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Guia do professor
licença  Esta obra está licenciada sob uma licença Creative Commons
geometria
e medidas
Ministério da
Ciência e Tecnologia
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da Educação
Governo FederalSecretaria de
Educação a Distância
Cortar cubos
Objetivos da unidade
Apresentar a Relação de Euler aos alunos.
Guia do professor
Sinopse
Neste experimento, cada aluno terá, inicialmente, um cubo de espuma
floral, que obedece a Relação de Euler V −A+F = 2 V −A+F = 2, onde V −A+F = 2 V −A+é o número
de vértices,V −A+F = 2 V −A+F = 2o número de arestas eV −A+F = 2 V −A+F = 2é o número de faces do sólido. O
objetivo será fazer cortes planos nesse poliedro na tentativa de violar a
relação mencionada no sólido resultante, ou seja, fazerV −A+F = 2 V −A+F = 2.
Deste modo, seus alunos estarão verificando a relação a cada corte feito,
de modo que ela se fixe cada vez mais.
Conteúdos
Geometria Espacial, Relação de Euler.
Objetivos
Apresentar a Relação de Euler aos alunos.1.	
Duração
Uma aula simples.
Cortar cubos
Neste experimento, é estudada a Relação de Euler para poliedros, a qual
relaciona o número de vértices, o número de arestas e o número de faces de
um poliedro. Essa relação foi descoberta em 1758 por Leonhard Euler (1707
– 1783), matemático suíço que teve 886 trabalhos publicados, a maioria
deles no final de sua vida, quando já estava completamente cego. Euler
foi muito importante não apenas para a matemática, mas também para
a física, a engenharia e a astronomia.
O principal objetivo desse trabalho é o estudo da Relação de Euler.
O desenvolvimento do experimento consiste em procurar, de maneira expe-
rimental, poliedros para os quais a conhecida Relação de Euler seja válida
e outros para os quais essa relação não se verifica. Através dessa relação, é
possível analisar e descrever as possibilidades de tipos de poliedros a partir
de algumas informações sobre seus elementos, por exemplo, podemos
mostrar que existem apenas cinco poliedros regulares convexos.
O estudo da Relação de Euler é importante, pois permite o reconhecimento
de alguns poliedros ou classes de poliedros, a partir de alguma informação
sobre seus vértices ou sobre suas arestas ou faces. Além disso, conside-
ramos que a maneira experimental é a mais adequada para se trabalhar
esse assunto no Ensino Médio. O envolvimento do aluno na descoberta
traz o entusiasmo e a curiosidade, e propicia a aprendizagem de maneira
prazerosa.
Comentários iniciais
Foi escolhido neste experimento fazer cortes em cubos confeccionados
com espuma floral. Esse tipo de representação do poliedro não envolve
somente suas faces, mas propicia um bom trabalho com elas. Podem ser
utilizados também, na confecção dos poliedros, pedaços de sabão ou massa
para modelar. Estão apresentadas, no início do experimento, definições
de polígono e poliedro, polígono convexo e poliedro convexo, exemplos
e contraexemplos, como também o enunciado do teorema que evidencia
a Relação de Euler, a qual se quer testar experimentalmente. Pretendemos,
neste guia, apresentar uma demonstração dessa relação.
Existem muitas definições para poliedro. Neste contexto, será consi-
derada como poliedro a figura obtida pela reunião de um número finito
de polígonos, chamados faces, com determinadas condições sobre seus
lados, os quais são chamados de arestas e vértices, a saber: cada lado
de um dos polígonos que o forma é lado de um, e apenas um, outro polí-
gono; e a intersecção de duas faces distintas pode ser uma aresta comum,
um vértice ou vazia.
Corte dos cubos I
Nesta primeira etapa, serão feitos cortes em cubos para a obtenção de
outros poliedros. É importante orientar o aluno na forma como se deve
cortar o cubo. Como o objetivo é obter outros poliedros, os cortes deverão
ser planos. Nesta primeira etapa, os poliedros a serem obtidos devem ser
convexos.
Os números obtidos na contagem dos elementos de cada poliedro
encontrado devem ser dispostos em uma tabela para posterior discussão
dos resultados. A questão é: cortando cubos e outros poliedros de modo
a serem obtidos apenas poliedros convexos, é possível violar a Relação de
Euler? Uma vez trabalhado com poliedros convexos, evidentemente sem
violar a relação de Euler, segue a Etapa 2.
