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ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL - COLÉGIO 
DE APLICAÇÃO JOÃO XXIII/ UFJF 
FUNDAMENTOS POLÍTICO-PEDAGÓGICOS PARA A IMPLEMENTAÇÃO DE 
UMA EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS. 
PROFESSORA: CAROLINA DOS SANTOS BEZERRA PEREZ 
PÓS-GRADUANDA: JORDANA DE MOURA 
MINHA HISTÓRIA 
Escrever um portifólio cujo principal assunto gira em torno das relações étnico-raciais 
sem mostrar o lugar do qual eu falo/escrevo, seria uma hipocrisia. 
Sou Jordana de Moura, tenho 23 anos e trabalho como professora da Educação 
Infantil. 
Cresci tendo que responder em trabalhos da escola (desde as séries iniciais) qual era a 
minha cor e, como de costume ou como fui ensinada por familiares e professores, me 
declarava branca. 
Quando completei 15 anos, me deparei com uma grande surpresa: a menina que se 
sentia e se declarava como branca por ser filha de pai e mãe brancos, na verdade tinha como 
pai biológico, um homem negro. 
Como foi difícil entender e aceitar que eu, uma menina loira e dos olhos verdes, na 
verdade também era negra. Para falar a verdade, mais negra do que branca, porque olhando do 
ponto de vista da genética, o gene dominante em relação à cor da minha pele adveio do meu 
pai e não da minha mãe. 
Sofri muito com o preconceito de pessoas próximas, mas o meu maior sofrimento foi 
com o meu próprio preconceito. Afinal é difícil viver em uma sociedade que há séculos fez 
questão de APAGAR o negro da história, de menosprezá-lo, de diminuí-lo frente ao branco. 
Foi somente quando me tornei aluna da Faculdade de Educação da UFJF que comecei 
a ter contato com discursos que, ao invés de aprofundarem minha crise, me ajudaram a 
compreender a importância do negro para a sociedade, me fazendo entender que na verdade 
eu não era culpada por me sentir preconceituosa, mas seria culpada por não buscar uma 
alternativa de valorizar minha cultura, minha história, minha vida. 
Tive aulas com professores como Marina (História da Educação) e como o Julvan 
(Antropologia da Educação), dois negros que em suas falas traziam um enorme orgulho de 
sua cor, da cultura afro-brasileira e que e contribuíram sobremaneira para que todas as pessoas
de minha turma pudessem ter a chance de conhecer a beleza de nosso povo e do colorido de 
nosso país. 
Falar que eu estou isenta de preconceitos seria mentira, mas hoje posso falar que luto 
todos os dias para ter visões e concepções críticas, que valorizem não só o negro, mas todos 
os grupos minoritários que sofrem com algum tipo de exclusão, segregação, discriminação e 
prenconceito. 
É com essa visão crítica que neste trabalho acadêmico busco trazer contribuições para 
a implementação de uma educação para as relações étnico-raciais, seja na Educação Infantil 
como em qualquer outra modalidade de ensino. 
MEU TRABALHO: funcionárias 
Na escola onde sou professora, as funcionárias negras ocupam os cargos de menores 
reconhecimentos social e financeiro, são faxineiras, porteiras, cozinheiras, além disso, não 
terminaram nem os estudos das sérias iniciais do Ensino Fundamental. É uma sinalização 
cruel da discriminação social que sofrem as mulheres negras em nossa sociedade. 
