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5/5/15, 1:58 PMUma em cada seis espécies será extinta pela mudança climática | Ciência | EL PAÍS Brasil
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MIGUEL ÁNGEL CRIADO 1 MAY 2015 - 20:11 BRT
MUDANÇA CLIMÁTICA »
Uma em cada seis espécies será extinta
pela mudança climática
O aquecimento global afetará principalmente a biodiversidade da América do Sul e Oceania
Arquivado em: Aquecimento global Mudança climática Biologia Problemas ambientais
Ciências naturais Ciência Meio ambiente
Independentemente do que façam os políticos em suas
cúpulas contra a mudança climática, boa parte das espécies
do planeta está condenada a desaparecer. Uma revisão dos
últimos estudos que analisaram a relação entre o
aquecimento global e a biodiversidade mostra que, no pior
dos cenários, uma em cada seis espécies de animais e
plantas será extinta. O desastre afetará todos os ramos da
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América do Sul e a Oceania.
Os últimos relatórios do Grupo
Intergovernamental de
Especialistas sobre a Mudança Climática (IPCC) retratam
uma série de cenários para o final do século, as chamadas
trajetórias de concentração representativa (RCP). O destino
final de cada trajetória é uma determinada concentração de
dióxido de carbono e, com o efeito estufa, um consequente
aumento da temperatura. Partindo da situação atual, onde
superamos a cifra de 400 partes por um milhão (ppm) de
CO2, o cenário mais otimista (o RCP 2,6) indica um
aumento da temperatura média global de 2o. Outros
Embora os anfíbios estejam entre os animais mais afetados pela mudança climática,
espécies como a salamandra prateada ampliaram sua categoria geográfica graças ao
aquecimento. / MARK URBAN
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Embora as espécies
endêmicas sejam as mais
expostas à extinção, todas
as esferas da vida serão
afetadas
cenários mais realistas estimam uma elevação do
aquecimento global entre 3o e 4o, cenários RCP 6,0 e RCP
8,5, respectivamente.
Como esse aumento da temperatura afetará os
ecossistemas? As diversas espécies terão capacidade para se
adaptar ao aquecimento? Quais seres vivos são os mais
vulneráveis? Essas são algumas das perguntas que muitos
biólogos e ecologistas tentam responder desde o início do
debate sobre a mudança climática, no final do século
passado. Agora, o biólogo da Universidade de Connecticut
(EUA), Mark Urban, coletou mais de uma centena de
estudos focados na conexão entre o aquecimento global e a
extinção das espécies. Há estudos sobre algumas espécies e
outros que superam 24.000. Os resultados de sua análise
não são muito otimistas.
“Para o cenário RCP 6,0, calculo
uma porcentagem de extinção
de 7,7% e, para o RCP 8,5, a
estimativa sobe para até 15,7%”,
disse Urban por e-mail. Ambas
as rotas são as que estão
ganhando mais aceitação entre
os cientistas do clima. Isso
significa que, no segundo caso (onde a temperatura média
subiria mais de 4o), uma em cada seis espécies do planeta
teria muitas probabilidades de desaparecer. O fato é que,
mesmo sendo muito otimista, com um aumento de apenas
2o (a meta de toda cúpula sobre o clima), o risco de
extinção afetaria 5,2% das espécies.
O estrago que a mudança climática está causando à
biodiversidade tem muitas facetas. O mesmo aumento de
temperatura que reduz o habitat natural do urso polar está
afetando muitas espécies de anfíbios das selvas tropicais.
Nas áreas de clima mediterrâneo, sempre à beira da
desertificação, um grau a mais de temperatura já representa
um completo desafio para animais e plantas. Nas zonas
temperadas, a antecipação da primavera está deslocando
muitas espécies que haviam planejado seu destino de
acordo com a floração e frutificação das árvores.
“Surpreendentemente, não encontrei um efeito do grupo
taxonômico sobre o risco de extinção”, comenta Urban, que
dedicou cinco anos na análise do desenvolvimento
científico sobre este tema. Como mostra em seu trabalho,
publicado na revista Science, não há espécies mais
preparadas ou mais vulneráveis diante da mudança
climática. A exceção a essa regra são as espécies endêmicas.
Seja por sua delicada situação atual (número escasso,
reduzida variedade genética) ou por seu habitat reduzido,
os animais e plantas endêmicos correm um risco extra de
desaparecer comparados aos demais que, segundo Urban, é
de 6%.
5/5/15, 1:58 PMUma em cada seis espécies será extinta pela mudança climática | Ciência | EL PAÍS Brasil
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Os mamíferos têm mais
A diferença, na verdade, está na distribuição geográfica das
extinções. Embora o desaparecimento das espécies venha a
ser um fenômeno global, a maioria dos estudos analisados
destaca que as zonas mais afetada serão a América do Sul,
Austrália e Nova Zelândia. O impacto será menor no
hemisfério norte.
