então de
os próprios discípulos de Jesus entenderem que o Messias deles deveria sofrer? Não faria
sentido para eles, que já que Jesus era o Messias, então logo ele cumpriria a profecia de Isaías
53 sendo torturado por nossos pecados? Vamos ver então como o Novo Testamento descreve
a reação deles ao saber que Jesus deveria sofrer.
Primeiro quero trazer uma passagem onde Jesus pergunta a seus discípulos se eles sabem que
ele é:
"Chegando Jesus às partes de Cesaréia de Filipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem
dizem os homens ser o Filho do homem(Jesus)? E eles disseram: Uns, João o Batista; outros,
Elias; e outros, Jeremias, ou um dos profetas. Disse-lhes ele: E vós, quem dizeis que eu sou? E
Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo. E Jesus, respondendo,
disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não te revelou a carne e o sangue,
mas meu Pai, que está nos céus." (Mateus 16:13-17)
Nessa passagem vemos que Pedro é o primeiro a reconhecer que Jesus é o Messias. Ainda na
mesma conversa, após deixar claro sua identidade, Jesus então explica o que aconteceria com
ele.
"Desde aquele momento Jesus começou a explicar aos seus discípulos que era necessário que
ele fosse para Jerusalém e sofresse muitas coisas nas mãos dos líderes religiosos, dos chefes
dos sacerdotes e dos mestres da lei, e fosse morto e ressuscitasse no terceiro dia. Então Pedro,
chamando-o à parte, começou a repreendê-lo, dizendo: Nunca, Senhor! Isso nunca te
acontecerá!" (Mateus 16:21-22)
Não é estranho que Pedro, crendo que Jesus era o Messias, o repreende por falar que sofreria
e seria morto? Não faria sentido para ele que agora se cumpriria a profecia de Isaías 53? Ou
será que ele não enxergava a profecia dessa maneira?
Muitos estudiosos cristãos encaram essa pergunta com seriedade. Na verdade existem
publicações cristãs que negam a associação do "Servo" de Isaías com Jesus. Vejamos como
duas Bíblias Cristãs de Estudo comentam a profecia:
The New English Bible, Oxford Study Edition, página 788-789:
"Isaías 52:13-53:12 : A quarta Canção do Servo, o Servo Sofredor, Israel, o servo de Deus,
sofreu como um indivíduo humilhado. No entanto, o servo suportou sem reclamar porque era
um sofrimento vicário (sofrimento por outros). 52:13-15: Nações e reis se surpreenderão ao
ver o servo exaltado. 53:1: As multidões, nações pagãs, entre os quais o servo (Israel) viveu,
fala aqui (até o versículo 9), dizendo que o significado de humilhação e exaltação de Israel é
difícil de acreditar."
Revised Standard Version, Oxford Study Edition, página 889:
"Isaías 52:13-53:12 : A quarta Canção do Servo (cf 42:1-4). 52:13-15: Deus exaltará seu servo
(Israel) brutalmente desfigurado para o choque atônito dos governantes do mundo."
Os comentários acima se referem a essa passagem como a "Quarta Canção do Servo", pois em
outras três passagens (ver cap. 40-53) o profeta descreve Israel como Servo. Essa seria então a
quarta canção, ou profecia, sobre o Servo Israel.
"Você, porém, ó Israel meu servo, Jacó, a quem escolhi, vocês, descendentes de Abraão, Meu
amigo,
Eu os tirei dos confins da terra, de seus recantos mais distantes Eu os chamei. Eu disse: Você é
Meu servo; Eu o escolhi e não o rejeitei." (Isaías 41:8-9)
"Mas escute agora, Jacó, Meu servo Israel, a quem escolhi." (Isaías 44:1)
"Lembre-se disso, ó Jacó, pois você é Meu servo, ó Israel. Eu o fiz, você é Meu servo; ó Israel,
Eu não o esquecerei." (Isaías 44:21)
"Por amor de Meu servo Jacó, de Meu escolhido Israel, Eu o convoco pelo nome e concedo-lhe
um título de honra, embora você não Me reconheça." (Isaías 45:4)
"Deixem a Babilônia, fujam do meio dos babilônios! Anunciem isso com gritos de alegria e o
proclamem. Enviem-no aos confins da terra; digam: "O Eterno resgatou Seu servo Jacó". (Isaías
48:20)
"Ele me disse: Você é Meu servo, Israel, em quem mostrarei o meu esplendor". (Isaías 49:3)
Já vimos em outros artigos, como cristãos isolam determinadas passagens da Bíblia para
criarem um novo contexto. Aqui não é diferente. É muito comum, que missionários saibam de
cor os versos de Isaías 53, mas se perguntarem sobre o capítulo 52 ou 54, raramente
encontrará um que saiba. Isso porque o contexto invalida sua interpretação. Por isso, até
mesmo proeminentes estudiosos cristãos passaram a admitir abertamente a validade da
interpretação Judaica.
