3. EDITORIAL
Comunicação para
integrar e crescer
E
sta publicação é um resumo do trabalho do Minis-
tério das Comunicações nos últimos dois anos. É
também uma das formas que encontramos de in-
formar à sociedade sobre o que está sendo feito
em prol dos consumidores que utilizam os serviços de te-
lecomunicações, e como o dinheiro dos impostos está sen-
do investido pelo Governo Federal neste ramo tão impor-
tante para o Brasil.
A principal novidade é a TV Digital que vai chegar aos
lares dos brasileiros, a partir de dezembro de 2007, de for-
ma gratuita e com acesso irrestrito para a toda a popula-
ção. Preparamos uma reportagem especial contando todos
os detalhes desta nova tecnologia que vai revolucionar para
sempre a forma de ver TV em nossas casas. Ainda neste ano
vamos contar com a digitalização do rádio, que vai depu-
rar perfeitamente o som e fazer renascer a indústria do se-
tor no Brasil.
Outro projeto em pleno andamento é o Programa de In-
clusão Digital. Estamos conectando todos os 5.565 municí-
pios do país à internet banda larga (alta velocidade), permitin-
Hélio Costa do acesso gratuito a serviços como IPTV e Voip – televisão e
Ministro das Comunicações
telefonia via internet. Mais importante ainda é a conexão nas
e Senador da República licenciado
142 mil escolas públicas federais, estaduais e municipais. Há
escolas pelo país afora que sequer têm energia elétrica.
Também estão sendo conectadas as tribos indígenas e
comunidades quilombolas, que muitas vezes ainda permane-
cem isoladas sem quase nenhuma infra-estrutura. Outra boa
notícia é a aplicação, pela primeira vez desde a privatização
das empresas telefônicas, do FUST (Fundo de Universaliza-
ção de Serviços de Telecomunicações). Como relatamos nes-
ta publicação, foi uma longa batalha para usar estes recursos.
Dos oito projetos apresentados, o primeiro já começou a ser
implantado em entidades voltadas a pessoas com deficiência.
Esperamos que a próxima vitória seja a aprovação pelo Con-
gresso Nacional da proposta do Telefone Social, que reduz
pela metade o preço da assinatura básica da linha de telefo-
ne fixa para milhões de brasileiros de baixa renda.
Projetos como esse e muitos outros são as novidades que
mostraremos nas páginas seguintes, e que certamente vão de
alguma forma mudar a vida de todos nós. Afinal, estamos no
século das grandes transformações tecnológicas e uma das mais
rápidas acontece com as comunicações. Esperamos, acredita-
mos e trabalhamos para que estas mudanças ajudem a cons-
truir um mundo melhor para nossas famílias, nossos filhos, e
para o nosso querido Brasil.
03
Revista do Ministério das Comunicações
4. EXPEDIENTE
Ministro de Estado das Comunicações
Hélio Costa
Chefe da Assessoria
de Comunicação Social
Francisco Câmpera
Coordenador Editorial e Gráfico
Gino Carneiro
Editoras
Adriana Aviz
Zélia Ferreira
Reportagem e Redação
Augusto Henriques
Carla Gouvêa
Cristina Ellery
Danyella Proença
Eider Moraes
Rafael Bitencourt
Estagiários
Anna Karla de Medeiros Dantas
06
Dora Maria Severo Araújo
CIDADES DIGITAIS - Cidade de
Fabrício Fernandes
Herivelto Reis
Tiradentes (MG) disponibiliza sinal
Renato Dias de Oliveira
Rodrigo Sales de Farias
de internet gratuita para todos
Vitor Borsari Jerônimo
Fotógrafos
20 FUST - Telefones
Anderson Schneider
Fabrício Fernandes
especiais
facilitam a vida
Projeto Gráfico e Editoração
Wender Alves Paderes
de deficientes
auditivos
Esta revista é uma publicação do
Ministério das Comunicações
Endereço:
Esplanada dos Ministérios
Bloco “R” - CEP 70044-900 • Brasília-DF
22
RÁDIO DIGITAL
FALE COM A GENTE
O rádio brasileiro
Ouvidoria
terá, em 2008,
E-mail: ouvidoria@mc.gov.br
Tel: (61)3311-6055/Fax:(61)3311-6523
o modelo digital
nas transmissões
Assessoria de Comunicação Social
E-mail: imprensa@mc.gov.br
Telefone do Ministério das Comunicações
(61)3311-6000
04 Revista do Ministério das Comunicações
5. ÍNDICE
16 TV DIGITAL - Tecnologia vai mudartelevisão
a
maneira como o brasileiro assiste à
34 TECNOLOGIA 3G - vai chegar a
Terceira geração
de telefonia celular
todos os municípios do Brasil
12 Gesac democratiza ainda mais o acesso à rede
mundial de computadores
24 Telecentros vão médicose economizar nos processos
agilizar
de diagnósticos
26 Projeto Giga cria rede de altaecapacidade de tráfego,
com flexibilidade, qualidade velocidade
27 MC trabalha para levar ode baixa de telefonia fixa
serviço
a 22 milhões de famílias renda
28 Asarádios comunitárias levam cidadania à população
10 CIDADES DIGITAIS e comunidades isoladas
Projeto oferece
36 Hélio Costadas Comunicações sobre projetos do
esclarece dúvidas
internet gratuita Ministério
a mais de 500 mil
38 Atletas patrocinados pelos Correios
pessoas em BH ganham ouro no Pan 2007
05
Revista do Ministério das Comunicações
6. CID AD ES D I G I TA I S
Projeto leva sinal de internet sem
fio gratuitamente para toda a cidade
histórica de Tiradentes
06 Revista do Ministério das Comunicações
7. Cidade
conectada
Você já imaginou como seria
uma cidade inteira conectada
à internet sem fio? Com acesso
gratuito nas praças, parques,
escolas, hospitais e delegacias?
É difícil, sobretudo em um país
onde mais de 70% da população
nunca acessou a rede. Mas essa
cidade existe. E fica no interior
do Brasil. A cidade barroca de
Tiradentes (MG) foi escolhida
para sediar um dos projetos-piloto
do Programa Cidade Digital.
07
Revista do Ministério das Comunicações
8. Atualmente, Tiradentes comemo-
ra a implementação da segunda etapa
do projeto, que é a expansão da rede
de internet por toda a cidade, o que
gerou uma situação curiosa. Tomba-
da pelo Patrimônio Histórico Nacio-
nal, a cidade é uma das poucas do
Brasil onde o centro histórico parece
ter sido congelado no tempo. Nesse
mesmo lugar, contudo, qualquer um
pode abrir um laptop e se conectar ao
mundo. “Tiradentes serve como mo-
delo para podermos implantar o mes-
mo projeto em outras cidades turísti-
cas com menos de 15 mil habitantes.
Normalmente, as grandes empresas
ou companhias telefônicas não se in-
teressam em investir em municípios
menores. Por isso o governo vai co-
nectar todos os municípios do Brasil à
internet banda larga. A prioridade será
a conexão nas escolas públicas fede-
rais, estaduais e municipais”, afirma
o ministro Hélio Costa.
A experiência tem dado resultados
Universo da informática incentivou ainda mais o interesse dos alunos pelos estudos
tão bons que sobram exemplos na pe-
quena cidade, com cerca de sete mil da aula, os argumentos não acabam. “A Larissa estuda, os computadores cria-
habitantes. Aos 8 anos, Larissa dos San- Larissa gosta e tem tanta habilidade que ram um novo ritmo na escola. Cerca
tos Reis pode dar seu testemunho du- estamos juntando dinheiro para com- de 80% dos professores estão termi-
rante horas, principalmente se for para prar um computador para ela e para o nando o curso Educação e Informáti-
convencer o pai Geraldo, que trabalha irmão no fim do ano”, diz Roseli. “Se ca para aproveitar ao máximo a nova
como caseiro, e a mãe Roseli, profes- não fosse a escola, a minha filha nun- ferramenta. Ao todo, são 25 computa-
sora da rede municipal, a comprar um ca teria acesso a esse mundo novo”. dores na escola – 10 doados pelo Mi-
computador. De acordo com Hérice Glayse Concei- nistério das Comunicações e 15 pelo
Se o alvo forem os professores, para ção, diretora da Escola Municipal Ma- Ministério da Educação, considerados
deixá-la na sala de informática depois rília de Dirceu, de 1ª a 4ª série, onde suficientes para os 380 alunos.
