2. Onde estará o verde, que agora
guardo em imagens, frágeis registros
de outrora abundância?
3. Porque te maltratam
tanto?
Porque impiedosamente
te confundem com uma
cloaca? Onde por certo
depositam o que possuem
de moral e bons costumes.
4. Encontro a razão desta Me perdoem os mais desprovidos, mas
calamidade em cada esquina onde por debaixo de cada tapete deposita-se
faltam lixeiras e cidadania. o lixo que tanto praguejam e por vezes
ajudam a esconder.
5. Mas o nefasto, com aval do Cristo ao lado,
são os homens responsáveis pelo nosso bem
coletivo pedirem desculpas públicas por
decisões secretas.
6. Vieram aos poucos, sorrateiros. As árvores, assim como o lixo,
jogadas para dentro do arroio.
7. Se me perguntarem do que O Município e seus representantes
me alimento, direi que também eleitos, são responsáveis pelo que
é da beleza e qualidade natural constroem mas também pelo que destroem.
de vida. Matam, assassinam em nome do progresso
duvidoso.
8. As árvores foram replantas em Não! Não! Não! O seu lugar é aqui. É
outro lugar, dizem... Mas e eu uma herança maldita esta mutilação
que fui morar ali perto paisagística de Novo Hamburgo.
justamente pelas árvores.
9. Terei saudades. Não
sei se mais alguém, mas
eu terei saudades.
Um belo recanto na
zona central. Onde
passam, vem e vão,
pessoas que se misturam
com a vida do verde que
pede perdão por estar
morando alí.
Vida nova no Parcão?
Não, lá não é seu lugar!
10. Posso perguntar o
que ele pensa e ele
responder que tanto
faz, mas também
posso desencadear em
sua mente o sentido
de frustração,
impotência, revolta,
ante a impossibilidade
de poder fazer algo
contra o assassínio da
natureza.
11. Um resto de fulgor. Uma visão que não se tem mais.
12. Nas manhãs de sol
ou nuvens, chuva ou
frio.
São inúmeros os que
desfrutam a
companhia da sensível
vegetação.
Caminhando, correndo,
participando da vida,
em companhia da vida!
13. Ou acreditar que a vida vale mais à
Ao menos para mim é inconcebível pena?
não perceber e sentir a diferença Então? Trarão os trilhos prosperidade
entre o ontem e o hoje. ou insegurança?
Apostar num progresso duvidoso... Valerá à pena?
14. São tantos os
adjetivos ruins e
nenhum bom para
resumir este ato.
As imagens
mostram já um
passado, um hiato...
16. Esse trem alegadamente
trará progresso. Será?
Será que porto-alegrenses,
esteienses, canoenses virão
até aqui para consumir nossos
produtos?
Fiquei sabendo por um
pseudointelectual daqui mesmo
(aqui tem muitos), que o tal
trem trará cultura !!!!!!!!!!
Também alegam que o trem
levará à capital muita gente
que vai em seus carros a
trabalho. Será que irão?
Oque pode esse trem trazer
talvez seja um substancial
aumento da criminalidade e
insegurança dentro de seus
vagões.
17. Onde menos espera-se, São em estufas, jardins e
brota a beleza. inclusive às margens dum
tal “Arroio Preto”.
18. Esta praça era linda. E útil pois Sentava-se ali, pensava-se ali,
servia de ligação do centro da vivia-se ali. É ridículo.
cidade com o shopping e a
rodoviária velha.
19. Mesmo que o trem tenha
uma certa razão de existir,
mesmo assim vejo como um
atentado à cidade.
Como cidadão hamburguense,
lamento que ele tenha vindo
até o centro e devastado a
pouca beleza natural que ainda
temos.
Ficasse próximo a Rodoviária
Nova na Fenac. Com linhas de
ônibus conectadas com o trem.
Mas a volúpia pelo grandioso,
pelos 15 minutos de fama
deverão ter um preço.
Assim como o progresso a
qualquer custo também tem um
preço e nesse caso prefiro
guardar minhas fichas.
20. Estes sapatos por certo pertenceram a
alguém.
Existem muitas possibilidades para este par de
sapatos. Poderá parar no lixão municipal, ser
guardado por outro transeunte necessitado.
Poderá apodrecer ali mesmo se ninguém apanhá-
lo. Pode ser jogado no Arroio Preto como tantas
vezes acontece com coisas ou desejos
descartáveis.
Mas e o homem? Para onde foi o homem que
descalçou este par de sapatos? Teria se
transformado naquela barata e assumido a nova
vida já sem tanta vida ao redor?
E para onde irão os homens que apostam tudo
no progresso a qualquer preço? Que descartam a
vida em toda sua amplitude numa latrina ou
promulgando seu conceito pessoal de progresso
assinando um papel barato? Desrespeitosamente
achando que todos veem o meio ambiente como
algo desconectado de um todo. Separado do
homem. À disposição do homem.
Me sinto responsável por Monte Belo, O São
Francisco e também a natureza ao longo do
ARROIO LUIZ RAU.
21. UM TRIBUTO
Para mim tornou-se necessário
fazer esta homenagem a um dos
locais mais aprazíveis nos
arredores do centro de Novo
Hamburgo.
Já houveram outros desmandos
semelhantes quanto a mutilação do
nosso legado paisagístico. Lembro
da Praça do Imigrante que até os
anos 70 era um local com muito
vais verde, muito mais bancos, um
coreto, romantismo e menos
concreto inútil. Novo Hamburgo
perdeu uma oportunidade de
procurar e certamente encontrar
soluções mais corretas no sentido
de valorizar a qualidade de vida.
Qualquer que sejam os
argumentos para minimizar e
justificar as obras do trem, creio
serem eles questionáveis no
sentido do planejamento urbano,
paisagístico, do trânsito e no apelo
pela qualidade de vida.
m.h.
22. A história é antiga. Foi em 1918 que nosso arroio recebeu o
nome de Luiz Raul, em homenagem a um curtidor vindo da
Alemanha.
O Luiz Rau é também conhecido como “Arroio Preto”. Corta
Novo Hamburgo numa extensão de aproximadamente 14 km.
Nasce na encosta de Dois Irmãos, passa pelo bairro
Roselândia indo para Estância Velha. Retorna então a Novo
Hamburgo passando pelos bairros Rincão, Operário, Vila Rosa,
Rio Branco, Centro, Ideal, Pátria Nova, Ouro Branco,
Liberdade, Industrial e Santo Afonso. Onde então
desemboca no Rio dos Sinos.