Um deles se chama Dr.Walter Brueggeman, um dos mais renomados estudiosos cristãos do
Antigo Testamento (versão cristã da Bíblia Hebraica). Dr. Brueggeman publicou um livro
chamado "Isaiah 40-66". Veja o que ele escreve:
"Não há dúvidas de que a Isaías 53 é para ser entendido no contexto da tradição de Isaías.
Enquanto que o servo é Israel, (uma suposição comum na interpretação judaica) vemos que o
tema da humilhação e exaltação serve a definição por Isaías de Israel, porque Israel nesta
literatura é exatamente o povo humilhado (exilado) que pela poderosa intervenção de Deus
está prestes a se tornar o povo exaltado (restaurados) de Sião. Assim, o drama é o drama de
Israel e, mais especificamente, de Jerusalém, o assunto característico desta poesia. Em
segundo lugar, embora seja claro que essa poesia não tem Jesus em qualquer primeira
instância em seu horizonte, é igualmente claro que a Igreja, desde o início, encontrou na
poesia uma forma pungente e generativa de considerar Jesus, no qual a humilhação se iguala à
crucificação e exaltação à ressurreição e ascensão ". (Walter Brueggemann Ph.D., Isaiah 40 –
66 ; Louisville: Kentucky, 1998, p. 143)
Ou seja, de acordo com Dr. Brueggeman, foi a Igreja que adotou uma nova interpretação da
profecia de Isaías e não os Rabinos. Embora, como vimos, Israel é retratado como "Servo
Sofredor" em muitas passagens bíblicas, o mesmo não podemos dizer em relação ao Messias.
Não existe uma passagem sequer, em toda a Bíblia, que mostre claramente que o Messias
deve sofrer e morrer como consequência dos nossos pecados. Não é de se surpreender
portanto, que Pedro tenha reagido daquela maneira. Para ele Jesus era o Messias e, como tal,
deveria trazer a redenção e não ser torturado e morto.
Curta e Compartilhe também nossa Página no Facebook:
https://www.facebook.com/JudeusParaoJudaismo
Para download gratuito do livro "Origen contra Celsum" em inglês:
https://drive.google.com/file/d/0B3ynXine7yRGQ203SXpFUXVaMWc/edit?usp=sharing
Download da tradução em português de Isaías 53, versão judaica:
https://drive.google.com/file/d/0B3ynXine7yRGMGNXRXNta205QVE/edit?usp=sharing
(Obs. Por ser baseada no manuscrito original, o capítulo começa onde na maioria das
traduções seria Isaías 52:13, esse passou a ser aqui 53:1. Qualquer dúvida ou sugestão entrar
em contato)

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O Mistério de Isaías 53: Quem é o Servo Sofredor

  • 1. Quem é ele? O Mistério de Isaías 53" . Cartaz usado por Jews for Jesus para evangelizar Judeus. (antes de começar o artigo, recomendo que leia o trecho de Isaías 52:13-53:12, no final há um link para download gratuito do texto em português) Como Isaías 53 é, de longe, a passagem preferida dos missionários, vamos dedicar alguns artigos ao assunto. Judeus e cristãos concordam que a passagem começa na verdade no verso 13 do capítulo 52 e fala sobre um servo que sofre pelos pecados do mundo. A principal disputa entre Judeus e Cristãos gira em torno da pessoa do "servo". Cristãos obviamente acreditam que Jesus é o servo retradado, mas nós Judeus entendemos que o "servo" representa o povo Judeu como um todo. Sabemos que em diversas profecias bíblicas, o povo de Israel terá um destino único, e que em outras passagem do livro de Isaías, Israel é chamado de "Servo" (ver 41:8-9; 44:1; 44:21; 45:4; 48:20; 49:3). Não satisfeitos com a interpretação judaica, comentaristas cristãos criaram uma falsa argumentação. De acordo com eles, os Judeus sempre interpretaram essa passagem como uma referência ao Messias até que, no século XII, o mais famoso comentarista da Torá, Rabino Itzchak ben Shlomo, conhecido como Rashi, criou uma nova interpretação. Teólogos cristãos alegam que, Rashi, juntamente com outros rabinos, recriaram a leitura da passagem como referência ao povo Judeu, desviando dessa forma a verdadeira interpretação e a relação entre o servo e o Messias.