Cidade assiste a boom de usuários, de acessos
A coordenadora do projeto Tira- lo. “Temos uma van que toda semana acha difícil enumerar as facilidades para
dentes Digital, Karine Adriane de Oli- vai até BH carregada de produtos”, con- sua vida. A internet facilitou os estudos
veira, está entusiasmada com os re- ta Célia. “Levam os meus doces e mer- no curso técnico em Gestão Empresa-
sultados. A venda de computadores cadorias de outros moradores”. A ser- rial, o trabalho na prefeitura e ampliou
aumentou, a quantidade de pessoas vidora pública Fabíola Alvez, 20 anos, sua visão de mundo. “Eu não tenho cos-
na rua diminuiu significativamente e tume de comprar jornais todos os dias,
o número de usuários dobrou em um mas agora eu consigo me manter infor-
Além de escolas,
ano. “Eu nunca imaginei que isso fos- mada em tempo real. Estou viciada em
se acontecer”, diz Karine. “Virou uma notícias”, diz.
o projeto também
febre na cidade”. A doceira Célia Ma- Além da conexão gratuita em todos
ria Campos, 65 anos, por exemplo, am- os pontos da cidade, o Ministério das Co-
beneficia postos
pliou seu negócio. Antes de ter aces- municações distribuiu dez computado-
so à internet, ela produzia de 30 a 40 res por escola, no total de 40 máquinas.
de saúde,
potes de doces por mês. Com o aces- Também haverá mais 40 computadores
telecentros e pontos
so à rede, ela criou seu próprio site, em postos de saúde, telecentros, no cen-
aumentou a produção para 150 potes tro de turismo e outros órgãos públicos.
de turismo
e ainda envia encomendas para Belo O projeto inclui ainda o telecentro insta-
Horizonte, Rio de Janeiro e São Pau- lado pelo MC em convênio com a Pre-
08 Revista do Ministério das Comunicações
9. Resultados paga é que as operadoras de telefo-
País exporta
Tiradentes foi a primeira cida- nia só levam acesso até os pontos lu-
modelo de
de do país a operar com a tecnolo- crativos. No caso do governo, não. O
gia Wireless Mesh, rede de comuni- projeto do MC é levar internet ban-
inclusão
cação sem fio que, em Tiradentes, é da larga a todos os municípios brasi-
gratuita em todos os pontos da cida- leiros, principalmente àqueles mais
para a Ásia
de. A principal diferença da internet pobres e distantes.
O êxito do projeto Cidade
Digital já ultrapassou as frontei-
ras do Brasil e chegou à Ásia. Em
uma visita rápida a Tiradentes e
Belo Horizonte, o vice-prefeito
de Almaty (Cazaquistão) anun-
ciou que pretende implantar na
cidade o mesmo projeto minei-
ro, pois as necessidades de lá são
muito parecidas com as brasilei-
ras. “Gostamos muito do que vi-
mos”, disse ele. Seis outras cida-
des vão receber o projeto-piloto
das Cidades Digitais. Por meio
de um convênio com a Funda-
ção Euclides da Cunha, da Uni-
versidade Federal Fluminense,
no valor de R$ 9 milhões, serão
incluídas as cidades de Almenara
(MG), Lavrinhas (SP), Garanhuns
(PE), Cacique Double (RS), Ci-
dade de Goiás (GO) e Pindora-
ma (TO). Atualmente, o projeto
funciona nas cidades de Tira-
dentes, Ouro Preto, Belo Hori-
zonte (MG) e em Piraí, no Rio
de Janeiro.
Nas escolas de Tiradentes, os computadores deram um novo ritmo ao aprendizado
e vendas no segmento de informática
feitura Municipal de Tiradentes. Além
da prefeitura, são parceiros do MC os
ministérios da Educação e da Saúde; a
Universidade Federal de Ouro Preto e
empresas privadas como a TVA, que
oferece cursos de informática em CDs
auto-explicativos e programas de edu-
cação a distância. Passou o período pi-
loto. Agora estão sendo colocadas mais
duas antenas, porque há horas em que
o congestionamento é muito grande e
dificulta o acesso. O objetivo da pre-
feitura de Tiradentes é acabar com to-
dos os buracos na conexão.
Uso da internet facilita
a participação em cursos
e as vendas de
mercadorias online
09
Revista do Ministério das Comunicações
10. CIDAD ES D IG ITAIS
BH Digital leva internet
a meio milhão de pessoas
Quando decidiram mudar a capital de fora apenas as regiões de preserva-
mineira de Ouro Preto para Belo Horizon- ção ambiental. O custo total do BH Di-
te, Afonso de Lima Júnior, então governa- gital está estimado em cerca de R$ 4,3
dor interino de Minas Gerais, declarou: milhões, contrapartida de 19% da
“Belo Horizonte tornou-se o cérebro de prefeitura.
Minas”. Passados mais de cem anos, BH Mas Belo Horizonte não é a
é hoje um dos cérebros do Brasil e uma única cidade no estado a se moder-
das poucas capitais do país a usar a tecno- nizar. Em outra parceria, nesse caso
logia em ampla dimensão. A Rede Muni- com o governo de Minas Gerais e o
cipal de Informática (RMI), por exemplo, Ministério do Desenvolvimento So-
interliga 10 mil computadores nos órgãos cial e Combate à Fome, o MC par-
da prefeitura, laboratórios de informática ticipa do Cidadão.Net. Esse projeto
em escolas municipais e centros de saú- foi criado há três anos e dá acesso às
de, por meio de fibra ótica. Foi justamen- novas tecnologias da informação e
te essa experiência que levou o Ministério da comunicação às comunidades do
das Comunicações a assinar uma parceria Norte de Minas, Vale do Jequitinho-
com a prefeitura da capital mineira para nha, Vale do Mucuri, parte do Vale do
testar a tecnologia WiMax. Isso significa São Mateus e região central de Minas.
banda larga de alta capacidade, tanto de Já são 110 telecentros – centros com
velocidade quanto de alcance, em cone- computadores e acesso gratuito à rede
xão sem fio feita por antenas. E o mais – em 104 municípios.
importante: o custo é menor do que o da O telecentro do projeto Cidadão.
internet por satélite e a qualidade, maior. Net é um espaço equipado com cerca
O projeto será ampliado para todas as ca- de 10 computadores novos, conectados
pitais do país. em rede e com acesso à internet via sa-
Quase meio milhão de moradores télite e aplicativos em software livre, par-
estão sendo beneficiados pelo progra- ceria com a Universidade Federal de Mi-
ma BH Digital. O MC distribuiu qua- nas Gerais (UFMG). Essa foi a forma que
tro mil terminais para o atendimento a os governos encontraram para capacitar
256 pontos, associações de bairro, igre- os cidadãos e permitir que cada brasilei-
jas e organizações não-governamentais, ro, independentemente da classe social,
100 escolas, 50 órgãos da administração tenha condições de processar e
municipal e telecentros. Aos poucos, o produzir conhecimentos usan-
ministério, em parceria com a prefeitu- do as novas tecnologias.