Corte dos cubos II
Nesta segunda etapa, os alunos devem proceder como na primeira, porém
agora os poliedros a serem obtidos devem ser não convexos. E a questão
é: será que desta vez foram encontrados poliedros para os quais não seja
válida a Relação de Euler? Ou seja, a Relação de Euler é válida também
para poliedros não convexos?
É esperado que desta vez sejam encontrados poliedros não convexos
que obedecem à Relação de Euler, porém outros nos quais esse fato não
ocorre.
Neste momento os alunos terão oportunidade de discutir com seus
colegas sobre a validade ou não da Relação de Euler para os poliedros
obtidos. Ao professor cabe promover essa discussão para socialização
das descobertas.
Estamos considerando a seguinte definição de poliedro:
Um poliedro é a reunião de um número finito de polígonos, chamados
de faces. Os lados desses polígonos são chamados de arestas do poliedro
e os seus vértices, de vértices do poliedro. É exigido que cada lado de
um desses polígonos seja também lado de um, e apenas um, outro polígono
e ainda que a intersecção de duas faces distintas do sólido seja uma aresta
comum, um vértice ou vazia.
Se um poliedro satisfaz a relação , onde , e são seus
números de vértices, arestas e faces, respectivamente, dizemos que
Definição de poliedro
o poliedro satisfaz a Relação de Euler. Como visto, os poliedros convexos
construídos no experimento satisfazem essa relação. Assim, pode ser
provado que todos os poliedros convexos satisfazem esta relação. Também
foram construídos poliedros não convexos que satisfazem a relação e outros
que não satisfazem. Os poliedros que atendem à Relação de Euler recebem
o nome de poliedros eulerianos.
Exemplos
Para prismas com lados no polígono da base, o número de vértices será
igual a , e o número de faces igual a e o número de arestas igual
a . Neste caso,
.
Para pirâmides com lados no polígono da base, teremos
.
Prismas e pirâmides satisfazem, portanto, a Relação de Euler. Outros
poliedros convexos também podem ser testados pelos alunos.
Enfim, observamos que para diversos poliedros convexos ela é
verdadeira.
E para os poliedros não convexos?
Apresentamos como exemplo um poliedro não convexo para o qual vale
a Relação de Euler. Nele,
.
fig. 1.
Então a pergunta seria: em qual universo de poliedros vamos procurar
aqueles para os quais a Relação de Euler não se verifica?
Após os alunos terem encontrado poliedros não eulerianos, o professor
pode apresentar uma gama de poliedros eulerianos e não eulerianos,
para que encontrem alguma regularidade entre os que não satisfazem
e alguma entre os que satisfazem.
A figura que segue mostra alguns poliedros que não são eulerianos.
No final deste texto, em Variações, estão apresentados alguns deles com
suas planificações.
fig. 2
P₁
P₃
P₂
P₄
Para o poliedro , temos:
.
O poliedro verifica:
.
Para o terceiro,
.
E, para o quarto,
.
Deve ser observado que poliedros que tenham algum furo não satisfazem
a Relação de Euler, como os exemplos anteriores.
Para um poliedro , o número é denominado caracte-
rística de Euler-Poincaré do poliedro.
Observamos que poliedros que satisfazem a relação de Euler possuem
característica de Euler-Poincaré igual a 2. Já para os demais exemplos
apresentados, o poliedro tem característica −2 e o poliedro possui
característica igual a 4. Os poliedros e têm característica de Euler
igual a zero.
Encontre outros poliedros e determine suas características de Euler-
Poincaré.
Encontre um poliedro com três furos e com característica de Euler-Poincaré
igual a −4.
Poincaré (1854 - 1912) foi o primeiro matemático a compreender que o
Teorema de Euler é um teorema deTopologia, e não de Geometria. Observou
que o número é um invariante topológico do poliedro . Para
entendermos esse conceito, precisamos da seguinte definição:
Duas figuras e são ditas homeomorfas se existir uma transformação
contínua com a inversa também contínua.
De forma intuitiva, um poliedro, ao imaginá-lo de borracha, que ao ser
inflado se transforma em uma esfera é homeomorfo a ela. Por exemplo,
os poliedros convexos: o cubo, o tetraedro e o poliedro não convexo da figura
que segue são homeomorfos à esfera. Observamos que a característica de
Euler-Poincaré desses poliedros é igual a 2.