[...] podemos perceber que a herança do nosso passado escravocrata fez com 
que se cristalizasse no imaginário brasileiro e no ideário pedagógico a idéia 
de que alguns homens haviam nascido para as atividades intelectuais, para o 
estudo, a filosofia e as artes, estes iriam ocupar os postos de decisão e poder 
dentro da sociedade, enquanto outros, de raças inferiores, só serviam para o 
trabalho manual e braçal, sendo o estudo e a instrução algo incompatível 
com a sua genética. (PEREZ, sem ano, p. 19) 
A relação dos alunos com essas funcionárias, ou entre funcionárias brancas e 
funcionárias pretas é muito respeitosa, carinhosa. Mas existe uma forma de preconceito 
velada, na medida em que são dados apelidos “carinhosos” para essas funcionárias, como por 
exemplo: C____ do banho, L____ da cozinha, M____ da limpeza, dentre outros. As crianças 
são tão acostumadas a ouvirem os nomes seguidos pelos apelidos que quando se referem às 
trabalhadoras, sempre chamam-nas seguidas por seus apelidos, o que para elas é algo 
“normal” e que hoje em dia, para mim, não é. 
Durante as rodinhas, sempre enfatizo para as crianças a importância de tratarem as 
pessoas com respeito, por isso, meus alunos são estimulados a chamarem as funcionárias por 
seus nomes e não por seus apelidos, estes para mim se revelam como pseudo-apelidos, na 
medida em que menosprezam o trabalho importante que cada funcionária exerce na escola.
MEU TRABALHO: alunos e suas famílias 
Na escola, tenho apenas um aluno cujos pais se declaram negros. Este fato é mais uma 
sinalização da exclusão sofrida pelo negro em nossa sociedade. 
O colégio em que trabalho pertence à rede particular de ensino, o que pode ser um 
fator que contribui para a falta de alunos negros na escola. Uma vez que, como exemplificado 
no caso das funcionárias, os negros ocupam os trabalhos mais desvalorizados e mal 
remunerados em nosso país. 
Neste aspecto, destaco a relevância da implementação de uma educação para as 
relações étnico-raciais, 
demonstrar que a desigualdade social somada à desigualdade racial aumenta 
muito mais as dificuldades vivenciadas pela população negra, que se vê 
obrigada a lidar com uma dupla discriminação. Manter o foco na questão 
étnico-racial e ao mesmo tempo discutir todas as formas de preconceitos. 
Ilustrar que a trajetória de jovens brancos pobres costuma ser diferenciada da 
de jovens negros pobres (como exemplo, temos o extermínio da juventude 
negra nas periferias de várias cidades brasileiras, demonstrando que a 
violência tem foco dirigido de forma diferenciada à população negra). 
(PEREZ, sem ano, p. 36) 
O relacionamento dos alunos com esse aluno negro é, do meu ponto de vista, isento de 
qualquer tipo de preconceito e/ou discriminação, acredito inclusive que seja devido a idade 
que eles possuem, entre 2 e 3 anos. Digo pela idade, pois defendo que os alunos nessa faixa 
etária têm muito mais facilidade em aceitar e respeitar o outro em sua totalidade, 
independente da cor, altura, gênero, poder aquisitivo, etc. 
Para que essa relação entre meus alunos continue sendo estabelecida, reconheço a 
necessidade de priorizar 
ações que visem à superação do racismo, do preconceito e da discriminação 
no espaço escolar, de forma a minimizar e reverter o quadro de invisibilidade 
no qual se encontram os conhecimentos sobre a história e a cultura afro-brasileira, 
africana e indígena nos currículos escolares, bem como os dados 
relativos à exclusão, evasão, repetência e fracasso escolar de grande parcela 
da população negra brasileira. (PEREZ, sem ano, p. 10) 
Neste sentido, busco realizar atividades com meus alunos que estejam condizentes 
com a proposição acima, de modo a contribuir para uma educação para as relações étnico-raciais.
MEU TRABALHO: atividades pedagógicas 
Destaco abaixo, algumas propostas pedagógicas para serem trabalhadas com crianças 
da Educação Infantil e que julgo estarem de acordo com as Leis 10.639/03 e 11.645/08: 
· Meu cabelo é lindo assim: 
Li para os meus alunos do Maternal III o livro “As tranças de Bintou”, conversei na 
rodinha sobre os diferentes tipos, cores, estilos de cabelos que cada aluno possuía, falei sobre 
a importância de gostarmos do nosso cabelo e do nosso corpo, como esses são. 