O mapa mostra como os ecossistemas marinhos dos trópicos e a Antártida são os que têm
maior risco de extinção. / FINNEGAN ET AL, SCIENCE
Mas, como lamenta Urban, não foram encontrados muitos
estudos sobre o caso da África e muito menos da África.
“Meu estudo não pode determinar as razões exatas dessas
diferenças regionais”, esclarece o especialista em biologia
evolutiva. “No entanto, a América do Sul, a Austrália e a
Nova Zelândia abrigam muitas espécies com reduzida
distribuição, o que implica que já possuem um habitat
menor que poderia desaparecer mais facilmente”, explica.
No caso das duas últimas regiões, além disso, devido ao seu
caráter insular, as espécies mais dinâmicas não poderão se
deslocar a outras zonas à medida que o aquecimento altere
seus ecossistemas originais.
O trabalho de Urban não põe data de validade nas espécies,
de modo que as porcentagens obtidas não implicam o
desaparecimento delas neste século. “São processos que
podem levar mais tempo”, lembra. Mas ele está convencido
de que a mudança climática, além de causar a extinção de
muitas espécies no futuro, está acelerando seu final.
A revista Science publicou também esta semana outro
estudo que busca no passado pistas para determinar o risco
de extinção das espécies que vivem na era da mudança
climática provocada pelos humanos. Os pesquisadores
rastrearam dados de 23 milhões de anos atrás para ver
quais animais são mais vulneráveis às alterações climáticas.
Embora o trabalho se concentre nos ecossistemas
marinhos, suas conclusões quase confirmam as de Urban.
A pesquisa, que se baseia no registro fóssil, mostra como os
animais com uma distribuição geográfica menor são os que
possuem as maiores taxas de extinção no passado.
Novamente, o fator de risco é o endemismo. Como no
estudo anterior, também comprovaram que a extinção
tende a ser maior em algumas zonas do que em outras.
5/5/15, 1:58 PMUma em cada seis espécies será extinta pela mudança climática | Ciência | EL PAÍS Brasil
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Os mamíferos têm mais
probabilidades de extinção
do que tubarões e corais
“Nosso objetivo era diagnosticar
que espécies são vulneráveis no
mundo, usando o passado como
guia,” escreve em uma nota Seth
Finnegan, biólogo da
Universidade da Califórnia, em Berkeley, e coautor do
estudo. Sobre essa base, os pesquisadores destacam que
golfinhos, baleias e focas, todos mamíferos, têm maior
probabilidade de extinção do que os tubarões ou corais. Os
bivalves, por exemplo, têm 0,1% de risco do que os
mamíferos.
No mapa que desenharam com suas conclusões sobre o
impacto dos humanos nos ecossistemas marinhos, os mais
prejudicados são novamente os mares que rodeiam a
Austrália e a Nova Zelândia, além do mar do Caribe e a vida
no oceano Antártico. Outra vez, o norte do planeta seria o
menos afetado.
© EDICIONES EL PAÍS, S.L.

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  • 2. 5/5/15, 1:58 PMUma em cada seis espécies será extinta pela mudança climática | Ciência | EL PAÍS Brasil Page 2 of 4http://brasil.elpais.com/brasil/2015/04/30/ciencia/1430404361_523598.html Embora as espécies endêmicas sejam as mais expostas à extinção, todas as esferas da vida serão afetadas cenários mais realistas estimam uma elevação do aquecimento global entre 3o e 4o, cenários RCP 6,0 e RCP 8,5, respectivamente. Como esse aumento da temperatura afetará os ecossistemas? As diversas espécies terão capacidade para se adaptar ao aquecimento? Quais seres vivos são os mais vulneráveis? Essas são algumas das perguntas que muitos biólogos e ecologistas tentam responder desde o início do debate sobre a mudança climática, no final do século passado. Agora, o biólogo da Universidade de Connecticut (EUA), Mark Urban, coletou mais de uma centena de estudos focados na conexão entre o aquecimento global e a extinção das espécies. Há estudos sobre algumas espécies e outros que superam 24.000. Os resultados de sua análise não são muito otimistas. “Para o cenário RCP 6,0, calculo uma porcentagem de extinção de 7,7% e, para o RCP 8,5, a estimativa sobe para até 15,7%”, disse Urban por e-mail. Ambas as rotas são as que estão ganhando mais aceitação entre os cientistas do clima. Isso significa que, no segundo caso (onde a temperatura média subiria mais de 4o), uma em cada seis espécies do planeta teria muitas probabilidades de desaparecer. O fato é que, mesmo sendo muito otimista, com um aumento de apenas 2o (a meta de toda cúpula sobre o clima), o risco de extinção afetaria 5,2% das espécies. O estrago que a mudança climática está causando à biodiversidade tem muitas facetas. O mesmo aumento de temperatura que reduz o habitat natural do urso polar está afetando muitas espécies de anfíbios das selvas tropicais. Nas áreas de clima mediterrâneo, sempre à beira da desertificação, um grau a mais de temperatura já representa um completo desafio para animais e plantas. Nas zonas temperadas, a antecipação da primavera está deslocando muitas espécies que haviam planejado seu destino de acordo com a floração e frutificação das árvores. “Surpreendentemente, não encontrei um efeito do grupo taxonômico sobre o risco de extinção”, comenta Urban, que dedicou cinco anos na análise do desenvolvimento científico sobre este tema. Como mostra em seu trabalho, publicado na revista Science, não há espécies mais preparadas ou mais vulneráveis diante da mudança climática. A exceção a essa regra são as espécies endêmicas. Seja por sua delicada situação atual (número escasso, reduzida variedade genética) ou por seu habitat reduzido, os animais e plantas endêmicos correm um risco extra de desaparecer comparados aos demais que, segundo Urban, é de 6%.