Já os poliedros que seguem são homeomorfos ao toro, isto é, ao serem
inflados se transformam no toro, uma figura como a câmara de ar de
um pneu. Neste caso, a característica de Euler-Poincaré destes poliedros
é igual a zero.
fig. 3
Se um poliedro é convexo, então ele é homeomorfo à esfera, pois, consi-
derando um ponto O em seu interior e uma esfera de centro neste ponto
contendo o poliedro, uma reta que passa pelo ponto O intersecta o poliedro
em exatamente 2 pontos, e , como mostra a ilustração. Assim, deforma-
mos o poliedro de forma que o ponto é levado no ponto ’ da esfera e
o ponto é levado no ponto ’ da esfera, onde ’ e ’ são as interseções
da reta com a esfera. Logo, considerando todas as retas passando pelo
ponto , podemos transformar o poliedro de modo contínuo em uma esfera
com centro no ponto .
fig. 4
V − A + F = 16 − 32 + 16 = 0
V − A + F = 12 − 24 + 12 = 0
Toro
Teorema de Euler para poliedros
Existem diferentes demonstrações do Teorema de Euler para poliedros con-
vexos. Por exemplo, em [LIMA et al, 2000] encontramos uma demonstração
que envolve projeções paralelas; já em [POMPEO; DOLCE] é apresentada
uma demonstração desse teorema em que é usada indução matemática.
Para poliedros mais gerais homeomorfos à esfera, apresentamos,
a seguir, em linhas gerais, a ideia da demonstração do Teorema de Euler
que é basicamente devida a Cauchy (1789 - 1857). Para uma análise mais
rigorosa e justificativa mais precisa a respeito dessa demonstração, ver
[LIMA, 1997] ou [LIMA, 1985].
Teorema
Para todo poliedro homeomorfo à esfera vale a relação ,
onde é o número de vértices, é o número de arestas e é o número
de faces do poliedro.
fig. 5
B’
B
O
A
A’
Demonstração
Consideremos um poliedro homeomorfo à esfera, com faces, arestas
e vértices.
Vamos inicialmente retirar uma de suas faces. A nova figura terá o mesmo
número de vértices, o mesmo número de arestas, porém faces.
Provaremos que, para essa nova figura, vale a relação
.
Nessa nova figura existem arestas que pertencem a apenas uma face,
são as chamadas arestas livres.
Vamos considerar a figura obtida ao se “esticar” de modo conveniente
essa nova figura a partir de suas arestas livres, achatando-a até que ela se
torne uma figura plana. A ilustração seguinte mostra o processo de esticar
e achatar um poliedro, do qual foi retirada a face superior, até transformá-lo
em uma figura plana.
1 2 3
4 5
fig. 6
Nas ilustrações seguintes, são apresentados alguns poliedros com suas
respectivas figuras planas. Na primeira, foi retirada uma face quadrada;
na segunda, uma face retangular e, na terceira, uma face pentagonal.
A figura plana terá o mesmo número , , e , de vértices, arestas
e faces, respectivamente.
Vamos traçar, nos polígonos da figura plana, diagonais que não se
cortam, obtendo uma decomposição de cada uma de suas faces em triân-
gulos. A ilustração que segue mostra a decomposição da figura plana
correspondente ao cubo em triângulos.
fig. 7
Observamos que, a cada diagonal traçada, a figura plana terá o mesmo
número de vértices e aumenta-se o número de arestas e o número de
faces em uma unidade cada um. Assim, o número de seus vértices menos
o número de suas arestas mais o número de suas faces é igual a
,
ou seja, . Portanto, o resultado permanece inalterado.
Vamos, então, supor que todas as faces da figura plana são triângulos.
Note que podem existir apenas os seguintes tipos de triângulos: com apenas
uma aresta livre, com duas arestas livres ou sem arestas livres.
