SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 3
Baixar para ler offline
Debate
Educação Sexual
Impossível adiar mais!

                                                                                 “Se alguma coisa se pode
                                                                                 dizer sobre a educação
                                                                                 sexual nas escolas é que
                                                                                 é insuficiente"
                                                                                 Maria de Lurdes Rodrigues, ministra da Educação




                                                                   Pedro Gomes




Tomemos a definição de                   componentes morfológicas,               Faz tanto tempo! ...
sexualidade para a Organização           fisiológicas, emocionais,
                                                                                 No primeiro documento sobre
Mundial de Saúde:                        afectivas e culturais.
                                                                                 educação sexual, a Lei n.° 3/84,
“A sexualidade é uma energia que         Considerada, até há                     de 24 de Março de 1984, os dois
nos motiva a procurar amor,              relativamente pouco tempo,              primeiros artigos afirmam que
contacto, ternura e intimidade; que se   assunto do foro íntimo, passou          cabe ao Estado garantir o direito
integra no modo como nos sentimos,       a ser encarada como um aspecto          à educação sexual dos jovens
movemos , tocamos e somos tocados;       fundamental da formação                 através da escola, como
é ser-se sensual e ao mesmo tempo        integral do ser humano e, por           componente do direito
sexual; ela influencia pensamentos,      isso, implicando também                 fundamental à educação. Para a
sentimentos, acções e interacções e,     a escola. As doenças sexualmente        sua concretização o normativo
por isso, influencia também a nossa      transmissíveis, designadamente o        prevê apoio aos pais no que diz
saúde física e mental.”                  VIH/SIDA, e a gravidez não              respeito à educação sexual dos
A definição transcrita manifesta         desejada tornaram mais urgente a        filhos, formação inicial e
a complexidade do tema:                  clarificação do papel da educação       contínua dos professores, assim
a sexualidade humana envolve             sexual em contexto escolar.             como a inclusão nos programas
6
“A Educação Sexual deve deixar de ser
                                     fragmentada e deve ser integrada na
                                     educação para a saúde”
                                     Daniel Sampaio, presidente do Grupo de Trabalho para a Educação Sexual em Meio Escolar




escolares de conhecimentos           carácter que a educação sexual                      numa disciplina sobre saúde.
científicos sobre anatomia,          deveria assumir no currículo:                       Algumas vozes críticas têm
fisiologia, genética e sexualidade   constituir-se como disciplina                       alertado para o facto de se correr
humana adaptados aos                 autónoma? Ser transversal ao                        o risco de a educação sexual se
diferentes níveis de ensino.         currículo? Integrar uma área                        diluir nas temáticas mais vastas
Passaram-se 22 anos desde            mais ampla de educação para a                       da educação para a saúde.
a publicação do primeiro             saúde? O GTES defendeu que as
documento que regulamenta            escolas do ensino básico e
a educação sexual em Portugal!       secundário devem revitalizar os                     A concretização
Será que é desta vez que se passa    currículos sobre educação para a                    O programa começou já a ser
decisivamente do papel para          saúde, integrando a educação                        implementado. Assim,
a vida?                              sexual, em vez de criarem uma                       os agrupamentos/escolas
                                     disciplina autónoma. As                             interessados em ser apoiados,
                                     conclusões apontaram para o                         ainda este ano lectivo, na
Novas orientações                    que parecia ser a opinião que                       concretização dos
Com o objectivo de promover a        prevalecia entre as associações de                  programas/projectos sobre
educação sexual nas escolas          pais e entre os professores. Numa                   “Educação para a Saúde”,
portuguesas, a ministra da           sondagem promovida pelo                             puderam, até ao dia 15 de
Educação cria, em Junho de           Netprof (www.netprof.pt) 48%                        Fevereiro, apresentar um plano
2005, o Grupo de Trabalho para       optaram pela sua integração                         de trabalho. Para além da
a Educação Sexual em Meio
Escolar (GTES), presidido pelo
psiquiatra Daniel Sampaio. Em                                       NÚMEROS QUE PREOCUPAM
Novembro, o GTES apresentou
                                       15% dos infectados com SIDA são jovens com menos de 25 anos
as suas conclusões, a que se
associou o parecer do Conselho         Há 28 mil adolescentes portuguesas grávidas por ano, o que consti-
Nacional de Educação sobre a           tui a segunda maior taxa de gravidez precoce na Europa.
matéria (consultar em
                                       8,8 por cento dos jovens com mais de 15 anos já teve relações
www.min-edu.pt). Entre as
                                       sexuais sem preservativo.
várias conclusões destaca-se a
afirmação da responsabilidade
que cabe à escola e aos
professores na organização                                                     EM LINHA
e desenvolvimento da
educação sexual.                       Pelo custo de uma chamada local o número 800 22 20 03 – “Sexuali-
                                       dade em Linha” disponibiliza o acesso a quem pode esclarecer dúvi-
                                       das sobre sexualidade colocadas pelos jovens portugueses. Existe
A questão central                      desde 1998 através de um protocolo entre a APF e o IPJ. “Sexuali-
                                       dade em Linha” atende dezenas de milhares de chamadas por ano,
Uma das principais questões que
                                       sendo sobretudo procurada por raparigas.
o GTES teve de reflectir foi o
                                                                                                                              7
indicação do professor                 disciplinares) a integrar no                  agrupamentos de escolas que
coordenador, deveriam                  Projecto Educativo de Escola.                 estão já a trabalhar a educação
estabelecer um protocolo com           Esta proposta deveria conter                  para a saúde e que receberão
um centro de saúde e apresentar        temáticas associadas com a                    apoio diferenciado. No próximo
uma proposta de concretização          Promoção do Desenvolvimento                   ano lectivo todas as escolas têm
das temáticas da educação para a       Pessoal e Social e a prevenção                de desenvolver projectos no
promoção da saúde nos planos           de comportamentos de risco.                   âmbito da educação para a
curriculares (disciplinares ou não     Chegaram 188 projectos de                     saúde.