ra de BH e diversas empresas privadas,
tem construído uma grande rede de in-
clusão digital na capital. O projeto teve
início em 2005 e tem como objetivo co-
brir 95% da área da cidade, deixando
Caroline Queiroz e Nilson Rocha
são agentes fundamentais para
o sucesso da inclusão digital em
Minas Gerais
10 Revista do Ministério das Comunicações
11. Dois testemunhos de uma revolução
Implementadores atuam ativamente em posso participar de ações que me fa-
zem acreditar cada vez mais que a in-
programas de inclusão digital e falam sobre
clusão digital é realmente necessária
este avanço e seus benefícios em Minas Gerais e traz grandes benefícios. No entanto,
os benefícios trazidos pela inclusão di-
gital só podem ser identificados a mé-
“Há quatro anos a maioria dos mu- dio e longo prazos, pois existe um mo-
nicípios do Norte e Nordeste de Minas mento, que deve ser respeitado, para a
Gerais não possuía qualquer estrutura comunidade conhecer as tecnologias
de acesso ao computador e à internet. e aprender a utilizá-las. Somente de-
Os telecentros trouxeram, além des- pois elas conseguem enxergar o uso
se acesso, uma oportunidade para as significativo do computador e da inter-
pessoas ampliarem seus horizontes e net. Essa é a melhor parte: sentir que
buscarem a melhoria de suas vidas. O as pessoas da comunidade estão com-
que acho legal no projeto é a presença preendendo, aos poucos, o verdadei-
constante da comunidade, seja como ro significado da inclusão digital, que
usuário do telecentro, multiplicador é aliar o uso das tecnologias à habili-
(educador.net) ou membro do Comi- dade de ter boas idéias, compartilhar
tê Gestor do Telecentro. Atuar no Ci- com a comunidade e colocá-las em prá-
dadão.Net desde a sua concepção é tica. Mas a comunidade só descobrirá
uma grande satisfação para mim, pois o valor do uso significativo das tecno-
logias se existir uma ação contínua de
Caroline Queiroz, coordenadora mobilização e capacitação das pesso-
do Programa Cidadão.Net. as envolvidas. Assim, coordenar o Ci-
e gerente da Secretaria de dadão.Net tem sido uma experiência
Desenvolvimento dos Vales fascinante, pois me permite participar
do Jequitinhonha e Mucuri e do de uma política pública séria e com-
Norte de Minas Gerais (Sedvan) prometida com a melhoria de vida de
muitas pessoas.”
“Vai fazer um ano que estou no Associação de Pais, Alunos e Mes-
programa e já visitei mais de cem tres tem parceria com os professo-
pontos do Gesac. E percebi que ele res para que todos os alunos façam
está revolucionando a forma de pen- pesquisas depois da aula. Eu fiquei
sar e agir de muitas comunidades, surpreso com a galerinha da 3ª sé-
proporcionando o crescimento e fa- rie fazendo o minicurso de compu-
zendo com que elas tenham uma tação. O que mais chama a atenção
nova visão do mundo. Vi também é que tudo isso ocorre em um dos
que vários pontos adotaram o uso de bairros mais violentos de Belo Ho-
ferramentas livres, que proporcionam rizonte. A visita mais emocionante
a utilização de máquinas muitas ve- de todas foi em um ponto na cida-
zes inutilizáveis por muitos softwa- de de Jequitinhonha. Lá tem um se-
res. Assim, fazemos a meta-recicla- nhor de 68 anos aprendendo a usar
gem e economizamos recursos. A o computador, telefone pela inter-
grande maioria dos pontos que vi- net e todas as outras ferramentas. Pa-
sitei usa também a internet para co- rei para conversar com ele um pou-
mercialização dos produtos artesa- co e ele me disse que estava doido
nais. Eles criam sítios para mostrar para aprender porque queria conver-
a cultura e pontos turísticos da co- sar com a filha. Ela mora em outra
munidade, envolvem os jovens com cidade e eles não se falam há mui-
trabalhos de desenvolvimento social, to tempo.”
entre muitas outras coisas. Um dos
Nilson Rocha, implementador do
pontos mais legais que conheci foi
Gesac em Belo Horizonte e nas regiões
na Escola Estadual Silviano Brandão,
Norte e Nordeste de Minas Gerais
de Ensino Fundamental e Médio. A
11
Revista do Ministério das Comunicações
12. IN CLUS ÃO D IG ITAL
GESAC: passaporte
para a cidadania
pela internet
Programa viabiliza conexão banda larga à rede
para escolas, comunidades indígenas, quilombolas,
postos militares e regiões carentes
Militares da Marinha, que ser- tudos à distância. A internet é, tam- avançado de Salvamento Marítimo.
vem no posto da Ilha de Trindade, bém, um canal de comunicação para Na ilha, encontra-se o único local do
agora têm acesso à internet banda matar um pouco da saudade da fa- Brasil em que ainda se pode reconhe-
larga. Para eles, que estão a 1.167 mília. “Ficávamos até quatro meses cer um cone vulcânico, formado pelo
quilômetros de Vitória (ES), a possi- sem notícias“, conta o capitão Flá- acúmulo de lavas e outros materiais.
bilidade de navegar na rede 24 ho- vio Rocha, encarregado pela Seção O local não oferece condições para o
ras por dia não é luxo. Ao contrário, de Logística do Comando do 1º Dis- turismo, mas é de primordial impor-
é uma necessidade, pois garante a trito Naval. tância para as investigações científi-
atualização mais rápida dos dados Além dos militares, a Ilha de Trin- cas. A internet facilita significativa-
meteorológicos, aperfeiçoa a segu- dade abriga o projeto Tamar (que pre- mente essas pesquisas.
rança nacional e dá aos soldados a serva as tartarugas marinhas, ame- Tudo isso é possível por meio do
oportunidade para concluir seus es- açadas de extinção) e é um posto programa Gesac (Governo Eletrônico
12 Revista do Ministério das Comunicações
13. mais que conse- poderá ser ADSL,
“Estamos fazendo
guem comerciali- por satélite, cabo,
zar seus produtos rede sem fio e até
uma verdadeira
pela rede; índios mesmo por rede
que têm a chan- elétrica. A cha-
revolução, levando
ce de trocar expe- mada conexão sa-
para todos os cantos
riências com ou- telital, bem mais
tras tribos, entre cara, será direcio-
do país a internet
tantos outros be- nada para as regi-
neficiados. Cada ões mais remotas
em alta velocidade”
ponto do Gesac do país. “Estamos
alimenta, em mé- fazendo uma ver-
dia, seis compu- dadeira revolução
tadores. no Programa de Inclusão Digital no
Atualmente, por volta de 2,1 mil Brasil, levando para todos os cantos do
municípios são beneficiados com o país a conexão à internet em alta velo-
acesso. A previsão é que todos os cidade”, explica o ministro Hélio Cos-
5.565 municípios sejam atendidos e ta. “A prioridade absoluta é a conexão
cerca de 20 mil pontos estejam ins- em escolas públicas e, em seguida, os
talados até 2008. A novidade dessa hospitais, postos de saúde, delegacias
ampliação será a conectividade, que e os demais órgãos públicos”.