A seguir, retiramos da figura uma a uma as faces triangulares.
fig. 8
V, A e F
V’, A’ e F’
com valores V, A e (F − 1)
V’’, A’’ e F’’
com valores V’, (A’ + 5)
e (F’ + 5)
A retirada dos triângulos deve ser feita seguindo os seguintes
critérios:
Se não existir triângulos com duas arestas livres, retiramos um triângulo
com uma aresta livre, diminuindo uma aresta e uma face. Para a figura que
resta, o número de vértices menos o número de arestas mais o número de
faces é igual a , ou seja, . Assim,
neste caso, o resultado permanece inalterado. Além disso, a figura continua
tendo somente triângulos dos tipos citados anteriormente. É o caso dos
dois primeiros passos da ilustração anterior.
Se existe triângulo com duas arestas livres, retiramos este triângulo, dimi-
nuindo um vértice, duas arestas e uma face. Na figura restante, o número
de vértices menos o número de arestas mais o número de faces é igual
a , ou seja, . Novamente, o
resultado permanece inalterado e a figura continua tendo somente triân-
gulos dos três tipos citados. É o caso do terceiro passo da ilustração
anterior.
Se, depois de retirar um triângulo com uma aresta livre, a figura voltar a ter
triângulos com duas arestas livres, estes triângulos devem ser retirados,
1
2
3
4
fig. 9
ou seja, só retiramos triângulos com apenas uma aresta livre quando não
existir triângulo com duas arestas livres.
O procedimento deve continuar até que reste apenas um triângulo. Como,
para o triângulo, o número de vértices menos o número de arestas mais o nú-
mero de faces é igual a 1, e em todas as retiradas este resultado permanece
inalterado e igual a , concluímos que ,
ou seja, , onde é o número de vértices, o número de ares-
tas e o número de faces do poliedro P inicial, o que completa a prova.
Peça aos alunos que desenhem uma planificação dos poliedros criados
por eles, para que sejam confeccionados em cartolina. Como exemplo,
apresentamos planificações de dois poliedros com mesma característica
de Euler–Poincaré igual a zero.
fig. 10
Outra variação possível, como uma aplicação da Relação de Euler, é
pedir aos alunos que obtenham o resultado: existem apenas cinco poliedros
regulares convexos. Um poliedro convexo é regular se todas as faces são
polígonos regulares congruentes e em todos os vértices concorrem o mesmo
número de arestas.
fig. 11
V − A + F = 12 − 24 + 12 = 0
Azambuja Filho, Zoroastro. Demonstração do Teorema de Euler para
poliedros convexos. Revista do Professor de Matemática. São Paulo, n.3,
p. 15-17, 1983.
Eves, Howard. Introdução à História da Matemática. 4ª ed. Campinas:
Editora da Unicamp, 2004.
Lima, Elon Lages. O Teorema de Euler sobre Poliedros. Revista Matemática
Universitária. Rio de Janeiro: sbm, n.2, p.57-74, dezembro, 1985. Disponível
em <http://www.rmu.sbm.org.br/Conteudo/n02/n02_Artigo03.pdf>. Acesso em 2 de
agosto de 2010.
Lima, Elon Lages. Meu professor de Matemática e outras histórias. 3ª ed.
Rio de Janeiro: sbm, 1997.
Lima, Elon Lages et al. A Matemática do Ensino Médio. Vol. 2. 3. ed. Rio
de Janeiro: sbm, 2000. Coleção do Professor de Matemática.
Pompeo, José Nicolau; Dolce, Osvaldo; Fundamentos de Matemática
elementar. Geometria espacial, posição e métrica. São Paulo: Atual Editora.
1993.
Vídeo de aula: Poliedros. Aula ministrada pelo Prof. Eduardo Wagner sobre
a demonstração do Teorema de Euler para poliedros convexos disponível
em <http://strato.impa.br/capem_jan2005.htm>. Acesso em 2 de agosto de 2010.
Ficha técnica
Matemática Multimídia
Coordenador Geral
Samuel Rocha de Oliveira
Coordenador de Experimentos
Leonardo Barichello
Instituto de Matemática,
Estatística e Computação
Científica (imecc – unicamp)
Diretor
Jayme Vaz Jr.