    FALÁMOS COM         Maria João Silva, Professora Coordenadora da Escola Superior de Educação do Porto


                       Educação Sexual: Não É Possível Não Fazer
                       No momento em que o Ministério da Educação e o Grupo de Trabalho para a Educação
                       Sexual (GTES), iniciam novo trabalho no que se refere à Educação Sexual em Meio Escolar,
                       importa realçar algumas questões básicas.
                       Recorde-se em primeiro lugar, que todos, e todas, tivemos, e teremos sempre, educação sexual.
                       Porque a educação sexual acontece em cada momento, através dos modelos, dos comporta-
                       mentos, da diversidade de marcações do que é, e do que deve ser, visível e invisível social-
                       mente. Por isso, todos os pais e mães, todas as famílias, todos os agentes de educação formal,
                       ou não formal, fazem educação sexual. Em casa, nos meios de comunicação social e, claro,
                       também em meio escolar.
                       Se estivermos atentos, e o permitirmos, as crianças fazem perguntas relacionadas com a sexua-
                       lidade. Essas perguntas reflectem, por um lado, o que estão a viver em termos do seu desenvol-
                       vimento, e, por outro, os problemas, comportamentos e modelos que lhes são transmitidos no
                       quotidiano, nomeadamente, e com especial intensidade, pelas telenovelas.
                       Em meio escolar, desde a educação de infância, passando pelos diversos ciclos, faz-se educa-
                       ção sexual na forma como se responde, ou não responde, às questões de alunos e alunas, ou
                       mesmo às suas provocações, relacionadas com a sexualidade. Tornamos difícil, ou acessível,
                       falar destas questões, não só pelo que dizemos, mas muito especialmente pela forma como o
                       dizemos ou não dizemos. Não é possível não fazer educação sexual em meio escolar. Não é
                       possível só fazer educação sexual numa disciplina de educação para a saúde. O que sempre
                       foi possível, foi fazer educação sexual, de uma forma negativa, sem que o educador clarifique
                       os seus próprios valores, sem enquadrar a sua acção educativa nos valores e orientações da
                       Constituição, da Lei de Bases do Sistema Educativo, e de outros documentos orientadores.
                       A formação científica relacionada com educação sexual não está separada, de forma estan-
                       que, da formação pessoal e social e de um quadro de valores. Neste contexto, estranha-se que
                       o Relatório de Trabalho do GTES inclua a “educação para os afectos e para a sexualidade” no
                       2.° ciclo, não a incluindo no 1.° ciclo, nem no pré-escolar. Não se entende, por exemplo, como
                       será desejável, ou possível, falar do corpo humano no 1.° ciclo, sem comunicar sobre afectos e
                       sexualidade.
                       Note-se, em segundo lugar, que todos e todas vivemos a sexualidade desde que nascemos e
                       durante toda a vida, mas cada um de forma diferente. Com sensações, emoções, sentimentos,
                       decisões e ritmos diferentes. Assim, é necessário dar especial atenção ao seu quotidiano e,
                       nomeadamente, às famílias e comunidades em que se integram. Para que se possa adaptar
                       conteúdos, mensagens e reflexões, de uma forma que promova uma sexualidade gratificante.
                       Uma sexualidade vivida de forma informada e responsável, em que a informação, a reflexão e
                       a capacidade de decisão cheguem, efectivamente, antes dos acontecimentos.


8

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

entrevista com a Professora Maria Malta
entrevista com a Professora Maria Maltaentrevista com a Professora Maria Malta
entrevista com a Professora Maria MaltaMiriam Camargo
 
Apresentação do Projecto do 3º ciclo
Apresentação do Projecto do 3º cicloApresentação do Projecto do 3º ciclo
Apresentação do Projecto do 3º cicloCristina Couto Varela
 
Jornal Icaivera - Edição 2
Jornal Icaivera - Edição 2Jornal Icaivera - Edição 2
Jornal Icaivera - Edição 2Telma Maciel
 
Celma alessandra silva erika
Celma alessandra silva erikaCelma alessandra silva erika
Celma alessandra silva erikaFernando Pissuto
 
A Educação Infantil levado a serio
A Educação Infantil levado a serioA Educação Infantil levado a serio
A Educação Infantil levado a serioEduardo Lopes
 