Pescadores lançam os
anzóis na rede mundial
distância. Com a internet, os pesca-
Em Morpará, comunidade dores conseguem entrar em contato
vende produtos e obtém com outros órgãos públicos, se ins-
crever ou solicitar outros programas
empréstimos bancários
sociais, além de vender seus produ-
no telecentro tos e até conseguir empréstimos ban-
cários. Também passaram a ser co-
Dos 9.462 habitantes do muni- muns pesquisas sobre o preço do
cípio de Morpará, no agreste baia- peixe, o ecossistema oceânico, so-
no, cerca de 40% são de baixa ren- bre as condições do tempo e sobre
da. Apenas 1.793 tinham acesso à políticas do governo, como o segu-
energia elétrica. Nesse cenário, te- ro-defeso (pagamento de um salário-
levisão é um eletrodoméstico raro; mínimo por mês durante o período
acesso à internet, então, é algo de de reprodução das espécies, quando
outro planeta. Aos poucos, o gover- a pesca fica proibida).
no busca modificar essa realidade. Esse mesmo projeto que tan-
O MC conectou um telecentro na to beneficia Morpará está presente
cidade e o Banco do Brasil doou em todos os estados brasileiros, por
– Serviço de Atendimento ao Cida- dez computadores para o projeto meio do Projeto Maré, da Seap. En-
dão), por meio do qual o Ministério realizado pela Secretaria Especial tre as dezenas de telecentros espa-
das Comunicações tem investido cerca de Aqüicultura e Pesca (Seap) junto lhados pelas comunidades pesquei-
de R$ 37 milhões por ano na instala- às comunidades pesqueiras. ras, estão o do Cururupu, no litoral
ção de pontos de inclusão digital. Em Morpará, 300 pessoas - en- do Maranhão, onde a conexão só é
A exemplo desse projeto, em tor- tre pescadores do São Francisco e possível por meio da energia solar;
no de 3,3 mil pontos de acesso do seus familiares - foram capacitadas Cabo Frio (RJ); Laguna (SC); Lagoas
Gesac estão espalhados por todo o e cadastradas para ter acesso à rede. (MS); Belém (PA); Paranaguá (PR) e
país. Os personagens são crianças e Trata-se de uma revolução, porque em Nísia Floresta (RN). Todas as co-
jovens que nunca tiveram acesso ao o serviço de internet mais próximo munidades passam por capacitação
computador e que, agora, aprendem da cidade ficava no município de e aprendem a usar as ferramentas de
com a internet; empresários infor- Xique-Xique, a 90 quilômetros de informática.
13
Revista do Ministério das Comunicações
14. IN CLUS ÃO D IG ITAL
Aldeia virtual integra
nações indígenas
Quem tentou acessar o site www. atualizam diariamente. Os jovens são
indiosonline.org.br no fim de abril se os mais beneficiados. Há uma grande
deparou com o seguinte recado: “Pre- preocupação com a gravidez na ado-
zados visitantes, nosso site teve um enor- lescência, com a Aids e a saúde indíge-
me acesso, causando uma sobrecarga no na em geral. Além disso, as diferentes
nosso provedor. Estamos resolvendo esse etnias passaram a trocar informações
problema de lentidão e quedas suces- com outras tribos. “Estamos abrindo o
sivas. Pedimos desculpas”. Até aí tudo nosso horizonte. Às vezes, o que es-
bem. Não é raro encontrar mensagens tamos perdendo é forte em outra co-
como esta em páginas da internet. A di- munidade”, diz Carmem. Os cerca de
ferença é que esta é uma página constru- seis mil índios, por exemplo, que vi-
ída e abastecida pelos próprios índios. O vem na terra Pankararu, mantêm viva
grande número de acessos inesperados sua cultura. O desafio é ajudar os que que nos mantém vivos”, afirma.
vem de outras tribos e de pessoas que deixaram sua terra, como cerca de 1,2 Os índios acreditam na força en-
querem conversar por chat ou e-mail, mil Pankararus. Aproximadamente 500 cantada (força espiritual) que traça todo
ou mesmo conhecer parte da cultura de deles vivem na favela do Real Parque, o trabalho do ano, a safra, a produção
sete etnias: Kiriri, Tupinambá, Pataxó- próxima ao rio Pinheiros, em São Pau- agrícola e a colheita. Eles continuam
Hãhãhãe e Tumbalalá, na Bahia; Xucu- lo. Os demais estão espalhados por ou- fazendo seus artesanatos e usando suas
ru-Kariri e Kariri-Xocó, em Alagoas; e os tras favelas da capital paulista. “O ín- ervas medicinais. Mas, com a internet,
Pankararu, em Pernambuco. dio que sai da terra não deixa de ser é possível confirmar as previsões, ven-
O site foi construído por essas sete índio. Ele precisa ser forte para sobre- der o artesanato na Europa e comprar
nações indígenas como um canal de di- viver em meio ao branco”, conta Car- antibióticos. “A tecnologia, que chegou
álogo, encontro e troca. Eles montaram mem Pankararu. “A nossa cultura é o em nossas aldeias, hoje nos proporciona
o projeto e conseguiram a conectivida-
Conexão à rede pela energia
de com o Ministério das Comunicações,
por meio do Gesac. Hoje, há mais de 20
antenas Gesac espalhadas em aldeias no
Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, No município de Barreirinhas as localidades do Brasil”, afirma Helio-
Paraíba, Pernambuco e Tocantins. “Usa- (MA), com um dos mais baixos IDH mar Medeiros, diretor de inclusão digi-
mos a internet para trabalhar o que é pre- (Índice de Desenvolvimento Humano) tal do ministério.
cário para a comunidade: saúde, água, do país, funciona um dos primeiros ter- Com a Vila Digital, o município de
educação”, explica Carmem Pankara- minais de acesso à internet pela rede 40 mil habitantes - que é a porta de en-
ru, coordenadora do Fórum Permanen- elétrica. Um aparelho converte o sinal trada do Parque dos Lençóis Maranhen-
te de Presidentes de Conselhos Distritais de acesso para a rede elétrica, que de- ses, mas que tem pouca infra-estrutura
de Saúde Indígena. “Produzimos trocas pois é transformado por outra máqui- - terá 150 pontos de presença Gesac. Es-
na parecida com um modem. Pronto:
legais e estamos sendo mais valorizados ses pontos estarão distribuídos entre es-
pelos não-índios”, diz. a cidade que antes era excluída – por- colas, postos de saúde, órgãos públicos,
“A internet valoriza a cultura indí- que levar cabeamento de internet não residências e pequenas empresas. Na
gena, porque ela é divulgada na rede. dá lucro - passará a ser o centro das Vila Digital, será testada a PLC (Power-
Também é uma forma de melhorar a atenções com o cabeamento de fibra Line Communication), tecnologia que
comunicação, pois a maioria das re- óptica acoplado na rede elétrica. Essa usa as redes de transmissão de energia
servas é distante dos grandes centros”, nova forma de levar internet para os elétrica para transmitir dados, cuja ve-
diz o ministro das Comunicações, Hé- lares brasileiros, escolas e hospitais locidade de tráfego pode atingir 2 mi-
lio Costa. ainda faz parte do projeto-piloto Vila lhões de bites por segundo (2 Mbps).
De acordo com Carmem Pankara- Digital, que custará R$ 1,2 milhão e Uma diferença enorme se comparado
ru, toda a conexão tem sido usada da terá duração de dois anos. “Precisamos aos 56 mil bites por segundo (56 Kb/s)
melhor forma possível. Os índios estão testar todas as tecnologias disponíveis, do acesso discado. Outra vantagem é a
capacitados a passear pelo mundo vir- seja satélite, cabo, rádio e agora até a simplificação do acesso. Em um hospi-
tual, usam sites de busca, produzem e rede elétrica. Nosso objetivo é levar a tal, por exemplo, é possível trocar um
divulgam reportagens, lêem jornais e se internet e o desenvolvimento a todas computador de uma sala para outra, se
14 Revista do Ministério das Comunicações
15. Rede Mocambos reúne 27
O acesso à internet permite aos
índios vender o artesanato que
comunidades quilombolas
produzem e comprar antibióticos
A Associação Quilombo de seu trabalho é dedicado a melho-
Ivaporunduva, no Vale do Ribeira rar as condições de vida das comu-
(SP), participou pela primeira vez, nidades afro-descendentes. Para
em julho de 2006, de uma licita- isso, a Rede Mocambos desenvol-
ção. E ganhou. Hoje, eles forne- ve ações de geração de renda, ma-
cem 4.840 caixas de banana nani- nejo sustentável de recursos natu-
ca, o que equivale a 97 toneladas, rais e apropriação de tecnologias
para a merenda escolar de estudan- de informação e comunicação,
tes de Suzano (SP). É uma vitória como ele mesmo diz. O estímulo
para a comunidade, que tem na ao debate e à formulação de po-
plantação da banana seu principal líticas públicas que assegurem o
produto de sobrevivência. A região desenvolvimento das comunida-
abriga 70 famílias de descendentes des negras também faz parte do
de escravos de Ivaporunduva, dis- trabalho. “Estamos capacitando os
tante cerca de 290 km da capital. jovens, incluindo de fato os exclu-
Por causa da distância, essa comu- ídos”, diz TC. Mas sua principal
uma integração com o mundo, ajudan- nidade ficou escondida e sem co- bandeira é a titulação das terras
do a divulgar nosso artesanato através municação com o restante do Bra- quilombolas. “A conexão à inter-
do nosso chat, quando teclamos com sil durante décadas. Desde 2004, net vai nos permitir agilizar esse
os visitantes”, diz Aratykum Pankararu. contudo, o quilombo tem no pon- processo”, afirma.