Vice-Diretor
Edmundo Capelas de Oliveira
Universidade Estadual
de Campinas
Reitor
Fernando Ferreira da Costa
Vice-Reitor e Pró-Reitor
de Pós-Graduação
Edgar Salvadori De Decca
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Ministério da
Ciência e Tecnologia
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da Educação
Governo FederalSecretaria de
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Autoras
Claudina Izepe Rodrigues,
Eliane Quelho Frota Rezende e
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Revisores
Matemática
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Língua Portuguesa
Carolina Bonturi
Pedagogia
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Relação de Euler em cubos cortados

  • 1. Experimento Guia do professor licença  Esta obra está licenciada sob uma licença Creative Commons geometria e medidas Ministério da Ciência e Tecnologia Ministério da Educação Governo FederalSecretaria de Educação a Distância Cortar cubos Objetivos da unidade Apresentar a Relação de Euler aos alunos.
  • 2. Guia do professor Sinopse Neste experimento, cada aluno terá, inicialmente, um cubo de espuma floral, que obedece a Relação de Euler V −A+F = 2 V −A+F = 2, onde V −A+F = 2 V −A+é o número de vértices,V −A+F = 2 V −A+F = 2o número de arestas eV −A+F = 2 V −A+F = 2é o número de faces do sólido. O objetivo será fazer cortes planos nesse poliedro na tentativa de violar a relação mencionada no sólido resultante, ou seja, fazerV −A+F = 2 V −A+F = 2. Deste modo, seus alunos estarão verificando a relação a cada corte feito, de modo que ela se fixe cada vez mais. Conteúdos Geometria Espacial, Relação de Euler. Objetivos Apresentar a Relação de Euler aos alunos.1. Duração Uma aula simples. Cortar cubos
  • 3. Neste experimento, é estudada a Relação de Euler para poliedros, a qual relaciona o número de vértices, o número de arestas e o número de faces de um poliedro. Essa relação foi descoberta em 1758 por Leonhard Euler (1707 – 1783), matemático suíço que teve 886 trabalhos publicados, a maioria deles no final de sua vida, quando já estava completamente cego. Euler foi muito importante não apenas para a matemática, mas também para a física, a engenharia e a astronomia. O principal objetivo desse trabalho é o estudo da Relação de Euler. O desenvolvimento do experimento consiste em procurar, de maneira expe- rimental, poliedros para os quais a conhecida Relação de Euler seja válida e outros para os quais essa relação não se verifica. Através dessa relação, é possível analisar e descrever as possibilidades de tipos de poliedros a partir de algumas informações sobre seus elementos, por exemplo, podemos mostrar que existem apenas cinco poliedros regulares convexos. O estudo da Relação de Euler é importante, pois permite o reconhecimento de alguns poliedros ou classes de poliedros, a partir de alguma informação sobre seus vértices ou sobre suas arestas ou faces. Além disso, conside- ramos que a maneira experimental é a mais adequada para se trabalhar esse assunto no Ensino Médio. O envolvimento do aluno na descoberta traz o entusiasmo e a curiosidade, e propicia a aprendizagem de maneira prazerosa.
  • 4. Comentários iniciais Foi escolhido neste experimento fazer cortes em cubos confeccionados com espuma floral. Esse tipo de representação do poliedro não envolve somente suas faces, mas propicia um bom trabalho com elas. Podem ser utilizados também, na confecção dos poliedros, pedaços de sabão ou massa para modelar. Estão apresentadas, no início do experimento, definições de polígono e poliedro, polígono convexo e poliedro convexo, exemplos e contraexemplos, como também o enunciado do teorema que evidencia a Relação de Euler, a qual se quer testar experimentalmente. Pretendemos, neste guia, apresentar uma demonstração dessa relação. Existem muitas definições para poliedro. Neste contexto, será consi- derada como poliedro a figura obtida pela reunião de um número finito de polígonos, chamados faces, com determinadas condições sobre seus lados, os quais são chamados de arestas e vértices, a saber: cada lado de um dos polígonos que o forma é lado de um, e apenas um, outro polí- gono; e a intersecção de duas faces distintas pode ser uma aresta comum, um vértice ou vazia. Corte dos cubos I Nesta primeira etapa, serão feitos cortes em cubos para a obtenção de outros poliedros. É importante orientar o aluno na forma como se deve cortar o cubo. Como o objetivo é obter outros poliedros, os cortes deverão ser planos. Nesta primeira etapa, os poliedros a serem obtidos devem ser convexos. Os números obtidos na contagem dos elementos de cada poliedro encontrado devem ser dispostos em uma tabela para posterior discussão dos resultados. A questão é: cortando cubos e outros poliedros de modo a serem obtidos apenas poliedros convexos, é possível violar a Relação de Euler? Uma vez trabalhado com poliedros convexos, evidentemente sem violar a relação de Euler, segue a Etapa 2.