PROFESSORES INICIANTES DA EDUCAÇÃO INFANTIL EM PROCESSO DE FORMAÇÃO: UM ESTUD...
PROFESSORES INICIANTES DA EDUCAÇÃO INFANTIL EM PROCESSO DE FORMAÇÃO: UM ESTUD...PROFESSORES INICIANTES DA EDUCAÇÃO INFANTIL EM PROCESSO DE FORMAÇÃO: UM ESTUD...
PROFESSORES INICIANTES DA EDUCAÇÃO INFANTIL EM PROCESSO DE FORMAÇÃO: UM ESTUD...ProfessorPrincipiante
 
Trabalho da disciplina de inclusão
Trabalho da disciplina de inclusãoTrabalho da disciplina de inclusão
Trabalho da disciplina de inclusãoLeandro Oliveira
 
10.2 orientação sexual
10.2 orientação sexual10.2 orientação sexual
10.2 orientação sexualcelikennedy
 
Diretrizescurriculares 2012
Diretrizescurriculares 2012Diretrizescurriculares 2012
Diretrizescurriculares 2012angelafreire
 
Política Nacional da Ed. Infantil
Política Nacional da Ed. InfantilPolítica Nacional da Ed. Infantil
Política Nacional da Ed. InfantilLílian Reis
 
ADOLESCENTES GRÁVIDAS: OS DESAFIOS E AS PERSPECTIVAS NO CONTEXTO ESCOLAR
ADOLESCENTES GRÁVIDAS: OS DESAFIOS E AS PERSPECTIVAS NO CONTEXTO ESCOLARADOLESCENTES GRÁVIDAS: OS DESAFIOS E AS PERSPECTIVAS NO CONTEXTO ESCOLAR
ADOLESCENTES GRÁVIDAS: OS DESAFIOS E AS PERSPECTIVAS NO CONTEXTO ESCOLARJanaina Silveira
 
Caderno secad genero_e_diversidade_sexual_na_escola
Caderno secad genero_e_diversidade_sexual_na_escolaCaderno secad genero_e_diversidade_sexual_na_escola
Caderno secad genero_e_diversidade_sexual_na_escolaAna Valeria Silva
 
Bicastiradentes orientacaosexual sexualidadenaadolescencia
Bicastiradentes orientacaosexual sexualidadenaadolescenciaBicastiradentes orientacaosexual sexualidadenaadolescencia
Bicastiradentes orientacaosexual sexualidadenaadolescenciatemastransversais
 
Trabalho elaine dourador
Trabalho elaine douradorTrabalho elaine dourador
Trabalho elaine douradorIsaias Silva
 
Parentalidade positiva
Parentalidade positivaParentalidade positiva
Parentalidade positivapaulacruz971
 

Mais procurados (19)

entrevista com a Professora Maria Malta
entrevista com a Professora Maria Maltaentrevista com a Professora Maria Malta
entrevista com a Professora Maria Malta
 
Apresentação do Projecto do 3º ciclo
Apresentação do Projecto do 3º cicloApresentação do Projecto do 3º ciclo
Apresentação do Projecto do 3º ciclo
 
Jornal Icaivera - Edição 2
Jornal Icaivera - Edição 2Jornal Icaivera - Edição 2
Jornal Icaivera - Edição 2
 
Celma alessandra silva erika
Celma alessandra silva erikaCelma alessandra silva erika
Celma alessandra silva erika
 
A Educação Infantil levado a serio
A Educação Infantil levado a serioA Educação Infantil levado a serio
A Educação Infantil levado a serio
 
PROFESSORES INICIANTES DA EDUCAÇÃO INFANTIL EM PROCESSO DE FORMAÇÃO: UM ESTUD...
PROFESSORES INICIANTES DA EDUCAÇÃO INFANTIL EM PROCESSO DE FORMAÇÃO: UM ESTUD...PROFESSORES INICIANTES DA EDUCAÇÃO INFANTIL EM PROCESSO DE FORMAÇÃO: UM ESTUD...
PROFESSORES INICIANTES DA EDUCAÇÃO INFANTIL EM PROCESSO DE FORMAÇÃO: UM ESTUD...
 
Trabalho da disciplina de inclusão
Trabalho da disciplina de inclusãoTrabalho da disciplina de inclusão
Trabalho da disciplina de inclusão
 
10.2 orientação sexual
10.2 orientação sexual10.2 orientação sexual
10.2 orientação sexual
 
A familia e a escola
A familia e a escolaA familia e a escola
A familia e a escola
 
Diretrizescurriculares 2012
Diretrizescurriculares 2012Diretrizescurriculares 2012
Diretrizescurriculares 2012
 
Política Nacional da Ed. Infantil
Política Nacional da Ed. InfantilPolítica Nacional da Ed. Infantil
Política Nacional da Ed. Infantil
 
Sexualidade: Tema de escola?
Sexualidade: Tema de escola?Sexualidade: Tema de escola?
Sexualidade: Tema de escola?
 