Em seguida, propus aos alunos que transformássemos a nossa sala em um salão de 
cabelereiro, e fizéssemos os penteados da história de Bintou (birotes e/ou tranças) ou outros 
que gostássemos. 
Os meninos logo falaram que não poderiam fazer penteados, pois seus cabelos eram 
curtos. Sugeri, então que eles fossem os cabelereiros, assim como eu. Um dos meninos então 
me disse: “Jordana mexer com cabelo é coisa de menina”, eu logo respondi que ser 
cabelereiro é tarefa de pessoas que admirem cuidar com carinho do cabelo das pessoas, 
portanto, não importa se tais profissionais são homens ou mulheres, mas sim se gostam do 
que fazem. 
Após esse diálogo, todas as crianças se envolveram na tarefa. Fizemos coquinhos 
como os de Bintou, tranças, tererês, enfeitamos o cabelo com presilhas coloridas e as crianças 
amaram. 
Assim, acredito que esta atividade está condizente com o proposto por PEREZ (sem 
ano , p. 36), a saber: 
fortalecimento da construção positiva de identidade, buscando a valorização 
da autoestima, através de uma permanente valorização das marcas e 
características étnicas afro-brasileiras (cabelos, cor de pele, características 
físicas: formato do nariz, olhos e bocas etc.). 
· Eu sou assim: 
Em outro dia, trabalhei com as crianças a imagem que estas têm de si. Com o uso da 
massinha de modelar, elas deveriam fazer um auto-retrato. 
Fiquei muito feliz com o resultado, todas elas participaram ativamente da brincadeira e 
o mais interessante, foram fieis às suas características físicas.
Meu aluno negro, inclusive, modelou seu cabelo encaracolado e, quando o perguntei 
como havia feito seu cabelo, ele me respondeu: “fiz uma cobrinha e enrolei”, achei 
simplesmente incrível. Aliás, ele usou a massinha preta para fazer todo o corpo do seu 
boneco. Ao final da aula, fotografei todos os auto-retratos com seus respectivos autores e, 
embora eu não possa expô-los aqui, devido a critérios como direito de imagem, posso afirmar 
que ficaram simplesmente lindos e cópias fieis das características de cada aluno. 
· Produzindo Panôs 
Através das fotos dos auto-retratos, iremos agora produzir Panôs, um artesanato 
africano feito de tecidos que resgatam a arte de contar histórias através de imagens. 
Cada criança levará para a escola, um pedaço de tecido que tenha algum significado 
para a sua família. As crianças enfeitarão o tecido, pintando-o, e colarão a foto. Ao final, irei 
costurar os tecidos, de modo que se tornem uma colcha. Tal colcha será exposta na sala de 
aula como forma de valorizar a identidade de cada criança e a história coletiva dos alunos na 
escola. 
É importante ressaltar que para contextualizar o Panô enquanto artesanato de matriz 
africana, lerei para as crianças o livro “Bruna e a galinha d’Angola”, dialogando em rodinha o 
que foi abordado na história. 
Tal atividade está de acordo com a proposição de Perez (sem ano, p. 36), no que se 
refere à “valorização das expressões artísticas, culturais e tecnológicas de matriz africana”. 
· Que delícia 
Após realizar o trabalho com Panôs, irei ler para as crianças, um livro que conheci 
durante as aulas da professora Carolina no curso de Especialização em Educação no Ensino 
Fundamental, denominado “Ossain, o Protetor das Folhas”, da coletânea ILÊ IFÉ, de Vanda 
Machado e Carlos Petrovich. 
Após a leitura do livro, conversarei com as crianças sobre a importância das folhas e 
das plantas. 
Ao final, irei propor que cada aluno leve para a escola alguma erva da flora brasileira 
da qual possamos fazer um chá. Levarei as crianças para o refeitório e faremos um dia de 
culinária, produziremos chás e dialogaremos sobre a importância de cada um deles para a 
nossa saúde.