  • 5. Corte dos cubos II Nesta segunda etapa, os alunos devem proceder como na primeira, porém agora os poliedros a serem obtidos devem ser não convexos. E a questão é: será que desta vez foram encontrados poliedros para os quais não seja válida a Relação de Euler? Ou seja, a Relação de Euler é válida também para poliedros não convexos? É esperado que desta vez sejam encontrados poliedros não convexos que obedecem à Relação de Euler, porém outros nos quais esse fato não ocorre. Neste momento os alunos terão oportunidade de discutir com seus colegas sobre a validade ou não da Relação de Euler para os poliedros obtidos. Ao professor cabe promover essa discussão para socialização das descobertas. Estamos considerando a seguinte definição de poliedro: Um poliedro é a reunião de um número finito de polígonos, chamados de faces. Os lados desses polígonos são chamados de arestas do poliedro e os seus vértices, de vértices do poliedro. É exigido que cada lado de um desses polígonos seja também lado de um, e apenas um, outro polígono e ainda que a intersecção de duas faces distintas do sólido seja uma aresta comum, um vértice ou vazia. Se um poliedro satisfaz a relação , onde , e são seus números de vértices, arestas e faces, respectivamente, dizemos que Definição de poliedro
  • 6. o poliedro satisfaz a Relação de Euler. Como visto, os poliedros convexos construídos no experimento satisfazem essa relação. Assim, pode ser provado que todos os poliedros convexos satisfazem esta relação. Também foram construídos poliedros não convexos que satisfazem a relação e outros que não satisfazem. Os poliedros que atendem à Relação de Euler recebem o nome de poliedros eulerianos. Exemplos Para prismas com lados no polígono da base, o número de vértices será igual a , e o número de faces igual a e o número de arestas igual a . Neste caso, . Para pirâmides com lados no polígono da base, teremos . Prismas e pirâmides satisfazem, portanto, a Relação de Euler. Outros poliedros convexos também podem ser testados pelos alunos. Enfim, observamos que para diversos poliedros convexos ela é verdadeira. E para os poliedros não convexos? Apresentamos como exemplo um poliedro não convexo para o qual vale a Relação de Euler. Nele, . fig. 1.
  • 7. Então a pergunta seria: em qual universo de poliedros vamos procurar aqueles para os quais a Relação de Euler não se verifica? Após os alunos terem encontrado poliedros não eulerianos, o professor pode apresentar uma gama de poliedros eulerianos e não eulerianos, para que encontrem alguma regularidade entre os que não satisfazem e alguma entre os que satisfazem. A figura que segue mostra alguns poliedros que não são eulerianos. No final deste texto, em Variações, estão apresentados alguns deles com suas planificações. fig. 2 P₁ P₃ P₂ P₄
  • 8. Para o poliedro , temos: . O poliedro verifica: . Para o terceiro, . E, para o quarto, . Deve ser observado que poliedros que tenham algum furo não satisfazem a Relação de Euler, como os exemplos anteriores. Para um poliedro , o número é denominado caracte- rística de Euler-Poincaré do poliedro. Observamos que poliedros que satisfazem a relação de Euler possuem característica de Euler-Poincaré igual a 2. Já para os demais exemplos apresentados, o poliedro tem característica −2 e o poliedro possui característica igual a 4. Os poliedros e têm característica de Euler igual a zero. Encontre outros poliedros e determine suas características de Euler- Poincaré. Encontre um poliedro com três furos e com característica de Euler-Poincaré igual a −4. Poincaré (1854 - 1912) foi o primeiro matemático a compreender que o Teorema de Euler é um teorema deTopologia, e não de Geometria. Observou que o número é um invariante topológico do poliedro . Para entendermos esse conceito, precisamos da seguinte definição: Duas figuras e são ditas homeomorfas se existir uma transformação contínua com a inversa também contínua. De forma intuitiva, um poliedro, ao imaginá-lo de borracha, que ao ser inflado se transforma em uma esfera é homeomorfo a ela. Por exemplo, os poliedros convexos: o cubo, o tetraedro e o poliedro não convexo da figura