15 outubro
15 outubro15 outubro
15 outubro
 
Projeto OSCIP GRUPO DO BEM
Projeto OSCIP GRUPO DO BEMProjeto OSCIP GRUPO DO BEM
Projeto OSCIP GRUPO DO BEM
 
ADOLESCENTES GRÁVIDAS: OS DESAFIOS E AS PERSPECTIVAS NO CONTEXTO ESCOLAR
ADOLESCENTES GRÁVIDAS: OS DESAFIOS E AS PERSPECTIVAS NO CONTEXTO ESCOLARADOLESCENTES GRÁVIDAS: OS DESAFIOS E AS PERSPECTIVAS NO CONTEXTO ESCOLAR
ADOLESCENTES GRÁVIDAS: OS DESAFIOS E AS PERSPECTIVAS NO CONTEXTO ESCOLAR
 
Caderno secad genero_e_diversidade_sexual_na_escola
Caderno secad genero_e_diversidade_sexual_na_escolaCaderno secad genero_e_diversidade_sexual_na_escola
Caderno secad genero_e_diversidade_sexual_na_escola
 
Bicastiradentes orientacaosexual sexualidadenaadolescencia
Bicastiradentes orientacaosexual sexualidadenaadolescenciaBicastiradentes orientacaosexual sexualidadenaadolescencia
Bicastiradentes orientacaosexual sexualidadenaadolescencia
 
Trabalho elaine dourador
Trabalho elaine douradorTrabalho elaine dourador
Trabalho elaine dourador
 
Parentalidade positiva
Parentalidade positivaParentalidade positiva
Parentalidade positiva
 

Destaque

Educacao para a saude
Educacao para a saudeEducacao para a saude
Educacao para a saudejsoeiro
 
Eds dv(2)
Eds dv(2)Eds dv(2)
Eds dv(2)jsoeiro
 
152 553-1-pb
152 553-1-pb152 553-1-pb
152 553-1-pbjsoeiro
 
Protocolo c ms_uatla_mspco29fev
Protocolo c ms_uatla_mspco29fevProtocolo c ms_uatla_mspco29fev
Protocolo c ms_uatla_mspco29fevjsoeiro
 
Gtes rel final
Gtes rel finalGtes rel final
Gtes rel finaljsoeiro
 
50 457-2-pb
50 457-2-pb50 457-2-pb
50 457-2-pbjsoeiro
 
Sexualidade seguranca sida
Sexualidade seguranca sidaSexualidade seguranca sida
Sexualidade seguranca sidajsoeiro
 
B planeamento e avaliacao_de_projectos
B planeamento e avaliacao_de_projectosB planeamento e avaliacao_de_projectos
B planeamento e avaliacao_de_projectosjsoeiro
 
Vermicompostagem Profissional - Curso de Formação em E-learning
Vermicompostagem Profissional - Curso de Formação em E-learningVermicompostagem Profissional - Curso de Formação em E-learning
Vermicompostagem Profissional - Curso de Formação em E-learningFuturamb
 
Pati chiela
Pati chielaPati chiela
Pati chielapatich
 
Actividad 7: Arma tu plan de acción
Actividad 7: Arma tu plan de acciónActividad 7: Arma tu plan de acción
Actividad 7: Arma tu plan de acciónAmanda Gómez Rojas
 
2 Poder Executivo _ Mariana Moreira
2   Poder Executivo _ Mariana Moreira2   Poder Executivo _ Mariana Moreira
2 Poder Executivo _ Mariana MoreiraCepam
 
6 Plano municipal de gestão de recursos sólidos - J. Carreiro
6   Plano municipal de gestão de recursos sólidos - J. Carreiro6   Plano municipal de gestão de recursos sólidos - J. Carreiro
6 Plano municipal de gestão de recursos sólidos - J. CarreiroCepam
 
LSC Football Weekly Release (10/31/16)
LSC Football Weekly Release (10/31/16)LSC Football Weekly Release (10/31/16)
LSC Football Weekly Release (10/31/16)lscmedia
 
NAME OF THE THESIS 14-2-2014
NAME OF THE THESIS 14-2-2014NAME OF THE THESIS 14-2-2014
NAME OF THE THESIS 14-2-2014Jameel Shaikh
 
Reutilização de garrafas PET na confecção de sólidos de Platão
Reutilização de garrafas PET na confecção de sólidos de PlatãoReutilização de garrafas PET na confecção de sólidos de Platão
Reutilização de garrafas PET na confecção de sólidos de Platãotecampinasoeste
 
Blakeney Bridge Wine winemaking in italy
Blakeney Bridge Wine winemaking in italyBlakeney Bridge Wine winemaking in italy
Blakeney Bridge Wine winemaking in italyBlakeneyBridgeWine
 

Destaque (20)

Educacao para a saude
Educacao para a saudeEducacao para a saude
Educacao para a saude
 
Eds dv(2)
Eds dv(2)Eds dv(2)
Eds dv(2)
 
152 553-1-pb
152 553-1-pb152 553-1-pb
152 553-1-pb
 
Protocolo c ms_uatla_mspco29fev
Protocolo c ms_uatla_mspco29fevProtocolo c ms_uatla_mspco29fev
Protocolo c ms_uatla_mspco29fev
 