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
A escola deve contribuir para a formação cidadã do aluno em sua totalidade, para isso 
é preciso que tal instituição possibilite a desconstrução de preconceitos e estereótipos 
advindos da influência eurocêntrica em nossa sociedade. 
[...] para que não impeçam mais as nossas crianças, jovens e adultos de 
verem e perceberem a riqueza e a dignidade dessas comunidades que há 
séculos vêm sobrevivendo com a sua força e a sua cultura, presenteando-nos 
com a sua sabedoria, a sua ciência que se reflete, dentre outros aspectos, na 
sua prática simbólico-educativa, na sua corporeidade, nas diferentes formas 
de resistência que os garantiram e ainda garantem a sobrevivência física, 
simbólica e cultural. (PEREZ, sem ano, p. 37) 
Caminhar em uma perspectiva de mudança começa por oportunizarmos aos nossos 
alunos momentos para que eles ouçam as histórias dos negros e dos índios, não só através da 
literatura, mas também ouvindo as pessoas que conhecem e vivem tal história. Dessa forma, 
estaremos valorizando o universo social, cultural e simbólico de um povo, bem como a sua 
memória. 
Neste sentido, o papel do professor é o de promover espaços de diálogo acerca das 
relações étnicos raciais, propiciando aos alunos momentos de encantamento e de valorização 
de nossa história, tendo no negro e no índio a imagem da dignidade do povo brasileiro.
REFERÊNCIAS 
ALMEIDA, G. Bruna e a Galina D’Angola. Editora Pallas, 2004. 
BRASIL. Lei 10.639. Janeiro de 2003. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm. Acesso em: 25/08/14. 
BRASIL. Lei 11.645. Março de 2008. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11645.htm. Acesso em: 
25/08/14. 
DIOUF. S, A. As tranças de Bintou. Tradução: Chales Cosac. Editora Cosac Nayfi, 2004. 
PEREZ, Carolina dos Santos Bezerra (orgs.). ERER: Educação para as relações étnico-raciais. 
Módulo 5, Universidade Federal de Juiz de Fora. 
MACHADO, V; PETROVICH, C. Ossain, o Protetor das Folhas. Coletânea Ilê Ifé, 
2004.

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Portifólio pronto

  • 1. ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL - COLÉGIO DE APLICAÇÃO JOÃO XXIII/ UFJF FUNDAMENTOS POLÍTICO-PEDAGÓGICOS PARA A IMPLEMENTAÇÃO DE UMA EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS. PROFESSORA: CAROLINA DOS SANTOS BEZERRA PEREZ PÓS-GRADUANDA: JORDANA DE MOURA MINHA HISTÓRIA Escrever um portifólio cujo principal assunto gira em torno das relações étnico-raciais sem mostrar o lugar do qual eu falo/escrevo, seria uma hipocrisia. Sou Jordana de Moura, tenho 23 anos e trabalho como professora da Educação Infantil. Cresci tendo que responder em trabalhos da escola (desde as séries iniciais) qual era a minha cor e, como de costume ou como fui ensinada por familiares e professores, me declarava branca. Quando completei 15 anos, me deparei com uma grande surpresa: a menina que se sentia e se declarava como branca por ser filha de pai e mãe brancos, na verdade tinha como pai biológico, um homem negro. Como foi difícil entender e aceitar que eu, uma menina loira e dos olhos verdes, na verdade também era negra. Para falar a verdade, mais negra do que branca, porque olhando do ponto de vista da genética, o gene dominante em relação à cor da minha pele adveio do meu pai e não da minha