“O artesanato indígena transformou-se to Gesac um dos únicos canais de O Ministério das Comunica-
em uma fonte de rentabilidade. O pro- comunicação, o que permite a in- ções pretende incluir digitalmente
jeto Índios Online, construído a partir tegração com outras comunidades 15 quilombos até o fim do ano. As
da necessidade de comunicação entre quilombolas, com os governos lo- comunidades poderão se comuni-
as mais variadas etnias indígenas, abriu cal e federal e novos mercados con- car por rádio, telefonia fixa e inter-
uma nova linguagem para o mundo, sumidores. net. A iniciativa também beneficia-
início de uma nova era. Atualmente, no entanto, um dos rá doze pontos que trabalham com
desafios é construir com as comuni- a cultura afro-brasileira, espalhados
elétrica
dades quilombolas um projeto de re- por sete estados.
des de comunicação, com produção TC acredita que cerca de 400
de conteúdos em multimídia, além pessoas serão incluídas digital-
preocupando apenas com a existência de facilitar o uso de ferramentas para mente em cada quilombo. Isso
de uma tomada. que eles mesmos criem emissoras sem falar nos pontos de cultura
O principal objetivo é reduzir cus- comunitárias de rádio e televisão. em áreas urbanas, que já tiveram
tos em obras para uma nova rede de Dando seus primeiros passos, a rede o processo de instalação conclu-
comunicação, pois 98% das residên- Mocambos já integra 27 comunida- ído. A estrutura necessária para a
cias do Brasil têm acesso à rede elétri- des, entre quilombos e pontos que comunicação, como é o caso dos
ca. O acesso via satélite, hoje presen- trabalham com a cultura afro-brasi- computadores, vem das parcerias
te em todos os pontos Gesac, deverá leira . O projeto abrange São Pau- do Programa Gesac com entidades
ser concentrado nas regiões em que os lo, Distrito Federal, Goiás, Mato públicas. As comunidades quilom-
cabos não chegam. Além de Barreiri- Grosso, Minas Gerais, Pernambu- bolas recebem doações de máqui-
nhas, também estão em fase de plane- co e Rio Grande do Sul. nas usadas, que passam por um
jamento para os testes na rede elétrica “Poderemos expandir essa rede processo conhecido como meta-
o bairro Restinga, em Porto Alegre, e em breve, com o apoio do Gesac, reciclagem. Os membros das co-
Candiota (RS); o bairro Bexiga (SP) e Pi- Serpro (Serviço Federal de Proces- munidades são capacitados, por
renopólis (GO). Além do MC, também samento de Dados), Fundação Pal- meio de oficinas, e passam a traba-
integram o projeto a Eletrobrás (Cen- mares e Instituto Sócio-Ambiental,”, lhar na montagem e manutenção
trais Elétricas Brasileiras), Eletronorte diz Antônio Carlos Santos Filho, co- dos equipamentos. Cada comu-
(Centrais Elétricas do Norte do Brasil), ordenador da rede Mocambos e da nidade contará com um servidor
Cemar (Companhia Energética do Ma- Casa de Cultura Tainã, localizada e até dez computadores. Com a
ranhão), Prefeitura de Barreirinhas e a em Campinas. conclusão do projeto, o Ministé-
APTEC (Associação de Empresas Pro- Antônio Carlos, conhecido rio das Comunicações estima que
prietárias de Infra-estrutura e Sistemas como TC, cresceu em um quilom- cerca de 10 mil pessoas sejam in-
Privados de Telecomunicações). bo junto com os seus tios. Hoje cluídas digitalmente.
15
Revista do Ministério das Comunicações
16. T V D IG ITAL
Novas formas de assistir televisão oferecem alta
definição, interatividade, portabilidade e mobilidade
Todos os brasileiros, pobres ou ri- de futebol por diversos ângulos no interior de veículos, por exemplo.“O
cos, terão acesso à TV Digital. Os tes- mesmo canal. Ao mesmo tempo, será Brasil começa a entrar na era digital
tes já começaram em São Paulo e, a possível participar de enquetes, fazer com o melhor sistema do mundo, le-
perguntas, acessar e-mails e comprar
partir de dezembro, as emissoras ini- vando para toda a população uma TV
ciam suas transmissões comerciais. A a camisa do time sem se levantar do de qualidade e gratuita”, explica o mi-
nova tecnologia digital é superior ao sofá. A TV poderá ser operada como nistro das Comunicações, Hélio Cos-
modelo atual, o analógico, porque a um computador, com acesso à inter- ta. “O desenvolvimento tecnológico e
imagem é mais definida, parecida com net e, no futuro próximo, o telespec- a indústria nacional vão dar um salto
uma tela de cinema, e ainda conta com tador terá a possibilidade de montar a nos próximos anos. A TV Digital está
um som limpo, sem ruídos. própria programação. O cidadão dei- contribuindo decididamente para o
Outras inovações vão conquistar xará de ser mero espectador para ser crescimento tecnológico e econômi-
de vez o telespectador: a interativida- um participante ativo. co do país”.
de, a mobilidade e a portabilidade. E a portabilidade e mobilidade?
TV aberta e gratuita
Na primeira, o cidadão se comuni- Com a TV Digital, pode-se ver o mes-
cará com a emissora de TV usando mo jogo pela tela do celular, sem pagar
acessórios como o controle remoto. nada por isso. Também é possível assis- Essa é uma das grandes vitórias
Ele poderá, por exemplo, ver o jogo tir à programação em movimento, no do novo sistema. A TV Digital, que
16 Revista do Ministério das Comunicações
17. padrão diferente dos outros três, mas o
mais avançado do mundo. Por isso, uma
“Estamos com
equipe do governo, coordenada pelo Mi-
nistério das Comunicações, tem visitado
o melhor sistema
outros países para apresentar o modelo
nipo-brasileiro de TV digital.
do mundo”,
O novo sistema também será um
importante instrumento de inclusão
garante o ministro
social e digital. Hoje, no Brasil, exis-
tem cerca de 55 milhões de televi-
Hélio Costa
sores com tecnologia analógica, em
aproximadamente 43 milhões de do-
micílios. E, em aparelhos celulares, o sistemas de transmissão e na produ-
país já superou a marca dos 100 mi- ção de conteúdo.
lhões de unidades. No futuro, cada A indústria nacional será imen-
celular poderá ser um receptor mó- samente beneficiada. Além disso, a
vel de TV Digital, com acesso à inter- produção de conteúdo no Brasil vai
Cada celular
net. Num período de 5 a 10 anos, o estimular a cultura e a educação. Os
será um
receptor mercado deverá movimentar em tor- fabricantes asseguram que, quando o
móvel de no de R$ 100 bilhões em investimen- sistema for ao ar, o consumidor bra-
TV Digital,
tos na substituição de televisores, ce- sileiro será atendido de forma econô-
com acesso
lulares, aparelhos portáteis com TV, mica e tecnicamente consistente.