Gtes rel final
Gtes rel finalGtes rel final
Gtes rel final
 
50 457-2-pb
50 457-2-pb50 457-2-pb
50 457-2-pb
 
Sexualidade seguranca sida
Sexualidade seguranca sidaSexualidade seguranca sida
Sexualidade seguranca sida
 
B planeamento e avaliacao_de_projectos
B planeamento e avaliacao_de_projectosB planeamento e avaliacao_de_projectos
B planeamento e avaliacao_de_projectos
 
Vermicompostagem Profissional - Curso de Formação em E-learning
Vermicompostagem Profissional - Curso de Formação em E-learningVermicompostagem Profissional - Curso de Formação em E-learning
Vermicompostagem Profissional - Curso de Formação em E-learning
 
Segunda vuelta
Segunda vueltaSegunda vuelta
Segunda vuelta
 
Pati chiela
Pati chielaPati chiela
Pati chiela
 
Actividad 7: Arma tu plan de acción
Actividad 7: Arma tu plan de acciónActividad 7: Arma tu plan de acción
Actividad 7: Arma tu plan de acción
 
2 Poder Executivo _ Mariana Moreira
2   Poder Executivo _ Mariana Moreira2   Poder Executivo _ Mariana Moreira
2 Poder Executivo _ Mariana Moreira
 
6 Plano municipal de gestão de recursos sólidos - J. Carreiro
6   Plano municipal de gestão de recursos sólidos - J. Carreiro6   Plano municipal de gestão de recursos sólidos - J. Carreiro
6 Plano municipal de gestão de recursos sólidos - J. Carreiro
 
Ts gc 10_01_2013
Ts gc 10_01_2013Ts gc 10_01_2013
Ts gc 10_01_2013
 
LSC Football Weekly Release (10/31/16)
LSC Football Weekly Release (10/31/16)LSC Football Weekly Release (10/31/16)
LSC Football Weekly Release (10/31/16)
 
NAME OF THE THESIS 14-2-2014
NAME OF THE THESIS 14-2-2014NAME OF THE THESIS 14-2-2014
NAME OF THE THESIS 14-2-2014
 
Ee.ff.
Ee.ff.Ee.ff.
Ee.ff.
 
Reutilização de garrafas PET na confecção de sólidos de Platão
Reutilização de garrafas PET na confecção de sólidos de PlatãoReutilização de garrafas PET na confecção de sólidos de Platão
Reutilização de garrafas PET na confecção de sólidos de Platão
 
Blakeney Bridge Wine winemaking in italy
Blakeney Bridge Wine winemaking in italyBlakeney Bridge Wine winemaking in italy
Blakeney Bridge Wine winemaking in italy
 

Semelhante a Educação Sexual nas Escolas é Urgente

Pcn 10.5 Tt OrientaçãO Sexual
Pcn   10.5   Tt OrientaçãO SexualPcn   10.5   Tt OrientaçãO Sexual
Pcn 10.5 Tt OrientaçãO Sexualliteratoliberato
 
Programa da Educação e Promoção para a Saúde 11/12
Programa da Educação e Promoção para a Saúde 11/12Programa da Educação e Promoção para a Saúde 11/12
Programa da Educação e Promoção para a Saúde 11/12aliceb.formacao
 
Gtes rel final
Gtes rel finalGtes rel final
Gtes rel finaljsoeiro
 
Orientação sexual nas escolas a importância e as dificuldades da abordagem ju...
Orientação sexual nas escolas a importância e as dificuldades da abordagem ju...Orientação sexual nas escolas a importância e as dificuldades da abordagem ju...
Orientação sexual nas escolas a importância e as dificuldades da abordagem ju...Junior Moraes
 
Proj educ sexual versao final
Proj educ sexual versao finalProj educ sexual versao final
Proj educ sexual versao finalanarakel
 
Projecto Educação Sexual
Projecto Educação SexualProjecto Educação Sexual
Projecto Educação Sexualanarakel
 
Sexualidade na Escola
Sexualidade na EscolaSexualidade na Escola
Sexualidade na EscolaLeandroFuzaro
 
Educação Infantil
Educação InfantilEducação Infantil
Educação InfantilEscola Jovem
 
Educação Infantil
Educação  InfantilEducação  Infantil
Educação InfantilEscola Jovem
 
Aula01 org.e metodologia-ed.inf-2013-2
Aula01 org.e metodologia-ed.inf-2013-2Aula01 org.e metodologia-ed.inf-2013-2
Aula01 org.e metodologia-ed.inf-2013-2Elisa Maria Gomide
 

Semelhante a Educação Sexual nas Escolas é Urgente (20)

Projecto PES 2009 2010
Projecto PES 2009 2010Projecto PES 2009 2010
Projecto PES 2009 2010
 
188264por
188264por188264por
188264por
 
Educacao
EducacaoEducacao
Educacao
 
445 4
445 4445 4
445 4
 
Pcn 10.5 Tt OrientaçãO Sexual
Pcn   10.5   Tt OrientaçãO SexualPcn   10.5   Tt OrientaçãO Sexual
Pcn 10.5 Tt OrientaçãO Sexual
 