  • 9. que segue são homeomorfos à esfera. Observamos que a característica de Euler-Poincaré desses poliedros é igual a 2. Já os poliedros que seguem são homeomorfos ao toro, isto é, ao serem inflados se transformam no toro, uma figura como a câmara de ar de um pneu. Neste caso, a característica de Euler-Poincaré destes poliedros é igual a zero. fig. 3
  • 10. Se um poliedro é convexo, então ele é homeomorfo à esfera, pois, consi- derando um ponto O em seu interior e uma esfera de centro neste ponto contendo o poliedro, uma reta que passa pelo ponto O intersecta o poliedro em exatamente 2 pontos, e , como mostra a ilustração. Assim, deforma- mos o poliedro de forma que o ponto é levado no ponto ’ da esfera e o ponto é levado no ponto ’ da esfera, onde ’ e ’ são as interseções da reta com a esfera. Logo, considerando todas as retas passando pelo ponto , podemos transformar o poliedro de modo contínuo em uma esfera com centro no ponto . fig. 4 V − A + F = 16 − 32 + 16 = 0 V − A + F = 12 − 24 + 12 = 0 Toro
  • 11. Teorema de Euler para poliedros Existem diferentes demonstrações do Teorema de Euler para poliedros con- vexos. Por exemplo, em [LIMA et al, 2000] encontramos uma demonstração que envolve projeções paralelas; já em [POMPEO; DOLCE] é apresentada uma demonstração desse teorema em que é usada indução matemática. Para poliedros mais gerais homeomorfos à esfera, apresentamos, a seguir, em linhas gerais, a ideia da demonstração do Teorema de Euler que é basicamente devida a Cauchy (1789 - 1857). Para uma análise mais rigorosa e justificativa mais precisa a respeito dessa demonstração, ver [LIMA, 1997] ou [LIMA, 1985]. Teorema Para todo poliedro homeomorfo à esfera vale a relação , onde é o número de vértices, é o número de arestas e é o número de faces do poliedro. fig. 5 B’ B O A A’
  • 12. Demonstração Consideremos um poliedro homeomorfo à esfera, com faces, arestas e vértices. Vamos inicialmente retirar uma de suas faces. A nova figura terá o mesmo número de vértices, o mesmo número de arestas, porém faces. Provaremos que, para essa nova figura, vale a relação . Nessa nova figura existem arestas que pertencem a apenas uma face, são as chamadas arestas livres. Vamos considerar a figura obtida ao se “esticar” de modo conveniente essa nova figura a partir de suas arestas livres, achatando-a até que ela se torne uma figura plana. A ilustração seguinte mostra o processo de esticar e achatar um poliedro, do qual foi retirada a face superior, até transformá-lo em uma figura plana. 1 2 3 4 5 fig. 6
  • 13. Nas ilustrações seguintes, são apresentados alguns poliedros com suas respectivas figuras planas. Na primeira, foi retirada uma face quadrada; na segunda, uma face retangular e, na terceira, uma face pentagonal. A figura plana terá o mesmo número , , e , de vértices, arestas e faces, respectivamente. Vamos traçar, nos polígonos da figura plana, diagonais que não se cortam, obtendo uma decomposição de cada uma de suas faces em triân- gulos. A ilustração que segue mostra a decomposição da figura plana correspondente ao cubo em triângulos. fig. 7
  • 14. Observamos que, a cada diagonal traçada, a figura plana terá o mesmo número de vértices e aumenta-se o número de arestas e o número de faces em uma unidade cada um. Assim, o número de seus vértices menos o número de suas arestas mais o número de suas faces é igual a , ou seja, . Portanto, o resultado permanece inalterado. Vamos, então, supor que todas as faces da figura plana são triângulos. Note que podem existir apenas os seguintes tipos de triângulos: com apenas uma aresta livre, com duas arestas livres ou sem arestas livres. A seguir, retiramos da figura uma a uma as faces triangulares. fig. 8 V, A e F V’, A’ e F’ com valores V, A e (F − 1) V’’, A’’ e F’’ com valores V’, (A’ + 5) e (F’ + 5)