  • 2. Para ilustrar, vamos ver como o famoso teólogo cristão, Dr. Charles C. Ryrie escreveu sua introdução à essa passagem. "A interpretação judaica tradicional entende a passagem como uma referência ao Messias, como, é claro, fizeram os primeiros cristãos, que criam ser Jesus o referido Messias. Não foi senão no século XII que surgiu a opinião de que o Servo aqui se refere à nação de Israel, opinião que se tornou dominante no Judaísmo." (Charles C. Ryrie Th.D Ph.D, comentário sobre Isaías 52:13-53:12, Bíblia Anotada, pág. 905) Esse tipo de resposta é muito comum em materiais missionários de organizações como Jews for Jesus ou Chosen People Ministries. Dr. Michael Brown, ativista no evangelismo de Judeus, também usa esse argumento em seus livros e palestras. Mas, ao contrário do que eles alegam, a interpretação judaica, de Israel como o "Servo" de Isaías pode ser encontrada em muitas fontes que antecedem Rashi. Uma delas é o famoso Midrash Rabbah, que o próprio Rashi utliza como base para seus comentários. Aqui ao interpretar um verso do Shir HaShirim (Cântico dos Cânticos), o Midrash usa nossa passagem como referência ao povo Judeu. "Eu comi o meu favo com o meu mel (Cântico dos Cânticos 5:1) : porque os Israelitas derramaram suas almas para morrer no cativeiro, como está escrito: 'Porque ele derramou a sua alma na morte, e com os transgressores foi contado, e ele carregou os pecados de muitos, e intercedeu pelos transgressores '(Is. 53:12) e eles se feriram com a Torá, que é mais doce que o mel , portanto, o Santo, bendito seja, , no futuro lhes dará de beber do vinho que está preservado nas uvas desde os seis dias da criação, e os deixará banhar nos rios de leite." (Midrash Rabbah Bamidbar XIII.2) Encontramos essa interpretação também no Zohar: "Venha, considere a congregação de Israel, como ele é chamado de cordeiro, pois está escrito: 'Ele foi oprimido e afligido, contudo não abriu a sua boca; como um cordeiro para o matadouro foi levado, e como uma ovelha que diante de seus tosquiadores fica calada, ele não abriu a sua boca' (Is. 53:7) Por que ficou calado? Porque enquanto outras nações governavam sobre ele, ele foi privado de discurso e se fez calado." (Zohar Bereshit, Vaiera) Essa interpretação se repete em outros lugares no Zohar (Vaieshev, Acharei Mot) e também no Talmud Bavli (Berachot 5a). Mas existe uma fonte ainda melhor. Melhor, pois se trata de uma fonte cristã do século II. Antes, precisamos fazer uma breve introdução.