Folder SPE
Folder SPEFolder SPE
Folder SPE
 
Programa da Educação e Promoção para a Saúde 11/12
Programa da Educação e Promoção para a Saúde 11/12Programa da Educação e Promoção para a Saúde 11/12
Programa da Educação e Promoção para a Saúde 11/12
 
T. informativas pdf
T. informativas pdfT. informativas pdf
T. informativas pdf
 
T. informativas pdf
T. informativas pdfT. informativas pdf
T. informativas pdf
 
T. informativas pdf
T. informativas pdfT. informativas pdf
T. informativas pdf
 
T. informativas pdf
T. informativas pdfT. informativas pdf
T. informativas pdf
 
Gtes rel final
Gtes rel finalGtes rel final
Gtes rel final
 
Gravidez
GravidezGravidez
Gravidez
 
Orientação sexual nas escolas a importância e as dificuldades da abordagem ju...
Orientação sexual nas escolas a importância e as dificuldades da abordagem ju...Orientação sexual nas escolas a importância e as dificuldades da abordagem ju...
Orientação sexual nas escolas a importância e as dificuldades da abordagem ju...
 
Proj educ sexual versao final
Proj educ sexual versao finalProj educ sexual versao final
Proj educ sexual versao final
 
Projecto Educação Sexual
Projecto Educação SexualProjecto Educação Sexual
Projecto Educação Sexual
 
Sexualidade na Escola
Sexualidade na EscolaSexualidade na Escola
Sexualidade na Escola
 
Educação Infantil
Educação InfantilEducação Infantil
Educação Infantil
 
Educação Infantil
Educação  InfantilEducação  Infantil
Educação Infantil
 
Aula01 org.e metodologia-ed.inf-2013-2
Aula01 org.e metodologia-ed.inf-2013-2Aula01 org.e metodologia-ed.inf-2013-2
Aula01 org.e metodologia-ed.inf-2013-2
 

Mais de jsoeiro

Saude mental europa oms
Saude mental europa omsSaude mental europa oms
Saude mental europa omsjsoeiro
 
Metodologia de projecto 1
Metodologia de projecto 1Metodologia de projecto 1
Metodologia de projecto 1jsoeiro
 
Metodologia de projecto individual
Metodologia de projecto individualMetodologia de projecto individual
Metodologia de projecto individualjsoeiro
 
Metodologia de projecto final
Metodologia de projecto finalMetodologia de projecto final
Metodologia de projecto finaljsoeiro
 
Metodologia de projecto
Metodologia de projectoMetodologia de projecto
Metodologia de projectojsoeiro
 
Leinº60 2009
Leinº60 2009Leinº60 2009
Leinº60 2009jsoeiro
 
Lei37 2007
Lei37 2007Lei37 2007
Lei37 2007jsoeiro
 
Lei 60 2009
Lei 60 2009Lei 60 2009
Lei 60 2009jsoeiro
 
Legislaçao normas para aplicacao
Legislaçao normas para aplicacaoLegislaçao normas para aplicacao
Legislaçao normas para aplicacaojsoeiro
 
I dgidc 2009-1176
I dgidc 2009-1176I dgidc 2009-1176
I dgidc 2009-1176jsoeiro
 
Ibe curr manual_3v_en
Ibe curr manual_3v_enIbe curr manual_3v_en
Ibe curr manual_3v_enjsoeiro
 
Folheto mgf
Folheto mgfFolheto mgf
Folheto mgfjsoeiro
 
Educação sexual conteúdos mínimos
Educação sexual conteúdos mínimosEducação sexual conteúdos mínimos
Educação sexual conteúdos mínimosjsoeiro
 
Edital despacho 25995_2005
Edital despacho 25995_2005Edital despacho 25995_2005
Edital despacho 25995_2005jsoeiro
 
Ed sexual meioescolar
Ed sexual meioescolarEd sexual meioescolar
Ed sexual meioescolarjsoeiro
 
Ed saude
Ed saudeEd saude
Ed saudejsoeiro
 
Ed saude competencias transversais
Ed saude competencias transversaisEd saude competencias transversais
Ed saude competencias transversaisjsoeiro
 
Dl 9 2002-ed_saude
Dl 9 2002-ed_saudeDl 9 2002-ed_saude
Dl 9 2002-ed_saudejsoeiro
 
Df es 0116-2000 sre
Df es 0116-2000 sreDf es 0116-2000 sre
Df es 0116-2000 srejsoeiro
 

Mais de jsoeiro (20)

Saude mental europa oms
Saude mental europa omsSaude mental europa oms
Saude mental europa oms
 
Pmg fv8
Pmg fv8Pmg fv8
Pmg fv8
 
Metodologia de projecto 1
Metodologia de projecto 1Metodologia de projecto 1
Metodologia de projecto 1
 
Metodologia de projecto individual
Metodologia de projecto individualMetodologia de projecto individual
Metodologia de projecto individual
 
Metodologia de projecto final
Metodologia de projecto finalMetodologia de projecto final
Metodologia de projecto final
 
