Este poema descreve a história da cidade do Cabo de 500 anos atrás até os dias atuais. Aponta problemas como falta de planejamento urbano, violência, poluição, corrupção política e falta de serviços públicos de qualidade. No entanto, termina com uma mensagem de esperança, defendendo a união dos cidadãos para melhorar a cidade através da participação democrática.
MESTRES DA CULTURA DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
Cordel assim eu me aCABO
1. 26310-10949<br />Nesta cidade querida<br />Séculos no litoral<br />Uma esquadra destemida<br />De bandeira imperial<br />Por Pinzón foi dirigida<br />Sem os dedos de Cabral<br />Bem aqui nosso Brasil<br />Sua história começou<br />Assim do Cabo partiu<br />Notícia que alvoroçou<br />D’uma terra varonil<br />Que Portugal se apossou<br />Passados 500 anos<br />E uma nova descoberta<br />Se acaso não me engano<br />Por outra gente esperta<br />Que no seu cotidiano<br />Seu apreço é a coleta<br />Aprovam leis e decretos<br />A revelia do cidadão<br />O principal projeto<br />É só papar eleição<br />E o sonho é por certo<br />Do poder não abrir mão<br />E haja tanta lorota<br />Lero,lero, enganação<br />Que somos grande porta<br />Do futuro da nação<br />Mas o que nos importa<br />É a participação<br />Emprego no mercado<br />A cidade cochilou<br />Servente desempregado<br />Alguma vaga conquistou<br />Mas jovem qualificado<br />O Cabo não preparou<br />Lá do Oiapoque ou Chuí<br />Chega gente de montão<br />Trabalhadores do país<br />Querendo acomodação<br />Mas moradas por aqui<br />Nem pro nativo cidadão<br />O Cabo muito padece<br />Por não querer planejar<br />Tem gente que até esquece<br />Como se deve governar<br />Ainda sobra o estresse<br />Vendo a cidade afundar<br />Uma chuvinha pequena<br />Logo vem uma inundação<br />O povo que sofre e pena<br />Sofre também sem atenção<br />Fatos dignos de cena<br />D’um filme de ficção<br />Sofre o pobre motorista<br />Sem ter onde estacionar<br />Feliz fica o frentista<br />Vibrando por faturar<br />Nas filas o Evangelista<br />Tem multidão pra pregar <br />Tudo segue tão pequeno<br />Apertado ou agonizou<br />Parece até que veneno<br />Nossa cidade tomou<br />Nem um metro de terreno<br />No Cemitério sobrou<br />Indo na Casa Lotérica<br />Num dia de sexta-feira<br />Ouvi idosa histérica<br />Reclamando da fileira<br />Medida com fita métrica<br />Tinha léguas de carreira <br />Em filas tão alugando<br />De cadeira a um jornal<br />O povo tá reclamando<br />No banco e no hospital<br />E o idoso quase enfartando<br />Num fim de mês infernal<br />Saindo da residência<br />Faça forte a oração<br />Pedindo da Providência<br />A divina proteção<br />Contra a vil inclemência<br />Do atropelo e do ladrão<br />Se a lua é maior desejo<br />De pertinho conhecer<br />Aproveite o belo ensejo<br />D’um passeio ao amanhecer<br />Crateras fazem festejo<br />Quando o sol aparecer<br />Drogas e prostituição<br />Circulam noite adentro<br />Das praias ao Mercadão<br />É grande o movimento<br />Ainda alcança a visão<br />Os mendigos ao relento<br />Até havia sumido<br />Da boca do repórter<br />Aquele feio apelido<br />De Cidade da Morte<br />Mas aqui só tem crescido<br />Violência de toda sorte<br />Identidade cultural<br />Essa foi pro beleléu<br />A Lavadeira e o Carnaval<br />Festas no banco do réu<br />Condenadas em festival<br />Pela maldição do créu<br />São João foi pra fogueira<br />Bacamarte não atira<br />Coco de Roda é besteira<br />Bem como o Bloco da Lira<br />Nas contas da rasteira<br />Política do Se Vira<br />As nossas belas praias<br />Outrora tão cantadas<br />Hoje recebem vaias<br />Das visitas desejadas<br />Pois que mais parecem baias<br />Sujas emporcalhadas<br />A saúde tá na UTI<br />Educação NOTA ZERO<br />O Haiti não é aqui<br />Tá errado, assim espero<br />Direito de ir e vir<br />Eu também de volta quero<br />Martírio tá no transporte<br />Que estudante sabe bem<br />Não há ônibus que comporte<br />Os espremidos do VEM<br />Não escapa dessa sorte<br />Os que precisam do trem<br />Tivessem poder efetivo<br />Delegados do povão<br />Orçamento Participativo<br />Aqui dava detenção <br />Por grave ato lesivo<br />Demência e enrolação<br />Das obras decididas<br />Em plenárias sociais<br />Algumas poucas concluídas<br />São aquelas SONRISAIS<br />Dos morros às avenidas<br />Nada tem que satisfaz<br />De andar tão perdida <br />A coisa no ambiental<br />Uma arvore perseguida<br />Foi correndo ao Tribunal<br />Pedir proteção de vida<br />Contra a fúria capital<br />O bom desenvolvimento<br />É o da sustentabilidade<br />O contrário é crescimento<br />Atropelando a cidade<br />Mazelas no acolhimento<br />D’uma vida sem qualidade<br />Dera Pinzón aqui presente<br />Entre nós seguindo vivo<br />Muito acharia indecente<br />No Poder Executivo<br />Ainda mandava fechar<br />Portas no Legislativo<br />Rebatizava a Cidade<br />Com águas sujas do mar <br />CABO MALTRECHADO<br />Passaria a se chamar<br />Voltando envergonhado<br />Pro Estreito de Gibraltar<br />Ainda propagam orgulho<br />Que todos devemos ter<br />Mas como pode esse entulho<br />Pensar nos envaidecer?<br />É de dá dor e embrulho<br />No estômago a padecer<br />Mas meu caro cidadão<br />Não vale só protestar<br />É preciso união<br />Pra gente junto remar<br />Pra nenhum Napoleão<br />Aqui possa imperar<br />Nem conte ser convocado<br />Não querem seu palpitar<br />Democracia é um legado<br />Que poucos sabem deixar<br />Mas cabense indignado<br />Não deixa esculhambar<br />No bairro, clube ou escola<br />Conduza essa discussão<br />Ao contrário uma esmola<br />Será a bonificação<br />Que denigre, fere e esfola<br />A moral do cidadão<br />Auto: Jairo Lima<br />