à internet
O que diz o decreto
que criou a nova TV
estará completamente implementa-
da no Brasil em nove anos, mantém
as características da televisão brasilei-
ra: aberta e gratuita. A escolha do mo- Desde que o presidente Luiz Iná- progressivamente, a todo o país. Até
delo, no entanto, não foi fácil. Cerca cio Lula da Silva assinou o decreto dezembro de 2009, todas as capitais
de 1,4 mil pesquisadores de 90 enti- 5.820, em 29 de junho de 2006, que brasileiras terão canais digitais. E, até
dades de ensino e de pesquisa, divi- estabelece o prazo de 10 anos para dezembro de 2013, a tecnologia che-
didos em 22 consórcios, trabalharam que toda transmissão terrestre do Bra- gará a todos os municípios.
arduamente por dois anos, financia- sil seja digital, o país tem caminhado A partir de julho de 2013, o Minis-
dos pelos ministérios das Comunica- rapidamente para cumprir esse pra- tério das Comunicações somente ou-
ções e da Ciência e Tecnologia. Nes- zo. No início de abril, dez emissoras torgará a exploração de TV em tecno-
se período, foram avaliados os três de televisão aberta da capital paulista logia digital. O sistema analógico será
padrões existentes no mundo – o dos assinaram contratos de consignação desativado em de junho de 2016.
Estados Unidos, o da União Européia dos canais de TV Digital com o Mi- O Banco Nacional de Desenvol-
e o japonês. Os pesquisadores tam- nistério das Comunicações. vimento Econômico e Social (BNDES)
bém criaram duas tecnologias nacio- Algumas dessas emissoras já ini- vai investir R$ 1 bilhão no processo de
nais: a utilização do MPeg 4 (todos ciaram as primeiras transmissões expe- digitalização das emissoras. Os recur-
os padrões empregavam o MPeg 2) - rimentais e outras já se preparam para sos serão destinados à modernização
da infra-estrutura, produção de softwa-
responsável pela compressão de ima- testar o sistema antes de 2 de dezem-
gens, e o Middleware – que assegura res, equipamentos e produção de novos
bro, quando serão iniciadas as trans-
a interatividade. missões comerciais de seus canais. conteúdos digitais. Além disso, serão fi-
Com base nos estudos, depois de 38 O estado de São Paulo foi esco- nanciadas pesquisas para o desenvolvi-
reuniões e consultas públicas, o governo lhido para começar a implementação mento do primeiro chip nacional para
definiu que a base do Sistema Brasileiro porque é o maior do país, com 12% conversores da TV Digital. “Este finan-
de TV Digital Terrestre (SBTVD-T) seria da população brasileira, e concentra ciamento é de grande importância para
o padrão japonês, desde que incorpora- a maioria das geradoras das principais o setor, porque vai permitir um salto
das as tecnologias produzidas por redes de TV. Numa segunda etapa, o significativo que coloca o Brasil com-
aqui, que ainda cronograma de consignação de ca- petitivamente próximo a todos os paí-
incluem o nais digitais será estendido, ses de primeiro mundo”, afirma Hélio
sistema de Costa. O ministro ainda defende uma
transmissão linha especial de crédito para as TVs
e o robuste- públicas e educativas.
cimento do sis-
tema. Hoje, o Bra-
sil possui não só um
17
Revista do Ministério das Comunicações
18. T V D IG ITAL
Governo financiará
compras de conversores
Quem continuar recebendo o sinal analógico terá nove anos para adquirir o aparelho
Nos próximos nove anos, os quer mais que o Brasil seja visto pe- bens de capital e de insumos estão isen-
sinais analógicos e digitais serão los industriais estrangeiros como um tos de PIS/Pasep; Cofins e IPI (Imposto
transmitidos simultaneamente. Nes- país que, apesar da grande revolução de Produtos Industrializados). Isto sig-
sa transição, o consumidor que qui- da TV Digital, só contribui com a fa- nifica uma economia de US$ 3,5 bi-
ser acompanhar a nova tecnologia bricação de caixas de papelão. Em um lhões para as empresas - além de de-
terá duas opções: trocar de aparelho esforço de fomentar o desenvolvimen- dução de 50% de IPI e da Contribuição
ou comprar um conversor e adaptar to econômico, o governo encaminhou Social sobre o Lucro Líquido (CSLL)
sua atual TV. Esse conversor é uma a Medida Provisória nº 352 ao Con- das despesas com desenvolvimento
caixinha, chamada de terminal de gresso. A MP, já transformada em lei, tecnológico e pesquisas.
cria incentivos fiscais para chips, dis-
acesso, parecida com a que existe
u- plays (telas) e terminais de acesso à TV
atualmente nas TVs a cabo. No pri-
,o meiro momento, o conversor fará a Digital. Os projetos de aquisição de
rá.... transição entre o sistema analógico
e o digital. Essa é a garantia que o
governo dá, com a preocupação que
teve o presidente Lula, de
que nenhum cidadão
brasileiro ficará sem
receber o sinal da te-
levisão, inclusive os
mais modestos, que
têm apenas um pe-
queno televisor em
casa.
Para a popula-
ção de baixa renda,
o terminal de aces-
so será financiado
pelo governo fede-
ral por meio de li-
nhas de créditos do
Banco Popular, Cai-
xa Econômica Fede-
ral e Banco do Bra-
sil. Entretanto, quem
não quiser comprar
o conversor poderá
continuar assistindo
a sua televisão analó-
gica pelos próximos
nove anos.
O governo fede-
ral está decidido: não
18 Revista do Ministério das Comunicações
19. Tecnologia
genuinamente
nacional
Os investimentos de R$ 5,7
milhões do Funttel (Fundo para o
Desenvolvimento Tecnológico das
Telecomunicações) no desenvolvi-
mento genuinamente nacional do
O Set Top Box poderá ser Ginga, software responsável pela
financiado por linhas de interatividade do Sistema Brasilei-
créditos do Banco Popular,
ro de TV Digital (SBTVD), come-
Caixa Econômica Federal e
çam a dar seus primeiros frutos. A
Banco do Brasil
primeira fábrica brasileira especia-
lizada na produção do programa já
está em funcionamento em João
Pessoa (PB) e Natal (RN).
O programa é considerado um
dos melhores do mundo é já tem
encomendas para o mundo intei-
ro. “Este é o caminho para o Brasil
crescer verdadeiramente - desenvol-
ver tecnologia nacional de ponta
que tenha condições de competir
no mercado internacional. Nós do
Ministério das Comunicações esta-
mos muito felizes em ter apoiado
A legislação só prevê benefícios este projeto por meio do Funttel”,
para a produção dos conversores na afirmou o ministro das Comunica-
Todo brasileiro Zona Franca de Manaus (AM), em- ções, Hélio Costa.
bora o ministro Hélio Costa defenda
terá condições Diversas plataformas
a fabricação em todo o território na-
cional. Mas os fabricantes de outros
de adquirir um estados podem produzir telas de cris- A empresa também deverá de-
tal líquido, de plasma e outras novas senvolver versões do Ginga para
terminal de tecnologias. Além da redução dos im- diversas plataformas, como IPTV,
postos mencionados, as empresas de cabo e satélite. “A continuidade
acesso para telecomunicações e informática tam- do desenvolvimento tecnológico
bém serão beneficiadas pela Lei de do software é uma prioridade do
a TV Digital Inovação Tecnológica (a antiga MP Funttel”, afirma o diretor de Indús-
do Bem). Esta lei permite a redução tria, Ciência e Tecnologia do mi-
de mais tributos, como a dedução no nistério, Igor Vilas Boas.
Imposto de Renda do valor investido O pedido de registro do nome
em pesquisas e desenvolvimento. fantasia – Mopa, que significa “su-
cesso” entre os pesquisadores –
Na hora de comprar foi feito nesta semana. A empresa
já tem dois clientes (CCE e Aiko)
e venderá implementações Gin-
Antes de adquirir um novo televisor, o importante é observar se o apa-
ga para fabricantes de converso-
relho possui alta definição e se já vem ou não com o conversor para o Sis-
res. Quarenta engenheiros que
tema Brasileiro de TV Digital.
participaram da fase de pesquisa
HDTV (High definition TV): Alta definição. Tem resolução de até 1920
pontos por 1080 pontos na vertical. As de LCD têm uma boa resolução a fazem parte do quadro. Os protó-
partir de 1 024 por 768 pixels. No caso de plasma, a resolução começa a tipos do Ginga foram desenvolvi-
partir de 852 por 480 pixels. dos pela Universidade Federal da
HDTV Ready: Pronto para TV Digital. Possuem melhor qualidade na Paraíba (UFPB) e Pontifícia Uni-
imagem, mas vão precisar de um decodificador para o Sistema Brasilei- versidade Católica do Rio de Ja-
ro de TV Digital.
neiro (PUC-RJ).