Metodologia de projecto
Metodologia de projectoMetodologia de projecto
Metodologia de projecto
 
Leinº60 2009
Leinº60 2009Leinº60 2009
Leinº60 2009
 
Lei37 2007
Lei37 2007Lei37 2007
Lei37 2007
 
Lei 60 2009
Lei 60 2009Lei 60 2009
Lei 60 2009
 
Legislaçao normas para aplicacao
Legislaçao normas para aplicacaoLegislaçao normas para aplicacao
Legislaçao normas para aplicacao
 
I dgidc 2009-1176
I dgidc 2009-1176I dgidc 2009-1176
I dgidc 2009-1176
 
Ibe curr manual_3v_en
Ibe curr manual_3v_enIbe curr manual_3v_en
Ibe curr manual_3v_en
 
Folheto mgf
Folheto mgfFolheto mgf
Folheto mgf
 
Educação sexual conteúdos mínimos
Educação sexual conteúdos mínimosEducação sexual conteúdos mínimos
Educação sexual conteúdos mínimos
 
Edital despacho 25995_2005
Edital despacho 25995_2005Edital despacho 25995_2005
Edital despacho 25995_2005
 
Ed sexual meioescolar
Ed sexual meioescolarEd sexual meioescolar
Ed sexual meioescolar
 
Ed saude
Ed saudeEd saude
Ed saude
 
Ed saude competencias transversais
Ed saude competencias transversaisEd saude competencias transversais
Ed saude competencias transversais
 