  • 3. 5/5/15, 1:58 PMUma em cada seis espécies será extinta pela mudança climática | Ciência | EL PAÍS Brasil Page 3 of 4http://brasil.elpais.com/brasil/2015/04/30/ciencia/1430404361_523598.html Os mamíferos têm mais A diferença, na verdade, está na distribuição geográfica das extinções. Embora o desaparecimento das espécies venha a ser um fenômeno global, a maioria dos estudos analisados destaca que as zonas mais afetada serão a América do Sul, Austrália e Nova Zelândia. O impacto será menor no hemisfério norte. O mapa mostra como os ecossistemas marinhos dos trópicos e a Antártida são os que têm maior risco de extinção. / FINNEGAN ET AL, SCIENCE Mas, como lamenta Urban, não foram encontrados muitos estudos sobre o caso da África e muito menos da África. “Meu estudo não pode determinar as razões exatas dessas diferenças regionais”, esclarece o especialista em biologia evolutiva. “No entanto, a América do Sul, a Austrália e a Nova Zelândia abrigam muitas espécies com reduzida distribuição, o que implica que já possuem um habitat menor que poderia desaparecer mais facilmente”, explica. No caso das duas últimas regiões, além disso, devido ao seu caráter insular, as espécies mais dinâmicas não poderão se deslocar a outras zonas à medida que o aquecimento altere seus ecossistemas originais. O trabalho de Urban não põe data de validade nas espécies, de modo que as porcentagens obtidas não implicam o desaparecimento delas neste século. “São processos que podem levar mais tempo”, lembra. Mas ele está convencido de que a mudança climática, além de causar a extinção de muitas espécies no futuro, está acelerando seu final. A revista Science publicou também esta semana outro estudo que busca no passado pistas para determinar o risco de extinção das espécies que vivem na era da mudança climática provocada pelos humanos. Os pesquisadores rastrearam dados de 23 milhões de anos atrás para ver quais animais são mais vulneráveis às alterações climáticas. Embora o trabalho se concentre nos ecossistemas marinhos, suas conclusões quase confirmam as de Urban. A pesquisa, que se baseia no registro fóssil, mostra como os animais com uma distribuição geográfica menor são os que possuem as maiores taxas de extinção no passado. Novamente, o fator de risco é o endemismo. Como no estudo anterior, também comprovaram que a extinção tende a ser maior em algumas zonas do que em outras.
  • 4. 5/5/15, 1:58 PMUma em cada seis espécies será extinta pela mudança climática | Ciência | EL PAÍS Brasil Page 4 of 4http://brasil.elpais.com/brasil/2015/04/30/ciencia/1430404361_523598.html Os mamíferos têm mais probabilidades de extinção do que tubarões e corais “Nosso objetivo era diagnosticar que espécies são vulneráveis no mundo, usando o passado como guia,” escreve em uma nota Seth Finnegan, biólogo da Universidade da Califórnia, em Berkeley, e coautor do estudo. Sobre essa base, os pesquisadores destacam que golfinhos, baleias e focas, todos mamíferos, têm maior probabilidade de extinção do que os tubarões ou corais. Os bivalves, por exemplo, têm 0,1% de risco do que os mamíferos. No mapa que desenharam com suas conclusões sobre o impacto dos humanos nos ecossistemas marinhos, os mais prejudicados são novamente os mares que rodeiam a Austrália e a Nova Zelândia, além do mar do Caribe e a vida no oceano Antártico. Outra vez, o norte do planeta seria o menos afetado. © EDICIONES EL PAÍS, S.L.