19
Revista do Ministério das Comunicações
20. FUST
Telefones exclusivos
para pessoas especiais
em projetos de inclusão digital. O pri- as recomendações do TCU (Tribunal
O FUST será usado pela
meiro que saiu do papel será a insta- de Contas da União), antes de serem
primeira vez em quase mil lação de telefones especiais em cerca apresentados à Casa Civil.
instituições de portadores de 800 instituições de assistência a de- “Trata-se de uma grande vitória para
ficientes auditivos. O Termo de Obri- o ministério. Só agora, oito anos após
de deficiência; cerca de três
gação, aprovado pela Anatel (Agência a instituição do Fust, conseguimos co-
milhões de pessoas serão Nacional de Telecomunicações) em meçar a utilizar os recursos. O Plano
beneficiadas pelo programa agosto, já foi assinado pela agência e de Metas inclui também mais oito pro-
pelas operadoras de telefonia. jetos em diversas áreas. Estamos traba-
apresentado pelo MC
Trata-se de uma antiga reivindica- lhando para concretizá-los também”,
ção das entidades de apoio aos porta- comemora o ministro das Comunica-
Uma vitória inédita do Ministério dores de deficiências, que desde 2000 ções, Hélio Costa.
das Comunicações vai permitir que o lutam pelo acesso à comunicação. O Em outubro do ano passado, Hélio
Governo Federal aplique R$ 700 mi- problema é que o Plano Geral de Metas Costa entregou um estudo ao presiden-
lhões do Fust (Fundo de Universaliza- de Universalização (PGMU) só obriga te do TCU, ministro Guilherme Palmei-
ção dos Serviços de Telecomunicações) as companhias de telefonia fixa a insta- ra, no qual detalhou o uso de R$ 755
lar linhas em instituições que já tenham milhões, entre 2007 e 2010, em oito
o equipamento, e muitas delas não têm projetos básicos. “É a primeira vez que
condições de comprar o aparelho de- se apresenta uma proposta concreta de
vido ao alto custo. Para beneficiar os destinação dos recursos com a aprova-
portadores de necessidades especiais, ção do TCU. O nó foi desfeito, agora
o Ministério das Comunicações, além o caminho está aberto para novos in-
de instalar os aparelhos, vai pagar a as- vestimentos.”
sinatura básica dessas linhas. Os recursos serão aplicados pela
Esta será a primeira vez, desde a Anatel e vão atender às instituições du-
criação do fundo, em 2000, que o Fust rante cinco anos. Este ano, o orçamen-
será usado. Nos últimos seis anos, to- to federal destinou R$ 7 milhões para
dos os ministros que passaram pelo projetos de universalização. Os benefi-
MC tentaram, sem sucesso, a libera- ciados foram escolhidos pela Secretaria
ção desses recursos. Agora, os proje- Especial de Direitos Humanos da Pre-
tos foram formatados de acordo com sidência da República (SEDH).
20 Revista do Ministério das Comunicações
21. Liberdade será
maior, afirma
deficiente auditivo
O músico Maurício Farias tinha
seis anos quando ficou surdo devido
à catapora. Hoje, aos 32 anos, o silên-
cio não o incomoda mais. Ele superou
as maiores dificuldades, aprendendo a
tocar um instrumento musical com o
mesmo nome de sua deficiência: sur-
do. Atualmente, ele é integrante da
banda Surdodum, a única de deficien-
tes auditivos no Brasil. Maurício leva
uma vida normal, tem namorada, es-
tuda Pedagogia e não perde uma boa
estréia no cinema.
A deficiência auditiva só é um pro-
blema se a bateria do celular acabar,
porque ele não pode correr para o pri-
meiro telefone público e mandar uma
mensagem de texto. “A telefonia aqui
em Brasília não atende aos especiais.
Se eu esquecer o celular em casa, a
minha mãe fica desesperada”, conta,
aos risos. Quando Maurício Farias fica
sem celular, costuma pedir ajuda para
fazer as suas ligações, anotando o re-
cado em um papel. “Será muito bom
quando houver telefones especiais para
deficientes em todos os lugares. Será
uma liberdade”, diz o músico. Maurício Farias: “Será muito bom quando houver telefones especiais em todos os lugares”
Ministério busca saída para
expandir acesso em banda larga
Nos próximos cinco anos, o MC vai net de alta velocidade a 142 mil escolas de polícia. E vamos continuar investin-
investir pelo menos R$ 1,4 bilhão para em todo Brasil. do e apoiando as entidades de ensino
levar internet banda larga a todo o Brasil, Pelo contrato de concessão com e apoio aos deficientes”, disse o dire-
incluindo as 142 mil escolas públicas do o governo, as operadoras teriam que tor de Universalização de Telecomuni-
país, podendo chegar a 180 mil institui- montar os PSTs a partir do meio deste cação, Átila Souto.
ções, incluindo as APAEs, por exemplo. ano, mas estes postos são considerados Cerca de 70% das escolas do Brasil
A proposta é levar a tecnologia também ultrapassados, caros e ineficientes. O tem condições de serem contempladas
a hospitais, bibliotecas, delegacias e ou- governo vai desobrigar as empresas de com o projeto no primeiro ano. Em três
tros órgãos públicos, utilizando recursos telefonia, mas em contrapartida elas fi- anos, será possível atingir 90% dos es-
do Fust (Fundo de Universalização dos carão responsáveis pela conexão à in- tudantes das escolas públicas. O quarto
Serviços de Telecomunicações). ternet nas escolas. O Ministério das Co- ano será o mais caro, porque há locais
O governo vai investir R$ 880 mi- municações calcula que, em 5 anos, o que não têm sequer energia elétrica. São
lhões no projeto, com recursos do Fust e projeto alcance 100% das escolas de localidades isoladas que não têm infra-
do Orçamento da União. As operadoras ensino público. estrutura nenhuma, como o Vale do Je-
de telefonia vão entrar com R$520 mi- “Com a banda larga nas escolas, quitinhonha e o sertão do Nordeste. O
lhões, que elas deixariam de gastar com também vamos integrar outros servi- ministério entende que, em pleno Sécu-
a instalação de PSTs (pontos de serviços ços públicos, como postos de saúde, lo XXI, não há porque universalizar ape-
de telefonia) e usariam para levar inter- associações comunitárias e delegacias nas a telefonia fixa.
21
Revista do Ministério das Comunicações
22. RÁD IO D IG ITAL
Tecnologia no dial
O rádio brasileiro tirá o renascimento das emissoras AM ternos, enquanto o sinal digital não é
(Amplitude Modulada), que passarão afetado. Já as FM serão ouvidas com
incorpora, a partir de 2008,
a ter a qualidade das FM (Freqüência som de CD. As emissoras OM (On-
o modelo digital; além do Modulada) sem os chiados inconve- das Curtas) também vão passar por
som de qualidade superior, nientes. Isso porque as ondas analó- transformações profundas. Os canais
gicas sofrem influência de fatores ex- de áudio poderão ser multiplicados e
será possível transmitir
a digitalização permitirá a transmis-
imagens e textos são de imagens e textos.