Dl 9 2002-ed_saude
Dl 9 2002-ed_saudeDl 9 2002-ed_saude
Dl 9 2002-ed_saude
 
Df es 0116-2000 sre
Df es 0116-2000 sreDf es 0116-2000 sre
Df es 0116-2000 sre
 

Educação Sexual nas Escolas é Urgente

  • 1. Debate Educação Sexual Impossível adiar mais! “Se alguma coisa se pode dizer sobre a educação sexual nas escolas é que é insuficiente" Maria de Lurdes Rodrigues, ministra da Educação Pedro Gomes Tomemos a definição de componentes morfológicas, Faz tanto tempo! ... sexualidade para a Organização fisiológicas, emocionais, No primeiro documento sobre Mundial de Saúde: afectivas e culturais. educação sexual, a Lei n.° 3/84, “A sexualidade é uma energia que Considerada, até há de 24 de Março de 1984, os dois nos motiva a procurar amor, relativamente pouco tempo, primeiros artigos afirmam que contacto, ternura e intimidade; que se assunto do foro íntimo, passou cabe ao Estado garantir o direito integra no modo como nos sentimos, a ser encarada como um aspecto à educação sexual dos jovens movemos , tocamos e somos tocados; fundamental da formação através da escola, como é ser-se sensual e ao mesmo tempo integral do ser humano e, por componente do direito sexual; ela influencia pensamentos, isso, implicando também fundamental à educação. Para a sentimentos, acções e interacções e, a escola. As doenças sexualmente sua concretização o normativo por isso, influencia também a nossa transmissíveis, designadamente o prevê apoio aos pais no que diz saúde física e mental.” VIH/SIDA, e a gravidez não respeito à educação sexual dos A definição transcrita manifesta desejada tornaram mais urgente a filhos, formação inicial e a complexidade do tema: clarificação do papel da educação contínua dos professores, assim a sexualidade humana envolve sexual em contexto escolar. como a inclusão nos programas 6
  • 2. “A Educação Sexual deve deixar de ser fragmentada e deve ser integrada na educação para a saúde” Daniel Sampaio, presidente do Grupo de Trabalho para a Educação Sexual em Meio Escolar escolares de conhecimentos carácter que a educação sexual numa disciplina sobre saúde. científicos sobre anatomia, deveria assumir no currículo: Algumas vozes críticas têm fisiologia, genética e sexualidade constituir-se como disciplina alertado para o facto de se correr humana adaptados aos autónoma? Ser transversal ao o risco de a educação sexual se diferentes níveis de ensino. currículo? Integrar uma área diluir nas temáticas mais vastas Passaram-se 22 anos desde mais ampla de educação para a da educação para a saúde. a publicação do primeiro saúde? O GTES defendeu que as documento que regulamenta escolas do ensino básico e a educação sexual em Portugal! secundário devem revitalizar os A concretização Será que é desta vez que se passa currículos sobre educação para a O programa começou já a ser decisivamente do papel para saúde, integrando a educação implementado. Assim, a vida? sexual, em vez de criarem uma os agrupamentos/escolas disciplina autónoma. As interessados em ser apoiados, conclusões apontaram para o ainda este ano lectivo, na Novas orientações que parecia ser a opinião que concretização dos Com o objectivo de promover a prevalecia entre as associações de programas/projectos sobre educação sexual nas escolas pais e entre os professores. Numa “Educação para a Saúde”, portuguesas, a ministra da sondagem promovida pelo puderam, até ao dia 15 de Educação cria, em Junho de Netprof (www.netprof.pt) 48% Fevereiro, apresentar um plano 2005, o Grupo de Trabalho para optaram pela sua integração de trabalho. Para além da a Educação Sexual em Meio Escolar (GTES), presidido pelo psiquiatra Daniel Sampaio. Em NÚMEROS QUE PREOCUPAM Novembro, o GTES apresentou 15% dos infectados com SIDA são jovens com menos de 25 anos as suas conclusões, a que se associou o parecer do Conselho Há 28 mil adolescentes portuguesas grávidas por ano, o que consti- Nacional de Educação sobre a tui a segunda maior taxa de gravidez precoce na Europa. matéria (consultar em 8,8 por cento dos jovens com mais de 15 anos já teve relações www.min-edu.pt). Entre as sexuais sem preservativo. várias conclusões destaca-se a afirmação da responsabilidade que cabe à escola e aos professores na organização EM LINHA e desenvolvimento da educação sexual. Pelo custo de uma chamada local o número 800 22 20 03 – “Sexuali- dade em Linha” disponibiliza o acesso a quem pode esclarecer dúvi- das sobre sexualidade colocadas pelos jovens portugueses. Existe A questão central desde 1998 através de um protocolo entre a APF e o IPJ. “Sexuali- dade em Linha” atende dezenas de milhares de chamadas por ano, Uma das principais questões que sendo sobretudo procurada por raparigas. o GTES teve de reflectir foi o 7
  • 3. indicação do professor disciplinares) a integrar no agrupamentos de escolas que coordenador, deveriam Projecto Educativo de Escola. estão já a trabalhar a educação estabelecer um protocolo com Esta proposta deveria conter para a saúde e que receberão um centro de saúde e apresentar temáticas associadas com a apoio diferenciado. No próximo uma proposta de concretização Promoção do Desenvolvimento ano lectivo todas as escolas têm das temáticas da educação para a Pessoal e Social e a prevenção de desenvolver projectos no promoção da saúde nos planos de comportamentos de risco. âmbito da educação para a curriculares (disciplinares ou não Chegaram 188 projectos de saúde. FALÁMOS COM Maria João Silva, Professora Coordenadora da Escola Superior de Educação do Porto Educação Sexual: Não É Possível Não Fazer No momento em que o Ministério da Educação e o Grupo de Trabalho para a Educação Sexual (GTES), iniciam novo trabalho no que se refere à Educação Sexual em Meio Escolar, importa realçar algumas questões básicas. Recorde-se em primeiro lugar, que todos, e todas, tivemos, e teremos sempre, educação sexual. Porque a educação sexual acontece em cada momento, através dos modelos, dos comporta- mentos, da diversidade de marcações do que é, e do que deve ser, visível e invisível social- mente. Por isso, todos os pais e mães, todas as famílias, todos os agentes de educação formal, ou não formal, fazem educação sexual. Em casa, nos meios de comunicação social e, claro, também em meio escolar. Se estivermos atentos, e o permitirmos, as crianças fazem perguntas relacionadas com a sexua- lidade. Essas perguntas reflectem, por um lado, o que estão a viver em termos do seu desenvol- vimento, e, por outro, os problemas, comportamentos e modelos que lhes são transmitidos no quotidiano, nomeadamente, e com especial intensidade, pelas telenovelas. Em meio escolar, desde a educação de infância, passando pelos diversos ciclos, faz-se educa- ção sexual na forma como se responde, ou não responde, às questões de alunos e alunas, ou mesmo às suas provocações, relacionadas com a sexualidade. Tornamos difícil, ou acessível, falar destas questões, não só pelo que dizemos, mas muito especialmente pela forma como o dizemos ou não dizemos. Não é possível não fazer educação sexual em meio escolar. Não é possível só fazer educação sexual numa disciplina de educação para a saúde. O que sempre foi possível, foi fazer educação sexual, de uma forma negativa, sem que o educador clarifique os seus próprios valores, sem enquadrar a sua acção educativa nos valores e orientações da Constituição, da Lei de Bases do Sistema Educativo, e de outros documentos orientadores. A formação científica relacionada com educação sexual não está separada, de forma estan- que, da formação pessoal e social e de um quadro de valores. Neste contexto, estranha-se que o Relatório de Trabalho do GTES inclua a “educação para os afectos e para a sexualidade” no 2.° ciclo, não a incluindo no 1.° ciclo, nem no pré-escolar. Não se entende, por exemplo, como será desejável, ou possível, falar do corpo humano no 1.° ciclo, sem comunicar sobre afectos e sexualidade. Note-se, em segundo lugar, que todos e todas vivemos a sexualidade desde que nascemos e durante toda a vida, mas cada um de forma diferente. Com sensações, emoções, sentimentos, decisões e ritmos diferentes. Assim, é necessário dar especial atenção ao seu quotidiano e, nomeadamente, às famílias e comunidades em que se integram. Para que se possa adaptar conteúdos, mensagens e reflexões, de uma forma que promova uma sexualidade gratificante. Uma sexualidade vivida de forma informada e responsável, em que a informação, a reflexão e a capacidade de decisão cheguem, efectivamente, antes dos acontecimentos. 8