  • 3. Orígenes de Alexandria é um dos principais patriarcas do cristianismo, foi conhecido também como Orígenes o Cristão. Teólogo e Filósofo viveu entre os anos 185 e 273 EC no Egito e também em Israel. Na época surgiu um filósofo pagão chamado Celsum, que escreveu uma obra contra o Cristianismo chamada "A Verdadeira Palavra". Nela, Celsum levanta uma série de argumentos contra o Cristianismo. Em resposta aos pontos levantados por Celsum, Orígenes escreveu um livro chamando "Orígines contra Celsum". Pois é essa obra que queremos citar aqui. Veja o que Orígens o Cristão escreveu: "Lembro-me que uma vez, em uma discussão com um Judeu, a quem os Judeus consideram como estudioso, usei essas profecias (Is.53). Sobre estas, o Judeu me disse que essas profecias se referem a todo o povo, como se de um único indivíduo, uma vez que eles estavam espalhados na dispersão e feridos ... " (Origen Contra Celsum/ Chadwick Henry; Cambridge Press, cap. 55 pág. 50) (Obs. Abaixo disponibilizei um link para download gratuito do livro em Inglês) Como vemos, não só encontramos referência à nossa interpretação em fontes judaicas como também em fontes cristãs que antecedem Rashi em quase 1000 anos. Difícil entender como podem os cristãos criarem essa farsa quando eles mesmos nos dão provas contrárias. Existe um outro ponto que me chama a atenção. De acordo com o comentário do Dr. Ryrie acima, a interpretação do servo sofredor como o Messias que é mal tratado e sofre, era aceita por Judeus e também pelos primeiros cristãos. Se isso fosse verdade, não seria o caso então de os próprios discípulos de Jesus entenderem que o Messias deles deveria sofrer? Não faria sentido para eles, que já que Jesus era o Messias, então logo ele cumpriria a profecia de Isaías 53 sendo torturado por nossos pecados? Vamos ver então como o Novo Testamento descreve a reação deles ao saber que Jesus deveria sofrer. Primeiro quero trazer uma passagem onde Jesus pergunta a seus discípulos se eles sabem que ele é: "Chegando Jesus às partes de Cesaréia de Filipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem(Jesus)? E eles disseram: Uns, João o Batista; outros, Elias; e outros, Jeremias, ou um dos profetas. Disse-lhes ele: E vós, quem dizeis que eu sou? E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não te revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus." (Mateus 16:13-17)
  • 4. Nessa passagem vemos que Pedro é o primeiro a reconhecer que Jesus é o Messias. Ainda na mesma conversa, após deixar claro sua identidade, Jesus então explica o que aconteceria com ele. "Desde aquele momento Jesus começou a explicar aos seus discípulos que era necessário que ele fosse para Jerusalém e sofresse muitas coisas nas mãos dos líderes religiosos, dos chefes dos sacerdotes e dos mestres da lei, e fosse morto e ressuscitasse no terceiro dia. Então Pedro, chamando-o à parte, começou a repreendê-lo, dizendo: Nunca, Senhor! Isso nunca te acontecerá!" (Mateus 16:21-22) Não é estranho que Pedro, crendo que Jesus era o Messias, o repreende por falar que sofreria e seria morto? Não faria sentido para ele que agora se cumpriria a profecia de Isaías 53? Ou será que ele não enxergava a profecia dessa maneira? Muitos estudiosos cristãos encaram essa pergunta com seriedade. Na verdade existem publicações cristãs que negam a associação do "Servo" de Isaías com Jesus. Vejamos como duas Bíblias Cristãs de Estudo comentam a profecia: The New English Bible, Oxford Study Edition, página 788-789: "Isaías 52:13-53:12 : A quarta Canção do Servo, o Servo Sofredor, Israel, o servo de Deus, sofreu como um indivíduo humilhado. No entanto, o servo suportou sem reclamar porque era um sofrimento vicário (sofrimento por outros). 52:13-15: Nações e reis se surpreenderão ao ver o servo exaltado. 53:1: As multidões, nações pagãs, entre os quais o servo (Israel) viveu, fala aqui (até o versículo 9), dizendo que o significado de humilhação e exaltação de Israel é difícil de acreditar." Revised Standard Version, Oxford Study Edition, página 889: "Isaías 52:13-53:12 : A quarta Canção do Servo (cf 42:1-4). 52:13-15: Deus exaltará seu servo (Israel) brutalmente desfigurado para o choque atônito dos governantes do mundo." Os comentários acima se referem a essa passagem como a "Quarta Canção do Servo", pois em outras três passagens (ver cap. 40-53) o profeta descreve Israel como Servo. Essa seria então a quarta canção, ou profecia, sobre o Servo Israel.