Atualmente, 16 emissoras testam
O Ministério das
No dia 25 de setembro, o rádio duas tecnologias de rádio digital: o
brasileiro completou 85 anos com sistema americano Iboc (In-band on-
Comunicações
energia renovada, contrariando to- channel), que usa a freqüência AM
das as expectativas de que desapa- e FM para a transmissão digital; e o
ouviu todos os
receria com a chegada da televisão, sistema europeu, que utiliza canais
setores em busca
lá atrás, nos anos 60. A responsável diferentes para FM (DAB - digital au-
por essa injeção de ânimo é a nova dio broadcasting) e AM (DRM - digital
do melhor modelo
tecnologia digital, em teste no Brasil radio modiale). Em busca do melhor
há dois anos, que deverá começar a modelo, o Ministério das Comunica-
para o país
fazer parte da vida dos brasileiros no ções está ouvindo todos os setores
início de 2008. Essa tecnologia permi- – representantes do governo, da in-
dústria de equipamento, de univer-
sidades, de emissoras e da socieda-
de civil – no Conselho Consultivo
do Rádio Digital, a exemplo do que
fez na TV Digital.
A expectativa é de que, ainda nes-
te ano, o MC tenha uma proposta para
orientar o governo na escolha do pa-
drão de Rádio Digital. Não há preferi-
dos, mas há uma exigência: o modelo
escolhido deverá transferir tecnologia.
O governo decidiu que a definição de
rádio digital tem que obrigatoriamen-
te levar em conta o desenvolvimento
da indústria eletrônica do Brasil. Essa
definição deve ser feita o mais rapida-
mente possível, para que o segmen-
to possa se preparar para a fabrica-
ção de transmissores e aparelhos de
rádio digital. “Nós não podemos fi-
car escravos de uma tecnologia que
não dominamos. Não queremos ficar
apenas comprando equipamentos já
montados”, afirma o ministro das Co-
municações, Hélio Costa.
22 Revista do Ministério das Comunicações
23. Inovações e novidades
para atrair mais ouvintes
Outra grande revolução do rádio será
no conteúdo. Além de fortalecer o jorna-
lismo, presente nas rádios desde os anos
30, as emissoras vão investir em novas
Saiba mais sobre
programações para conquistar um maior
número de ouvintes. E é justamente por
a nova tecnologia
permitir essa série de inovações que o rá-
dio digital é tão esperado. Os novos apa-
O que é o rádio digital?
relhos deverão ter telas de cristal líquido, rão ser aposentados de uma hora
capazes de receber informações por escri- Ao contrário do sinal analógico, para outra. De acordo com a pro-
to e imagens. Nada como a televisão, mas no rádio digital os sinais de áudio são posta do MC, o período de transi-
dados sobre o trânsito, gráficos, previsão digitalizados antes da transmissão, o ção pode levar de 15 a 20 anos e,
do tempo e clipes, por exemplo. Há ain- que permite uma qualidade melhor pelo menos até 2023, a população
da outras vantagens, como a possibilida- e a multiplicação de canais. poderá receber o modelo atual de
de de recuperar o início de um programa transmissão analógica.
As emissoras de rádio têm
que foi sintonizado na metade.
preferência por algum padrão? O sinal digital chegará a todo o
No momento, por meio do Fundo
país?
para o Desenvolvimento Tecnológico Pelo padrão americano, por ser
das Telecomunicações (Funttel), o MC o único que atende aos sistemas AM Sim, a todo o território nacional.
está avaliando uma série de projetos-pi- e FM, e que permite que um mes-
O rádio digital, vai captar o sinal
loto para investir em pesquisas de de- mo aparelho digital receba ondas de
analógico?
senvolvimento do rádio digital. Um de- rádio analógicas e digitais. Ele tam-
les deverá ser implantado em Santa Rita bém apresenta o menor custo de im- Há modelos híbridos, conforme
do Sapucaí (MG), cidade que se tornou plementação. Neste caso, ninguém o sistema a ser escolhido, que rece-
um pólo de alta tecnologia, a ponto de precisa se preocupar em trocar logo bem os dois tipos de sinal, sem que
ser considerada uma espécie de Vale do de aparelho. Os atuais não precisa- um interfira no outro.
Silício brasileiro.
23
Revista do Ministério das Comunicações
24. T ELE MED ICINA
Conexão com a saúde
Telecentros com salas
cional Rio Solimões (UNI-SOL), ligada conhecidos no mesmo dia. Ganham a
para consultas via à Universidade Federal do Amazonas população, porque mais pessoas pode-
internet vão agilizar (UFAM), que prevê a instalação de cin- rão ser atendidas de maneira mais rápi-
co telecentros no estado. Um deles fica- da e eficiente; e o governo, com redu-
diagnósticos médicos
rá na Faculdade de Ciências da Saúde da ção nos custos do SUS (Sistema Único
UFAM, em Manaus, e os outros quatro de Saúde).
Há cidades tão entranhadas no co- nos municípios de Itacoatiara, São Ga- No futuro, os prontuários médicos
ração do Brasil que qualquer viagem à briel da Cachoeira, Humaitá e Benjamim dos pacientes estarão na internet e po-
capital do estado leva horas ou dias de Constant. “Estamos desenvolvendo vários derão ser acessados por qualquer médi-
barco. São Gabriel da Cachoeira (AM) projetos para a implantação do progra- co em todo o Brasil. O MC já instalou
é uma delas. Os 1,6 mil quilômetros ma de Telemedicina, que é um exemplo os pontos de presença nos locais onde
até Manaus são feitos entre três e qua- de como a tecnologia pode ser a solu- serão montados os telecentros e repas-
tro dias de viagem. Isso quer dizer que, ção de problemas recorrentes”, afirmou sou R$ 790 mil à UNI-SOL para a com-
quando um dos cerca de 30 mil mo- o diretor de Inclusão Digital do MC, He- pra dos equipamentos. Além de melho-
radores adoece, ele leva pelo menos liomar Medeiros. rar o atendimento à saúde da população
72 horas sacolejando dentro de uma A Telemedicina vai permitir que um amazonense, os telecentros conectados
embarcação até chegar a um hospital médico busque uma segunda opinião à internet banda larga deverão servir de
em Manaus. com um especialista, em videoconferên- apoio aos alunos do Projeto Rondon, que
Os mesmos riscos sofrem as cen- cia, no telecentro instalado na universi- se deslocam de todas as regiões do país
tenas de turistas que invadem a cida- dade ou em qualquer outro lugar do país para o Norte.
de, principal acesso ao Pico da Nebli- e do mundo. É um avanço significativo
na, ponto mais alto do Brasil. Por suas da saúde pública. O projeto permite que
Investimentos de
próprias características, São Gabriel da exames importantes, e muitas vezes sim-
Cachoeira será um dos primeiros mu- ples, sejam feitos em postos de saúde e
R$360 milhões
nicípios do Norte do país a receber te- enviados por internet aos hospitais, la-
para conectar
lecentros com sala de Telemedicina. O boratórios e universidades para serem
Ministério das Comunicações firmou con- diagnosticados. Os resultados, que nes-
unidades de saúde
vênio com a Fundação de Apoio Institu- ses casos levam semanas, poderão ser
Conectar as instituições de saúde à
internet é uma das prioridades do gover-
no para 2007. A proposta do Ministério
das Telecomunições, elaborada em par-
ceria com o Ministério da Saúde, é utili-
zar R$ 360 milhões dos recursos do Fust
(Fundo de Universalização dos Serviços
de Telecomunicações) para conexão de
1.700 centros de saúde, ambulatórios e
hospitais. Com isso, cerca de 20 milhões
de pessoas serão beneficiadas.
O projeto vai permitir ao governo
a otimização dos recursos da área, am-
pliando os programas PSF (Saúde da Fa-
mília) e PACS (Agentes Comunitários de
Saúde), do Ministério da Saúde. As pes-
soas que vivem em locais de difícil aces-
so, por exemplo, terão seus exames ana-
lisados por um especialista, sem que ele
precise se deslocar de sua cidade. Isso
vai ajudar a resolver o problema de fal-
ta de médicos no interior e nas perife-
Médica atende paciente a distância por meio da internet rias das grandes cidades.
24 Revista do Ministério das Comunicações