mãe. Sofri muito com o preconceito de pessoas próximas, mas o meu maior sofrimento foi com o meu próprio preconceito. Afinal é difícil viver em uma sociedade que há séculos fez questão de APAGAR o negro da história, de menosprezá-lo, de diminuí-lo frente ao branco. Foi somente quando me tornei aluna da Faculdade de Educação da UFJF que comecei a ter contato com discursos que, ao invés de aprofundarem minha crise, me ajudaram a compreender a importância do negro para a sociedade, me fazendo entender que na verdade eu não era culpada por me sentir preconceituosa, mas seria culpada por não buscar uma alternativa de valorizar minha cultura, minha história, minha vida. Tive aulas com professores como Marina (História da Educação) e como o Julvan (Antropologia da Educação), dois negros que em suas falas traziam um enorme orgulho de sua cor, da cultura afro-brasileira e que e contribuíram sobremaneira para que todas as pessoas
  • 2. de minha turma pudessem ter a chance de conhecer a beleza de nosso povo e do colorido de nosso país. Falar que eu estou isenta de preconceitos seria mentira, mas hoje posso falar que luto todos os dias para ter visões e concepções críticas, que valorizem não só o negro, mas todos os grupos minoritários que sofrem com algum tipo de exclusão, segregação, discriminação e prenconceito. É com essa visão crítica que neste trabalho acadêmico busco trazer contribuições para a implementação de uma educação para as relações étnico-raciais, seja na Educação Infantil como em qualquer outra modalidade de ensino. MEU TRABALHO: funcionárias Na escola onde sou professora, as funcionárias negras ocupam os cargos de menores reconhecimentos social e financeiro, são faxineiras, porteiras, cozinheiras, além disso, não terminaram nem os estudos das sérias iniciais do Ensino Fundamental. É uma sinalização cruel da discriminação social que sofrem as mulheres negras em nossa sociedade. [...] podemos perceber que a herança do nosso passado escravocrata fez com que se cristalizasse no imaginário brasileiro e no ideário pedagógico a idéia de que alguns homens haviam nascido para as atividades intelectuais, para o estudo, a filosofia e as artes, estes iriam ocupar os postos de decisão e poder dentro da sociedade, enquanto outros, de raças inferiores, só serviam para o trabalho manual e braçal, sendo o estudo e a instrução algo incompatível com a sua genética. (PEREZ, sem ano, p. 19) A relação dos alunos com essas funcionárias, ou entre funcionárias brancas e funcionárias pretas é muito respeitosa, carinhosa. Mas existe uma forma de preconceito velada, na medida em que são dados apelidos “carinhosos” para essas funcionárias, como por exemplo: C____ do banho, L____ da cozinha, M____ da limpeza, dentre outros. As crianças são tão acostumadas a ouvirem os nomes seguidos pelos apelidos que quando se referem às trabalhadoras, sempre chamam-nas seguidas por seus apelidos, o que para elas é algo “normal” e que hoje em dia, para mim, não é. Durante as rodinhas, sempre enfatizo para as crianças a importância de tratarem as pessoas com respeito, por isso, meus alunos são estimulados a chamarem as funcionárias por seus nomes e não por seus apelidos, estes para mim se revelam como pseudo-apelidos, na medida em que menosprezam o trabalho importante que cada funcionária exerce na escola.