  • 5. "Você, porém, ó Israel meu servo, Jacó, a quem escolhi, vocês, descendentes de Abraão, Meu amigo, Eu os tirei dos confins da terra, de seus recantos mais distantes Eu os chamei. Eu disse: Você é Meu servo; Eu o escolhi e não o rejeitei." (Isaías 41:8-9) "Mas escute agora, Jacó, Meu servo Israel, a quem escolhi." (Isaías 44:1) "Lembre-se disso, ó Jacó, pois você é Meu servo, ó Israel. Eu o fiz, você é Meu servo; ó Israel, Eu não o esquecerei." (Isaías 44:21) "Por amor de Meu servo Jacó, de Meu escolhido Israel, Eu o convoco pelo nome e concedo-lhe um título de honra, embora você não Me reconheça." (Isaías 45:4) "Deixem a Babilônia, fujam do meio dos babilônios! Anunciem isso com gritos de alegria e o proclamem. Enviem-no aos confins da terra; digam: "O Eterno resgatou Seu servo Jacó". (Isaías 48:20) "Ele me disse: Você é Meu servo, Israel, em quem mostrarei o meu esplendor". (Isaías 49:3) Já vimos em outros artigos, como cristãos isolam determinadas passagens da Bíblia para criarem um novo contexto. Aqui não é diferente. É muito comum, que missionários saibam de cor os versos de Isaías 53, mas se perguntarem sobre o capítulo 52 ou 54, raramente encontrará um que saiba. Isso porque o contexto invalida sua interpretação. Por isso, até mesmo proeminentes estudiosos cristãos passaram a admitir abertamente a validade da interpretação Judaica. Um deles se chama Dr.Walter Brueggeman, um dos mais renomados estudiosos cristãos do Antigo Testamento (versão cristã da Bíblia Hebraica). Dr. Brueggeman publicou um livro chamado "Isaiah 40-66". Veja o que ele escreve: "Não há dúvidas de que a Isaías 53 é para ser entendido no contexto da tradição de Isaías. Enquanto que o servo é Israel, (uma suposição comum na interpretação judaica) vemos que o tema da humilhação e exaltação serve a definição por Isaías de Israel, porque Israel nesta literatura é exatamente o povo humilhado (exilado) que pela poderosa intervenção de Deus
  • 6. está prestes a se tornar o povo exaltado (restaurados) de Sião. Assim, o drama é o drama de Israel e, mais especificamente, de Jerusalém, o assunto característico desta poesia. Em segundo lugar, embora seja claro que essa poesia não tem Jesus em qualquer primeira instância em seu horizonte, é igualmente claro que a Igreja, desde o início, encontrou na poesia uma forma pungente e generativa de considerar Jesus, no qual a humilhação se iguala à crucificação e exaltação à ressurreição e ascensão ". (Walter Brueggemann Ph.D., Isaiah 40 – 66 ; Louisville: Kentucky, 1998, p. 143) Ou seja, de acordo com Dr. Brueggeman, foi a Igreja que adotou uma nova interpretação da profecia de Isaías e não os Rabinos. Embora, como vimos, Israel é retratado como "Servo Sofredor" em muitas passagens bíblicas, o mesmo não podemos dizer em relação ao Messias. Não existe uma passagem sequer, em toda a Bíblia, que mostre claramente que o Messias deve sofrer e morrer como consequência dos nossos pecados. Não é de se surpreender portanto, que Pedro tenha reagido daquela maneira. Para ele Jesus era o Messias e, como tal, deveria trazer a redenção e não ser torturado e morto. Curta e Compartilhe também nossa Página no Facebook: https://www.facebook.com/JudeusParaoJudaismo Para download gratuito do livro "Origen contra Celsum" em inglês: https://drive.google.com/file/d/0B3ynXine7yRGQ203SXpFUXVaMWc/edit?usp=sharing Download da tradução em português de Isaías 53, versão judaica: https://drive.google.com/file/d/0B3ynXine7yRGMGNXRXNta205QVE/edit?usp=sharing (Obs. Por ser baseada no manuscrito original, o capítulo começa onde na maioria das traduções seria Isaías 52:13, esse passou a ser aqui 53:1. Qualquer dúvida ou sugestão entrar em contato)