  • 15. A retirada dos triângulos deve ser feita seguindo os seguintes critérios: Se não existir triângulos com duas arestas livres, retiramos um triângulo com uma aresta livre, diminuindo uma aresta e uma face. Para a figura que resta, o número de vértices menos o número de arestas mais o número de faces é igual a , ou seja, . Assim, neste caso, o resultado permanece inalterado. Além disso, a figura continua tendo somente triângulos dos tipos citados anteriormente. É o caso dos dois primeiros passos da ilustração anterior. Se existe triângulo com duas arestas livres, retiramos este triângulo, dimi- nuindo um vértice, duas arestas e uma face. Na figura restante, o número de vértices menos o número de arestas mais o número de faces é igual a , ou seja, . Novamente, o resultado permanece inalterado e a figura continua tendo somente triân- gulos dos três tipos citados. É o caso do terceiro passo da ilustração anterior. Se, depois de retirar um triângulo com uma aresta livre, a figura voltar a ter triângulos com duas arestas livres, estes triângulos devem ser retirados, 1 2 3 4 fig. 9
  • 16. ou seja, só retiramos triângulos com apenas uma aresta livre quando não existir triângulo com duas arestas livres. O procedimento deve continuar até que reste apenas um triângulo. Como, para o triângulo, o número de vértices menos o número de arestas mais o nú- mero de faces é igual a 1, e em todas as retiradas este resultado permanece inalterado e igual a , concluímos que , ou seja, , onde é o número de vértices, o número de ares- tas e o número de faces do poliedro P inicial, o que completa a prova. Peça aos alunos que desenhem uma planificação dos poliedros criados por eles, para que sejam confeccionados em cartolina. Como exemplo, apresentamos planificações de dois poliedros com mesma característica de Euler–Poincaré igual a zero. fig. 10
  • 17. Outra variação possível, como uma aplicação da Relação de Euler, é pedir aos alunos que obtenham o resultado: existem apenas cinco poliedros regulares convexos. Um poliedro convexo é regular se todas as faces são polígonos regulares congruentes e em todos os vértices concorrem o mesmo número de arestas. fig. 11 V − A + F = 12 − 24 + 12 = 0
  • 18. Azambuja Filho, Zoroastro. Demonstração do Teorema de Euler para poliedros convexos. Revista do Professor de Matemática. São Paulo, n.3, p. 15-17, 1983. Eves, Howard. Introdução à História da Matemática. 4ª ed. Campinas: Editora da Unicamp, 2004. Lima, Elon Lages. O Teorema de Euler sobre Poliedros. Revista Matemática Universitária. Rio de Janeiro: sbm, n.2, p.57-74, dezembro, 1985. Disponível em <http://www.rmu.sbm.org.br/Conteudo/n02/n02_Artigo03.pdf>. Acesso em 2 de agosto de 2010. Lima, Elon Lages. Meu professor de Matemática e outras histórias. 3ª ed. Rio de Janeiro: sbm, 1997. Lima, Elon Lages et al. A Matemática do Ensino Médio. Vol. 2. 3. ed. Rio de Janeiro: sbm, 2000. Coleção do Professor de Matemática. Pompeo, José Nicolau; Dolce, Osvaldo; Fundamentos de Matemática elementar. Geometria espacial, posição e métrica. São Paulo: Atual Editora. 1993. Vídeo de aula: Poliedros. Aula ministrada pelo Prof. Eduardo Wagner sobre a demonstração do Teorema de Euler para poliedros convexos disponível em <http://strato.impa.br/capem_jan2005.htm>. Acesso em 2 de agosto de 2010.
  • 19. Ficha técnica Matemática Multimídia Coordenador Geral Samuel Rocha de Oliveira Coordenador de Experimentos Leonardo Barichello Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (imecc – unicamp) Diretor Jayme Vaz Jr. Vice-Diretor Edmundo Capelas de Oliveira Universidade Estadual de Campinas Reitor Fernando Ferreira da Costa Vice-Reitor e Pró-Reitor de Pós-Graduação Edgar Salvadori De Decca licença  Esta obra está licenciada sob uma licença Creative Commons Ministério da Ciência e Tecnologia Ministério da Educação Governo FederalSecretaria de Educação a Distância Autoras Claudina Izepe Rodrigues, Eliane Quelho Frota Rezende e Maria Lúcia Bontorim de Queiroz Revisores Matemática Antônio Carlos do Patrocínio Língua Portuguesa Carolina Bonturi Pedagogia Ângela Soligo Projeto gráfico e ilustrações técnicas Preface Design