  • 3. MEU TRABALHO: alunos e suas famílias Na escola, tenho apenas um aluno cujos pais se declaram negros. Este fato é mais uma sinalização da exclusão sofrida pelo negro em nossa sociedade. O colégio em que trabalho pertence à rede particular de ensino, o que pode ser um fator que contribui para a falta de alunos negros na escola. Uma vez que, como exemplificado no caso das funcionárias, os negros ocupam os trabalhos mais desvalorizados e mal remunerados em nosso país. Neste aspecto, destaco a relevância da implementação de uma educação para as relações étnico-raciais, demonstrar que a desigualdade social somada à desigualdade racial aumenta muito mais as dificuldades vivenciadas pela população negra, que se vê obrigada a lidar com uma dupla discriminação. Manter o foco na questão étnico-racial e ao mesmo tempo discutir todas as formas de preconceitos. Ilustrar que a trajetória de jovens brancos pobres costuma ser diferenciada da de jovens negros pobres (como exemplo, temos o extermínio da juventude negra nas periferias de várias cidades brasileiras, demonstrando que a violência tem foco dirigido de forma diferenciada à população negra). (PEREZ, sem ano, p. 36) O relacionamento dos alunos com esse aluno negro é, do meu ponto de vista, isento de qualquer tipo de preconceito e/ou discriminação, acredito inclusive que seja devido a idade que eles possuem, entre 2 e 3 anos. Digo pela idade, pois defendo que os alunos nessa faixa etária têm muito mais facilidade em aceitar e respeitar o outro em sua totalidade, independente da cor, altura, gênero, poder aquisitivo, etc. Para que essa relação entre meus alunos continue sendo estabelecida, reconheço a necessidade de priorizar ações que visem à superação do racismo, do preconceito e da discriminação no espaço escolar, de forma a minimizar e reverter o quadro de invisibilidade no qual se encontram os conhecimentos sobre a história e a cultura afro-brasileira, africana e indígena nos currículos escolares, bem como os dados relativos à exclusão, evasão, repetência e fracasso escolar de grande parcela da população negra brasileira. (PEREZ, sem ano, p. 10) Neste sentido, busco realizar atividades com meus alunos que estejam condizentes com a proposição acima, de modo a contribuir para uma educação para as relações étnico-raciais.
  • 4. MEU TRABALHO: atividades pedagógicas Destaco abaixo, algumas propostas pedagógicas para serem trabalhadas com crianças da Educação Infantil e que julgo estarem de acordo com as Leis 10.639/03 e 11.645/08: · Meu cabelo é lindo assim: Li para os meus alunos do Maternal III o livro “As tranças de Bintou”, conversei na rodinha sobre os diferentes tipos, cores, estilos de cabelos que cada aluno possuía, falei sobre a importância de gostarmos do nosso cabelo e do nosso corpo, como esses são. Em seguida, propus aos alunos que transformássemos a nossa sala em um salão de cabelereiro, e fizéssemos os penteados da história de Bintou (birotes e/ou tranças) ou outros que gostássemos. Os meninos logo falaram que não poderiam fazer penteados, pois seus cabelos eram curtos. Sugeri, então que eles fossem os cabelereiros, assim como eu. Um dos meninos então me disse: “Jordana mexer com cabelo é coisa de menina”, eu logo respondi que ser cabelereiro é tarefa de pessoas que admirem cuidar com carinho do cabelo das pessoas, portanto, não importa se tais profissionais são homens ou mulheres, mas sim se gostam do que fazem. Após esse diálogo, todas as crianças se envolveram na tarefa. Fizemos coquinhos como os de Bintou, tranças, tererês, enfeitamos o cabelo com presilhas coloridas e as crianças amaram. Assim, acredito que esta atividade está condizente com o proposto por PEREZ (sem ano , p. 36), a saber: fortalecimento da construção positiva de identidade, buscando a valorização da autoestima, através de uma permanente valorização das marcas e características étnicas afro-brasileiras (cabelos, cor de pele, características físicas: formato do nariz, olhos e bocas etc.). · Eu sou assim: Em outro dia, trabalhei com as crianças a imagem que estas têm de si. Com o uso da massinha de modelar, elas deveriam fazer um auto-retrato. Fiquei muito feliz com o resultado, todas elas participaram ativamente da brincadeira e o mais interessante, foram fieis às suas características físicas.
  • 5. Meu aluno negro, inclusive, modelou seu cabelo encaracolado e, quando o perguntei como havia feito seu cabelo, ele me respondeu: “fiz uma cobrinha e enrolei”, achei simplesmente incrível. Aliás, ele usou a massinha preta para fazer todo o corpo do seu boneco. Ao final da aula, fotografei todos os auto-retratos com seus respectivos autores e, embora eu não possa expô-los aqui, devido a critérios como direito de imagem, posso afirmar que ficaram simplesmente lindos e cópias fieis das características de cada aluno. · Produzindo Panôs Através das fotos dos auto-retratos, iremos agora produzir Panôs, um artesanato africano feito de tecidos que resgatam a arte de contar histórias através de imagens. Cada criança levará para a escola, um pedaço de tecido que tenha algum significado para a sua família. As crianças enfeitarão o tecido, pintando-o, e colarão a foto. Ao final, irei costurar os tecidos, de modo que se tornem uma colcha. Tal colcha será exposta na sala de aula como forma de valorizar a identidade de cada criança e a história coletiva dos alunos na escola. É importante ressaltar que para contextualizar o Panô enquanto artesanato de matriz africana, lerei para as crianças o livro “Bruna e a galinha d’Angola”, dialogando em rodinha o que foi abordado na história. Tal atividade está de acordo com a proposição de Perez (sem ano, p. 36), no que se refere à “valorização das expressões artísticas, culturais e tecnológicas de matriz africana”. · Que delícia Após realizar o trabalho com Panôs, irei ler para as crianças, um livro que conheci durante as aulas da professora Carolina no curso de Especialização em Educação no Ensino Fundamental, denominado “Ossain, o Protetor das Folhas”, da coletânea ILÊ IFÉ, de Vanda Machado e Carlos Petrovich. Após a leitura do livro, conversarei com as crianças sobre a importância das folhas e das plantas. Ao final, irei propor que cada aluno leve para a escola alguma erva da flora brasileira da qual possamos fazer um chá. Levarei as crianças para o refeitório e faremos um dia de culinária, produziremos chás e dialogaremos sobre a importância de cada um deles para a nossa saúde.
  • 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS A escola deve contribuir para a formação cidadã do aluno em sua totalidade, para isso é preciso que tal instituição possibilite a desconstrução de preconceitos e estereótipos advindos da influência eurocêntrica em nossa sociedade. [...] para que não impeçam mais as nossas crianças, jovens e adultos de verem e perceberem a riqueza e a dignidade dessas comunidades que há séculos vêm sobrevivendo com a sua força e a sua cultura, presenteando-nos com a sua sabedoria, a sua ciência que se reflete, dentre outros aspectos, na sua prática simbólico-educativa, na sua corporeidade, nas diferentes formas de resistência que os garantiram e ainda garantem a sobrevivência física, simbólica e cultural. (PEREZ, sem ano, p. 37) Caminhar em uma perspectiva de mudança começa por oportunizarmos aos nossos alunos momentos para que eles ouçam as histórias dos negros e dos índios, não só através da literatura, mas também ouvindo as pessoas que conhecem e vivem tal história. Dessa forma, estaremos valorizando o universo social, cultural e simbólico de um povo, bem como a sua memória. Neste sentido, o papel do professor é o de promover espaços de diálogo acerca das relações étnicos raciais, propiciando aos alunos momentos de encantamento e de valorização de nossa história, tendo no negro e no índio a imagem da dignidade do povo brasileiro.
  • 7. REFERÊNCIAS ALMEIDA, G. Bruna e a Galina D’Angola. Editora Pallas, 2004. BRASIL. Lei 10.639. Janeiro de 2003. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm. Acesso em: 25/08/14. BRASIL. Lei 11.645. Março de 2008. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11645.htm. Acesso em: 25/08/14. DIOUF. S, A. As tranças de Bintou. Tradução: Chales Cosac. Editora Cosac Nayfi, 2004. PEREZ, Carolina dos Santos Bezerra (orgs.). ERER: Educação para as relações étnico-raciais. Módulo 5, Universidade Federal de Juiz de Fora. MACHADO, V; PETROVICH, C. Ossain, o Protetor das Folhas. Coletânea Ilê Ifé, 2004.